Capa - Revista Diretrizes
Transcrição
Capa - Revista Diretrizes
Revista da Diocese de Caratinga Ano LIX - Nº 896 - Maio de 2016 Pastoral da Comunicação Anunciando a Boa Nova Estudo Bíblico Maria, comunicação e misericórdia Santo do mês - MARIA No mês de maio, milhões de pessoas participam de romarias e peregrinações a santuários marianos, fazem orações especiais a Maria e lhe oferecem presentes, tanto espirituais quanto materiais. Dedicar o mês de maio – também chamado de “mês das flores” no hemisfério norte – a Maria é uma devoção arraigada há séculos. Com sua poesia “Ben vennas Mayo”, das Cantigas de Santa Maria, Afonso X o Sábio nos revela que esta tradição já existia na Idade Média. A Igreja sempre incentivou tal devoção, por exemplo concedendo indulgências plenárias especiais e com referências em alguns documentos do Magistério, como a encíclica “Mense Maio“, de Paulo VI, em 1965. “O mês de maio nos estimula a pensar e a falar de modo particular dEla – constatou João Paulo II em uma audiência geral, ao começar o mês de maio em 1979. De fato, este é o seu mês. Assim, o período do ano litúrgico [Ressurreição] e ao mesmo tempo o mês corrente chamam e convidam os nossos corações a abrirem-se de maneira singular para Maria.” EXPEDIENTE DIRETOR Dom Emanuel Messias de Oliveira Bispo Diocesano de Caratinga .............................................................................................. JORNALISTA RESPONSÁVEL Mons. Raul Motta de Oliveira Registro de Jornalista: Nº 1788 - MTPS-DR 36090/71 .............................................................................................. REDATOR Pe. José Geraldo de Gouveia .............................................................................................. COLABORADORES Prof. Sebastião Faria de Morais (Arte na Igreja), Pe. Ademilson Tadeu Quirino (Pastoral do Dízimo), Alba S. Soares (Editorial),Ir. Helena Corazza (Capa), Dom Paulo Mendes Peixoto (Dom Paulo), Pe. José Geraldo Gouveia (Estudo Biblíco), Gicélia Azevedo de Oliveira (Reflexão) .............................................................................................. CONSELHO EDITORIAL Pe. Dione J. Vieira Leandro,Higor Luiz A. Nepomuceno, José Geraldo da Silva, Malvino R. Pires Neto, Heitor Soares Sanglard, Fernando Ribeiro da Silva, Márcio Antônio da Silva, Luiz Antônio Pedrosa, Gicélia Azevedo de Oliveira. .............................................................................................. REVISORA E ORGANIZADORA DE TEXTOS Alba da Silva Soares .............................................................................................. DIAGRAMADOR Itamar Batista de Gouveia .............................................................................................. IMPRESSÃO Gráfica Editora Dom Carloto Ltda. .............................................................................................. ASSINATURAS, CORRESPONDÊNCIA E EXPEDIÇÃO: Livraria Dom Carloto Praça Cesário Alvim 156, CEP 35300-036 Caratinga MG Tel: (33) 3321-2521 / (33) 3321-9558 E-mail: [email protected] .............................................................................................. editorial Comunicação um ato de Amor “O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!” (Mt 10,27). São palavras de ordem pronunciadas por Jesus aos seus discípulos há mais de dois mil anos e que, até os dias atuais, nos dão força para comunicarmos a Boa Nova. A palavra Comunicação é derivada do termo latino “communicare”, que significa “partilhar, tornar comum”. Através da comunicação, os seres humanos partilham diferentes informações entre si, tornando a comunicação um ato essencial para a vida em sociedade, um ato de amor. E a Igreja acompanhou a evolução dos meios de comunicação, um tanto quanto apreensiva a princípio, mas com o amadurecimento das ideias dos Santos Padres, a abertura necessária aconteceu e vem acontecendo. E não era para ser por menos, pois foi a Igreja que se utilizou de forma brilhante do primeiro veículo de comunicação de massa inventado até hoje, talvez o mais forte de todos, o sino. Ele atingia a todos cada vez que batia e espalhava suas mensagens. E o que dizer das torres das igrejas? As Igrejas eram construídas com telhados altos e em forma de ponta para que fossem avistadas ao longe a torre. Além disso, Cristo nos deixou a mais importante logomarca que já existiu, a cruz. A cruz que nunca foi esquecida de ser colocada no alto da torre e que permitia que, além de se identificar que ali era uma igreja, também se identificava que ela pertencia àquela marca, àquela religião. No ano de 1966 pelo decreto Inter Mirifica (Entre as Maravilhas), o papa Paulo VI instituiu o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que é celebrado no domingo da Ascensão do Senhor: “Para que se revigore o apostolado da Igreja em relação com os meios de comunicação social, deve celebrar-se em cada ano em todas as dioceses do mundo, a juízo do Bispo, um dia em que os fiéis sejam doutrinados a respeito das suas obrigações nesta matéria, convidados a orar por esta causa” (Inter Mirifica,18). E em 2016 a Igreja celebra este dia em 8 de maio, dia das mães, as primeiras comunicadoras que, assim como Maria, comunicam o amor através de seus ventres. Sabemos que os desafios para a comunicação acontecer em nossa Igreja são muitos. Hoje, não bastam as pregações nas Igrejas, é preciso usar todos os meios. Em poucos anos o mundo se transformou e nós, para caminharmos com o mundo, precisamos atualizar-nos. É necessário usar o cinema, o teatro, o rádio, a imprensa, a televisão, a internet e todos os outros meios que o progresso humano inventar, para podermos comunicar a Boa Nova do Evangelho. E é exatamente sobre a Comunicação para o anúncio da Boa Nova, que nossa revista vai tratar neste mês. Uma boa leitura a todos! Diretrizes 896 | Maio de 2016 1 SUMÁRIO 10 CAPA Pastoral da Comunicação A sociedade contemporânea está marcada pela comunicação que faz parte do cotidiano. Há uma sensibilização crescente sobre a qualidade da comunicação que vai apurando o senso estético, e leva ao aprimoramento de todas as formas e expressões também nas pastorais.... 03 | Eventos 16 | Dízimo 04 | Mural do Leitor 21| Reflexão 06 | Palavra do Pastor 22 | Estudo Bíblico 08 | Palavra do Papa 23 | Dom Paulo | Comentários Homiléticos 12 | Diocese 26 15 | Igreja Aqui Ali 36 | Calendários 5º Encontro Diocesano do Terço dos Homens Dia 12 de junho em Manhuaçu MURAL DO LEITOR Obrigada a todos os leitores pelo carinho de sempre. A revista Diretrizes é feita assim, com o contato e a opinião de todos vocês. Convido vocês, queridos leitores, a fazer uma visita ao nosso site na aba downloads onde estamos disponibilizando pouco a pouco todas as edições da revista Diretrizes, desde sua primeira edição até os dias atuais em PDF. Mais um presente de nossa equipe para vocês! Acesse: http://www.revistadiretrizes.com.br Conheço a Revista e o Roteiro para os Grupos de Reflexão há muito tempo desde os anos 80, pois, meus pais moram em Lajinha MG, porém, já há muitos anos que estou fora de Lajinha, morando em São Paulo. Participo de uma Comunidade Eclesial de Base aqui em São Paulo e logo falei deste material para eles e os apresentei. Eles gostaram. Foi o motivo para fazer a minha assinatura. Parabéns a toda equipe! Carlos José Pereira da Silva Freguesia do Ó - São Paulo – Capital ........................................................................................................................................................ Modernidade sem tirar o saudosismo. Responsabilidade nas notícias, equipe confiável. Investimento no estilo. Oportunidade e espaço para as pastorais. Preocupação em manter sempre o foco. Diretrizes é a revista de todos nós da Diocese de Caratinga! Parabéns equipe! Ângela Mota. CEBs da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Caratinga, comunidade Santo Antônio. ........................................................................................................................................................ Diretrizes é a voz forte da diocese onde podemos ver o lindo trabalho que a Igreja faz de abrir portas para uma nova sociedade. Parabéns a equipe, Deus os abençoe. Alessandra Fernandes – Comunidade São Geraldo Magela Paróquia Sâo Domingos de Gusmão- Ubaporanga ........................................................................................................................................................ A revista Diretrizes sempre foi um marco na evangelização e continua evoluindo dentro do contexto atual. Agnaldo José de Castro Comunidade São Geraldo Magela – Ubaporanga. Suplemento Quatro reuniões e um plenário sobre: O que está acontecendo com a nossa casa Preparado pela equipe de Ipanema (Ana Adriana) Caderno 410, maio de 2016 Diretrizes 896 | Maio de 2016 5 PALAVRA DO PASTOR Dom Emanuel Messias de Oliveira - Bispo Diocesano de Caratinga SÍNTESE DA MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO PARA O 50º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS Primeiro, pensei em escrever um artigo sobre comunicação, mas lendo a mensagem do Papa Francisco, achei por bem sintetizá-la, mas com suas próprias palavras, de tal modo que este artigo possa ser lido nas Igrejas como síntese da mensagem do Santo Padre. “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo” [8 de Maio de 2016] Queridos irmãos e irmãs! O Ano Santo da Misericórdia convida-nos a refletir sobre a relação entre a comunicação e a misericórdia. A Igreja é chamada a viver a misericórdia como traço característico de todo o seu ser e agir; e vivenciando esta misericórdia, ternura e caridade dentro de nós, a nossa comunicação será portadora da força de Deus. Como filhos de Deus, somos chamados a comunicar-nos com todos, sem exclusão. A comunicação tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, As palavras podem construir pontes entre as pessoas, as famílias, os grupos sociais, os povos. E isto acon-tece tanto no ambiente físico como no digital. Assim, palavras e ações hão de ser tais 6 Diretrizes 896 | Maio de 2016 que nos ajudem a sair dos círculos viciosos de condenações e vinganças e buscar um crescimento na comunhão. Por isso, queria convidar todas as pessoas de boa vontade a redescobrirem o poder que a misericórdia tem de curar as relações dilaceradas e restaurar a paz e a harmonia entre as famílias e nas comunidades. Todos nós sabemos como velhas feridas e prolongados ressentimentos podem aprisionar as pessoas, impedindo-as de comunicar-se e reconciliar-se. E isto aplica-se também às relações entre os povos. Em todos estes casos, a misericórdia é capaz de implementar um novo modo de falar e dialogar, É desejável que também a linguagem da política e da diplomacia se deixe inspirar pela misericórdia, que nunca dá nada por perdido. Faço apelo, sobretudo, àqueles que têm responsabilidades institucionais, políticas e de formação da opinião pública, para que estejam sempre vigilantes sobre o modo como se exprimem a respeito de quem pensa ou age de forma diferente e ainda de quem possa ter errado. Como gostaria que o nosso modo de comunicar e também o nosso serviço de pastores na Igreja nunca expressassem o orgulho soberbo do triunfo so- bre um inimigo, nem humilhassem aqueles que a mentalidade do mundo considera perdedores e descartáveis! A misericórdia pode ajudar a mitigar as adversidades da vida e dar calor a quantos têm conhecido apenas a frieza do julgamento. Seja o estilo da nossa comunicação capaz de superar a lógica que separa nitidamente os pecadores dos justos. Podemos e devemos julgar situações de pecado, mas não podemos julgar as pessoas, porque só Deus pode ler profundamente no coração delas. Só palavras pronunciadas com amor e acompanhadas por mansidão e misericórdia tocam os nossos corações de pecadores. A sociedade humana não pode ser como um espaço, onde estranhos competem e procuram prevalecer, mas antes como uma casa ou uma família, onde a porta está sempre aberta e se procuram aceitar uns aos outros. Para isso é fundamental escutar. Comunicar significa partilhar, e a partilha exige a escuta, o acolhimento. Escutar é muito mais do que ouvir. Ouvir diz respeito ao âmbito da informação; escutar, ao invés, refere-se ao âmbito da comunicação e requer a proximidade. A escuta permite-nos assumir a atitude justa, saindo da tranquila condição de especta- dores, usuários, consumidores. Escutar significa também ser capaz de compartilhar questões e dúvidas, caminhar lado a lado, libertar-se de qualquer presunção de onipotência e colocar, humildemente, as próprias capacidades e dons ao serviço do bem comum. . Escutar significa prestar atenção, ter desejo de compreender, dar valor, respeitar, guardar a palavra alheia. Também e-mails, sms, redes sociais, chats podem ser formas de comunicação plenamente humanas. Não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem e a sua capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor. As redes sociais são capazes de favorecer as relações e promover o bem da sociedade, mas podem também levar a uma maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos. O ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral. Rezo para que o Ano Jubilar, vivido na misericórdia, “nos torne mais abertos ao diálogo, para melhor nos conhecermos e compreendermos; elimine todas as formas de fechamento e desprezo e expulse todas as formas de violência e discriminação”(Misericordiae Vultus, 23) . Gosto de definir este poder da comunicação como “proximidade”. O encontro entre a comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida, conforta, cura, acompanha e faz festa. Vaticano, 24 de Janeiro de 2016. Agenda do Pastor Maio 01 Presença em Simonésia para o batizado de 30 crismandos adultos 02-05 Semana livre 06 Presença em Divino para a festa do Padroeiro, comemorando 135 anos de paróquia 07 Crismas em Vila Nova 08 Às 20h: na Catedral - Missa do Dia Mundial das comunicações. Todos os Meios de Comunicações estão convidados 11 Reunião da Pastoral Presbiteral, no Seminário 12 -13 Atendimentos 14 Crismas em Vermelho Novo (Às 9h em Sto Ant. do Tabuleiro e, às 17h, na matriz) 18 Reunião do Clero, no Bom Pastor, em Manhuaçu 21 Missa no Asilo São Luís, próximo a Caeté – 25 anos de vida religiosa da Ir. Joaquina 26 Corpus Christi – Procissão e missa 31 Missa da Padroeira (N. Senhora Mãe dos Homens), em Martins Soares Diretrizes 896 | Maio de 2016 7 PARA QUE DEUS ME CHAMA? Pe. Demerval A. Botelho, SDN Vocação universal à santidade A s vocações específicas: matrimonial, sacerdotal, religiosa e de solteiro/a são caminhos seguros e sem errada para o Céu. Todas elas são iguais diante de Deus. Nenhuma é melhor e mais santa do que a outra. É a pessoa que faz sua vocação ser a melhor, a mais bonita e a mais santa do que a outra, seguindo-a com determinação e fidelidade, e vivendo-a com amor e alegria. Deus não tem prediletos nem prediletas, chamando-os para uma vocação de 1ª classe, e os demais, para uma vocação de 2ª ou 3ª classe. Isto não existe na Igreja de Jesus, como não existem cristão e super cristão. Perante o Evangelho, somos todos iguais. Para Deus, não existe vocação de privilegiados. Apenas Deus, precisando de gente para os diversos tipos de serviço ao seu povo, chama cada um e cada uma para esta ou aquela missãoserviço. Podemos confirmar esta afirmação com as belas palavras de Stº Agostinho: “ . . . para vós eu sou Bispo; mas convosco eu sou cristão.” Semelhantemente, o Padre poderá dizer para os seus paroquianos: “Para vocês eu sou pároco, mas com vocês eu sou cristão.” A mesma coisa os pais poderão dizer em casa: “Meus filhos, para vocês nós somos pais; mas com vocês nós somos cristãos.” Quer ser feliz e realizado na vida, sentindo e aumentando sempre a alegria de viver? Procure descobrir o seu caminho, e siga-o com passo firme e decidido. Confie em Deus, vá em frente, de frente 8 Diretrizes 896 | Maio de 2016 e pra frente que tudo vai dar certo. Contudo, quem faz uma opção vocacional, de maneira irresponsável, equivocada, precipitada ou influenciado, às vezes forçado por certas conveniências, até escusas, andará, a vida toda, descontente, aborrecido e insatisfeito. É bem verdade que, para se ser feliz, não é preciso muita coisa, não. Basta acertar com a sua verdadeira vocação. É o segredo e a chave da felicidade, pois é inegável: “Vocação acertada, futuro feliz.” Quem está sempre contente e satisfeito, transformando a vida numa canção de alegria, é gente que acertou de cheio com a sua vocação. A alegria, que lhe enche o coração, extravasa nas palavras, nas atitudes, no olhar, no semblante. Ao contrário, quem está sempre com cara de velório, lamuriando a vida, reclamando de tudo e de todo mundo, é gente que fracassou na vocação. Gente que pegou bonde errado. Vai viver curtindo amargura a vida toda. Deus não chama os seus filhos e filhas, que ama com ternura de Pai a irem para o Céu, seguindo o mesmo caminho. Vejamos o que protagoniza o Concílio: “Se pois na Igreja nem todos seguem o mesmo caminho, todos, no entanto, são chamados à santidade” (LG, nº 32/80). Deus chama a todos, indistintamente, para serem santos. É o que nos diz a Bíblia: “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus sou santo.”(Lev 19,2b). E Jesus reforça: “Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.” (Mt 5,48) É por isso que o Concílio nos fala extensamente da “Vocação universal à santidade”(LG, Cap. V). Anteriormente, já tinha ensinado que “. . . todos os cristãos de qualquer condição ou estado são chamados pelo Senhor, cada um por seu caminho, à perfeição da santidade . ..” (LG, nº 11/31). Outra coisa importante a considerar é que vocação é por toda a vida, porque é baseada no amor, e o amor é, por essência, eterno. Nunca diminui e jamais acaba. Pelo contrário, só aumenta. O noivo não diz para a noiva que vai amá-la por uns dois ou três anos e, depois, verá como vai ficar. Também a noiva procede do mesmo forma com o noivo. As declarações de amor têm uma nesga de eternidade: Eu te amo até à morte! E vai por aí afora. Quem ama de verdade não pensa em casar-se, hoje, para descasar-se, amanhã. Também o jovem, que está convicto de que Deus o chama para o Sacerdócio e ama realmente a sua vocação, não pensa em ordenar-se Padre, hoje, para “despadrar-se” amanhã. O mesmo acontece com o Religioso e a Religiosa. Não faz parte de seu projeto de vida fazer os votos, hoje, já pensando em descumprilos amanhã. Tudo isto é feito ungido de amor que dura a vida inteira, pois vocação é por toda a vida e não admite aposentadoria. Um casal, não se aposenta. E também um padre, como padre, e um religioso e uma religiosa não se aposentam. Amor não tem disso, não. CAPA Irmã Helena Corazza PASTORAL DA A sociedade contemporânea está marcada pela comunicação que faz parte do cotidiano. Há uma sensibilização crescente sobre a qualidade da comunicação que vai apurando o senso estético, e leva ao aprimoramento de todas as formas e expressões também nas pastorais. Ao falarmos de comunicação queremos entendê-la como um processo de relacionamento que se estabelece entre as pessoas servindo-se ou não de tecnologias. A comunicação se 10 Diretrizes 896 | Maio de 2016 realiza de forma presencial, de pessoas a pessoa ou a distância com a mediação das tecnologias, também no campo da pastoral e da evangelização. A Pastoral da Comunicação (Pascom) nasce do conjunto de duas realidades que interagem reciprocamente: comunicação e pastoral. Comunicação entendida como processo de relações entre as pessoas podendo ser mediada pelas tecnologias e pastoral, que se refere ao cuidado de pessoas e ações, neste caso, neste campo. Segundo o Diretório da Comunicação da Igreja no Brasil, a Pascom é “um processo dinâmico, dialógico, interativo e multidirecional” (CNBB, 2014, p. 14), o que requer pessoas que compreendam e apliquem esta visão aberta para as diferentes realidades da comunicação contemporânea. É a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II que a Igreja assume para si, oficialmente, o direito e o dever de atuar na área da comunicação, considerando apostolado, missão. Nos documentos do magistério eclesial, encontram-se referências à comunicação como pastoral orga- COMUNICAÇÃO nizada, pedindo que as pessoas sejam preparadas para exercê-la na missão de articular e animar a reflexão e suas ações nesta área. Um dos aspectos importantes a salientar é que, além de se servir dos meios de comunicação para o bem comum e o exercício da solidariedade, ela é mais do que um simples exercício da técnica, o que abre o conceito e não o reduz às tecnologias e às leis do mercado. A comunicação nas pastorais Se por um lado, a comunicação é uma pastoral organi- zada com sua missão específica no interno da comunidade e no diálogo com a sociedade, por outro, é o eixo que permeia todas as pastorais. Ao falarmos de eixo ou “fio condutor” lembramos que em todas as pastorais é preciso se ter presente a necessidade de realizar uma boa comunicação que envolve o acolhimento, o ambiente, o relacionamento fraterno, as pessoas, explicitações bem feitas e criatividade. No documento Aetatis Novae (1992), sobre a organização desta pastoral nas Dioceses, a Igreja fala explicita- mente que não basta se ter um plano de pastoral, mas é preciso que a comunicação permeie todas as pastorais. Este aspecto é muito importante e está sendo retomado no documento 100 da CNBB Comunidade de comunidades. Uma nova paróquia. Sabemos que a renovação da paróquia também passa pela qualidade da comunicação entre as pessoas e nas pastorais. Diretrizes 896 | Maio de 2016 11 DIOCESE 2º Encontro Diocesano dos Grupos de Reflexão Atendendo às prioridades previstas no último Plano Pastoral da diocese de Caratinga, onde 2016 seria o ano de atenções voltadas para os Grupos de Reflexão a diocese promoveu no dia 13 de março de 2016, o 2º Encontro Diocesano dos Grupos de Reflexão. Mais de 3300 pessoas vindas de todas as paróquias da diocese participaram do encontro. A paróquia do Santuário recepcionou as caravanas, que começaram a chegar às 7:30 da manhã e foram recebidas com um delicioso café da manhã. Às 8:30 Dom Emanuel presidiu a missa de abertura que foi concelebrada pelos padres Moacir, Marcelino, Geziel, Jamir, Anderson, Matias Toninho e com a presença do Diácono Rocha. Em sua homilia Dom Emanuel destacou: “Podemos nos sentir hoje como os discípulos de Emaús: andavam com a palavra de Deus não apenas nas 12 Diretrizes 896 | Maio de 2016 mãos, mas ao lado deles, Jesus Cristo, mostrando-lhes as escrituras, clareando para eles a vida para chegarem depois a receberem o próprio Jesus em seus corações. Nós como Grupos de Reflexão somos como aqueles dois que caminham para Emaús e vão percebendo que alguém caminha junto com eles e vão descobrindo devagarzinho que é Jesus e na hora da Eucaristia Jesus se revela plenamente na vida deles”. Depois da missa os participantes saíram em caminhada, com suas Bíblias nas mãos, pelas ruas da cidade até o auditório da UNEC onde aconteceu o encontro. Fez-se uma parada sobre a ponte do rio Caratinga e, devido ao seu estado de poluição, fez-se memória dos apelos da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 que trata do saneamento básico. Pe. Geziel e Pe. Moacir, organizadores do encontro, deram as boas vindas aos participantes. Vários padres que estavam presentes deram seus depoimentos dizendo que as origens de suas vocações vêm dos Grupos de Reflexão. Monsenhor Raul, que há 40 anos participa da organização dos roteiros de reflexão na diocese, recordou que as raízes destes grupos encontramse ainda na prática pastoral de Dom José Eugênio Correia que, em 1958, antes ainda do Concílio Vaticano II, instituiu as “conferências populares”. Estas conferências eram pequenos grupos que se reuniam nas casas para o estudo de textos sobre a religião e para a oração do terço, posteriormente passou-se à reflexão da Palavra de Deus convertendose nos grupos. Pe. Nelito Dornelas, da Diocese de Governador Valadares, conduziu a reflexão até o almoço. Ele destacou alguns pontos da Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho, Exortação Apostólica do Papa Francisco) que reforçam a importância e a prática dos Grupos de Reflexão. A parte da tarde foi conduzida pelo Ir. Denilson Mariano, SDN. Retomando brevemente a história da Diocese, destacou que ela é um grande “canteiro dos Grupos de Reflexão” na Igreja do Brasil e que seu rosto é o rosto destes grupos. Ao final, Dom Emanuel abençoou a todos incentivando a prática dos Grupos de Reflexão para que possam oxigenar toda a Diocese e a vida da Igreja. Com muita alegria os participantes voltaram para suas casas com a missão de serem mais missionários do já eram e com a certeza de que a Diocese de Caratinga é um Canteiro dos Grupos de Reflexão. Comemorações do Movimento do Terço dos Homens No dia 20 de março , a Comunidade de São Vicente de Paulo do Córrego do Barracão, em Ubaporanga, comemorou um ano de implantação do Movimento do Terço dos Homens. Várias comunidades fizeram-se presentes com suas caravanas. Em procissão e com muita fé e devoção, os homens do Terço seguiram pela ruas do Córrego, acompanhados de Pe. Gleidson Forte que deu a Benção dos Ramos e celebrou a Santa Missa. Ao término da celebração foi servido, uma deliciosa feijoada, feita com todo carinho pelas esposas dos integrantes do Terço, regada à bela voz de Pe. Gleidson juntamente com o Ministério de Música da Capela São Vicente de Paulo, que arrasaram no Sertanejo Raiz e no Samba. Parabéns, Terço dos Homens do Córrego do Barracão! E no mês de maio vários grupos do Terço dos Homens estão fazendo aniversário na diocese, são eles: TH N. Sra. do Rosário – Paróquia de Santa Margarida; TH São José – Paróquia Imaculada Conceição– Pedra Dourada/ Tombos – Coord. Jose Natividade; TH São Geraldo Magela– Paróquia S. Geraldo Magela Taruaçu de Minas – Coord. Odei- no Coelho; TH Filhos de Maria – Paróquia São Sebastião- S. João Figueira/ Durandé - Coord. Valdeci Vieira; TH N. Sra. do Amparo – Paróquia N. Sra. do Amparo – Chalé – Coord. Reginaldo Alves. Dando um destaque especial para o Terço dos Homens Nossa Senhora do Rosário pelas movimentações para as comemorações dos 150 anos de criação da Paróquia de Santa Margarida com participação efetiva em todas as festividades e cujo tema é “CATEQUESE A SERVIÇO DA MISERICÓRDIA” e o lema “ SEDE MISERICORDIOSOS COMO O PAI”. Missa da Unidade No dia 24 de março, na Catedral de São João Batista, Dom Emanuel presidiu a Missa da Unidade. A celebração reuniu mais 80 padres do clero diocesano e religioso, para comemorar a instituição do sacerdócio. Durante a missa, aconteceu a bênção dos santos óleos, utilizados no batismo, crisma e unção dos enfermos em toda a diocese. Dom Emanuel disse em sua homilia: “O Espírito do Se- nhor está sobre mim porque ele me ungiu, disse Jesus no texto que proclamamos. Hoje abençoamos os óleos da unção. Somos um povo ungido. Um povo sacerdotal. Régio. É bom que a gente sinta essa realidade na nossa vida. Ungidos, nos tornamos outro Cristo. Somos ungidos para uma finalidade específica. Essa unção que Jesus recebe tem uma finalidade, abençoar os pobres e falar de Deus a eles, consolar os oprimidos, libertar os cativos. Essa missão também é dada a cada um de nós”, disse o bispo se dirigindo aos padres. Após a homilia, os padres fizeram a renovação das promessas sacerdotais. Nesta celebração, o Sr. Bispo abençoou os santos Oléos: dos Enfermos, dos Catecúmenos e do Crisma. Estes óleos são levados para as paróquias e usados nos sacramentos. IGREJA AQUI ALI O IRPAC perde uma de suas grandes colaboradoras Faleceu no dia 26 de março em Belo Horizonte Aída Gonçalves da Paz. Catequista, foi aluna do IRPAC nas suas primeiras turmas. Depois fez parte da equipe e durante muitos anos colaborou com o curso. Alegre, sapeca, bem humorada, incansável, uma catequista. A equipe do IRPAC em nota em seu blog diz: “Agradecemos a Deus pelo dom da sua vida em nosso meio, pela amizade e por seu exemplo de paixão pela catequese, sua aposta na formação de catequistas. Que ela interceda por nós”. Ela era moradora do bairro Santa Efigênia em BH e tinha 86, por muitas décadas, dedicou-se à catequese. Durante 30 anos, trabalhou pela catequese no Instituto Regional de Pastoral Catequética do Regional Leste 2 (IRPAC), de cujo o curso vários leigos de nossa diocese já participaram, e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Aída Gonçalves da Paz era muito conhecida entre os catequistas, contribuiu para a formação de muitas pessoas, levando uma mensagem consistente, educando-as na fé. Sua presença contribuiu para a formação de muitos cristãos comprometidos em testemunhar o Evangelho. Fonte: WWW.arquidiocesebh.org.br DÍZIMO Pe. Ademilson Tadeu Quirino DÍZIMO E PENTECOSTES O QUE TÊM A VER? “E ninguém se apresente de mãos vazias diante do Senhor” (Dt 16,16). O nome Pentecostes vem da língua Grega e significa cinquenta dias depois, a saber, da festa da Páscoa. Originalmente, esta festa possuía três nomes hebraicos: festa das Semanas, festa das Colheitas ou Dia das Primícias. Estes três nomes revelam um pouco do conteúdo da festa: era agrícola e situada no período das colheitas. A troca de nome para Pentecostes deu-se a partir do período grego (333-63 anos antes de Cristo), quando a Grécia dominou culturalmente o mundo. O mais primitivo motivo desta festa foi gratidão a Deus pelo dom da terra. Posteriormente, o povo bíblico incorporou o motivo de gratidão pela doação da Torá (450 anos antes de Cristo). A Torá é a instrução divina por excelência, contida no Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia). Provavelmente, a festa de Pentecostes, descrita em Atos dos Apóstolos 2, celebrava a doação da Torá. Os salmos 19 e 119 mostram que a manifestação do Espírito Santo está diretamente relacionada ao estudo da Torá. A Festa da Colheita celebra a ação de Deus que cria e sustenta a vida do mundo criado. Ao celebrar a festa, toda a comunidade aprendia a ser responsável para com a vontade de Deus e com o próximo - não somente com os irmãos de sangue e fé. O ritual da festa ensinava, pedagogicamente, que Deus é o Criador e Sustentador das leis que regem o mundo. Ele fez uma distribuição comunitária da terra e manda a chuva para hebreus e gentios, bons e maus, homens e mulheres, jovens e crianças. O ritual da festa entendia que o grande problema da humanidade é a falta de amor uns para com os outros. O autor de Deuteronômio 16 faz referência ao caráter alegre da 16 Diretrizes 896 | Maio de 2016 festa e a obrigação da participação de todos que moram na cidade indistintamente (filhos, servos, levitas, estrangeiros, órfãos, viúvas...). A obrigação de apresentar-se diante do Senhor e a proibição de apresentar-se com mãos vazias são mantidos (Dt 16,16-17), bem como o clima de alegria familiar e social da festa e sua centralidade em Jerusalém. A finalidade é que todos, homens, mulheres, crianças e estrangeiros aprendam e ponham em prática a Lei do Senhor. Ao agradecer a Deus pelo dom da terra - para morar, plantar e alimentar-se dos frutos produzidos nela - o povo descobria os mistérios da graça divina. Ser grato pela “terra que mana leite e mel”, pela cevada, trigo e outros grãos que sustentam vida representam uma alegria de enormes proporções. Além da terra, os celebrantes eram ensinados a agradecer a Deus pela instrução que disciplina e ordena a vida comunitária. Olhando a nossa realidade hoje, somos também impulsionados a apresentar diante do Senhor com as mãos cheia de gratidão e com a mesma alegria do povo da bíblia, por meio, do nosso dízimos e ofertas. O que temos é dom de Deus. Agradecer e colaborar com a comunidade na partilha do suor do nosso trabalho é realmente a maior satisfação de um coração generoso. Características desta celebração da colheita: 1. A Festa das Colheitas era alegre e solene (Dt 16.11); 2. A celebração era dedicada exclusivamente aoSenhor Deus (Dt 16.10); 3. Era uma festa ecumênica, aberta para todos os produtores e seus familiares, os pobres, os levitas e os estrangeiros (Dt 16.11). Enfim, todo o povo apresentava-se diante de Deus. Reconheciam-se e afirma- vam-se o compromisso de fraternidade e a responsabilidade de promover os laços comunitários, além do povo hebreu; 4. Agradecia a Deus pelo dom da terra e pelos estatutos divinos (Dt 15.12); 5. Era uma “Santa Convocação”. Ninguém trabalhava (Lv 23.21); 6. Era celebrado o ciclo da vida, reconhecendo que a Palavra de Deus estava na origem da vida “ da semente “ da árvore “ do fruto “ do alimento “ da vida... Para refletir: 1-Leia Deuteronômio 16, 9-17; 2-O que a Festa de Pentecostes e da colheita (a partir do texto bíblico de Deuteronômio) nos ensina com a experiência do dízimo em nossa comunidade? 3-Qual é o significado desta frase para você: “E ninguém se apresente de mãos vazias diante do Senhor; cada um traga seu dom conforme a bênção que o Senhor teu Deus te houver proporcionado”. Fonte da Pesquisa: 1- Bíblia Jerusalém; 2- ARAUJO, Gilvan Leite. História da Festa judaica das Tendas. Paulinas, 2012; 3- portal.metodista.br – A festa de Pentecostes no Antigo Testamento. 18 Diretrizes 896 | Maio de 2016 Sugestão para trabalhar o tema Comunicação com pré- adolescentes e adolescentes ( Ideal para a idade de 9 aos 14 anos) [ Objetivos ] Exercitar a comunicação entre o grupo e entre as demais pastorais. [ Recursos ] Pedaços de papel com mensagens e fita adesiva. Sugestão de mensagens: - Sugira um filme para eu ver. - Cante uma música para mim. - Gosto quando me aplaudem. - Sou muito carente. Me dê um apoio. - Tenho piolhos. Me ajude! - Estou com fome. - Dance comigo. - Estou com falta de ar. Me leve à janela. - Me descreva um jacaré. - Me ensine a pular. - Dobre a minha manga. - Quanto eu peso? - Estou dormindo, me acorde! - Me cumprimente.. - Quantos anos você me dá? - Me elogie. - Sou sósia de quem? - Veja se estou com febre. - Chore no meu ombro. - Estou de aniversário, quero meu presente. - Sorria para mim. - Me faça uma careta? [ Envolvendo ] Os adolescentes devem formar um círculo, lado a lado, voltados para o lado de dentro do mesmo. O catequista deve grudar nas costas de cada integrante um cartão com uma frase diferente. Em seguida os adolescentes devem circular pela sala, ler os bilhetes dos colegas e atendê-los, com mímicas, por exemplo, sem dizer o que está escrito no bilhete. Todos devem atender ao maior número possível de bilhetes. Após algum tempo, todos devem voltar à posição original. Cada adolescente deve tentar adivinhar o que está escrito em suas costas e as razões por que chegou a esta conclusão. Caso não tenha descoberto, os outros a-dolescentes devem auxiliá-lo com dicas. O catequista então deve questionar aos adolescentes: O que faci-litou ou dificultou a descoberta das mensagens? Como esta dinâmica se reproduz no cotidiano? Reforçando assim a importância da comunicação entre os membros de um grupo e do grupo com as outras pastorais. [ Clareando ] Ler junto com os adolescentes o texto de At 2,1-13. Pergunte aos adolescentes: 1-O que aconteceu no local onde os Apóstolos estavam reunidos? 2-Como ficaram os Apóstolos após as línguas de fogo pousarem sobre eles? 3-Como ficou o povo ao ver que os Apóstolos falavam em várias línguas? 4-E hoje, o anúncio da Palavra acontece de uma forma clara para que todos possam entender ? [ Agindo ] Converse com os adolescentes falando que a Igreja nasce justamente no momento em que os seguidores de Jesus, impulsionados pelo Espírito Santo, saem proclamando as maravilhas de Deus na língua de cada um de seus ouvintes. É a comunicação que passa a acontecer de forma clara, verdadeira e objetiva. E é assim que devemos ser verdadeiros, claros e objetivos como anunciadores da Boa Nova. que conversem com seus pais e familiares como eles vivenciaram a evolução das Comunicações Sociais e como era visto tudo isso pela Igreja no tempo deles. Peça que pesquisem na internet sobre essa evolução. No próximo encontro peça que comentem sobre o que viram e ouviram nos relatos de seus familiares. [Celebrando] O catequista prepara um ambiente para oração onde são expostos alguns objetos que podem ser usados para se comunicar como, por exemplo: Celular, Tablet, Not book , Revistas e Jornais, nomes de Redes de Comunicação da Igreja (TV, Rádio) escrito em pequenas fichas ou cartazes, Informativo Paroquial, livros, etc. Pode levar um áudio com a música “Verbum Panis”, ouvirem juntos e depois o catequista pode comentar brevemente sobre esta música e a comunicação que aconteceu, de Deus com o homem, através de Cristo. Pode-se buscar informação na internet previamente sobre a tradução do titulo e do refrão, ou até mesmo com o pároco local. Pedir a Deus que ilumine aos que trabalham nos meios de comunicação para que sejam verdadeiramente comunicadores da Boa Nova que é Cristo e nos de discernimento como usuários destes meios para utilizarmos deles de maneira correta e cristã. Rezar juntos a oração do Pai Nosso e da Ave Maria , frisando que o maior meio de comunicação nossa com Deus é a oração e o próprio Cristo nos indicou isso ( Mt 6,6-1). [Interagindo com a família ] Peça aos adolescentes Diretrizes 896 | Maio de 2016 19 CATEQUESE Adriana Luiza Bertoldo Silva INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ... POR QUÊ? “Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio.” (Fides et Ratio, pág. 5). O SER HUMANO TEM SEDE DE DEUS. Não basta estudar sobre o Cristianismo. É necessário um mergulho no mistério. Não se trata, portanto, de “aprender coisas”, mas de aderir a um projeto de vida. DESCOBRIR O MISTÉRIO. Diante da sede de infinito, presente em todo coração humano, Deus nos dá uma resposta em Jesus Cristo: Ele é “...a chave, o centro e o fim de toda a história humana...” (Gaudium et Spes 10,2) Ele é o mediador do Reino de Deus que revela ao mundo o projeto de salvação do Pai que ama a todos. Ser cristão é participar desse mistério e comprometer-se com ele. “A pessoa divina de Jesus envolve de tal modo aquele que foi chamado, que lhe muda o projeto de vida, o modo de viver, de pensar e de agir. Lentamente, o discípulo se encontra com um novo estilo de vida, um novo modo de escolher e de avaliar as coisas, as pessoas e os acontecimentos. O Mestre Jesus exerce sobre o discípulo tal poder de atração, que se torna irresistível! E torna-se então um discípulo-missionário! O Documento de Aparecida, nos chama atenção: “Ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para o seu seguimento ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora.” É 20 Diretrizes 896 | Maio de 2016 uma urgência para o nosso tempo, não é mais possível nos prendermos aos métodos tradicionais. Cabe a cada um de nós uma pergunta: como levar as pessoas a um contato vivo e pessoal com Jesus Cristo? Para começar é preciso uma mudança de foco. Sair da mentalidade de Iniciação Cristã como sinônimo de “preparação para receber sacramentos”, para “o processo de quem quer tornar-se cristão”. E essa mudança é missão de todos nós: pais, padrinhos, introdutores, ministros ordenados, etc. O catecumenato é o caminho, o processo catecumenal da iniciação cristã surgiu em um momento em que a Igreja não podia contar com o apoio de uma cultura cristã na sociedade. Ele traz as etapas indispensáveis para mergulhar (batismo quer dizermergulho) no mistério de Cristo e fazer parte da comunidade eclesial. Cada etapa desse processo atende inclusive a uma necessidade antropológica do ser humano que necessita de ritos de passagem. Com isso se quer falar do costume de fazer da celebração dos sacramentos uma espécie de “festa de despedida”. O sacramento é consequência de uma fé assumida e, ao mesmo tempo, é o que realimenta a fé. A iniciação à vida cristã não se reduz a um espaço geográfico ou estrutura pastoral: deve estar presente e atuante em diversas situações e ambientes. Assim, a Igreja vive sua natureza missionária. A catequese de inspiração catecumenal não é um projeto fechado, mas abre um leque de possibilidades. O que já conseguimos de bom precisa ser valorizado e aprofundado, mas não podemos nos esquecer da nossa missão de formar discípulos. O aluno aprende; o discípulo se encanta e quer viver como seu mestre. A catequese precisa ser essa experiência que envolve a integralidade da pessoa e não a “linha de chegada”, nem o “ponto final”. Mergulhados na alegria, deixamos a mensagem a todos os que se sentem discípulos e querem fazer outros discípulos:“A alegria do discípulo é o remédio frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio. REFLEXÃO Gicélia Araújo Azevedo de Oliveira Mães, comunicadoras da Fé Foi através da Virgem Maria que Deus nos permitiu entender o mistério da comunicação. Papa Francisco em mensagem ao Dia das Comunicações Sociais em 2015, invoca a “comunicação primeira”, a comunicação uterina com a mãe. A comunicação que biblicamente está potenciada na visita de Nossa Senhora a Santa Isabel (Lc 1,39-56). “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espirito Santo”. Explicou-nos que somos seres de relação, em diálogo, e que a primeira experiência nesse sentido se dá quando, ainda no útero, sentimos o pulsar do coração de nossa mãe. É a origem do processo comunicativo! Para um bom comunicador palavras diversas não são necessárias, basta um olhar, um sorriso, um reflexo, o jeito de andar, o comportamento... Assim nossa primeira comunicação se faz no seio familiar... Assim recebi no seio familiar minhas primeiras instruções de comunicadora... Assim reconheci no olhar de minha saudosa MÃE a fé que sempre sustentou nossa família. Relembrar a minha saudosa mãe é identificar meus primeiros passos como comunicadora. Seu olhar sereno expressava sempre, quando necessário, carinho, repreensão, correção, fé, amor, fraternidade, alegria. Com seus gestos, suas palavras, seu carinho, sua fé incondicional aprendi a conhecer o mundo, me tornei filha, esposa, mãe, profissional e acima de tudo uma pessoa temente a Deus. Educar os filhos na fé são exemplos de comunicação que ela nos deixou ao decorrer da vida, com a expressão mais linda do ser humano. O SILÊNCIO. Sim ela se comunicava também pelo silêncio. Através das palavras e gestos de minha MÃE, aprendi que a família é a mais bela protagonista, é aquela que partindo de testemunho sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento humano. É o SANTUÁRIO DA VIDA, lugar privilegiado para experimentar o amor. Há alguns anos já não tenho mais o prazer do seu toque, suas palavras doces, seu abraço, seu cafuné, que tanto me faz falta, mas sua força, seu amor se fazem presentes em minha vida a todo momento através de seus ensinamentos. À minha saudosa mãe, minha eterna gratidão por ser minha primeira comunicadora da fé. ESTUDO BÍBLICO Pe. José Geraldo de Gouveia MARIA, COMUNICAÇÃO E MISERICÓRDIA O dia mundial das comunicações sociais, celebrado em muitos países, segundo a recomendação dos bispos, no domingo que antecede a Festa de Pentecostes (que em 2016 será o dia 08 de maio), nos convida a uma reflexão desafiadora: “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo”. Sim, o tema proposto pelo Papa Francisco é desafiador, vejamos por que. Primeiro é oportuno lembrar que a palavra “comunicar” é sinônima de “comungar”, portanto, traz na sua essência a ideia de pôr em comum, de partilhar, dividir com, daí comunicar, literalmente tornar comum. De sorte que a força etimológica desta palavra comunicar já supõe partilha, comunhão. A língua italiana conservou de modo muito evidente a origem etimológica de comunicar como sinônimo de comungar. Em italiano a palavra comunicare significa ao mesmo tempo transmitir informações, divulgar um 22 Diretrizes 896 | Maio de 2016 fato, ou comungar. A partir desta primeira consideração etimológica já cabe uma pergunta: nossa comunicação de fato é geradora de comunhão? Afinal, comunicar é comungar, estar em comunhão. Infelizmente, em nome de uma liberdade de expressão (que em si é um valor inquestionável) muito do que é comunicado nos nossos mais variados meios e veículos não gera comunhão, não partilha de modo efetivo e responsável. Muitas vezes assistimos com tristeza comunicadores do sensacionalismo, do quanto pior melhor. Isto não deveria acontecer se levarmos em conta o que a palavra comunicação significa. Mas, sabemos que nos bastidores das mídias, muitas vezes, o que de fato interessa não é a partilha ou a transmissão de informações, e sim, o quanto tudo isso pode ser rentável. É verdade que para se comunicar é preciso de recursos, de dinheiro, mas, se a essência da comunicação é a partilha, a comunhão, a liberdade de expressão, o fator econômico não deveria nunca prevalecer, caso contrário a comunicação perderia sua própria essência e razão de ser. Como vimos, a essência da palavra comunicação é a partilha, é tornar comum aquilo que é de interesse de todos. Neste sentido, a Mãe de Jesus, Maria, nos dá um belo exemplo de comunicação. Partilhar ou tornar comum um fato supõe relação interpessoal. Numa partilha precisamos de algo para ser partilhado e de alguém com quem partilhamos. Em Maria temos tudo isso. Primeiro Ela recebe um anúncio, uma comunicação que se transforma em diálogo. Portanto, acontece uma partilha da Palavra, Deus fala, Maria responde e faz perguntas. O essencial neste diálogo entre Deus e a Mãe de Jesus é que a Palavra não é forçada ou manipulada, ela acontece naturalmente, espontaneamente, acontece uma comunhão (ou comunicação no seu sentido mais genuíno). Não obstante a grandeza de Deus em relação a Maria, a Palavra não é imposta, mas partilhada, doutro modo não seria partilha, não seria de fato comunicação. Isto nos ensina que o verdadeiro comunicador respeita sempre seu interlocutor, não pode faltar com a misericórdia. Sim, misericórdia significa ter sentimento de respeito para com o mais fraco, o mísero. Como Deus fez com Maria e faz com todos os seus filhos. Comunicação (comunhão) sem misericórdia (respeito ao coração mísero) não é comunicação verdadeira, ao menos no seu sentido mais profundo e original. Se faltar misericórdia na comunicação o resultado não será comunhão, mas opressão e manipulação de informações. A fecundidade da comunicação, portanto, passa necessariamente por uma prática misericordiosa, caso contrário, teremos ruídos estéreis e jamais um encontro fecundo. DOM PAULO Dom Paulo Mendes Peixoto, Arcebispo de Uberaba Força da Palavra C onforme o ditado popular, “as palavras comovem, mas são os exemplos que arrastam”. A Palavra de Deus tem grande força de convergência, provoca práticas de unidade e forma comunidades. Podemos até dizer que nenhuma comunidade cristã se constrói sem a presença dessa Palavra. Por isso, ela precisa ser conhecida e aprofundada na vida das pessoas, criando motivação para a unidade. Um corpo sem alimento acaba perdendo as forças, a solidez de sua existência e desfalece. Quem tem firmeza e apoio na Palavra de Deus não se deixa influenciar pelas maldades do mundo e nem pelos falsos ensinamentos sempre presentes na história dos povos. Age com critérios maduros e responsáveis, colocando suas energias a serviço do bem e da construção do projeto de Deus. Existe uma sede e uma fome da Palavra bíblica, que marca a vida das pessoas. Podem correr o perigo de ter a mente vazia, e caírem num profundo clima de desespero. Isso se torna mais evidente ainda diante dos desafios e problemas existenciais. Não conseguem enfrentar e sublimar as dificuldades do momento. Conforme outro ditado popular: “Saco vazio não fica de pé”. A unidade do povo cristão faz parte das orientações da Palavra de Deus. Unidade enriquecida com a diversidade inspiradora do Espírito Santo. Cada membro, na comunidade, leva consigo virtudes próprias, que devem ser colocadas a serviço de todos. As ações egoístas não deixam de ser uma grande traição ao princípio da unidade, muito querida por Deus. No corpo de Cristo, a Igreja, todos os cristãos devem estar integrados e contribuindo para o fortalecimento da unidade. Isto supõe respeito pela pessoa do outro e pela convivência comunitária. As pessoas batizadas se beneficiam de um mesmo Espírito, Ele que é fonte da Palavra e da unidade, e marca cada cristão com a unção da responsabilidade com a vida de todos. É importante ter os olhos fixos em Jesus, porque Ele tem palavras cheias de esperança e de sentido, que despertam a atenção das pessoas. Mira nas questões de desigualdade e de marginalização, nos que vivem no anonimato e são excluídos do contexto da vida comunitária. O agir concreto de Jesus Cristo passa pelo caminho do exercício da solidariedade. [ A Palavra de Deus tem grande força de convergência, provoca práticas de unidade e forma comunidades. ] ARTE NA IGREJA Prof. Sebastião Faria de Morais (paroquiano de Entre Folhas). SINO DA IGREJA MATRIZ DE ENTRE FOLHAS MG D as poucas coisas que restam em Entre Folhas da época imperial, uma é o sino da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário. Esse possui o Selo da Casa de Bragança e as Insígnias de dom Pedro II. Ao que tudo indica, por um longo tempo ele esteve na Igreja Antiga, e foi colocado em um lugar de destaque na Igreja atual, inaugurada em 1945. Hoje, o que é sabido por poucos, que nos primórdios de nossa História o sino da matriz era o principal meio de aviso dos acontecimentos entrefolhenses, devido à escassez dos meios de comunicação. Era o sino quem avisava à comunidade a aproximação da Missa na matriz com suas badaladas. Uma badalada avisava que faltava meia hora para o início da Missa. Duas badaladas avisava que faltavam quinze minutos, e três badaladas indicava que a Missa estava começando, pois, o relógio, seja de bolso ou de pulso, somente as pessoas da elite possuíam. Assim o povo era avisado da aproximação e realização dos acontecimentos na comunidade e aguardava ansioso as badaladas do sino matricial. Até as procissões, em sua maioria aconteciam sob o repicar do sino. Durante muitas décadas ele trouxe alegria em suas badaladas e também tristezas nas horas fúnebres. Quando o cadáver se aproximava da igreja matriz a comunidade era avisada ser a hora de um enterro sobre badaladas melancólicas do sino da matriz. Essas, dificilmente não entristeciam o coração de quem as escutavam. Depois da realização das exéquias, o sino, outra vez avisava com som triste que mais um ser humano era levado para o campo santo, e definitivamente seria sepultado na terra fria. Sons esses que a juventude não conhece, porque com a evolução, os corpos continuam sendo sepultados, mas os sons do sino não mais acontecem. O que se observa hoje, é que o sino matricial é tocado quase somente no Sábado Santo, por ocasião da Vigília Pascal, no momento do Glória, anunciando a ressurreição de Cristo. Mas não se sabe ao certo, acredita-se pela tradição das badaladas do sino matricial, o comércio de Entre Folhas fecha as portas no momento em que o cortejo fúnebre passa em frente a cada estabelecimento comercial. Fato esse que pode ser observado no momento que antecede os sepultamentos e que hoje, infelizmente, tende a deixar de existir, porque com a assistência funeral que algumas empresas oferecem, os corpos são levados de carro até a porta do cemitério e quando o comerciante percebe o cortejo fúnebre já passou em frente ao seu estabelecimento comercial. Não podemos ser contra a evolução, pois ela nos traz enormes benefícios. Mas que o sino da matriz fez alegrias e tristezas em Entre Folhas isso é inegável. Alegrias em momentos de festas e tristezas em momentos de despedida dos mortos. Essa relíquia está no esquecimento, e como nada é eterno, o sino parece que morreu ou emudeceu pela idade. Ele resistiu ao tempo e quase nada alterou desde sua confecção. Não está mais pendurado na torre porque houve uma rachadura, que prejudica o som das badaladas. Uma coisa é certa, é lamentável não ouvirmos mais suas badaladas. A maioria das pessoas que sabia controlar suas badaladas de maneira ordenada e compassada, não faze parte do nosso convívio. Diretrizes 896 | Maio de 2016 25 COMENTÁRIOS HOMILÉTICOS Dom Emanuel Messias de Oliveira - Bispo Diocesano de Caratinga SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO APÓSTOLOS - 3/7/2016 Dia 4: Os 2,16.17b-18.21-22; Mt 9,18-26 Dia 5: Os 8,4-7.11-13; Mt 9,32-38 Dia 6: Os 10,1-3.7-8.12; Mt 10,1-7 Dia 7: Os 11,1-4.8c-9; Mt 10,7-15 Dia 8: Os 14,2-10; Mt 10,16-23 Dia 9: Is 6,1-8; Mt 10,24-33 1ª LEITURA - At 12,1-11 A apresentação do governo Herodes Agripa I, governador da Judeia e Samaria (anos 41-44), desencadeou uma perseguição à Igreja. Os interesses políticos passam sempre por cima da dignidade humana e dos grandes projetos de vida. Herodes mandou matar à espada Tiago, irmão de João e, vendo que isto agradava aos judeus, mandou prender o apóstolo Pedro e pôs dois soldados acorrentados a Pedro, e havia sentinelas nas portas. Quando passasse a Páscoa, Herodes tencionava apresentá-lo diante do povo durante a noite. Queria fazer média com o povo através de Pedro, como fez Pilatos com Jesus e como fazem os políticos de hoje, sem perder oportunidades. A atitude da Igreja A Igreja rezava constantemente na intenção de Pedro. Pedro revive o drama de Jesus. O episódio revela uma espécie de “Páscoa de Pedro”. Talvez, por isso mesmo, Pedro desaparece dos Atos dos Apóstolos. A missão de Pedro iria se encerrar com este milagre. Ele só vai reaparecer no Concílio de 26 Diretrizes 896 | Maio de 2016 Jerusalém (At 15). A partir do capítulo 12 outro grande apóstolo entra em cena - Paulo. A intervenção de Deus A presença do anjo enche a cela de luz. Tudo fica claro. O anjo toca em Pedro, despertao e as cadeias se desamarram. O anjo o manda aprontar-se e segui-lo. Pedro foi executando as ordens pensando que fosse uma visão, uma imaginação. Os portões foram-se abrindo diante deles. Na rua, o anjo, de repente, desapareceu. Só aí Pedro toma consciência de que fora libertado por Deus das mãos de Herodes e da expectativa do povo. Curioso é que a menção da prisão no dia dos ázimos, a libertação na noite da Páscoa e a referência de que o Senhor enviou o seu anjo para libertar Pedro das mãos de Herodes e da expectativa do povo judeu relembram de perto a libertação do Egito. O Antigo Povo de Deus que fora libertado do Egito se torna agora opressor do Novo Povo de Deus. O Antigo Povo de Deus rejeitou seu Filho Amado e agora persegue seus seguidores. Mas Deus continua sendo o libertador do povo. Parece que Lucas quer lembrar a Páscoa do Antigo Povo, Páscoa de Jesus e a Páscoa de Pedro. O mesmo Deus libertador está sempre presente. “Na Páscoa da Ressurreição, Deus devolveu Jesus a seus discípulos. Agora Deus devolve Pedro à Comunidade”. Deus está sempre presente salvando seu povo de situações difíceis. Jesus, de fato, significa “Deus salva”. E ele disse que estaria com sua Igreja até o fim do mundo. Sua comunidade continua rezando pelo sucessor de Pedro, hoje? 2ª LEITURA - 2Tm 4,6-8.17-18 Estamos no último capítulo da segunda carta a Timóteo que não é de Paulo, mas atribuída a ele pela Tradição. Nosso trecho relata o Testamento de Paulo. Ele está preso. Sabe que chegou a sua hora. Jesus a seu tempo disse: “Pai, chegou a hora. Glorifica teu Filho, para que teu Filho te glorifique” (Jo 17,1). A mesma coisa está acontecendo com o grande apóstolo dos gentios. A gente percebe o claro paralelo entre a paixão de Jesus e a paixão de Paulo. Paulo olha para o passado “Já fui oferecido em libação. Libação é o rito de derramar o vinho, água e óleo sobre a vítima nos sacrifícios judaicos (Ex 29,40). Paulo preparou sua oferta total com sofrimentos, abandono, dor. Ele já se vê pronto para o sacrifício de sua vida. Sua morte é vista como uma viagem, naturalmente, para a casa do Pai. “Chegou o tempo da minha partida”. Ele que fez tantas viagens de evangelização, parte agora bem preparado, de cabeça erguida para sua última viagem. Agora não será mais uma viagem de trabalho penoso como foram as outras. Agora será a viagem do eterno repouso. Ele vai entrar para a Academia dos Imortais. Sua obra já foi consagrada. Ele vai subir no pódio e receber o troféu da vitória. Paulo se compara a um soldado de Cristo: “Combati o bom combate”. Ele se vê como um atleta que correu num estádio: “Terminei a minha carreira”. Ele se vê como aquele a quem Deus confiou a mensagem, que deverá ser proclamada e ouvida por todas as nações”, sem desvios ou falsificações: “Guardei a fé”. E não lhe faltaram a assistência e a força de Deus nos momentos mais cruciais, nos momentos de solidão, nos momentos de abandono. Como Daniel, ele foi libertado da boca do leão (Dn 6,21), quer dizer, ele se sente salvo do Tribunal do Imperador Romano. É bom olhar para trás e ver o rastro luminoso do caminho percorrido! Paulo olha para a frente Para o melhor dos atletas o que está reservado? Sem dúvida o troféu da vitória, a coroa da justiça. Como bom soldado, Paulo vai ser condecorado. Ele diz que esta coroa é reservada pelo Senhor, justo juiz “a todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação”. “Esperado com amor”. O que você acha que significa esta expressão? Um sentimento romântico de quem espera sua amada num banco de jardim? Repasse a vida de Paulo e responda. É bom frisar a convicção do apóstolo e sua firme esperança. “O Senhor me libertará de toda a obra maligna e me levará salvo para o Reino celeste”. O atleta já ganhou a corrida. O soldado já venceu a guerra. Só falta a comemoração. Por isso, Paulo termina com este pequeno hino de louvor ao Senhor que o chamou, transfigurou sua vida, o acompanhou por toda a missão e está prestes a condecorálo: “A ele a glória pelos séculos dos séculos! Amém!” Elias, Jeremias ou um dos profetas. Todas as respostas ficam na linha dos precursores dos tempos messiânicos. Ninguém, apesar de todos os prodígios, conseguia ver em Jesus o inaugurador dos tempos messiânicos. 2. - A resposta dos discípulos Este episódio pertence à parte narrativa do livrinho sobre a Igreja. Este episódio se localiza em Cesareia de Filipe, que está no extremo norte da Palestina, ou seja, o lugar mais distante do centro de decisões que é Jerusalém. Estamos, portanto na periferia do país. O centro, na verdade, jamais seria capaz de acertar com a resposta à pergunta que Jesus vai fazer. A pergunta é: Quem é Jesus? Ela é muito importante e válida para todos os tempos. No fundo, nossa vida depende desta resposta - uma resposta que deve, naturalmente, brotar das atitudes e não das idéias. Jesus não quer uma elite de pensadores, mas um grupo de operários do Reino. A pergunta é dirigida aos discípulos, mas Jesus quer colher duas opiniões. Primeiro a opinião do povo, depois a opinião dos discípulos. Filho do Homem é um título que Jesus gosta de usar para si mesmo. Ele se identifica com a humanidade de tal modo que a maioria das pessoas não consegue ver nele mais do que um homem extraordinário na linha dos grandes profetas. É Pedro, o porta-voz dos discípulos, quem responde. Ele é visto como o porta-voz dos discípulos e tem uma função de destaque em todo o Segundo Testamento. Quem quiser pode conferir: Mt 4,18; Mc 5,37; Lc 24,34; Jo 6,67-69; 21,15-23; At 1,13.15; 3,1; 10,5; Gl 2,7, etc. É Jesus que lhe dá o nome de Pedro para simbolizar seu indispensável papel na fundação e direção da Igreja. Pedro no evangelho de Mateus responde que Jesus é o Messias e o Filho de Deus. No tempo de Jesus, a palavra Messias era mais importante, pois todos estavam esperando o Messias prometido. A expressão Filho de Deus para o povo tinha uma aplicação mais ampla. Referia-se aos anjos, ao povo eleito, aos israelitas fiéis e também ao Messias. Naturalmente, para a comunidade, onde surgiu o evangelho de Mateus, o título Filho de Deus, professado por Pedro, já tinha alcançado seu verdadeiro sentido, ou seja, Jesus tem uma relação filial única com Deus. Ele partilha com o Pai e o Espírito Santo a divindade. Ele é a segunda pessoa da Santíssima Trindade. De fato, Jesus diz a Pedro que o que ele acaba de afirmar não provém da sua cabeça de homem, mas de uma revelação divina. Só mais tarde a Igreja vai perceber a profundidade da resposta de Pedro. 1. A opinião do povo 3. - A contra resposta de Jesus Os discípulos dizem que há 4 tipos de opiniões entre o povo; Jesus seria João Batista, Jesus muda o nome de Pedro. Isto significa que ele lhe atribui uma grande missão. E a missão é EVANGELHO - Mt 16,13-19 Diretrizes 896 | Maio de 2016 27 estar à frente da Igreja de Jesus (= minha Igreja). Essa missão de chefe da Igreja é hoje dada ao sucessor de Pedro, a quem chamamos de Papa. “As portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”, quer dizer que as forças malignas, forças que estão contra o projeto de Deus não serão capazes de derrubar a Igreja. De onde vêm estas forças? Do capeta? Sim! Não! Quer dizer...! É muito difícil jogar a culpa sobre uma entidade abstrata! e tran- quilizar a consciência. Estas forças malignas brotam do coração do próprio homem. Brotam de todos aqueles que oferecem resistência ao evangelho, à vontade de Deus, à justiça, ao bem. Toda vez que nossa atitude é egoísta, opressora e injusta somos “satanás”. O próprio Pedro foi chamado de satanás por Jesus, porque, naquele momento (alguns versículos abaixo), estava sendo obstáculo no seu caminho de cruz. O poder das chaves “Ligar e desligar” é linguagem técnica. Ligar as (cadeias) significa condenar. Desligar significa absolver. A Igreja, na pessoa de Pedro e seus sucessores (Jo 21,15ss), tem autoridade em assuntos doutrinais e morais. O que ela faz na terra, Deus ratifica no céu. Ela pode proibir (ligar) ou permitir (desligar). 15º DOMINGO DO TEMPO COMUM 10/7/2016 Dia 11: Is 1,10-17; Mt 10,34-11,1 Dia 12: Is 7,1-9; Mt 11,20-24 Dia 13: Is 10,5-7.13-16; Mt 11,25-27 Dia 14: Is 26,7-9.12.16-19; Mt 11,28-30 Dia 15: Is 38,1-6.21-22.7-8; Mt 12,1-8 Dia 16: Zc 2,14-17; Mt 12,46-50 1ª LEITURA – Dt 30,10-14 Os homens têm belos projetos, mas são egoístas. Seus projetos acabam em privilégios para uns poucos e opressão para a maioria. O projeto de Deus, ao contrário, pretende trazer vida para todos. O coração de Deus só experimentará alegria, quando todos os homens viverem na solidariedade, justiça e paz. É isto que nos fala o Deuteronômio. Qual é a condição para isto? Conversão total a Deus e obediência aos mandamentos e estatutos escritos no livro do Deuteronômio (v. 10). Estes mandamentos e estatutos não são normas frias, mas a síntese das experiências vitais da vida. Portanto, seguir a lei para o Deuteronômio é buscar a vida. Os vv. 11 a 14 querem mostrar a facilidade e a proximidade da Lei. É difícil subir aos 28 Diretrizes 896 | Maio de 2016 céus, é difícil atravessar o mar, mas a Lei não está lá em cima no céu, nem do outro lado do mar. Ela está bem perto do homem, está dentro do seu próprio coração, ou seja, lá dentro da própria consciência. Coração para o semita é a sede da consciência. Quem quiser colocála em prática, portanto, não tem desculpas, pois obedecer à lei é obedecer ao que há de mais profundo no coração humano – seu anseio de justiça, sua busca de vida para todos: Sim esta palavra “está na sua boca e no seu coração, para que você a coloque em prática”. 2ª LEITURA – Cl 1,15-20 Diante de tantos mediadores impostos pelos cultos pagãos e outros, como seres angélicos, tronos, soberanias, principados, autoridades e outras for- ças cósmicas, o autor apresenta o único mediador entre Deus e os homens: Jesus – o Filho amado. Estamos diante de um dos belíssimos hinos registrados nas cartas de Paulo ou atribuídas a ele. É uma exaltação à soberania de Cristo sobre tudo e sobre todos. Cristo é apresentado como a plenitude do humano e do divino. Cristo origem e fim de todas as coisas - vv. 15-17 O Gênesis já dizia que o homem é imagem e semelhança de Deus. Aqui, podemos perceber que esta imagem chega à perfeição em Jesus Cristo. Ele é a visibilidade do próprio Deus no meio dos homens. Ele é o primogênito, o Filho anterior a tudo. Nele tudo foi criado, tudo que existe no céu e na terra, inclusive estas criaturas que os cultos pagãos estavam querendo apresentar como medi- ações. O mais interessante ainda é que tudo foi criado por meio do Filho e para o Filho. Ele é assim a origem e a finalidade de todas as criaturas. Cristo é a cabeça do Corpo que é a Igreja - vv. 18-20 Ele é o princípio da humanidade nova. O projeto de Deus falido em Adão alcança plena realização em Jesus Cristo, que através da sua morte e ressurreição funda uma humanidade nova. Ele tem a primazia em tudo, porque Deus, a plenitude total, quis nele habitar. Jesus é, portanto, a plenitude de Deus no meio dos homens; ele é o projeto acabado que Deus tinha para o homem. Por meio de Jesus, através do seu sangue na cruz, Deus se reconcilia com os homens estabelecendo a paz. A humanidade reconciliada, esta humanidade nova, recriada em Cristo, é a Igreja da qual Cristo é a cabeça. EVANGELHO – Lc 10,25-37 a) A atitude do especialista em leis e a resposta de Jesus Ele é mal intencionado. Sua pergunta é para tentar Jesus, além de ser uma pergunta egoísta. Sua ação visa seu próprio benefício: “Mestre, o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” Como ele é um especialista em leis, Jesus pergunta o que diz a Lei. Ele responde direitinho, amar a Deus e ao próximo. Jesus aprova sua resposta e diz categoricamente: “Faça isso e viverá”. Para possuir a vida eterna não é preciso possuir muita teoria nem ser especialista em nada: a única especialidade que a lei exige e que Jesus insiste é a prática do amor. Como o especialista não quer saber da prática, ele teoriza mais uma vez com a pergunta: Quem é o meu próximo? Jesus responde indiretamente com uma parábola. E nesta parábola do Bom Samaritano ele transforma a pergunta egoísta e teórica do es- pecialista numa pergunta altruísta e prática, onde o importante é o outro a quem eu devo amar e servir e não eu mesmo. Então, a pergunta fica assim: Que tipo de atitude prática me torna próximo da pessoa que encontro? b) Atitude do ladrão Uma atitude desrespeitosa, de-sonesta, gananciosa e usurpadora. Os ladrões de ontem e de hoje, ladrões de cor, ou de colarinho branco, ladrões que compram ou que vendem comportamse como o funil ganancioso e o seu lema é: “o que é teu é meu”. c) Atitude dos encarregados do Templo (sacerdotes e levitas) Eles também são especialistas não em leis, mas em religião, em ritos. Sua preocupação não é com o outro, a pessoa, a vida, mas com a religião, o Templo, os ritos, o culto, a pureza ritual. Eles concentram sua atenção em torno dos Templos e dos cultos sem vida e a parábola lhes mostra que Deus não está mais no Templo, mas na pessoa dos excluídos e dos marginalizados. Eles possuem valores aparentes e querem defendê-los mesmo em detrimento da vida. Seu lema é: “o que é meu é meu”. d) Atitude do Samaritano Ele não é especialista em nada. Não carrega perguntas teóricas como: quem é o próximo?, mas procura na prática estar mais próximo de quem precisa. A parábola insinua que o assaltado e moribundo era um judeu ( judeu era inimigo de samaritano). Mas o samaritano está preocupado com a vida em perigo e não com rixas e picuinhas. Sua atitude é de compaixão, atitude divina que no evangelho de Lucas é reservada apenas ao Pai (cf. 15,20) e a Jesus (cf. 7,13). A parábola ocupa um grande espaço para enumerar as diversas atitudes práticas do samaritano. Ele toma todas as atitudes necessárias para curar e salvar o seu próximo, inclusive, passa a noite com ele. Além disso, deixa um dinheiro a mais com o hospedeiro e disse que, na volta, pagaria, se precisasse de alguns cuidados especiais. Ele é o homem da solidariedade e partilha. O bom samaritano é a autobiografia de Jesus. Seu lema é: “o que é meu é teu”. Jesus não quer sacrifícios, mas misericórdia. [ O bom samaritano é a autobiografia de Jesus. Seu lema é: “o que é meu é teu”. Jesus não quer sa-crifícios, mas misericórdia. ] Diretrizes 896 | Maio de 2016 29 16º DOMINGO DO TEMPO COMUM 17/7/2016 Dia 18: Mq 6,1-4.6-8; Mt 12,38-42 Dia 19: Mq 7,14-15.18-20; Mt 12,46-50 Dia 20: Jr 1,1.4-10; Mt 13,1-9 Dia 21: Jr 2,1-3.7-8.12-13; Mt 13,10-17 Dia 22: Ct 3,1-4a ou 2Cr 5,14-17; Jo 20,1-2.11-18 Dia 23: Jr 7,1-11; Mt 13,24-30 1ª LEITURA – Gn 18,1-10a É importante acolher bem as pessoas A primeira coisa que chama a atenção no texto é quem aparece a Abraão. É o próprio Deus (18,1), três homens (18,2) ou anjos (19,1)? Com quem Abraão está falando, com três pessoas (vv. 4.5.9), com uma só (vv. 3.10) ou com o próprio Deus (v. 13)? Observe o texto atentamente e veja como ele é ambíguo. Ora é uma pessoa, ou são três homens, ora são anjos, ora é o próprio Deus. O que o autor quer ensinar através desta ambiguidade textual? Ele quer ensinar que “quem acolhe pessoas está acolhendo a Deus que dá vida e que os anjos são mensageiros de Deus, ou expressão do próprio Deus. Abraão, símbolo da fé, sabia muito bem que acolher as pessoas é acolher o próprio Deus, aliás, faz parte da mística semita a boa hospitalidade. Veja a visita dos anjos a Ló em 19,1-8. Vigilância e disponibilidade diante das imprevisíveis visitas de Deus (vv. 2-8) Abraão significa pai (= ab) do útero (= raham), ou seja, pai de uma prosperidade numerosa, pai da fertilidade, entretanto esta promessa de Deus de uma grande prosperidade parece ter ficado 30 Diretrizes 896 | Maio de 2016 no esquecimento. Pois Abraão e Sara já ficaram velhos. Será que Abraão perdeu a esperança, desanimou, desistiu? O texto de hoje mostra que não. O texto sublinha a vigilância e a disponibilidade de Abraão. Ao invés de estar deitado, acomodado, cochilando à sombra, Abraão está sentado atento aos acontecimentos. Não é hora de visitas, mas Deus não marca hora, nem aparece vestido de glória. Abraão é profundamente cordial e acolhedor. Ele consegue logo perceber que aquela visita era de Deus. Chama os três de Senhor e se coloca como seu servo. Apesar do intenso calor do sol ele corre para um lado, corre para o outro, movimenta a esposa e o criado e oferece o que há de melhor para os ilustres visitantes. A promessa de Deus está para acontecer (vv. 9-10) Aqueles visitantes eram mesmo diferentes. Perguntam pela esposa o que não era costume entre os beduínos. Sabe o nome da esposa de Abraão, sem Abraão ter falado. E além disso conhece sua condição de estéril. Mas nada para Deus é impossível. Deus promete que dentro de um ano ele retornará, e Sara já terá um filho. Quem acolhe o outro acolhe o próprio Deus, quem acolhe Deus, acolhe a vida. 2ª LEITURA – Cl 1,24-28 Vamos destacar três temas no texto de hoje. 1) Precisamos edificar a Igreja que é Corpo de Cristo Em 1,18 vimos uma afirmação forte: Ele (Jesus Cristo) é também a cabeça do corpo, que é a Igreja. Aqui em 1,24 volta o mesmo tema. A Igreja é o Corpo de Cristo. Assim é preciso que cada cristão (não apenas os agentes de pastoral) assuma um compromisso particular com a comunidade-Igreja. Cristo fez tudo por nós e por isso tem o direito de pedir tudo de nós para a edificação do seu Corpo. Nossa alegria é alegria para Cristo, nossa tristeza é tristeza para Cristo. Nossas virtudes e trabalhos edificam o Corpo de Cristo, nossos vícios, pecados e omissões, destroem o corpo de Cristo. O autor, que fala em nome de Paulo, se sente alegre por sofrer pela comunidade. Precisaríamos chegar a essa consciência. 2) O apóstolo se torna ministro da Igreja Isso aconteceu quando Deus confiou a Paulo a missão de anunciar o mistério da presença de Cristo na comunidade. Em 1,23 ele fala expressamente que se tornou ministro do Evangelho. Paulo, é ministro da Igreja, do Evangelho, de Cristo, da Palavra. Estamos percebendo que há uma identificação destas realidades. O que deve fazer o ministro da Palavra? À imitação de Paulo, ele deve alegrar-se no sofrimento em favor da Igreja, anunciar o Cristo, aconselhar, ensinar, trabalhar pela perfeição do irmão, acreditar profundamente na força de Cristo que age nele, não desanimar diante das dificuldades, mas investir na edificação do Corpo de Cristo que é a Igreja. 3) Qual é o mistério antes escondido? Este mistério cheio da riqueza gloriosa de Cristo é exatamente a novidade da salvação, que, agora, não é mais restrita aos judeus, mas a todos os pagãos; por isso ele representa muito para os pagãos. Este mistério da salvação que é Jesus Cristo já está presente no meio da comunidade, abrindo fronteiras, através do exemplo de cada cristão e do anúncio da Palavra. O núcleo do mistério é este: Cristo é salvação e vida para todos. EVANGELHO – Lc 10,38-42 Rezar ou trabalhar – o que é mais importante? A partir de Jo11,1 ficamos sabendo que estamos em Betânia na casa de Lázaro. Lázaro está ausente, talvez Lucas queira salientar a importância da mulher na vida ativa (trabalho de Marta) e litúrgica (Maria atenta à palavra de Jesus) da Igreja. No tempo de Jesus as mulheres eram marginalizadas até pela religião, não podiam estudar a Lei, nem participar oficialmente do culto. O texto nos mostra que Marta acolhe Jesus, mas não tem tempo de acolher o dom que ele traz, seu projeto de vida. Ela parece com Abraão que acolheu o Deus da vida (Gn 18,1-10a), mas o seu ativismo, suas preocupações exa- geradas a impediram de acolher e aprofundar o projeto de vida que Jesus trazia com sua vida. Abraão parece ter antecipado Marta e Maria, soube ouvir, servir, contemplar e agir e por isso recebeu o dom da vida na pessoa de seu filho. Maria, certamente era a companheira de Marta nos afazeres domésticos, senão ela não perderia tempo de insistir com Jesus para liberar Maria. Curioso! [ Devemos ouvir a Palavra e a colocar em prática. “Mais felizes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática”. ] significa que precisamos rezar mais e trabalhar menos? Viver de contemplação e não de serviço? Poderíamos viver sem o trabalho? Poderíamos viver só de reza? Não é o próprio Jesus que insiste tanto em dar o exemplo de servir? “Eu não vim para ser servido, mas para servir”. A parábola anterior ao nosso texto não frisa a prática da misericórdia? Veja 10,28 : “faça isso e viverá”, v. 37: “vá e faça a mesma coisa”. O ensinamento do texto Creio que o contexto nos quer ensinar a importância da contemplação e da ação, do rezar e do trabalhar. Lucas distingue entre Marta e Maria o que deve estar unido e dosado em cada cristão, como esteve na atitude de Abraão. Devemos ouvir a Palavra e a colocar em prática. Não é isto que lemos logo à frente em Lc 11, 28? “Mais felizes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática”. As duas atitudes devem andar juntas em cada cristão. Aqueles que se dedicam demais ao trabalho, pastoral ou não, estes devem parar no dia do Senhor ( Domingo) para, sentados aos pés de Jesus, louvar e agradecer, avaliar e se abastecer de novo. Aqueles que rezam muito não devem tardar em colocar em prática o projeto de Jesus. Jesus não parou para ser servido, ele veio até nós para entregar o dom da vida. De fato, ele está a caminho de Jerusalém onde seu projeto de vida para todos ia realizar-se através da cruz. Marta e Maria estão vivas dentro de você? Quem ficaria com o hóspede? Não seria um desrespeito deixá-lo sozinho? Maria não chamou Marta, pois quem faria o trabalho? Egoísmo de Marta? Preguiça de Maria? Jesus valoriza a escolha de Maria e achou exagerada a escolha de Marta. Isto Diretrizes 896 | Maio de 2016 31 17º DOMINGO DO TEMPO COMUM 24/7/2016 Dia 25: 2Cor 4,7-15; Mt 20,20-28 Dia 26: Eclo 44,1.10-15; Mt 13,16-17 Dia 27: Jr 15,10.16-21; Mt 13,44-46 Dia 28: Jr 18,1-6; Mt 13,47-53 Dia 29: 1Jo 4,7-16; Jo 11,19-27 ou Lc 10,38-42 Dia 30: Jr 26,11-16.24; Mt 14,1-12 1ª LEITURA – Gn 18,20-32 Abraão, modelo de fé, acolhimento e disponibilidade, é apresentado aqui como modelo de oração que brota de um relacionamento íntimo com Deus, relacionamento aberto, confiante, e ao mesmo tempo franco, sincero como também profundamente humilde. Abraão reconhece a grandeza do ser de Deus, o tamanho do seu coração justo e misericordioso, como também, da sua parte, reconhece a pequenez do seu ser; ele tem consciência de que é pó e cinza (v. 27). O assunto desse impressionante diálogo é Sodoma e Gomorra. O v. 20 insinua que o pecado deles é a injustiça. Em 19,5 percebemos que a injustiça, no campo social, destrói e perverte o relacionamento entre as pessoas, conduzindo-as às aberrações de todos os tipos. A primeira preocupação de Abraão e sua descoberta Deus está disposto a destruir as cidades de Sodoma e Gomorra. Abraão intercede questionando a justiça de Deus. Deus vai destruir o justo juntamente com o injusto? A primeira descoberta é que Deus não vai destruir o justo com o injusto e mais ainda que Deus é capaz de salvar a cidade toda por causa de alguns justos. 32 Diretrizes 896 | Maio de 2016 A segunda preocupação de Abraão Quantos justos são necessários para salvar a cidade inteira? E aqui percebemos a beleza do diálogo, onde se entrelaçam intimamente, ousadia, atrevimento, delicadeza e humildade. Ousadamente, mas com uma delicadeza e respeito profundos Abraão conseguiria obter de Deus a salvação da cidade através de apenas 10 justos. Abraão na sua oração de intercessão conseguiu do coração misericordioso de Deus abaixar o número de 50 para 10. Mas por que parou? A misericórdia de Deus é infinita Abraão quis descobrir o tamanho da misericórdia de Deus. Ele caminhou certo, mas pôs limites à misericórdia do Onipotente. Ele descobriu segredos importantes no mistério do amor divino; de fato Deus não destrói o justo com o injusto, pelo contrário, ele valoriza a intercessão do justo. Depois, pelos profetas e pelo Novo Testamento ficamos sabendo que Deus não quer a morte do pecador, mas que ele viva (Ez 33,22). Abraão descobriu alguns segredos da misericórdia, mas ele não sabia que Deus andava procurando por um único justo para justificar a salvação da cidade dos homens. Isto os profetas vão intuir (cf. Jr 5,1; Ez 22,30). Mas só um homem vai conseguir reunir a justiça e agradar o coração misericordioso de Deus. E este homem é seu Filho Jesus Cristo (Jo 3,16-17). Através desse único justo Deus salva a humanidade inteira. 2ª LEITURA – Cl 2,12-14 Lembramos mais uma vez o pano de fundo da carta. Do lado de fora muita influência de vãs filosofias pagãs atribuindo a forças intermediárias o mesmo valor de Jesus Cristo como se Jesus fosse um entre tantos mediadores entre Deus e os homens. Do lado de dentro a imposição da Lei por parte dos cristãos judaizantes como se a Lei tivesse poder salvífico. No fundo os colossenses estavam começando a confundir tudo, estavam querendo, como os pagãos, acalmar a divindade, através de rituais e submissões a detalhes de leis e prescrições. A porta para a submissão aos detalhes da Lei era a circuncisão. Por outro lado, a porta de entrada para a religião da liberdade é o batismo. A religião é fundamentada não na Lei, mas na graça, no amor de Cristo. O batismo cristão é morte para o pecado e ressurreição para uma vida nova. Nós estamos mortos pelo pecado, mas Deus nos concedeu a vida juntamente com Cristo. O que Cristo fez por nós? O texto de hoje quer mostrar exatamente isso. Jesus fez o que a Lei não tinha capacidade de fazer. A Lei apenas apontava transgressões. Jesus, ao contrário, perdoou as nossas faltas. Contra nós havia um título de dívida. Jesus anulou esta dívida, ele pregou este título na cruz, fazendo-o desaparecer. Tudo que devíamos a Deus foi pago por Jesus Cristo e a Lei que nos fazia endividar perdeu o sentido. Vivemos agora não uma religião de méritos, mas a gratuidade do amor de Deus em Cristo. Entramos nessa novidade de vida através do batismo. EVANGELHO – Lc 11,1-13 Estamos sem dúvida diante de uma catequese sobre a oração. Lucas quer ensinar a oração ao povo convertido do paganismo que não estava habituado a rezar ao Pai misericordioso. Ele usa os ensinamentos de Jesus de um modo adequado à sua comunidade, por isso sua catequese sobre a oração é diferente da de Mateus. Jesus não pretende nos ensinar uma oração, mas sobretudo um novo modo de rezar. Os mestres daquele tempo (como João Batista) ensinavam seus discípulos uma oração como síntese dos seus ensinamentos. Jesus vai na mesma linha e mostra como síntese da vida cristã um relacionamento novo com o Pai e com os irmãos. Primeiro, Jesus mostra o relacionamento com o Pai: “Pai santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino.” O nome expressa a identidade da pessoa. Deus é para nós um Deus de amor, um Deus que é Pai, mais ainda, um Deus que é papai, paizinho, Pai querido. Jesus nos mostra um Deus íntimo de nós. Ele é santo e quer ser o Pai de uma família unida, fraterna e solidária. É neste Reino que Deus quer reinar. Em seguida, Jesus mostra como deve ser o relacionamento entre os filhos. “Dá-nos a cada dia o pão de amanhã”. Este pão de amanhã é aquele dom de Deus que preenche a vida do homem em todos os sentidos. A cada dia, quer salientar que os bens da criação pertencem a todos. Devemos ter confiança que este pão não vai faltar na mesa de ninguém, se soubermos partilhar a vida abundante que Deus deu para todos. O perdão que Deus nos dá está condicionado, de um modo muito claro, ao perdão que damos aos outros. O último pedido: “Não nos deixeis cair em tentação”. É muito mais sério do que parece. No fundo, significa: não nos deixeis perder a fé. Essa é a grande e perigosa tentação para a comunidade cristã, que vive num mundo pagão e estruturalmente injusto, mais voltado para os ídolos e caricaturas de Deus do que para o verdadeiro Deus. Os vv. 5-13 querem fundamentar a confiança na oração. A confiança deve ser total. A gente deve rezar com a certeza de ser atendido e insistir sem achar que está amolando. Nem um amigo entre nós nega o que pedimos. Ainda temos uma novidade, o Pai do céu nos dá muito mais do que pedimos, ele nos dá o dom total, o Espírito Santo. 18º DOMINGO DO TEMPO COMUM - 31/7/2016 Dia 1º/8: Jr 28,1-17; Mt 14,13-21 Dia 2: Jr 30,1-2.12-15.18-22; Mt 14,22-36 Dia 3: Jr 31,1-7; Mt 15,21-38 Dia 4: Jr 31,31-34; Mt 16,13-23 Dia 5: Na 2,1.3;3,1-3.6.7; Mt 16,24-28 Dia 6: Dn 7,9-10.13-14; Lc 9,28b-36 1ª LEITURA – Ecl 1,2;2,21-23 1,2 - Tudo é vaidade “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”. Esta frase já é conhecida e parece estranha, pessimista. Na verdade o livro do Eclesiastes ou Qohélet caminha nesta linha aparentemente pessimista. Estudando, porém o con- texto histórico da Palestina do séc. III, tempo do autor, a gente vai entendendo melhor. Na verdade, a Palestina vivia dominada e explorada pelo império grego e o Diretrizes 896 | Maio de 2016 33 povo era obrigado a pagar pesados impostos. Quer dizer, o povo usufruía pouco do fruto do seu trabalho. O autor faz uma análise crítica e realista desta situação opressora que parece destruir o futuro do povo. A vida do povo, na realidade, estava insuportável, por isso o autor acha que tudo é “vaidade”. Aliás, esta palavra “vaidade” não traduz tudo o que o termo hebraico “hebel” pode significar. Significa vaidade, fugacidade, ilusão, mais precisamente, sopro, hálito, fumaça. Quando ele diz que tudo é “hebel” ele quer dizer que tudo é como uma bolha de sabão. É bonita, reluzente, mas não dura nada, não serve para nada. Assim é a vida do povo, quando é explorado na sua força de trabalho. O v. 1 diz que tudo é vaidade (“hebel”). O v. 2 questiona a validade e o benefício do trabalho humano. Estes dois versículos iniciais sintetizam todo o livro. E se o povo vive trabalhando e não pode usufruir do fruto do seu trabalho, que valor, que consistência, que proveito tem seu trabalho? A única conclusão é que tudo é frágil, tudo é passageiro como uma bolha de sabão. 2,21-23 – Um trabalho decepcionante A palavra “hebel” que comparamos com uma bolha de sabão aparece 37 vezes neste livro. Só no nosso texto de hoje aparece cinco vezes. Revela a decepção do autor diante de um trabalho humano que não é valorizado, mas explorado pelo sistema. “Há quem pense que o muito trabalho poderá assegurar felicidade e realização. Porém, de que vale fatigar-se para acumular coisas que a própria pessoa não conseguirá desfrutar?” (v. 21). O autor acha que isso é “hebel” e, até mesmo, um grande mal, pois no fim é outro que vai curtir o fruto do seu trabalho através da exploração, opressão e roubo. Na verdade um trabalhador que 34 Diretrizes 896 | Maio de 2016 se vê assim explorado vai perder o gosto pelo trabalho, sentir seus dias dolorosos, sua tarefa penosa e perder o sono da noite (vv. 22-23). Por isso o autor acha que tudo é “hebel”. Mas, diante desta análise realista de uma vida explorada, o autor nos deixa uma mensagem: a felicidade neste mundo é poder usufruir plenamente dos frutos do trabalho, pois esse é o dom que Deus dá para todos (cf. vv. 24ss). O Novo Testamento dá um passo em frente não colocando a felicidade do homem neste mundo. Convida-nos à partilha e a sermos ricos para Deus (cf. Evangelho). 2ª LEITURA – Cl 3,1-5.9-11 O autor da carta aos Colossenses procura combater doutrinas estranhas que apareceram na comunidade. Assim ele desenvolve uma parte doutrinal (1,15-3,11) e faz umas exortações morais (3,124,18). O forte da doutrina, além do hino cristológico em 1,15-20, está no capítulo segundo, nos versículos 2-3 e 9-12 e também nos primeiros versículos do texto de hoje (Cl 3,1-4). O nosso texto conclui a parte doutrinal e já vai antecipando a parte exortativa. 3,1-4 – Conclusão da parte doutrinal O autor considera o cristão como um homem já ressuscitado. Todo aquele que foi batizado recebe a ressurreição de Cristo, que consiste em ser sepultado com ele no batismo e em ressuscitar com ele pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou da morte (cf. 2,12). Assim pelo batismo já fomos ressuscitados com Cristo. E Cristo ressuscitado está onde? No céu, “sentado à direita de Deus” (cf. Sl 110,1 (109)). O cristão é aquele que já morreu (v. 3) para os elementos do mundo (cf. 2,20). Então, neste mundo, ele deve aspirar, desejar e procurar as coisas do alto, não as da terra (v. 1). As coisas do alto são todas as coisas que se relacionam com Cristo e seu evangelho. As coisas da terra são os pecados e os vícios. Cristo é a cabeça da Igreja, que é seu corpo. Enquanto o corpo de Cristo, os cristãos ainda lutam neste mundo pela justiça, pela paz, contra os vícios, contra o pecado; a cabeça (o Cristo) já está no céu. Assim a vida do cristão está escondida em Cristo com Deus (v. 3). Quando é que a vida do cristão vai aparecer? A vida do cristão é Cristo. É só quando Cristo se manifestar na parusia que a vida do cristão vai aparecer junto com Cristo na glória (v. 4). Nós somos, na terra, como a semente, já temos tudo, mas só nos será revelada toda a beleza da novidade cristã, com toda a riqueza da ressurreição e da glória, quando do encontro com Cristo, quando Cristo se manifestar totalmente em nós e no mundo. 3,5.9-11 – Antecipação das exortações morais Diante de tudo o que foi dito o autor começa a tirar as conclusões para a prática da vida cristã. O cristão é um homem novo, enquanto ele vive com Cristo, ou deixa Cristo viver nele: “já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Quando fomos batizados, morreu em nós o homem velho com seus membros terrenos. Membros terrenos são os vícios e tudo o que pertence à terra: fornicação, impureza, paixão, concupiscência e avareza, que é uma espécie de idolatria (v. 5). O v. 8 continua a enumeração dos vícios, que o homem novo deve abandonar: ira, raiva, maldade, maledicência e palavras obscenas. O v. 9 salienta a mentira. Os vv. 9 e 10 apresentam o contraste entre o que éramos: homem velho, a velha humanidade corrompida pelos vícios e pecados, e o que a- gora somos: homens novos, a nova humanidade, como que saída de novo das mãos de Deus “criada a sua imagem e semelhança”. O batismo é isso: uma nova criação; um novo nascimento. É por isso que no v. 11 não se admitem distinções antigas de raça, religião, cultura ou classe social: “todos são iguais e participam igualmente da vida de Cristo” EVANGELHO – Lc 12, 13-21 Numa primeira leitura do texto de hoje percebemos uma correlação entre herança e ganância. Acredito que nem toda herança gera ganância, pois herança é um direito dos filhos, com a morte dos pais, inclusive assegura a continuidade da família. Talvez tenha razão aquele homem ao reclamar o que lhe é devido (cf. Gn 21,10; Jz 11,2). Ganância, entretanto, já é um esforço indevido ou desmedido de acumular, um desejo desenfreado de aumentar os bens, de ter em abundância. É o caso do irmão que não queria repartir a herança. Se os irmãos são desleais, desonestos e injustos a herança pode gerar ganância e mais ainda pode gerar briga e até mesmo morte. Jesus não quer ser árbitro da partilha de bens entre irmãos (v. 14). No v. 15 Jesus deixa entrever que, realmente, o pedido do v. 14: “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança”, supõe um caso de ganância, de egoísmo, de apropriação indevida dos bens do pai por parte de um irmão em detrimento do outro. De fato no v. 15 Jesus fala de ganância, de cupidez, de abundância e aproveita para exortar a uma precaução cuidadosa sobre os bens materiais, pois isso não assegura a vida do homem. Além disso, Jesus explica sua posição através de uma parábola sobre o fim inesperado de um rico ganancioso e egoísta que só pensava em acumular para si. O v. 21 vai arrematar tudo dizendo que quem ajunta tesouros para si e não é rico para Deus tem a trágica sorte desse rico ganancioso e seus bens ficam para outrem. O que está por trás do texto? Uma idéia do que está por trás do texto ajuda a entender a posição de Jesus. No tempo de Jesus havia duas propostas de sociedade, ou dois modelos econômicos. O do campo e o da cidade. O do campo se fundamentava na partilha, através da solidariedade, da troca de produtos, etc. Isso impedia que os endividados caíssem na desgraça e que tivessem que emigrar para a cidade, tornando-se mendigos ou bandidos. O modelo econômico da cidade, ao contrário, é fundamentado na ganância, no acúmulo, na lei do mais forte. Isso, naturalmente, é fonte de exclusão e marginalidade. Isso gera mendicância, violência, roubo, etc. Sem dúvida, o texto de hoje reflete uma situação do modelo econômico da cidade e não do campo, reflete a ganância e a exploração, não a partilha. Jesus toma posição em favor da partilha, não da cobiça, mas sem se colocar como árbitro entre os contundentes. A posição de Jesus A posição de Jesus está clara na sua exortação (v. 15) e na parábola que contou (vv. 1621). Jesus é contra qualquer cobiça, pois a cobiça não garante a vida de ninguém. A parábola é um monólogo de um homem rico, ganancioso e egoísta, cujo ideal de vida é apenas comer, beber e desfrutar (v. 19; cf. Ecl 2,24; 3,13; 8,15). Este homem não pensa nos seus empregados, não pensa nos pobres; é profundamente ganancioso e egoísta, chamando-o de insensato, e afirmando sua morte naquela mesma noite. Isso signifi- ca que acumular bens não garante a vida. O importante é ser rico para Deus, através da justiça, da partilha e solidariedade para com o próximo, pois “quem se compadece do pobre empresta a Deus” (Pr 19,17; Eclo 29,8-13). Eclo 29,12 diz expressamente: “Dê esmola daquilo que você tem nos celeiros, e ela o livrará de qualquer desgraça”. [ O importante é ser rico para Deus, através da justiça, da partilha e solidariedade para com o próximo, pois “quem se compadece do pobre empresta a Deus” ] Diretrizes 896 | Maio de 2016 35 CALENDÁRIOS - Maio de 2016 [ Calendário do Presbitério ] [ Datas ] 01: Aniv. nat. Pe. José Geraldo de Gouvêa (1969): Diretor de Estudos, Diretor espiritual da filosofia e Professor no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário e vigário paroquial de São Judas Tadeu (Limoeiro), Caratinga; e aniv. fal. Pe. José Marti, CMF (1951): Carangola. 02: Aniv. fal. Pe. David Sarto, SSS (1993): Santuário da Adoração. 03: Aniv. ord. Pe. Geraldo Luís Boletini (1998). 05: Aniv. ord. Pe. Ademilson Tadeu Quirino (2002): atualmente fazendo mestrado de Liturgia, em São Paulo. E aniv. nat. Frei Francinaldo Lustosa Magalhães, OCD (1982), Pároco do Carmo; e de Pe. Armindo Magalhães Duque SSS (1940). 06: Aniv. fal. Pe. José Geraldo das Mercês (1985): Caratinga. 08: Aniv. nat. Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN (1967), Superior Geral da Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora, Manhumirim; e de Frei Edinaldo da Silva OCD (1976); e aniv. fal. Pe. José Batista de Lima, SDN (1994): Manhumirim. 09: Aniv. nat. Pe. Vitório Felice Baggi, SSS (1940); e aniv. fal. Mons. João Rodrigues de Oliveira (1951): 6º pároco da Catedral. 12: Aniv. nat. Pe. Adair José de Freitas (1976): pároco de Vilanova. 13: Aniv. ord. Pe. José Estevam de Paiva SDN (1973). 14: Aniv. nat. Pe. José Raimundo da Costa SDN (1958), Bom Despacho, MG. 17: Aniv. nat. Frei Odair Madeiro, OCD (1982); e de Ir. Denílson Mariano da Silva, SDN (1968): Redator de O Lutador, BH; e aniv. fal. Pe. Joaquim Coelho (1960): Catedral. 20: Aniv. fal. Frei Inácio de Verona, OCD (1961): Carmo. 21: Aniv. fal. Pe. Gustavo Botti (1906): Imbé de Minas. 22: Aniv. fal. Pe. Maximiano João da Cruz (1905): 1º Pároco de São João Batista (Catedral), Caratinga; e de Pe. Francisco Chaves de Carvalho (1983): Sacramento. 25: Aniv. ord. Pe. Elias Garcia de Moraes (2014), pároco de Vermelho Novo; e aniv. nat. Pe. Carlos Roberto Altoé SDN (1960). 27: Aniv. nat. Pe. Luiz Paulo Fagundes, SDN (1968), Manhumirim. 28: Aniv. nat. Pe. Sebastião Braz da Silveira SDN (1936), Belo Horizonte. 29: Aniv. nat. Pe. Ely da Terra Cristo (1975), pároco de Santa Bárbara do Leste; aniv. fal. Côn. Carlos Greiner (1981): Imbé de Minas; e de Pe. João Geraldo Rodrigues (1989): Iapu. 30: Aniv. nat. Pe. José Carlos Timóteo (1971). 31: Aniv. fal. Pe. Cândido Alves Pinto de Cerqueira (1892): Carangola. 01: Dia Mundial do Trabalho 02: Dia Nacional do Ex-combatente; Dia do Taquígrafo 03: Dia do Sertanejo 05: Dia da Comunidade; Dia Nacional do Expedicionário; Dia do Pintor 06: Dia do Cartógrafo 07: Dia do Oftalmologista; Dia do Silêncio 08: Dia da Vitória; Dia do Artista Plástico; Dia Internacional da Cruz Vermelha 10: Dia do Campo 11: Dia da Integração do Telégrafo no Brasil 12: Dia Mundial do Enfermeiro 13: Dia da Abolição da Escravatura; Dia da Fraternidade Brasileira; Dia do Automóvel 15: Dia do Assistente Social; Dia do Gerente Bancário 16: Dia do Gari 17: Dia Internacional da Comunicação e das Telecomunicações 18: Dia dos Vidreiros; Dia Internacional dos Museus 19: Dia dos Acadêmicos de Direito 20: Dia do Comissário de Menores 21: Dia da Língua Nacional 22: Dia do Apicultor 23: Dia da Juventude Constitucionalista 24: Dia da Infantaria; Dia do Café; Dia do Datilografo; Dia do Detento; Dia do Telegrafista; Dia do Vestibulando 25: Dia da Indústria; Dia do Massagista; Dia do Trabalhador Rural 29: Dia do Estatístico; Dia do Geógrafo 30: Dia do Geólogo; Dia das Bandeiras 31: Dia do Comissário de Bordo; Dia Mundial das Comunicações Sociais 36 Diretrizes 896 | Maio de 2016 [ CALENDÁRIO PASTORAL ] 01: Aniversário da criação das paróquias: Senhor Bom Jesus, Caratinga (1994); São Domingos de Gusmão, Ubaporanga (1961). 06-14: Novena do Espírito Santo. 08: Ascensão do Senhor. – Dia das Mães. Dia Mundial das Comunicações Sociais 15: Pentecostes. 16: Aniversário de criação da paróquia São Francisco de Assis, São Francisco do Glória (1855). 18: Encontro do Clero, em Manhuaçu. 18: Aniversário da criação das paróquias: Nossa Senhora da Conceição, Vermelho Novo (1888); Coração Eucarístico de Jesus (Santuário), Caratinga (1961). 21: Aniversário da criação da paróquia Nossa Senhora da Conceição, Tombos (1852). 26: Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. 31: Aniversário da criação da paróquia Jesus, Bom Pastor; Manhuaçu (1992). 20-22: No MOBON, curso Pré Boa Nova. Não deixe sua ideia entrar em extinção. Durante séculos, o leopardo das neves, originário da Ásia Central, tem sido alvo de mistério e folclore. Por exemplo, as pessoas dos vilarejos da Ásia Central acreditam que os leopardos das neves não comem a carne das suas presas, alimentando-se apenas do seu sangue (esta crendice é explicada pelos pequenos orifícios deixados pelos caninos dos leopardos, quando eles sufocam suas vítimas e pelos exemplos do abandono da presa antes da alimentação, quando os animais são molestados pelos nativos). Os leopardos das neves estão distribuídos esparsamente e descontinuamente pelas montanhas da Ásia Central (conhecida como “O telhado do Mundo”), com uma população de tamanho desconhecido. Habitam zonas alpinas e sub-alpinas, são encontrados em áreas acima de 3000m do nível do mar. Durante o verão, podem ser encontrados em altitudes superiores a 5000m. Geralmente estão associados com ambientes áridos e semi-áridos. Pça. Cesário Alvim, 132 Centro - Caratinga / MG Tel: (33)3321-9558 E-mail: [email protected] Diretrizes 896 | Maio de 2016 37