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AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO E DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS DE ÓLEO DE PALMA OBTIDO DE PALMEIRAS DE DIFERENTES VARIEDADES Renan Menezes QUEIROZ1, [email protected] Isabella Menezes QUEIROZ1, [email protected] José Roberto ZAMIAN1, [email protected] Geraldo Narciso da Rocha FILHO1, [email protected] Carlos Emmerson Ferreira da COSTA1, [email protected] 1 Faculdade de Química, ICEN, Universidade Federal do Pará RESUMO: Óleos de palma obtidos de palmeiras com seis tipos de variedades diferentes foram estudados, a avaliação da composição e das principais propriedades térmicas foi realizada através das análises de composição de ácidos graxos, índice de iodo, ponto de fusão, teor de gordura sólida por RMN e calorimetria exploratória diferencial (DSC). Os resultados mostraram que as composições dos ácidos graxos são influenciadas pela variedade genética da palmeira, apresentando alteração entre as concentrações dos ácidos graxos saturados e insaturados. As amostras das variedades Yangambi e Embrapa foram as que apresentaram maior alteração na concentração dos ácidos graxos saturados e insaturados. Dentre as amostras estudadas, a variedade Embrapa é a que possui o menor ponto de fusão, corroborando com os resultados de índice de iodo, indicando que esta amostra possui a maior concentração de ácidos graxos insaturados. Os resultados de teor de gordura sólida por RMN indicaram que quanto mais ácidos graxos saturados ligados as moléculas dos triglicerídeos, maior será o teor de sólidos. Através dos termogramas de cristalização foi observado que a temperatura inicial de cristalização das amostras de óleo de palma está diretamente relacionada com a concentração de ácidos graxos saturados, pois as amostras que possuem alta concentração de ácidos graxos saturados tendem a cristalizar em temperaturas mais elevadas, como foi observado para amostra de óleo de palma da variedade Yangambi. Desta forma, é observado que técnica de DSC fornece uma gama de informações, inclusive sobre a influência das variedades genéticas das palmeiras nas propriedades térmicas do óleo de palma. Palavras-chave: Óleo de palma, DSC, Variedade genética Área temática: Alimentos (ALM) 1. INTRODUÇÃO O dendezeiro é uma palmeira da família das Palmáceas, nativo da África Ocidental e Central, típico de regiões tropicais e é cultivado em três principais áreas do Trópico Equatorial: África, Sudeste da Ásia e América (Central e do Sul). Sua classificação botânica, Elaeis Guineensis Jacq., é derivada do grego elaion (óleo) e o nome específico Guineensis é indicativo de sua origem da Costa Guiné equatorial. Dos frutos do dendezeiro podem ser obtidos dois tipos de óleos vegetais – o óleo de palma e o óleo de palmiste. O óleo de palma, extraído do mesocarpo, constitui aproximadamente 20% do peso total do fruto. Enquanto que o óleo de palmiste, extraído do endocarpo, representa 5% [1, 2]. A palmicultura (dendeicultura) se destaca dentre as demais culturas de espécies oleaginosas por sua alta capacidade de produção de óleo por unidade de área. O rendimento médio de óleo de palma alcança níveis que variam de três a cinco toneladas de óleo/ha/ano [3]. O óleo de palma é óleo vegetal mais negociado no mundo e o Sudeste Asiático, representado pela Malásia e pela Indonésia, é responsável por 85,43% da produção mundial. O Brasil ocupa a décima posição entre os países 1 produtores de óleo de palma e, apesar da pequena participação, teve um aumento de 2,40 para 2,75 toneladas de óleo/ha na produtividade entre os anos de 2000 e 2010 [4]. Atualmente, o óleo de palma é um importante recurso para as indústrias de biocombustíveis, cosméticos, oleoquímicas e alimentos. Em todo mundo 90% do óleo de palma é utilizado para fins alimentícios, tais como: na produção de margarinas, gorduras para fritura, biscoitos e sorvetes [5, 7]. A ampla utilização do óleo de palma está relacionada às suas propriedades interessantes, como por exemplo: estabilidade térmica, alto teor de carotenóides (500 – 700 mg/L), tocoferóis e tocotrienóis (vitamina E), que são agentes antioxidantes naturais [8 - 10]. Além disso, a composição do óleo de palma apresenta um equilíbrio nas proporções de ácidos graxos saturados e insaturados, contendo aproximadamente 50% de ácidos graxos saturados, 40% de ácidos graxos monoinsaturados e 10% de ácidos graxos poliinsaturados [11]. Proporcionando um elevado ponto de fusão e alto teor de sólidos, sem a necessidade de se submeter a processos de hidrogenação. Estas características permitem que o óleo de palma substitua as gorduras hidrogenadas, que possuem ácidos graxos trans, causadores de impactos negativos sobre as lipoproteínas plasmáticas dos seres humanos, aumentando o risco de doenças cardiovasculares. Uma série de ensaios clínicos com humanos na Europa, EUA e Ásia confirmaram que o óleo de palma aumenta significativamente o colesterol benéfico (HDL) e diminui o conteúdo de lipoproteína, que é um indicador de riscos de doenças cardíacas [12]. Os perfis de cristalização e fusão de óleos e gorduras têm sido determinados através das transições térmicas, obtidas por técnicas termoanalíticas, como a calorimetria exploratória diferencial (DSC) [13, 14]. Estas medidas fornecem informações qualitativas e quantitativas sobre as propriedades físicas e químicas que envolvem processos endotérmicos e exotérmicos [15, 16]. A calorimetria exploratória diferencial expressa muito bem o comportamento térmico do óleo de palma e de seus produtos. Vários pesquisadores têm relatado estudos que utilizam a técnica de DSC para caracterizar óleo de palma e óleo de palmiste [6, 8-10]. A técnica de DSC tem sido vastamente utilizada na avaliação do comportamento térmico de produtos consumíveis, especialmente no setor de alimentos. Por exemplo, é utilizada para estudar o comportamento físico durante o processo de produção e armazenamento de proteínas, carboidratos, gorduras e óleos vegetais [16]. Alguns autores relataram a utilização da análise de DSC na avaliação das propriedades térmicas de óleos vegetais obtidos de diferentes origens botânicas, devido apresentar algumas vantagens sobre os métodos mais clássicos de caracterização de óleos, tais como: se trata de uma técnica rápida de análise e não requer preparação da amostra com solventes [17 - 20]. 2. OBJETIVO Considerando o vasto campo de aplicações do óleo de palma em áreas como biocombustíveis, cosméticos e alimentos, somado ao fato de as informações sobre as possíveis alterações na composição e nas propriedades térmicas do óleo de palma obtido de palmeiras de diferentes populações serem escassas, o presente trabalho visa avaliar a composição e as principais propriedades térmicas do óleo de palma extraído de palmeiras com diferentes tipos de materiais genéticos. 3. METODOLOGIA Os óleos de palma com diferentes tipos de materiais genéticos (Avros, Lamé, Embrapa, Yangambi, Ghana e Ekona) foram obtidos das plantações do Grupo Agropalma, situado no município de Tailândia - PA. A extração do óleo de palma foi realizada pelo método convencional, extração a quente, utilizando-se hexano como solvente. Para a extração por solvente, certa quantidade do mesocarpo do fruto do dendê, previamente seca, foi colocada em um cartucho de papel de filtro e introduzida no aparelho Soxhlet, que tem a sua parte inferior acoplada a um balão e a sua parte superior conectada a um condensador. O balão fica em contato constante com uma manta de aquecimento para que seja mantida a temperatura de ebulição do hexano (65ºC), desta forma o solvente evapora e chega ao condensador, o qual está 2 conectado a um banho de resfriamento. Logo, pela diferença de temperatura, o solvente condensa sobre a amostra e é recolhido no balão após cada sifonada. O solvente extrai o óleo presente na superfície da amostra por dissolução e o óleo que está no interior das células é extraído por difusão, desse modo, quanto maior for à superfície de contato entre o material e o solvente, maior será o rendimento da extração. A micela (solvente + óleo) passa por um sifão e volta para o balão, formando um ciclo que permanece por diversas vezes até o esgotamento do óleo presente na amostra. Após a extração a micela é levada a um evaporador rotativo para a remoção do hexano. A determinação da composição de ácidos graxos a partir da análise dos ésteres metílicos pode ser realizada por cromatografia gasosa. Também foram realizadas as seguintes análises para avaliar a composição e as propriedades térmicas dos óleos estudados: O índice de iodo, ponto de fusão, teor de sólidos por RMN e calorimetria exploratória diferencial (DSC). 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Através da identificação e quantificação dos ácidos graxos, realizada por cromatografia gasosa (ver tabela 01), foi possível observar que todas as amostras analisadas possuem composições características de óleo de palma, pois apresentaram aproximadamente 50% de ácidos graxos saturados, 40% de ácidos graxos mono insaturados e 10% de ácidos graxos poli insaturados. Os resultados da composição de ácidos graxos dos materiais genéticos Avros e Lamé apresentaram valores próximos, bem como os resultados dos materiais genéticos Ekona e Ghana, que apresentaram uma concentração bastante equilibrada entre ácidos graxos saturados e insaturados. Entretanto que algumas amostras de óleo de palma de determinadas variedades se destacaram por apresentarem variações significativas nas concentrações de ácidos graxos saturados e insaturados. Dentre os óleos de palma com diferentes tipos de materiais genéticos, o Yangambi possui a maior concentração de ácidos graxos saturados (aproximadamente 54,9%) e apresentou em torno de 36,1% de ácidos graxos mono insaturados e 8,9% de ácidos graxos poli insaturados. Desta forma, o óleo de palma deste tipo de material genético irá proporcionar um maior rendimento da fase estearina, em processos de fracionamento, corroborando com os resultados encontrados por Zaliha O. et al [2]. Tabela 01: Composição de ácidos graxos das amostras de óleo de palma com diferentes tipos de materiais genéticos. Amostra Ácido graxo (%) Avros Lamé Embrapa Ekona Yangambi Ghana 0,029 0,017 0,012 0,028 0,040 0,033 C12:0 1,08 0,531 0,382 0,901 1,197 0,873 C14:0 46,667 45,665 40,729 44,277 47,952 44,160 C16:0 3,443 4,207 5,009 4,315 5,266 4,490 C18:0 0,309 0,360 0,351 0,398 0,408 0,362 C20:0 0,061 0,081 0,060 0,081 0,081 0,074 C22:0 ∑ saturados 51,589 50,861 46,543 50,00 54,944 49,992 C16:1 C18:1 ∑ mono insaturados C18:2 C18:3 ∑ poli insaturados 0,149 38,052 0,101 39,863 0,088 44,413 0,113 41,281 0,098 36,009 0,110 41,065 38,201 39,964 44,501 41,394 36,107 41,175 9,989 0,221 8,913 0,224 8,733 0,222 8,381 0,225 8,693 0,228 8,538 0,245 10,210 9,137 8,955 8,606 8,921 8,783 3 O óleo de palma com material genético do tipo Embrapa apresentou uma composição de ácidos graxos saturados de baixa concentração, em torno de 46,6%, quando comparado com as demais amostras de óleo de palma estudadas. Logo, foi verificada uma alta concentração de ácidos graxos insaturados (em torno de 53,4%), dos quais 44,4% é referente ao ácido graxo oleico C18:1. Esta característica influencia diretamente nas principais propriedades térmicas dos produtos que utilizam o óleo de palma como matéria prima. De acordo com os resultados de índice de iodo obtidos (tabela 02), é possível observar que o óleo de palma da variedade Yangambi apresentou o menor valor (em torno de 48,01 Wijs), portanto apresentando menor grau de insaturação, ratificando os resultados de composição de ácidos graxos. O resultado de índice de iodo mais elevado (aproximadamente 53,00 Wijs) foi para a amostra de óleo de palma da variedade Embrapa, indicando que esta variedade fornece óleo de palma com uma alta concentração de ácidos graxos insaturados. Todos os demais resultados de índice de iodo estão em concordância com as concentrações de ácidos graxos insaturados determinados por cromatografia gasosa. Tabela 02: Resultados de índice de iodo das amostras de óleo de palma com diferentes tipos de materiais genéticos. Índice de iodo por Óleo de palma Índice de iodo pelo Cromatografia Gasosa Material genético método Wijs 53,02 Avros 50,75 52,66 Lamé 50,80 56,40 Embrapa 53,00 Ekona 50,50 52,99 Yangambi 48,01 48,81 53,13 Ghana 50,20 Os valores de ponto de fusão encontrados para as amostras de óleo de palma com diferentes tipos de materiais genéticos variaram de 25,9°C a 34,1°C, para as variedades Embrapa e Yangambi, respectivamente, são apresentados na Tabela 03. Os resultados de ponto de fusão estão em concordância com os valores de índice de iodo obtidos para estas amostras. Considerando que o óleo de palma da variedade Embrapa possui uma elevada concentração de ácidos graxos insaturados, logo é esperado um baixo ponto de fusão. De acordo com os resultados de teor de sólidos (Figura 01) obtidos é possível verificar que o óleo de palma dos tipos Yangambi e Ghana são os que apresentam maiores concentrações de gorduras sólidas em todas as temperaturas analisadas. Este fato está relacionado com a composição de ácidos graxos dessas amostras, pois estas amostras apresentam em sua composição um alto percentual de ácidos graxos saturados, que lhes conferem elevados teores de sólidos em temperaturas baixas. Tabela 03: Resultados de ponto de fusão das amostras de óleo de palma com diferentes tipos de materiais genéticos. Óleo de palma Ponto de fusão Material genético (°C) Avros 30,1 Lamé 30,5 Embrapa 25,9 Ekona 30,9 Yangambi 34,1 Ghana 32,6 4 Os termogramas de cristalização de DSC para as amostras de óleo de palma com diferentes tipos de materiais genéticos e suas respectivas temperaturas de transição são ilustrados na Figura 02 e na Tabela 04, respectivamente. Figura 01: Curvas de sólidos totais nas amostras de óleo de palma com diferentes tipos de materiais genéticos. As curvas de DSC revelaram que os perfis térmicos de cristalização de todas as amostras estudadas são característicos de óleo de palma, pois as curvas de DSC exibiram uma “impressão digital” específica para este tipo de óleo, na qual é possível observar claramente as duas frações (oleína e estearina) dos componentes deste óleo. A fração da oleína de palma é evidenciada pela presença de picos exotérmicos na região de baixa temperatura (entre 5°C e –68°C), enquanto que a fração estearina de palma é demonstrada através da presença de um intenso pico exotérmico na região entre 5°C e 20°C. Figura 02: Termogramas de cristalização das amostras de óleo de palma com diferentes tipos de materiais genéticos (a) Avros; (b) Lamé; (c) Embrapa; (d) Ekona; (e) Yangambi e (f) Ghana. 5 Nos termogramas de resfriamento os picos exotérmicos da região I são relacionados ao ponto inicial do processo de cristalização e se apresentaram bem intensos e nítidos. É possível inferir que estes picos correspondem à cristalização dos ácidos graxos saturados, pois para as amostras que possuem uma alta concentração de ácidos graxos saturados é observado que o pico da região I apresenta uma intensidade mais elevada. Verificou-se um deslocamento na temperatura inicial de cristalização (T on) dos picos da região I, este deslocamento também está diretamente relacionado com a concentração de ácidos graxos saturados, pois foi notado que quanto maior for a concentração dos ácidos graxos saturados, maior é a temperatura de inicial de cristalização. As temperaturas iniciais (Ton), finais (Tend) e dos picos (Tp) de todas as amostras são mostradas na Tabela 04, onde é possível observar que a maior (22,5°C) e a menor (15,2°C) temperatura inicial de cristalização correspondem às amostras de óleo de palma dos tipos Yangambi e Embrapa, respectivamente. Os picos das regiões II, III e IV são atribuídos à cristalização dos ácidos graxos mono insaturados, di insaturados e tri insaturados, respectivamente. Cristalização Tabela 04: Temperaturas de transição das curvas de cristalização das amostras de óleo de palma com diferentes tipos de materiais genéticos. Temperatura de Transição (°C) Região IV Região I Região II Região III Curva Amostra Ton Tp Tend Ton Tp Tend Ton Tp Tend Ton Tp Tend Avros 17,9 15,0 4,9 2,1 -3,1 -16,8 -18,9 -23,7 -30,5 -48,1 -54,5 -66,7 Lamé 16,8 13,9 5,3 2,9 -2,3 -15,2 -19,1 -22,7 -26,7 -40,4 -52,9 -66,1 Embrapa 15,2 13,0 6,3 1,7 -3,5 -16,1 -17,1 -23,5 -28,3 -48,1 -55,3 -66,9 Ekona 20,5 15,8 5,2 2,5 -1,9 -11,3 -18,3 -23,5 -28,7 -44,4 -50,9 -61,7 Yangambi 22,5 17,4 6,9 5,7 -0,3 -11,3 -18,7 -23,1 -27,8 -50,0 -59,7 -68,0 Ghana 19,9 16,6 6,5 5,3 -0,7 -11,7 -19,3 -23,3 -27,7 -55,9 -47,7 -65,1 Na Figura 03 são ilustrados apenas os termogramas de cristalização das amostras de óleo de palma dos materiais genéticos Embrapa e Yangambi, onde podem ser claramente observadas as diferenças nas intensidades dos picos e os deslocamentos das temperaturas de cristalização, de acordo com os ácidos graxos majoritários que compõem as amostras. Figura 03: Termogramas de cristalização das amostras de óleo de palma com os tipos de materiais genéticos Embrapa e Yangambi. 6 Os termogramas de fusão de DSC para as amostras de óleo de palma com diferentes tipos de materiais genéticos são apresentados na Figura 04. Em geral, as curvas de DSC de todos os termogramas de aquecimento exibiram cinco picos endotérmicos, que estão relacionados com a fusão dos ácidos graxos ligados as moléculas de triglicerídeos que compõem as amostras de óleo de palma. As temperaturas de cada pico de todas as amostras são mostradas na Tabela 05. Estes picos foram subdivididos em duas regiões, da seguinte forma: Região de temperatura baixa (T baixa): picos 1; 2 e 3; Região de temperatura alta (T alta): picos 4 e 5. Fusão Tabela 05: Temperaturas dos picos endotérmicos das curvas de fusão de todas as amostras de óleo de palma com diferentes tipos de materiais genéticos. Temperatura de Transição (°C) Curva Amostra 1 2 3 4 5 Avros -16,4 -0,3 3,4 22 34,3 Lame -16,6 0,6 4,7 22,1 36,4 Embrapa -15,4 -1,7 2,9 20,6 35,0 Ekona -9,1 0,3 4,3 20,6 36,6 Yangambi -16,8 3,6 7,6 22,6 36,0 Ghana -17,5 2,3 6,2 24,0 35,2 É possível observar que as amostras que possuem um maior percentual de ácidos graxos insaturados em sua composição, apresentam uma intensidade mais elevada, nos picos referentes a estes compostos (região T baixa). Como pode ser observado para a amostra de óleo de palma da variedade Embrapa, que possui a maior concentração de ácidos graxos insaturados (53,4%). Este fato gera uma redução na nitidez dos picos referentes aos ácidos graxos insaturados, fazendo com que os picos se sobreponham. Enquanto que nas amostras de óleo de palma das variedades Yangambi e Ghana, que possuem as menores concentração de ácidos graxos insaturados é possível observar que a separação dos picos da região de temperatura baixa estão claramente mais nítidas e bem definidas. Figura 04: Termogramas de fusão das amostras de óleo de palma com diferentes tipos de materiais genéticos (a) Avros; (b) Lamé; (c) Embrapa; (d) Ekona; (e) Yangambi e (f) Ghana. 7 Foi observado que os picos exibidos na região de temperatura alta são como pequenos ombros que não se separam. Este evento pode estar relacionado um fenômeno conhecido como polimorfismos de óleos e gorduras, que faz parte da natureza complexa dos triglicerídeos. Desta forma, devido suas propriedades, os ácidos graxos são capazes de se apresentar em várias estruturas cristalinas ou polimórficas. À medida que as amostras de óleo são aquecidas, alguns dos ácidos graxos polimórficos menos estáveis se fundem e os ácidos graxos restantes se organizam e recristalizam em polimórficos mais estáveis, que são fundidos em temperaturas mais elevadas. 5. CONCLUSÃO De acordo com os resultados obtidos nas caracterizações realizadas das amostras de óleo de palma extraído de palmeiras com diferentes tipos de materiais genéticos, foi possível concluir que a variedade genética influencia na composição dos ácidos graxos que constituem o óleo, pois foi observado que algumas amostras apresentaram variações significativas entre as concentrações de ácidos graxos saturados e insaturados. As amostras das variedades Yangambi e Embrapa foram as que apresentaram maior variação na concentração dos ácidos graxos saturados e insaturados, respectivamente. Desta forma, conclui-se que a técnica de DSC fornece uma gama de informações sobre os óleos e as gorduras que estão diretamente relacionadas com a composição e com as propriedades térmicas determinadas por outros métodos analíticos. 6. REFERÊNCIAS [1] – Hartley, C.W.S. The Oil Palm (3rd ed.), Longman, 1988. [2] – Zaliha, O., Chong C. L., Cheow C. S., Norizzah A. R., Kellens M. S. 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