Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa

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Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa
Boletim Científico do
Instituto de Ensino e Pesquisa
ISSN 2238-3042
EDIÇÃO 33
ANO 04
FEVEREIRO 2015
NORMAS DE PUBLICAÇÃO
1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revi-
A responsabilidade pelos dados e conteúdo dos artigos é exclusiva
de seus autores. Permitida reprodução total ou parcial dos artigos,
desde que mencionada a fonte.
são de literatura, relato de experiência, relato de caso e estudo reflexivo.
2 • Para cada estudo, a metodologia segue nos seguintes padrões:
Pesquisa qualitativa: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, trajetória metodológica, construção dos resultados, considerações
finais e referências.
Pesquisa quantitativa: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo,
metodologia, material e método, resultado e discussão, conclusão e referências.
• Revisão de literatura: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo,
metodologia, revisão de literatura, considerações finais e referências.
Sociedade Beneficente São Camilo
Presidente: João Batista Gomes de Lima
Vice-Presidente: Anísio Baldessin
1º tesoureiro: Mateus Locatelli
2º tesoureiro: Zaqueu Geraldo Pinto
1º secretário: Niversindo Antônio Cherubin
2º secretário: Marcelo Valentim De Oliveira
Superintendente: Justino Scatolin
• Relato de Experiência: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, descrição do relato de experiência, considerações finais e
referências.
Hospitais São Camilo de São Paulo
Superintendente: Antônio Mendes Freitas
• Relato de caso: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, descrição de caso, considerações finais e referências.
• Estudo reflexivo: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, descrição de reflexão, considerações finais e referências.
3 • Para apresentação dos trabalhos usar fonte Times New Roman, justificado,
numeração desde a primeira página, com no máximo 12 páginas, no programa
Word, com espaçamentos entre linhas de 1,5 cm, margem superior de 3 cm,
Redação e Administração
Os manuscritos deverão ser encaminhados para:
IEP - Hospital São Camilo
Rua Tavares Bastos, 651 - Pompeia - CEP 05012-020 - São Paulo - SP
ou enviados para os e-mails: [email protected] ou
[email protected]
margem inferior de 2 cm, margens laterais de 2 cm e tamanho de fonte 12.
4 • Siglas, abreviaturas, unidades de medidas, nomes de genes e símbolos
devem ser usados utilizando o modelo padrão internacional e de conhecimento
geral. Quando for a primeira vez que citar a sigla, deve ser acompanhada do
significado por extenso.
5 • Citações e referências devem seguir as normas de Vancouver.
6 • Caberá à diretoria científica julgar o excesso de ilustrações, suprimindo
redundâncias. A ela caberá também a adaptação dos títulos e subtítulos dos
trabalhos, bem como a preparação do texto, com a finalidade de uniformizar
a produção editorial.
02 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
Diretor Editorial: Dr. Fábio Luís Peterlini
Diretora Científica: Profa. Dra. Ariadne da Silva Fonseca
Coordenação Editorial: Amanda Ilkiu
Produção Editorial: Amanda Ilkiu
Jornalista Responsável: Vanessa Spada MTb 32.479
Editor de Arte: Felipe Massari
Produção Gráfica: Type Brasil
Tiragem: 1000 exemplares
Diagramação: Ei Viu! Design e Comunicação
Expediente
CONSELHO EDITORIAL
Adriano Francisco Cardoso Pinto • Ana Lucia das Graças Gomes
• Angelica Cristina Saes • Ariadne da Silva Fonseca • Carlos
Augusto Dias • Carlos Gorios • Daniela Akemi Costa • Emanuel
Salvador Toscano • Fábio Luís Peterlini • Jair Rodrigues Cremonin
Junior • José Antonio Pinto • José Ribamar Carvalho Branco Filho
• Leonardo Hiroki Kawasaki • Lucia de Lourdes Leite de Souza
Campinas • Lucia Milito Eid • Marcelo Alvarenga Calil • Luiz Carlos
Bordim • Marcelo Ricardo de Andrade Sartori • Marco Aurélio
Silvério Neves • Renato José Vieira • Vânia Ronghetti
Sumário
Editorial
4
Ocorrência de Iatrogenias em Unidade de Terapia Intensiva:
revisão integrativa da literatura.
6
Iatrogenic Occur in the Intensive Care Unit (ICU): a literature review.
Las Infecciones Iatrogénicas en la Unidad de Cuidados Intensivos: una
revisión integradora de la literatura.
Nicole Santos Ferreira
Giane Elis de Carvalho Sanino
Neisa Castells Fontes Lourenço
Medidas de prevenção de transmissão de doença adotadas pelos
educadores de Centros de Educação Infantil
16
Prevention Measures for Diseases Transmission Adopted by the Educators of
Child's Education Center
MISSÃO
O Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa é uma
publicação da Rede de Hospitais São Camilo com periodicidade bimestral, destinado à divulgação de conhecimento científico da área de saúde e tem como finalidade contribuir para a
construção do conhecimento através do acesso científico dos
diferentes campos do saber.
Medidas de Prevención de Transmisión de Enfermedades Adoptadas por los
Educadores de Centros de Educación Infantil
Barbara Cunha da Paixão
Julia Peres Pinto
Identificação de Diagnóstico de Enfermagem em famílias
atendidas em um programa de Intervenção à família e
Comunidade
23
Identification of Nursing Diagnosis in families cared for in an Interventional
Family and Community Program
La Identificación de los Diagnóstico de Enfermería en las que asisten a un
programa de intervención familiar y comunitaria
Raquel do Amaral Sampaio
Ariadne da Silva Fonseca
Ana Lucia de Moraes Horta
Análise de Instrumentos para Registro do Processo de
Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal
Analyze Instruments for the Nursing Process Register Used at Neonatal
Intensive Care Units.
Análisis de Herramientaspara Registro del Proceso de Enfermería en las
Unidades de Cuidado Intensivo Neonatal.
Beatriz Ariza Soares dos Santos
Julia Peres Pinto
31
Editorial
Residência Médica a nova conquista
da Rede de Hospitais São Camilo
Ariadne da Silva Fonseca
Coordenadora de Publicações do Instituto de Ensino e Pesquisa
Instituída pelo Decreto nº 80.281, de 5 de setembro de 1977, a residência médica é uma
modalidade de ensino de pós-graduação destinada a médicos, sob a forma de curso de especialização. Funciona em instituições de saúde, sob a orientação de profissionais médicos de
elevada qualificação ética e profissional.
No Brasil, a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) criou normas e critérios para
o credenciamento de programas de residência médica. O Programa de Residência Médica,
cumprido integralmente dentro de uma determinada especialidade, confere ao médico residente o título de especialista. A expressão “residência médica” só pode ser empregada para
programas que sejam credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica.
A preocupação com a preparação profissional daqueles que cuidam da saúde da população é uma constante na história da humanidade. Especificamente na residência médica, muito se tem discutido sobre competências essenciais que deem maior efetividade ao processo
de formação, melhorando os resultados dessa modalidade de pós-graduação.
Para oferecer um programa de residência médica, a instituição deve dispor de uma infraestrutura necessária, uma dinâmica de serviços de saúde suficiente e de um programa pedagógico bem elaborado.
Assim a Rede de Hospitais São Camilo elaborou 3 programas de residência médica, nas
áreas de Anestesiologia, Hematologia e Hemoterapia e Radiologia e Diagnóstico por Imagem que foram aprovadas pelo MEC e tiveram início no começo deste ano. Esta é mais uma
conquista dos nossos profissionais e da instituição. Parabéns a todos os envolvidos e vamos
juntos em busca do conhecimento científico visando à qualidade da assistência prestada.
Feliz 2015 a todos!
04 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
Medical Residency – The New Accomplishment
of the São Camilo Hospital Network
Established by Decree no. 80.281 dated September 5, 1977, Medical Residency is a modality of post-graduation teaching for doctors
of medicine in the form of a specialization course. It takes place in health institutions under the guidance of highly ethical and qualified
medical professionals.
In Brazil, the National Medical Residency Committee (CNRM) set in place standards and criteria to accredit medical residency programs. When the Medical Residency Program thoroughly meets a certain specialty, it grants the resident doctor the title of specialist.
The term “medical residency” may be used only for programs accredited by the National Medical Residency Committee.
The concern over the professional preparation of those who take care of the health of the population has been constant in the history
of mankind. Specifically in medical residency, much has been discussed about the key competencies that give higher effectiveness to
the training process, improving the results of that post-graduation modality.
To offer a medical residency program, the institution must have the necessary infrastructure, a sufficient health services dynamics
and a well structured pedagogical program.
As a result, the São Camilo Hospital Network came up with three medical residency programs in the areas of Anesthesiology, Hematology and Hemotherapy and Radiology and Diagnostic Imaging, approved by the MEC (Ministry of Education and Culture) and started
early this year. This is still another accomplishment of our professionals and our institution. Congratulations to all those involved! And
let’s forge on in search of the scientific knowledge to improve the quality of the assistance we provide.
Happy 2015 to you all!
Residencia Médica la nueva conquista
de la Red de Hospitales São Camilo
Instituida por el Decreto nº 80.281 del 5 de septiembre de 1977, la residencia médica es una modalidad de enseñanza de post-grado
destinada a médicos, bajo la forma de curso de especialización. Funciona en instituciones de salud, bajo la orientación de profesionales
médicos de elevada calificación ética y profesional.
En Brasil, la Comisión Nacional de Residencia Médica (CNRM) creó normas y criterios para la acreditación de programas de residencia
médica. El Programa de Residencia Médica cumplido integralmente dentro de una determinada especialidad, otorga al médico residente el título de especialista. La expresión “residencia médica” sólo se puede utilizar para programas que sean acreditados por la Comisión
Nacional de Residencia Médica.
La preocupación con la preparación profesional de aquellos que cuidan de la salud de la población es una constante en la historia de
la humanidad. Específicamente en la residencia médica, mucho se ha discutido sobre competencias esenciales que den mayor efectividad al proceso de formación, mejorando los resultados de esa modalidad de post-grado.
Para ofrecer un programa de residencia médica, la institución debe disponer de una infraestructura necesaria, una dinámica de servicios de salud suficiente y de un programa pedagógico bien elaborado.
Así la Red de Hospitales São Camilo elaboró 3 programas de residencia médica, en las áreas de Anestesiología, Hematología y Hemoterapia y Radiología y Diagnóstico por Imagen que fueron aprobadas por el Ministerio de Educación y Cultura (MEC) y empezaron
al inicio de este año. Esta es una conquista más de nuestros profesionales y de la institución. Felicitaciones a todos los involucrados y
juntos vamos en búsqueda del conocimiento científico teniendo en vista la calidad de la asistencia prestada.
¡Feliz 2015 a todos!
05
Ocorrência de Iatrogenias em Unidade de Terapia
Intensiva: revisão integrativa da literatura.
Iatrogenic Occur in the Intensive Care Unit (ICU): a literature review.
Nicole Santos Ferreira
Giane Elis de Carvalho Sanino
Neisa Castells Fontes Lourenço
Las Infecciones Iatrogénicas en la Unidad de Cuidados Intensivos:
una revisión integradora de la literatura.
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo identificar a ocorrência de iatrogenias em UTI relacionadas aos aspectos éticos e carga de trabalho da equipe de
enfermagem Buscou-se identificar as evidências na literatura e avaliar a existência de relação entre erros de enfermagem e carga de trabalho elevadas e relacionálas à dupla jornada de trabalho. Tratou-se de uma revisão integrativa, na qual foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o tema na produção cientifica nas
bases de dados do Scientific Electronic Library Online (Scielo), Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) e Google acadêmico. Identificou-se que o dimensionamento
do pessoal de enfermagem fundamenta o planejamento e a avaliação do quantitativo de pessoal para prover cuidados de enfermagem que possam garantir a
qualidade, de acordo com a estrutura da instituição, e particularidade de cada serviço. Concluiu-se que a carga excessiva de trabalho pode conduzir à exaustão
e à insatisfação profissional, o que aumenta a taxa de absenteísmo e de rotatividade, comprometendo as metas e a imagem institucional.
PALAVRAS-CHAVE
Iatrogenias em UTI, ética em UTI e Carga de trabalho em UTI.
ABSTRACT
This study aimed to identify the occurrence of iatrogenic complications related to ethical issues in the ICU and workload of the nursing staff tried to identify the
evidence in the literature and assess the existence of a relationship between errors in nursing and high working load and relate -Las the double shift. It was an
integrative review, in which a literature on the subject in the scientific production in the databases of the Scientific Electronic Library Online (SciELO), Virtual Health
Library (BIREME) and Google scholar was performed. It was identified that the scaling of nursing staff based planning and evaluation of quantitative personnel to
provide nursing care that can ensure quality, according to the structure of the institution, and peculiarity of each service. It was concluded that excessive workload
can lead to exhaustion and job dissatisfaction, which increases the rate of absenteeism and turnover, undermining the goals and the institutional image.
KEYWORDS
Iatrogenic ICU, ICU ethics and workload in ICU.
RESÚMEN
Este estudio tuvo como objetivo identificar la ocurrencia de eventos iatrogénicos en la UCI en relación a los aspectos éticos y carga de trabajo del personal de
enfermería. Trató de identificar en la literatura las evidencias y evaluar la existencia de relación entre los errores de enfermería y el alto volumen de trabajo y
relacionarse a lo doble turno. Esta fue una revisión integradora, que se basaba en una literatura sobre el tema en la producción científica en las bases de datos de
la Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual en Salud (BIREME) y Google Scholar. Se encontró que el tamaño de la planificación basada en
el personal de enfermería y evaluación de personal cuantitativos para proporcionar cuidados de enfermería que se puede asegurar la calidad, de acuerdo con la
estructura de la institución y particularidad de cada servicio. Se concluyó que la carga de trabajo excesiva puede llevar al agotamiento y la insatisfacción laboral,
lo que aumenta la tasa de absentismo y la rotación, lo que compromete los objetivos y la imagen institucional.
PALABRAS-CLAVE
Iatrogénica en la UCI, la ética en la UCI y la carga de trabajo en la UCI.
NICOLE SANTOS FERREIRA • Concluinte do curso de enfermagem da Universidade Paulista.
GIANE ELIS DE CARVALHO SANINO • Enfermeira Doutoranda em Educação, Mestre em Educação, professora Adjunta
do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIP, Professora Líder das disciplinas de Políticas de Saúde.
NEISA CASTELLS FONTES LOURENÇO • Mestre em Enfermagem, Professora adjunta de graduação da Universidade Paulista.
06 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
I • INTRODUÇÃO
As unidades de terapias intensivas (UTIs) são reconhecidas pela elevada carga de trabalho e nos últimos anos houve a inclusão da demanda de trabalho de enfermagem como um parâmetro para avaliação
dos resultados, devido ao seu impacto na qualidade da assistência intensiva1,2.
Dessa forma, a avaliação de tal demanda de trabalho, bem como dos fatores associados a ela, tem se
mostrado indispensável como recurso de gestão dessas unidades, pois se sabe que uma equipe reduzida tende a determinar uma queda na eficiência da assistência, prolongando a internação, aumentando a
mortalidade/ morbidade e gerando um maior custo no tratamento dos pacientes2.
Nessas circunstâncias, uma equipe de enfermagem com o conhecimento prévio dos fatores associados à alta carga de trabalho é capaz de estabelecer estratégias para admitir o paciente na Unidade e dar
continuidade ao processo de cuidar na UTI, de modo a garantir a qualidade e eficiência do seu trabalho2.
Para a definição dos recursos humanos necessários às demandas do trabalho de enfermagem, há
que se observarem diferentes variáveis: atividades a serem realizadas, complexidade e necessidade de
qualificação técnica dos profissionais, grau de dependência da clientela, tecnologia necessária para o
desenvolvimento do trabalho, recursos técnicos e materiais disponíveis, além de características de ordem
técnica, científica e pessoal dos trabalhadores3,4. Dentre eles, pode-se considerar de interesse os demográficos e clínicos como idade, sexo, dados da internação, como procedência, tipo de tratamento, tempo
de permanência e condição de saída da UTI, além da gravidade2.
Atualmente, a adequação quantiqualitativa da equipe de enfermagem é regulamentada pela Resolução COFEN Nº 293/2004 e se baseia nas características da instituição, do serviço de enfermagem e da
clientela atendida. Desse modo, o referencial mínimo para o dimensionamento do quadro necessário de
profissionais de enfermagem para as 24 horas de cada unidade de internação, nele se incluindo todos os
elementos que compõem a equipe, considera o Sistema de Classificação de Pacientes (SCP), as horas
de assistência de enfermagem, os turnos e a proporção funcionário/leito2.
Segundo o artigo Art. 3º da Resolução COFEN Nº 293/2004, o referencial mínimo para o quadro de
profissionais de Enfermagem, incluindo todos os elementos que compõem a equipe, para as 24 horas
de cada Unidade de Internação, considera o SCP, as horas de assistência de Enfermagem, os turnos e a
proporção funcionário/leito. Para efeito de cálculo, devem ser consideradas como horas de Enfermagem,
por leito, nas 24 horas sendo: 3,8 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência mínima ou autocuidado; 5,6 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência intermediária; 9,4 horas de Enfermagem, por
cliente, na assistência semi-intensiva; 17,9 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência intensiva5.
Diversos autores5-7 estudaram a descrição para iatrogenias e levantaram que iatrogenias, ocorrências
éticas, complicações, erros, eventos adversos, incidente crítico negativo e falha são eventos indesejáveis,
não intencionais. São termos utilizados para o mesmo tipo de discussão. Normalmente, definidos como:
“eventos indesejáveis, de acometimento danoso à integridade física ou moral, prejudiciais, relacionados
às intervenções prestadas pelo enfermeiro, técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem, capaz de
comprometer ou com potencial para comprometer a segurança do paciente1,2”.
Contudo, apesar de ter significado específico, o termo iatrogenia tem sido empregado largamente para
identificar ação prejudicial1,7,8,9,10.
Mesmo sabendo que falhas no cuidado de pacientes ocorrem frequentemente, somente nos últimos
anos foi observado um aumento no número de estudos referentes aos eventos adversos em UTIs11.
Embora o fator humano esteja presente nos eventos adversos, condições de trabalho, estruturais e
atividades desenvolvidas podem estar relacionadas ao desencadeamento de erros12,13.
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um local onde os eventos adversos merecem análise particular,
levando em consideração que o paciente grave apresenta algumas características que o tornam mais
susceptível a erros. Ainda, eles devem ser analisados para identificar problemas estruturais, recursos
humanos, materiais, equipamentos e processo de trabalho para subsidiar medidas preventivas de falhas
no ambiente hospitalar12,14.
07
Ocorrência de Iatrogenias em Unidade de Terapia Intensiva: revisão integrativa da literatura.
As UTIs são unidades hospitalares destinadas ao atendimento de pacientes graves ou de risco que
dispõem de assistência médica e de enfermagem ininterruptas, com equipamentos específicos próprios,
recursos humanos especializados e que tenham acesso a outras tecnologias destinadas a diagnóstica e
terapêutica15. São consideradas como locais destinados à prestação de assistência especializada a pacientes em estado crítico16. Para os pacientes aí internados há necessidade de controle rigoroso dos seus
parâmetros vitais e assistência de enfermagem contínua e intensiva17.
Algumas características peculiares de uma UTI são: o ambiente permeado por tecnologia de ponta,
situações iminentes de emergência e necessidade constante de agilidade e habilidade no atendimento
ao cliente17.
Apesar de toda a tecnologia empregada e melhora da assistência prestada, o índice de mortalidade
ainda é elevado17.
Desta forma a escala de dimensionamento de pessoal deve atender ao cálculo de Quadro de Pessoal,
levando-se em conta: Índice de segurança técnica Jornada semanal de trabalho, período de tempo e
distribuição percentual dos profissionais de enfermagem5.
Segundo a resolução do COFEN 293/2004, Recursos humanos insuficientes, em desacordo com o
dimensionamento de pessoal e sobrecarga de trabalho são algumas das explicações para iatrogenia5.
A categoria da enfermagem representa em torno de 60% do quadro de pessoal das instituições de
saúde, quantidade alta, quando comparado com as demais categorias profissionais. O enfermeiro é parte
integrante da equipe de saúde e tem a responsabilidade técnica pela assistência prestada ao paciente,
tanto aquela executada por ele próprio como aquela realizada pela equipe de enfermagem. Para isso, é
necessário ter conhecimento, domínio e habilidade técnica, tendo em vista a prestação de uma assistência resolutiva e qualificada. Vale ressaltar que estes requisitos são ainda mais importantes quando se trata
de setores hospitalares em que as atividades nelas desenvolvidas são consideradas complexas7,8.
Neste sentido, os profissionais necessitam estar adequadamente instrumentalizados, para proporcionar
cuidados de enfermagem qualificados, articulados com os demais membros da equipe multiprofissional
e interdisciplinar, visando a resolutividade das ações, na promoção, recuperação e reabilitação da saúde
dos clientes8.
II • OBJETIVOS
Identificar as principais causas das iatrogenias em UTI. Avaliando a existência de relação entre erros de
enfermagem, carga de trabalho elevadas e dupla jornada de trabalho.
III • METODOLOGIA
Para realizar esta pesquisa e se alcançar os objetivos do estudo, utilizou-se como metodologia a revisão
integrativa que tem como busca de conhecimentos atual referente à temática especifica, buscando realizar
as seguintes fases: identificação do tema, busca na literatura, categorização dos estudos, avaliação dos
estudos, interpretação dos resultados e a síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados.
Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o tema na produção cientifica nacional disponíveis
nas bases de dados da Scielo, BIREME, e no Google acadêmico nos últimos 10 anos (2004 a 2014), no
idioma português, que atenderam aos descritores selecionados (Iatrogenias em UTI, ética em UTI e Carga
de trabalho em UTI), procurando identificar a ocorrência de iatrogenias em UTI.
Os critérios utilizados para inclusão foram:
08 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
1ª Leitura do titulo: Foram selecionados títulos direcionados ao tema de Iatrogenias em UTI.
2ª Leitura do resumo: Após breve leitura dos títulos relacionados e interesse no assunto, foi realizada
leitura dos resumos.
3ª Leitura da integra: Buscando respostas a questão norteadora. Utilizando-se os seguintes descritores:
Iatrogenias em UTI, ética em UTI e Carga de trabalho em UTI. Desses artigos foram utilizados 15, sendo
1 pesquisa no ministério da saúde relacionada a critérios de classificação para as unidades de tratamento
intensivo e 1 pesquisa no COFEN online focando a cartilha de dimensionamento de pessoal. Após síntese das ideias buscou-se responder a seguinte questão norteadora: Quais as causas da ocorrência de
iatrogenias em UTI?
IV • RESULTADOS
Foram selecionados e analisados 15 artigos, 1 pesquisas no ministério da Saúde e 1 pesquisa no COFEN online conforme os critérios de inclusão previamente estabelecidos.
Foram excluídos 10 artigos. Artigos publicados fora do ano de 2004, que não continham conteúdo relevante, em língua estrangeira, aqueles que não atenderam aos critérios estabelecidos, aqueles que se encontravam
repetidos nas bases de dados do estudo durante a leitura dos resumos da temática da pesquisa.
Dos 15 artigos encontrados verificou-se que são de pesquisa de campo 46,66% (nº=7), revisão integrativa da literatura 40,00% (nº=6), estudo de corte transversal com abordagem quantitativa 13,33% (nº=2).
A partir do agrupamento dos artigos e feita comparação entre os mesmos foram encontradas categorias temáticas que responderam a questão norteadora do estudo: sobrecarga de trabalho; trabalho em
turnos; ambiente e recursos materiais.
TABELA 01 – Distribuição dos aspectos que justificam a sobrecarga de trabalho com a ocorrência de
iatrogenias de acordo com os artigos analisados. São Paulo, 2014.
ASPECTOS
TOTAL
(%)
Ansiedade, impotência e estresse foram sentimentos apontados
em decorrência da sobrecarga de trabalho.
5
28
Numero reduzido de funcionários, sobrecarga de tarefas.
4
22
Cansaço físico e mental.
4
22
Muitos dias de trabalho sem folga.
3
17
Sobrecarga recorrente ao acumulo de empregos.
2
11
TOTAL:
18
100
X= 1,2 Aspectos justificam a sobrecarga de trabalho com a ocorrência de iatrogenias / Artigo.
Obsevou-se, na Tabela 1 o aspecto que justifica a o trabalho em turnos com a ocorrência de iatrogenias
que mais se destaca nas publicações pesquisadas é Ansiedade, impotência e estresse foram sentimentos
apontados em decorrência da sobrecarga de trabalho, Não repor o sono, padrões de descanso alterados,
onde (n=05) representa 28% das citações nas publicações.
“Uma assistência de
qualidade livre de danos
ao Paciente necessita de
profissionais em quantidade
suficiente e devidamente
instrumentalizados para o
cuidado.”
09
Ocorrência de Iatrogenias em Unidade de Terapia Intensiva: revisão integrativa da literatura.
TABELA 02 – Distribuição dos aspectos que justificam o trabalho em turnos com a ocorrência de iatrogenias de acordo com os artigos analisados. São Paulo, 2014.
ASPECTOS
TOTAL
(%)
Não repor o sono, padrões de descanso alterados.
5
29
Condições precárias de trabalho.
4
23
Má elaboração da escala mensal.
3
18
Não conseguir conciliar a escala mensal com a de outra instituição
de trabalho.
3
18
Falta de materiais, improviso.
2
12
TOTAL:
17
100
X= 1,1 Aspectos justificam o trabalho em turnos com a ocorrência de iatrogenias / Artigo.
Na Tabela 2 o que mais se destaca nas publicações pesquisadas é: não repor o sono, padrões de
descanso alterados, (n=05) totalizando 29% das publicações pesquisadas.
TABELA 03 – Distribuição dos aspectos que justificam o ambiente com a ocorrência de iatrogenias de
acordo com os artigos analisados. São Paulo, 2014.
ASPECTOS
TOTAL
(%)
Iluminação Artificial, temperatura.
5
29
Ambiente fechado e planta física.
4
23
Ruídos provenientes de monitores, respiradores e bombas de
infusão, que geram irritação, e dificuldade de entendimento entre
os pofissionais.
3
18
3
18
Insônia, relacionado ao ambiente de trabalho.
2
12
TOTAL:
17
100
X= 1,0 Aspectos justificam o ambiente com a ocorrência de iatrogenias / Artigo.
Em relação aos aspectos referentes às Tabela 3 relacionada ao ambiente iluminação Artificial, temperatura (n=03) no total de 33%, foram os mais mencionados pelos autores da área das Ciências da Saúde.
TABELA 04 – Distribuição dos aspectos que justificam os recursos materiais com a ocorrência de iatrogenias de acordo com os artigos analisados. São Paulo, 2014.
ASPECTOS
TOTAL
(%)
Falta de materiais, necessidade de improviso.
3
33
Falta de serviços de apoio como laboratório, farmácia dentre outros.
3
33
Más condições de trabalho
3
33
TOTAL:
9
100
10 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
X= 0,6 Aspectos justificam o ambiente com a ocorrência de iatrogenias / Artigo.
Em relação aos aspectos referentes à Tabela 4 relacionados aos recursos materiais todos os aspectos:
falta de materiais, necessidade de improviso; falta de serviços de apoio como laboratório, farmácia dentre
outros e as más condições de trabalho respectivamente correspondem ao mesmo numero (n=9), sendo
100% igualmente mencionados pelos autores como justificativas para iatrogenias.
V • DISCUSSÃO
a. Sobrecarga de trabalho
Nas UTIs reconhecidas pela elevada carga, e pelo elevado índice de mortalidade, durante décadas
utilizou-se a razão mortalidade x morbidade como parâmetro de escolha para descrever resultado da
eficiência do cuidado intensivo. Nos últimos anos porem, a inclusão da demanda de trabalho de enfermagem como um parâmetro para avaliação dos resultados tem sido também considerada, devido ao
seu impacto na qualidade da assistência intensiva. Dessa forma a avaliação de tal demanda de trabalho,
bem como dos fatores associados a ela, tem se mostrado indispensável como recurso de gestão dessas
unidades2,8,12.
11
Ocorrência de Iatrogenias em Unidade de Terapia Intensiva: revisão integrativa da literatura.
Um instrumento que vem sendo usado atualmente para descrever o tempo gasto pela enfermagem
no cuidado ao paciente em estado crítico é o NAS (Nursing Activities Score), que expressa diretamente a
porcentagem de tempo gasto pela equipe de enfermagem na assistência ao doente em estado crítico em
24 horas, podendo chegar ao Maximo a 176,8%2,8.
A jornada diária seja de seis ou doze horas e o piso salarial da categoria facilitam o acúmulo de empregos, sobrecarregando os profissionais de saúde. O número reduzido de funcionários e de material, a
sobrecarga de tarefas, a pouca experiência profissional, os muitos dias de trabalho sem folga e a falta
de assiduidade e pontualidade dos profissionais exigem que realizem inúmeras tarefas que deveriam ser
divididas com outros membros da equipe. Isso implica o aumento das exigências físicas e emocionais, o
que pode gerar o estresse físico ou mental e influenciar na qualidade do cuidado2,12.
b. Trabalho em Turnos
O profissional que realiza o plantão noturno dificilmente repõe o sono, pois não consegue dormir bem durante o dia, causando-lhe estresse, assim como a falta de tempo para pausas, fazendo com que o profissional
12 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
realize sua refeição rapidamente. Seriam necessárias pausas mais frequentes para diminuir o desgaste físico e
emocional, pois estes profissionais trabalham em pé, em ritmo acelerado e sobre tensão constante2,12.
A falta de recursos materiais e de equipamentos impede que as atividades sejam realizadas com eficiência, tornando as condições de trabalho precárias3,4). Os profissionais necessitam improvisar, e o processo de cuidar torna-se frustrantes dadas às dificuldades encontradas nas condições de trabalho. Diante
desse problema, os profissionais tentam fazer o melhor que podem, porém isso implica a perda de tempo,
que poderia ser destinado à assistência, resultando em prejuízo para a qualidade do cuidar. Surgem, então, irritação e cansaço do profissional e com isso o estresse2,17.
A elaboração da escala mensal é citada pelos profissionais enfermeiros como gerador de estresse, pois
é bastante complicada no que diz respeito à sua distribuição, principalmente em meses que possuem
feriados ou datas comemorativas. Além disso, há a preocupação em conciliar a escala com a de outras
instituições, uma vez que alguns profissionais de enfermagem possuem mais de um emprego12,17.
c. Ambiente
Os fatores ambientais da UTI podem contribuir para a evolução dos sintomas de estresse e influenciar
o trabalho dos profissionais de forma negativa. A iluminação artificial, o ruído, a temperatura, o ambiente
fechado e a planta física são alguns desses fatores. A iluminação deve seguir alguns requisitos, de modo
a evitar a fadiga ocular, e para isso é necessário que ela seja bem distribuída, suficiente e sua intensidade
constante2,12.
Os ruídos provenientes dos monitores, respiradores e bombas de infusão são importantes e necessários para chamar a atenção dos profissionais, pois, quando os alarmes disparam, algum problema
pode estar ocorrendo com o paciente. Contudo, geram irritação e dificuldade de entendimento entre os
profissionais, que muitas vezes necessitam aumentar o tom da voz para que haja melhor comunicação
entre eles. A incompreensão das palavras pronunciadas pode influenciar na ocorrência de erros humanos,
acarretando riscos ou mesmo danos à saúde dos pacientes. Esses ruídos podem também acometer o
sono e o descanso dos profissionais, pois alegam ter a sensação de ouvir os alarmes durante a noite,
apresentando episódios de insônia e sonhos relacionados ao ambiente de trabalho. Os ruídos não diminuem o desempenho profissional, porém a exposição a níveis elevados e por longos períodos pode
acarretar em comprometimentos auditivos, mentais e sociais no indivíduo2, 8,12.
d. Recursos Materiais
A UTI necessita de serviços de apoio para seu pleno funcionamento, ou seja, laboratório clínico, radiologia, farmácia, manutenção de equipamentos, dentre outros. Tais serviços devem funcionar adequadamente para que o setor produza sua operação com rapidez e segurança. A não eficácia em qualquer um
desses serviços pode gerar sentimentos de irritação, angústia, frustração e desânimo para a equipe2.
Boas condições de trabalho devem ser oferecidas para que a equipe possa desempenhar suas atividades sem sobrecarga ou falta de materiais, evitando a exaustão e o estresse2,17.
VI • CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo foi possível observar que a carga excessiva de trabalho pode conduzir à exaustão e à
insatisfação profissional, o que aumenta a taxa de absenteísmo e de rotatividade, comprometendo as
metas e a imagem institucional.
Uma assistência de qualidade livre de danos ao Paciente necessita de profissionais em quantidade
suficiente e devidamente instrumentalizados para o cuidado.
O enfermeiro deve estar qualificado para o desenvolvimento de atividades mais complexas, seja na
assistência ou na gestão. Os enfermeiros precisam ter capacidade de liderança, criatividade, empatia,
humildade, além de um vasto conhecimento cientifico, que ira contribuir para o trabalho em equipe.
O enfermeiro deve
estar qualificado para
o desenvolvimento de
atividades mais complexas,
seja na assistência ou na
gestão.
13
Ocorrência de Iatrogenias em Unidade de Terapia Intensiva: revisão integrativa da literatura.
REFERÊNCIAS
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14 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
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=S1414-81452006000200019> Acesso em: 12 de Setembro de 2014.
NICOLE SANTOS FERREIRA - [email protected]
15
Medidas de prevenção de transmissão de doença
adotadas pelos educadores de Centros de
Educação Infantil
Barbara Cunha da Paixão
Julia Peres Pinto
Prevention Measures for Diseases Transmission Adopted by the
Educators of Child's Education Center
Medidas de Prevención de Transmisión de Enfermedades
Adoptadas por los Educadores de Centros de Educación Infantil
RESUMO
Este estudo tem como objetivo identificar as medidas de prevenção adotadas pelos educadores. Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa não
experimental, com delineamento transversal. A amostra foi composta por 49 educadores dos três Centros de Educação Infantil. A coleta de dados foi realizada
por meio de questionário que incluiu itens acerca da utilização das medidas de prevenção para transmissão de doenças em Centro de Educação Infantil. Os
resultados apontaram que 68% (33) dos colaboradores, adotam a higienização das mãos como medida de prevenção, apenas 16% (8) responderam que utilizam
luvas durante a troca de fraldas. Embora, a maioria dos educadores, reconheça as causas de transmissão de doenças não estabelecem rotinas para diminuir a
disseminação de patógenos no ambiente.
PALAVRAS-CHAVE
Prevenção de doenças, Centro de educação infantil, Transmissão de Doenças.
ABSTRACT
This study aims to identify the preventive measures adopted by educators. This is a study of non-experimental quantitative approach, with cross-sectional design.
The sample consisted of 49 educators of the three Child´s Education Center. Data collection was conducted through a questionnaire that included items about the
use of prevention measures for disease transmission in Early Childhood Center. The results showed that 68% (33) of employees, adopt hand hygiene as a preventive
measure, only 16% (8) responded using gloves when changing diapers. While most educators recognize the disease transmission causes do not establish routines
to reduce the spread of pathogens in the environment.
KEYWORDS
Disease prevention, Child´s Education Center, Disease Transmission.
RESÚMEN
Este estudio tiene como objetivo identificar las medidas preventivas adoptadas por los educadores. Se trata de un estudio de abordaje cuantitativo, no experimental,
con diseño transversal. La muestra está formada por 49 educadores de los tres centros de educación infantil. La recolección de datos se realizó a través de un
cuestionario que incluía artículos sobre el uso de medidas de prevención para la transmisión de la enfermedad en el Centro de Atención Temprana. Los resultados
mostraron que el 68% (33) de los empleados, adopta la higiene de manos como medida preventiva, sólo el 16% (8) respondió usando guantes para cambiar
pañales. Aunque la mayoría de los educadores reconocen la enfermedad causas de transmisión no establecen rutinas para reducir la propagación de agentes
patógenos en el medio ambiente.
PALABRAS-CLAVE
Prevención de Enfermedades, Centro de Educación Infantil, Transmisión de Enfermedades.
BARBARA CUNHA DA PAIXÃO • Graduada em Enfermagem na Universidade Anhembi Morumbi. Pós-graduanda em
Enfermagem em Terapia Intensiva na Instituição Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein.
JULIA PERES PINTO • Enfermeira, Doutora, Docente do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Anhembi
Morumbi. Vice Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn Seção São Paulo
16 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
I • INTRODUÇÃO
Os Centros de Educação Infantil são instituições mantidas e financiadas pelo poder público, com objetivo de atender as crianças nas suas necessidades de cuidado e educação. O cuidado tem como base
ajudar o outro a desenvolver-se integralmente como ser humano na dimensão afetiva e nos aspectos
biológicos do corpo, proporcionando o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de aprendizagens educativas1.
O surgimento dos centros de educação Infantil está ligado às transformações na sociedade, na organização familiar, no papel social e suas respectivas repercussões, principalmente, no que se refere aos
cuidados com as crianças pequenas. O aumento da participação feminina no mercado de trabalho e um
dos fatores é o que contribui para que cada vez mulheres buscarem diferentes tipos de ajuda no cuidado
e educação dos filhos2.
Apesar de serem consideradas como instituições fundamentais de apoio as crianças e suas famílias, os
CEIs representam ambientes coletivos onde ocorre a interação criança/adulto e criança/criança nos quais
pessoas que diferentes famílias, culturas e idade convivem diariamente em uma constante proximidade
física, aumentando o risco de exposição, contaminação e transmissão de agentes causadores de doenças3. Crianças em especial abaixo de três anos, apresentam maior número de doenças, principalmente
diarreica, infecções no trato respiratório do que aquelas que não frequentam creches4, assim ser usuária
de CEIs torna a criança mais suscetível á transmissão de agentes patógenos.
Nesse tipo de ambiente coletivo onde há convivência de indivíduos de diferentes procedências em um
mesmo espaço físico é necessário que existam procedimentos de higiene ambiental e pessoal diferentes
daqueles utilizados em ambientes domésticos5 para proporcionar a segurança e construção de bem estar
das pessoas que nele interagem, bem como promover a construção de hábitos saudáveis3.
O crescente aumento de número de CEIs, assim como de crianças que frequentam essas instituições,
constitui um grupo de risco devido à vulnerabilidade presente nesse tipo de ambiente coletivo, pois as
pessoas que os compõem têm maior risco de desenvolver infecções com maior frequência. O agrupamento de pessoas por horas prolongadas, superiores a dez horas, é um aspecto determinante para a
morbidade. Em um ambiente aglomerado o contato físico é intenso durante as relações afetivas, na hora
das refeições e brincadeiras, o que facilita a grande veiculação dos patógenos, a ocorrência de surtos,
infecções severas e contaminação do ambiente6.
Para garantir a qualidade da educação infantil, existem indicadores que direcionam a avalição das dimensões da saúde que incluem procedimentos de cuidados pessoais destinados á crianças, sendo um
deles a higiene das mãos7.
A relação do processo saúde/doença em Centro de Educação Infantil estão ligados a três conjuntos de
fatores destacando como o primeiro sujeito o educador, que por sua vez está envolvido aos aspectos
biopsicossociais aos quais envolvem a saúde física e psicológica infantil, assim como os cenários que
permite o relacionamento educador e criança com suas rotinas, praticas e estrutura física e o terceiro
conjunto de fatores são o que podemos chamar de campos interativos que são varias possibilidades de
interação8.
Atualmente a higienização das mãos vem sendo tratada como prioridade, envolvendo vários órgãos
como Organização Mundial da Saúde (OMS), como um tema de maior importância e abrangência, que
podem prevenir a ocorrência e disseminação de doenças7.
Em uma revisão da literatura cujo objetivo foi descrever a efetividade das medidas de controle na
prevenção da transmissão de doenças em CEIs, a lavagens das mãos foi apontada como item maior
relevância. Dentre as recomendações estão citadas as situações nas quais funcionários e crianças devem
lavar as mãos quando estas que estiverem contaminadas com secreções corpóreas; antes de manipular,
preparar e servir alimentos; após usar o banheiro ou trocar fraldas; após ajudar a criança a usar o banheiro; antes de qualquer atividade relacionada a alimentação como refeições e lanches9.
A finalidade das técnicas para higienização das mãos é a remoção da sujidade, suor, microbiota tran-
17
Medidas de prevenção de transmissão de doença adotadas pelos educadores de Centros de Educação Infantil
sitória, células descamativas, peles oleosidades, bem como a prevenção e a redução das infeções cruzadas. Com a realização da anti-sepsia temos a diminuição dos microrganismos de peles e mucosas,
podendo eles se propagar em diferentes níveis, removendo a microbiota transitória que coloniza bactérias
e a multiplicação de microrganismos10.
Apesar da relevância da lavagem das mãos, outras medidas de Precaução Padrão, como uso de luva
e avental, devem ser adotadas para prevenir a disseminação de doenças e reduzir o impacto desta na
saúde individual e coletiva no ambiente da escola infantil. A padronização de rotinas para troca e descarte
de fraldas usadas, limpeza e desinfecção de áreas contaminadas, uso de lenços descartáveis para assuar
o nariz, treinamento de funcionários e orientação dos pais, também são estratégias que contribuem com
a manutenção da saúde da criança e educadores nos CEIs9.
No entanto, para que sejam instituídas, as educadoras necessitam de capacitação que permita sua
adesão à medida que visam prevenir a disseminação de patógenos entre pessoas e no ambiente.
II • OBJETIVO
Identificar as medidas de prevenção adotadas pelos educadores.
III • MATERIAL E MÉTODO
Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa não experimental, com delineamento transversal.
O CEI A possui 285 crianças, com idades entre 6 meses a 5 anos de idade, 26 educadores, sendo seis
volantes; o CEI B tem 265 crianças com idades entre 11 meses a 4 anos de idade, 26 educadores, sendo
seis volantes, e CEI C possui 85 crianças de 11 meses a 4 anos de idade, cinco educadores, sendo dois
considerados volantes.
Os três Centros de Educação Infantil são públicos, sendo dois por administração direta da prefeitura e
um conveniado. Essas instituições estão localizadas na Zona Norte do município de São Paulo, os dados
foram coletados no período vespertino, no mês de abril de 2014.
18 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
A população de estudo foi composta por 59 educadores dos três Centros de Educação Infantil, sendo
a amostra final de 49 participantes.
Os volantes também são denominados pelo serviço como educadores e tem a função de auxiliar os
professores fixos no momento de maior atividade das crianças como o horário das refeições, troca de
fralda e auxilio no uso do sanitário e da recreação.
A coleta de dados foi realizada nos locais de estudo conforme disponibilidade apresentada pela coordenadora da instituição dos CEIs em dias de reunião pedagógica.
Conforme a resolução 196/96, o estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Anhembi Morumbi e aprovado sob o número 432.821/2013. A coleta de dados também foi autorizada
pela diretora de cada instituição onde foi realizado o estudo.
Foram incluídos na pesquisa os educadores que estavam presentes no dia da coleta de dados e que
concordaram em participar voluntariamente do estudo após a assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido. Foram excluídos da pesquisa dez educadores que faltaram no dia da coleta de dados.
A coleta de dados foi realizada por meio de questionário que incluiu itens acerca da utilização das medidas de prevenção para transmissão de doenças em CEI.
Os dados foram coletados e inseridos em formas de tabelas e gráficos em frequência absoluta ou
relativa.
IV • RESULTADOS
Dos 100 % entrevistados, mais da metade, 68 % (33), adota a higienização das mãos como medida de
prevenção, apenas 16 % (8) responderam que utilizam luvas durante a troca de fraldas, no entanto as três
instituições, dispõe de luvas para o uso no momento da troca de fralda, 8 % (2) acreditam que com manter
alimentação adequada previne inúmeras doenças, porque tornam se mais resistentes, e 4% (2) afirma
separar os objetos dos alunos, fazendo com que não utilizem uns dos outros, 4 % (2) afirmam seguir as
orientações do CEI, porem não citam quais são essas orientações.
Observa-se que 92 % (45) dos educadores afirmam que estão com a carteira de vacinação atualizada,
8 % (4) responderam que não estão com a carteira de vacinação em dia. A instituição exige que as carteiras de vacinação estejam atualizadas.
Em relação a ultima vez que tomou a vacina, 43 % (21) não recordam quando foi a ultima vez que
atualizou a carteira de vacinação, 27 % (13) afirma ter atualizado a carteira de vacinação em 2013, 14%
(7) responderam entre 2010, 12 % (6) apontam atualização da carteira de vacinação em 2012 e 4% (2)
afirmam ter tomado vacina no ano de 2014.
O uso de uniforme não é obrigatório nos CEIs onde foi realizada a coleta de dados. Alguns educadores
14% (7) relatam que usam um avental como uniforme e 86 % (43) relatam que não. A instituição orienta
para não trabalharem com roupas decotadas.
Em relação ao uso de acessórios como anéis e adornos, 70% (33) desses profissionais afirmam que
existe uma orientação mas que não há proibição e apenas são orientados para não utilizá-los para prevenir possíveis acidentes com as crianças e evitar contaminação dos alimentos.
V • DISCUSSÃO
Todos os educadores possuem formação superior em pedagogia, isto justifica se porque de acordo a
Lei de Diretrizes Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996 dispõe em seu título VI, art. 62 que, para
atuar na educação básica, os docentes devem ter formação em nível superior, admitida, como formação
mínima, a oferecida em nível médio, na modalidade normal, ou seja podemos dizer que a partir deste
tornou se legal não só a função de educação infantil, mas a função do cuidar, uma vez que o CEI era visto
como uma creche com função de cuidar apenas1.
Embora a formação pedagógica atenda as conformidades da legislação do ensino infantil e as educadoras, na maioria, tenham realizado cursos de atualização profissional nesta área, estes não contemplam
“...ser usuária de CEIs torna
a criança mais suscetível
á transmissão de agentes
patógenos”
19
Medidas de prevenção de transmissão de doença adotadas pelos educadores de Centros de Educação Infantil
conteúdos que garantam a atuação segura junto às crianças em relação à prevenção de doenças em
ambiente coletivo e com grande numero de crianças.
Independente de cursos de atualização que abordem a transmissão de doenças em CEI não serem
obrigatórios, diversos autores tem defendido a necessidade inserir a saúde nesses ambientes. De acordo com Alves; Veríssimo11 as práticas tanto de manutenção como de recuperação da saúde infantil só
poderão ser implementadas pelos educadores à medida que os mesmo tenham sido capacitados para
isto visto que esses educadores tem contato próximo e continuo com as crianças dentro da instituição.
A transmissão de doenças durante as atividades profissionais para as educadoras pode ocorrer
em diversos momentos na interação destas com as crianças. A falta de higienização das maos, falta de
conhecimento dos educadores sobre as doenças, auxilio a criança ao uso sanitário e troca de fraldas
são os mais citados na literatura como fator predisponente da contaminação dos educadores nos CEI12.
A higienização inadequada das mãos após o uso do sanitário, pela criança que ainda não consegue
realiza-la sem auxilio e pela educadora que não reconhece esta medida como necessária para prevenir
doenças pode facilitar a propagação de microrganismos no ambiente, resultando em particulas de fezes
nas unhas e peles e manuseio posterior de alimentos, chupetas, brinquedos e demais objetos manipulados por ambos12, as mãos sujas tanto de crianças, como de adultos levadas a boca, podem oferecer
riscos de contaminação, principalmente porque particulas pequenas de fezes podem estar presentes nas
20 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
mãos e conter lavas protozoarios e helmintos que podem penetrar de forma ativa a pele do individuo13.
Considerando a educadora como responsável pelo cuidado da criança no ambiente coletivo, as mesmas devem atentar para a higiene e troca de objetos pessoais como chupetas, pois eles também são
responsáveis pela transmissão das parasitoses intestinais13.
A maioria das educadoras citou a lavagem das mãos como método para a prevençao da disseminaçao
de doenças, mas nenhuma respostas apontou a educaçao e os cuidados com o ambiente (limpeza, ventilaçao) como estrategias a serem adotadas nas CEIs. A portaria SME Nº 3.479, institui padrões basicos
de infraestrutura para para as Insituições de Educação Infantil seja ela pública ou privada, estabelecendo
algumas condições minimas para o espaço físico interno da instituição como possuir lavatório coletivo
com papel toalha e sabonete para lavagem das mãos, antes das refeições. O local também deve contar
com ventilação adequada, berçário com 1,50 m2 por criança e cochonetes individuais impermeáveis de
acordo com o número de crianças matriculadas, itens que auxiliam no controle de disseminação de doenças quando usados adequadamente1.
A higienização das mãos é uma medida de prevenção preconizada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). As mãos são um veiculo de transmissão importante de doenças, e esta é a
medida individual mais simples barata para prevenir a propagação das infecções relacionadas à assistência à saúde10.
Como ambiente coletivo e propício a disseminação de doenças, os responsáveis pelos CEIs
devem planejar a adoção de medidas como lavagem das mãos, rotina padronizada para troca de fraldas,
limpeza e desinfecção das áreas contaminadas, colocar funcionários exclusivos para manipular os alimentos, e orientar os pais com as vacinações10.
A educaçao em saúde preve a parceria entre todos os atores envolvidos com o ambinete. Sendo assim,
a parceria entre pais e educadores, profissionais da educaçao e da saude é uma opçao para aprimorar as
estrategias de promoção à saude da criança e para prevenção de doenças.
Os três Centro de Educação Infantil possuem um tecnico de enfermagem responsável pelo contato com os pais quando as crianças apresentam os primeiros sinais e sintomas de doença. Também são
eles que ministram as medicaçoes conforme prescrição médica trazida pelos pais e são responsaveis por
verificar a atualização da carteira de vacinação dos profissionais e das crianças. No entanto, muitos educadores não lembram quando tomaram a ultima vacina. A carteira de vacinação atualizada é exigida pela
instituição, que segue a portaria nº 597/gm em 8 de abril de 2004, art 5º que dispõe que para efeito de
contratação trabalhista, as instituições públicas e privadas deverão exigir a apresentação do comprovante
de vacinação de acordo com o calendário e faixa etária estabelecidos. O calendário vacinal de adulto a
partir dos 20 anos contem as vacinas para Sarampo, Caxumba e Rubéola em dose única, dupla adulto
em três doses para evitar as doenças difteria e tétano14.
VI • CONCLUSÃO
Conclui-se que, na opinião das educadoras a transmissão de doenças em Centros de Educação Infantil
está relacionada ao ambiente restrito e fechado o que propicia contato físico frequente entre crianças
doentes e seus objetos aliados à interação com o educador que na sua maioria não reconhece medidas
básicas de precaução à transmissão de doenças em ambientes coletivos.
Embora, a maioria dos educadores, reconheça as causas de transmissão de doenças não estabelecem
rotinas para diminuir a disseminação de patógenos no ambiente.
Os educadores desempenham um papel importante na educação infantil no que diz respeito ao cuidar
e educar crianças e necessitam educação em saúde visto que sua formação não contempla informações
sobre a transmissão de doenças.
Sendo o centro de educação Infantil, um ambiente coletivo, é necessário que o educador tenha um
conhecimento básico sobre possíveis patogenos que podem causar doenças e medidas preventivas
praticas para evitar a transmissão.
“Embora, a maioria dos
educadores, reconheça as
causas de transmissão de
doenças não estabelecem
rotinas para diminuir a
disseminação de patógenos
no ambiente”.
21
Medidas de prevenção de transmissão de doença adotadas pelos educadores de Centros de Educação Infantil
REFERÊNCIAS
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BARBARA CUNHA DA PAIXÃO - [email protected]
22 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
Identificação de Diagnóstico de Enfermagem em
famílias atendidas em um programa de Intervenção
à família e Comunidade
Raquel do Amaral Sampaio
Ariadne da Silva Fonseca
Ana Lucia de Moraes Horta
Identification of Nursing Diagnosis in families cared for in an
Interventional Family and Community Program
La Identificación de los Diagnóstico de Enfermería en las que
asisten a un programa de intervención familiar y comunitaria
RESUMO
Este estudo teve por objetivo identificar os diagnósticos de enfermagem propostos pela NANDA em famílias atendidas em um Programa de Intervenção à Família
e Comunidade. Estudo de abordagem qualitativa; coleta de dados realizada nos registros obtidos de 21 famílias atendidas no período de maio de 2008 a maio
de 2011. Os dados foram organizados conforme as categorias do modelo Calgary de Avaliação da Família e analisados para classificação dos diagnósticos de
enfermagem. Os resultados permitiram distinguir os diagnósticos de enfermagem voltados à unidade familiar daqueles ao indivíduo.
PALAVRAS-CHAVE
Diagnóstico de Enfermagem; Família; Enfermagem.
ABSTRACT
The purpose of this study was to identify the nursing diagnoses of the NANDA in families cared for in an Interventional Family and Community Program. Study with
a qualitative approach; Data was performed on records obtained from 21 families that were attended from May 2008 to May 2011. The data was then organized
into categories according to a Family Assessment model proposed by Calgary and thus joined together according to the nursing diagnoses. The results distinguish
the nursing diagnoses that are focused on the family unit for those individuals.
KEYWORDS
nursing diagnosis, family, nursing
RESÚMEN
Este estudio identifica los diagnósticos de enfermería de la NANDA en las familias atendidas por el Programa de Intervención Familiar y Comunitaria. Estudio con
un enfoque cualitativo; recogida de dados realizada en los registros obtenidos a partir de 21 familias atendidas entre mayo de 2008 mayo de 2011. Los datos
fueron organizados de acuerdo con las categorías del modelo Calgary de Evaluación Familiar y se analizó la clasificación de los diagnósticos de enfermería. Los
resultados permitieron diferenciar los diagnósticos de enfermería de los que se centran en la unidad familiar individual
PALABRAS-CLAVE
Diagnóstico de Enfermería; Familia; Enfermería.
RAQUEL DO AMARAL SAMPAIO • Enfermeira formada pela da Escola Paulista de Enfermagem da UNIFESP. Residente de
Enfermagem Clínico Cirúrgica no Hospital Sírio Libanês.
ARIADNE DA SILVA FONSECA • Especialista em Enfermagem Pediátrica e Pediatria Social pela Universidade Federal de
São Paulo. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo. Doutora em Enfermagem pela Universidade
Federal de São Paulo. Coordenadora de Publicações do Instituto de Ensino e Pesquisa e do Centro de Simulação da Rede de
Hospitais São Camilo - São Paulo. Presidente da ABEn seção São Paulo. Tesoureira da Associação Brasileira de Simulação
Realística – ABRASSIM.
ANA LUCIA DE MORAES HORTA • Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Prof Adjunto da Escola Paulista de Enfermagem da
UNIFESP
23
Identificação de Diagnóstico de Enfermagem em famílias atendidas em um programa de Intervenção à família e Comunidade
I • INTRODUÇÃO
O contexto do cuidado em enfermagem tem sido ampliado para além do indivíduo, incluindo a família como
unidade de cuidado em diversos cenários de atendimento a saúde envolvendo não apenas situações de doença de um de seus membros, mas também situações diversas relacionadas a crises e conflitos familiares1.
Esse fato tem estimulado o desenvolvimento da enfermagem da família e aumentado o interesse em pesquisas
sobre o tema, porém ainda não demonstrando mudanças significativas na assistência de enfermagem2.
Os serviços de atendimento que trabalham com famílias são algumas vezes interdisciplinares, ou seja, somam competências de profissionais que por formação possuem olhares distintos sobre a mesma situação e
promovem a qualidade do cuidado. Nestes espaços, a enfermagem deve desenvolver um processo de trabalho que justifique o espaço e competências do enfermeiro para lidar com demandas relacionadas ao trabalho
com família como foco de cuidado e assim ampliar o olhar do enfermeiro em sua avaliação.
Cuidar da família implica em compreender variadas organizações familiares sem excluir qualquer forma3.
Sabe-se que a família influencia diretamente no desenvolvimento de cada membro, sendo potencialmente produtora de pessoas saudáveis4. Na tentativa de compreender essas relações humanas, a família é comparada
a um sistema que utiliza como base a Teoria Geral dos Sistemas2,5. Sistema é um conjunto de elementos que
interagem e formam um todo, neste contexto, a família seria o sistema e cada integrante uma parte do todo5,6.
A família, assim como outros sistemas, tem um padrão de comportamento circular, ou seja, baseia-se em
uma estrutura de relacionamento recíproco, na qual um de seus membros é capaz de afetar os demais. Portanto, para analisar uma família é necessário observar as inter-relações e não somar a análise de seus membros, pois a soma destes não é o suficiente para explicar a unidade familiar. Uma família é mais que a soma de
suas partes e para que permaneça em equilíbrio depende do funcionamento de todas elas5,6.
Neste raciocínio, a inclusão da família na assistência de enfermagem implica na possibilidade de modificar
o ambiente e o olhar do cuidado na tentativa de compreender, além dos indivíduos, quem eles consideram
como sua família e como são suas inter-relações1,5. Ou seja, o importante é saber como a própria família se
define e qual o significado atribuído por ela às situações2. Para isso, o enfermeiro precisa buscar recursos que
o ajude a desenvolver competências para compreender e propor intervenção com as famílias em um processo
de co-construção com a mesma.
Para tanto, os diagnósticos de enfermagem (DE) podem ser ferramentas que ajudam a direcionar as ações
do enfermeiro para atender às demandas da unidade familiar. Uma vez que existem DE específicos para família, a assistência pode ser direcionada sob este olhar, proporcionando o cuidado de enfermagem centrado
na familia7.
Neste contexto, o DE expressa o julgamento clínico da enfermeira após o levantamento de dados8. Os DE
definem qual o corpo de conhecimento pelo qual a enfermagem é responsável e direcionam a intervenção a
partir das respostas do indivíduo, da família ou da comunidade a problemas de saúde/processos vitais reais ou
potenciais7,9. A classificação dos DE foi desenvolvida pela Associação Norte Americana de Diagnóstico de Enfermagem (NANDA)7, a fim de desenvolver a utilização de uma linguagem homogênea entre os profissionais8.
Cada DE possui uma definição e estes são divididos em reais e de risco. Os diagnósticos reais são sustentados por características definidoras, que representam indícios, manifestações, sinais e sintomas e por fatores
relacionados, indicadores da etiologia do DE, de algo que contribui com o seu surgimento ou está associado
a ele. Já os Diagnósticos de risco são sustentados por fatores de risco que indicam ou causam o aumento
da vulnerabilidade do indivíduo, família ou comunidade. Existem também os diagnósticos de promoção da
saúde, que é a manifestação de disposição para melhora, e o de bem-estar, estado de estar saudável, ambos
sustentados por características definidoras7.
Sendo assim, esta pesquisa tem por objetivo identificar os diagnósticos de enfermagem em famílias atendidas por um Programa de Intervenção à Família e Comunidade.
II • MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa, realizado no Centro de Educação em Enferma-
24 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
gem da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (CAENF-UNIFESP) que desenvolve o
Programa Unidade de Intervenção à Família e Comunidade (UNIFAC), com a proposta de avaliar e intervir em
famílias nos momentos de crise.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP (protocolo 1371/11)
e as famílias, previamente, manifestam seu consentimento para participação em pesquisas ao iniciarem no
programa.
Foram selecionadas fichas de triagem e primeira entrevista de 21 famílias atendidas no período de maio de
2008 a maio de 2011.
Os dados foram analisados e organizados em um quadro elaborado de acordo com as categorias propostas pelo Modelo Calgary de Avaliação da Família (MCAF), que consiste em uma estrutura conceitual integrada
em três categorias principais: estrutural, de desenvolvimento e funcional, cada uma delas com suas subcategorias5.
A transcrição resultante das fichas de triagem e primeira entrevista foram realizadas de forma fidedigna,
permitindo uma gradativa compreensão dos pontos relevantes para se atingir o objetivo desse estudo.
O MACAF possibilita uma avaliação multidimensional da família5, podendo ser integrado ao processo de
enfermagem em suas fases de coleta de dados e hipótese diagnóstica3. Foi utilizado neste estudo como facilitador da investigação focalizada neste tema.
Uma vez organizado os dados, buscou-se uma aproximação destes à estrutura conceitual dos domínios
que sustentam os DE. A taxonomia II da NANDA (2009-2011) tem sua estrutura baseada nos Padrões Funcionais de Gordon que deram origem aos 13 domínios, 47 classes e 201 diagnósticos10.
As frases transcritas e agrupadas por semelhança nas categorias do MCAF foram relacionadas às características definidoras e fatores relacionados dos DE reais e aos fatores de risco que retrataram DE de risco.
III • RESULTADOS
As famílias que buscam o atendimento de terapia familiar apresentaram queixas relacionadas à culpa, doença de um membro, sexualidade, separação, perdas, dificuldade na comunicação e preocupações com os
filhos. A partir das informações obtidas nas fichas foram identificados sete DE, seis pertencentes ao domínio
Papéis nos Relacionamentos e um ao Promoção de Saúde, entre estes, reais e de risco.
A apresentação dos DE está ilustrada com os dados representativos das características definidoras, fatores
relacionados e fatores de risco, que se mostraram mais relevante. No quadro I, primeiramente foram dispostos
os diagnósticos reais e de risco do domínio Papéis nos Relacionamentos e, por último, o de Promoção de
Saúde.
“Os serviços de atendimento
que trabalham com
famílias são algumas vezes
interdisciplinares, ou
seja, somam competências
de profissionais que por
formação possuem olhares
distintos sobre a mesma
situação e promovem a
qualidade do cuidado”.
25
Identificação de Diagnóstico de Enfermagem em famílias atendidas em um programa de Intervenção à família e Comunidade
QUADRO I – Diagnóstico de Enfermagem Real e de Risco Relacionados à Família
FRASES GERADORAS
DAS CARACTERÍSTICAS
DEFINIDORAS
CARACTERÍSTICA
DEFINIDORA
FRASES GERADORAS DOS
FATORES RELACIONADOS
FATORES RELACIONADOS
“O casal atualmente passa por forte
crise em função da morte do pai do
marido, o descasamento da filha e a
saída do filho do emprego" (*F1)
Dificuldade com as transições
dos ciclos de vida
“Problemas no relacionamento
familiar relacionado ao alcoolismo
do pai” (F11)
História familiar de alcoolismo
“Esposa diz que não consegue
saber o que o marido pensa, pois
ambos não conseguem expressar
sentimentos ou estabelecer
diálogos” (F17)
Comunicação ineficaz entre os
cônjuges
“Dizem ser difícil fazer acordos e a
convivência esta muito ruim” (F7)
Falta de habilidade para resolver
problemas.
Os pais identificam “agitação da
filha e dificuldades na escola” (F16)
Distúrbios no desempenho
escolar em criança
“mãe sente-se culpada por
direcionar tantos cuidado para
J(filha) e ST(filha) e deixar de cuidar
de SL(filha)” (F14)
Preocupações expressas pelo
pai e/ou mãe em relação à família
“Os pais são separados de corpos
há 2 anos, vivem na mesma casa”
(F20)
Mudança na situação conjugal
“a mãe acha que ela deveria
ter morrido e não o marido pois
achava que ele cuidava melhor das
crianças” (F15)
Mudança no papel paterno/
materno
“filha troca letras, faz fono há 2
anos, iniciou terapia familiar, tem
dificuldade no processo auditivo,
dificuldade de aprendizagem” (F18)
Cuidados domiciliares de uma
criança com necessidades
especiais
“N(esposa) veio do Paraguai para
morar com R(marido) no Brasil.”
(F19)
Mudança de ritual
“Marido faleceu há 4 anos” (F15)
Crise situacional
“Ele se diz enganado por ela porque
quando a conheceu ela parecia uma
pessoa saudável e depois surgiu
essa doença” (F17)
Mudança na satisfação com a
família
“depois que surgiu essa doença
que impede a dinâmica de vida dos
dois, tanto da vida intima como da
social” (F17)
Alteração no estado de saúde de
um membro
“com a queda do poder aquisitivo,
as relações familiares e/ou a
comunicação ficou muito difícil” (F5)
Mudança nos padrões de
comunicação
“Após a aposentadoria ficou muito
difícil o relacionamento” (F12)
Transição de desenvolvimento
“Mãe busca na terapia familiar,
entender a filha e saber como
ajudar” (F21)
Expressar desejo de melhorar a
dinâmica familiar
“J(filho) esta sempre
acompanhando os pais, disse que
o que importa para ele é ver os pais
bem” (F10)
Realização de atividades
que apoiam a segurança dos
membros da família
“o casal compartilha tarefas da casa
e o cuidado com a neta” (F12)
Autonomia bem equilibrada e
colaboração entre os parceiros
“ela gosta muito dele. Diz que a
vida não tem graça sem ele.” (F2)
Identificam-se mutuamente
como pessoas essenciais
“Mãe não queria a gravidez, teve
depressão durante a gravidez e
tentou aborto” (F4)
Gravidez indesejada
“Preocupação dele ser tirado da
família, pois C(tia) não possui a
guarda de W.” (F13)
Dificuldades legais
“St(filha) foi diagnosticada com
deficiência intelectual leve” (F14)
Queixa inicial do casal
Condição de deficiência
“dificuldade de dar adesão ao
tratamento (coquetel contra o vírus
HIV)” (F6)
Atividade familiar inadequada
para atingir os objetivos de
saúde
“M (marido) refere culpa e raiva
por ter sido contaminada (pelo
marido)” (F6)
Conflito familiar
“A(marido) é portador do vírus
desde os anos 80, Marina contraiu
o vírus HIV dele (mesmo sabendo
que ele era soropositivo)” (F6)
Falha em agir para reduzir fatores
de risco
“coquetel contra o vírus HIV” (F6)
Complexidade do regime
terapêutico
DIAGNÓSTICO
DE ENFERMAGEM
Processos familiares
disfuncionais
Conflito no desempenho do
papel pai-mãe
Processos familiares
interrompidos
Disposição para processos
familiares melhorados
Disposição para relacionamento
melhorado
Risco de paternidade ou
maternidade prejudicada
26 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
Controle familiar ineficaz do
regime terapêutico
IV • Discussão
A realização do atendimento em família, como o apresentado neste estudo, proporciona a compreensão das interações familiares. Considerando a Teoria Geral dos Sistemas, estudar a família como um todo
possibilita observar as interações entre seus membros e o funcionamento individual de cada um deles,
ou seja, os indivíduos são compreendidos dentro de um contexto mais amplo. Assim, a família pode ser
considerada uma unidade e a terapia pode ser feita com a mesma, mesmo que o problema seja apresentado por apenas um membro5,11.
As demandas encontradas estão relacionadas a crises situacionais (morte, divórcio, doença) ou de
desenvolvimento (adolescência, envelhecimento), o que caracteriza um período de adaptação, no qual
ocorreu uma mudança e é necessário buscar possibilidades ou estratégias de enfrentamento11,12. Este
período é entendido como crise quando as famílias entram em desequilíbrio e ainda desconhecem as ferramentas necessárias para transpor o obstáculo, por ser uma situação ainda não vivenciada e as estratégias já conhecidas pela família não são eficazes12. Por isso, as famílias chegam ao serviço de atendimento
familiar com a expectativa de encontrar ajuda para superar a situação. Partindo da avaliação da família e
da observação de suas forças que serão orientadas a favor da mesma, ajuda-se a superar a crise familiar5.
Neste sentido o DE, identifica o potencial da família, pois não se restringe apenas ao problema, mas
também a capacidade de resolutividade da família. Os DE encontrados são capazes de refletir o momento
vivido pelo sistema familiar, destacando-se neste estudo aqueles que contemplam as relações entre os
membros e a busca por ajuda como, por exemplo, Disposição para processos familiares melhorados.
Mesmo os DE que não mencionam diretamente a família em seu título, como Risco de paternidade ou
maternidade prejudicada, possui características definidoras que apontam para as relações familiares7. No
entanto, sem um referencial que possibilite direcionar o julgamento clinico do enfermeiro aos DE voltados
ao sistema familiar estes ficariam restritos ao indivíduo. A mesma situação que pode direcionar o diagnóstico para um dos membros da família também deveria ser analisada sob a ótica do sistema familiar quando
se almeja o cuidado centrado na família.9
“...o enfermeiro precisa
buscar recursos que o ajudem
a desenvolver competências
para compreender e propor
intervenção com as famílias
em um processo de coconstrução com a mesma”.
27
Identificação de Diagnóstico de Enfermagem em famílias atendidas em um programa de Intervenção à família e Comunidade
Outros DE identificados neste estudo, como Processos familiares disfuncionais e Processos familiares
interrompidos foram selecionados depois de intensa análise e comparação entre as diversas características definidoras, pois parecem amplos e capazes de corresponder à demanda apresentada por todas as
famílias estudadas, embora não, necessariamente, as individualize. Estes DE possuem em sua definição
famílias que passam por crises e mudanças, respectivamente, tal como as que buscam o serviço em
questão.
O DE Processos familiares interrompidos foi encontrado em famílias que mudaram sua forma de se
inter-relacionar após um momento de transição, o que trouxe conflito e mobilizou a família a buscar ajuda
para transpor o obstáculo. Apesar de etiologias diversas, todas passaram por mudanças e apresentaram
características definidoras semelhantes, ou seja, foi possível compreender a demanda da família e atribuir
este DE. Por sua vez, os dados destacados nas fichas que levaram ao DE Processos familiares disfuncionais abrangem uma gama diversificada de características definidores, permitindo interpretações variadas
e inespecíficas da demanda trazida pela família.
Segundo a NANDA7, Processos familiares disfuncionais têm características definidoras divididas em
comportamentais, papeis e relacionamentos e sentimentos, cabendo nestas categorias alguns exemplos
como, comunicação prejudicada, dinâmica familiar perturbada e culpa. Considerando que as características definidoras são indícios, sinais e sintomas, este DE não favoreceu a individualização da necessidade
de uma família7,9. Para algumas famílias foram encontrados outros diagnósticos, além deste, que se direcionaram a um problema específico trazido pela família. Em outros casos, não houve diagnóstico que
28 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
contemplasse a demanda, não sendo possível, ao enfermeiro que adota o DE, formalizar o julgamento
clinico para o direcionamento do cuidado mediante a demanda da família.
Diante disso, considerou-se neste estudo, a possibilidade do DE Processos familiares disfuncionais ser
desmembrado em outros DE, ou implementado especificando-se qual é o processo que está alterado na
família, de forma que deixasse mais explicito o que foi identificado.
Cabe destacar que os diagnósticos encontrados, exceto Controle familiar ineficaz do regime terapêutico, pertencem ao domínio 7, papeis e relacionamentos, que tem por definição “Conexões ou associações
positivas e negativas entre pessoas ou grupos de pessoas e os meios pelos quais essas conexões são
demonstradas7”. Embora os DE sejam construídos baseados em evidências, naqueles pertencentes a
este domínio os aspectos culturais podem ter influenciado na construção das características definidoras e
fatores relacionados, por ser um modelo construído na América do Norte e aplicado em diferentes países.
Ou mesmo podem sofrer influencia no momento da coleta de dados feita pelo profissional que entrevista,
visto que este carrega suas crenças e valores9.
Neste sentido, o estudo apresentou como limitação o uso de fonte secundária, sendo a coleta de dados
do instrumento submetido a esta avaliação feita anteriormente por outra pessoa. Assim como, os tópicos
das fichas não são voltados para os DE, já que o local não oferece um atendimento apenas por enfermeira e sim, multiprofissional. Porém, a partir das informações descritas foi possível avaliar as categorias
propostas pelo MCAF e frases que geraram as características definidoras, fatores relacionados e de risco.
O profissional que trabalho com família deve assumir a posição de neutralidade ou curiosidade, tendo
de ampliar a visão dos elementos envolvidos, sem tomar partidos. Outra situação possível é a ressonância que pode acontecer em um encontro terapêutico com a família o que acontece quando ao escutar a
historia do outro pode ser que haja uma identificação relacionada a experiências anteriores, porém o que
deve ser considerado é que a família assim como quem está se dispondo a cuidar objetivam a mesma
meta que é entender e ser entendido nas suas dificuldades5.
O cuidado com a família depende da capacidade de pensar intergeralcionalmente e elevar a promoção
de saúde do nível individual para o familiar, considerando as relações, o contexto e o processo de desenvolvido na área especifica do tema em discussão. O enfermeiro tem esta capacidade e é o responsável
por este cuidado a partir do momento que esta diretamente em contato com as famílias, dependendo
somente de como este irá contextualizar a saúde e a doença7.
Além dos DE encontrados neste estudo existem outros para família, mas que não apareceram neste
estudo devido à característica do público que busca o atendimento, o que seria diferente eu um hospital
ou em uma unidade básica de saúde, como por exemplo, Manutenção do lar prejudicada, já que o serviço
propicia visitas domiciliares e um contato com o ambiente em que a família vive.
V • CONCLUSÃO
Ao compreender a família como um sistema que exerce influência sobre seus integrantes e os mesmos
sobre ela é necessário alterar a forma como é visto o cuidado ampliando assim o olhar a saúde da família6.
Este estudo nos permitiu compreender que existem diagnósticos de enfermagem voltados à unidade
familiar e que estes diferem daqueles para indivíduos, podendo conduzir a enfermagem a um cuidado
mais ampliado e centrado na família.
Entretanto, é possível afirmar que os diagnósticos de família existentes não são o suficiente para individualizar as necessidades das famílias, o que aponta a necessidade de aprofundar estudos nesta área
para melhorar o conhecimento científico de enfermagem sobre o cuidado com a família, sendo necessário
reajuste e manutenção13.
Neste estudo, o que se propõe é uma contribuição nessa área, estimular o profissional de enfermagem
a uma reflexão sobre o cuidado e sensibilizar o olhar para a família como unidade de intervenção, já que
a saúde familiar depende da percepção do profissional que a atende.
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Identificação de Diagnóstico de Enfermagem em famílias atendidas em um programa de Intervenção à família e Comunidade
REFERÊNCIAS
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ao indivíduo e sua família. Rev Esc Enferm USP. 2002;36(2):141-7
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3 • Montefusco SRA, Bachion MM, Nakatani AYK. Avaliação de famílias no contexto hospitalar:
uma aproximação entre o modelo Calgary e a taxonomia da NANDA. Texto contexto Enferm.
2008;17(1):72-80.
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5 • Wright LM, Leahey M. Enfermeiras e famílias: um guia para avaliação e intervenção na família. 4ª
ed. São Paulo: Roca; 2009.
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patologia. São Paulo: Psy II; 1994. p.19-31.
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8 • Cianciarullo TI, Gualda DMR, Melleiro MM, Anabuki MH. Sistematização da Assistência de Enfermagem: evolução e tendências. São Paulo: Cone; 2001.
9 • Carpenito-Moyet LJ. Diagnósticos de enfermagem: Aplicações à prática clínica. 13ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2012.
10 • Barros, ALBL. Classificações de diagnósticos e intervenção de enfermagem NANDA-NIC. Acta
Paul Enferm. 2009;22(especial 70 anos):864-7.
11 • Figueiredo MHJS, Martins MMFPS. Dos contextos da prática à (co)construção do modelo de cuidados de enfermagem de família. Rev Esc Enferm USP. 2009; 43(3):615-621
12 • Santos EF. Teoria da crise. In: Santos EF. Psicoterapia breve: abordagem sistematizada de situações de crise. 2ª ed. São Paulo: Agora; 1997. p.45-52.
13 • Fontes CMB, Cruz DALM. Diagnósticos de enfermagem documentados para pacientes de clínica
médica. Rev Esc Enferm USP. 2007; 41(3):395-402.
RAQUEL DO AMARAL SAMPAIO - [email protected]
30 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
Análise de Instrumentos para Registro
do Processo de Enfermagem em Unidades
de Terapia Intensiva Neonatal
Beatriz Ariza Soares dos Santos
Julia Peres Pinto
Analyze Instruments for the Nursing Process Register Used at Neonatal
Intensive Care Units.
Análisis de Herramientaspara Registro del Proceso de Enfermería
en las Unidades de Cuidado Intensivo Neonatal.
RESUMO
Pesquisa quantitativa descritiva realizada nos impressos cedidos por oito hospitais do município de São Paulo que possuíam Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal. A análise dos instrumentos permitiu identificar as etapas do processo de enfermagem adotado nas unidades e os itens abordados em cada uma
delas. Dos oito instrumentos cedidos pelos hospitais, 25% incluem a etapa destinada ao Histórico de Enfermagem, 75% o Diagnóstico de Enfermagem, 100% a
Prescrição de Enfermagem e 88% destinam uma área para o registro da Evolução de Enfermagem. Para o diagnóstico de enfermagem, a maioria das instituições
adota a classificação proposta pela North American Nursing Diagnosis Association. Os instrumentos são pautados no referencial biológico e diferenciam-se, em
especial, no item referente ao histórico de enfermagem. Os instrumentos apresentam configurações diversas para o mesmo tipo de unidade de internação; a
prescrição e evolução de enfermagem foram as únicas etapas identificadas em todos os instrumentos, embora haja variações na apresentação.
PALAVRAS-CHAVE
Enfermagem Neonatal; Registros de Enfermagem; Cuidados Intensivos.
ABSTRACT
A quantitative research project conducted using forms provided by 8 hospitals with Neonatal Intensive Care Units in the city of São Paulo. Instrument analysis
made it possible to identify the nursing phases adopted by the units and the items included by each of them. Out of the 8 instruments provided by the hospital,
25% of them included the phase known as Nursing Assessment, 75%, Nursing Diagnoses, 100% Nursing Prescription and 88% had a field for notes on Nursing
Evaluation. As to nursing diagnoses, most institutions adopt the classification proposed by the North American Nursing Diagnosis Association. Instruments are
guided by biological references and differ basically on the item concerning Nursing Assessment. Instruments have different formats for the same type of inpatient
unit; nursing prescription and evaluation were the only phases identified in all instruments, despite some differences in presentation.
KEYWORDS
Neonatal Nursing; Nursing Records; Intensive Care.
RESÚMEN
Investigación cuantitativa descriptiva llevado a cabo con base en los registros impresos cedidos por ocho hospitales de São Paulo que disponían de Unidad de
Cuidado Intensivo Neonatal. El análisis los instrumentos permitió identificar las etapas del proceso de enfermería adoptadas en las unidades y los elementos
abordados en cada una de ellas. De los ocho instrumentos proporcionados por los hospitales, el 25% incluye la etapa destinada al Histórico de la Enfermería, el
75% el diagnóstico de enfermería, el 100% la prescripción de enfermería y 88% destina un área para el registro de la Evolución de la Enfermería. Para el diagnóstico
de enfermería, la mayoría de las instituciones adopta la clasificación propuesta por la North American Nursing Diagnosis Association. Los instrumentos son
basados en el referencial biológico y se distinguen, en especial, al ítem referente al histórico de enfermería. Los instrumentos presentan configuraciones distintas
para el mismo tipo de unidad de internación; la prescripción y evolución de enfermería fueron las únicas etapas identificadas en todos los instrumentos, aunque
hayan variaciones en la presentación.
PALABRAS-CLAVE
Enfermería Neonatal; Registros de Enfermería; Cuidados Intensivos.
BEATRIZ ARIZA SOARES DOS SANTOS • Graduada em Enfermagem pela Universidade Anhembi Morumbi.
JULIA PERES PINTO • Enfermeira, Doutora, Docente do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Anhembi
Morumbi. Vice Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn Seção São Paulo.
31
Análise de Instrumentos para Registro do Processo de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal
I • INTRODUÇÃO
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) configura-se como uma metodologia para
organizar e sistematizar o cuidado, com base nos princípios do método científico1. Inclui todo o
planejamento registrado da assistência, englobando o manual de normas e rotinas, a descrição padronizada dos procedimentos técnicos das unidades que dão suporte à implantação do processo de
enfermagem (PE)2.
O termo PE tem sido adotado como sinônimo de SAE, mas neste estudo adotaremos processo de
enfermagem que é definido como um método operacionalizado em etapas, fases ou componentes, que
variam de acordo com cada autor no que diz respeito ao número de etapas e à terminologia utilizada.
Pode ser composto por cinco etapas: investigação ou histórico, diagnóstico, planejamento, intervenção
ou implementação e evolução ou avaliação de enfermagem3,4, tendo como objetivo identificar as necessidades de cuidados de enfermagem, bem como subsidiar as intervenções de promoção, prevenção,
recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade1.
Recomenda-se que o PE esteja apoiado em um referencial teórico ligado às teorias de enfermagem
que irão direcionar as ações dos enfermeiros, de modo a responsabilizá-los pelos cuidados aos clientes,
não mais executados de maneira empírica3,4 e alcançar resultados pelos quais ele é responsável(1). A
teoria funciona como um alicerce estrutural para implantação da SAE e requer uma metodologia para ser
implementada3,4.
Na concepção dos enfermeiros, além de proporcionar maior qualidade à assistência, o PE também
propicia maior eficiência, autonomia e cientificidade à profissão, garantindo, dessa forma, maior valorização e reconhecimento em um espaço de novas conquistas e mudança cultural no papel do enfermeiro5,6.
A legislaçao profissional também respalda a adoçao do PE pelos enfermeiros conforme descrito na
Resolução do COFEN – 272/2002, no art. 1º, que obriga a implantação da Sistematização da Assistência
de Enfermagem em toda instituição de saúde e afirma ser função privativa do enfermeiro, a implantação,
planejamento, organização, execução e avaliação do processo de enfermagem7.
A resolução tem sido cumprida e o PE implantado nos diversos serviços onde o enfermeiro atua. Para
isso, os enfermeiros vem desenvolvendo instrumentos para o registro do PE, buscando atender às características das unidades e o modelo de gestão da instituição de saúde.
Essa condição, observada na prática, tem resultado em uma diversidade de instrumentos que buscam
atender às necessidades dos pacientes, da legislação profissional e das instituições. Diante disso, ainda
se faz necessário aperfeiçoar os métodos de registro da profissão a fim de atender às demandas dos
pacientes e famílias sob os cuidados da equipe de enfermagem nas instituições de saúde.
Como contribuição ao aprimoramento da prática profissional, o objetivo do estudo foi identificar as etapas do processo de enfermagem adotado em unidades de terapia intensiva neonatal e seus respectivos
conteúdos.
II • MATERIAL E MÉTODO
Neste estudo foi empregada a pesquisa quantitativa descritiva, realizada no período de abril a setembro
de 2010, nos impressos que registram o PE, cedidos por oito hospitais do município de São Paulo, que
possuíam Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), três públicos e cinco privados.
Após aprovação do trabalho pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) foram contatadas 23 instituições
para as quais foi enviado uma carta de apresentação, o projeto de pesquisa e a aprovação do CEP.
Destas, oito aceitaram participar da pesquisa, dez se recusaram e cinco não deram resposta até término
estipulado para a análise dos dados. O motivo mais alegados para a não liberação do instrumento foi o
fato deste ser considerado um documento que não deve ser fornecido à pessoas externas à instituição.
Os dados foram registrados em instrumento elaborado pela autora, contendo tópicos que incluem quatro etapas que compõe o PE: histórico, diagnóstico, intervenção e evolução de enfermagem. A tabulação
dos dados foi realizada em números inteiros e percentuais.
32 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
III • RESULTADOS
A análise dos instrumentos permitiu identificar as etapas empregadas no PE das UTIN´s e o conteúdo
abordado nas mesmas.
Dos oito instrumentos concedidos pelas instituições, 25% (2) continham a etapa destinada ao Histórico
de Enfermagem (HE), 75% (6) a etapa destinada do Diagnóstico de Enfermagem (DE), 100% (8) a etapa da
Prescrição de Enfermagem (PE) e 100% (8) a área para o registro da Evolução de Enfermagem. Prescrição
de enfermagem foi o termo empregado nos instrumentos em substituição a intervenção de enfermagem.
Os dois instrumentos que possuíam espaço para registro do histórico de enfermagem, incluíram dados
relacionados ao recém-nascido (RN) e à mãe. Em relação ao RN foi identificado que ambos continham
idade gestacional e peso do nascimento. Quanto aos dados da mãe, foram inseridos o histórico obstétrico, gestacional e familiar, tais como: sorologias, partos anteriores, tabagismo, alcoolismo e uso de drogas.
Um dos instrumentos também contemplou a condição de moradia, escolaridade, naturalidade e existência de licença maternidade na identificação dos dados maternos. O mesmo instrumento incluiu dados
do nascimento, parto e do vinculo mãe e filho, com questões acerca da experiência com amamentação,
disponibilidade materna para acompanhar internação, conhecimento sobre o cuidado com o bebê e
impressão do enfermeiro quanto ao binômio. Ainda destinou uma sessão para o registro do exame físico
da internação, dos dispositivos instalados no RN e do resumo de internação do setor que encaminhou o
recém-nascido à UTIN.
Dos seis instrumentos que incluíram o diagnóstico de enfermagem, todos apresentavam tópicos pré-estabelecidos para o enfermeiro assinalar e um deles destinava espaço em branco para a inclusão de
novos DE.
33
Análise de Instrumentos para Registro do Processo de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal
Dos impressos que incluíram DE pré-estabelecidos, todos continham itens relacionados aos problemas
potenciais do RN e apenas um abordou o tópico relacionado às condições maternas e familiares, tais
como aspectos emocionais e sociais da mulher e da família.
Em relação ao RN, foram descritos os seguintes diagnósticos de enfermagem: risco para infecção,
risco de aspiração, dor aguda, desobstrução ineficaz de vias aéreas, termorregulação ineficaz, volume de
líquidos deficientes, integridade da pele prejudicada, ventilação espontânea prejudicada, constipação e
risco de glicemia instável. Quanto aos diagnósticos de enfermagem que podem ser relacionados à mãe e
à família foram identificados: risco para vínculo pais/filhos prejudicado e amamentação ineficaz.
Quanto à sessão destinada à prescrição de enfermagem, sete apresentaram itens pré-estabelecidos
para o enfermeiro assinalar, sendo que dessas, quatro também dispunham de espaço para prescrições
adicionais.
Uma das instituições que cedeu seus instrumentos informou que as prescrições são informatizadas e
impressas somente depois de preenchidas pelo enfermeiro, não podendo ser fornecidas para pesquisa.
Dentre alguns itens da prescrição de enfermagem foi identificado: realizar curativo do coto umbilical,
realizar mudança de decúbito, verificar sinais vitais, realizar banho no leito, rodiziar oxímetro de pulso e
manguito de PA.
A próxima etapa refere-se à evolução de enfermagem, sendo que sete dos impressos analisados continham espaço destinado e com linhas pré-determinadas para a mesma. A instituição, cujo instrumento
não continha espaço para registro desta etapa, informou que a mesma é realizada em um impresso de
uso comum da equipe multiprofissional.
Para registro da anamnese diária, sete dos instrumentos, incluíram o exame físico do RN e os equipamentos nele instalados. Um dos instrumentos não incluiu área especifica para a anamnese, pois segundo
a instituição, esta era descrita juntamente com a evolução de enfermagem.
34 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
IV • DISCUSSÃO
O histórico de enfermagem refere-se à primeira fase do processo de enfermagem, ou seja, é o primeiro
passo para a determinação do estado de saúde do cliente. Consiste na coleta de informações referentes
ao seu estado de saúde, da família e da comunidade, definidos de acordo com a teoria de enfermagem
utilizada como marco conceitual, com o propósito de identificar as necessidades, os problemas, as preocupações e as reações humanas desse cliente. Portanto, torna-se imprescindível que as informações
coletadas sejam as mais precisas e fidedignas possíveis, para que o perfil de saúde ou de doença do
cliente seja estabelecido4.
Como apenas duas instituições continham o tópico destinado ao HE, foram consideradas algumas
hipóteses para tal situação: os dados podem estar descritos em um instrumento separado e não foi incluído aos instrumentos entregues ao pesquisador; o histórico de enfermagem não foi compreendido como
sendo parte do PE; ou ainda, o registro dos dados pode estar integrado à anamnese realizada pela equipe
multiprofissional em outro instrumento.
A ausência do registro do HE, realizado ao primeiro contato com o RN e sua família quando eles são
admitidos na UTIN pode comprometer a assistência de enfermagem, uma vez que essa investigação
deflagra os demais passos do Processo de Enfermagem.
O HE focado nas condições físicas do RN torna-se uma coleta de dados que desconsidera a integralidade da assistência de enfermagem, podendo omitir as necessidades do binômio mãe- filho e família,
limitar a atuação da equipe de enfermagem e, consequentemente, comprometer a qualidade do cuidado.
O diagnóstico, segunda etapa do processo de enfermagem, analisa e interpreta os dados obtidos na investigação registrada no HE, tornando-se fundamental para o planejamento da assistência ao paciente3,
pois expressa o julgamento clínico frente à necessidades de cuidados do paciente8.
Durante a realização dessa etapa, os dados representam o problema inferido pelos enfermeiros4. A
maioria dos instrumentos analisados, 75% (6) registraram os DE no sentido de fornecer subsídios para as
ações de enfermagem. No entanto, 25% (2) que não apresentaram esta etapa de registro do PE, não esclareceram qual foi a conclusão do enfermeiro ao decidir pela intervenção, pois não apontam o problema
identificado ou a reação humana que gerou a prescrição de enfermagem.
Os DE pré-estabelecidos, adotados em cinco dos instrumentos analisados, também podem limitar o
processo decisório e de investigação do enfermeiro quando o instrumento não inclui um espaço para
registro de outros diagnósticos.
O registro é fundamental para as atividades, pois a ausência ou insuficiência deste pode ter implicações éticas e deontológicas, mesmo que em seu processo intelectual o enfermeiro tenha sistematizado
a assistência9.
O diagnóstico de enfermagem constitui o julgamento clinico, ou seja, a base para a seleção de intervenções de enfermagem para o alcance dos resultados de enfermagem pelos quais o enfermeiro é
responsável10. A utilização do DE na assistência de enfermagem é importante para a individualização do
cuidado e subsidia a execução e a avaliação da assistência com base em um raciocínio clínico registrado
de forma organizada11.
A prescrição de enfermagem é uma etapa do processo de enfermagem na qual o enfermeiro decide
acerca das condutas a serem implementadas, objetivando uma assistência individualizada e de qualidade.
Esse processo sofre uma realimentação contínua, uma vez que diariamente a investigação é refeita junto
ao paciente é refeita e são verificados os registros de outros profissionais12.
As prescrições de enfermagem identificadas nos instrumentos, em parte, se assemelham às rotinas da
unidade. Embora este tipo de prescrição seja necessária, não evidenciam o cuidado individualizado do
binômio e família, em especial, quando são as únicas presentes no instrumento. São exemplos: realizar
banho, realizar assepsia do coto umbilical, administrar medicações prescritas e realizar limpeza ocular.
A operacionalização desta etapa, igualmente, pode interferir na qualidade do cuidado prestado ao paciente e sua família e no empenho da equipe de enfermagem quanto à adoção da prescrição que se torna
“Essa condição, observada
na prática, tem resultado
em uma diversidade de
instrumentos que buscam
atender às necessidades
dos pacientes, da legislação
profissional e das
instituições”.
35
Análise de Instrumentos para Registro do Processo de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal
repetitiva e burocrática. O PE pode ser visto por alguns enfermeiros como uma atividade burocrática que,
ao invés de aproximá-lo do cliente, acaba por afastá-lo13.
No cotidiano da prática de enfermagem, as rotinas são incorporadas como um guia para a realização
das ações, e o poder atribuído aos profissionais não é questionado pelo paciente, que se submete à rotina
hospitalar13, mesmo que esta não atenda suas necessidades. Por sua vez os profissionais que a executam, podem realizar atividades de maneira rotineira sem questionar a sua adequação ao RN e família.
A evolução de enfermagem é a quinta etapa do processo de enfermagem. Consiste na ação de acompanhar as respostas do cliente aos cuidados prescritos, por meio de anotações no prontuário ou nos
locais próprios, da observação direta da resposta do cliente à terapia proposta, bem como do relato do
cliente. Ao realizar a avaliação diária, o enfermeiro irá detectando os cuidados que devem ser mantidos,
os que devem ser modificados e os que já podem ser finalizados, ou seja, aqueles que já supriram as
necessidades dos clientes4.
Nos instrumentos avaliados estava previsto um espaço com linhas pré-estabelecidas para o registro
da evolução de enfermagem. Em alguns deles, a área destinada pode ser insuficiente, considerando as
características do setor e o nível de complexidade dos recém-nascidos de alto risco.
A evolução de enfermagem, registrada em impresso multiprofissional, apontada por uma das UTIN
pode ser uma estratégia de registro da evolução de enfermagem que evidencia a integração da equipe
multiprofissional e o papel da enfermagem na instituição frente à assistência do paciente.
A temática da sistematização da assistência de enfermagem é atual, embora seja discutida no Brasil
desde a década de 70, com tentativas de implantação em diversas especialidades e contextos como
hospitais, ambulatórios e creches. No entanto, percebe-se que essas tentativas nem sempre atingem o
êxito desejado, pois encontram dificuldades das mais variadas origens, tornando a implementação do PE
um processo desestimulador e muitas vezes inviável na prática dos profissionais de enfermagem. Outras
vezes, ela persiste basicamente como uma atividade burocrática, perdendo toda a sua essência3.
Assim, tal como recomendado, deve-se apoiar o PE em um referencial teórico ligado a uma teoria de
enfermagem que seja consensual na equipe de enfermagem, pode revestir de sentido à prática profissional, uma vez que permite organizar e desenvolver o conhecimento específico da profissão14.
O processo de Enfermagem tem passado por sucessivas mudanças e conduzido o enfermeiro ao de-
36 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
senvolvimento de uma assistência embasada em um julgamento crítico para a tomada de decisão com
a devida participação do cliente, objetivando a promoção, manutenção e recuperação da saúde deste, o
que consequentemente irá levar a um maior reconhecimento profissional diante da qualidade da assistência prestada, contribuindo assim para sua autonomia e uma maior satisfação profissional15. No entanto,
ainda há deficiência no cumprimento de algumas fases do processo de enfermagem e na documentação
de suas fases16, que dificultar a individualização do cuidado de maneira a retratar a integralidade da assistência de enfermagem nas unidades de internação.
Em todos os instrumentos analisados, o referencial teórico não está explicitado, seja nos termos empregados ou na estrutura de organização. Foi observado alguns indícios conforme que sugerem termos
empregados na Teoria das Necessidades Humana Básicas, segundo Wanda de Aguiar Horta, principalmente nas prescrições de enfermagem que emprega termos como orientar e ajudar17.
A elaboração dos instrumentos de registros reflete a compreensão acerca do tema e a compreensão
que os enfermeiros têm do SAE. O conceito de Processo de enfermagem, como metodologia da assistência e de sistematização da assistência tem gerado conflito e dificuldade de entendimento na literatura
de enfermagem e na prática profissional uma vez que são apresentados, ora como sinônimos e ora com
diferentes definições9.
A operacionalização da SAE exige a utilização de um referencial teórico adequado, interação da equipe
multiprofissional, adequação à realidade e, acima de tudo, ter como premissa a atenção com qualidade e
segurança ao individuo hospitalizado. A SAE pode contribuir para que a enfermagem adquira autonomia
profissional, visto que utiliza bases cientificas e teóricas que só serão alcançadas com a aplicação sistemática do processo de enfermagem17. Apesar dos desafios da implantação do processo de enfermagem,
a aplicação deliberada e sistemática deste instrumento pode acrescentar qualidade ao cuidado, direcionar
a avaliação da prática e melhorar o reconhecimento profissional18.
A terminologia que ficou evidente em cinco instrumentos foi representado pela classificaçao dos diagnósticos de enfermagem, segundo a NANDA. Quanto ao referencial teórico, observa-se a prevalência do
biológico dado ao conteúdo dos dispostos em todos os tópicos do instrumento.
Mesmo que o emprego das terminologias não seja obrigatório, podendo cada unidade eleger a terminologia que melhor retrate a realidade de sua clientela e o referencial adotado, cabe considerar que
a enfermagem necessita discutir e aplicar suas terminologias com fins de crescimento e sustentação
da prática profissional, acompanhando os movimentos internacionais de padronização da linguagem de
enfermagem tal como o proposto pela NANDA e o da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem9.
V • CONCLUSÃO
De acordo com a proposta do estudo, os resultados permitiram concluir que todos os instrumentos
adotados para registro da SAE em UTIN, adotam as etapas da prescrição e evolução de enfermagem.
A área destinada ao registro do histórico de enfermagem apresenta variação em todos os instrumentos
em relação ao numero de informações investigadas, sendo focadas nas informações relativas ao RN e
aos dados biológicos.
Observou-se que em todas as etapas prevalece o referencial biológico e indícios da Teoria da Necessidade Humana Básica.
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“Um dos instrumentos não
incluiu área especifica para
a anamnese, pois segundo a
instituição, esta era descrita
juntamente com a evolução
de enfermagem”.
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Análise de Instrumentos para Registro do Processo de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal
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BEATRIZ ARIZA SOARES DOS SANTOS - [email protected]
38 • INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA SÃO CAMILO
Premiações do IEP
RESULTADO 2014/2015
NOME
RANKING
CATEGORIA
Leonardo Marques Gomes
1
Ouro
Milena Nathalia Shingu Funai
2
Ouro
José Antônio Pinto
3
Prata
Fabiola Esteves Garcia Caldas
4
Prata
André Freitas Cavallini da Silva
5
Prata
Laila Puranem Mourão Martins
6
Prata
Heloisa dos Santos Sobreira Nunes
7
Prata
Adma R. Y. Zaianela
8
Prata
Lina Ana Medeiros Hirsch
9
Prata
Gabriel S. Freitas
10
Prata
Antonio Abel Pierre Paupério
11
Prata
Rodrigo Kohler
12
Prata
Mariana Carneiro Barbosa de Brito
13
Prata
Larissa S. Barrero
14
Prata
Janaína Johnsson
15
Prata
Natália Sacchi Campozana
16
Prata
Renan Rocha da Nóbrega
17
Bronze
Lara Marinho Reis
18
Bronze
Luiz Eduardo Barreto
19
Bronze
Marcio Luis Duarte
20
Bronze
André de Queiroz Pereira da Silva
21
Bronze
Luiz Carlos Donoso Scoppetta
22
Bronze
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