ajuda espiritual e ajuda psicológica

Transcrição

ajuda espiritual e ajuda psicológica
Informativo
do Instituto
Camiliano
de Pastoral
da Saúde
e Bioética
julho de 2009
Ano XXVI – no 276
Província Camiliana Brasileira
❒ Pastoral
❒ bioética
❒ humanização
AJUDA ESPIRITUAL E AJUDA PSICOLÓGICA
HIPÓLITO MARTENDAL
N
este artigo quero abordar aspectos
práticos de psicologia e religião no
que se refere à ajuda que o indivíduo recebe, mas tendo em vista principalmente o psicológico e o religioso na mente
daquele que oferece ajuda.
É muito comum pessoas religiosas
procurarem padres para orientação em
problemas que são claramente de ordem
psicológica.
Claro que destas pessoas algumas
há que imaginam sejam seus problemas de ordem espiritual e esperam que
o padre saiba lidar com todos os problemas espirituais, quando na realidade
suas dificuldades podem ser claramente
de ordem natural, psíquica e relacional.
Nossos irmãos espíritas, praticantes do
candomblé, de umbanda e outros, bem
como cristãos pentecostais protestantes
e católicos, com muita facilidade atribuem à invasão ou à presença de espíritos maus (demônios), almas de pessoas
falecidas e que não estariam em paz e
entidades africanas, principalmente
exu, a causa de desordens de comportamento e de mudanças de personalidade. Tais pessoas vão procurar o padre,
o centro espírita, o pastor ou o pai-de-
santo, quando na verdade poderia ser
muito mais proveitoso procurar um
bom psicólogo e de preferência se ele
conhecer este universo místico de nossa
cultura religiosa.
Mas também é comum pessoas católicas que sabem estarem sofrendo de
algum problema de ordem psíquica fazerem questão de encontrar um psicólogo padre, ou pelo menos bom católico,
para ajudá-las. Eu costumo dizer que
o psicólogo bem experimentado pode
ajudar quem o procura, independente
de suas convicções religiosas. Vamos
explicar isto e estaremos justamente no
centro da questão.
Para isso, basta dar uma rápida olhada para o trabalho do psicólogo, do
padre e do religioso que tentam ajudar
quem os procura. Em primeiro lugar
percebemos que o padre e o religioso
trabalham basicamente com dados da
fé, convicções religiosas e teológicas.
Trabalham com dogmas, revelações
divinas e valores. Eles não têm obrigação de serem cientistas. De outro lado,
o psicólogo tem obrigação de ser bem
versado em ciências. Quanto mais cientista ele for, melhor para seu cliente. Ele
trabalha basicamente com convicções
de ordem científica.
Contudo, é evidente que se o psicólogo entender a teologia que está na raiz
das convicções religiosas de seu cliente
isto pode ser uma qualidade a mais. Mas
insisto em dizer que isto não é essencial.
Já prestei ajuda a espíritas, protestantes, umbandistas, judeus e ateus e creio
ter-me saído bem. Por quê? Porque sou
um padre e psicólogo, ou seja, esforçome para ser um teólogo e cientista ao
mesmo tempo. Como padre (religioso e
teólogo), quando procurado por alguém
que tem a mesma religião que eu, depois de ouvir tudo o que ele tem a dizer
e certificar-me de que entendi corretamente seu pensamento e suas dificuldades, posso então comparar sua realidade
com aquilo que a nossa religião, a nossa
Igreja tem a dizer e a esperar dele.
Trabalho com fé, dogmas, mandamentos e doutrinas certas. Além desta
correção doutrinária é de se esperar que
o sacerdote, ou o conselheiro religioso,
seja também um bom pastor, isto é: que
ame aquele que o procura, que tenha
por ele um coração cheio de compreensão e misericórdia, que represente
tanto quanto possível a infinita bondade
do coração de nosso Deus. De alguma
forma o padre trabalha com dados mais
objetivos que o psicólogo. Enquanto
isso, para o psicólogo é mais importante
a subjetividade do cliente. Interessa-se
mais pela forma como a pessoa se relaciona com os dados de sua fé e, principalmente, como ele é tocado, afetado e
modificado pelos dados religiosos.
A título de exemplo, se meu cliente é
muçulmano, o conteúdo objetivo de sua
fé não me interessa muito. Mas é fundamental compreender como a fé muçulmana, suas obrigações religiosas e sua
comunidade de culto atingem sua mente,
seus sentimentos e emoções. Em outras
palavras, importa saber se a vida religiosa
que leva está tornando-o mais saudável,
mais feliz, ou se o contrário é a verdade.
O psicólogo é um agente de saúde. É a
saúde, o bem-estar, a qualidade de vida
que importam em primeiro lugar.
Frei Hipólito Martendal –
Frade Franciscano e Psicólogo da
Fraternidade Franciscana em São Paulo.
Ano XXVI – no 276 – julho de 2009 – boletim ICAPS
2
RISCO NA BALANÇA
MOURA LEITE NETTO
V
ários estudos apontam a
relação entre obesidade e
câncer. O mais recente deles,
divulgado em outubro pela
American Cancer Society, diz
que mulheres de peso são ao
menos quatro vezes mais propensas a ter câncer de endométrio do que as de peso normal.
A pesquisa relaciona a obesidade como fator de risco também
para câncer colorretal, mama,
esôfago, intestino, fígado, rim,
vesícula, pâncreas e próstata.
Outro estudo, publicado na revista
Obstetrics & Gynecology, mostra que a
associação entre obesidade e câncer ainda
é pouco conhecida nos Estados Unidos.
Das 1.545 voluntárias entrevistadas, 58%
não sabiam que mulheres obesas correm
mais risco de ter câncer de endométrio.
A pesquisa afirma que além do risco
do câncer de endométrio ser quatro vezes maior, as mulheres que estão acima
do peso têm risco seis vezes maior de
desenvolver qualquer tipo de câncer. O
risco de câncer mamário em razão da
obesidade aumenta depois da menopausa, enquanto o risco para o câncer intestinal é maior antes deste período.
Mortalidade maior
expediente
A endocrinologista Cíntia Cercato,
do Grupo de Obesidade e Síndrome
Metabólica do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP, aponta
o estudo coordenado pela pesquisadora
Eugênia Calle, da American Cancer Society, como a referência mais abrangente sobre o assunto. Publicada em 2004
no New England Journal of Medicine, a
pesquisa conclui que quanto maior o so-
brepeso, maior possibilidade de morte
por câncer. Foram acompanhadas 900
mil pessoas durante 16 anos, todos sem
câncer quando o estudo foi iniciado.
Descobriu-se que a média de mortalidade dos voluntários mais pesados foi
de 52% mais elevada para homens e 62%
para mulheres, quando comparada com os
que mantiveram peso normal. Isso significa que a obesidade pode ser responsável
por 14% de todas as causa de câncer no
EUA para homens e 20% para mulheres.
Pesquisa da Universidade de Oxford
conclui que a cada ano cerca de 6 mil
mulheres de meia-idade ou idosas da
Grã-Bretanha desenvolvem câncer por
causa do excesso de peso e que a obesidade responde por 50% dos casos de
câncer do útero naquele país. Durante
sete anos os cientistas examinaram a
incidência do câncer em 1,2 milhão de
mulheres com idade entre 50 e 64 anos.
Nesse período ocorreram mais de 45
mil mortes em decorrência da doença.
Sem remédios ou cirurgia
Obesa desde a infância, a antropóloga Sílvia Bonini Regiani, 32 anos, che-
O Boletim ICAPS é uma publicação do
Instituto Camiliano de Pastoral da Saú­­de­e
Bioética – Província Ca­miliana Brasileira.
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Prod. gráfica: Edições Loyola
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Tiragem: 3.500 exemplares
gou a pesar 180 quilos. Hoje
pesa 65 quilos e tem 1,82 m de
altura. Em 1999, aos 22 anos,
ela descobriu dois nódulos no
seio direito e o fato alterou totalmente sua rotina. “Meu mundo desmoronou. Já me considerava fracassada por sempre ter
sido gorda e achei que o câncer
tinha sido gerado por meu lado
psicológico negativo. Só mais
tarde, quando fui tratar outras
doenças causadas pela obesidade, é que tomei consciência
de que o meu sobrepeso tinha sido fator
causador”, afirma.
Em 2002, com 167 quilos, ela decidiu mudar de vida e buscou apoio de um
endocrinologista, uma psiquiatra e um
psicólogo. “Nas primeiras semanas foi
muito difícil. Sentia muita fome e chorava todas as noites falando ao telefone
com minha mãe. Mas o meu amor próprio começou a falar mais alto e segui
rigorosamente minha dieta”, recorda.
Ter se livrado do excesso de peso
lentamente para vencer o câncer e mudar
de vida é o grande orgulho de Silvia, que
faz questão de lembrar que não recorreu
à cirurgia de redução de estômago. Mas
o caso de Sílvia não parece ser a regra.
Para se ter uma idéia, só no ano passado
foram realizadas no país cerda 25 mil
cirurgias bariátricas, 2,7 mil delas pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), segundo relatório da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
O Ambulatório do Hospital das Clínicas de São Paulo é uma das 53 unidades
de saúde no país que realizam cirurgias
bariátricas gratuitamente pelo SUS. A
operação custa aproximadamente R$ 20
mil. O tratamento cirúrgico, porém, tem
Assinatura: O valor de R$15,00 garante
o recebimento, pelo Correio, de 11 (onze)
edições (janeiro a dezembro). O pagamento
deve ser feito mediante depósito bancário em
nome de Província Camiliana Brasileira, no
Banco Bradesco, agência 0422-7, conta
corrente 89407-9.
A reprodução dos artigos do Boletim ICAPS é
livre, solicitando-se que seja ci­tada a fonte.
Pede-se o envio de publicações que façam
a transcrição.
Ano XXVI – no 276 – julho de 2009 – boletim ICAPS
indicação específica: para maiores de 18
anos (e em casos especiais a partir dos
16) com obesidade grave (de grau 3).
Escala da Organização Mundial
de Saúde (OMS), divulgada em 1995,
aponta diferentes níveis de sobrepeso
– acima do Índice de Massa Corporal
(IMC): obesidade 1 (entre 25 e 29,9
quilos acima do peso normal); obesidade 2 (acima de 30 kg). Obesidade 3
(acima de 40 kg). A partir do nível 3 a
obesidade torna-se mórbida.
Fatores de risco
Hormonais - O câncer de endométrio, tipo mais comum de câncer uterino,
é estimulado pelo aumento da produção
de estrógeno, o hormônio feminino. E
como o estrógeno também é produzido
no tecido adiposo, mulheres com mais
gordura no corpo tem mais predisposição a esse tipo de câncer. Mulheres obesas têm tumores mais agressivos. Elas
produzem maiores níveis de insulina,
que circulando em maior quantidade,
ativam enzimas de crescimento que estimulam algumas células tumorais. Nutricionais - A obesidade está baseada em dietas ricas em gordura, potencializando o risco para ocorrência de
câncer intestinal. Uma dieta adequada
consiste em 5 ou 6 refeições diárias,
sendo que no café da manhã devem
ser consumidos entre 20% e 25% das
necessidades diárias de calorias. Entre
essas refeições são recomendáveis dois
lanches intermediários. A OMS afirma
que reduzir entre 500 e 1000 calorias
por dia gera uma perda, aproximada, de
meio quilo a um quilo por semana.
Metabólicos - Entre as pessoas
obesas há maior ocorrência de alterações metabólicas, como deslipidemia
(alteração do nível das principais gorduras – os lipídeos – no sangue), resistência à insulina e diabete tipo 2. Diabete
oferece maior risco, por exemplo, para
ocorrência de câncer de pâncreas. Além
disso, um fígado gorduroso pode evoluir
para cirrose, que por sua vez é fator de
risco para câncer intestinal. A obesidade
está relacionada também à hipertensão
arterial, apnéia do sono e artrite.
Artigo extraído da Revista Abcancer
Dez/Janeiro de 2009.
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O DOM DA COMPAIXÃO
HENRY NOUWEN
Ter compaixão é algo mais do que ter dó. Ter dó sugere distância, e até
uma certa condescendência. Com freqüência, eu atuo por dó. Dou algum
dinheiro de esmola a algum pedinte numa avenida, mas não olho para
ele - olhos nos olhos; não me sento ao seu lado nem falo com ele. Estou demasiado ocupado para prestar realmente atenção à pessoa que
me estende a mão. O meu dinheiro substitui a minha atenção pessoal e
representa uma desculpa para continuar o meu caminho. Ter compaixão significa aproximar-se de quem sofre. Mas só podemos
nos aproximar de uma outra pessoa quando estamos dispostos a nos
tornar vulneráveis. Uma pessoa compassiva diz: “Eu sou seu irmão; eu
sou sua irmã; eu sou humano, frágil e mortal; precisamente como você.
Não me escandalizo com as suas lágrimas nem tenho medo da sua dor.
Também eu já chorei”. Só podemos estar com o outro quando o outro
deixa de ser “outro” para se tornar como nós. Esta talvez seja a principal razão porque, por vezes, achamos mais fácil ter
dó que compaixão. A pessoa que sofre apela para que nós nos tornemos
conscientes do nosso próprio sofrimento. Como posso reagir à solidão de
alguém se eu não estiver em contato com a minha própria experiência
de solidão? Como posso estar perto de pessoas deficientes se recuso reconhecer as minhas próprias deficiências? Como posso estar com os pobres
se não estou disposto a confessar a minha própria pobreza? Quando reflito sobre a minha própria vida, compreendo que os momentos
de maior conforto e consolação foram os momentos em que alguém disse:
“Eu não posso tirar de você o sofrimento, não posso oferecer uma solução
ao seu problema, mas posso prometer que não deixarei você sozinho e
estarei ao seu lado tanto tempo e tão bem quanto me for possível”. Há muita angústia e sofrimento na nossa vida, mas que bênção quando
não temos que viver a nossa angústia e sofrimento sozinhos! Esse é o
dom da compaixão.
Henri Nouwen, padre, professor, psicólogo e escritor faleceu em 1996
Ano XXVI – no 276 – julho de 2009 – boletim ICAPS
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XXIX CONGRESSO BRASILEIRO DE HUMANIZAÇÃO
E PASTORAL DA SAÚDE
TEMA: SAÚDE E RELIGIÃO
SÁBADO – Dia 05 de setembro
DOMINGO – Dia 06 de setembro
7h30 às 8h30
Entrega de material e inscrições
7h45 às 8h45
Celebração da missa.
8h30 às 9h15
Celebração de abertura
8h45 às 10h
A liturgia cura - palavras e gestos
sacramentais na assistência
aos doentes.
10h às 10h30
Intervalo para café
9h15 às 10h15 A banalização da vida
na sociedade atual
10h15 às 10h45 Intervalo para café
10h30 às 11h30 A contribuição da Religião na
Recuperação de dependentes
10h45 às 12h15 A paz é fruto da justiça: os direitos
fundamentais do ser humano:
saúde, segurança e educação.
11h30s 12h15
12h15 às 13h30 Intervalo para almoço
13:30 às 14h
12h15 às 13h30 Intervalo para almoço
Tribuna livre
13h30 às 13h45 Tribuna livre
14h15 às 15h15 A importância da motivação
no trabalho solidário
13h45 às 15h
Cura e curandeirismo:
realidade e ilusão
15h às 15h15
Intervalo para café
15h15 às 15h45 Intervalo para café
15h45 às 17h15 A espiritualidade no mundo da saúde:
aspectos científicos e pastorais
17h30
A meditação como fonte de
saúde e bem estar.
15h15 às 16h15 Os gestos de cura na bíblia:
aspectos pastorais.
Encerramento
16h15 às 17h
Câncer: o mal silencioso
17h30
Encerramento
FICHA DE INSCRIÇÃO
O depósito para o pagamento da inscrição deverá ser feito em nome de: Província Camiliana Brasileira – Banco Bradesco –
Agência 0422-7 – Conta corrente 89407-9. Após o depósito mandar esta ficha e o comprovante bancário do depósito para a secretaria do ICAPS no endereço acima. Você poderá mandar a ficha e/ou comprovante também pelo FAX (11) 3862-7286 Ramal 6.
Nome:
Endereço:
Nº
Bairro:
CEP:
Cidade:
-
Fone:
Estado:
-
LOCAL: Anfiteatro do Centro Universitário São Camilo - Avenida Nazaré, 1501 – Ipiranga – São Paulo. Telefone – (11)
3862-7286 Ramal 3 Com Cláudia – e-mail. [email protected]
Taxa de inscrição: R$ 20,00 até o dia 28 de agosto | R$ 35,00 após esta data
ATENÇÃO: A organização do congresso não se responsabilizará pela hospedagem e alimentação dos participantes.
Informações e inscrições: ICAPS – Rua Barão do Bananal, 1125 – 05024-000 – São Paulo – SP – Fone (11) 3862-72 86 Ramal
3 com Cláudia. FAX (11) 3862-7286 Ramal 6 – e-mail [email protected]
Promoção: Província Camiliana Brasileira, Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde – Coordenação Nacional da Pastoral
da Saúde – CNBB
Apoio: Província Camiliana Brasileira, Hospital e Maternidade São Camilo e Centro Universitário São Camilo.
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SÃO CAMILO
ASSISTÊNCIA CORPORAL E ESPIRITUAL AOS DOENTES
C
amilo foi o ideal do enfermeiro.
Numa época cheia de preconceitos
teve o santo a compreensão admirável
da verdadeira e inteligente assistência
aos enfermos. Exigia rigoroso asseio.
Obrigava os doentes a tomarem freqüentes banhos e ele próprio e os enfermeiros, lavavam e os penteavam com
todo carinho.
A regra ensina como tratar os enfermos e confortá-los. Dava instruções
práticas aos religiosos, ensinando-os
a preparar leitos, arranjar travesseiros
e lençóis, a mudar roupa e transportar
doentes. Não bastava a técnica. Desejava saber se o faziam com amor, com
todo o carinho e dedicação. Os doentes haviam de ter o rosto, as mãos e
os pés sempre limpos. Sabão e água,
muito pouco usados pelos doentes naquela época, deveriam ser gastos com
abundância nos hospitais dos Ministros dos Enfermos.
O Santo enfermeiro lavava os pobres doentes mais repugnantes que
chegavam aos hospitais num estado miserável. Camilo os banhava com sabão
e água fria ou quente, cortava-lhes as
unhas e os cabelos, enxugava-os com
boas toalhas, e só quando os via bem
asseados, começava o tratamento. Os
assoalhos dos hospitais estavam sempre
polidos e limpos. A idéia de que o ar, a
luz e a água prejudicavam os enfermos
foi combatida tenazmente pelo santo.
Fez ele uma revolução na assistência
hospitalar do seu tempo. Exigia enfermarias amplas, de muitas janelas e todas
abertas, muita luz, muita água, banhos
freqüentes, asseio rigoroso. As rouparias dos hospitais deveriam ser bem
providas e com abundância de muitos
lençóis e roupas brancas em geral.
Nada poderia faltar aos doentes sob
a direção dos Ministros dos Enfermos.
Camilo velava com rigor a boa alimentação e as dietas dos seus pobres. Procurava bons produtos, boa carne, e recusava energicamente víveres deteriorados
ou inferiores.
Camilo, como terna mãe, sabia dar
de comer aos seus doentes enfastiados
ou sem forças. Fazia-lhes todas as vontades, preparando-lhes petiscos leves,
sopas, e os enfermeiros deviam dar-lhes
na boca o alimento como se o fizessem
ao próprio Jesus Cristo. O Santo não
descuidava de nenhum detalhe quando
ajudava na alimentação do doente.
Assistência espiritual
O Santo Fundador queria inseparáveis os cuidados do corpo e da alma.
Não há homem algum, dizia ele, que
neste mundo não tenha a alma unida ao
corpo. Se abandonarmos o corpo prejudicaremos o serviço espiritual.
Assim Camilo, como São Vicente de Paulo mais tarde, entendeu que
para fazer o bem às almas é mister primeiro dar o necessário ao corpo que
padece. A regra sábia e admirável dos
Ministros dos Enfermos aconselha e
obriga os seus membros a uma boa
instrução das coisas espirituais para
que possam ajudar os que sofrem e
sobretudo os agonizantes.
Ao socorrer os doentes, ao dar-lhes
alimento, em outras circunstâncias
oportunas, Camilo deixava sempre
uma mensagem espiritual, uma exortação à paciência, à conformidade
com a vontade de Deus. Quer que na
primeira visita ao enfermo, com zelo
e prudência, seja este interrogado se
já recebeu os sacramentos, se pratica a religião, e quer que o instruam
bem nas coisas da alma e da salvação.
Escolheu o Santo os enfermeiros espirituais, encarregados de preparar os
doentes para os sacramentos.
O maior carinho do Santo era em
favor dos agonizantes. Quando algum
enfermo estiver em agonia, diz a Regra
de São Camilo, faça-se toda diligência
para que algum sacerdote ou mesmo
leigo lhe esteja ao lado e lhe lembre algumas coisas espirituais.
Tinha muito cuidado para que não
morressem doentes sem os últimos sacramentos. Camilo julgava a ausência
do padre na hora de socorrer os agonizantes uma das maiores calamidades
da religião. Procurou corrigir esta falta
nos hospitais com toda energia e se fez
sacerdote (no início, São Camilo não
pensava em ser padre) para poder de
modo especial socorrer espiritualmente
os enfermos e agonizantes.
Texto extraído do livro
Vida de São Camilo
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OITO MOTIVOS PARA BEBER ÁGUA
FRANCINE SARTURI PRASS
Ela é sinônimo de vida. Não é a toa que
uma das grandes preocupações do momento
é a preservação desse líquido cada dia mais
precioso. Economizar água é palavra de ordem da nossa era. Só não vale para um caso:
hidratar seu corpo.
Para ajudá-la a manter a corpo e a saúde
em dia, destacamos oito motivos que fazem
da água uma das suas melhores amigas.
1. Facilita a Digestão: A água ajuda na
formação de enzimas (substâncias que facilitam as reações químicas no organismo)
e também da saliva e do suco gástrico, que
atuam na digestão.
2. Combate o Inchaço: Sem uma hidratação adequada, o volume de sangue diminui. Assim, as vitaminas e os minerais que
ele carrega demoram mais tempo para chegar às células e, conseqüentemente, na pele
e nas extremidades como cabelo e unhas.
Por outro lado, bem hidratada, sua pele fica
bonita e seu cabelo e unhas fortes. Além disso, com uma boa irrigação, o organismo não
retém sódio – responsável pelo inchaço.
3. Reduz Infecções: Ao se manter hidratado, você assegura que seu corpo será
bem nutrido pelo sangue. É ele também
que transporta minerais, como o ferro –
importante para fortalecer as defesas do
organismo.
4. Regula a Temperatura: Por meio da
transpiração, a água evita que o organismo
entre em colapso com alterações bruscas de
temperatura e faz com que ele se adapte ao
ambiente.
5. Turbina a performance na malhação:
O melhor desempenho em atividades físicas
ocorre porque as fibras musculares “ficam
azeitadas”, deslizando com mais facilidade, o
que reduz o risco de cãibras e de contusões.
6. Desintoxica e previne a celulite:
Grande parte das toxinas é expulsa do nosso organismo por meio da urina e do suor.
Por dia, eliminamos 1 litro e meio de urina e o equivalente a um copo de água na
transpiração. Se não houver hidratação suficiente, esse processo – e a sua saúde! – fica
comprometido. A água amolece as fezes,
facilitando a eliminação delas. Todo esse
conjunto, aliado à melhora na circulação
sanguínea, acaba prevenindo o aparecimento de celulite.
7. Ajuda a emagrecer: Isso acontece
principalmente quando ela é consumida
junto com fibras solúveis, encontradas, por
exemplo, nas frutas e na aveia. Em contato
com a água, as fibras incham como uma esponja e dão sensação de saciedade. A água
também pode “enganar” temporariamente o
estômago com sua presença, mas, como ela
não sofre digestão e absorção, essa sensação
passa rapidamente e a fome reaparece.
8. Melhora a absorção dos nutrientes:
Vale lembrar que é o sangue que carrega a
glicose e outros nutrientes para as células,
alimentando-as. E só uma hidratação adequada garante o volume ideal de sangue para
transportar os nutrientes. Além disso, para
serem absorvidos, eles precisam da água. É
o caso das vitaminas C e do complexo B,
que reforçam nossas defesas.
Francine Sarturi Prass é graduada em
Nutrição pelo Centro Universitário
Franciscano e trabalha no Restaurante
Cia do Sabor em Santa Maria - RS.
Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde
Tel. (11) 3862-7286, ramal 3
e-mail: [email protected]
Rua Barão do Bananal, 1.125
05024-000 São Paulo, SP
IMPRESSO

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