Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos - EPF

Transcrição

Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos - EPF
Contributo da farmácia
para a saúde dos cidadãos
Livro branco do EPF e apelo à acção
Fórum Europeu dos Farmacêuticos
Março 2015
Fórum Europeu dos Farmacêutico
Março 2015
Síntese
As farmácias desempenham
um papel fundamental na
resposta aos desafios de
saúde.
Todos os sistemas de saúde enfrentam
problemas comuns, como o
envelhecimento da população (que afecta
tanto os doentes como os profissionais), o
aumento da procura de cuidados de saúde,
com orçamentos limitados, e a adopção de
novos tratamentos e novas tecnologias.
As farmácias são o serviço de saúde de
maior acessibilidade, localizadas no seio
das comunidades que servem. É necessário
criar evidência do valor dos serviços que as
farmácias podem disponibilizar e convencer
os governos a eliminar obstáculos
legislativos e de financiamento à sua
implementação.
O Fórum Europeu dos Farmacêuticos
(EPF) identificou cinco áreas chave onde as
farmácias poderão ter um grande impacto
na melhoria da saúde da população.
Adesão à terapêutica: Através do
aconselhamento farmacêutico os doentes
poderão compreender melhor a medicação
prescrita, melhorando a adesão e, dessa
forma, obter melhores resultados clínicos.
Vacinação: A administração de vacinas
nas farmácias contribui para o aumento das
taxas de vacinação.
Identificação de doentes em risco:
As farmácias podem identificar, numa
fase precoce, os doentes de maior risco,
de modo a permitir intervenções mais
eficazes.
Indicação Terapêutica: Auxiliam os
doentes na gestão da sua própria saúde,
reduzindo a pressão exercida sobre outros
prestadores de cuidados de saúde.
Prevenção das doenças: As farmácias
prestam serviços que moldam os
comportamentos dos doentes.
De acordo com a visão do EPF, na
próxima década, as farmácias comunitárias
desempenharão um papel ainda mais
importante na prevenção, na saúde pública
e na gestão de doenças de longa duração.
Estes serviços serão desenvolvidos em
escala para que tenham um real impacto
na população, aumentando a eficácia dos
sistemas de saúde.
O uso de novas tecnologias na prestação
de cuidados de saúde é uma constante,
devendo as farmácias comunitárias
utilizá-las de modo a apoiar a prestação de
cuidados aos doentes.
No nosso “Apelo à Acção”, procuramos
trabalhar em colaboração com os sistemas
de saúde, os Governos e organismos
farmacêuticos
para que esta
visão se torne
uma realidade.
Apelamos
assim ao apoio
de todos os
parceiros na
construção
desta visão.
Marco Nocentini Mungai
Presidente, EPF
Membros EPF
Ornella Barra
Itália
2
Marco Nocentini
Mungai
Itália
Paulo Jorge Cleto
Duarte
Portugal
Nick Kaye
Reino Unido
Ad Hoevenaars
Países Baixos
Marcello Perego
Itália
Walter Taeschner
Alemanha
Solmaz Azizi Birol
Turquia
Rosa Puig
Espanha
Michel Buchmann
Suíça
Wolfgang Kempf
Alemanha
Dr João Silveira
Portugal
Marián Carretero
Espanha
Pascal Louis
França
Mike Smith
Reino Unido
Max Gächter
Suíça
Fernando Monteiro
Portugal
Philippe Gaertner
França
Rosa Navarro
Espanha
Philippe Pasdeloup
França
Dott. Carlo Ghiani
Itália
Jan Willem ten Pas
Países Baixos
Dott. Giancarlo
Visini
Itália
Noel Wicks
Reino Unido
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
Jiří Hromada
República Checa
Kirit Patel
Reino Unido
Fazer da farmácia o espaço
natural da saúde
É com todo o prazer que dou o
meu contributo para este Livro
Branco do Fórum Europeu
dos Farmacêuticos sobre a
contribuição da farmácia para
a saúde dos cidadãos.
Sou uma farmacêutica apaixonada pela
minha profissão. Acredito, convictamente,
que as farmácias independentes têm
um papel importante e crescente na
prestação de cuidados de saúde de
qualidade no seio das comunidades. Estou
convencida que este papel ultrapassa a
responsabilidade do acto farmacêutico já
consagrado.
Tenho esta convicção porque os desafios
que actualmente enfrentamos, bem
como os emergentes, quer seja devido
ao aumento das doenças crónicas,
quer ao envelhecimento da população,
implicam pressões estruturais e de custos
significativos para a saúde europeia e
para os sistemas de saúde, que já se
encontram sob fortes constrangimentos.
Isto significa, que temos de preservar
a saúde dos cidadãos e evitar as
doenças, disponibilizar serviços de maior
conveniência e acessibilidade e evitar
hospitalizações dispendiosas. Estes
deveriam ser os principais objectivos de
qualquer legislador da UE ou dos seus
Estados Membros.
A farmácia é o espaço natural para
a prestação de serviços de saúde
comunitários e, tal como é demonstrado
nos exemplos deste documento, já
está a garantir um maior acesso e
disponibilidade de serviços de saúde e
de bem-estar, extremamente valorizados
pelo público em geral pelos doentes.
Queremos que as farmácias comunitárias
sejam consideradas, pelos cidadãos,
primeiro ponto de contacto com o
sistema nacional de saúde, na obtenção
de apoio e aconselhamento, através
do apoio aos doentes na gestão da sua
própria saúde, na prevenção, na detecção
e intervenção precoce, na gestão das
doenças de longa duração e na adesão
à terapêutica. A farmácia revela-se
fulcral na garantia de cuidados de saúde
sustentáveis e acessíveis para todos.
Saúdo a elaboração deste Livro Branco e
da respectiva intenção de promover os
valores da farmácia comunitária. Conto
convosco na prossecução deste objectivo,
transformando-o numa realidade.
Ornella Barra
Executive Vice President da Walgreens
Boots Alliance, Inc. e President e Chief
Executive of Global Wholesale and International Retail
Ornella Barra, anteriormente, desempenhava as funções de Chief
Executive Wholesale and Brands da Alliance Boots. Ornella Barra tinha
sido, anteriormente, Chief Executive da Pharmaceutical Wholesale Division (desde Janeiro de 2009 até Setembro de 2013), e previamente
Wholesale & Commercial Affairs Director. Era responsável, no âmbito
das suas funções, pela supervisão da Pharmaceutical Wholesale Division, assim como pelo desenvolvimento global da International Health
& Beauty and Brands.
Ornella Barra iniciou a sua carreira como farmacêutica em Itália e é
professora honorária da Escola de Farmácia da Universidade de Nottingham, no Reino Unido.
Ornella Barra
Acredito, convictamente, que as
farmácias independentes têm um papel
importante a desempenhar na prestação
de cuidados de saúde no seio das nossas
comunidades.
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
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Actual contexto da saúde
Fórum Europeu dos Farmacêutico
Março 2015
Principais desafios enfrentados
actualmente pelos sistemas de saúde
São três as principais
dimensões que estão
no centro dos desafios
actualmente enfrentados
pelos sistemas de saúde:
as pessoas (doentes e
profissionais), os sistemas
(organização e finanças)
e os medicamentos e as
tecnologias.
As questões da saúde são complexas e
estão em constante mudança a todos os
níveis, desde os doentes individualmente,
até aos sistemas de saúde. No entanto,
estas dimensões, permitem-nos analisar
os problemas e entender como é que as
farmácias podem desempenhar um papel na
melhoria da saúde.
Pessoas
Na maioria dos países europeus ocidentais, a
idade média da população está a aumentar,
havendo cada vez mais pessoas com idades
superiores a 85 anos, o que conduz ao
aumento da procura de cuidados de saúde.
Um dos maiores desafios para qualquer
sistema de saúde é a promoção do
envelhecimento activo e saudável, o que
significa que tem de ser dada uma maior
atenção às medidas de prevenção e de
promoção da saúde. Muitas doenças de
longa duração não são decorrentes de
factores externos (infecções ou lesões),
mas, pelo contrário, consequência de um
comportamento de risco continuado, como
o tabagismo, a falta de exercício físico, uma
dieta pouco adequada e o abuso do consumo
de bebidas alcoólicas, o que provoca
doenças, tais como as doenças cardíacas, a
diabetes ou o cancro.
Muitos são os que consideram que os
efeitos do envelhecimento se devem tanto
a comportamentos sociais como a motivos
médicos. Os doentes com múltiplas doenças
de longa duração constatam que o seu
modo de vida é cada vez mais limitado, com
implicações a nível da mobilidade, da visão
ou da audição, fazendo com que tenham
de depender dos serviços sociais ou de um
número cada vez maior de cuidadores não
4
remunerados. O impacto da demência ou da
fragilidade geral dos idosos pode implicar
a mudança das suas casas para um lar de
terceira idade.
distribuição geográfica e por serem uma
importante parte da solução para redução
de algumas destas desigualdades no acesso
à saúde.
A população sofreu grandes alterações,
com uma redução do número de
contribuintes e trabalhadores activos a
suportar um número cada vez maior de
idosos que estão reformados ou que já
não estão a trabalhar a tempo inteiro. Esta
alteração, também teve, na globalidade, um
impacto na força de trabalho. Os sectores da
saúde e da assistência social começaram a
competir para conseguir recursos humanos,
num grupo cada vez mais reduzido de
profissionais disponíveis, sobretudo no
que diz respeito às profissões com uma
remuneração mais baixa, como, por exemplo,
nos lares de terceira idade.
Sistemas
As farmácias são
fundamentais
na promoção da
saúde.
Os profissionais de saúde constituem
uma parte significativa da população
activa. Aproximadamente 8% do total da
população da UE trabalha no sector da
saúde ou da assistência social.1 Alguns
profissionais, sobretudo da área da medicina
e da enfermagem, são trabalhadores que se
aproximam da idade da reforma, o que pode
originar ajustes na força de trabalho e nas
funções que é esperado desempenharem.
Os sistemas de saúde também enfrentam
grandes desafios na gestão das desigualdades
nas suas populações que estão,
frequentemente, relacionadas com outras
desigualdades económicas, como o emprego,
o rendimento e os padrões de vida. Na
maioria dos países, verificam-se correlações
regionais claras entre a saúde e a riqueza.
As farmácias são conhecidas pela sua ampla
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
Existem, na Europa Ocidental, diferentes
modelos de sistemas de saúde. Desde o
início da crise económica mundial, em
2008, que os sistemas de saúde têm
vindo a enfrentar enormes dificuldades
financeiras. As farmácias enfrentaram cortes
na sua remuneração e muitos doentes
foram forçados a pagar mais pelos seus
medicamentos.
Não obstante, a prestação de cuidados de
saúde continua a consumir uma grande parte
das despesas governamentais e, em alguns
países, estas despesas continuam a crescer.
Em toda a UE, aproximadamente 10% do
produto interno bruto destina-se à saúde.
Para os políticos e para os eleitores, o sistema
de saúde continua a ser uma prioridade
fundamental.
Os sistemas de saúde têm de enfrentar,
actualmente, um aumento das expectativas
dos utentes em relação aos serviços de
saúde. Existe uma maior procura por um
melhor acesso aos serviços de saúde, com
localizações mais convenientes e reconhecese que um maior número de serviços terá de
ser disponibilizado ao fim do dia e aos finsde-semana, para além dos normais horários
de funcionamento em dias de trabalho.
Muitos decisores políticos expressaram
a vontade de disponibilizar mais serviços
de cuidados comunitários ou primários em
vez de hospitais e clínicas, o que poderia ser
benéfico para as farmácias em toda a Europa.
No entanto, poderá ser difícil iavançar com
estes planos. Além disso, pode também ser
difícil convencer as entidades financiadores
de que estas alterações terão benefícios a
longo-prazo.
A maior parte dos sistemas de saúde são,
de facto, “sistemas de doença”, ou seja,
existem para solucionar a ausência de saúde
quando esta se manifesta. A mudança para
a promoção do envelhecimento activo e
saudável, ao longo da vida, requer um maior
esforço e financiamento para programas
no apoio ao tratamento dos doentes,
o que inclui uma maior utilização dos
testes realizados no local de prestação de
cuidados e da auto-vigilância, de forma
a garantir que os tratamentos podem
ser rapidamente ajustados e, assim, ir de
encontro às necessidades dos doentes. As
farmácias comunitárias, com a sua excelente
acessibilidade, têm a localização ideal para os
serviços de testes rápidos.
de longo-prazo de consciencialização do
público acerca da necessidade de mudança
nos comportamentos, de modo a garantir
uma vida mais saudável. As farmácias
estarão no centro da prossecução destes
programas.
Doentes e profissionais de saúde têm
um interesse cada vez maior em saber ter
e usar os seus próprios dados de saúde.
Actualmente, os doentes, estão cada vez mais
capacitados para realizar sozinhos a medição
de resultados do seu estado de saúde, sendo
expectável que os indicadores “em tempo
real” sejam mais comuns com as chamadas
tecnologias “wearable”, como, por exemplo,
os “relógios inteligentes”.
Medicamentos e tecnologias
Farmácia
Os melhores tratamentos só são efectivos
se houver, por parte dos doentes, adesão
aos mesmos de acordo com o previsto pelos
seus produtores e com a prescrição dos
profissionais de saúde. A adesão à terapêutica
desempenha um papel fundamental neste
sentido.
Cada vez mais, é pedido aos farmacêuticos
que desenvolvam e disponibilizem serviços
que incentivem e relembrem os doentes de
tomar os seus medicamentos e que garantam
que os dispositivos médicos (como, por
exemplo, os inaladores) são utilizados de
uma forma correcta. Isto deveria beneficiar
todas as partes envolvidas: os doentes, os
farmacêuticos, os prescritores, a indústria
farmacêutica e as entidades financiadoras
dos sistemas de saúde.
A natureza dos tratamentos usados na
prestação de cuidados de saúde está em
constante mudança. Apesar de ter sido dada
uma compreensível atenção ao aumento
dos custos dos medicamentos, a mesma,
não foi dada às alterações nos tratamentos,
o que significa que muitas doenças podem,
actualmente, ser tratadas nos centros de
cuidados de saúde primários ou, até mesmo,
em casa dos doentes, reduzindo os custos
para o sistema de saúde.
A indústria farmacêutica continua
próspera, sendo um dos poucos sectores
relativamente imune à crise económica
global, mantendo os níveis de emprego e
de receitas fiscais. A natureza dos produtos
farmacêuticos continua a mudar. Começam a
surgir os medicamentos personalizados e os
tratamentos geneticamente determinados.
As farmácias são afectadas por todos os
desafios referentes às pessoas, aos sistemas,
aos medicamentos e tecnologia. Têm de
enfrentar o envelhecimento da população e
o recrutamento de profissionais adequados,
disponibilizando serviços acessíveis e
sustentáveis com orçamentos limitados,
adaptando-se, ao mesmo tempo, ao impacto
dos novos medicamentos e tecnologias. As
farmácias também enfrentam os desafios
específicos do sector, destacando-se como
sendo os mais importantes: a localização da
farmácia, o desenvolvimento dos serviços e as
alterações à legislação.
Localização das farmácias: As
farmácias estiveram sempre localizadas
no seio das comunidades que servem.
O advento da internet e as alterações
introduzidas relativamente ao modo como
os medicamentos são disponibilizados faz
com que as farmácias estejam a enfrentar
um período de grandes transformações.
A farmácia precisa de manter a sua
acessibilidade como um dos seus activos
chave.
Serviços farmacêuticos: As farmácias
tentam prestar um maior número de
serviços de saúde, o que implica a recolha de
evidências de modo a demonstrar-se o valor
acrescentado da farmácia. Os farmacêuticos
têm de desenvolver as suas próprias
competências clínicas e os doentes têm de
ser educados e informados sobre estes novos
serviços.
Legislação relativa às farmácias: Cada
mercado tem a sua própria legislação,
o que pode limitar ou ampliar a gama
de serviços que podem ser oferecidos,
por exemplo, a prestações de serviços
preventivos, como as vacinas contra a
gripe. As alterações à legislação relativa
às farmácias permitirá a criação de novos
serviços em benefício dos doentes.
Cinco áreas chave para a farmácia
O Fórum Europeu de Farmacêuticos identificou cinco áreas chave na prestação de
cuidados de saúde em que as farmácias comunitárias têm um papel a desempenhar no
apoio à saúde pública:
• Adesão à terapêutica: Os doentes só beneficiarão dos tratamentos com os
medicamentos que lhes são prescritos se entenderem a razão pela qual precisam de os tomar
e a forma como os tomar. A interacção regular com os doentes pode melhorar a adesão e
conduzir a melhores resultados (p6-7).
• Vacinação: As taxas de vacinação aumentarão se for permitido aos farmacêuticos a
administração das vacinas contra a gripe. A vacinação é uma competência que pode ser
transferida e pode ser usada no apoio a outras campanhas de saúde (p8-9).
• Identificação de doentes em risco: As farmácias comunitárias são o serviço de saúde
de maior acessibilidade. A realização de campanhas de detecção nas farmácias permitirá a
identificação precoce dos doentes que podem estar em risco, o que permite o tratamento e
intervenções precoces que são mais custo-efectivas e que podem reduzir custos futuros (p10).
• Identificação Terapêutica: Desenvolver a confiança dos cidadãos para a autoadministração de cuidados e às respectivas famílias, assim como para a resolução de afecções
menores com o apoio das farmácias, ajudará a reduzir as pressões exercidas sobre outros
prestadores de cuidados de saúde, sobretudo ao nível dos cuidados de saúde primários,
hospitalares e urgências (p11).
• Prevenção de doenças: Os sistemas de saúde precisam de dar mais atenção à prevenção
das doenças, sobretudo quando são consequência de estilos de vida que não são saudáveis. As
farmácias comunitárias podem prestar serviços de saúde pública e desenvolver campanhas de
sensibilização e reduzir os impactos para a saúde (p12-13).
Existe, actualmente, uma tendência
cada vez maior para se utilizar a tecnologia
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
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Prioridade
Fórum Europeu dos Farmacêutico
Março 2015
Adesão à terapêutica
Durante os últimos anos tem
sido dada uma maior atenção
à melhoria da adesão à
terapêutica.
O termo “adesão” (também designado
nalguns países como “compliance”) descreve
em que medida os doentes tomam os
medicamentos conforme lhes foi indicado,
durante todo o período da duração do
tratamento. A adesão é o termo preferencial,
pois denota uma relação de interacção
colaboração entre os farmacêuticos e os
doentes e respeita o papel dos doentes no
seu próprio tratamento.
A melhoria da adesão à terapêutica terá um
benefício importante nos resultados obtidos
pelos doentes e ao nível dos custos para os
sistemas de saúde.
Ainda existem, no entanto, obstáculos
financeiros nalguns países europeus
no acesso aos medicamentos. Estudos
recentes demonstram que uma menor
comparticipação pode provocar uma redução
na adesão à terapêutica e a resultados de
saúde menos favoráveis.
A iliteracia em saúde também é uma
das principais causas de uma utilização
inadequada da medicação e do insucesso
do tratamento. Por exemplo, num estudo de
instruções simples de uma receita, os doentes,
em mais de 90% das vezes, só entendiam
uma instrução: “tomar um comprimido por
dia”. Mais de 43% dos doentes apresentava
falhas na compreensão de qualquer outra
instrução testada, nomeadamente: “tomar um
comprimido duas vezes ao dia” e “tomar dois
comprimidos diariamente”.2
Independentemente dos obstáculos,
os farmacêuticos são sempre uma parte
fundamental da solução. Os estudos
demonstraram a eficácia da intervenção
dos farmacêuticos na melhoria da adesão à
terapêutica.
Uma melhor
comunicação
com os doentes é
fundamental para
melhorar a adesão à
terapêutica
Os farmacêuticos podem garantir uma
melhor adesão, somente após terem
determinado que os medicamentos dos
doentes são adequados, seguros e efectivos.
Em muitos casos, os problemas de adesão
ao tratamento desaparecem quando os
farmacêuticos identificam e resolvem
os problemas da terapia medicamentosa
relacionados com a falta de segurança,
eficácia e uma indicação inadequada. Outro
elemento fundamental de um programa
bem-sucedido de adesão à terapêutica é o
reforço da comunicação entre farmacêuticos
e doentes.
O desenvolvimento de uma relação
de confiança entre o farmacêutico e o
doente leva tempo, sendo fundamental a
introdução de mecanismos para remunerar os
farmacêuticos em função do tempo dedicado
à consulta. Por isso, o ponto de partida deve
Apelo à acção
O EPF apela às entidades financiadoras e
à indústria farmacêutica para apoiarem
serviços que ajudam a melhorar a
adesão dos doentes à terapêutica. Estes
serviços, devem ter como objectivo
apoiar tanto os doentes que estão
a iniciar, pela primeira vez, um novo
medicamento, assim como aqueles que
6
estão a tomar vários medicamentos
devido a doenças de longa-duração.
A farmácia e as associações de
farmacêuticos, assim como a indústria
farmacêutica, devem desenvolver
programas que melhorem a capacidade
de comunicação dos farmacêuticos com
os doentes.
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
ser a criação de mecanismos para remunerar
os farmacêuticos pelos seus serviços. Na
Europa foram já implementados diferentes
sistemas neste sentido.
Em Inglaterra, existem dois serviços para
ajudar os doentes a compreenderem melhor
os medicamentos que lhes foram prescritos.3
Revisões da Terapêutica (MURs na
sigla inglesa): nestas avaliações é mantida
uma conversa estruturada entre o doente
e o farmacêutico (normalmente uma vez
por ano) com o objectivo de melhorar a
compreensão dos medicamentos usados. As
MURs foram implementadas em 2005. Em
2013 foram realizadas mais de 2,8 milhões de
MURs em Inglaterra. Este serviço também é
disponibilizado aos doentes no País de Gales.
Apoio na primeira dispensa (NMS
na sigla inglesa): Tal como no caso das
MURs, o NMS está a ajudar os doentes a
utilizarem, da melhor forma possível, os seus
medicamentos, neste caso, um medicamento
que lhes foi prescrito pela primeira vez. Os
doentes com asma ou com doença pulmonar
obstrutiva crónica (DPOC), diabetes tipo 2
ou hipertensão e os que estão a fazer terapia
antiplaquetária ou anti-coagulação são
elegíveis. O farmacêutico tem uma conversa
inicial com o doente e uma ou duas consultas
de seguimento (que podem ser feitas
telefonicamente) durante o mês seguinte.
Actualmente, o serviço é realizado ao nível
nacional, subsequente a uma avaliação que
demonstrou os respectivos benefícios para os
doentes.
Em acção
Informação do estudo de caso sobre a adesão
ao tratamento na Europa
Melhoria da adesão à
terapêutica (Itália).
A Região de Piemonte disponibilizou
€13m para dois projectos de prestação de
cuidados farmacêuticos, tendo em vista a
identificação precoce e o apoio a doentes
com doenças crónicas e polimedicados.4
No primeiro projecto, iniciado em
Setembro de 2014, dividido em duas fases,
foram incluídas quatro doenças crónicas:
diabetes, DPOC, insuficiência cardíaca e
dislipidemia. Foi dividido em duas fases.
A primeira fase é um estudo
observacional, recorrendo a questionários
para identificar “aqueles em risco ou que já
sofrem da doença, mas não sabem.” Numa
segunda fase, os doentes diagnosticados
serão acompanhados pela farmácia para
avaliação da adesão à terapêutica e
cumprimento das orientações médicas.
Todos os questionários válidos serão
avaliados por um epidemiologista.
No início da primeira fase do projecto
da diabetes, foram realizados, em quatro
meses, cerca de 10. 000 questionários,
abrangendo a detecção e a monitorização
da adesão à terapêutica e as linhas de
orientação. Os resultados finais ainda não
foram analisados.
O segundo projecto está a ser realizado
em colaboração com a SIMEU, a Sociedade
Italiana de Medicina de Urgência. Neste
âmbito, os doentes mais frágeis são
ajudados a detectar a não-adesão à
terapêutica, assim como a evitarem todo o
tipo de problemas e complicações. Uma vez
mais, os doentes são identificados através
de questionários e das linhas de orientação
do SIMEU. Cada farmácia participante terá
como objectivo ajudar, por ano, 20 doentes.
Será dada uma formação de seis dias aos
farmacêuticos (um dia para cada uma das
doenças em questão e uma actualização em
primeiros socorros). O projecto começou
no Outono de 2014, com o objectivo de
recrutar, para participação no primeiro ano,
até 350 farmácias. Uma vez mais, a análise
dos perfis dos doentes será realizada por um
epidemiologista.
Melhoria do uso dos
anticoagulantes (França)
Em França, existe um programa nacional de
intervenção do farmacêutico tendo em vista
a melhoria dos resultados e da segurança
dos anticoagulantes (varfarina).5 O serviço
consiste na realização, durante um ano, de
duas ou três entrevistas entre farmacêuticos
e doentes.
“padrão” (adequados para a maioria dos
doentes), “reserva” (somente para doentes
seleccionados ou caso não tenham tido
uma boa resposta à terapêutica padrão)
ou “secundários” (para serem utilizados
somente no caso de doenças muito
específicas). As classificações são obtidas
a partir das recomendações de vários
organismos de saúde.
O catálogo dos medicamentos adequados
tem sido desenvolvido para algumas
doenças (doenças cardíacas, osteoporose,
depressão e Alzheimer) e deverá ser
alargado (à diabetes e aos antibióticos)
durante o ano de 2015.
O objectivo é responder a quaisquer
perguntas que os doentes possam ter
sobre a sua terapêutica e ter a certeza
que entendem como é que devem
tomar os medicamentos e evitar os
efeitos secundários das interacções
medicamentosas. Este serviço é financiado
pelo Estado e os farmacêuticos recebem 40
euros por doente, por ano.
ARMIN gestão de
medicamentos (Alemanha)
ARMIN (“Arzneimittelinitiative SachsenThüringen”) é um novo programa de
gestão de medicamentos vocacionado
para doentes com várias doenças e estão
polimedicados.6 Está a ser desenvolvido nas
regiões da Saxónia e Turíngia, na Alemanha.
O programa ARMIN é composto por
três módulos. O primeiro diz respeito à
prescrição, pelos médicos, de genéricos de
entre uma selecção de princípios activos.
Os farmacêuticos seleccionam, então, o
produto mais adequado para o doente.
O segundo é o desenvolvimento de um
“catálogo” ou formulário dos medicamentos
adequados para diferentes doenças. Os
medicamentos são classificados como
Conclusões
• A melhoria da adesão à
terapêutica é um importante
determinante da saúde nos
países desenvolvidos.
• Uma melhor adesão beneficia
os doentes, os sistemas de
saúde, a indústria farmacêutica
e os médicos.
• Os farmacêuticos mantêm
um contacto regular com os
doentes que pode ser usado
para ajudar a melhorar a
adesão à terapêutica.
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
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Fórum Europeu dos Farmacêutico
Março 2015
Vacinação nas farmácias
A vacinação contra a gripe é
um serviço de saúde pública
fundamental que requer
uma participação maciça da
população.
A taxa de vacinação contra a gripe sazonal
na UE, para o grupo etário das pessoas
com mais de 65 anos de idade, está muito
abaixo do objectivo da UE/ OMS: 75%.7
Existe uma necessidade imperiosa de
aumentar os índices de vacinação e de
encontrar fórmulas inovadoras para ampliar
a cobertura.
A administração de vacinas nas farmácias
está disponível em sete países do mundo,
nomeadamente em três países da Europa
(Portugal, República da Irlanda e no Reino
Unido) e tem sido consistentemente um
sucesso em todos estes países.
Já foi demonstrado que a vacinação
contra a gripe tem benefícios, tanto para
os doentes como para os sistemas de
saúde, reduzindo os internamentos e as
mortes hospitalares, assim como os custos
hospitalares. A administração da vacina
contra a gripe nas farmácias aumenta a
possibilidade de escolha dos doentes, assim
como a conveniência, permitindo-lhes
serem vacinados quando e onde lhes for
mais adequado. É um serviço de grande
popularidade e com taxas de satisfação dos
utentes elevadas.
A acessibilidade é um importante factor
motivador para a vacinação, sendo que
os cidadãos atribuem um grande valor à
vacinação contra a gripe nas farmácias.
Estudos realizados no Reino Unido e na
Irlanda, revelam que entre 6,2% a 23% das
pessoas que foram vacinadas em farmácias
afirmam que não o teriam feito se a sua
administração não estivesse disponível na
farmácia.8,9
Evidência dos EUA e de Portugal revela
que a taxa de vacinação aumenta quando
os farmacêuticos são autorizados a
administrar a vacina. Em Portugal, onde a
vacinação nas farmácias só teve início na
época da gripe em 2008-09, a cobertura
global para os doentes com 65 ou mais
anos de idade aumentou 6,5%, entre 200809 e 2009-10.10
A experiência demonstra que a
administração de vacinas nas farmácias
não reduz o número de pessoas vacinadas
por outros profissionais de saúde. A
administradção de vacinas nas farmácias
aumenta a percentagem da população que
se vacina contra a gripe.
As melhores práticas de Portugal e de
outros mercados são uma boa base de
suporte para outros países que estejam
interessados em implementar um programa
de administração de vacinas nas farmácias.
As melhores práticas a adoptar incluiriam
programas de formação e desenvolvimento
profissional contínuo para os farmacêuticos
que administram as vacinas, informação
sobre o equipamento necessário nas
farmácias para que seja possível vacinar os
cidadãos e os procedimentos normalizados
para a administração de vacinas nas
farmácias.
farmacêuticos .
Os países onde o EPF irá tentar apoiar a
administração de vacinas nas farmácias
são, durante a primeira fase, a França, a
Espanha e a Itália e, subsequentemente,
a Alemanha, a República Checa, os Países
Baixos, a Turquia e a Suíça.
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
Os motivos invocados pela opção do
pagamento da vacina centravam-se,
sobretudo, na acessibilidade e conveniência
da farmácia, ou seja, a localização, o
horário de funcionamento, o ambiente e a
disponibilidade da vacina.
Em 2007, foi aprovada uma nova
legislação que permitiu às farmácias
ampliarem o seu leque de actividades,
nomeadamente à vacinação. Foi criado
um programa de formação para os
farmacêuticos portugueses, baseado
nas melhores práticas definidas pela
Associação Americana de Farmacêuticos.
Durante a época da gripe em 200809, foi realizada a primeira campanha de
vacinação nas farmácias, a nível nacional,
administrada nas farmácias. Na época da
gripe de 2009-10, as farmácias já eram o
local escolhido para a administração da
vacina contra a gripe.11
Em função do número total de vacinas
contra a gripe administradas durante a
época da gripe em 2008-09, a cobertura
global de vacinação contra a gripe
estimada foi 50,4% no grupo etário de
utentes com 65 ou mais anos de idade.
A contribuição da farmácia para este
subgrupo foi estimada entre 5,5% e 11,3%.
Num inquérito de satisfação, aos
utentes:
• 75,4% afirmaram que comprar e
administrar a vacina da gripe no mesmo
local era a principal razão pela qual
tinham optado pela farmácia
• 97,9% vacinar-se-ia na farmácia na
época da gripe seguinte
Apelo à acção
8
Informação do estudo de caso sobre as
práticas de vacinação na Europa
A vacinação contra a gripe
nas farmácias em Portugal
A evidência demonstra que as taxas de
vacinação aumentam quando as vacinas
podem ser administradas nas farmácias
O EPF apela aos governos nacionais
e às companhias de seguros para
fazerem uma revisão dos dados
sobre a administração de vacinas nas
farmácias e para colaborarem com as
associações de farmácia na actualização
da legislação, de modo a permitir
a administração de vacinas pelos
Em acção
• 98% recomendaria o serviço de
vacinação na farmácia a outras pessoas
A vacinação contra a gripe
nas farmácias no Reino
Unido
Os farmacêuticos no Reino Unido podem
Segundo o estudo, chegou-se à conclusão
que existem oportunidades para as
farmácias apoiarem o SNS, identificando
doentes que, muito provavelmente, não
recorreriam à consulta do Médico de Família
para serem vacinados, disponibilizando a
esses doentes o serviço de administração de
vacinas, comparticipado pelo SNS ou pelo
privado.
administrar vacinas. A vacinação contra
a gripe tem sido um serviço de sucesso
disponibilizado pelas farmácias desde há
alguns anos. Cada vez mais os serviços
locais de saúde recorrem às farmácias para
a administração da vacina contra a gripe
como um serviço do SNS para os doentes de
grupos de risco, embora ainda não seja uma
prática universal.
Até mesmo quando as vacinas fazem
parte do plano nacional de vacinação,
algumas pessoas preferem ser vacinadas nas
farmácias, devido à sua maior conveniência.
Um estudo independente de recolha de
dados da Boots (a maior cadeia de farmácias
comunitárias no Reino Unido), durante a
época da gripe de 2012-13, demonstrou que
6% de um número ligeiramente superior a
89.000 doentes privados (em 479 farmácias
que disponibilizaram os dados) optou por
pagar a vacina, apesar de terem direito a
uma vacina gratuita no Serviço Nacional de
Saúde.12
Outro inquérito, realizado com 921
doentes privados, numa amostra de 13
destas farmácias, demonstrou que 199 (22%)
dos doentes era elegível para vacinação da
gripe gratuitamente no SNS.
Até mesmo em mercados com uma
elevada proporção de pagamentos privados,
como no Reino Unido, existe potencial para
a implementação do serviço de vacinação
na farmácia para doentes elegíveis que,
de outro modo, não teriam um acesso
fácil a este serviço prestado por outros
profissionais de saúde.
Conclusões
• A vacinação contra a gripe
nas farmácias aumenta as
possibilidades de escolha e a
conveniência dos doentes
• A administração de vacinas
nas farmácias é mais custoefectiva para o sistema de
saúde
• As taxas de vacinação
aumentam nos países onde
as farmácias comunitárias
podem administrar vacinas
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
9
Prioridade
Prioridade
Identificação de doentes em risco
A identificação farmacêutica é vital
Os programas de identificação
precoce são uma forma fiável de
identificação dos doentes que
possam estar em maior risco.
O papel das farmácias no
aconselhamento de medicamentos
não sujeitos a receita médica é,
actualmente, mais importante do
que nunca.
Um resultado de positivo é, normalmente,
seguido por exames de diagnóstico
diferenciados, de modo a chegar-se a um
diagnóstico definitivo.
As farmácias comunitárias têm acesso
a um grande número de pessoas que
poderão não recorrer regularmente a outros
profissionais de saúde. Por isso, estão na
situação ideal para fazerem a detecção
inicial de doenças nas quais uma intervenção
precoce seria benéfica.
Exemplos de serviços de detecção que têm
sido disponibilizados nas farmácias:
Diabetes tipo 2: Muitos países fazem
programas de detecção precoce da diabetes
tipo 2 através das farmácias comunitárias.
Na Holanda, durante uma semana de
consciencialização da diabetes, foram
oferecidas análises de sangue a 130.000
pessoas. Foram detectados elevados valores
de açúcar no sangue em 4% das análises
e 5.200 pessoas foram sinalizadas para
consulta médica.
Durante essa mesma semana, foi oferecida
uma consulta aos doentes com diabetes,
que normalmente fazem autovigilância,
sobre o modo como obter resultados
correctos quando fazem o teste. Em 70%
das consultas, os doentes cometeram, pelo
menos, um erro na técnica que utilizam para
fazerem o teste.
Detecção do VIH: As farmácias em
Espanha fizeram uma despistagem do
VIH (consultar estudo de caso Em Acção).
Foi disponibilizado um serviço similar por
algumas farmácias em Portugal13, que
decorreu entre Junho de 2011 e Dezembro
de 2012. Vinte e uma farmácias numa
região de Portugal desenvolveram um
serviço piloto para a detecção precoce do
VIH. As farmácias realizaram 589 testes,
quatro tiveram resultados positivos e foi
feito o reencaminhamento para um centro
especializado para ser feita a confirmação do
resultado.
Detecção da clamídia: No Reino Unido, as
farmácias prestam um serviço de detecção
da clamídia, como parte integrante de uma
programa nacional.14 Os kits do teste da
clamídia são disponibilizados gratuitamente
em farmácias seleccionadas. Os doentes
levam o kit para casa, fazem, eles próprios,
a recolha das amostras ou dos esfregaços e,
posteriormente, devolvem o teste à farmácia.
O teste é enviado para o laboratório para
serem feitas as análises e os resultados são
enviados para a farmácia. Se o resultado do
teste é positivo, os farmacêuticos podem
dispensar os antibióticos para tratar a pessoa
infectada e o(s) respectivo(s) parceiro(s). O
público-alvo deste serviço são os jovens que
podem não ir regularmente ao seu médico.
Pressão arterial 24 horas: A medição da
pressão arterial durante um período contínuo
de 24 horas pode ser um exame utilizado
na detecção de doenças mais graves,
nomeadamente das arritmias. Algumas
farmácias em Itália disponibilizam este
serviço. Os resultados são carregados para
serem analisados por um cardiologista, que
envia o relatório para o doente. O serviço
disponibilizado pela farmácia é mais barato e
mais conveniente do que deslocar-se a uma
clínica.
Apelo à acção
O EPF apela às entidades financiadoras e
aos parceiros a reconhecer que a farmácia
contribui para aumentar o acesso aos
serviços de detecção precoce da doença.
Alterações à regulamentação que permitam
a realização de testes rápidos realizadas
por farmacêuticos na República Checa, na
Alemanha, em Itália, nos Países Baixos e
10
Em acção
Informação do estudo de caso
Detecção do VIH em
farmácias em Espanha
Foi lançado um programa
de detecção do VIH em 2009,
por um acordo entre o Colégio de
Farmacêuticos de Barcelona (COFB) e o
Departamento da Saúde.15 O objectivo
da iniciativa é o diagnóstico precoce da
infecção e a prevenção das infecções
subsequentes. Este teste de detecção
rápida do VIH foi disponibilizado
gratuitamente por 36 farmácias em 21
cidades nos arredores de Barcelona,
sendo os resultados do teste dados em
20 minutos.
Todos os farmacêuticos que
disponibilizaram os testes tiveram
formação específica sobre como realizar
o teste e transmitir o resultado. Os
farmacêuticos registavam informação,
tal como a idade e o género, garantindo
sempre o anonimato. Se o resultado
do teste de farmácia fosse positivo era
então confirmado por um segundo teste
realizado num hospital. Através de uma
linha telefónica de apoio, o farmacêutico
organizava todos os procedimentos para
o doente fazer o teste. Das 200 pessoas
que fizeram o teste, só três tiveram um
resultado positivo.
Disponibilizar aconselhamento aos clientes
e, quando seja necessário, medicamentos
não sujeitos a médica para tratar afecções
menores é um dos papéis mais antigos e
mais tradicional das farmácias comunitárias.
O aconselhamento farmacêutico é, a par
da dispensa de medicamentos uma das
principais actividades da farmácia.
A indicação farmacêutica é uma parte
importante da saúde pública sem custos
adicionais para o estado. Para além
disso, a farmácia desempenha um papel
crucial na redução das pressões sobre os
outros prestadores de cuidados de saúde,
sobretudo os médicos (Médicos de Família)
e os Serviços de urgência, apoiando um
tratamento mais adequado na comunidade.
Os inquéritos europeus e mundiais
demonstram que existe uma elevada
consciencialização do público em
geral relativamente à capacidade de
automedicação. Os farmacêuticos,
juntamente com os médicos de família e
(cada vez mais) a internet, são considerados
a fonte preferencial de informação e de
aconselhamento. A população reconhece
a necessidade de desempenhar um papel
activo na gestão da sua própria saúde.
Aumentar a confiança dos cidadãos:
De acordo com um inquérito europeu
recente,uma grande maioria da população,
praticamente 90%, reconhece a importância
da auto administração de cuidados.16 No
entanto, menos de uma em cada cinco
Fórum Europeu dos Farmacêutico
Março 2015
pessoas tem a confiança suficiente para se
auto-medicar no que diz respeito aos seus
problemas de saúde, um número que é ainda
menor nos países do Leste da Europa. Outros
inquéritos, indicam que os consumidores
têm, naturalmente, uma abordagem
“prudente em relação aos cuidados de
saúde”, praticamente dois terços afirmam
que “esperariam para ver” antes de iniciarem
a auto-medicação.
Estes resultados sublinham a necessidade
de um trabalho conjunto ao nível dos
programas de informação. Para tal é
fundamental promover o papel das farmácias
como fontes fiáveis de aconselhamento:
a campanha há muito existente no Reino
Unido “Pergunte ao seu farmacêutico, pois
será devidamente aconselhado” poderia
ser um modelo neste sentido, assim como
campanhas que recomendam aos doentes
que procurem aconselhamento “quanto mais
cedo melhor.”
Manutenção da gama de produtos: No
caso de muitas doenças, algumas palavras
tranquilizadoras do farmacêutico, ou de
um colaborador da farmácia com formação
adequada, serão o suficiente para ajudar o
doente. Existem, no entanto, muitas outras
doenças cujos sintomas podem ser aliviados
ou reduzidos com um medicamento de
venda livre.
Redução das pressões: Se o público
não tem confiança na sua capacidade
de administrar os seus próprios cuidados
de saúde, com ou sem o apoio dos
farmacêuticos, então recorrerá a outros
recursos do sistema de saúde para obter
ajuda. Os doentes com problemas de saúde
que não são graves podem ocupar um
tempo valioso na consulta do médico ou
nas urgências. Na Alemanha, foi criado um
sistema de “receitas verdes”, que permite
aos médicos dar recomendações para
medicamentos sem receita médica, na qual
os doentes poderiam ser confiantes para a
sua aquisição.17
Os doentes beneficiam da possibilidade
de adquirir medicamentos eficazes que, no
passado, eram sujeitos a receita médica,
facilitando dessa forma, o acesso na farmácia
a um tratamento rápido e eficaz. De modo
a incentivar os doentes a administrarem,
quando possível, os seus próprios cuidados
de saúde, será importante manter um fluxo
de produtos novos e inovadores que os
farmacêuticos possam recomendar.
Alguns sistemas de saúde criaram serviços
para incentivar os doentes a recorrerem
às farmácias como o seu primeiro ponto
de contacto para doenças que não são
graves, o que, frequentemente, permite
aos farmacêuticos disponibilizarem
medicamentos de venda livre, escolhidos
de um formulário acordado, sem custos
directos, para fomentar o uso das farmácias,
em vez de se recorrer ao médico de família.
Apelo à acção
na Turquia permitiria a disponibilização,
nas farmácias comunitárias, de uma maior
variedade de serviços de detecção precoce
da doença. Estes serviços ajudariam a
identificar os doentes em risco numa fase
em que as intervenções precoces teriam
uma boa relação custo-efectiva
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
O EPF apela às entidades financiadoras e
às associações de farmácia a colaborarem
em campanhas de consciencialização
públicas sobre a automedicação con
aconselhamento nas farmácias. As farmácias
devem ser encarregues de disponibilizar aos
consumidores tratamentos que podem ser
auto-administrados, de forma a incentivá-
los a recorrerem às farmácias como o seu
primeiro ponto de contacto quando têm
problemas de saúde de pouca gravidade,
aliviando, assim, a pressão sobre os médicos
e os serviços de urgência. A farmácia e
as associações de farmacêuticos devem
desenvolver programas de formação para
apoiar estas campanhas.
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
11
Prioridade
Fórum Europeu dos Farmacêutico
Março 2015
Uma prevenção das doenças mais precoce
Existe, no mundo inteiro, a
necessidade de melhorar a
prevenção das doenças.
mais baixos tem, pelo menos, duas vezes
mais o risco de ter uma doença grave e
morte prematura do que os grupos que
pertencem aos grupos sócio-económicos
mais elevados. Quando ocorrem melhorias,
os benefícios são equitativamente
distribuídos. Os grupos sócio-económicos
mais elevados, frequentemente, respondem
melhor e obtêm mais benefícios inerentes
às intervenções na área da saúde.
As doenças não transmissíveis provocaram
63% da mortalidade no mundo em 2008
(36 milhões), sobretudo as doenças
cardiovasculares, a diabetes, o cancro e as
doenças respiratórias crónicas.18 Muitas
doenças crónicas estão estreitamente
relacionadas com o estilo de vida e, assim
sendo, podem ser evitadas se os factores
de risco comuns forem eliminados.
Por exemplo, o tabagismo é uma das
principais causas das doenças mais mortais
no mundo - nomeadamente da doença
cardiovascular, da doença pulmonar
obstrutiva crónica e do cancro dos
pulmões. No total, é responsável pela morte
de um em cada 10 adultos no mundo
inteiro. O tabagismo é, frequentemente,
a causa oculta da doença que é registada
como a causa de morte.
muito além dos custos para os serviços
de saúde. Os custos indirectos, tais como
os decorrentes da perda de produtividade
podem ser similares ou mesmo ultrapassar
os custos directos. Para além disso, uma
proporção significativa do custo total dos
cuidados é suportado pelos doentes e pelas
suas famílias.
Estas doenças são um desafio para
os sistemas de saúde e consomem uma
quantidade de recursos considerável.
Os impactos económicos e sociais vão
Além disso, em cada um dos países, as
causas e os impactos da doença afectam,
sobretudo, a população pobre e vulnerável.
A população dos grupos sócio-económicos
A profissão de farmacêutico
é, entre todas, a profissão de
saúde de maior acessibilidade.
12
A profissão de farmacêutico é, entre
todas, a profissão de saúde de maior
acessibilidade. As farmácias estão bem
posicionadas para responder à necessidade
das populações ter maior acesso a serviços
de prevenção das doenças. As farmácias
têm horários de abertura e localizações
convenientes, redes de proximidade
e profissionais altamente qualificados
com excelentes equipas de apoio. Mais
importante, é o facto de as farmácias
disponibilizarem o acesso a todos os
grupos sócio-económicos e poderem
ajudar a colmatar a lacuna que existe na
adopção de novos serviços no continente
europeu. Foram, actualmente, criados
muitos serviços no Reino Unido, que
têm como objectivo a identificação das
pessoas em risco de contrair uma doença
que pode ser prevenida, ou o apoio às
mudanças de comportamento e de estilo
de vida, que são necessárias para reduzir o
risco da evolução da doença.
Informação sobre o estudo de caso relativo à
prevenção das doenças na Europa
“Campanha conheça os
valores do seu coração”
(Portugal)
As farmácias, em Portugal, realizaram uma
campanha nacional de saúde cardíaca,
durante uma semana, em Maio de 2010.20
Todos aqueles que participaram mediram
a pressão arterial (PA), calcularam o
índice de massa corporal, mediram o
perímetro abdominal e o colesterol total.
1.380 farmácias participaram (metade
das farmácias), entre estas 412 farmácias
enviaram os dados relativos a 12.930 doentes
para análise.
Os principais factores de risco
cardiovascular identificados estavam
relacionados com o peso (72% dos
participantes tinham um IMC>25 e o
perímetro abdominal médio das mulheres
era superior ao recomendado - 88 cm). Para
além disso, 37% tinha PA > 140/90mmHg (e
38% não estavam a tomar qualquer tipo de
medicação anti-hipertensiva).
Entre os mais de 5.600 doentes que
estavam a fazer terapêutica anti-hipertensiva,
somente metade tinha os valores controlados.
O valor médio do colesterol total era
196mg/dl, 53% tinham valores acima do
recomendado - 190mg/dl. Adicionalmente,
dos praticamente 4.700 doentes que estavam
a fazer medicação para reduzir os lípidos,
somente pouco mais de metade estava sob
controlo.
21% dos doentes foram reencaminhados
pelos farmacêuticos para o médico, para
avaliação adicional. A quase metade foi-lhes
receitado um novo medicamento no período
de seguimento após a campanha.
Apelo à acção
O EPF apela às entidades financiadoras
e às associações de farmácias para
que desenvolvam campanhas de
consciencialização, que promovam o
alargamento de serviços de prevenção das
doenças disponibilizados nas farmácias.
A OMS considera que o maior potencial
de benefícios reside na melhoria da
prevenção. A eliminação dos riscos
inerentes ao alcoolismo, tabagismo e
obesidade, entre outros, pode evitar 80%
das doenças cardíacas, AVCs e diabetes
tipo 2 e 40% dos cancros.19
Em acção
As farmácias e as associações de
farmacêuticos deveriam desenvolver cursos
de formação para farmacêuticos, de forma
a apoiá-los na implementação de serviços
de prevenção das doenças As farmácias
deveriam estar activamente envolvidas
na prestação de serviços nacionais de
prevenção das doenças.
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
Serviços de cessação do
tabagismo no Reino Unido
Os fumadores, a quem é oferecido apoio
para deixar de fumar por profissionais
devidamente qualificados, apresentam
medicamentos autorizados a partir de 2016.
Avaliação da “idade vascular”
na Suíça
Na Suíça, algumas farmácias começaram a
disponibilizar aos seus clientes um serviço de
medição da “idade vascular”. O entendimento
das implicações desta avaliação, pode ajudar
os doentes a actuar para melhorarem a sua
saúde cardíaca.23
uma probabilidade de sucesso quatro vezes
superior aos que decidem deixar de fumar
sem acompanhamento. Os serviços de
cessação do tabagismo são o serviço mais
frequentemente contratado às farmácias
comunitárias.
Em Inglaterra, cerca de 20% das farmácias
disponibilizam o serviço no âmbito do SNS,
ajudando cerca de 149.000 fumadores por
ano. Praticamente metade desses fumadores
consegue deixar de fumar. Na Escócia, a
cessação do tabagismo é um dos principais
serviços disponibilizado em praticamente
todas as farmácias desde 2008. As farmácias
garantem, assim, actualmente, apoio a 75%
de todas as tentativas para deixar de fumar,
apesar de uma taxa de abandono/mês
ligeiramente mais baixa, de aproximadamente
33%. No País de Gales e na Irlanda do Norte,
as farmácias disponibilizam um serviço
similar.21, 22
Para além disso, as farmácias comunitárias
também ajudam os seus clientes a deixarem
de fumar, através da aquisição de terapias
de substituição da nicotina, pagas pelos
doentes. Aproximadamente, em um quarto
de todas as tentativas para deixar de fumar, é
utilizada algum tipo de terapia de substituição
sendo que, aproximadamente, um quarto das
pessoas que deixam de fumar não recorrem
a qualquer tipo de ajuda. O aumento da
popularidade dos cigarros electrónicos para
deixar de fumar está a mudar a dinâmica
deste mercado. É provável que os cigarros
electrónicos sejam disponibilizados como
A rigidez arterial é calculada através da
medição da velocidade, durante alguns
minutos, da onda pulsátil do coração. Esta
medição é realizada através da utilização de
um dispositivo inovador e mais sofisticado
do que os normais aparelhos de medição da
pressão arterial.
O papel do farmacêutico é realizar as
medições e explicar o seu significado, assim
como as consequências para o doente. As
medições são realizadas através de uma
escala vermelha-âmbar-verde e de um folheto
facilmente compreensível que acompanha os
resultados.
Conclusões
• A prevenção das
doenças é uma das
maiores preocupações dos
profissionais de saúde.
• O tabagismo, a diabetes e
as doenças cardiovasculares
são áreas chave para os
farmacêuticos.
• As farmácias estão bem
posicionadas para ajudar a
apoiar os sistemas de saúde
na prevenção das doenças.
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
13
Em conclusão
Visão do EPF
A farmácia no centro do sistema
de saúde de qualidade
A nossa visão da farmácia para contribuir
para uma melhor saúde dos cidadãos
De modo a que a farmácia
faça parte integrante
dos sistemas de saúde,
determinados facilitadores
serão necessários.
As farmácias comunitárias
desempenham um importante
papel na resposta aos desafios
chave: pessoas, sistemas,
medicamentos e tecnologias
A profissão de farmacêutico deve continuar a
evoluir de modo a responder às necessidades
em mudança dos sistemas de saúde e dos
cidadãos. Os farmacêuticos têm a capacidade
de fazerem muito mais do que supervisionar
uma dispensa segura de medicamentos.
Precisam de ser uma parte fundamental
da manutenção da saúde dos cidadãos,
assim como da optimização do uso dos
medicamentos.
Para tal existem áreas fundamentais às
quais a farmácia deve adaptar-se e promover
a mudança.
Tecnologia: As farmácias precisam de
adaptar a sua forma de trabalhar de modo
a tirar os maiores benefícios das novas
tecnologias, nomeadamente a automatização
da dispensa de medicamentos e, onde é
permitido, farmácias na internet. Também
devem estar preparadas para utilizarem o seu
conhecimento sobre os medicamentos para
ajudarem os doentes a utilizar e a interpretar
a vasta quantidade de informação e dados
de saúde que se encontram actualmente
disponíveis.
Recolha de dados: A recolha dos dados
dos resultados dos tratamentos será uma
componente fundamental dos serviços
de saúde do futuro. As farmácias devem
considerar a recolha de dados como uma
importante parte do seu trabalho. Também
precisam de ter pleno acesso a registos de
saúde partilhados online.
Legislação: Os organismos da área
farmacêutica, os reguladores e legisladores
devem tentar garantir a actualização da
legislação relevante, de modo a permitir que
as farmácias disponibilizem uma gama mais
ampla de serviços de saúde pública.
14
Os sistemas de saúde estão a reconhecer que
precisam de se centrar tanto na prevenção
das doenças e na manutenção da saúde, como
no tratamento daqueles que se encontram
actualmente doentes, se querem continuar a
disponibilizar cuidados de saúde acessíveis e
sustentáveis às suas populações.
Competências adicionais: Os
farmacêuticos e os demais colaboradores
das farmácias devem ser apoiados no
desenvolvimento da sua formação e
conhecimentos, de forma a garantirem
uma resposta adequada às necessidades
dos doentes. Em particular, na forma como
escutar e comunicar melhor com os doentes
e os seus cuidadores.
Consciencialização pública: Os cidadãos
e os outros profissionais de saúde precisam
de ser consciencializados para os serviços
e apoio disponibilizados pelas farmácias.
Os organismos do sector farmacêutico e os
ministérios da saúde devem colaborar em
campanhas de sensibilização pública.
As farmácias estão localizadas no
seio das comunidades que servem. São,
frequentemente, o único serviço de saúde
nessa área, o que dá às farmácias uma
importante oportunidade de reforçar a sua
posição como primeira linha de prestação de
cuidados de saúde.
Neste documento foram identificadas
cinco áreas prioritárias, nas quais as farmácias
podem e devem desempenhar um maior
papel na promoção da saúde pública e na
prestação de melhores cuidados de saúde
primários: vacinação, identificação de
doentes em risco, indicação farmacêutica,
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
prevenção das doenças e adesão à
terapêutica.
Acções
necessárias
Adesão à terapêutica:
Implementação de planos de
cuidados de saúde que permitem aos
farmacêuticos apoiar os doentes com
doenças crónicas.
Vacinação: Alterar a legislação de
modo a permitir que os farmacêuticos
administrem vacinas contra a gripe e
outrol.
Identificação de Doentes em risco:
Usar as farmácias é custo-efectiva.
Indicação terapêutica: Incentivar
os doentes a recorrerem às farmácias
como o seu primeiro ponto de contacto
para afecções menores.
Prevenção das doenças: Realizar
campanhas que promovam o papel das
farmácias na manutenção da saúde.
Tendo em conta a sua alargada distribuição e
acessibilidade a todos os grupos sociais, garantindo
a conveniência e o acesso local a cuidados de
saúde, com horários de funcionamento alargados,
as farmácias comunitárias ajudarão a manter este
enfoque na prevenção das doenças Focamo-nos
em cinco áreas chave, nas quais um aumento da
prestação de serviços das farmácias contribuirá
para enfrentar e responder aos desafios que se
apresentam aos sistemas de saúde.
• Adesão à terapêutica: Apoiar os doentes
com doenças de longa duração a aderirem aos
tratamentos que lhes são prescritos de modo a
Fórum Europeu dos Farmacêutico
Março 2015
alcançarem os resultados desejados.
• Vacinação: Aumentar as taxas de vacinação,
implementando programas de vacinação nas
farmácias.
• Identificação de doentes em risco: A
identificação de doentes em risco, através de
testes realizados nas farmácias que permitam
intervenções precoces para se reduzir o impacto
da doença.
• Indicação terapêutica: Apoiar o
aconselhamento farmacêutico e o tratamento
de afecções menores nas farmácias, de modo a
aliviar a pressão em outros prestadores de saúde
de primeira linha.
• Prevenção das doenças: Realizar intervenções
de saúde pública que visem a prevenção das
doenças e que reduzam o seu peso futuro na
prestação de cuidados de saúde.
Estes serviços serão desenvolvidos em escala,
para que haja um real impacto na saúde de
toda a população, aumentando a eficiência dos
sistemas de saúde. O desenvolvimento de serviços
através das farmácias comunitárias ajudará a
apoiar a transferência de cuidados de saúde dos
hospitais para as comunidades e para os agregados
familiares. Durante a próxima década, o EPF deseja
que:
• As farmácias desempenhem um papel muito
mais activo na prevenção das doenças, na
saúde pública e na gestão das doenças de longa
duração.
• Os governos, tendo em vista a prossecução
deste objectivo, actualizem a legislação
relevante e os quadros de financiamento.
• As farmácias sejam incluídas como parceiros,
em iguais circunstâncias, na saúde pública e nos
processos clínicos, com um maior acesso aos
registos electrónicos de saúde relevantes.
• As farmácias sejam capacitadas para aproveitar
as novas tecnologias e as plataformas digitais
como suporte na prestação de cuidados aos
doentes.
• Os governos e as associações de farmácia
colaborem em campanhas de informação
pública que promovam a consciencialização
sobre o conjunto de serviços (para além
da dispensa de medicamentos) que são
disponibilizados nas farmácias.
Apelo à acção: a farmácia pode ajudar
O EPF apela aos governos nacionais, às
entidades financiadoras, às companhias
de seguros, e à indústria farmacêutica
a colaborarem com as farmácias e as
associações de farmacêuticos, tendo
em vista o desenvolvimento do papel da
farmácia na melhoria da saúde pública e
dos resultados em saúde dos doentes.
Os parceiros, deveriam rever as evidências
publicadas para apoiar os novos serviços
das farmácias e actualizar a legislação,
quando necessário, sobretudo de modo a
permitir que os farmacêuticos administrem
vacinas e realizem testes rápidos para
despiste de doenças.
Todas as partes devem trabalhar
em conjunto para aumentar a
consciencialização do público e de outros
profissionais de saúde sobre a vasta gama
de serviços, para além da dispensa de
medicamentos, que estão disponíveis nas
farmácias.
Os cidadãos, devem ser incentivados
a recorrer às farmácias comunitárias
como local preferencial para obter
aconselhamento que os apoie na sua
saúde e da sua família, o que reforçará a
confiança do público na gestão da própria
saúde, em particular nos casos de afecções
menores. Desta forma, reduzir-se-á a
pressão sobre outros prestadores que
trabalham na primeira linha dos cuidados
de saúde.
A acessibilidade das farmácias
comunitárias, pode potenciar o
desenvolvimento de serviços de
detecção e prevenção, que possam ser
amplamente disponibilizados
Acima de tudo, todas as partes, devem
integrar a farmácia no centro da prestação
de cuidados de saúde e usá-la como
uma forma de alcançar resultados que
beneficiem a população como um todo.
Contributo da farmácia para a saúde dos cidadãos
15
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BIBLIOGRAFIA

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