- Bons Negócios

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- Bons Negócios
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PROGRAMA AVANÇADO DE
GESTÃO PARA EXECUTIVOS
67ª
EDIÇÃO
CERTAMENTE O MAIS PRESTIGIADO E PROCURADO
PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE EXECUTIVOS EM PORTUGAL
INÍCIO: 13 DE MAIO DE 2016
DURAÇÃO: 195 HORAS
“Os conhecimentos adquiridos ajudaram a formar uma
visão mais abrangente dos desafios que se colocam hoje
na gestão e despertou-me o interesse em aprofundar
e explorar novas matérias.”
INFORMAÇÕES E CANDIDATURAS:
www.clsbe.lisboa.ucp.pt/executivos/page
Patrícia Rodrigues
Jorge Alcobia
Tel.: 217 214 220 | 217 227 801
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Católica Lisbon School of Business & Economics is ranked among the Best
Business Schools in Europe. Consistently ranked the number one Business
School in Portugal. Triple Crown Accredited.
2 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
SUMÁRIO
& EDITORIAL
4 BREVES
12 EXPERIÊNCIA
2 8 N OVO S N E G Ó C I O S
NOTÍCIA S, CURIOSIDADE S, SUGE STÕE S
C Â M A R A M U N I C I PA L D A A M A D O R A
MOÇO DE REC ADOS
Cidades ver ticais, cidades inovadoras,
c i d a d e s p a r a c o l o r i r. L e i a a l g u m a s n o t í c i a s
e suges tões sobre o futuro e o presente
das cidades
Amad ora c r iou uma n ova ide n tida de n o
final d e 2 01 4. U ma muda n ç a que tin ha c omo
ob je tivo pa s s a r uma ima ge m ma is mode r n a ,
mais simpá tic a e ma is p os itiva da c ida de , n a
op inião d a p re s ide n te da Câ ma ra M un ic ip a l
d a Amad ora , Ca r la Tava re s
Luí s Ca mp os c r iou um s e r v iç o d e re c a d o s
p a ra a juda r a s p e s s oa s que e s t ã o a t ra b a lh a r
e n e m s e mp re tê m te mp o p a ra a lg u m a s
“ta re fa s ” diá r ia s
7 O P I N I ÃO
ANTÓNIO C ABELEIR A
16 BASTIDORES
O presidente da Câmara Municipal de
Chaves explica como surgiu a eurocidade
C h a v e s - Ve r í n e a s v a n t a g e n s d e s t a i d e i a
para os cidadãos
ARTICA
O s “e nge n he iros - a r tis ta s ” da A r tic a c r ia ra m
um map a in te ra tivo da c ida de de A l ma da
q ue d á a c on he c e r a s r ua s e mble má tic a s ,
os e d ifício s his tór ic os , os mome n tos ma is
marcantes e a s p e r s on a l ida de s da te r ra
8 MEET THE LEADER
DIGIT
O diretor-geral da Digit adora o Carnaval. Há 30
anos que participa na festa do maior Carnaval
do País, segundo o próprio – o de Torres Vedras
10 ANÁLISE
M I G U E L G O N Ç A LV E S
O fundador da Spark Agency defende que uma
qualquer cidade não precisa de ser Silicon Valley
para conseguir criar valor
Diretor Marco Souta
Subdiretor Marco Souta
Editora Mar ta de Sousa
Fotografia Marko Rosalline e Ricardo Sequeira
Design Deadinbeirute, Lda
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Periodicidade Trimestral
Distribuição Por correio personalizada
Preço 3 Euros
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Nº Registo na ERC 126112
Edição Nº 20
3 0 F I LT R O
APPS
Va i v ia ja r e m n e góc ios p a ra out ra c i d a d e ?
Con he ç a s e te a p l ic a ç õe s p a ra te le m óve l q u e o
p ode m a juda r a te r uma v ia ge m m a i s t ra nq u i la
3 2 F I LT R O
GUIA S DE VIAGENS
1 8 T E M A D E C A PA
AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE
As smart c itie s n ã o s ã o a l go do futuro. Sã o
b e m re ais . E m Por tuga l exis te m dife re n te s
municíp io s c om p roje tos te c n ológic os
inovad ore s que me l hora m a v ida do c ida dã o
e m ce ntros ur ba n os . A v ida de que m v ive ,
trab al ha ou v is ita a s c ida de s . Con he ç a
al guns atore s n e s te p roc e s s o de c on s tr uç ã o
cole tiva d e um p re s e n te e futuro me l hor , que
contrib uem c om de s a fios , ide ia s e s oluç õe s
p ara torna r a s c ida de s ma is in te l ige n te s
A B on s Ne góc ios s e le c ion ou a lg u ns g u i a s
de c ida de s que n os p a re c e m qu a s e li v ro s ,
a que le s que a p e te c e gua rda r n u m a e s t a nte ,
a p ós a v ia ge m
34 OLHARES
DUS ARCHITECTS
E s túdio de a rquite tos us a imp re s s ã o 3 D pa ra
c r ia r fa c ha da de um e difí c io e m Am e s te rd ã o ,
n a H ola n da
R
ecuemos a Lisboa ou Porto em 1950. Agora observemos essas mesmas cidades
hoje. Provavelmente temos a estranha sensação de estarmos em locais diferentes.
Nas últimas décadas assistimos a uma evolução e crescimento quase exponencial
dos grandes centros urbanos. Essa evolução está intrinsecamente ligada ao papel que
desempenhamos na comunidade e intimamente relacionada com o desenvolvimento
industrial e tecnológico.
A relevância hoje dada à implementação de projetos que visam tornar as cidades cada vez
mais eficientes e autossuficientes é uma janela aberta para o futuro. Cada vez mais, surge
no topo das nossas prioridades enquanto gestores a apetência para a inovação, porque
entendemos que essa é a melhor forma de estarmos preparados, de “apanharmos o comboio
do desenvolvimento”. As cidades como organismos vivos prosperam com o sucesso das
empresas e com o empenho social das mesmas. Grandes empresas, como a Google ou
a Vodafone, dispõem já de departamentos dedicados à investigação e desenvolvimento de
tecnologias que visam a melhoria das condições de vida nas cidades. Os nossos negócios não
são diferentes, procuramos na comunidade necessidades que possam ser supridas com os
bens ou serviços que fornecemos, perseguindo com isso a melhoria das condições de vida
ou trabalho de quem os adquire ou procura. A famosa jornalista e urbanista teórica, Jane
Jacobs, escreveu em 1961: “As cidades têm a capacidade de proporcionar algo para todos…
somente e quando, são criadas por todos”. Nesse sentido, devemos ocupar o nosso lugar
na comunidade e contribuir de forma ativa para a criação de mais e melhores condições
para todos.
De forma a dar a conhecer mais sobre este importante tema, neste número da Bons Negócios
vamos abordar o que algumas empresas têm feito no desenvolvimento das cidades e qual
o seu impacto nos nossos negócios e na nossa vida.
Boas leituras e Bons Negócios,
MARCO SOUTA
SUBDIRETOR
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 3
BREVES
NOTÍCIAS, CURIOSIDADES, SUGESTÕES
PRIMEIRA CIDADE
VERTICAL?
A
ideia é ambiciosa mas o estúdio AMBS Architects acredita que
é possível. The Bride é o projeto mais recente desta equipa de
arquitetos, designers e engenheiros, e pretende ser a primeira
cidade vertical do mundo e também o arranha-céus mais alto do
mundo. De acordo com um comunicado do estúdio, a torre mais alta
do projeto terá 1152 metros e 241 andares! O projeto é composto por
quatro torres de diferentes alturas, com espaço para escritórios,
hotéis, centros comerciais, parques, jardins e até a sua própria rede
ferroviária. The Bride será construída na cidade de Basra, no Iraque,
uma localidade rica em petróleo e que está a tornar-se num dos
maiores centros de negócios do mundo. Porquê uma torre destas no
meio do deserto, pergunta o Business Insider: “simples – preservar
a terra fértil que o rodeia, de acordo com os arquitetos”.
F o n t e : w w w. s k y s c r a p e r c e n t e r . co m
Burj Khalifa, Shanghai Tower,
Shanghai
Dubai
4 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
Makkah Royal Clock
Tower, Meca
541,3 metros
601 metros
632 metros
OS EDIFÍCIOS MAIS
ALTOS DO MUNDO
828 metros
A TECNOLOGIA
AO SERVIÇO DO
CIDADÃO
One World Trade
Center, Nova Iorque
Precisa de renovar o Cartão de Cidadão mas
não tem tempo a perder nas filas de espera?
Good news! No ano passado, a Agência para a
Modernização Administrativa criou uma aplicação para smartphone – batizada de Mapa do
Cidadão – que lhe indica, em tempo real, em
que número vai a senha atual, quantas pessoas
faltam para serem atendidas e o tempo de
espera da última senha. Ou seja, poderá ter
uma ideia se vale a pena ou não deslocar-se ao
local. Se sim, e a melhor parte desta tecnologia,
a aplicação permite ainda tirar uma senha!
O Mapa do Cidadão indica não só as Lojas
do Cidadão mais próximas do utilizador, mas
também de outros serviços públicos: repartições de finanças, conservatórias, centros de
saúde, institutos de emprego, esquadras da
PSP e GNR, por exemplo. O utilizador terá acesso
à morada, horário, contactos e indicação do
trajeto até ao local do serviço que procura.
No total são mais de 5 mil serviços públicos
listados na aplicação Mapa do Cidadão.
www.mapadocidadao.pt
BREVES
NOTÍCIAS, CURIOSIDADES, SUGESTÕES
CAPITAL DA INOVAÇÃO
É CONHECIDA EM ABRIL
Qual a cidade mais ativa
do mundo? Barcelona,
segundo a aplicação
Human, que monitoriza a
atividade física dos seus
utilizadores. No passado
mês de janeiro, a cidade
espanhola ocupava o top
das cidades mais ativas
com uma atividade média
diária de 69 minutos por
utilizador.
www.human.co
Amesterdão, Berlim, Eindhoven, Glasgow, Milão, Oxford, Paris, Torino e Viena
são as cidades finalistas ao prémio Capital Europeia da Inovação 2016. Na
corrida estavam 36 cidades de 12 países que se candidataram ao prémio
da Comissão Europeia, que tem como objetivo reconhecer as cidades que
construíram o melhor “ecossistema de inovação”, conectando cidadãos,
organizações públicas, meio académico e empresas. “As candidaturas
ao prémio Capital Europeia da Inovação para este ano são realmente
inspiradoras. As conquistas de cada uma das nove cidades finalistas são
todas excecionais e vão encorajar outras a investir nos seus ecossistemas
de inovação. Estas cidades pioneiras mostram quão brilhante o futuro
poderá ser”, disse Carlos Moedas, Comissário Europeu da Investigação,
Ciência e Inovação.
A cidade vencedora é conhecida em abril e ganhará um prémio no valor
de 950 mil euros destinado a melhorar as suas atividades inovadoras.
O segundo e terceiro lugar recebem 100 mil e 50 mil euros, respetivamente,
para promover ações de networking. Na primeira edição, em 2014, Barcelona
foi a cidade vencedora do prémio Capital Europeia da Inovação.
REDE SOCIAL
SOBRE
SMART CITIES
CIDADES PARA COLORIR
O
s livros para colorir para
adultos estão na moda.
Já no ano passado foram
um sucesso de vendas em todo
o mundo. Tudo porque ajudam
a descontrair e a diminuir o
stress, dizem os seus adeptos.
A conhecida marca Moleskine já
tinha editado um livro do género,
mas agora acaba de lançar outro
totalmente dedicado às cidades.
“The Wandering City: Colouring
Book”, com ilustrações de Carlo
by Moleskine
Stanga, apresenta 50 ilustrações
em 96 páginas para colorir. “Dei o
título de Wandering City porque
sou também arquiteto. Adoro
cidades e paisagens urbanas. Adoro
o frenesi e a energia das cidades.
As minhas ilustrações tentam
transmitir como uma cidade é um
labirinto cheio de conexões entre
as pessoas e as coisas”, diz o autor.
O livro custa 18,50 euros.
A empresa brasileira iCities lançou
recentemente uma rede profissional
para pessoas interessadas pelo tema
smart cities. Uma espécie de LinkedIn,
dizem. “A iCities Group é um ambiente
seguro e exclusivo para troca de
informações e experiências entre os
profissionais do setor”, podemos ler no
website da nova rede social. O objetivo
é promover a troca de conhecimento,
partilhar projetos inovadores, divulgar
os últimos lançamentos tecnológicos,
permitir a procura de ofertas de produtos
e serviços, pesquisar por profissionais.
E gerar negócios, na cidade para a cidade.
www.icitiesgroup.com
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 5
Precisa de ajuda
com a sua força de vendas?
A FNACPRO TRATA DE TUDO!
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• O pós Venda fica por nossa conta
O P I N I ÃO
A ntónio C abeleira
D
C h aves -V er í n ,
dois pa í ses num
ú nico territó rio
esde o início
hoteleiro), aposT E X T O P O R P residente da C âmara M U N I C I PA L de C haves ,
da sua constamos na promoção
A ntónio C abeleira
t it uição, a
territorial através
Un ião Eu ropeia
de várias realizaassumiu a coesão territorial, a redução das assimetrias e o
ções e suportes, de forma a potenciar o crescimento do setor
esbatimento das fronteiras como objetivos importantes na impleturístico. A este respeito, destaca-se a utilização de um dos
mentação de ações e políticas. É também por esses motivos que,
principais recursos, a água. Chaves-Verín possuem uma das
ao longo das últimas décadas, os vários programas de cooperação
maiores concentrações de águas hidrominerais da Europa,
transfronteiriça foram configurando apoios, promovendo as
pelo que não é de estranhar que sejamos conhecidos como
relações de proximidade e a procura de soluções comuns para
a “Eurocidade da Água” ou como um destino turístico termal.
problemas e obstáculos similares com que os cidadãos e as
Dispomos de uma plataforma digital, a qual, além de promover
administrações se deparam nas áreas de fronteira.
conjuntamente os nossos recursos endógenos, permite ao setor
empresarial hoteleiro divulgar os seus estabelecimentos e serviços,
O Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Chavespossibilitando igualmente aos potenciais interessados reservar
-Verín (AECT Chaves-Verín) surgiu com esse objetivo, o de
diretamente o alojamento pretendido.
criar uma sociedade de interesses comuns que culmine numa
Este nosso destino comum demonstra como uma região que
zona franca social sem a qual a cooperação, tal como a entendemos, não produzirá os efeitos desejados. Contribuir para
integra dois países diferentes encontra nas complementario surgimento de vantagens competitivas, promover a criação de
dades uma riqueza. Criámos uma marca aglutinadora e única:
estruturas cooperantes, aproveitar as sinergias acrescentando
“Chaves-Verín”, dois países num único território.
valor, são objetivos que o AECT tentou e tenta prosseguir,
através de uma política comum em diversas áreas, de que são
Não podemos esquecer que a existência de fronteiras presidiu
à lógica da planificação e administração do território. Seria
exemplos: a cultura, o turismo e a sustentabilidade.
excessivo esperar que, por um passe mágico, se transformasse
Percorremos um caminho a partir da elaboração de uma agenda
facilmente essa lógica, mesmo em espaços limitados de fronestratégica, que conta com várias realizações. Entre elas, a criação
teira. Entendemos as dificuldades em implementar uma política
do cartão de eurocidadão (permite o acesso dos cidadãos de
própria, que responda aos desafios e às especificidades dos
Chaves-Verín a serviços municipais, gratuitamente ou a preços
territórios transfronteiriços, mas estamos conscientes que esse
reduzidos), a implementação conjunta de várias iniciativas ou
é o caminho.
atividades e uma agenda de eventos comum. Também com
Tendo em conta as atribuições e competências das duas Autaro objetivo de valorizar a fruição de parte dos nossos recursos,
quias e do AECT Chaves-Verín, o alcance das metas traçadas
construímos uma Ecovia que liga Chaves a Verín, bordejando
só poderá ser plenamente atingido por nós através da impleo Rio Tâmega, que constitui um elemento estruturante do
mentação de políticas inovadoras para as áreas transfronteinosso território.
riças por parte dos governos nacionais e da União Europeia.
Cientes que integramos uma região de baixa densidade populaO recente prémio RegioStar, que recebemos em Bruxelas pelo
cional, mas com grandes atrativos/recursos e/ou singularidades
reconhecimento do nosso trabalho, incentiva-nos a prosseguir
(riqueza e diversidade em águas mineromedicinais, termalismo,
e encoraja-nos a fazer cada vez melhor.
património histórico, sociocultural, paisagístico, gastronómico,
António
Cabeleira
Presidente da
Câmara Municipal
de Chaves
Formado em Arquitetura Paisagista pela Universidade Técnica
de Lisboa, António Cabeleira iniciou a sua carreira como Técnico
Superior da Direção Geral de Ordenamento em 1984. Mais tarde,
em 1996, assumiu a posição de chefe de divisão na Câmara
Municipal de Ribeira de Pena. Em 2002, começou a trabalhar
como vereador na Câmara Municipal de Chaves, onde é agora
presidente, desde 2013.
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 7
MEET THE LEADER
DIGIT
8 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
MEET THE LEADER
DIGIT
Paulo Gome s
O diretor-geral da Digit, concessionário da Xerox que vende e aluga soluções
da marca, adora o Carnaval. Há 30 anos que participa na festa do maior Carnaval
do país, segundo o próprio – o de Torres Vedras. Diz-nos que são tradições que
ganham cada vez mais adeptos vindos de outras localidades
J
melhores que no dia anterior”, defende. Paulo Gomes
é firme com os seus colaboradores mas só porque
acredita na sua equipa. “Gosto de lidar com pessoas.
Comecei a trabalhar como técnico de informática
mas depressa percebi que queria ser comercial, de
andar na rua a visitar clientes. Hoje, muitas vezes,
saio com os comerciais para os acompanhar nas suas
reuniões. Gosto disso. E principalmente de ver os
clientes satisfeitos. Sinto-me realizado quando um
cliente tem o equipamento a funcionar em pleno.
Quando os seus objetivos de redução de custos e de
aumento de produtividade são alcançados”, revela.
O mais importante de qualquer negócio é conseguir corresponder às expectativas de um cliente. Em
cidades pequenas, como Caldas da Rainha, ainda
mais. Porquê? “A vantagem das cidades pequenas
é que se conhece toda a gente. O que também pode
ser uma desvantagem. Se não trabalharmos bem
oga futebol de salão com uns amigos uma vez
por semana. Aos fins de semana, pela manhã, dá
umas corridas para se manter em forma. Mas o seu
“desporto” favorito é o outro: o Carnaval. Há 30 anos
que é assim. “Vou todos os anos mascarado ao maior
Carnaval do País, o de Torres Vedras. Não falho. São
tradições que ganham cada vez mais adeptos vindos
de outras localidades. Para mim, já é uma tradição”,
confessa Paulo Gomes, diretor-geral da Digit. Mas
o Carnaval são só três dias, como se costuma dizer,
e durante o resto do ano o empresário dedica-se ao
primeiro e “maior” desafio da sua vida: a Digit, a sua
empresa, com sede nas Caldas da Rainha, que vende
e aluga soluções Xerox, tais como multifuncionais,
copiadoras, impressoras e software de gestão documental e accounting. “Sinto orgulho naquilo que
consegui. O
maior desafio
“A vantagem das cidades pequenas é que se conhece
na minha vida,
até agora, foi
toda a gente. O que também pode ser uma desvantagem.
criar uma
empresa e
Se não trabalharmos bem corremos para o insucesso”
implementar
o nome da
Xerox em vários concelhos. Somos consultados
corremos para o insucesso. É como uma aldeia. És
como referência no mercado”. A conquista, adianta
reconhecido quando trabalhas bem. Mas quando
o empresário, é fruto da sua “capacidade de trabalho”,
erramos, toda a gente sabe rapidamente. Temos que
o seu ponto forte enquanto profissional. Mas, além
fazer tudo por tudo para fazer bem à primeira”.
disso, acredita que uma boa gestão de equipa é
É esse o foco do empresário, para o seu futuro, fazer
fundamental para o sucesso. “Temos de ter as
um bom trabalho desde o início. E as coisas até têm
pessoas motivadas e com formação adequada para
corrido bem. Este ano inauguraram a loja online da
um excelente desempenho. Tenho a sorte de ter um
Digit que já está a funcionar em pleno. bn
team fantástico. Sou exigente. Gosto de saber como,
porquê, tudo! Temos de tentar todos os dias sermos
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 9
ANÁLISE
M iguel G onçalves
As cidades fazem
as empresas?
Miguel Gonçalves,
fundador da
Spark Agency
10 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
P
ara existir um ecossistema de
empreendedorismo numa cidade
é necessário começar por criar uma
comunidade de suporte que lhe
proporcione uma infraestrutura
humana: estudantes, investigadores, professores, empresários e investidores, entre outros.
A criação destes ecossistemas em Portugal tem
vindo a tornar-se uma realidade crescente ao
longo dos últimos anos e é hoje indiscutível que
o trabalho iniciado, sobretudo de há 5 anos a
esta parte, em cidades como Braga, Porto ou
Lisboa começa a derivar os seus primeiros
grandes resultados. Estes ecossistemas estão
a desenhar inovação lucrativa, a criar novos
negócios e a promover a criação ativa de postos
de trabalho.
Contrariamente a algumas perceções populares, uma qualquer cidade não precisa de
ser Silicon Valley para conseguir criar valor.
Boulder, uma pequena cidade no Colorado
com pouco mais de 100 mil habitantes, pode
ser uma boa referência para nós. Mantiveram
a comunidade startup ativa, criaram condições para as empresas, atraíram investimento,
especializaram-se em tecnologias críticas e ao
longo dos últimos 20 anos tornaram-se um
sistema rico e exemplar. Segundo o US Census
Bureau, em 2011, o PIB da cidade foi de 18,9
mil milhões de dólares, parte devido à força do
ecossistema de criação de startups. Em Startup
Communities: Building an Entrepreneurial
Ecosystem in Your City, Brad Feld documenta
a estratégia, a dinâmica e a perspetiva de longo
prazo necessária à criação de comunidades de
empreendedores considerando como transferir
know how e gerar sinergias de rede entre os
diversos agentes, tendo como referência cerca
de 20 anos de trabalho nesta cidade. O autor
apresenta dados, ideias e considerações sobre
como fazer crescer estas comunidades, tanto
em amplitude como profundidade. Acima
de tudo documenta como este processo deve
integrar um conjunto alargado de agentes
e não pode, nem deve, ser entendido como um
objetivo de curto prazo onde as métricas de
análise sejam, também elas, de curto prazo.
Considerando um exemplo que muito me
orgulha, Braga é hoje uma voz viva e a representação de uma ideia inquieta, atrevida e tudo
o que um ecossistema de aceleração pode ser.
A cidade está a fazer um incrível walk the talk
e há muita gente diferente a fazer acontecer
Braga! Estudantes, investigadores, professores, empresários e investidores convivem
com frequência numa vasta tipologia de eventos
e sinto que os próximos anos vão continuar
a ser os de uma cidade inteligente que experimenta atrair smart money, construir empresas
e exportar tecnologia. Dos materiais inteligentes, às células estaminais, do software ao
machine learning, dos laboratórios de testes de
hardware às meias biométricas que guardam
dados na nuvem. Braga é a confirmação de
que um grupo de pessoas, movido e mobilizador, pode, gradualmente, transportar para
um conjunto cada vez mais alargado de pessoas
e agentes, o DNA do crescimento.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 11
EXPERIÊNCIA
CÂMARA DA AMADORA
A Câmara Municipal da Amadora
criou uma nova identidade
para a cidade no final de 2014.
Uma mudança que tinha como
objetivo passar uma imagem mais
moderna, mais simpática, mais
positiva. E, sobretudo, transmitir
uma ideia de conectividade,
profundidade e pluralidade. Três
conceitos que definem a cidade,
na opinião da presidente da
Câmara, Carla Tavares
“A NOVA marca foi um pontapé de saída
para uma mudança. É uma forma de vender
a cidade, de uma maneira mais positiva”
Por que decidiram mudar a imagem da cidade da
Amadora?
As câmaras municipais têm normalmente uma imagem
mais pesada. Utilizam muito um brasão, um símbolo mais
institucional. Com a Câmara da Amadora não era diferente.
Nós tínhamos um brasão mas também um logótipo para
cada iniciativa ou serviço interno. Eram mais de 60 logos!
Às tantas era uma confusão. Parecia que tínhamos um
conjunto de Câmaras dentro da Câmara. Começámos,
por isso, a procurar um caminho, a trabalhar numa marca
que fosse utilizada pela Câmara da Amadora no seu todo.
Procurámos criar uma nova imagem para comunicar com
o exterior, para comunicar com a cidade, com os munícipes,
uma identidade que tivesse um ar de modernidade. E de
coerência que era uma coisa que não tínhamos.
Claro que mantemos o brasão em algumas comunicações
mais institucionais. Isso é obrigatório. Com o Governo,
o Presidente da República e organismos de Estado. Mas
em tudo o que é iniciativas da Câmara, que obrigam
a uma divulgação, deixámos de ter um “comboio” vasto
12 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
de logos e identidades internas e passámos a assumir
o “A” como uma marca da nossa cidade. Mais moderna,
mais simpática, mais positiva.
Era esse o único objetivo, o que queriam comunicar
aos munícipes?
Queríamos dar um ar de modernidade à instituição
Câmara e à cidade. Como disse, o facto de termos cerca
de 60 símbolos internos diferentes também era algo que
queríamos mudar. Queríamos harmonizar. A Câmara
é uni. É única. A iniciativa pode ser do departamento A ou
B, mas não deixa de ser a Câmara que está a comunicar.
Além disso, toda a identidade assenta em conceitos que
nos parecem absolutamente relacionados com a Amadora:
conectividade, profundidade, pluralidade. São três eixos
que definem a cidade.
Quais são as principais características, as mais-valias da Amadora?
A pluralidade de pessoas é uma das grandes características.
EXPERIÊNCIA
CÂMARA DA AMADORA
Temos 41 nacionalidades diferentes, num território com
24 km2. É o concelho mais pequeno da área metropolitana
e um dos concelhos com maior densidade populacional do
País. Temos 176 mil habitantes. E esta diversidade é desde
logo a nossa riqueza, a nossa mais-valia. Amadora é uma
cidade recente, tem 36 anos. Nasceu em 1979, fruto da
separação com o concelho de Oeiras. E desde cedo foi uma
cidade hospitaleira que acolheu diversas nacionalidades.
Acredito que essa é a nossa grande diferença. Ou aquilo
que nos pode diferenciar de outros municípios urbanos.
Outra das mais-valias da cidade – e que este “A” também
representa – são as acessibilidades na área metropolitana.
Amadora é hoje “abraçada”, como costumamos dizer,
por diferentes vias que passam ao lado da cidade. Por
todas as grandes vias da área metropolitana - a CREL,
CRIL, A5, IC 19, Nacional 117. Ao mesmo tempo isso é
complementado com uma excelente rede de transportes:
a ferrovia, que acaba por dividir a cidade ao meio, e a
ligação do metropolitano na estação da Reboleira à linha
de Sintra, já a partir de março.
Amadora é também conhecida por ter um conjunto
de bairros em que as condições de habitação e sociais
nem sempre são as mais fáceis. Mas temos conseguido
ao longo da nossa história mudar esse cenário. Sempre
que há erradicação de um desses bairros, devolvemos
o espaço público à cidade. Temos feito, por isso, um enorme
investimento na criação de zonas de lazer e de estadia,
que hoje são uma referência nesta zona metropolitana.
Acredita que a mudança levou a que as pessoas
olhassem para a Amadora como uma localidade
para viver?
Acho que não. Acho que não é a mudança de imagem que
faz com que as pessoas fiquem na cidade ou venham para
a cidade. Acho que não é a marca que define essa escolha.
O que faz com que as pessoas escolham a Amadora é a
qualidade de vida que se tem ou não na cidade.
Esta mudança também foi boa para os negócios?
Amadora é uma cidade empreendedora?
Em algumas zonas da cidade já começamos a ter algum
investimento empresarial. Aliás, basta olharmos para
o eixo Nacional 117, que já é um território da Amadora,
onde estão sedeadas algumas das maiores empresas que
trabalham nas áreas tecnológicas. Falo da Siemens, da
Nokia, da Indra, de um conjunto de empresas que são
líderes e são uma referência nacional e europeia. Em alguns
casos mundial. Neste momento, no eixo Nacional 117,
estamos a formalizar a criação de um polo tecnológico
para a cidade da Amadora. Estamos ainda a trabalhar
no plano de urbanização Falagueira-Venda Nova, uma
zona que faz fronteira com Lisboa, que tem um grande
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 13
EXPERIÊNCIA
CÂMARA DA AMADORA
potencial de atração de investimento. Tudo isto faz parte
da nossa estratégia. Aliás, a criação da nova marca foi um
primeiro passo para este último projeto, que tem vindo
a desenvolver-se nos famosos terrenos da Quinta do Estado,
no sentido de atrair também para a cidade investimento
de excelência que possa dar continuidade a estas áreas
de desenvolvimento de negócio que temos na Amadora.
Então acredita que a nova marca tem contribuído
para uma mudança na cidade...
A nova marca foi um pontapé de saída para uma mudança.
É uma forma de vender a cidade, de uma maneira mais
positiva. Obviamente que não é só isto que atrai investimento, mas esta estratégia de uma marca de uma cidade
mais moderna foi o primeiro passo.
Acredita que existe uma certa competição entre
cidades? Amadora é tão perto da capital. É difícil
competir com Lisboa?
Lisboa é Lisboa, tem características muito próprias.
E acho que não temos de competir com a capital. Nem
nunca tivemos essa preocupação. Lisboa tem os seus
públicos, a sua atratividade que é muito particular. Os
outros municípios também. São realidades todas elas
diferentes. Se olharmos para Sintra, tem mais de 300
mil habitantes, mas tem um território maior que o da
Amadora. Dez ou 20 vezes maior. Tem território urbano
e território rural. Tem praia, tem costa. Por isso nem
sequer dá para competir. Oeiras é a mesma coisa. Tem
sensivelmente a mesma população, tem o dobro do nosso
território. Basta ter frente rio, frente mar, para a realidade
ser completamente diferente. Não sinto sinceramente
que exista competição. Acredito sim, que as empresas
cada vez mais procuram terrenos com preços acessíveis
e boas acessibilidades. Como se costuma dizer o tempo
é dinheiro e, por isso, quando alguém procura instalações
para uma empresa preocupa-se em escolher uma cidade
que tenha boas acessibilidades e que os seus trabalhadores
circulem entre casa e trabalho com facilidade. E também
que as suas mercadorias e os seus produtos saiam e entrem
facilmente da cidade.
Qualquer cidade tem coisas boas e coisas menos boas.
O facto de só termos 24 km2 de área pode ser excelente.
Nós fazemos presidências abertas a pé. Conseguimos
visitar um conjunto de escolas a pé. No concelho de
Sintra era impensável. E aqui isso é possível. O facto de
sermos pequenos tem constrangimentos, com certeza
que tem, é uma cidade muito povoada. Mas isso também
permite que todos os atores (organizações, empresas,
instituições) estejam próximos. É tudo já ali ao lado,
14 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
o que acaba por ser facilitador e permitir às pessoas criarem
laços muito fortes. A Junta de Freguesia, o Comando da
PSP, a Segurança Social é tudo perto. Poucos colegas
presidentes de Câmara conseguem num “abraço”,
como dizemos, agregar quase todos os organismos do
Estado. E isso acaba por ser uma grande mais-valia.
O município é por vezes visto como problemático.
Uma das últimas campanhas da Câmara Municipal da
Amadora quis acabar com esse estigma. E promover
a diferença, a diversidade de culturas. Como correu
a campanha Não Alimente o Rumor?
A campanha tinha como objetivo desmistificar e combater
preconceitos que existem relativamente a algumas comunidades. A campanha passou por um conjunto de ações
em instituições e em escolas. E para isso, contámos com
a ajuda de vários agentes “anti-rumor” que tinham como
função mudar um pouco essa perceção das pessoas.
Sabia que os melhores alunos nos quadros de valor
e excelência das nossas escolas secundárias são pessoas que
têm nacionalidade portuguesa mas que têm origem nos
PALOP? Muitas vezes gera-se à volta destas comunidades,
que têm uma forma de viver muito própria e diferente da
nossa, um conjunto de estigmas e preconceitos que depois
não correspondem à realidade.
E agora pergunta: a Amadora tem problemas? Com certeza
que sim, como tem qualquer grande cidade. Em todo
o lado há gente boa, gente que trabalha, empenhada
e muito esforçada, como há gente com mais problemas.
Mais dificuldades de inserção na sociedade. Mas isso
existe com qualquer etnia, com qualquer comunidade.
A campanha durou 8 a 12 meses, mas continuamos com
EXPERIÊNCIA
CÂMARA DA AMADORA
Quando alguém procura instalações para uma
empresa preocupa-se em escolher uma cidade que tenha boas
acessibilidades e que os seus trabalhadores circulem
entre casa e trabalho com facilidade
um conjunto de ações com o mesmo objetivo de desmistificar estas ideias pré-feitas. Com valores, com estudos da
Universidade. Porque com estudos e com números é muito
mais fácil combatermos alguns preconceitos que existem.
Os colaboradores devem ser os embaixadores de uma
empresa. Os cidadãos devem ser os embaixadores
de uma cidade?
Sem dúvida. Todos nós somos fazedores de opinião dos
sítios onde vivemos. Dizemos aos outros se gostamos de
viver numa cidade ou não, e porquê.
com a banda desenhada, para que as pessoas percebam
que a BD é uma mais-valia. Por isso, no final da CRIL,
de Odivelas para a Amadora, há um muro em betão que
foi intervencionando pela Câmara com imagens alusivas
à BD. É a entrada na cidade, a cidade da banda desenhada.
O que a Câmara Municipal da Amadora faz na cidade,
pela cidade. Pode destacar algum projeto?
Destaco o Amadora BD - Festival Internacional de Banda
Desenhada.
Que outras áreas merecem o investimento da Câmara?
Educação, formação, reabilitação urbana. Amadora
é uma cidade pequena e com zonas muito degradadas,
e a erradicação dos bairros das barracas tem sido uma
prioridade. Já tivemos uma realidade de cerca de 34
bairros degradados, com cerca de 26 mil pessoas a viver
em barracas. Neste momento falta-nos nove bairros.
A requalificação do espaço público também tem sido
uma aposta. Continuamos a fazer investimento nesta
área e na sua manutenção, porque tão importante quanto
requalificar é ter a capacidade de manter.
É um dos projetos mais conhecidos e emblemáticos
da Amadora. Realiza-se há 26 anos. É um cartão-de-visita da cidade?
É um dos nossos cartões-de-visita. Neste momento – tirando
o festival Comic Con, que é muito diferente do nosso –
não existe nenhum festival de BD no País. O Festival
Internacional de Banda Desenhada é para os amantes
desta arte uma referência. E aproveitando este sucesso,
temos feito, no último ano e meio, uma enorme aposta na
utilização das imagens de banda desenhada na reabilitação
de espaço público, como forma de trazer a BD para fora
de portas do festival. Temos imagens de BD em edifícios
privados, edifícios de habitação, em túneis da cidade. Em
bancos de jardim. O Centro de Saúde da Amadora é um
exemplo. Queremos casar, no bom sentido, os munícipes
A nova imagem foi lançada em setembro de 2014.
Qual o balanço que faz até agora?
Positivo, sem sombra de dúvida. De início tinha algum
receio. Mudar é sempre um pouco difícil. E tinha receio
que as pessoas achassem um investimento em vão. Mas foi
tudo muito tranquilo e as pessoas receberam bem a nova
imagem. Hoje as pessoas identificam o “A” como sendo
da Câmara. Hoje as pessoas revêm-se muito neste “A”.
Na entrada da Amadora temos um “A” gigante, e temos a
palavra Amadora em letras gigantes. A população reagiu
muito bem. Dizem: ‘Amadora está mais bonita. Tenho
orgulho em ser da Amadora’. Este processo teve também
um pouco o objetivo de aumentar a autoestima, de quem
cá vive e de quem cá trabalha. Que se sintam bem. Que
sintam que estão numa cidade acolhedora. Moderna. bn
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 15
BASTIDORES
A rtica
Um mapa interativo da cidade de Almada
Contar a história de uma cidade não é fácil. Há sempre muito para dizer. Mas os “engenheiros-artistas” André Almeida e Guilherme Martins conseguiram. Os fundadores da
Artica, uma empresa de computação criativa com sede no Madan Parque, foram desafiados
pela Câmara Municipal de Almada para criarem um museu diferente e apelativo que revelasse todo o passado da cidade. “A Câmara tinha imensos conteúdos sobre Almada, em
texto, vídeo e imagens, e não sabia ao certo o que fazer, como mostrar isso à comunidade.
E foram ter connosco para resolver esse ‘problema’, para criar o Centro de Interpretação
de Almada Velha (CIAV)”, adianta Guilherme Martins. O objetivo? Valorizar a memória
e a identidade de uma zona que tem tanta história que muita gente desconhece. “Almada
não é uma cidade metropolitana sem qualquer tipo de história”, defende André Almeida.
A solução encontrada, pensada em equipa com o estúdio de arquitetos RPAR, foi criar
um mapa da cidade de Almada, interativo, que permitisse às pessoas verem quais as ruas
emblemáticas, os edifícios históricos, os momentos mais marcantes, as personalidades da
terra. O mapa é projetado numa mesa gigante instalada no espaço principal do Centro
e em cada canto está um tablet que permite a sua navegação. Cada aparelho tem uma cor
diferente para que o utilizador saiba o que está a explorar. Por exemplo, quando seleciona
uma rua, essa mesma rua aparece da cor do tablet que está a utilizar. “A navegação no
mapa é feita através de tablets onde é possível conhecer a história de Almada através de
seis itinerários, desde Cacilhas até à zona do Ginjal, Cristo Rei e Almada Nova. Esse
é o ponto de partida, que depois se vai ramificando para edifícios, ruas, personalidades,
eventos históricos e religiosos”, adianta Guilherme Martins. É também possível “saltar”
estes itinerários e fazer uma pesquisa temática. Podemos pesquisar, por exemplo, por
arquitetura e arqueologia, arte pública, património, associativismo e cidadania, entre
outras áreas. A ideia aqui, e da Câmara, “é despertar o interesse das pessoas pela cidade
e que saiam do museu para explorar Almada”. E por isso, André Almeida e Guilherme
Martins, acreditam que o uso de tecnologia foi a melhor opção para tornar o museu atrativo para quem o visita, principalmente os jovens. “Ninguém vai a um museu para ler
texto infinitamente. As pessoas cansam-se. Teria de haver um elemento que desse uma
mais-valia a todos os conteúdos e, como tal, optámos por entrar aqui num universo meio
digital meio físico que captasse a atenção das pessoas”, defende Guilherme Martins.
Na sala principal do CIAV existe ainda um ecrã que passa vídeos de testemunhos de
gente da cidade e três vitrines com objetos de outros tempos, numa evocação simbólica
das atividades comerciais. E aqui, nestes elementos expositivos, também existe alguma
interação. Aliás na sala toda, como explica André Almeida. “As luzes nas vitrines, quando
nos aproximamos, acendem com uma cor diferente. As cores das luzes debaixo da mesa
também vão alterando. Uma câmara de infravermelhos, no topo de uma das paredes
da sala, deteta a presença de pessoas e automaticamente liga os tablets numa espécie de
convite à sua utilização. Todo o espaço respira cor e movimento, criando uma harmonia,
para tentar motivar o visitante a viver o ambiente e a ver os vários elementos no museu”.
O Centro de Interpretação de Almada Velha está aberto de terça-feira a sábado. Além do
mapa interativo, que pode ser visitado por qualquer pessoa de forma gratuita, o Centro
acolhe workshops, atividades de serviços educativos, ações para famílias. Um detalhe
curioso: as pessoas que vêm visitar o espaço oferecem-se para contribuir com mais informação, mais fotografias, mais um elemento ou outro que a Câmara não tenha registado.
Mais histórias da cidade. De Almada. bn
16 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
BASTIDORES
A rtica
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T E M A D E C A PA
AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE
18 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
T E M A D E C A PA
AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE
As smart cities não são algo do futuro. São bem reais. Em Portugal
existem diferentes municípios com projetos tecnológicos inovadores
que melhoram a vida do cidadão em centros urbanos. A vida de
quem vive, trabalha ou visita as cidades. Conheça alguns atores
neste processo de construção coletiva de um presente e futuro
melhor, que contribuem com desafios, ideias e soluções para tornar
as cidades mais inteligentes
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 19
T E M A D E C A PA
AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE
C
onhece a cidade de Hill Valley? Se é fã de cinema, provavelmente sim.
Se não, fique a saber que se trata da cidade futurista do filme “Regresso
ao Futuro”, idealizada por Bob Gale e Robert Zemeckis, os autores
desta trilogia de ficção científica que estreou nos anos 80. No segundo filme,
Marty McFly viaja 30 anos no tempo, de 1985 para 2015, para encontrar
tudo muito mais tecnológico. Carros voadores, skates sem rodas. Ténis que se
apertam sozinhos, roupas que se ajustam ao corpo e secam automaticamente.
Ecrãs planos, videochamadas. Robots em restaurantes! Tudo o que Michael
J. Fox viu na cidade parecia algo impensável de existir. Mas o dia em que
a personagem interpretada pelo ator chegou a Hill Valley, 21 de outubro de 2015,
aconteceu de verdade no ano passado e algumas das tecnologias previstas pelos
autores do “Regresso ao Futuro” estavam certas. Outras nem tanto. Os carros
voadores ainda não existem, mas os skates sem rodas estão mais perto de se
tornar uma realidade. A marca de automóveis Lexus apresentou no ano passado
um hoverboard que funciona através de tecnologia de levitação magnética, por
exemplo. A Nike também criou uns ténis futuristas com atacadores automáticos, que devem estar à venda já a partir desta primavera, ainda que numa
edição limitada. As chamadas de videoconferência, essas já são uma realidade.
Os robots em restaurantes idem. A roupa que seca sozinha... bem, talvez daqui
a 30 anos. Quem sabe. Tudo é possível. Uma coisa é certa: a vida das pessoas
nas cidades está mais tecnológica. As cidades estão mais tecnológicas. Mais do
que a cidade que Bob Gale e Robert Zemeckis imaginaram. E, por isso, o futuro
das cidades, que por vezes se julga estar ainda longínquo, pode passar a presente
de um momento para o outro. Wi-fi gratuito nos transportes públicos e na rua,
aplicações que permitem pagar o estacionamento ou saber o lugar mais perto
e disponível, guias da cidade para smartphone, quiosques com informações
sobre trânsito em tempo real, rede de partilha de bicicletas elétricas, são apenas
alguns projetos que já existem e transformam as cidades do mundo em centros
urbanos mais inteligentes. Mais smart.
“Smart cities são cidades inovadoras, sustentáveis, inclusivas, resilientes e conectadas. Orientadas para promover a criação de negócios e emprego, e melhorar
a qualidade de vida dos cidadãos. Utilizam a informação, o conhecimento e as
tecnologias digitais para atingir objetivos sociais, económicos e ambientais e
responder aos desafios urbanos do futuro”, aponta Catarina Selada, diretora
da Unidade de Cidades da INTELI, entidade que coordena a RENER Living
Lab – Rede Portuguesa de Cidades Inteligentes criada há mais de dois anos.
Atualmente a rede integra 46 municípios de norte a sul do País, incluindo as
cidades de Águeda, Amadora, Aveiro, Bragança, Cascais, Guimarães, Matosinhos, Porto. No total, abrange 19% do território nacional e 45% da população,
segundo informações da INTELI. As cidades mais smart não existem só nos
filmes de ficção científica. São bem reais, ainda que a sua história ainda esteja
um pouco no começo, pelo menos em Portugal. “As cidades portuguesas estão
bastante sensibilizadas para o tema da inteligência urbana, o que se pode aferir
20 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
T E M A D E C A PA
AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE
pelo número de manifestações de interesse que a INTELI tem
vindo a receber para participar na RENER. E esta ambição não se
encontra apenas nas grandes cidades, mas também em pequenos
núcleos urbanos e até em áreas rurais. Apesar de grande parte
dos municípios não apresentarem estratégias formalizadas de
smart city, existem muitas cidades portuguesas que se encontram a implementar projetos de inovação urbana – alguns de
forma pontual, outros mais integrada –, em áreas verticais como
a iluminação pública, a mobilidade sustentável ou a governação
e participação pública”, revela a responsável.
Um dos objetivos principais da RENER é a partilha de boas
práticas e experiências inovadoras, com vista à sua replicação
noutros territórios, nacional ou internacional. Assim, no website
da rede (www.rener.pt) são divulgadas diferentes soluções para as
cidades do futuro, já implementadas pelos municípios integrantes
da rede. Algumas dessas soluções foram distinguidas no ano
passado com o selo “A Smart Project for Smart Cities”, insígnia
criada pela própria INTELI que reconhece projetos associados
“Smart cities são cidades inovadoras,
sustentáveis, inclusivas, resilientes e
conectadas. Orientadas para promover a
criação de negócios e emprego, e melhorar
a qualidade de vida dos cidadãos”
Catarina Selada, diretora da Unidade de Cidades da INTELI
ao conceito de cidade inteligente em áreas como governação,
energia, ambiente, mobilidade, inovação social, entre outras.
O objetivo da iniciativa? “O selo pretende conferir notoriedade
e visibilidade aos projetos nacionais, fomentando a partilha de
boas práticas, a replicação de soluções e a valorização do conhecimento no mercado. Podem candidatar-se entidades diversas,
isoladamente ou em parceria, como municípios, empresas,
associações, universidades ou centros de I&D”, adianta Catarina
Selada. A primeira edição realizou-se em fevereiro/março de
2015 e premiou seis projetos: ‘No paper’ (Vila Nova de Gaia),
sistema de bike-sharing Agostinhas (Torres Vedras), Sistema
de Gestão Inteligente de Resíduos (Cascais), SINGELU –
Sistema de Iluminação Pública Inteligente (Águeda), Rede
de Iluminação Pública (Guimarães) e Sistema de Gestão de
Informação Ambiental (Matosinhos). As soluções a “prémio”
pertenciam apenas a municípios integrantes da RENER, no
entanto, o objetivo da INTELI é “a distinção evoluir para uma
certificação de projetos de inteligência urbana, assim como pela
internacionalização da iniciativa”.
Além do website e do selo, a RENER partilha ainda as boas
práticas em matéria de inovação urbana, com a presença dos
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 21
T E M A D E C A PA
AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE
municípios, em eventos na área das smart cities. “Em 2015,
uma delegação de presidentes de Câmara, Vereadores e outros
representantes das autarquias participaram no “Smart City Expo
World Congress”, onde tiveram oportunidade de contactar com
mais de 400 expositores e conferências”. Evento que teve lugar
em Barcelona, a cidade considerada mais inteligente de 2015,
de acordo com um ranking da Juniper Research, consultora
especialista na área de mobile e tecnologia digital. As razões?
As suas iniciativas de uso de redes inteligentes, a gestão inteligente do tráfego e a iluminação pública inteligente, ao lado
de aspetos como a capacidade tecnológica e de coesão social.
A cidade espanhola é “um modelo de sucesso a ser seguido
como exemplo”, dizem. “A dinâmica de transformação de uma
cidade em smart city é muito mais um processo do que um fim
em sim mesmo. Trata-se de um processo de construção coletiva
do futuro onde colaboram os diversos atores urbanos, desde as
políticas públicas à indústria, aos centros de conhecimento e aos
cidadãos”. Aliás, os cidadãos são a peça fundamental neste jogo.
“Uma smart city não se pode designar como tal sem o envolvimento dos cidadãos. O objetivo último das cidades inteligentes
é melhorar a qualidade de vida dos que aí vivem e trabalham.
Assim, o paradigma das smart cities advoga a participação dos
munícipes no processo de definição de políticas públicas e na
tomada de decisões sobre a vida urbana”. A diretora da Unidade
de Cidades da INTELI dá como exemplo o projeto “Desafios
Porto”, www.desafiosporto.pt, que em muito vai de encontro
com este objetivo. Organizado pela Câmara Municipal do Porto,
em parceria com o CEIIA, EDP, NOS e EY, o projeto era uma
22 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
espécie de competição que convidava “os cidadãos a proporem
desafios para o desenvolvimento da cidade em quatro áreas: saúde
e bem-estar, mobilidade e ambiente, cidade digital e energia.
E que depois, em sequência, empresas da região, convidadas pelo
município, podiam submeter soluções tecnológicas e inovadoras
que resolvessem os desafios propostos”. O resultado? A Câmara
Municipal do Porto recebeu 16 desafios dos cidadãos e mais
de 100 propostas de empresas. No final, o município elegeu
dez finalistas para as quatro áreas em concurso e as soluções
vencedoras devem ser implementadas na cidade portuense até
junho de 2016. Dois exemplos de propostas: GoGarage e pOw.
A primeira trata-se de uma solução inteligente da empresa Junta
Digital para resolver o problema de falta de estacionamento
na cidade. Através de uma plataforma web pretende-se maximizar a utilização dos espaços disponíveis nos centros urbanos,
permitindo a procura, seleção, reserva e aluguer de garagens
em espaços privados. Já a solução pOw, da empresa U-concept,
é uma solução para pagar os transportes públicos através do
smartphone tornando mais fácil a compra de bilhetes através
de uma plataforma online.
E
m Lisboa, a participação dos cidadãos também é considerada peça fundamental no processo de evolução da
cidade. Como prova uma das últimas iniciativas da Junta
de Freguesia da Estrela. No início de 2015, a autarquia lançou
a aplicação GeoEstrela que permite aos cidadãos participarem
na construção da sua comunidade. Como? Através da app,
que funciona em qualquer laptop ou smartphone, uma pessoa
T E M A D E C A PA
AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE
pode reportar em tempo real ocorrências, como buracos no passeio ou lixo na
rua por exemplo, alertando os serviços da Junta para o problema e permitindo
que estes ativem os meios necessários para o corrigir de forma mais rápida.
A ideia aqui é aproximar a Junta da população, dando-lhes um papel mais ativo
na freguesia e permitir que estes ajudem a detetar situações que prejudiquem
a sua qualidade de vida na cidade. Para comunicar uma ocorrência basta fazer
o registo na aplicação e enviar uma fotografia do que se pretende reportar.
A Junta de Freguesia da Estrela depois encarrega-se da gestão dos “pedidos”
e procede à sua resolução. No máximo em 36 horas, é esse o objetivo. Em casos
de higiene urbana a resposta ao problema será de mais ou menos seis horas.
“O recurso às novas tecnologias aumenta a rapidez de todo o processo, e reflete
a preocupação da administração autárquica na eficácia dos seus serviços e no
bem-estar dos cidadãos”, segundo a Junta de Freguesia da Estrela. Os resultados
até à data são muito satisfatórios: nos primeiros doze meses foram registadas
6252 ocorrências e a média de problemas reportados com uma resolução célere
foi de 85%. Mais: a aplicação ganhou um prémio de inovação atribuído pela IDC
Portugal em 2015. Uma curiosidade? Um cidadão, morador num dos bairros
pertencentes à Junta da Freguesia da Estrela, e um dos maiores utilizadores da
GeoEstrela, passou a colaborador em outubro de 2015.
“A tecnologia é usada
como um facilitador
para ligar e envolver os
cidadãos e os governos.
Esta deve servir para
melhorar a qualidade de
vida dos cidadãos e a sua
felicidade na cidade. O
bem-estar das pessoas
acima de tudo”
Álvaro de Oliveira, coordenador da
Rede Human Smart Cities
O empresário português Álvaro de Oliveira é um dos maiores defensores
do envolvimento do cidadão na criação de uma smart city. Não acredita
em cidades super tecnológicas, como a de Songdo na Coreia do Sul, mas
defende o bom uso de boas tecnologias. “Sou atualmente coordenador da Rede
Human Smart Cities. Acredito mais numa cidade onde o foco são as pessoas
e não a tecnologia. Nas cidades inteligentes e humanas, a tecnologia é usada como
um facilitador para ligar e envolver os cidadãos e os governos. Esta deve servir
para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e a sua felicidade na cidade.
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 23
T E M A D E C A PA
AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE
“Temos várias soluções para smart cites.
Soluções reais, não soluções do futuro.
Que resolvem problemas da realidade atual”
Mário Peres, responsável de M2M/IoT da Vodafone Portugal
O bem-estar das pessoas acima de tudo”, adianta o presidente da Alfamicro, empresa portuguesa responsável pelo
projeto MyNeighbourhood, que pretende reinventar a relação
entre os moradores dos bairros lisboetas através da tecnologia.
O projeto foi lançado em 2013 no bairro da Mouraria e em breve
será lançado no Parque das Nações. O objetivo mantém-se:
recuperar o ambiente de bairro de antigamente. “A tecnologia
aqui é o instrumento ideal. O MyNeighbourhood é uma plataforma que convida as pessoas a estabelecerem contacto num
mundo online mas com o objetivo de se encontrarem cara a cara,
para criarem uma vivência de bairro baseada na proximidade
e na entreajuda, para criarem projetos, envolvendo parceiros
e organizações, que dinamizem a atividade económica e a criação
de emprego, que contribuam para o processo de construção da
cidade”. Álvaro de Oliveira defende aqui a ideia de cocriação,
de colaboração, de experimentação. Algo idêntico à ideia de
“living lab”, metodologia já utilizada em diferentes cidades
do mundo, incluindo portuguesas, e que já conta com uma
associação com mais de 25 mil membros (www.openlivinglabs.
eu). “Os living labs são laboratórios onde se identifica quais os
problemas e necessidades dos cidadãos, empresas e governos
24 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
T E M A D E C A PA
AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE
Hoje, mais de 50% da população
mundial vive em áreas urbanas,
um nível que deverá aumentar
para 66% em 2050, segundo a
Organização das Nações Unidas.
para depois, juntos, cocriarem soluções inovadoras para esses
mesmos problemas e que contribuam para o desenvolvimento
económico e social do espaço urbano”. O empresário dá como
exemplo o Lighting Living Lab, em Águeda, que tem como
missão promover a inovação e desenvolver pesquisa em novas
tecnologias e aplicações na área da iluminação, principalmente em iluminação inteligente e iluminação eco-sustentável.
“A cidade de Águeda é pequena mas tem um dos melhores
sistemas de gestão de iluminação do mundo, que vai ser replicado
agora no Brasil. Sabia que a maior despesa de um município
é a iluminação? E com esta tecnologia a poupança chega aos
90%”, diz o presidente da Alfamicro.
O
consumo de energia é um dos maiores problemas
das cidades, à medida que estas crescem. Mas não
só. O aumento da população também. Hoje, 54% da
população mundial vive em áreas urbanas, nível que deverá
aumentar para 66% em 2050, segundo a Organização das
Nações Unidas. As alterações climáticas são outro cenário
que coloca os meios urbanos em risco. “Para além de polos de
inovação, criatividade e diversidade, as cidades são também
palcos de problemas e desafios. Os números são conhecidos: as cidades contribuem em 60-80% para o consumo
de energia e 75% das emissões de carbono, ao que acresce
a geração de fenómenos de exclusão económica, social e espacial. Mais: 25% das cidades costeiras na Europa estão em risco
devido às alterações climáticas. Por todas estas razões, importa
repensar o modelo de gestão urbana, no sentido da inovação,
sustentabilidade, inclusão e resiliência”, defende Catarina Selada
da INTELI. A boa notícia? Não faltam empreendedores e
empresas com ideias para resolver problemas urbanos e responder
aos desafios do presente e do futuro das cidades. A Vodafone
Portugal, por exemplo. A operadora de telecomunicações tem
uma série de soluções “chave-na-mão” de gestão inteligente,
que têm como base a tecnologia machine-to-machine, e que
pretendem melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. De
quem vive, trabalha, visita as cidades. “Temos várias soluções
para smart cities. Soluções reais, não soluções do futuro. Que
resolvem problemas da realidade atual. Uma delas é a smart
parking, que tem como objetivo ajudar os municípios a controlarem e a gerirem os parqueamentos da via pública. Quando
vamos estacionar o automóvel num parque de estacionamento
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 25
T E M A D E C A PA
AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE
privado, num centro comercial, por exemplo, temos à entrada
a indicação do número de lugares disponíveis. Com esta solução,
o que a Vodafone pretende é alargar esta possibilidade à via
pública, aos estacionamentos da via pública”, adianta Mário
Peres, responsável pela equipa de desenvolvimento de soluções
M2M/IoT da Vodafone Portugal. E quais as vantagens? “Além
de ajudar os municípios a gerirem o estacionamento nas ruas,
também pode melhorar o tráfego nas estradas das cidades,
evitando assim que os cidadãos andem às voltas à procura de
lugar. Está registado que uma das maiores dificuldades do
cidadão é encontrar um lugar para o carro”.
O responsável destaca ainda outras soluções da Vodafone:
a smart couting que permite contabilizar as entradas num determinado espaço, “para evitar a sobrelotação e não colocar a vida
das pessoas em perigo”; a smart lights que pretende ajudar na
monitorização da iluminação pública evitando gastos desnecessários de energia, através da “redução da intensidade luminosa
quando ainda não está totalmente escuro ou a variação da intensidade consoante a passagem de peões no local, por exemplo”;
a smart buildings que tem como objetivo ajudar a gerir de forma
eficiente os recursos elétricos dos edifícios, poupar energia
e também consciencializar os utilizadores do seu consumo; e a
smart traffic que permite identificar as avarias nos semáforos
e informar os técnicos respetivos para que possam resolver
a situação num espaço de tempo reduzido. Estas soluções são
apenas alguns exemplos, no total são oito ferramentas de gestão
para as cidades do futuro. E do presente. E estão disponíveis não
só para os municípios, mas também para empresas privadas,
garante o responsável da Vodafone Portugal. “Por exemplo, com
a solução smart buildings, podemos ajudar edifícios grandes,
26 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
de grandes empresas, a pouparem mais na fatura energética.
E também consciencializá-las para um melhor consumo”.
A participação da Vodafone Portugal na construção de uma
cidade mais smart também passa pelo apoio ao empreendedorismo urbano. A operadora, através do seu programa
Vodafone Power Lab, que funciona dentro da sua incubadora de promoção à inovação e ao empreendedorismo na
indústria das telecomunicações, organiza, em parceria com a
Câmara Municipal de Lisboa, um concurso que visa encontrar soluções tecnológicas que contribuam para melhorar
a vida dos cidadãos na cidade, tornando-a mais inteligente. “A
ideia deste concurso surgiu da junção de dois interesses, da
Vodafone Portugal e da Câmara Municipal de Lisboa. Por um
lado, a Câmara queria investir em aplicações e tecnologias que
ajudassem quem visita, quem trabalha, quem estuda e quem
vive na cidade de Lisboa. Por outro lado, a Vodafone Portugal
tinha interesse em apoiar startups, de apoiar novas iniciativas
tecnológicas para smart cities. E assim, em 2013, foi lançado
o primeiro concurso, na altura denominado Lisbon Big Apps”,
relembra Miguel Muñoz Duarte, um dos cofundadores do
concurso e dono da iMatch, empresa de consultoria colaborativa,
dedicada às áreas de inovação, marketing e vendas. “O concurso,
antes denominado Big Apps, passou depois a designar-se Big
Smart Cities para permitir que concorressem outros projetos
T E M A D E C A PA
AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE
tecnológicos, outras ideias que não dependessem só de apps”,
remata Francisco Viana, responsável do Vodafone Power Lab.
A iniciativa já vai este ano para a sua quarta edição e o balanço
é bastante positivo. “Recebemos no ano passado mais de 200
candidaturas nas diferentes categorias: smart energy, smart
tourism, smart living e smart mobility. Foi o número mais alto
de sempre. A qualidade dos projetos também é de destacar. Dos
20 finalistas, 16 conseguiram passar para o nosso programa
de aceleração, de formação que dura sete semanas, e onde as
startups têm acesso a mentoria, ajuda no lançamento das suas
ideias e protótipos”, adianta Francisco Viana.
O vencedor do terceiro concurso Big Smart Cities foi o projeto
Lisboa Horizontal, que pretende ajudar os cidadãos amantes
da bicicleta a circular na cidade sem esforço. “Trata-se de uma
aplicação de mapas que inclui a tipografia das cidades de forma
a criar rotas cicláveis, evitando assim as inclinações e os declives
nos centros urbanos. São 700 km de rotas com inclinações
inferiores a 4%, que é a percentagem que qualquer pessoa,
que não esteja preparada, consegue suportar sem se esforçar.
Na prática a aplicação consegue transformar qualquer cidade
do mundo numa cidade horizontal”, avança o responsável do
Vodafone Power Lab. Miguel Muñoz Duarte acredita que este
projeto tem um potencial enorme: “esta tecnologia com base
na tipografia pode ser bastante útil para as empresas de carros
elétricos ou redes de bicicletas elétricas, porque subir uma rua
inclinada consome muito mais energia”.
“Qualquer cidade que não entre neste percurso
de utilização de tecnologias vai certamente ter
dificuldades. A tecnologia é uma ajuda, diria
que fundamental. Não a tecnologia por si, mas
o que a tecnologia pode fazer pelo cidadão”
Mário Peres, responsável de M2M/IoT da Vodafone Portugal
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 27
T E M A D E C A PA
AS CIDADES DO FUTURO PRESENTE
Ambos, destacam ainda outro projeto vencedor do concurso, na edição
de 2014: a inviita. E do que se trata? De uma aplicação que permite
gerar de forma automática tours personalizados em qualquer cidade do
mundo, baseado no mood da pessoa. “Nós dizemos como nos sentimos
e automaticamente a aplicação produz um roteiro com atividades para
fazer na cidade. É no fundo um social and emotional tour maker”, diz
o consultor da iMatch.
Mas de que forma este tipo de aplicações tornam a cidade mais smart,
melhoram a vida dos cidadãos? “Se olharmos para o primeiro exemplo,
a Lisboa Horizontal, esta aplicação permite não só uma poupança ambiental
relativamente ao consumo de combustível, uma vez que as pessoas usam
mais as bicicletas como meio de transporte – que é um ponto importante
para as cidades –, mas permite também os próprios cidadãos ganharem
todos os benefícios que a bicicleta tem na saúde e no bem-estar”, defende
o responsável do Vodafone Power Lab.
Das 20 candidaturas apresentadas no último Big Smart Cities houve uma
que chamou a atenção da Bons Negócios, a Rewind Cities, uma aplicação
que nos faz regressar ao passado, mostrando como eram as cidades há
uns anos, através de realidade aumentada. E se esta “máquina do tempo”
mostrasse antes o futuro? Como poderia ser o futuro das cidades, revelando projetos e ideias para determinada comunidade? Bob Gale e Robert
Zemeckis, autores da trilogia “Regresso ao Futuro”, achariam interessante
com certeza. Nós também. E você? bn
O mercado global de tecnologia
para cidades inteligentes vai
crescer de cerca de 7,9 mil
milhões de euros, em 2014,
para perto de 24,9 mil milhões
de euros, em 2023, segundo as
contas da Navigant Research.
www.navigantresearch.com
Se está a pensar internacionalizar o seu negócio, saiba
quais são as três melhores cidades para o fazer, segundo
o relatório “Cities of Opportunity 2014” da consultora
PricewaterhouseCoopers. Os critérios de avaliação foram:
capital intelectual, inovação, capacidade tecnológica,
transportes, infraestruturas, sustentabilidade, economia,
capacidade de fazer negócios, custo de vida, entre outros.
Londres encontra-se em primeiro lugar pela primeira vez, ultrapassando Nova
Iorque que estava no topo no ranking anterior. A capital britânica destaca-se pela
sua capacidade tecnológica
Nova Iorque surge em segundo lugar, mas não se destaca em nenhum dos
critérios. No entanto, mostra um forte equilíbrio em todos eles
Singapura apresenta-se como a cidade com maior capacidade para fazer negócio
28 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
NOVOS NEGÓCIOS
MOÇO DE RECADOS
O serviço do Moço de Recados
custa 12,20 euros, sem IVA, por
45 minutos (serviço mínimo).
Os valores são válidos para os
concelhos de Lisboa e Oeiras.
Para recados fora destes limites,
os clientes devem pedir um
orçamento.
a tratar de outros problemas, imprevistos, tarefas da vida”, defende.
A ideia surgiu a Luís Campos quando trabalhava como freelancer
na área de publicidade e marketing. Como tinha muito tempo
disponível, muitos amigos e familiares “cravavam-lhe” favores.
“‘Olha, podes ir com o meu carro à oficina?’, era algo que pessoas
próximas de mim me pediam. Constatei que havia aqui uma oportunidade de negócio. Estávamos em 2007. Mas criar um novo
projeto implica alguma coragem e maturidade. Decidi esperar
por uma melhor altura para lançar a ideia de negócio”, relembra
o jovem de 35 anos. Esse momento chegou em 2011 quando se viu
desempregado. “Como não havia muita oferta de trabalho, nem
mesmo como freelancer, a alternativa que me sobrava era criar
a minha própria oportunidade. Não queria emigrar, queria ficar por
cá”. Trabalhou no projeto durante um tempo e avançou em 2012.
Sem medos, ao volante da sua Vespa vintage, que restaurou para
começar a fazer os recados dos seus futuros clientes.
MOÇO DE RECADOS
facilita a vida de quem
tem pouco tempo
Luís Campos criou um serviço de recados para
ajudar as pessoas que estão a trabalhar e nem
sempre têm tempo para algumas “tarefas”
diárias
N
ão tem tempo para ir ao supermercado comprar o que lhe
falta em casa? Não tem tempo de ir à lavandaria buscar a
sua roupa? Não tem tempo para ir passear o seu cão à rua?
Muitas vezes já deve ter desejado que um dia tivesse mais de 24
horas para conseguir fazer tudo isto depois do trabalho. Felizmente, já existe quem lhe possa dar uma ajuda: Luís Campos, mais
conhecido como o Moço de Recados. O empreendedor português
lançou em 2012 um serviço de recados com o objetivo de ajudar
aqueles que não têm, precisamente, tempo para tratar de diferentes “tarefas” diárias. “O meu objetivo é vender tempo. Durante
a semana as pessoas estão sempre a trabalhar e nem sempre têm
tempo para tratar de diferentes assuntos das suas vidas durante
o horário de trabalho. Quero aumentar a produtividade das pessoas
no trabalho e também no lazer. Para que na hora de almoço, por
exemplo, descansem, aproveitem o momento, ao invés de estarem
Luís Campos faz todo o tipo de recados, desde que estejam dentro
dos limites da legalidade. “Fazemos tudo aquilo que pode ser delegado a terceiros e que seja legal. A ideia é nunca deixar o cliente sem
resposta”. No website www.mocoderecados.com podemos ver que
existem várias categorias de recados, que foram aumentando com
a solicitação dos clientes. “Começámos com a categoria ‘casa’, onde
estavam incluídas as tarefas de ir às compras para o lar, pôr a roupa
na lavandaria, comprar medicamentos, tratar dos animais (passear
o cão, dar comida ao gato). A categoria ‘burocracias’ também
foi uma das primeiras: íamos à segurança social, finanças, notários, consulados. Hoje já existem 10 categorias diferentes”, aponta
o empreendedor. O responsável estabeleceu ainda parcerias com
diferentes especialistas para poder ajudar os clientes quando surge
algum imprevisto. Uma empresa de reparação de equipamentos
informáticos e de comunicações e um mestre-de-obras, são dois
exemplos. “Um cliente nosso quando tem um problema com a canalização da sua casa não perde tempo à procura, liga para o Moço de
Recados. É o que me dizem. Daí ter estabelecido estas parcerias”,
justifica. Mas Luís Campos não ficou por aqui: “também temos
parcerias com a Fábrica dos Pastéis de Belém. As encomendas à
marca são feitas pelo Moço de Recados. O mesmo acontece com
os croissants da Pastelaria O Careca e a Frutalmeidas”.
O recado mais surpreendente? “Ligaram-me a perguntar se tinha
passaporte. Queriam que fosse entregar um adereço para uma
filmagem ao Peru. Atendi o pedido, fui recolher o adereço, e atravessei o oceano. Acredito que o fizeram porque confiam no nosso
serviço. Muitos clientes dizem-me: ‘para uma entrega simples ligo
para um estafeta, para uma entrega importante ligo para o Moço
de Recados’”, revela. Para este atendimento de confiança e personalizado, o empreendedor conta com uma equipa de cinco moços
(em regime de freelancer) escolhidos a dedo. Luís Campos quer
colaboradores que tenham os mesmos valores e visões. “O nosso
sucesso também tem muito a ver com os moços que escolhemos.
São eles que dão à cara, que se apresentam aos clientes”. bn
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 29
F I LT R O
APPS
7 APPS PARA BEM VIAJAR
Vai ter uma reunião importante esta semana com um cliente. Noutra cidade. E, por
isso, há que planear e preparar bem a sua viagem para que nada falhe. A boa notícia?
A tecnologia está ao seu serviço. Existem mil e uma aplicações diferentes que o
ajudam a gerir melhor o seu dia a caminho de outra localidade. Aplicações de trânsito,
aplicações de reserva de hotéis e restaurantes, aplicações de reserva de sala de
reuniões. You name them…
WA Z E
Quantas vezes já stressou a caminho do seu emprego
porque está atrasado devido ao trânsito nas ruas? Em
viagens de trabalho, há que evitar esse stress e a perda de
tempo. A aplicação Waze poderá aqui dar-lhe uma ajuda.
A app é nada mais do que uma comunidade de condutores
que partilham informações de trânsito em tempo real
para que todos consigam obter as melhores rotas
e as mais rápidas para chegarem até ao seu destino. As
informações, apresentadas num mapa, podem ser de
engarrafamentos, acidentes na estrada, polícia na rua,
estradas cortadas, obras, por exemplo. Recentemente,
a app da Google assinou uma parceria com a Brisa para
que o mapa da Waze passe a icluir também informações
de trânsito da empresa portuguesa. A aplicação está
disponível para iOS, Android, Windows Phone. É gratuita.
www.waze.com
MAPS.ME
Mesmo que conheça uma cidade, pode não conhecer todos
os cantos da “casa”. Essa é a verdade. É impossível saber os
nomes de todas as ruas que há por aí. Uma aplicação de mapas
pode ser a solução. E uma app de mapas que funciona offline
ainda melhor, uma vez que assim não gasta dados móveis do
seu smartphone. Uma sugestão? A Maps.me, uma aplicação
que possibilita o download de mapas que permite explorar
a cidade e até fazer pesquisa por ruas. Mais: a aplicação ainda
indica o trajeto de carro, com a informação do tempo e da
distância em quilómetros. A aplicação tem mapas de mais
de 340 países. Está disponível em iOS e Android. E é gratuita.
www.maps.me
30 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
REGUS
Se não tem um local para reunir com
o seu cliente, saiba que já pode reservar
uma sala através de uma aplicação para
telemóvel. A Regus, empresa de soluções
de espaço de trabalho flexíveis, permite
alugar uma sala de reuniões por hora, meio
dia ou dia inteiro num dos seus centros
de negócios, através da app que criou
para o efeito. A aplicação, batizada com
o mesmo nome da empresa, funciona de
forma muito simples. Depois do download,
o utilizador poderá fazer uma pesquisa
pelos centros da Regus mais próximos
e reservar uma sala de reunião em poucos
passos. Poderá ainda ver fotos do espaço
e direções para chegar até ao local.
A Regus tem sete centros em Lisboa e
um no Porto. Segundo fonte da Regus em
Portugal, as reservas podem ser feitas no
própria dia. Mais: se reservar a sala através
da app pode contar com um desconto de
10% sobre o valor do aluguer.
www.regus.pt
F I LT R O
APPS
T E L PA R K
Interromper uma reunião porque tem de ir pagar
o parquímetro não parece uma boa ideia. Felizmente,
graças a uma aplicação, já não terá de passar
por isto. A Telpark é uma app que permite pagar
parquímetros e parques de estacionamento
através do telemóvel. A grande vantagem?
Não é necessário moedas, notas ou recibos de
estacionamento, bastando apenas o registo na
aplicação. Além disso, pode prolongar o tempo de
estacionamento ou interrompê-lo. Ou seja, só paga
o tempo que utiliza. A Telpark envia ainda alertas
de fim de período e avisos por falta de pagamento.
Os pagamentos podem ser feitos com cartão Visa,
Mastercard ou MBNET. Um último detalhe: se não se
lembrar onde estacionou o carro, nã se preocupe, a
app tem a opção de localizar o véiculo. A Telpark está
disponível para Android e iOS. A aplicação é gratuita.
www.telpark.com
H O T E LT O N I GH T
A reunião durou mais do que esperava e já é tarde
para voltar a casa. Se necessitar de reservar um
hotel de última hora, a melhor aplicação para isso
é a HotelTonight. A app, lançada em Portugal em
2014, permite reservar quartos de hotéis no próprio
dia e com preços reduzidos. E todo o processo é muito
simples. Depois de fazer o download da aplicação,
basta pesquisar por cidade que de imediato aparece
uma lista das ofertas disponíveis para o dia (ou dia
seguinte ou fim de semana, se preferir). Depois de
escolher o seu quarto, basta dar o seu nome, email
e efetuar o pagamento (cartão de crédito ou PayPal).
Atualmente a HotelTonight está disponível em sete
cidades portuguesas. Funciona com o sistema iOS
e Android e é gratuita.
www.hoteltonight.com
Z O M AT O
Deve ser uma das plataformas mais utilizadas por foodies,
amantes e viciados em boa comida. Por isso, acreditamos
que é uma boa ferramenta de pesquisa se quiser saber
qual o melhor restaurante para comer quando está fora
da sua cidade. A aplicação permite pesquisar restaurantes
por proximidade e tipo de comida, aceder aos menus, ver
as fotos e opiniões dos utilizadores e, mais recentemente,
fazer a reserva de uma mesa de forma gratuita e online.
A Zomato tem informações sobre restaurantes da zona
de Grande Lisboa, Porto e distrito de Setúbal. Disponibiliza
informação sobre mais de 15 mil restaurantes em Portugal!
A app está disponível para Android, iOS e Windows Phone
e o download é gratuito.
www.zomato.com
V I VAG A S
Se vai fazer a viagem de trabalho de carro, a aplicação
VivaGas poderá interessar-lhe. Trata-se de uma aplicação
que lhe indica os postos de abastecimento com
o combustível mais barato e mais próximos de si. A app
é muito fácil de usar, basta pesquisar o tipo de combustível
e escolher a opção ‘mais barato’ ou ‘mais perto’. De
imediato surge uma lista com os postos de abastecimento
e os respetivos preços de combustível, tendo em conta
a sua escolha. A pesquisa mais avançada permite
encontrar não só combustíveis mas também filtrar por
serviços adicionais, bem como por localidade. Além disso,
a VivaGas ainda lhe faz o cálculo da rota até aos postos
de abastecimento. A app é gratuita e está disponível em
iOS e Android.
www.appvivagas.com
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 31
32 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
F I LT R O
GUIAS
The best (book)
ciTy guides!
1
2
3
4
Guias há muitos. Mas tentámos escolher alguns, daqueles que apetece
guardar após a viagem. Veja a nossa seleção bn
1
THE MONOCLE TRAVEL GUIDES
2
A publicação sobre negócios,
cultura e design Monocle
é uma referência mundial.
Portugal está no top 10 dos
maiores mercados da revista
britânica. Quem “a” conhece
sabe bem que a Monocle
além da revista também
tem uma rádio, jornais, lojas
e cafés. E guias de viagens
também. Nestes livros poderá
encontrar dicas dos melhores
sítios para visitar, desde
museus, restaurantes, bares
e lojas, que possivelmente
não encontrará noutros guias
de viagens.
LUXE CITY GUIDES
Há doze anos esta marca
mudou todo o conceito
de guias de viagens.
Apresentam-se como livros
de bolso desdobráveis, em
que apresentam o que fazer
e até o que não fazer numa
cidade. Não tem mapa, nem
imagens, porque preferem ir
diretos ao assunto e apostar
no essencial: boa informação.
A mais-valia dos guias Luxe?
Existe uma aplicação para
cada destino com informação
atualizada mensalmente.
Preço cerca de 13 euros
www.monocle.com
Preço cerca de 11 euros
www.luxecityguides.com
1
2
3
4
CITIX60
A editora viction:ary
é conhecida por ter uma
“coleção” de livros com um
design gráfico singular. Por
isso, quando decidiu lançar
guias de viagens não foi
diferente. Os guias CITIx60
apostam assim numa imagem
alternativa – a começar pela
capa que se transforma
num mapa! A importância do
conteúdo não foi esquecida
e convidaram 60 pessoas
que vivem nas cidades e
que conhecem os “cantos
da casa” para partilharem
60 dicas sobre arquitetura,
espaços de arte, lojas,
mercados, restaurantes e
entretenimento.
Preço cerca de 11 euros
3 www.victionary.com
4
CRUMPLED CITY MAP é um
mapa que se amachuca.
Isso mesmo, leu bem. Estes
mapas-guias não são uma
novidade, já existem desde
2010, mas merecem aqui
um lugar de destaque pelas
suas características. Não se
dobram, amachucam-se. São
leves, feitos de um material
resistente, e são 100% à prova
de água. Inclui dicas de locais
a visitar, claro. Perfeito para
viajantes mais práticos.
Preço 12 euros
www.palomarweb.com
MARÇO 2016 BONS NEGÓCIOS | 33
OLHARES
D U S architects
Edifícios com
impressão 3D?
Sim, já é uma realidade
Estúdio de arquitetos usa impressão
3D para criar fachada de um edifício
para a presidência do Conselho da
União Europeia na Holanda
C
M
Y
cr é ditos da f oto : O ssip van D uivenbode
CM
MY
CY
CMY
K
Faz tempo que se fala em impressão
3D. A tecnologia é apontada como uma
grande tendência que poderá contribuir
para a evolução de uma sociedade. E no
início deste ano tivemos mais uma prova
desta realidade, a nível arquitetónico. O
estúdio holandês DUS architects usou
impressão 3D para criar a fachada de
um edifício da presidência do Conselho
da União Europeia, que este ano está
nas mãos da Holanda até junho.
A fachada do novo edifício, localizado
na marina de Amesterdão, apresenta
elementos impressos em 3D feitos de
bioplástico que podem ser totalmente
reciclados depois de os holandeses
passarem a presidência para outro
país. De acordo com informações
34 | BONS NEGÓCIOS MARÇO 2016
dos arquitetos, parte da fachada do
edifício foi inspirada nas velas dos
barcos históricos que antes eram
construídos na marina. E são estas
que criam as alcovas que protegem os
bancos impressos em 3D. O “padrão”
dos bancos, com elementos de relevo
de diferentes dimensões, retratam a
variedade dos países da União Europeia.
À noite, os bancos ficam iluminados.
Porquê impressão 3D numa fachada
de um edifício? “A presidência da
União Europeia pediu um edifício que
refletisse ‘o agora’. E esta fachada
mostra as infinitas possibilidades
da impressão 3D. É uma forma de
criar objetos muito detalhados,
ornamentados e originais. É, também,
uma maneira muito eficaz para projetar
edifícios ou partes de um edifício que
se encaixam perfeitamente dentro do
seu contexto envolvente. Acredito que
a impressão 3D irá coexistir com outras
técnicas de produção”, adianta fonte do
estúdio de arquitetos à Bons Negócios.
Os bancos foram produzidos numa
impressora de tamanho XXL da 3D
Print Canal House, um projeto da DUS
architects e outros parceiros, em
Amesterdão. Esta impressora gigante
permite imprimir elementos até 2 x 2 x
3,5 metros. É a primeira vez no mundo
que este tipo de impressões e desta
dimensão estão a ser “mostradas num
espaço de domínio público”, de acordo
com os arquitetos. bn
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