Raul Costa d`Avila - ppgmus-ufba

FÓRUM SONORO
PPGMUS - UFBa
Dia 18 de Novembro de 2005 - às 14:00 h na sala 102 do PPGMUS
Por: Raul Costa d’Avila
Flautista / Professor UFPel
Doutorando em Execução Musical no PPGMUS – UFBa
Orientador: Prof. Lucas ROBATTO
Melopéias nº 3, p/ flauta solo
César Guerra-Peixe
(Petrópolis, 1914 - Rio de Janeiro, 1993)
Integrando um conjunto de três obras intituladas Melopéias1, escritas
respectivamente em 1947, 1948 e 1950, cada obra é composta por 3 andamentos distintos.
Abandonando a tradicional barra de compasso e a armadura de clave, as Melopéias
quebram a tradição musicográfica brasileira, sendo seguramente uma atitude de vanguarda
para sua época, possível reflexo da convivência como aluno de Hans Joachim Koellreuter
(1915 / 2005), introdutor do dodecafonismo no Brasil, sistema que Guerra-Peixe adotou
entusiasticamente durante os anos 40 e abandonou no início dos anos 50.
Escrita em Recife / PE (1950), época em que o compositor trabalhava em uma
Rádio se aprofundando em pesquisas folclóricas, as Melopéias nº 3 foram as peças que
sofreram menor influência do dodecafonismo. O reflexo das pesquisas folclóricas pode ser
observado em vários momentos, como por exemplo, no último movimento onde há uma
explícita referência à rítmica do frevo em vários momentos do discurso, à toada nordestina
no segundo e a seresta, no primeiro movimento.
A proposta a ser desenvolvida neste fórum é uma reflexão prática sobre possíveis
interpretações das composições, a partir de questões musicográficas pertinentes a obra.
Cabe ressaltar que a única edição impressa existente das Melopéias foi editada pela Vitale a
qual infelizmente existe alguns erros de impressão. Para tentar solucionar possíveis dúvidas,
será apresentada uma cópia xerográfica do manuscrito visando comparar e, ao mesmo
tempo, discutir – ainda que brevemente – questões pertinentes à edição musical.
Concluindo, cabe informar que, de acordo com o xérox do manuscrito, as Melopéias
foram dedicadas ao flautista Moacyr Liserra, notável flautista que atuou no Rio de Janeiro.
1
De acordo com o Dicionário Grove de Música (Editado por Stanley Sadie), termo de origem grega
designando os princípios a serem seguidos para se compor melodias. Mais tarde, passou a indicar uma
peça musical feita para acompanhar uma recitação ou cantilena.