revista abrase edição 0003

Transcrição

revista abrase edição 0003
ABRASE
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES E COMERCIANTES
DE ANIMAIS SILVESTRES E EXÓTICOS
Revista Eletrônica Oficial
EDIÇÃO EXTRA - 3
NOVEMBRO 2009
Conhecer novas idéias, ou mesmo antigas vistas sobre diferentes prismas, faz parte de uma
evolução técnica e conceitual que todos deveriam
buscar. Quem pratica gestão de fauna, seja a que
nível for, não pode abdicar de aprender com novos, ou mesmo antigos, personagens. Ao cometer esta “imprudência” se acoberta de uma espessa nuvem chamada ignorância. E os ignorantes,
mesmo arrogantes e dotados de empáfia, sucumbem diante do desserviço à sociedade.
NESTA EDIÇÃO:
I-
Um aprendizado!
pág.01
II - Release do Iº Simpósio Internacional de Fauna “Ex-situ”
III - As palestras
pág.05
IV - Confratenização e
desdobramentos
pág.11
pág.03
.
INSTITUCIONAL
Lastima-se a ausência dos que não estiveram
no simpósio. Deixaram de conhecer outras faces
do que é praticar gestão de fauna. Os ferrenhos
críticos à fauna ex-situ mais uma vez demonstraram que não os apraz conhecer experiências
de sucesso ou conceitos fundamentais. Talvez
porque, “donos da verdade absoluta”, tapem os
ouvidos para o que possa tirar-lhes a “verdade”
que pregam e, desta forma, caírem no ostracismo
e na incredulidade.
Um aprendizado!
Eventualmente assistimos alguns fóruns de
debates que nos trazem novas informações e
nos acrescentam intelectualmente. Infelizmente
a grande maioria deixa a desejar e não alcança
nenhum objetivo no que
se propõe, restando-nos
então o burburinho social. Mas quando um
evento vem repleto de
novos conceitos, novas
idéias, novas informações e promovendo um
crescimento intelectual
e, ainda por cima, uma
grande interação social,
nos sentimos de “alma
lavada”.
.
O simpósio reafirmou a
importância do uso sustentável dos recursos de
fauna à conservação e
ao poder deste como
uma das ferramentas de
pressão ao comércio ilegal. As exposições lograram estabelecer conceitos de conservação a
partir de uma política de
incentivo e incremento
ao uso comercial de esFoi assim com o Iº Simpécies da fauna. Exempósio Internacional de
plos objetivos e claros
Fauna Ex-situ, realizado
em outubro passado. Na mesa de encerramento vemos, da esquerda para a direita, o Dr. Francisco deste tipo de gestão foA “produtividade” foi Carrera, Dr. Obdulio Menghi, Sr. Luiz Paulo Amaral e o Dr. Rafael Zamora. ram exibidos e descritos
de maneira nconfundível
muito além do esperado,
trazendo-nos experiências e conceitos que vise são referências para a aplicabilidade de uma
lumbram articular nossa política de fauna difepolítica nacional condizente com as normas
rentemente do obscurantismo que vem sendo
internacionais que firmamos. Seja a CITES ou
pregado nos últimos tempos por um grupo de
a CDB, ou qualquer outro instrumento que confalsos protetores e exímios malfeitores.
ceitue políticas de fauna, não se afastam em
.
.
A BRASE
REVISTA EDIÇÃO ESPECIAL
NOVEMBRO 2009
EDIÇÃO C
ao simpósio. O presidente da ABRASE, Luiz
Paulo Meira Lopes do Amaral, o representante da
Universidade Cândido Mendes, Dr. João Theotônio, o advogado Francisco Carrera, entre outros,
participaram da Mesa de Abertura e todos ressaltaram a importância e necessidade de uma política pública de gestão de fauna, que contemple a
realidade e os objetivos de uso sustentável da
fauna pelos criatórios nacionais.
nenhum momento dos usos diversos deste bem
inestimável. Pelo contrário, os incluem como
ferramentas indispensáveis e os configuram
como normas. Inclusive a própria Coordenadora
de fauna do IBAMA, profissional conhecedora
destes conceitos, os reafirmou como balizadores
para a criação de política coerente de fauna. Mas
que isto, a Dra. Cosette possui um curriculum que
a credencia plenamente para ser a autora de um
novo caminho para a fauna nacional.
.
.
Durante a abertura, ficou claro que os criadouros
são fundamentais como 'bancos genéticos' das
diferentes espécies envolvidas, e seu papel na
possibilidade de manutenção e repovoamento de
áreas nativas onde tais espécimes estejam ameaçados ou já extintos. Isso se deve ao fato dos
criadores serem os grandes investidores em
tecnologia e manejo dos animais, assumindo a
liderança na reprodução destes em cativeiro.
As experiências em todo o mundo vêm sendo
aplicadas e dotam de esperança os que conhecem o tema fauna. Diante da enormidade de
exemplos foi possível conhecer alguns através
do encontro de outubro. Mais que isso, foi possível conhecê-los por intermédio de seus próprios
agentes executores, o que nos permitiu ir muito
além da simples “tomada de nota”. Evidentemente que a presença destes agentes nos garantiu
perceber não só o sucesso de suas atividades
como também a paixão envolvida na execução
de seus trabalhos. Quanto às repercussões
destes trabalhos, não há o que se questionar
diante do reconhecimento internacional. Cabenos, pois, absorver estas experiências e adaptálas a nossa realidade.
.
Na primeira palestra os criadores Geraldo Magella e Rogério Fujiura, descreveram sobre a
criação de passeriformes, ressaltando as dificuldades enfrentadas por criadores amadores como
eles, face às leis de mercado e às desmedidas
formas de repressão e desestímulo praticadas
atualmente pelas autoridades vigentes. Falaram
ainda sobre a diversificação dos métodos de manejo, de acordo com suas experiências pessoais
em seus criatórios, além da importância do caráter preservacionista dos mesmos.
.
Nos toca agora o dever de casa!!
A DIRETORIA
ABRASE
.
A bióloga Márcia Weinzettl, especialista em psitacídeos proferiu a palestra seguinte. Explicou
como se dá a criação de psitacídeos em cativeiro,
e de forma absolutamente profissional discutiu
sensatamente questões sobre a importância do
acompanhamento do material genético nos criatórios, as possibilidades de reintrodução de espécimes na Natureza, e ainda sobre as maiores
possibilidades de acompanhamento e adequação
de metodologias de manejo compreendidas através da experiência com os animais criados exsitu.
IMPRENSA
Release do Iº Simpósio
Internacional de Fauna
Ex-situ
No dia 22 de outubro de 2009, há quinze dias, a
Associação Brasileira de Criadores e Comerciantes de Animais Silvestres e Exóticos ABRASE,
realizou o I Simpósio de Fauna Ex-situ, no teatro
João Theotônio da Universidade Cândido Mendes. Já na fase de recepção e credenciamento
era observado o grande afluxo de público interessado no evento. Todos pareciam estar bem integrados, a partir da equipe organizadora que fazia
com que todos se sentissem bem acolhidos e
providenciava as apresentações necessárias entre pessoas com propósitos comuns.
.
No referente às espécies de repteis e anfíbios o
veterinário Edélcio Muscat abordou preconceitos
e mitos referentes a esses animais, ressaltando
que o conhecimento leva ao respeito e à preservação e a criação e comercialização legais coíbem o tráfico de animais silvestres e exóticos.
Lembrou ainda que estes animais são os que
mais rapidamente sofrem com a perda de seus
habitat e que, por este motivo, deveriam ser
amplamente criados ex-situ para se alcançar
.
Os convidados a palestrantes, bem como os inscritos receberam um kit com material pertinente
2
A BRASE
REVISTA EDIÇÃO ESPECIAL
NOVEMBRO 2009
EDIÇÃO C
terem informações de relevância sobre os criadouros. A participação do Sr. Dener Giovanini,
Coordenador Geral da RENCTAS foi brilhante,
analisando todos os aspectos da política ambiental brasileira e inserindo a fauna nos conceitos de
sustentabilidade que se manifestam em outras
áreas de meio ambiente.
populações sustentáveis e passíveis de trabalhos futuros.
.
O veterinário Marius Belucci explanou sobre a
criação de mamíferos, na qual além de discutir
algumas leis, artigos e portarias pertinentes ao
assunto, destacou a interferência do crescimento
das populações humanas como causa de perdas
na fauna silvestre. Para ele, essa questão é maior que o tráfico de animais. Concluiu sua palestra advertindo que a última alternativa conservacionista é a criação em cativeiro, mas para muitas
espécies essa última já chegou.
.
No segundo dia, num clima ainda mais familiar
entre os participantes, os trabalhos começaram
com a palestra do Sr. Dener Giovanini, da Rede
Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres - RENCTAS. Ele ressaltou a importância
da execução de coleta de dados estatísticos reais, objetivando subsidiar as políticas públicas, a
partir de um plano de diagnóstico de mercado.
Discutiu sobre a criação de um marco legal da
criação comercial de fauna silvestre, constituído
de um conjunto de leis que efetivamente venham
definir regras e normas da criação e seu mercado. Segundo Giovanini, atualmente, a desorganização na regulamentação e a conseqüente vulnerabilidade na qual se encontram os criatórios
ensejam em falta de estímulos para novos investimentos no segmento.
.
Houve interessante exposição áudio visual por
parte do Sr. Gonzalo Barquero da empresa Cerrado Carnes e Peles, na qual demonstrou as
amplas possibilidades deste mercado. Para ele,
os sistemas próprios de criação sustentável são
mais uma possibilidade de se incrementar a renda de populações nativas e sua conseqüente
fixação aos seus locais de origem, dentro de programas que vise um aumento na renda das famílias envolvidas. Chamou a atenção para o uso
intenso de produtos e sub-produtos de fauna por
diversos países, agregando valor a um recurso
inestimável.
.
Posteriormente, o biólogo Dr. Rafael Zamora,
licenciado em Ciências Biológicas, especializado
em Zoologia, membro do Departamento de conservação da Fundação Loro Parque em Tenerife
Espanha, estudioso do comportamento da ararinha azul (Cyanopsita spixii) em convenio entre a
Universidade de La Laguna (em Tenerife) e Loro
Parque Fundación. Fez relevante apresentação
sobre sua rica experiência profissional, ressaltando a responsabilidade dos criadouros na sustentabilidade, e ainda que o convívio com animais e
plantas, além de inerente à espécie humana, faz
parte do patrimonio cultural de uma população.
Demonstrou também como conciliar uma criação
comercial com atos efetivos de conservação. Para tanto expos os trabalhos da Fundação Loro
Parque com diversas espécies e o compromisso
com programas de conservação e preservação.
.
Após breve intervalo de almoço, os participantes
optaram por permanecer nas instalações e se
servirem de um coffee break, a fim de estreitarem
seus relacionamentos com os participantes do
evento, bem como retomarem os trabalhos de
forma mais breve.
.
O professor e advogado Francisco Carrera discutiu sobre a gestão pública de recursos de fauna, observando sua relevante história político
doutrinária e seu desenvolvimento em termos
jurídicos. Destacou a importância de se definir a
natureza jurídica da fauna, lembrando que sem
isto é impossível criar um política pública eficaz.
Sua colega Dra. Marili Monteiro seguiu na discussão, versando sobre o direito civil solidário,
a importância do sistema de gestão ambiental
assim como do sistema de gestão de fauna. Destacou as obrigações dos comerciantes que investem na fauna como “animais de companhia”.
.
A última palestra, apresentada pelo biólogo Dr.
Obdulio Menghi, mostrou a ampla experiência de
seus conhecimentos aplicados em conservação
através de uso sustentável e a adaptação de tais
modelos em várias partes do mundo, com farta
exposição de fotos referentes ao tema. Discorreu
sobre a importância da aplicação dos princípios
da CITES Convenção de Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas, citando estes, e
também da Convenção de Diversidade Biológica.
.
Posteriormente ocorreu à mesa de debates, sobre o tema “Criação comercial no combate ao
tráfico de animais silvestres”, onde além da apresentação sobre o assunto por parte dos componentes da mesa, os participantes do seminário
tiveram ampla oportunidade de discutirem e ob-
3
A BRASE
REVISTA EDIÇÃO ESPECIAL
NOVEMBRO 2009
EDIÇÃO C
Exortou aos brasileiros que apliquem no país os
compromissos assumidos ao assinarem a convenção, reforçando que este é o único meio eficaz de se garantir um futuro viável para as espécies silvestres. Fez forte referência ao texto da
CDB, explanando cada item e sua relevância. Ao
mesmo tempo deixou aos presentes a indagação
sobre a falta de aplicabilidade dos conceitos da
CDB na política pública que vem sendo conduzida atualmente.
Nesses dois dias, a ABRASE recebeu apoio incondicional de Rafael Zamorra e do Dr. Obdulio
Menghi quanto a possibilidade dos criadouros
exercerem o direito, através da exigência de
cumprimentos de tratados internacionais dos
quais o Brasil é signatário. Houve o propósito comum de otimizar e viabilizar a prática
da criação ex-situ, de forma saudável, rentável,
humanitária, ecologicamente correta e legalmente adaptada.
O Dr. Obdulio mostrou a aplicação concreta de
criação com preservação das espécies, atuando
decisivamente no impedimento do desaparecimento de crocodilianos; expos seu apoio, através
da CITES, à Dian Fossey (quem não se recorda
do filme “Nas montanhas dos gorilas”?); fez menção ao árduo trabalho, e ainda da importância do
papel social deste, junto aos peruanos com as
vicuñas. Isso para ficar apenas em alguns exemplos. O biólogo foi um dos implantadores da convenção CITES, membro e consultor da IUCN
União Internacional para a Conservação da
Natureza e participou ativamente do texto da
Convenção de Biodiversidade, convenção a qual
o Brasil é signatário.
Os fortes laços incrementados e desenvolvidos
entre os participantes e palestrantes denotaram
a forma profissional, receptiva, acessível e amigável como o evento foi conduzido, ficando clara
a todos os participantes, a necessidade de novas
iniciativas do gênero no país.
.
.
.
Conclui-se que este primeiro simpósio repercutiu
em um evento singular. Tanto no que tange à
qualidade dos palestrantes, tanto quanto na vasta participação de criadores, estudantes, representantes governamentais, médicos veterinários,
biólogos, advogados e comerciantes.
.
No dia 24 de outubro, os participantes fizeram
duas visitas técnicas a criadouros, a primeira foi
no Papagaios Urbanos e, depois, no Passaredo,
onde foi realizada a confraternização final do
evento.
.
O simpósio foi finalizado com uma mesa de debates sobre “A política pública de fauna no Brasil
e no mundo: diferenças e similaridades'. Mais
uma vez, a mesa composta por diferentes segmentos desenvolveu interessante debate com os
participantes do evento, objetivando a composição de um senso comum advindo das diferentes realidades e necessidades referentes às ópticas particulares de cada segmento.
.
Enfim, um sucesso indiscutível.
Matéria de Eucy Lima
Assessoria de Imprensa da ABRASE
Fotos de Rogério Fujiura
.
4
A BRASE
REVISTA EDIÇÃO ESPECIAL
NOVEMBRO 2009
EDIÇÃO C
macro, não havendo mais necessidade de se
recorrer a animais silvestres sem origem. Discorreu sobre os benefícios de se adquirir animais
reproduzidos ex-situ, a questão sanitária, da
qualidade dos animais, da adaptabilidade, de
manejo alimentar simples (rações comerciais
disponíveis no mercado) etc. Fuji fez uma bem
explicada passagem pela burocracia que envolve o registro de um criadouro, ao que chamou de
“calvário”, e chamou a atenção aos erros administrativos de criadouros que estão sendo tratados pela fiscalização como se tratam os traficantes. Os casos e comentários pertinentes foram de
grande valia para a informação dos assistentes
do congresso, possibilitando uma discussão de
mudança para o modelo atual de gestão do órgão
que administra a fauna.
PALESTRAS > CONTEÚDOS
Palestras: “Painel
de criação no Brasil”
As palestras de abertura do simpósio tiveram o
propósito de descrever o estágio de criação exsitu no Brasil de passeriformes, psitacídeos,
répteis, anfíbios e mamíferos. Segue o resumo
do conteúdo apresentado por cada um dos palestrantes:
.
PASSERIFORMES - Srs. Geraldo Magella e
Rogério Fujiura
.
.
O Sr. Magela iniciou
sua explanação descrevendo as instalações ideais para um
criadouro de passeriforme. Apresentou
os tipos de ninhos,
cuidados específicos
na criação e o manejo
mais adequado para passeriformes. Contou
suas experiências na reprodução de espécies
de passeriformes e destacou a importância da
alimentação e suplementos para relativizar as
deficiências nutricionais que um animal pode ter
em cativeiro. Abordou itens como a higiene e o
preparo dos animais adultos para o período reprodutivo. Os cuidados pós eclosão de ovo foram
pontualmente comentados, assim como o desenvolvimento dos filhotes. A exposição foi detalha
no que concerne a reprodução, reunindo subsídios para se ter um criadouro de sucesso.
Magella também discorreu sobre o canto dos
pássaros e destacou que esta característica dos
passeriformes é que encanta o ser humano, atraindo-o para ter estes animais como companhia. A
exposição terminou com rápida abordagem sobre
a questão legal de licenciamento de criadouros,
amadores e comerciais.
PSITACÍDEOS - Sra. Marcia Weinzettl
.
A Sra. Márcia Weinzettl iniciou sua apresentação
explanando sobre a reprodução ex-situ de psitacídeos. Fez rápida passagem pelos objetivos da
ABRASE e do CBRAS, entidades as quais os
criadouros em que trabalha são filiados. Após isto
fez uma abordagem das técnicas de reprodução
de espécies silvestres ameaçadas, sobretudo de
ararajuba e arara azul. A técnica discorreu sobre
sua longa experiência na reprodução destes animais nos seis criadouros em que assiste tecnicamente. Apresentou técnicas de manejo reprodutivo e números impressionantes que corroboram com a sustentabilidade da criação ex-situ.
Somente de Guaruba guarouba foram mais de
100 espécimes criados no ano de 2008. Os numeros dão inclusive sustentabilidade a possíveis
programas de reintrodução da espécie, somente
com os indivíduos destes criadouros. Márcia
chamou a atenção para a importância de se
manter os plantéis geneticamente “saudáveis”,
é dizer, ter variabilidade genética que garanta
futuros trabalhos com as espécies reproduzidas.
Foi focada, também, a relevância do monitoramento de ovos nos casos de incubação artificial,
a técnica pontuou sua experiência quanto a questão. Discorreu ainda
sobre o monitoramento de filhotes, em suas
fases de desenvolvimento, e sobre a biometria média das ararajubas, Marianinhas,
Amazona vinacea, etc.
A palestra foi encerrada com a demonstra-
.
O Sr. Rojério Fujiura se aprofundou mais nas
questões normativas da criação, dando sequência ao previamente abordado na palestra anterior.
Fuji, como é conhecido Rogério, fez a “ponte”
entre a criação e a conservação das espécies de
passeriformes. Demonstrou em sua exposição
que diversas espécies (trinca ferro, curió, azulão,
coleiros etc) são criados em cativeiro em escala
5
A BRASE
REVISTA EDIÇÃO ESPECIAL
NOVEMBRO 2009
EDIÇÃO C
a conservação.
ção de resultados dos criadouros, que perceptívelmente têm alcançado números que sugerem
uma eficaz e eficiente ferramenta para a conservação.
.
MAMÍFEROS - Dr. Marius Belucci
.
.
RÉPTEIS / ANFÍBIOS - Dr. Edelcio Muscat
O Dr. Belucci fez uma palestra centrada na relevância da criação privada de animais silvestres.
Primeiramente fez uma análise da criação no
Brasil, abordou as mazelas do Poder Publico em
relação à fauna, e sintetizou afirmando que somente a criação privada pode desempenhar um
papel de relevância nas criações ex-situ no país.
Segundo o palestrante isto se deve ao poder de
investimento da iniciativa privada, aliado ao interesse comercial e ao fascínio de criadores por
animais silvestres. Com estes requisitos a criação
em cativeiro com finalidade comercial tem sido
um importante fomentador de pesquisas, empíricas ou não, de reinvestimento e de conhecimento de espécies até pouco tempo inimagináveis de
reprodução ex-situ. Destacou que atualmente a
criação comercial no Brasil possui um inestimável
estoque de espécies e espécimes que podem ser
a base de sustentação para populações selvagens que estão desaparecendo. Discorreu também sobre uso da fauna como uma importante
ferramenta no combate ao tráfico de animais.
Ressaltou que este por si só não será o meio
para se acabar com o comércio ilegal, isto deve
ser perseguido com diversas atitudes, entre elas
uma política mais eficiente de uso da fauna e um
aparto mais adequado de fiscalização. Marius
discorreu longamente das razões que hoje mais
afetam a fauna silvestre. Destacou o desmatamento, para novas fronteiras agrícolas, a especulação com terras ainda intocadas e a intensa
ocupação humana de áreas outrora selvagens
como os verdadeiros inimigos da fauna. Questionou se uma maior
efetividade das ações
contra estes fatores
não seria mais rentável
sobre o ponto de vista
da preservação da fauna nacional. Por fim,
ressaltou que urge ao
Brasil uma política
sustentável para a fauna e incentivo aos que
neste setor investem.
.
Antes de falar sobre a criação sustentável da
herpetofauna brasileira o Professor Edelcio,
lembrou que a classe zoológica em questão é
objeto de ações mitológicas e místicas no imaginário humano. Discorreu sobre a importância da
desmitificação e desmistificação, afirmando que
estas espécies serão contempladas só quando
os seres humanos passarem a conhecer mais
sobre os maravilhosos e incompreendidos animais. Afirmou que dessa forma, eles são indiscriminadamente vítimas das mais cruéis
atrocidades, gerada
pela ignorância. Seguiu expondo que, à
medida que eles começarem a fazer parte de animais criados
com o intuito de serem
de estimação, a população de um modo geral
passará a conhecê-los de uma forma diferente.
Afirmou que o contato mais próximo desses
animais com o ser humano pode e deve cumprir
uma importante tarefa de proteção e conservação. Destacou, ainda, que outra importante
tarefa da criação sustentável é a geração de
pesquisa in-situ e ex-situ. Para criar precisamos
saber sobre o ambiente em que vivem, condições físicas, químicas e biológicas, obrigando
o criador a pesquisar na forma de literatura ou
mesmo gerar pesquisas de campo. De outra maneira, estudos sobre a biologia desses animais
são quase inexistentes devido às dificuldades de
estudá-los em seus habitates naturais. Sendo
assim, estudos sobre biologia reprodutiva, alimentar e comportamental devem ser realizados
pelos, ou através, dos criadouros. Edelcio chamou a atenção para a função de inibir o tráfico de
animais silvestres, que devemos ressaltar que
esse papel cabe ao órgão competente, transformando, educando e dando condições para que
a comunidade possa sobreviver como agente
fiscalizador. Os criadouros podem e vão contribuir para com a conservação de espécies nativas
na medida em que pessoas poderão comprar
seus animais de forma ecologicamente correta.
De um modo geral, Criação, Educação e Conhecimento é a tríade de fatores que contribuem com
PODUTOS e SUBPRODUTOS - Sr. Gonzalo
Barquero
.
Após as palestras de criação foi aberto espaço
para uma apresentação sobre o uso sustentável
da fauna silvestre visando fornecimento de pro-
6
A BRASE
REVISTA EDIÇÃO ESPECIAL
NOVEMBRO 2009
EDIÇÃO C
política voltada para a sustentabilidade. Ciente
das dificuldades de trabalho dos empreendedores
de fauna, posicionou-se a favor de um meio que
contemple os criadouros nas discussões das normas do setor. Reafirmou este compromisso ao
deixar claro, por conta da revisão da IN 169/08,
que oficiou as entidades de classe para participarem do processo com sugestões e fundamentações. No tocante a reestruturação administrativa do setor de fauna, a técnica explicou que
esta se dará de forma a integrar os servidores a
um novo conceito de gestão, mais participativa e
voltada para a orientação do contribuinte. Resgatar os valores expressos nas normas internacionais e aplicá-los com excelência é uma das
metas de sua coordenação. Ao ser questionada,
por alguns presentes, sobre a forte pressão de
alguns técnicos do Ibama contra a criação comercial, a Dra. Cosette assegurou que fará o máximo
de esforço para reprimir os “desvios”, mas indicou
que cumprirá a Lei e que não pode atuar sem
esta premissa. Quanto aos casos de condutas
“fora das normas funcionais” explicou que sua
atuação só pode se dar por motivação de representações fundamentadas e comprovadas. O
sentimento dos presentes é que a palestrante
tem capacidade compravada para imprimir as
mudanças necessárias, além de se identificar
com conceitos técnicos que são fundamentais
para uma gestão compatível.
dutos e subprodutos. O Sr. Barquero fez a apresentação chamando a atenção para algumas
características do setor: no Brasil a maioria dos
criatórios comerciais são semi-intensivos e semiextensivos, produzindo animais silvestres o produtor rural é capaz de extrair recursos dos ecossistemas naturais sem ter que implementar agricultura tradicional (monoculturas e pecuária,
maiores destruidores das nossas florestas). Após
a apresentação de várias utilidades de produtos
oriundos da fauna o palestrante discorreu sobre
as informações nutricionais das carnes silvestres
brasileiras. Destacou ainda, que o conhecimento
e valorização de produtos genuinamente brasileiros são importantes para a sustentabilidade,
pois o conhecimento geral interesse e proteção.
Observou que o desenvolvimento para povos da
floresta ou comunidades rurais tem que passar
por opções de produção sustentável, como é
visto no resto do mundo. Ao final fez uma breve
exposição dos animais que têm muito a contribuir
para um uso sustentável, caso da ema, paca, cateto, veado, etc. Encerrou sua exposição pontuando os entraves burocráticos e técnicos que
permeiam a atividade e propôs algumas sugestões para se suplantar as dificuldades hoje observadas.
Eventos Ambientais e Assessoria de Imprensa ABRASE
Fotos cedida por Rogério Fujiura e Eventos Ambientais
.
PALESTRAS > CONTEÚDOS
LICENCIAMENTO DE EMPREENDIMENTOS
DE FAUNA / QUESTÕES DE COMÉRCIO
Dr. Francisco Carrera e Dra. Marilí Monteiro
Palestras: de Gestão
e Jurídicas
.
O Dr. Francisco Carrera abriu a última palestra do primeiro dia discorrendo sobre a natureza patrimonial da
fauna. Fez um histórico
desta à luz da legislação nacional e destacou a importância do
conceito para se poder
desenhar uma verdadeira política pública
de fauna no país. Afirmou o professor
que, sem uma caracterização clara do animal
comercializado como bem privado, a lei acaba
por tratar igualmente os legais e os ilegais. Confrontou os conceitos de fauna silvestre e exótica,
afirmando que normativas do Ibama não podem
conceituar fauna, iniciativa exclusiva do legislativo. Desta forma toma como ilegal as normas
baseadas em elaborações conceituais fora de
GESTÃO PÚBLICA DE RECURSOS DA FAUNA
. Dra. Cosette Barrabas Xavier - CGFAP/ IBAMA
A Dra. Cosette Barrabas da Silva, Cordenadora
de Fauna do IBAMA, apresentou sua proposta de
reestruturação da Coordenadoria que assumiu
neste ano de 2009. Ciente das mazelas normativas, jurídicas e administrativas, a técnica afirmou estar procurando
corrigir mazelas que
hoje obstruem a criação comercial no país.
Detalhou seu plano de
revisões das normativas vigentes, algumas
já em andamento como
a IN 169/08, e a implementação de uma nova
7
A BRASE
REVISTA EDIÇÃO ESPECIAL
NOVEMBRO 2009
EDIÇÃO C
apresentação o Coordenador da RENCTAS se
disse preocupado com a posição de alguns setores no Brasil que impingem um modelo de
gestão em que se quer proibir todo e qualquer
uso de bem ambiental. Alegou que esta visão é,
sobretudo, em contra aos interesses do Brasil e
que nos remete a um obscurantismo inaceitável e
criminoso. Inseriu a fauna dentro deste contexto e
deplorou as iniciativas de cerceamento da criação
comercial e os sistemáticos ataques ao comércio
legal. Fez uma abordagem de diversos tipos de
condutas lesivas à fauna brasileira, entre as quais
a morte de milhares de animais, acumulados em
latões, ocasionadas pelo “resgate” feito na em
Serra da Mesa, por conta da hidrelétrica que está
sendo cons]truída. Não bastasse revelou que
milhares de animais abatidos para confecção de
cocares indígenas que se revertem em lucros
expressivos para o comércio internacional e em
pífios rendimentos para os índios. Diante de sua
experiência no tema, Dener afirmou que possui
convicção que a destruição da fauna brasileira
passa por agruras muito mais significativas que
o próprio tráfico. Tem consciência que diversas
outras atividades vêm sendo mais lesivas e que
a resposta é a criação sustentável das espécies
nacionais. Exortou às entidades de criadores e
técnicos a produzirem números sobre o comércio
legal e seus correlatos, de forma a basear uma
verdadeira política pública e enterrar especulações administrativas mal intencionadas. Por fim,
o Sr. Dener chamou a atenção para a necessidade confeccionarmos um marco legal de fauna,
sob a égide de uma Lei que contemple sua proteção, uso racional e seus meios de conservação.
Fez alusão a necessidade de incentivos fiscais e
outros para as atividades de fauna, promovendo
em definitivo as previsões legais conceituais reiteradas pelo Brasil na CDB e na CITES. Encerrou
observando que sem um marco legal de fauna
ficaremos sempre expostos as regulamentações
normativas tendenciosas, ilegais e intensamente
prejudiciais a fauna nacional.
competência por parte do Ibama. Fez rápida
passagem pela IN 169/08, que segundo ele é
impregnada de vícios e ilegalidades, afirmação
corroborada por demais juristas presentes. O Dr.
Carrera abordou o tema de “licenciamento”, sendo o fato de o Ibama não cumprir a Resolução
Conama 237/97 uma aberração, no que tange a
fauna. Explanou as razões jurídicas de forma
sustentada e ponderou que a iniciativa do órgão
é um desserviço as iniciativas privadas, além de
ilegal.
.
A Dra. Marili Monteiro se aprofundou na questão
da natureza patrimonial da fauna. Reafirmou com
ênfase e detalhada explanação o que havia sido
exposto anteriormente. Para a Dra. não há dúvidas quanto ao bem privado que caracteriza os
animais comercializados. Para ela isto é que possibilita a transferência por nota fiscal, e como
qualquer bem patrimonial é regido por regras do
Direito do Consumidor. Dissertou sobre as obrigações legais por parte do comerciante e a relação deste com o cliente final. Reafirmou que esta
relação está vinculada a premissa do bem privado, que é regrado no ato comercial por leis que
complementam este ato. A Dra. Marili encerrou a
palestra respondendo questões elaboradas pelos
presentes. Ao ouvir sobre as ilegalidades cometidas recentemente contra a criação comercial
indicou a via judicial como forma de se retomar
a legalidade da atividade e reiterar direitos previstos na Lei e ignorados por determinados
setores.
.
PERSPECTIVA DE POLÍTICA NACIONAL DE
FAUNA COADUNADA A BIODIVERSIDADE
BRASILEIRA
Sr. Dener Giovanini
.
.
O Sr. Dener Giovanini,
Coordenador Geral da
RENCTAS - Rede Nacional de Combate ao
Tráfico de Animais
Silvestres fez excelente apresentação
sobre o tema da biodiversidade e sua
sustentabilidade. Após
analisar a questão ambiental brasileira como
um todo, o Sr. Dener defendeu uma gestão
de fauna voltada para o uso sustentável. Resgatou as previsões legais de documentos assinados
pelo Brasil e bombardeou os que se opõem aos
termos previstos nestas para a fauna. Em sua
8
A BRASE
REVISTA EDIÇÃO ESPECIAL
NOVEMBRO 2009
EDIÇÃO C
eles o pinzão azul das Canárias (Fringilla teydea)
e o tarim da Venezuela (Carduelis cucullatus).
Em relação aos psitacídeos exemplificou com
espécies de Lóris e outros papagaios. Segundo
Zamora o cativeiro possibilita estudos específicos
sobre uma espécie animal, na área comporta
mental, biológica etc, e quando executado com
responsabilidade tem enorme relevância em
estocar espécimes com variabilidade genética
que garantam um futuro de existência para a
espécie. Destacou que o trabalho de conservação in-situ tem recebido forte colaboração da
criação ex-situ. Citou exemplos como a Amazona
guildingii, a Rynchopsitta sp., entre várias outras.
Fechou suas colocações focando nos ditames
dos conceitos internacionais estabelecidos
por convenções e reiterou a importância dos
programas de cativeiro,
inclusive com fins comerciais, como subsídios para as mais diversas formas de conservação.
PALESTRAS > CONTEÚDOS
Palestras: de Criação
e Gestão Internacionais
CRIAÇÃO DE ESPÉCIES AMEAÇADAS:
COMÉRCIO E SUSTENTABILIDADE
Dr. Rafael Zamora Padrón
.
O Dr. Rafael Zamora,
biólogo do Loro Parque (Tenerife Espanha) encantou a platéia com uma bela
exposição sobre espécies ameaçadas e
o uso comercial destas. Como técnico de
um dos maiores centros de referência em reprodução de psitacídeos, Rafael havia gerado bastante expectativa quanto a sua palestra. Indubitavelmente este jovem biólogo empolgou a todos,
deixando a frustração nos presente por não ter
tido um dia inteiro de exposição.
CRIAÇÃO COMERCIAL DE ESPÉCIES
E S U A F U N Ç Ã O N A C O N S E R VA Ç Ã O
Dr. Obdulio Menghi
.
Iniciou sua explanação passando um rápido filme
sobre a técnica de “assistência” a eclosão de
ovos. Fundamentou sua prática e detalhou o
processo com precisão, e emocionou a platéia ao
informar que o filhote que estava saindo do ovo
com seu auxílio se tratava de uma ararinha azul
Cyanopsita spixii. A partir daí descreveu sua
expe-riência na reprodução de uma das aves
mais raras do mundo, endêmica do Brasil, mas
que infelizmente não teve sucesso reprodutivo
em sua terra natal. Apresentou o tipo de recinto
aonde se encontram as aves, sua alimentação e
ciclo reprodutivo, também fez uma rápida passagem pelo histórico dos exemplares que estão no
Loro Parque. Dr. Rafael seguiu com uma longa
dissertação sobre as mais variadas técnicas de
reprodução de aves ameaçadas, abordando
desde o manejo alimentar até a incubação artificial de ovos e a alimentação manual de filhotes.
Destacou os trabalhos de conservação desenvolvidos por sua instituição em diversos países
e traçou um paralelo da importância da comercialização de espécies raras e sua função conservacionista. Exemplificou, com diversas fotos,
animais comercializados em larga escala e que
hoje devem suas existências ao cativeiro, entre
.
O Dr. Obdulio Menghi, por sua larga experiência
em gestão de fauna a nível mundial, certamente
teria muitíssimo a contribuir no simpósio. Suas
exposições foram altamente positivas no que tange a aplicação de política pública para a fauna
em geral. Ao expor sua longa jornada pela defesa
da fauna, demonstrou uma incrível dedicação,
possível somente pela paixão com que se entregou a seu ofício. Devemos recordar que o Dr.
Obdulio, além de trabalhar na CITES por quinze
anos, integrou comissões da IUCN sigla em
inglês da União Internacional para a Conservação
da Natureza e foi um dos elaboradores do texto
sobre fauna da CDB Convenção da Diversidade
Biológica.
.
Iniciou sua palestra expondo os conceitos de
preservação e conservação (esta com uso
consultivo ou sustentável). Abordou com minimalismo os princípios
fundamentais da CDB e
9
A BRASE
REVISTA EDIÇÃO ESPECIAL
NOVEMBRO 2009
EDIÇÃO C
recursos investidos diretamente no local e a
sustentabilidade da espécie na região, constantemente monitorada. Afirmou que “as medidas ex
situ podem ser também consideradas como uma
segurança a longo prazo, já que se pode utilizálas para uma ampla gama de espécies que
poderiam sofrer depredação e perda em anos
vindouros”. Chamou a atenção que as criações
ex-situ contém reservatórios genéticos de grande
importancia, de espécies silvestres e domésticas.
Destacou que uma das importantes tarefas da
criação em cativeiro é apoiar a conservação, gerando conhecimento de varios tipos sobre uma
espécie, pesquisas para suportes de reintrodução
e promovendo uma maior consciência do valor da
biodiversidade, mediante uma educação fora dos
meios académicos. Ao final da primeira apresentação o Dr. Obdulio relembrou que foi um dos
agentes do programa de recuperação da ararinha
azul e agradeceu ao Dr. Faiçal Simon (ex-diretor
do Zoológico de São Paulo, já falecido) e ao Dr.
Wolfgang Kiessling (da Fundação Loro Parque
Espanha) por terem abraçado este projeto.
seus desdobramentos nas políticas públicas dos
países signatários da convenção. Evocou, para
tanto, os artigos 8 e 9 da norma, explorando-os
em detalhes nas regras que regem a conservação ex-situ. Chamou a atenção para as previsões da convenção relativas ao uso sustentável
dos componentes da biodiversidade, destacando
a fauna dentro deste quadro. Reafirmou o compromisso dos países “partes” de elaborarem uma
“estratégia nacional de biodiversidade”, aonde se
deve inserir as previsões legais das formas de
uso da fauna e suas condições. O Dr. Obdulio
perguntou se já havia este documento no Brasil,
no que foi respondido pela mesa que esta função
cabe ao Decreto nº 4339/02, mas que este é
solenemente ignorado pelas autoridades de
fauna. O palestrante chamou a atenção que a
aplicação da CDB é obrigatória aos países que
aderiram e, portanto, se não estiver sendo cumprida deve ser motivo que questionamento judicial. Retomou a exposição dissertando rápidamente sobre as diferenças entre flora e fauna na
aplicabilidade da CDB. Citou seu trabalho de
“cotas” de coleta de Amazona aestiva na
Argentina para comércio, mencionando a repercussão positiva sobre a população da região, os
.
Em segunda exposição o palestrante fez uma
viajem ao tempo por sua vida profissional. Re-
Interacción entre Conservación in situ y ex situ
E species amenazada s
Recole cción de muestra
E str at eg ia s d e c on ser vac ión
C onservación e x situ
Conservación in situ
Ing resos pa ra esfuerzo s de co nserv ac ión
Ban c o d e
Esp er m a,
S em i llas,
h ue vos ,
teji dos,
e tc .
Zo o s, Ac uario s, J a rdine s Bo tánico s
Prog ram as de re pr od uc ci ón
P ro tecció n, M ane jo , mo nito reo
Nuev a s reco le ccione s
Pobl ac ion es viab le s
Reintro ducció n
D es arr oll o nu e vos pr od uc tos
F ondo pa ra ma ntene r
Pro g ram a s de
reproduc ción
1 2/11 /2 00 9
Fo ndo pa ra pro tecció n y
M a nejo de especies silv estres
U so y v enta de nuev o s pro duc tos
Ob du lio M en gh i
Fun da ción Biod iv ersida d
10
27
A BRASE
REVISTA EDIÇÃO ESPECIAL
NOVEMBRO 2009
EDIÇÃO C
ios Urbanos) e a veterinária Barbara Sansão (C.
Passaredo). Ambas explanaram aos visitantes as
gestões de seus trabalhos, desde a seleção de
matrizes até a incubação de ovos e alimentação
manual dos filhotes.
lembrou todas as dificuldades enfrentadas para
poder implementar o trabalho da então recém
criada CITES. Expôs os caminhos percorridos e
citou diversos exemplos de trabalhos de sucesso
e também de fracasso. Contou que na luta em
defesa dos rinocerontes negros fez de tudo para
interiorizá-los ao Zimbabue, já que na fronteira
com a Zâmbia a caça era implacável. Mesmo
assim não tiveram sucesso e os animais foram
quase dizimados. Explicou o sucesso da implantação de criações comerciais de crocodilianos,
na Colombia e na Venezuela, que recuperou as
espécies que estavam em grande risco de extinção. A caça ilegal destes animais, para comércio de seus subprodutos, praticamente acabou.
Mencionou o apoio que lhe foi possível dar à Dra.
Dian Fossey, na luta interminável pela defesa dos
gorilas das montanhas, em Ruanda. Relembrou o
assassinato da amiga e lastimou a grande perda.
Discorreu sobre sua saga na defesa das vicunhas
peruanas. Sua luta recorrendo ao então Presidente da ONU, Perez de Cuellar, para seguir com
o trabalho mesmo diante da guerra contra os
guerrilheiros do Sendero Luminoso. Contou de
suas aventuras descendo nos Andes de helicóptero a mais de quatro mil metros para tosquear as
vicunhas com as populações locais. Emocionado,
não deixou de esquecer a perda de outra amiga e
colaboradora, peruana, assassinada pela guerrilha. Por fim, entre tantas outras estórias, comoveu fortemente a platéia e arrancou lágrimas de
muitos num depoimento célebre.
.
Os desdobramentos do simpósio, bem como as
informações das mesas de debates, serão abordados pela revista da ABRASE, em sua próxima
edição.
Jantar no Porcão de
Ipanema!!
Rafa, Lula, Obdulio e
Nicoletta, passada
pela Prainha!!
Visita técnica no
Craidouro Papagaios
Urbanos. Juan, 1º à
esquerda, lidera!
Eventos Ambientais e Assessoria de Imprensa ABRASE
Fotos cedida por Rogério Fujiura e Eventos Ambientais
Almoço no Passaredo,
após visita técnica farra
e comida, Lélio (sem
camisa) lidera a festa!!
INSTITUCIONAL > INFORMAÇÃO
Confraternização entre os
participantes e
desdobramentos
Eventos Ambientais e Assessoria de Imprensa ABRASE
Fotos cedida por Rogério Fujiura
www.fujipass.com.br
No dia 23 de outubro, sábado, participantes e
palestrantes do Simpósio fizeram uma visita
técnica aos Criadouros Papagaios Urbanos e
Passaredo, ambos na região de Guaratiba, Rio
de Janeiro.
A CRIAÇÃO NA WEB !!
FujiPass
.
CRIAR É LEGAL
As visitas corroboraram com as exposições realizadas durante o evento. Foi possível ver dois
criadouros de estruturas diferentes porém com
excelentes resultados reprodutivos. Coordenaram
as visitas a bióloga Márcia Weinzettl (C. Papaga-
O endereço mais completo sobre criação, informações jurídicas, técnicas, notícias, crônicas, dúvidas . . . Informações
sobre concursos, regulamentos, vídeos e publicações.
Website parceiro da ABRASE !!
11
A BRASE
REVISTA EDIÇÃO ESPECIAL
NOVEMBRO 2009
EDIÇÃO C
NUTRAL
R. Francisco Ceará Barbosa, 709 Campinas SP
Tels.: +55 19 . 3246.3756 / +55 19 . 3246.3757 /
+55 19 . 3246.3758 / +55 19 . 3246.3759
Website: www.nutral.com.br
E-mail: [email protected]
Especialista em Direito Ambiental (fauna)
Av. Treze de Maio, 33
Grupos: 1712 a 1714
Centro - Rio de Janeiro - RJ
CEP: 20031-930
Tel/Fax: (55 21) 2210-1056
www.carreraadvogados.com.br
A melhor ração de
filhotes no mundo!!
Rua Visconde de Itabaiana, 102
Eng. Novo - Rio de Janeiro
Tels: 21- 2201.0602 - 2501.3612
Trading Comércio
Web: www.wildlife.com.br
Exterior Ltda.
DISTRIBUIDOR AUTORIZADO
Contato: [email protected]
R
MAINÁ
p o u s a d a e
c r i a d o u r o
Pássaros nacionais, exóticos e ornamentais
Horto e viveiro de plantas decorativas
Cães rhodesian ridgeback
Poneis e mini horses
CRIADOURO
pousada e criadouro mainá
Tel: +55 22 2623.1168
Tel/Fax: +55 22 2623.1636
Tavessa do Village, 36 - Buzios - RJ
www.pousadamaina.com.br
Rua dos Fazendeiros, 535 - Guaratiba
Rio de Janeiro - RJ - Tel: 21-3317.1716
Registro Ibama - CTF nº 215025
12
A BRASE
REVISTA EDIÇÃO ESPECIAL
NOVEMBRO 2009
EDIÇÃO C
EVENTOS
2º SEM. CALENDÁRIO 2009
GESTÃO ADM. CRIADOUROS,
ZOOS E COMÉRCIO
CALENDÁRIO 2009
CONGRESSO ABRAVAS
de 01 a 05 de dezembro de 2009 - Hotel
Majestic, Aguas de Lindóia - SP
www.abravas.org.br
- Relatório do Cadastro Técnico Federal prazo 31 de março (quem não o fez deve
fazê-lo mesmo fora do prazo). Entrega
pela internet.
- Relatório Semestral de Venda de Silvestres prazo 30 de junho. Entrega no Núcleo
de Fauna do Estado residência.
- 4º ENCONTRO DE CRIADORES DE
ANIMAIS SILVESTRES
.de 10 a 12 de dezembro de 2009 - Hotel
Blue Tree Tower, Goiânia - GO
www.sebraego.com.br
- Cumprimento da IN 169/08 - Pedido de
Autorização de Manejo - AM, prazo
esgotado (quem não o fez deve fazê-lo
mesmo fora do prazo). Pela internet.
- Relatório de Evolução de Plantel - prazo
anual - data referência início das atividades do criadouro. Entrega no Núcleo de
Fauna do Estado residência.
ABRASE
2º SEM. CALENDÁRIO 2009
.
- Relatório Semestral de Venda de Silvestres prazo 31 de dezembro - 2º semestre. Entrega no Núcleo de Fauna
do Estado residência.
- Participação da ABRASE no 4º Encontro de
Criadores de Animais Silvestres
de 10 a 12 de dezembro - Goiânia - GO
.
.
OBJETIVOS DA ABRASE
a) congregar os criadores e comerciantes de animais da fauna silvestre brasileira e exótica;
b) estimular e fomentar, por todos os meios ao seu alcance, a criação de animais da fauna silvestre brasileira e exótica;
c) organizar periodicamente encontro entre os associados, ou quaisquer outras iniciativas que visem manter sempre forte o elo entre os mesmos;
d) promover entendimentos, acordos e convênios com os governos Federal, Estaduais e Municipais, para a execução de atividades relativas ao fomento
e defesa da criação de animais da fauna silvestre e exótica;
e) estudar, aprofundar, pesquisar e dar assistência sobre todos os assuntos referentes às normas ligadas a criação e comercialização de animais da fauna
brasileira e exótica;
f) fornecer assistência jurídica aos associados referente às questões inerentes às atividades da associação;
g) promover entendimento entre os criadouros objetivando a permuta de animais;
h) promover e incentivar atividades culturais e científicas referentes aos objetivos da associação;
i) a Associação poderá buscar através de intercâmbios com entidades congêneres de outros Estados e/ou países, o amplo debate, idéias e informações
para maior conhecimento sobre as técnicas de criação e reprodução dos animais.
j) defender o Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, fornecendo as práticas sustentáveis de desenvolvimento e a educação ambiental, estimulando
os associados à realização de pesquisas e estudos referentes à conservação da fauna silvestre e exótica.
k) combater o comércio ilegal de animais silvestres e exóticos através de palestras, promoção do comércio legal, campanhas educativas e educacionais
e colaboração com as entidades de gestão de fauna e repressão ao tráfico.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
DIRETORIA
PRESIDENTE - LUIZ PAULO MEIRA LOPES DO AMARAL
1º VICE-PRESIDENTE - LÉLIO GABRIEL H. DOS SANTOS
2º VICE-PRESIDENTE - PIERRE JIMENEZ ALONSO
1º SECRETÁRIO - VINICIUS RODRIGUES FERREIRA
2º SECRETÁRIO - CHARLES PEREIRA
1º TESOUREIRO - MARCELO FERNANDES MOURA
2º TESOUREIRO - CLÁUDIA MEIRA LOPES DO AMARAL
DIRETOR DE DIVULGAÇÃO - HÉLIO JOSÉ B. LAGALHARD
DIRETOR DE RELAÇÕES PÚBLICAS - JEFERSON R. PIRES
1º SUPLENTE DE DIRETORIA - ANTÔNIO C. DOS SANTOS
2º SUPLENTE DE DIRETORIA - FERNANDO P. DO AMARAL
.
CONSELHO FISCAL: Sra. Frauke Allmenroeder, Sr. Ivaldo Fontes
Barbosa e Sr. Salvador de O. Porto Filho
.
COMISSÃO DE ÉTICA: Sr. André Luiz Paiva Sena, Sra.Frauke Allmenroeder;
Sr. Paulo Machado, Sr. Reginaldo
V. Leone e Sr. Marius da Silva P. Belucci
A BRA SE
ABRASE
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES E
COMERCIANTES DE ANIMAIS SILVESTRES E EXÓTICOS
Secretaria - Rua Visconde de Itabaiana, nº 102
Engenho Novo - Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Cep: 20780-180
.
Telefone: +55 (21) 2501.3612 Fax: +55 (21) 2201.0602
Correio electrônico: [email protected]
Na Web: www.abrase.com.br
Para apresentar um artigo ou se desejar fazer sugestões à revista, entre em contato
com o e-mail aos cuidades de “REVISTA ABRASE - EDIÇÃO.
A revista faz todo o necessário para garantir a veracidade dos artigos, as opiniões
expressadas nestes são de exclusividade de seus autores.
13

Documentos relacionados

importância da criação sustentável de animais silvestres

importância da criação sustentável de animais silvestres A criatura não humana, graças aos progressos da biologia, etologia, medicina veterinária, não é mais considerada como no passado: “corpo vil”, mas ser sensível, em condições de percepções conscient...

Leia mais

revista abrase edição 0001

revista abrase edição 0001 estamos já há bastante tempo. As infrutíferas discussões que assistimos sobre o tema no Brasil têm nos arrastado cada vez mais para longe da conservação. Sem falar que a questão inexiste como polít...

Leia mais

Meio Ambiente Natural: Normas Jurídicas e

Meio Ambiente Natural: Normas Jurídicas e A atividade policial, em quaisquer segmentos, tanto civil, militar, quanto federal, deve ser precedida de informações básicas para a execução das atividades de prevenção contra atos ilegais e para ...

Leia mais