Suécia - Constructalia

Transcrição

Suécia - Constructalia
Turning Torso
Com seus 190 metros de altura e forma torcida, o edifício Turning Torso, inaugurado em agosto de 2005,
virou símbolo da requalificação urbana da região de Porto Oeste, na cidade sueca de Malmo. O que era
uma zona industrial obsoleta e degradada junto ao Mar Báltico, hoje está se convertendo em um próspero
distrito de uso misto, com habitações, restaurantes, escritórios, uma marina e um campus universitário.
Para projetar a torre - a segunda mais alta da Europa, depois do Triumph Palace (264 m), em Moscou - o
arquiteto e engenheiro espanhol Santiago Calatrava se inspirou no movimento em espiral de um torso
esculpido em mármore por ele próprio.
O arranha-céu, como uma escultura gigante, realiza uma torção a partir da base até o topo. Como
resultado, dá um giro de 90 graus, do pavimento mais baixo até o mais alto. 'O sítio pedia um edifício alto e
autônomo, que servisse de marco para a região e pudesse ser avistado da Öresund Bridge, ponte que
conecta a Suécia com a Dinamarca', explica Calatrava. Além da aparência inovadora, a construção se
destaca pelo programa multifuncional e pelo uso ininterrupto, 24 horas do dia. Os 12 níveis inferiores
destinam-se a uso comercial e o restante, para habitação.
Considerado um dos arquitetos mais importantes da atualidade, Santiago Calatrava costuma se inspirar na
anatomia humana e na natureza para criar. É autor de projetos importantes como a Cidade das Artes e das
Ciências, em Valência, Espanha, e a estação de metrô no Ground Zero, em Nova York. Tornou sua marca
registrada as pontes sinuosas e curvilíneas, estações de transporte com arcos e marquises inspirados em
olhos e construções na forma de pássaros, além de tirar idéias de sua própria obra escultórica, caso do
Turning Torso.
Símbolo da cidade
A história do Turning Torso tem suas curiosidades. Por exemplo, a proposta de criar um edifício a partir de
uma escultura não partiu do arquiteto espanhol, mas sim de Johnny Örback, diretor da cooperativa privada
de construção HSB Malmö, atual proprietária da torre, que custou 142 milhões de euros para ser erguida.
Outro fato curioso: a venda e desmontagem da Kockumskranen, uma grua gigantesca utilizada para a
construção de barcos, alterou profundamente a paisagem de Malmö, deixando um grande vazio no skyline
da cidade. A obra de Calatrava não só preencheu esse vazio, como também se tornou um símbolo para a
comunidade local.
Na escultura que serviu de inspiração para a criação do Turning Torso, sete cubos de mármore estão
posicionados em torno de um suporte metálico, gerando uma estrutura espiralada. No edifício de Malmö há
nove cubos dispostos ao redor de um núcleo de concreto de 10,6 metros de diâmetro, que funciona como a
coluna vertebral da construção, ou seja, seu centro corresponde exatamente ao eixo de rotação das
plantas. 'Na torre, diferentemente da escultura, os cubos ou 'subedifícios', com cinco pavimentos cada um,
têm formato irregular', descreve Calatrava.
Em 2005, ano de sua inauguração, o Turning Torso recebeu o prêmio de melhor edifício residencial do
mundo concedido pelo Mipim, encontro de construção e mercado imobiliário realizado todos os anos em
Cannes, França. Mas o edifício já despertava a atenção dos críticos bem antes disso: em 2001, a convite
do incorporador Örback, Calatrava apresentou pela primeira vez o projeto da torre durante a European
Housing Expo, exposição internacional na área de habitação, realizada na Suécia.
Recentemente, o Turning Torso foi uma das 25 torres da exposição Edifícios de grande altura, organizada
pelo MoMa de Nova York, com o intuito de mostrar que, apesar do 11 de setembro, os prédios altos
continuam sendo destaques no panorama arquitetônico mundial.
Além da função estrutural, o núcleo de concreto abriga as circulações verticais, os equipamentos
mecânicos e as instalações elétricas, hidráulicas e de ar-condicionado do edifício. Isso garante a
configuração de plantas livres e flexíveis para os apartamentos, encontrados em tamanhos que variam de
45 a 190 metros quadrados. O edifício conta com um total de cinco elevadores, três deles exclusivos para
os moradores dos apartamentos. Mais rápidos do que os convencionais, os equipamentos fazem o
percurso do primeiro ao qüinquagésimo quarto pavimento em apenas 38 segundos, em uma velocidade de
5,4 m/s.
As fachadas da torre são revestidas por 2,8 mil painéis curvos de alumínio que emolduram painéis planos
de vidro. No Turning Torso, a estrutura metálica está disposta externamente ao volume arquitetônico, na
forma de uma única coluna helicoidal denominada pelo arquiteto 'exoesqueleto', e de suportes horizontais e
inclinados que dela partem até as paredes de concreto horizontais que fazem o travamento horizontal do
conjunto. Essas paredes, por sua vez, transmitem o esforço para o núcleo.'Em meus projetos, exploro o
contraste entre o concreto e o aço, prestando atenção especial aos pontos onde eles se encontram', afirma
o espanhol, que costuma adotar com freqüência estruturas mistas em seus edifícios.
Atualmente, devido à notoriedade do Turning Torso, Calatrava desenvolve projetos similares à torre em
outras partes do mundo. Em Nova York, a torre residencial chamada 80 South Street também tem a forma
derivada de uma escultura, mas sem a rotação do arranha-céu de Malmö. Para a Cidade das Artes e das
Ciências, em Valência, Espanha, Calatrava propôs três torres residenciais, cada uma com forma e rotação
específicas. Desenvolver trabalhos em série tem sido uma prática usual do arquiteto. 'Assim posso
resolver nos projetos seguintes os problemas criados nos trabalhos anteriores', diverte-se.
Da aquarela para o concreto
A espinha dorsal do Turning Torso é um núcleo de concreto armado que se ergue de uma fundação de
concreto (uma caixa cilíndrica com 15 metros de profundidade e 30 metros de largura), apoiada em um
leito de rocha calcária de 7 metros de profundidade. O diâmetro do núcleo, de 10,6 metros, é constante da
fundação até o topo. Já a espessura do cilindro diminui à medida que a altura do edifício aumenta: começa
com 2,5 metros na base, terminando com 0,4 metro no topo. Ancoradas no núcleo, as lajes de concreto
protendido e moldadas in loco são suportadas perifericamente por colunas de aço inclinadas e horizontais,
que saem de uma coluna helicoidal metálica na fachada frontal do edifício. Essa coluna helicoidal, o
'exoesqueleto', paralela a uma coluna periférica de concreto, encontra-se engastada em paredes de
concreto reforçado que fazem o travamento horizontal da estrutura.
Dados técnicos complementares:
Área útil total: 18 mil m2
Área residencial: 13,5 mil m2 (147 apartamentos)
Área de escritórios: 4 mil m2
Altura: 190 m
Ficha técnia complementar:
Design de interiores: Samark Arkitektur & Design
Fachada-cortina: Nicholas Green & Anthony Hunt
Segurança contra incêndio: Öresund Safety Advisors
Controle de qualidade: Ramböll Projektering
Inspeção final: SWECO Theorells AB, MPA AB,Lars-Erik Persson
Elétrica: NCC Teknik, Alinvent e YIT Building System
Hidráulica: NCC Teknik, Nordblads VVS Konstruktioner e Rörläggaren
Ventilação: Bengt Dahlgren e Totalinstallatören
Ar-condicionado: LGG Inneklimat e FCC
Texto: Valentina N. Figuerola
Fotos: Cortesia HSB
Publicado na revista Au - Arquitetura e Urbanismo, PINI Editora
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