As mil faces de Marcos Baô

Transcrição

As mil faces de Marcos Baô
Entrevista
As mil faces de Marcos Baô
Marcos Antonio Bueno de Oliveira Filho, o Marcos Baô, como é conhecido artisticamente, é uma personalidade que reside na cidade há
alguns meses. Com passagens pela Globo e outras emissoras, ele já teve a oportunidade de contracenar com nomes famosos, além de
atuar em novelas como Salve Jorge e no programa Zorra Total, ele é também escritor e esbanja versatilidade no palco.
Ele se dedicou única e exclusivamente ao papel de cuidador de sua tia-avó, Maria Amélia Alvarenga, 88 que faleceu no dia 4 de julho, mas
sabe que no momento certo voltará a participar de novos elencos. “O ator não tem idade”, disse.
Conheça um pouco de Marcos Baô.
Como é fazer arte em um país como o
Brasil?
É muito prazeroso, porque a gente
percebe que as pessoas gostam muito
de arte. A dificuldade está em conceber
essa arte, torná-la concreta, levá-la para
o palco, transformar meus textos em
livro. Incentivo para a Cultura no Brasil
ainda é uma coisa complicada. Quem vive
de arte sofre até com a família que vê a
profissão como uma subatividade, um
hobby que você leva a sério demais, não
uma profissão. Muita gente acha que todo
artista deveria ter outra profissão, pois
viver de arte não seria possível. Acho que
desde que comecei na carreira até hoje já
melhorou, mas tem muito que melhorar
ainda.
Ela é fraca e vista como algo não tão
importante. A educação, a arte e a cultura
deveriam ser levadas mais a sério na
formação das crianças. Quem trabalha
com arte reconhece a importância e o
quanto agrega à vida e à visão de mundo.
Mas para quem nunca teve este lado
trabalhado na cabeça desde cedo é difícil
incutir depois. Governantes e até na hora
de um patrocínio a pessoa que tem essa
consciência não vê como uma esmola
e sim um incentivo. Ele acha que está
ajudando alguém que vai assistir àquele
espetáculo a ser um indivíduo melhor.
Então, quanto mais cedo uma pessoa tiver
contato com a arte e tiver a consciência
de quanto ela agrega à própria vida será
melhor para todo mundo.
A política voltada para este campo
ainda é falha, não incentiva quem vive da
arte?
Você, que trabalha com grandes nomes
na Rede Globo, como é estar entre os
melhores?
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REVISTA ACIMM - Edição 227
Meu primeiro trabalho na Globo foi “A
Diarista”, com a Cláudia Rodrigues, que é
uma grande estrela. Naquela ocasião eu
já conhecia outros nomes, como Debora
Bloch e Diogo Vilela. A primeira impressão
que dá é um baque, eu tinha apenas 23 anos
e já tinha ouvido muito sobre os famosos,
que artista famoso é assim, que artista
famoso é assado. A Cláudia Rodrigues
tinha uma fama de ser intragável, mas a
minha impressão foi totalmente oposta
ao que eu tinha ouvido. Lembro que
cheguei extremamente nervoso e ela
foi supergentil, se apresentando e me
pedindo para me apresentar. Ela até
pediu perdão por não me conhecer. Logo
depois passamos o texto e ela viu que eu
estava muito certinho e me pediu para
brincar com o texto, me deixando super a
vontade. Depois disso me encontrei com
ela em alguns locais do Rio de Janeiro e
ela sempre foi muito gentil.
Os últimos com os quais eu trabalhei
foram a Flávia Alessandra e o Alexandre
Borges, com ela gravei uma cena para
“Além do Horizonte”, também foram
extremamente agradáveis. Hoje eu sou
conhecido no meio, mas não sou famoso.
Na Globo se você perguntar pelo Baô todo
mundo sabe quem é. Acho que o segredo
para trabalhar com os famosos é tratálos de igual para igual. Se você chega
para um famosão e o trata como famosão
já estraga a relação. Por isso, se você os
tratar de forma normal, eles também te
tratam como uma pessoa comum.
Dizem que trabalhar na Globo, por pior
que seja o papel, é sempre um ótimo
negócio, pois você ganha muito em
termos de conhecimento. É isso mesmo?
Olha, eu acredito que sim, pois tudo é
muito bem feito. Você adquire background
por mais que não seja um grande papel.
O volume de texto que você tem de
assimilar, quando você afia na memória,
está sempre de prontidão e você mandar
tudo o que você pensou como se fosse
você mesmo. O ritmo de trabalho da Rede
Globo é tão intenso e eles primam tanto
pela perfeição que por menor que seja o
ACIMM - ligue: 19 3814.5760
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