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Clipping Nacional de Educação Segunda-feira, 14 de Outubro de 2013 Capitare Assessoria de Imprensa SHN, Quadra 2 Bloco F Edifício Executive Tower - Brasília Telefones: (61) 3547-3060 (61) 3522-6090 www.capitare.com.br 16/10/13 00 CARTA AO LEITOR 16/10/13 00 OAB Ensino ruim A OAB-SP reeditou o livro “O Exame de Ordem como instrumento de defesa do interesse público”, do ex-presidente Cid Vieira de Souza, de 1971. “Os problemas da época são os mesmos de hoje, a queda na qualidade do ensino”, diz Marcos Costa, presidente da seccional paulista. Aliás, o último exame (21º) reuniu 21.960 bacharéis. Passaram 3.433. O primeiro teste (março de 1971) teve 101 inscritos, com 49 aprovados. RICARDO BOECHAT 16/10/13 00 EDUCAÇÃO Curso superior fica de recuperação O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) é a ferramenta que o governo federal utiliza para medir a qualidade do ensino superior na rede pública e privada. Na semana passada, o Ministério da Educação divulgou os resultados da edição de 2012: cerca de 30% dos cursos avaliados apresentaram desempenho insatisfatório, com notas de 1 e 2 (na escala até 5), e apenas 5,4% obtiveram nota máxima. Ao todo, 7.228 cursos de 1.646 instituições foram testados e o exame contou com a participação de 536 mil estudantes. Os cursos reprovados poderão ter o vestibular suspenso. A SEMANA 16/10/13 COMPORTAMENTO 00 Cerco aos vândalos Diante do quebra-quebra generalizado em manifestações que começam pacíficas, governos do Rio e de São Paulo começam a criar estratégias para coibir o vandalismo. Mas é preciso evitar pirotecnias, como usar a Lei de Segurança Nacional Wilson Aquino e Andrés Vera DESTRUIÇÃO Vandalismo tomou conta de São Paulo e do Rio na noite da segunda-feira 7: prejuízo para as cidades Quando começaram as manifestações Brasil afora, há quatro meses, o País tomou conhecimento da tática Black Bloc que protesta destruindo patrimônio público e privado. Na segunda-feira 7, as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo sofreram com novas depredações ao final de manifestações que começaram pacíficas em apoio aos professores cariocas em greve. Agências bancárias foram devastadas, prédios públicos atacados, lojas quebradas e ônibus queimados. Essas ações levam medo à população, maculam movimentos legítimos e causam prejuízos aos municípios. Só no Rio, onde desde junho já houve doze dias de protestos que terminaram em quebra-quebra, o prejuízo chega perto dos R$ 2 bilhões (leia quadro). Diante da situação, é urgente que os governos formulem estratégias para coibir o vandalismo, como começou a acontecer. Mas sem pirotecnia, como lançar mão de um entulho da ditadura, como a Lei de Segurança Nacional, na qual dois manifestantes paulistas foram enquadrados na semana passada. Na terça-feira 8, o governo paulista apresentou seu plano para combater o quebra-quebra: uma força-tarefa unindo esforços da Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Militar e do Ministério Público, composta por oito promotores, seis delegados, dois coronéis e um comandante da Tropa de Choque. A estratégia é reforçar, em primeiro lugar, a inteligência das ações policiais. De um lado, acompanhar de perto as redes sociais para cruzar dados e monitorar os supostos vândalos. Do outro, intensificar o uso dos chamados P2, agentes policiais disfarçados que se infiltram entre os manifestantes. Durante os confrontos, a polícia poderá voltar a usar balas de borracha, proibidas desde os protestos de junho, quando manifestantes e jornalistas foram atingidos. Os flagrantes desse grupo irão compor um único inquérito policial para abrigar todos os casos com envolvimento de Black Blocs. Como o Rio tem sido o principal palco dos confrontos, a polícia carioca está mais adiantada nesse processo. Na manhã da sexta-feira 11, policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática do Rio prenderam seis pessoas suspeitas de envolvimento com esses manifestantes violentos e cumpriram 17 mandados de busca e apreensão em vários bairros da cidade, apreendendo computadores, equipamentos eletrônicos e máscaras. O delegado Fernando Reis informou que pediu quebra de sigilo de dados das pessoas investigadas e que os detidos foram conduzidos à delegacia para prestar esclarecimentos. Dois deles foram liberados logo depois. No mês passado, investigando a internet, a polícia conseguiu identificar e autuar três jovens que administravam o site do Black Bloc do Rio. Os jovens foram enquadrados no crime de quadrilha armada, incitação ao crime e corrupção de menores. No entanto, após uma semana na cadeia, eles ganharam o direito de responder às acusações em liberdade. “A tipificação é completamente absurda, tanto é que a Justiça devolveu o inquérito para a polícia investigar direito”, diz o diretor jurídico do Instituto de Defensores dos Direitos Humanos (IDDH), Carlos Eduardo Martins, que assiste os três. A grande dificuldade está justamente aí: na tipificação correta dos crimes cometidos. Em São Paulo, por exemplo, o delegado Antônio Tuckumantel recorreu a um instrumento da ditadura, a Lei de Segurança Nacional (LSN) para enquadrar o casal de manifestantes Humberto Caporalli, 24 anos, e Luana Lopes, 19, no crime de sabotagem. Eles foram detidos durante a violenta manifestação Continua Continuação da segunda-feira 7. Para muitos especialistas, a legislação nem em vigor está mais. “A Constituição de 1988 revogou automaticamente a Lei de Segurança Nacional”, diz o jurista Roberto Dias, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). A medida polêmica não teve o apoio nem do governo paulista. Dois dias depois, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu pelo relaxamento da prisão. No Rio, a polícia optou pela recém-criada Lei da Organização Criminosa, em vigor desde o mês passado. “Acho que é a lei mais adequada. Para que possamos imputála temos de estar diante da prática de delitos como furto qualificado, posse de artefatos explosivos e incêndio. Essa organização não precisa ser permanente, pode ser temporária, tem que ter divisão de tarefa e desejo de receber vantagem que não precisa ser pecuniária”, explicou a delegada Martha Rocha. Ou seja, cai como uma luva nos adeptos da tática Black Bloc. 16/10/13 Mas, como sempre, há divergências. “O governo está fazendo isso para tentar endurecer, mas, juridicamente, é impertinente”, critica o criminalista Breno Melaragno, presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB/RJ. “O Brasil já tem uma legislação penal que é facilmente aplicável aos vândalos. Os crimes de incêndio e de explosão, por exemplo, são inafiançáveis, impedindo que eles saiam da delegacia com o pagamento de fiança logo depois”, afirma. Se tudo parece tão simples, por que tão poucos baderneiros foram presos e enquadrados até agora? A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, prefere a via da negociação e revelou à ISTOÉ a proposta apresentada na quarta-feira 9 ao secretário de Segurança fluminense, José Mariano Beltrame. Seriam criados grupos de mediadores de conflitos, formados por agentes da sociedade civil para, com métodos pacíficos, evitar o quebra-quebra e a reação policial, por vezes excessivamente violenta. A ministra disse que Beltrame considerou a ideia positiva. “Precisamos que as organizações de direitos humanos tenham opinião sobre isso”, disse Maria do Rosário. A busca do consenso, no entanto, está longe de significar que ela não desaprova firmemente a ação dos Black Blocs: “Esses grupos que praticam atos de vandalismo e não pacíficos são um risco para a população, para outros manifestantes e também para os agentes policiais.” Colaboraram: Mariana Brugger e Camila Brandalise fotos: jardiel carvalho/frame/ folhapress; ricardo moraes/reuters; gustavo oliveira/futura press/folhapress; fábio vieira/fotoarena/folhapress fotos: j. duran machfee/futura press/ folhapress; adriano lima/brazil photo press/folhapress Continua Continuação 16/10/13 13/10/13 O PAÍS 00 Para especialistas, desafio é avançar em qualidade O BRASIL EM 20 ANOS Segundo eles, universalização da Educação não é garantia de aprendizado PAULO CELSO PEREIRA BRASÍLIA - Apesar de os indicadores da Pnad mostrarem avanços em praticamente todas as áreas nas últimas décadas, especialistas alertam para as deficiências difíceis de serem percebidas a partir apenas da análise desses números. A questão central é que muitas vezes os resultados quantitativos positivos ofuscam problemas qualitativos. O caso mais evidente é o da Educação. De acordo com Rosa Ester Rossini, professora titular do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), apesar de o ensino fundamental estar praticamente universalizado, o nível de aprendizagem ainda é muito baixo. — Desde a ditadura, nós temos dados de alfabetização para consumo externo. Hoje, entre 40% e 60% dos estudantes de primeira à quarta série não sabem ler ou escrever. Igual percentual de alunos da quinta à oitava série sabe ler e escrever, mas não sabe o que lê e escreve. A situação é alarmante. Há, por exemplo, uma enorme perda de qualidade na entrada de jovens na universidade. O jovem, hoje, entra na faculdade e não sabe pensar. Sabe copiar e colar. Temos que começar quase do zero — lamenta a professora. LUTA POR IGUALDADE E EQUIDADE Sobre os resultados obtidos na Educação pelos dois períodos de governo, o professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Alberto Ramos reforça entendimento comum entre especialistas que analisam dados: — Quando você chega a percentuais de 95% ou 96%, aumentar é muito difícil. Então, você tinha pouca coisa para fazer no governo Lula em relação à inclusão no ensino fundamental, por exemplo. O professor da UnB analisa um outro problema não revelado de imediato pelos números: mesmo com os avanços na renda e no nível de emprego, ambos ainda atingem mais fortemente o mesmo grupo que mais sofria na década de 1990, que são os brasileiros com educação média. — Se você pega a curva do desemprego, as taxas mais baixas estão entre os analfabetos e os de educação superior. Ou seja, o problema do desemprego no Brasil está na educação média. A estrutura do desemprego não mudou. Nos anos 1990 e hoje ela é similar. Ela se desloca, mas a estrutura é exatamente a mesma — explica Ramos: — O aumento do salário mínimo beneficia os trabalhadores menos qualificados. No caso dos trabalhadores do ensino médio, há uma estagnação em termos reais do salário. Isso ocorre porque as pessoas estão chegando ao mercado de trabalho com educação média e como há um excesso de oferta isso tende a reduzir os salários. A professora Rosa Ester Rossini, especialista em questões de gênero, destaca também que o avanço na participação das mulheres no mercado de trabalho não deve ser fruto de comemoração intensa. Segundo ela, é resultado das dificuldades das famílias de serem mantidas apenas com o trabalho dos maridos. E, ao mesmo tempo, de uma opção das empresas por remunerações menores. — Em relação ao trabalho da mulher vejo conquistas enormes, mas elas, no fundo, entraram no mercado de trabalho porque, com o número de horas que o companheiro trabalha durante a semana, é impossível manter a família em condições mínimas. Então, a intensificação não é só uma conquista. A mulher entra no mercado e não ganha igual ao homem, talvez só no serviço público. A gente tem que lutar é por igualdade e equidade — reforça Rosa Ester. Outra diferença grande entre os dois Continua Continuação 13/10/13 governos é em relação à formalização do emprego, que levou a carteira assinada para trabalhadores de ambos os sexos. Há ampla vantagem para os governos petistas. O professor Carlos Alberto Ramos diz que seu marco inicial é a adoção do câmbio flutuante e a desvalorização do Real em 1999: — O corte da formalização é nitidamente em janeiro de 1999, com a desvalorização do Real. Não se sabe muito bem por que, mas depois que você adotou a taxa de câmbio flexível, você tem um processo de formalização muito forte, que se junta com um aumento do salário mínimo. 13/10/13 00 RIO 13/10/13 00 COTIDIANO Por conta própria Eles moram fora do centro, estudaram em escola pública e, sem ajuda de ninguém, entraram na melhor escola de administração do país, a FGV; hoje, estão entre os melhores da turma SABINE RIGHETTI DE SÃO PAULO Vários fatores diferenciam Ricardo da Rocha Rodrigues, 20, dos seus colegas de administração pública da FGV (Fundação Getulio Vargas). Entre eles, as notas: ele é um dos melhores alunos. Ricardo também tem um perfil peculiar na faculdade conhecida por formar estudantes de elite: ele é filho de diarista e mora em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Ele é um dos raros alunos da FGV que vieram de escola pública e, sem ajuda de ninguém e de nenhuma ONG, entrou no curso de administração pública na faculdade --considerada a melhor escola de administração do país no RUF 2013 (Ranking Universitário Folha). Ele está no 2º ano, tem bolsa integral de estudos (concedida aos primeiros colocados) e também recebe alguns auxílios, como a chamada bolsa material escolar. A mensalidade custa quase R$ 3.000. Para ser aprovado no vestibular, ele estudou sozinho com base em material que comprou em banca de jornal. Filho de pernambucanos que vieram a São Paulo em um paude-arara, ele viu sua família se estabelecer na região metropolitana da capital. A mãe é diarista, o pai é comerciante. Na sua casa moram sete pessoas. Em uma realidade tão distante da elite, Ricardo ficou sabendo da FGV em um folder de propaganda. Ricardo conta que resolveu prestar o vestibular porque o curso tem tudo a ver com o que ele sempre quis fazer. "Quero trabalhar no governo para mudar a realidade do país", afirma. Seu "bixo", Reginaldo Gonçalves, 18, aluno do 1º ano da FGV, segue a mesma trajetória. Morador de Itaquera, zona leste de São Paulo, é filho de professores da rede pública e ficou sabendo da FGV pela internet. Nunca tinha passado nem na frente do prédio da faculdade, que fica a poucas quadras da avenida Paulista. "Mas meu pai conhecia o prédio porque morou num cortiço aqui perto", diz. Continua Continuação 13/10/13 Quando decidiu prestar o vestibular para a FGV, enquanto ainda estudava em uma escola técnica na Cohab de Itaquera, conta, as pessoas "estranharam". de Educação da PUC-SP, a diferença social pode assustar mais do que a diferença de bagagem intelectual em casos como esse. Os dois futuros administradores públicos da periferia sonham em mudar a realidade que conhecem tão bem. "Um dos meus professores achou esquisito. A FGV é conhecida por formar elite e pessoas de classe média alta", lembra Reginaldo. "Quem é da periferia e quem é da elite de São Paulo têm realidades completamente distintas, que talvez nunca tenham se cruzado." Ricardo já trabalha na própria FGV, em um banco de microcrédito para pessoas de baixa renda que querem iniciar um empreendimento. Ao ser aprovado, com bolsa integral, comemorou. "Mas fiquei receoso porque a realidade é diferente. A escola tem boa infraestrutura, mas o medo era sobre como seria recebido." As diferenças são, mesmo, muitas. A começar pelo modo como os alunos chegam ao curso. Enquanto a maioria dos alunos da FGV usa os próprios carros, Ricardo e Reginaldo gastam até duas horas de trem e de metrô. Reginaldo sonha em ser político. Se fosse, o que mudaria em Itaquera? COLEGAS RICOS Hoje, ele se sente incluído, diz, mas conta que estranha algumas conversas pelos corredores acadêmicos da FGV. "Às vezes escuto alunos falando sobre lugares que a gente só vê na TV, sabe?" De acordo com Leda Maria Oliveira Rodrigues, da Faculdade Para a FGV, essa mescla de realidades é positiva. "Isso enriquece a discussão na sala de aula, ainda mais em um curso que visa formar gestores públicos", ressalta Marco Antonio Carvalho Teixeira, vicecoordenador da graduação em administração da FGV. NO FUTURO "Traria escolas e universidades para a região. Isso descongestionaria as vias de acesso a São Paulo." Ele também investiria em lazer. "Muitos moleques ficam o dia todo à toa na rua e chegam à criminalidade." Isso aconteceu com alguns dos seus colegas de infância de Itaquera, diz e silencia. Ele não quis falar sobre isso. 13/10/13 00 COTIDIANO Aluno com alto desempenho pode se 'autoexcluir' DE SÃO PAULO Um dos maiores desafios enfrentados no caminho ao ensino superior pode estar no próprio estudante. É a chamada "autoexclusão". Isso acontece quando a pessoa deixa de tentar algumas oportunidades por se sentir naturalmente excluída. Por exemplo, um estudante de escola pública (tida como ruim) que acaba não prestando o vestibular para uma boa universidade. "Muitas vezes o estudante até tem preparo, pois não é toda escola pública que é fraca. Mas ele acaba se sentindo socialmente excluído", explica Leda Maria Oliveira Rodrigues, da Faculdade de Educação da PUC-SP. "É como se eles pensassem: tal faculdade não é para mim", comenta Marco Antonio Carvalho Teixeira, vice-coordenador da graduação em administração da FGV. Esses alunos acabam nem fazendo o vestibular. Se fazem e são aprovados, não aparecem na matrícula. Foi o caso de Reginaldo Gonçalves. Quando viu que foi aprovado na FGV e que teria bolsa de estudos, ele não foi à fundação porque achou que teria de pagar a matrícula, de quase R$ 3.000. "A FGV ligou em vários lugares atrás de mim, até me achar na igreja. Então me explicaram que eu não precisaria pagar nada", conta. De acordo com ele, o valor da matrícula equivale à renda mensal da sua família. "Uma amiga minha que queria fazer direito nem prestou a prova da FGV", diz ele. BUSCANDO TALENTOS As universidades de qualidade conhecem bem os sintomas da autoexclusão, tanto que estão buscando alternativas para evitála. A própria FGV montou um cursinho pré-vestibular para alunos carentes com aulas ao sábados --iniciativa que veio dos próprios alunos. Reginaldo é um dos porta-vozes do cursinho. Ele visita escolas públicas incentivando alunos para o vestibular. Neste ano, a maior universidade do país, a USP, também anunciou um cursinho com mil vagas para alunos carentes a partir de 2014. A ideia é atrair e capacitar jovens de baixa renda. A medida faz parte do programa de inclusão da USP. A meta da universidade é chegar a 50% de alunos vindos de escolas públicas em 2018. Hoje, são 28%, com variações entre os cursos. (SR) 13/10/13 ESPECIAL 00 Brincadeira escolar Cursos de MBA usam competição esportiva, teatro e obra de caridade para formar líderes REINALDO CHAVES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Competições de vela, aulas de ioga e interpretação. Pode parecer a programação de um clube, mas, na verdade, são atividades de MBA. Esses cursos de pós-graduação, cuja missão é dar aos executivos uma visão geral das várias facetas dos negócios, estão mudando programas para treinar as habilidades comportamentais dos alunos. O objetivo é capacitá-los em fatores como adaptação a novos ambientes e flexibilidade (veja nas páginas deste caderno como melhorar essas competências). "Essas habilidades requerem a imersão em atividades que são representações razoavelmente precisas do mundo real das organizações", afirma David Garvin, professor da Escola de Negócios de Harvard. "Palestras e debates por si só não ensinam habilidades sociais." Esse tipo de metodologia acaba gerando aulas inusitadas. Gutenberg Souza Oliveira, 44, teve de participar de uma regata em um veleiro como parte do curso na BSP (Business School São Paulo). Na competição, realizada em Boston (EUA) por meio de uma parceria da escola com a Universidade de Suffolk, cada aluno tinha uma função específica na embarcação. "É um ambiente em que tudo pode acontecer. Todos dependem um do outro para, por exemplo, mudar o rumo do barco. É necessária muita coordenação e espírito de grupo", conta Oliveira. O coordenador dos programas de MBAs da BSP, Fernando Marques, afirma que cerca de 40% do curso é voltado apenas para as habilidades comportamentais (conhecidas pela sigla em inglês "soft skills"), o que inclui palestras sobre autoconhecimento, espiritualidade e aulas de ioga. "Avaliar a viabilidade econômica de um projeto é uma função natural de um executivo e pode ser aprendida com aulas técnicas. Mas tocar a implementação desse projeto é complexo: o profissional precisa estimular a equipe, expor suas ideias e negociar com vários públicos." Continua 13/10/13 Continuação Na Fundação Getulio Vargas em São Paulo, uma das técnicas é parecida com um jogo de RPG ao fazer com que os alunos interpretem papéis: eles são divididos em grupos pequenos para treinar negociação e trabalho em equipe. O engenheiro Sidnei Pereira, 31, é um dos alunos da escola e afirma que está aprendendo a se adaptar a diferentes ambientes. "Lidar com clientes, colegas de trabalho ou fornecedores hostis tem muitas sutilezas. As pessoas podem ter dúvidas sobre o que você defende, mas você tem de reverter isso, mostrar vários pontos de vista, ter firmeza e expressão corporal correta." Medir a eficácia do aprendizado e o sucesso de uma habilidade comportamental também não é fácil para uma escola ou gestor. A abordagem mais aceita pelos especialistas é propor que um grupo faça uma avaliação conjunta e, por meio de debates, cheguem a uma conclusão mais consensual. Na Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista), as avaliações são feitas por meio de jogos. O professor Armando Oliveira conta que, por exemplo, os alunos têm que fazer o planejamento e execução de projetos como a construção de miniaturas de torres, domos e pontes. "Nesse formato, procuramos avaliar os indicadores de entrega no prazo, custo e qualidade dos projetos", afirma. "Mas também são dadas metas individuais e organizacionais para que sejam desenvolvidas habilidades de comunicação, empatia e liderança e para que sejam estruturadas parcerias entre os alunos." Na tentativa de modificar o comportamento dos alunos, vale até o teatro. Na Unifei (Universidade Federal de Itajubá), uma das disciplinas inclui encenações e brincadeiras que parecem de criança --por exemplo, estourar bolas de bexiga coladas na parte de traz dos cintos dos colegas, por exemplo. "É interessante ver como os alunos, em sua maioria gerentes de empresas, viram novamente crianças. Logo após, são tiradas conclusões sobre o comportamento das pessoas", afirma Edson Pamplona, coordenador de MBA da instituição. E não são apenas os executivos os interessados em melhorar o comportamento para o trabalho. Renato Cerqueira, 50, coronel da Polícia Militar que fez MBA no Insper, diz que técnicas de negociação e motivação de colaboradores são úteis no seu dia a dia -- ele tem 400 pessoas em sua equipe, entre oficiais e praças. "São pessoas que passam situações aflitivas e só vão realizar um bom trabalho se entenderem suas responsabilidades e a importância de sua função." 13/10/13 00 ESPECIAL Aulas sobre comportamento exigem cuidado COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Ensinar as pessoas a se comportar em diferentes situações da vida corporativa, por meio de simulações do cotidiano, por exemplo, exige cuidado. "Ensinar habilidades sociais requer empatia por parte dos instrutores e dos alunos, porque as pessoas podem se machucar", afirma David Garvin, professor da Escola de Negócios de Harvard. Para J. Neil Bearden, professor de ciências da decisão da Insead, "um dos maiores riscos é tentar fornecer uma espécie de soluçãopadrão que não leva em conta o contexto cultural". Ele diz que o objetivo é preciso formar "gestores adaptativos", que compreendem seus colegas e o meio em que eles vivem. "Com um pouco de compreensão, o que muitas vezes requer apenas prestar atenção a um ambiente, não é difícil descobrir como liderar e motivar." Para ajudar os alunos a conhecerem uns aos outros, antes do início do curso eles têm de realizar atividades como construir playgrounds para um orfanato em Cingapura, o que exige trabalho em equipe real e habilidade de trabalhar com pessoas que eles não conhecem bem. 13/10/13 00 ESPECIAL Invasão gringa Estrangeiros escolhem estudar no Brasil para entender problemas do país e identificar oportunidades ALINE OLIVEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA O Brasil tem atraído a atenção de alunos estrangeiros de MBA, que escolhem cursar módulos do curso aqui para entender quais são as oportunidades e as dificuldades dos negócios no país. De olho em um futuro emprego, eles desejam entender quais consequências terá uma empresa estrangeira que se instalar no Brasil. Os módulos oferecidos em países estrangeiros são, geralmente, feitos após a conclusão dos estudos nas universidades de origem. "Nossos alunos são profissionais interessados em entender como as empresas brasileiras fazem para crescer", afirma Ellen McMahon, professora da Lake Forest Graduate School of Management, localizada em Chicago. A francesa Violaine Laurens, 30, cursava MBA em gestão de sustentabilidade em Paris quando soube que sua universidade mandaria dois alunos para fazer um módulo de seis meses no Brasil. "Nunca tinha vindo para cá, não falava português, mas me candidatei porque, em questão de sustentabilidade, o Brasil concentra todas as problemáticas." Laurens diz que desmistificou alguns conceitos sobre o país. "A Europa tem uma visão preconceituosa em relação ao Brasil. Estudando aqui pude entender a complexidade do país e ver que é uma nação avançada em vários aspectos", completa. Existe também a intenção de aprender a negociar melhor. "Para ter sucesso aqui você precisa ter muito jogo de cintura --muito mais do que nos EUA ou na Europa", afirma John Schulz, sócio-fundador da BBS Business School, que tem acordos para intercâmbio de alunos. "Por isso, o executivo com experiência brasileira é valorizado pelas multinacionais, pois ele se adapta rapidamente e é bastante flexível." 13/10/13 ESPECIAL 00 ENTREVISTA 'Profissional que se forma em MBA está menos arrogante' Ensino da liderança faz com que alunos fiquem mais humildes, afirma especialista O número de vagas para profissionais com formação em um curso de MBA cresceu 16% entre 2012 e 2013 no Brasil, de acordo com a consultoria internacional QS. O país é o oitavo com maior demanda por esses alunos, em uma lista liderada por Índia, Estados Unidos e China. A pesquisa ouviu mais de 5.300 empresas em 42 países. Nunzio Quacquarelli, diretor da QS, disse à Folha que isso acontece tanto porque mais empresas estrangeiras, especialmente dos setores financeiro e de consultoria, estão aumentando a operação no Brasil, quanto pela maior internacionalização das empresas brasileiras. Pela primeira vez desde que a pesquisa é realizada, há 23 anos, as empresas se disseram satisfeitas com a capacidade de liderança dos executivos. Leia trechos da entrevista salários. Folha - O que explica esse aumento de 16% na demanda por profissionais com MBA? Nunzio Quacquarelli - O crescimento econômico é um fator, mas o principal é que mais empresas internacionais estão interessadas em abrir ou expandir operações no Brasil. Das vagas para profissionais com MBA, um terço vai para o setor bancário e outro terço vai para consultorias, e elas têm aumentado muito a presença na região. Também há mais empresas locais querendo contratar. O relatório indica que, pela primeira vez, a capacidade de liderança dos graduados em MBAs teve uma nota compatível com a expectativa das empresas. Qual o motivo disso? É resultado do trabalho das escolas de negócios na última década. Têm sido dada muita ênfase ao treinamento da liderança. Além disso, os profissionais com MBA estão menos arrogantes. Essa era uma crítica muito forte no mercado, com a percepção de que as pessoas chegavam ao mercado achando que sabiam tudo. Com o foco maior na liderança, isso vem mudando: eles estão aprendendo a ser mais humildes. De acordo com a pesquisa, o salário que as multinacionais oferecem na América Latina é, em média, 20% maior que o das empresas locais. Isso tende a mudar? O mercado internacional é muito competitivo, então as empresas multinacionais competem entre si por talentos e puxam os salários para cima. É difícil que essa diferença caia. Além disso, com a melhora da economia nos Estados Unidos e na Europa, vai haver pressão nos Isso é efeito do currículo das escolas ou a característica de uma nova geração? Com base em fatos, eu não sei se o perfil do aluno mudou ou não. Eu suspeito que isso seja resultado direto do currículo. Há mais espaço para conteúdos como ética corporativa e responsabilidade social, o que muda um pouco a visão desses jovens. 13/10/13 00 ESPECIAL Curso sem lei Falta de regras complica escolha de MBA; aluno deve prestar atenção à carga horária e ao método de seleção da escola REBECA DE MORAES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA As confusões na hora de escolher um de MBA podem começar na nomenclatura do curso. O MEC (Ministério da Educação) classifica esse tipo de formação como pós-graduação latu sensu. Esse é o principal motivo para que não sejam estabelecidas regras rígidas sobre o conteúdo e a carga horária deste tipo de programa. Por isso, o que se vê no mercado são MBA de vários tipos: os que seguem os padrões americanos, e vários outros (bons e ruins) que foram elaborados sem a metodologia internacional. Daniela Marcondes, 36, gerente de manutenção e obras da Sala São Paulo, começou neste ano um MBA em gerenciamento de facilidades na USP. Ela conta que, quando começou a procurar pelo curso, ficou de olho nas certificações dos programas. "Como é um curso de padrão internacional, queria algo que desse peso no currículo, por isso me informei sobre as chancelas de cada curso." comunicação da Anamba. Na tentativa de orientar alunos sobre os cursos que estão alinhados com padrões internacionais e também com o mercado, as escolas que oferecem esse tipo de curso criaram a Anamba (Associação Nacional de MBA). Vale também entender qual a tradição da escola que está em avaliação. "Veja se ela tem o mesmo foco que você procura para sua carreira", sugere Marcelo Saraceni, presidente da Abipg (Associação Brasileira das Instituições de Pós-Graduação). Quem procura uma experiência no exterior pode também conferir se a escola tem convênios de intercâmbio com boas universidades estrangeiras. A instituição verifica a qualidade dos programas brasileiros com base nos critérios de exigência de associações internacionais como a Amba (Associação de MBAs). Recebem um selo as escolas que se enquadram em uma série de padrões, como carga horária de 480 horas, alunos com no mínimo três anos de experiência profissional e processo seletivo que conta com análise de currículo, teste e entrevista. Para certificar também a qualidade de MBAs que não seguem à risca todas as normas internacionais, a Anamba criou o selo Padrão Brasil. "É importante que o candidato conheça esses selos e pergunte por eles antes de se inscrever num curso, para ter certeza de que a instituição tem qualidade", explica Karla Alcides, diretora de Os especialistas indicam que o candidato analise com atenção o conteúdo das aulas e veja quais as matérias e a carga horária de cada uma delas: finanças, operações, recursos humanos, tecnologia de informação, economia, estratégia e marketing são disciplinas obrigatórias. Procure alunos do curso que pretende fazer, veja qual a idade e o tempo de experiência deles. Vale também conhecer antes os seus futuros professores. "Uma boa escola deve ter professores com títulos acadêmicos, mas é fundamental eles estejam no mercado", diz Juliana Fonseca, coordenadora da BBS Business School. 13/10/13 00 ESPECIAL Chefe em curso MBA tem foco em quem quer ser líder e já tem experiência; veja se esse tipo de pósgraduação é o mais adequado para você REBECA DE MORAES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Quando foi promovido de analista de supply chain (cadeia de suprimentos) para executivo de vendas na empresa que trabalhava, Marcelo Freund, 34, sentiu que precisava complementar sua formação. Pela primeira vez em um cargo de gestão, queria entender mais sobre liderança de pessoas. Hoje gerente-geral regional da Klabin, Freund considera que os cursos de MBA --ele já tem dois no currículo -- foram importantes não só para os saltos nas funções dentro das empresas, mas também para avaliar setores diferentes dos que trabalhava. O momento que ele escolheu para cursar seu primeiro MBA foi o ideal, segundo especialistas: quando o profissional tem uma boa bagagem de experiência prática e já alcançou um cargo em que chefia pessoas. "O MBA é um curso que integra a teoria com a prática com o objetivo de habilitar a pessoa a tocar uma empresa grande ou pequena de padrões internacionais", explica James Wright, coordenador do MBA Executivo Internacional da FIA (Fundação Instituto de Administração). Mas que não se espante quem encontrar em uma sala de aula até mesmo alguém com mais de 15 anos de experiência de mercado. "É um curso indicado para quem quer ser presidente-executivo e precisa conhecer todas as áreas de uma empresa." Freund conta que seu principal objetivo era ter uma experiência acadêmica fora do Brasil. "Fiz o primeiro MBA aqui pois tinha acabado de ter uma promoção e achei que não era a hora de abandonar o trabalho", conta. Depois de dois anos, resolveu abandonar a companhia em que trabalhava e fazer um MBA na Universidade de Nova York. "A qualidade dos cursos brasileiros é muito boa, mas lá fora é possível ter uma experiência em tempo integral, além de estar exposto aos principais líderes globais em eventos e palestras da Continua Continuação universidade." MBA, pós-graduação, mestrado: Os vários tipos de curso que o mercado oferece para quem quer continuar estudando depois da graduação pode trazer confusão na hora da escolha. Enquanto as pós-graduações convencionais são para os alunos que precisam de aplicação prática imediata, os mestrados são reservados para quem planeja atuar em âmbito acadêmico e pesquisar um tema que ainda não tenha sido desenvolvido. Os MBA são dedicados aos profissionais que querem aprender como gerir pessoas e ter as ferramentas necessárias para, como gestor, negociar com as diversas áreas de uma empresa. Os coordenadores de cursos de MBA dizem em uníssono: a experiência profissional de no mínimo três anos é fundamental para quem planeja ingressar nesse tipo de programa, que dura em média um ano e meio. Isso porque logo depois da 13/10/13 graduação a principal necessidade do profissional é de habilidades técnicas, ou seja, entender como se dá o dia a dia da carreira. Saber liderar, em geral, vem num segundo momento --eis a hora do MBA. O vasto conhecimento sobre a gestão de uma empresa que se tem nesse tipo de curso é o que leva muitos profissionais que não tiveram disciplinas ligadas a administração a recorrerem aos MBA. A psicóloga Érica Whately Sundfeld, 29, começou neste ano um curso como esse em gestão de negócios. "Queria complementar minha graduação com um curso que me desse uma visão global de um negócio", diz Sundfeld. "Mas acho que o MBA vai fazer mais sentido quando estiver numa posição de gerir um departamento." GERAL OU ESPECÍFICO Na hora de escolher seu MBA, fique atento. As escolas oferecem dois tipos, os generalistas e os especializados. Os primeiros são aqueles que dão uma visão geral do funcionamento administrativo de uma empresa. São mais interessantes para quem planeja ter cargos de gerência, direção ou até presidência, e precisa ter noções de liderança e estratégia para companhias grandes ou pequenas. Os MBAs especializados têm programas divididos entre as matérias de formação básica de um MBA (como administração, finanças, estratégia, contabilidade) e aquelas específicas do assunto escolhido, o que pode ir de educação a mercado de luxo. Estes são mais indicados para quem planeja orientar a carreira para um certo setor ou crescer como gerente de uma determinada área. Quem ainda não está no ponto do curso pode ir se preparando. "Os alunos que não têm experiência prática suficiente podem começar fazendo cursos curtos de especialização", diz Wright, coordenador da FIA. 13/10/13 00 ESPECIAL Mão no bolso Conheça diferentes tipos de aplicações que ajudam a obter recursos para pagar MBA ANA MAGALHÃES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA O engenheiro civil Fábio Tran, 34, recorreu a pelo menos seis métodos para conseguir bancar um MBA e um mestrado nos Estados Unidos: usou recursos que havia economizado, pegou empréstimos com as irmãs, adquiriu um financiamento em um banco americano, conseguiu uma bolsa parcial da empresa onde trabalhava e ganhou uma bolsa do Instituto Ling. Não era para menos ""apenas um ano de MBA na universidade Kellogg, onde estudou, custa hoje US$ 60 mil. Sem contar hospedagem, alimentação, transporte e lazer. Fazer um MBA no Brasil pressupõe não ter esses gastos extras e poder continuar trabalhando ""porém, os cursos por aqui também não são baratos. Alguns podem chegar a R$ 70 mil. A melhor maneira de bancar um curso de MBA, seja no Brasil ou no exterior, é se planejar com antecedência, guardar dinheiro e aplicar. Quanto maior a antecedência, menor será a quantia mensal a ser guardada. Como se trata de um investimento de curto prazo, não vale a pena investir na Bolsa de Valores. Isso porque o prazo é considerado curto para investimentos arriscados. O ideal, na avaliação de Tatiana Engelmann, planejadora financeira, é diversificar os investimentos e aplicar em fundos CDI (juro do empréstimo entre bancos) ou no Tesouro Direto. O CDI é usado como referência para o rendimento de aplicações na renda fixa, e sua variação normalmente fica próxima à taxa básica de juros, a Selic. Os investimentos cujas rentabilidades são atreladas ao CDI se tornam mais atraentes em cenário de aumento do juro básico, como o atual. Já o Tesouro Direto é a plataforma do governo na internet para negociação de títulos públicos a pessoas físicas. É considerado uma boa opção ao pequeno investidor, pois os títulos públicos são vistos como os ativos com menor risco em uma economia. Há um investimento específico para quem consegue economizar, Continua 13/10/13 Continuação mas costuma cair em tentação e gastar o dinheiro: as LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito Agrícola). "São investimentos que não permitem que você resgate durante um determinado período de tempo e que têm isenção de Imposto de Renda", diz Engelmann. A especialista lembra ainda de um detalhe importante: é preciso considerar a inflação. "Cursos de MBA podem ter aumentos superiores à inflação. Também por isso é importante você atualizar o valor que vai economizar todos os meses." Quem não tem disciplina para economizar pode também parcelar o curso brasileiro --há taxas de juros, mas elas podem ser menores do que empréstimos concedidos pelos bancos. "É uma espécie de poupança também, só que obrigatória e com resultados imediatos, ou seja, você vai poupando, pagando e já usufruindo do curso", diz Sérgio Bessa, professor da Fundação Getulio Vargas. de que vai estudar no exterior. A própria FGV parcela o custo do seu MBA e cobra juros de 1% ao mês. A linha de crédito da Caixa Econômica Federal para financiamento de pós-graduação tem juros de cerca de 2% ao mês. Há ainda muitas instituições internacionais que têm parcerias com bancos e que concedem financiamentos a juros razoáveis. Já para aqueles que sonham em fazer um MBA no exterior, pode ser interessante aplicar em fundos cambiais, na avaliação do professor de finanças do Insper, Maurício Carvalho. O objetivo é se proteger diante de flutuações do dólar. Funciona assim: você aplica hoje R$ 110 mil, equivalentes a US$ 50 mil. Daqui a um ano, você seguirá tendo o equivalente a US$ 50 mil, independentemente das flutuações cambiais. Se o dólar subiu, você não terá perdido poder de compra em dólar. O problema será se você desistir de ir para o exterior e decidir trocar os dólares por reais. Por isso, essa aplicação é interessante para quem tem certeza Fábio Tran, o engenheiro que se virou de todas as formas para ir para os Estados Unidos, conta que adquiriu um empréstimo por intermédio da sua faculdade americana com juros de cerca de 8% ao ano. Ele fez o MBA entre 2006 e 2008 e até hoje paga essas prestações --e, com a alta do dólar, está mais difícil pagar a conta. Mas ele diz que valeu a pena demais ter feito as malas e ter se endividado para fazer os cursos. "Precisamos lembrar que, normalmente, depois de um MBA, você tem um aumento salarial." Segundo ele, esse aumento é suficiente para pagar as dívidas. 13/10/13 00 METRÓPOLE 13/10/13 00 METRÓPOLE Continua Continuação 13/10/13 13/10/13 00 METRÓPOLE Isolamento afasta universidades do Brasil das tops Especialistas destacam a internacionalização como fator essencial para que as instituições brasileiras possam alcançar a excelência Herton Escobar Promover a internacionalização, valorizar o mérito, flexibilizar regras e reduzir a burocracia. Essa é a receita básica que as universidades brasileiras precisam seguir se quiserem ficar mais parecidas com Harvard, Oxford, Stanford e outras instituições de ensino e pesquisa que aparecem no topo dos rankings internacionais, segundo especialistas ouvidos pelo Estado. A falta de interatividade com oresto do mundo é apontada como um dos pontos mais fracos das instituições brasileiras, que reduz suavisibilidade e competitividade internacionais. "Se eu pudesse singularizar um item que precisaser incentivado, é a internacionalização", diz o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva. "E isso que vai trazer no seu bojo todo o resto." Universidades americanas e europeias frequentemente ganham prêmios Nobel com pesquisadores que foram recrutados de outros países ou outras instituições - que muitas vezes competem para contratar os melhores cientistas, como times de futebol que brigam pela contratação de um craque. O Prêmio Nobel de Química deste ano é um bom exemplo: os três laureados são pesquisadores de universidades norte-americanas (Harvard, Stanford e Califórnia do Sul) que nasceram em outros países e passaram por outras instituições ao longo de sua vida acadêmica. No Brasil, a barreira linguística e as regras do funcionalismo público tornam muito difícil atrair professores estrangeiros. Mesmo um ganhador do Nobel, se quisesse se mudarpara o País e virar professor da USP, teria de prestar concurso público em português e passarpor um complicado processo de contratação, além de aceitar ganhar um salário igual ao de todo mundo. "No Brasil, resolveu-se que um professor universitário deve ser tratado como um funcionário público qualquer. Nenhum país com universidades de ponta faz Continua Continuação isso", aponta o físico Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Segundo os especialistas, é preciso flexibilizar as regras e abrir as portas das universidadesparaestrangeiros-não obrigando-os afalar português, mas fomentando o uso do inglês entre os brasileiros, seja na sala de aula,nos laboratórios ou chamadas de projetos e contratações. "A língua é uma questão-chave. As universidades asiáticas que estão em ascensão adotaram o inglês tanto para o ensino quanto para a pesquisa. E a língua universal de comunicação acadêmica, indispensável para universidades com uma visão global que queiram participar desse diálogo", disse ao Estado Phil 13/10/13 Baty, editor responsável pelaformulação do ranking de melhores universidades do mundo do Times Higher Education. uma série de mazelas "domésticas" que os cientistas brasileiros enfrentam diariamente. Em especial, a burocracia. Essa, segundo ele, é uma das principais razões para o Brasil não termaisnenhumauniversi-dade entre as 200 melhores do último ranking.AUSP, que estava na posição 158 em 2012, caiu para o bloco de 226 a 250. "Nossa burocracia é muito burra; ela emperra tudo. Não tem como ser competitivo des-sejeito", dizo médico Jorge Kalil, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Instituto Butantã. "Auniversidade é um ambiente onde a diversidade é fundamental. Melhora a formação dos alunos, melhora a qualidade das pesquisas, melhora tudo", diz o físico Marcelo Knobel, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),a única outra brasileira no ranking. Entraves. Além da questão linguística, a internacionalização terá de passar também, obrigatoriamente, pela solução de "O pontomais crítico é ainflexibilidade das universidades públicas", avalia Robert Verhine, pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal da Bahia e presidente da Comissão Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Conaes). "As universidades sãovistas como uma repartição pública, cheias de regras inflexíveis para uso de recursos, contratações, demissões, etc. Deixamos de fazer muita coisa por causa disso." 13/10/13 00 METRÓPOLE 13/10/13 00 METRÓPOLE CORREIO BRAZILIENSE Professores e mascarados Terça-feira é Dia do Professor, categoria sofrida, que protagoniza uma das mais longas greves do país no Rio de Janeiro. O movimento obteve grande adesão de estudantes e da oposição ao prefeito Eduardo Paes (PMDB). Parecia já derrotado, porém, ganhou novo fôlego com a decisão da juíza Roseli Nalin, da 5ª Vara da Fazenda Pública do Rio, que suspendeu a sessão plenária da Câmara dos Vereadores que aprovou a proposta do Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR), o real motivo da greve. 13/10/13 00 BRASÍLIA-DF »»» O episódio motivou uma passeata de 50 mil professores na célebre Avenida Rio Branco, que transcorreu pacificamente da Candelária à Cinelândia. Foi, então, que entraram em cena os black blocs: os mascarados tentaram invadir a Câmara Municipal e enfrentaram a PM. Houve muito gás lacrimogêneo e atos de vandalismo. É provável que o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro casse a decisão da juíza, a pedido de Eduardo Paes. A greve, porém, continua. Cadeia »»» A Lei 442/2013, sancionada pelo prefeito do Rio, está suspensa. Havia sido aprovada em 1º de outubro, em reunião extraordinária, enquanto do lado de fora da Câmara professores e soldados da Polícia Militar entravam em confronto. Os manifestantes foram impedidos de entrar no Palácio Pedro Ernesto para assistir à sessão de votação do plano na base das bombas de efeito moral e do spray de pimenta. Assim, a greve dos professores virou um caso de polícia. Ser black bloc virou status entre os secundaristas cariocas. Mas, quem for flagrado praticando atos de vandalismo pode pegar até oito anos de prisão. Na sexta-feira, a Polícia Civil fez uma operação de busca e apreensão nas residências dos líderes do grupo Black Bloc. Seis pessoas foram detidas, suspeitas de atos de vandalismo. Depois de autuados, acabaram liberados. CORREIO BRAZILIENSE 13/10/13 00 TRABALHO Você está nas redes profissionais? Cadastro virtual e sites de emprego servem como vitrine para o mercado de trabalho e são cada vez mais usados pelas organizações. Quem não está conectado pode perder chances de contratação » MARIANA NIEDERAUER Marina foi recrutada pela internet: "Dessa forma, eu deixo disponível o meu currículo para várias empresas" Se a internet já tomava conta da vida pessoal, agora não tem mais volta: ela chegou para ficar também no ambiente profissional e tornouse uma aliada de recrutadores nos processos seletivos. A maioria das empresas de médio e grande porte já percebeu a importância desses mecanismos. Por meio de redes sociais profissionais e de sites de emprego, eles conseguem aumentar a qualidade da seleção e ter mais segurança sobre o perfil do candidato escolhido para a vaga. As vantagens se estendem aos trabalhadores, que precisam estar conectados para garantir que serão vistos no que promete se tornar a principal vitrine do mercado. Mais da metade dos brasileiros já usaram algum site de empregos na busca da atual ocupação, de acordo com pesquisa feita pelo site de classificados on-line Catho. Luís Testa, gerente de marketing da empresa, explica que esses sites são ferramentas mais direcionadas, usadas por aqueles que realmente estão procurando uma colocação no mercado. Só o site da Catho recebe, em média, 7 milhões de acessos por mês. Já as redes sociais profissionais servem como complemento, são uma forma de turbinar a rede de contatos. Para Testa, o uso de ferramentas online no mundo do trabalho é um caminho sem volta. “A internet se popularizou e não existe mais nenhum receio de compartilhamento de informações. Isso ajuda na construção do mercado tanto pelo lado das empresas quanto pelo lado dos candidatos”, afirma. “As organizações estão começando a olhar quem são os funcionários mais assíduos na internet, que tipo de conteúdo consomem e quem eles conhecem”, avalia o estrategista em marketing Gabriel Rossi. Ele lembra que a vida profissional está cada vez mais próxima da pessoal e, por isso, os recrutadores começam a levar em consideração postagens em redes sociais como o Facebook. O objetivo é avaliar se o perfil demonstrado na entrevista ou na rede profissional condiz com quem a pessoa é realmente. Sob os holofotes Marina Santos, 28 anos, foi recrutada pela Catho para o cargo de analista de recursos humanos. Ela prefere essa maneira de contato com as empresas por aumentar a visibilidade. “Dessa forma, eu deixo disponível o meu currículo para várias empresas. Se eu sair para entregá-lo em cada uma delas, não vou conseguir um número tão grande”, opina. Mariana Boner, diretora de recursos humanos da organização que contratou Marina, a Globalweb Corp, explica que o site de empregos e o LinkedIn são usados como formas complementares de recrutamento. “Os sites mais tradicionais são sempre nossas fontes principais de busca de pessoas, porque têm um banco gigantesco de profissionais com todos os tipos de conhecimento e de competências”, destaca. No entanto, ela observa que cerca de um quarto dos candidatos em potencial não estão ativos nesses meios, daí a importância de se usar a rede social de forma estratégica. Os recrutadores da organização viram headhunters em busca de candidatos que têm o perfil para a vaga, mas que não estão procurando emprego. Foi dessa maneira que Rodrigo Ramalho, 24 anos, foi contratado para o posto de consultor técnico da Globalweb. “Eu uso o LinkedIn Continua Continuação como forma de manter minha atividade profissional. Eu acho importante porque ele concentra o currículo atualizado e qualquer um pode visualizá-lo na hora que quiser”, comenta. O perfil de Rodrigo chamou a atenção de uma recrutadora da empresa, que entrou em contato prontamente. Nessa época, ele ainda não tinha terminado de tirar uma certficação que era prérequisito para a vaga, mas, assim que atualizou o currículo na rede social, o aviso foi lançado para todos os contatos e Rodrigo recebeu outra ligação, dessa vez para marcar a entrevista e, posteriormente, para assinar o contrato. Prováveis candidatos Quando foi contatado pelo LinkedIn, Rodrigo estava em outro emprego, mas manter o currículo atualizado foi fundamental para ser recrutado para o novo posto. “Se você descreve seu perfil com exatidão, com as suas melhores habilidades, mesmo que esteja trabalhando, é um potencial candidato para excelentes oportunidades”, reforça a consultora Roselake Leiros, diretora da empresa de desenvolvimento humano CreSerMais. O gerente regional do ManpowerGroup, Rodrigo Michellino, lembra que o LinkedIn — principal rede social profissional usada pelas empresas — mantém uma porcentagem relativa ao número de campos de qualificação preenchidos. Quanto mais completo o currículo estiver, maiores as chances de ele chamar a atenção dos recrutadores. Ele sugere ainda que os profissionais sigam os perfis das 13/10/13 empresas no Twitter e curtam as páginas no Facebook, para acompanhar as vagas que são divulgadas. A dica da especialista Sylvia Ignácio da Costa, coordenadora da graduação tecnológica em gestão de recursos humanos da Anhembi Morumbi, é que o profissional faça uma boa descrição inicial para se apresentar ao recrutador. Um texto direto, sem autoelogios, gramaticalmente correto e que inclua as principais competências e habilidades que possui. Assim, além de atrair a atenção, o currículo ficará mais visível, pois facilitará a busca por palavras-chave na rede. “O currículo terá uma influência muito grande no sucesso ou no insucesso. Não importa se é on-line ou não, esse é o primeiro contato que alguém que não te conhece terá com você”, finaliza. O site 99jobs resolveu inverter a lógica e oferece aos jovens profissionais a oportunidade de escolher as empresas em que vão trabalhar, e não o contrário. A gerente de relacionamento, Bárbara Teles, explica que o internauta escolhe palavras-chave fixas para indicar com qual tipo de organização mais se identifica. “Acreditamos que, de fato, existem ambientes para todos os tipos de pessoas, depende dos valores de cada um. O nosso objetivo é descobrir quem são as pessoas certas para determinados lugares”, afirma. Após quatro meses de criação, o site tem 81 mil profissionais inscritos, a maioria jovens de 18 a 24 anos que estão na universidade ou que já se formaram. Pesquisa feita em agosto pela empresa de recrutamento especializado Robert Half com 651 executivos brasileiros mostrou que 83% deles fazem networking virtual. “O brasileiro é famoso globalmente por ter muitas associações no mundo virtual. O país é um dos maiores usuários do Facebook e o LinkedIn está indo no mesmo caminho”, lembra a gerente da divisão de Finanças e Contabilidade da empresa, Marta Chiavegatti. Isso não significa, porém, que os profissionais deixaram de investir no networking pessoal: 81% deles confirmaram que mantêm a maneira tradicional de se relacionar profissionalmente. “Nada substitui o olho no olho. Eu entrevisto muitas pessoas e tenho acesso a vários currículos, mas é diferente analisar um profissional pessoalmente”, conclui Marta. Destaque mundial O Brasil é o terceiro maior mercado do LinkedIn no mundo, com mais de 13 milhões de usuários cadastrados, atrás apenas de Estados Unidos e Índia. Em julho deste ano, a empresa abriu o primeiro escritório no país, na cidade de São Paulo. Vagas on-line O site Admite-se, do Grupo Diários Associados, também reúne ofertas de vagas de várias empresas. No endereço www.admitese.com.br é possível visualizar todas as oportunidades e ainda cadastrar o currículo. Além disso, são postadas notícias sobre o mercado e trabalho diariamente. m agosto, o site teve 172 mil visualizações. JORNAL DE BRASÍLIA 13/10/13 00 CIDADES ENSINO PÚBLICO Abandono é marca dos laboratórios de ciências Continua Continuação 13/10/13 JORNAL DE BRASÍLIA 13/10/13 00 CIDADES JORNAL DE BRASÍLIA 13/10/13 00 CIDADES Faltam recursos para investimento na área Continua Continuação 13/10/13 JORNAL DE BRASÍLIA 13/10/13 00 CIDADES Continua Continuação 13/10/13 JORNAL DE BRASÍLIA 13/10/13 00 OLHO NO ECA Continua Continuação 13/10/13 13/10/13 00 CIDADES Evento reúne 700 alunos da rede pública TATIANE ALVES Governador em exercício, Tadeu Filippelli, prestigia alunos da rede pública O GDF por meio da Secretária de Fazenda aproveitou a época de comemoração do Dia das Crianças para programar a edição especial do programa Portas Aberta à Cidadania. O evento foi realizado, na manhã de sexta-feira (11), no Museu Nacional, e reuniu cerca de 700 alunos da rede pública para mais uma aula sobre impostos, ética e cidadania. “Exercer a cidadania é uma questão de respeito”, destacou o governador em exercício, Tadeu Filippelli. “Não existe uma varinha mágica para mudar o que precisa ser mudado em nosso país. Para que isso ocorra, temos que construir um novo futuro e, para isso, existem programas como esse que não ajudam somente a pensarmos em cidadania, como também a entender e exercer”, afirmou Filippelli. O Portas Abertas à Cidadania tem por objetivo disseminar informações sobre tributos e cidadania, com vistas a estimular nos jovens cidadãos a participação social. Essa é a 18ª edição do programa. Os alunos participantes vêm de São Sebastião, Candangolândia, Núcleo Bandeirantes, Santa Maria e Recanto das Emas. Cerca de 20 ônibus fizeram o deslocamento até o local, sob supervisão dos professores, coordenadores pedagógicos e diretores. A ideia é trazer essas crianças não somente para informar, mas plantar em cada criança sementes de cidadania. “Plantando essa conscientização na primeira parte da vida das crianças, vamos ter uma sociedade mais desenvolvida”, explica o secretário de Fazenda, Adônias dos Reis Santiago. O evento teve exibição do espetáculo “Dê Cá Minha Nota”, da Cia Teatral Mapati, associando os conhecimentos aprendidos com momentos de descontração. Além da peça houve distribuição de presentes e apresentação do coral do BRB. O secretário de Fazenda explica que a partir do momento que alguém recebe a orientação para ser o que nós chamamos de um cidadão consciente, ele passa a cumprir suas obrigações com satisfação, orgulho e responsabilidade. “A espontaneidade está começando a tomar corpo, de forma que 60% dos pagamentos de impostos são feitos de forma espontânea. Estão começando a entrar no novo ciclo que chamamos de ciclo de consciência de cidadão”, ressalta o secretário. Para ele o evento é importante porque leva uma educação fiscal para as crianças. “Espero que nos próximos anos nós possamos incluir nos currículos escolares, nos primeiros anos do ensino básico, a educação fiscal como matéria permanente. Não existe nenhuma sociedade que consiga se desenvolver e crescer, se seus cidadãos não tiverem a consciência da cidadania e em especial da educação fiscal. É o tributo pago pelos cidadãos que sustenta a sociedade. Cidadania é um processo de educação a longo prazo, mas que vale a pena fazer. Temos reservado uma parte do orçamento para fazer esse tipo de trabalho juntamente com a Secretaria de Educação”, detalha o secretário. 12/10/13 00 RIO Professores: suspensa sessão que aprovou plano Continua Continuação 12/10/13 12/10/13 00 RIO Estado abre inquérito contra 400 docentes Punição pode ser até demissão do serviço público RIO - Cerca de 400 professores que estão ou estavam em greve nas últimas duas semanas na rede estadual terão de responder a inquéritos administrativos que podem até resultar em demissão do serviço público. Após a decisão da Justiça — publicada em 26 de setembro — que considerou a paralisação ilegal, esses profissionais estão tendo os salários descontados, e a Secretaria estadual de Educação está aplicando o Estatuto do Servidor: com dez dias de falta consecutivos, é caracterizado abandono de emprego. O docente então precisa justificar a ausência para não perder o cargo. A atitude da Secretaria de Educação acirra ainda mais os ânimos entre o órgão e o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe). A entidade afirma que há escolas na Região Metropolitana onde os professores que estão retomando o trabalho são impedidos de entrar em sala de aula pelas direções, exatamente por estarem respondendo a processo por abandono de emprego. A secretaria afirma, porém, que registrou apenas um caso desse tipo, numa escola na Ilha do Governador, e que o próprio secretário Wilson Risolia orienta para que seja permitido ao docente voltar a lecionar mesmo enquanto corre o inquérito. A coordenadora do Sepe Marta Moraes afirmou que também houve casos de professores grevistas impedidos de voltar a dar aulas nas cidades de Magé e Itaboraí. — É preciso que a Secretaria de Educação emita algum documento, passe uma circular deixando claro que os profissionais estão liberados para voltar a trabalhar — pediu Marta. A direção do Sepe publicou nota em seu site informando que “o departamento jurídico do sindicato entrou com dois recursos na Justiça contra o corte de ponto na rede estadual”. Na rede municipal, professores estão recebendo telegramas pedindo esclarecimentos sobre ausências. Quem tem uma ou mais faltas e está em estágio probatório precisa enviar justificativa num prazo de três dias após o recebimento da correspondência. 12/10/13 TENDÊNCIAS E DEBATES A2 A USP deve adotar eleição direta para reitor? NÃO Universidade não é nem deve ser democrática MARCOS FERNANDES G. DA SILVA A atual ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), por parte de alguns alunos e funcionários, além de arranhar sua natureza pública, levanta algumas questões sobre a improcedência da reivindicação dos invasores: eleição direta para reitor e questionamento da escolha do mesmo pela lista tríplice, por parte do governador. O sindicato dos trabalhadores da USP apoiou a ocupação da reitoria. Em texto, afirmou que considerava "total desrespeito a decisão do Conselho Universitário aos anseios e à luta dos estudantes, funcionários e professores por democratização na Universidade de São Paulo ". A universidade não é nem deve ser democrática no que tange sua administração financeira e de recursos humanos e na gestão acadêmica. A democracia deve existir na garantia da liberdade intelectual e no debate científico, mas, neste caso, a palavra --que se refere a um tipo de regime político-- deve ser substituída por "crítica intersubjetiva", conceito que Karl Popper criou para explicar a natureza provisória do conhecimento científico, que somente progride com liberdade e discussão. Mas a eleição direta para reitor é refutável por razões bem mais simples. Em primeiro lugar --e chega a ser acintoso o tom da nota do sindicato--, a USP é como uma empresa e funcionário trabalha para os alunos e professores produzirem conhecimento e ensino. Em segundo lugar, aluno não vota, mas estuda e pesquisa. Ainda mais numa universidade pública, cuja gratuidade tem características regressivas e de injustiça social. Do ponto de vista da administração, a universidade é uma empresa, portanto, não há democracia. Da mesma forma, a gestão acadêmica não é democrática, mas meritocrática. A meritocracia é um sistema administrativo em que o mérito conduz ao topo: os mais educados, a elite, governa. Continua Continuação Quem sabe ensinar e pesquisar, que ao fim e ao cabo fica e faz sua carreira na universidade, é o professor. Funcionários podem até fazer a carreira nela, mas os alunos chegam, se formam e vão embora. Deveriam sim voltar e ajudar a universidade, fazendo doações, participando de conselhos de administração, algo tão raro Brasil. Por outro lado, vamos aos fatos: entre as 30 melhores universidades do mundo, por qualquer ranking respeitável, nenhuma tem eleição direta para reitores. Para citar algumas, Oxford, Cambridge, Amsterdã, Harvard, Stanford, Autônoma de Barcelona e o mexicano Instituto Técnico de Monterrrey. A universidade brasileira está em crise, fora alguns poucos centros de excelência em exatas, biológicas, matemática, engenharias e ciências sociais aplicadas (levadas a sério, como ciência dura, "hard science"). Por que, então, essa discussão tresloucada? Por que não protestar, chamando a imprensa, por 12/10/13 exemplo, e exigir que se cumpram metas de colocar a universidade brasileira no topo das avaliações globais? Por outro lado, quem tem mandato para escolher o reitor, em última instância, é o governador. Aí sim a democracia tem que existir e ser respeitada, pois tal ato é intrinsecamente legítimo. A USP é um patrimônio paulista, financiada regressivamente, com recursos arrecadados dos cidadãos de São Paulo. Não bastasse tal fato, o seu gasto em educação também é regressivo. Mas é nossa única universidade bem posicionada nas avaliações internacionais e merece reformas, mas não essas propostas. Que tal debater o fim da gratuidade, socialmente injusta? MARCOS FERNANDES G. DA SILVA, 50, economista, doutor pela Faculdade de Economia e Administração da USP, é pesquisador na Fundação Getulio Vargas 12/10/13 A2 TENDÊNCIAS E DEBATES A USP deve adotar eleição direta para reitor? SIM Diretas já PEDRO SERRANO, ARIELLI TAVARES E LUÍSA D'ÁVOLA No dia 1º de outubro, os estudantes da USP entraram em greve e ocuparam o prédio da reitoria exigindo democracia e eleições diretas para reitor. Hoje, mais da metade dos cursos já aderiu às manifestações. As pautas estudantis encontram apoio na sociedade. A Justiça reconheceu a legitimidade e o caráter político de nosso movimento, indeferindo o pedido de reintegração de posse do prédio da reitoria. Este é o momento de a USP ter eleições diretas. Há 25 anos, nosso país se redemocratizou. É inadmissível que sua maior e melhor universidade continue com um estatuto que tem resquícios A estrutura de poder da USP está entre as mais antidemocráticas do Brasil, desrespeitando, inclusive, a legislação federal no que se refere à eleição de dirigentes. absurdo. Em julho, o reitor escreveu uma carta aberta à universidade em que se dizia disposto a democratizar a USP. Entretanto, para ele, a decisão deveria ficar a cargo do Conselho Universitário, que reúne, dos 120 mil uspianos, somente 140 pessoas. Entre 120 mil membros da comunidade universitária, nem sequer 2% têm direito a voto no primeiro turno das eleições. No segundo turno, votam 0,4%. Ao final, como se sabe, é o governador do Estado de São Paulo quem nomeia o reitor. Pelas costas da maioria, em sua reunião de 1º de outubro, o conselho recusou a proposta estudantil de eleições diretas e do fim da lista tríplice. Ainda pior, impediu a participação dos estudantes na sessão, que aconteceu a portas fechadas. Pois até mesmo João Grandino Rodas, o atual titular do cargo, foi obrigado a reconhecer esse A opção por mudanças cosméticas, como o fim do segundo turno ou a aprovação de uma daquele vigente no regime de exceção. Continua Continuação simples consulta à comunidade, sem validade real, gerou a indignação estudantil hoje em curso. A eleição direta é o melhor método para escolha do reitor da universidade, uma vez que está intimamente relacionada à qualidade de ensino e de seu caráter público. Além de intrinsecamente democrática, ela garante que decisões estratégicas, como mudanças de grade curricular e contratação de professores, respeitem a experiência de protagonistas da vida acadêmica. Na USP, a não adoção desse modelo leva a conflitos categóricos no tocante a qual projeto de universidade é levado adiante por seus dirigentes, sem se considerar a opinião da comunidade universitária que a constrói. Não por acaso, a USP ficou conhecida por ter se tornado um espaço de lutas internas intensas em um curto período de tempo. 12/10/13 Rodas (que não foi o mais votado, mas acabou nomeado pelo então governador do PSDB José Serra) é famoso pelo autoritarismo de suas decisões, como quando da invasão da Tropa de Choque da Polícia Militar em 2011. Sua ligação com interesses tucanos é constrangedora, ainda mais num momento de questionamento de Geraldo Alckmin diante do descaso com a educação. Também o conjunto da sociedade perde com a falta de democracia universitária. A manutenção de um projeto de universidade elitizada e voltada a interesses particulares impede o debate sobre políticas de permanência, acesso e extensão. A USP pode dar um exemplo de participação direta. Os estudantes querem dialogar e negociar suas pautas. Em contrapartida, esta não tem sido a postura da reitoria. No dia seguinte à ocupação, Rodas não respondeu às reivindicações e pediu a imediata reintegração de posse da reitoria. De modo irresponsável, cortou o fornecimento de água e energia do prédio. Com essa atitude, tenta escapar da contradição central: por que, entre quase todas universidades públicas do Brasil, somente a USP ainda não possui um sistema de eleição direta? Por que não se inicia, finalmente, um processo de estatuinte livre, soberana e democrática? A postura intransigente da reitoria apenas faz crescer a mobilização pela democratização da universidade. Os ventos de junho já sopram na USP, e a juventude, novamente, irá protagonizar mudanças históricas. PEDRO SERRANO, 22, estudante de ciências sociais, ARIELLI TAVARES, 23, e LUÍSA D'ÁVOLA, 25, estudantes de letras, são diretores do Diretório Central dos Estudantes (DCE Livre da USP - Alexandre Vannucchi Leme) CORREIO BRAZILIENSE 12/10/13 00 ECONOMIA Mais clareza para o Enem A forma de escolha dos examidores e corretores das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) motiva uma briga na Justiça entre o Ministério Público Federal (MPF) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Desde 2012, os procuradores tentam, por meio de uma ação civil pública, obrigar o instituto a divulgar com mais clareza os critérios de seleção da banca de examinadores, além dos nomes e das qualificações profissionais de seus membros, o que é negado, em parte, pelo Inep. A ação civil pública é movida pela Procuradoria da República do estado de Goiás e exige, também, que o Inep assegure que os profissionais que corrigem e elaboram as provas do Enem não possuam vínculos parentais, sociais, afetivos, profissionais e escolares com alunos inscritos para a prova. Esse último quesito já é cumprido pelo Inep, mas o instituto se recusa a divulgar a lista com os nomes dos examinadores. Segundo o órgão de pesquisas educacionais, os dados são “extremamente confidenciais, e a divulgação deles em nada contribuiria para a integridade física e moral dos escrutinadores”. “É um dos casos mais importantes movidos pelo MPF contra uma seleção”, afirmou o procurador da República Ailton Benedito de Souza. “A ação tem o objetivo de dar mais transparência ao Enem por meio da publicidade dos dados, justamente porque a correção dessas provas costuma ter problemas sérios todos os anos. Quem são essas pessoas que avaliam os estudantes, qual é a qualificação delas?”, completou. Os problemas, aliás, acontecem a despeito das enormes quantias desembolsadas pelo Inep para a aplicação das provas. Em 2012, o instituto pagou à Fundação Cesgranrio R$ 131,8 milhões para a realização do Enem e do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Já em 2013, o valor despendido à mesma fundação foi de R$ 47,7 milhões. Tramitação Quando a ação foi ajuizada, a Justiça Federal negou a liminar que obrigaria o Inep a divulgar os nomes dos examinadores. A alegação do tribunal é que seria “temerário determinar a publicidade imediata da lista tendo em vista que o cumprimento de tal diligência poderia tumultuar a realização do exame em andamento”. Ainda assim, o MPF recorreu da decisão e deve utilizar o argumento do acesso à informação para obrigar o Inep a divulgar os dados este ano. (BN) CORREIO BRAZILIENSE 12/10/13 CIDADES 00 UNB » Ex-chefe de editora acusado de desvio Ex-diretor da Editora UnB, Alexandre Lima responderá por improbidade Cinco anos após o escândalo de irregularidades envolvendo a Editora da Universidade de Brasília, Alexandre Lima, ex-diretor do órgão, foi condenado por improbidade administrativa. Em 2010, o Ministério Público Federal denunciou Lima e duas pessoas por envolvimento em um esquema que teria o objetivo de desviar mais de R$ 3 milhões de um contrato entre a UnB e a Secretaria de Educação para a capacitação de professores. Segundo o MPF, a universidade foi contratada pela secretaria em 2007 para oferecer um curso de pósgraduação a distância para 2,4 mil docentes da rede pública. O contrato, de R$ 6,32 milhões, teria sido firmado sem licitação, com a justificativa de que a UnB era uma instituição de excelência e sem fins lucrativos. Mas a Editora UnB, executora da parceria, subcontratou a Faculdade Michelângelo. Além disso, ele foi condenado a pagar uma multa equivalente a 50 vezes a remuneração que recebia à época. O Correio tentou contatar o advogado que consta no processo como responsável pela defesa de Alexandre Lima, mas ele informou que não cuida mais da causa. (HM) A juíza federal Danielli Farias Leitão Rodrigues, da 3ª Vara da Seção Judiciária do DF, acatou os argumentos da denúncia. “O simples fato da subcontratação da Faculdade Michelângelo, entidade privada e com fins lucrativos, ter se dado direta e verbalmente, já configura violação aos princípios da administração”, afirmou a magistrada. O escândalo envolvendo a Editora UnB começou em 2008, pouco depois do surgimento das denúncias que levaram à queda do ex-reitor Timothy Mulholland. O protagonista foi Alexandre Lima, então diretor da editora. Segundo denúncias do Ministério Público Federal, o ex-diretor teve movimentação financeira incompatível com as declarações de renda apresentadas em 2004, 2005 e 2006. Entre as denúncias, está o repasse de recursos à mulher, ao filho e a amigos por meio de convênios que Lima coordenava. Alexandre Lima teve os direitos políticos suspensos por três anos e ficará proibido firmar contrato com o poder público pelo mesmo prazo. Memória Escândalo em 2008 JORNAL DE BRASÍLIA 12/10/13 00 EM TEMPO JORNAL DE BRASÍLIA 12/10/13 00 CIDADES Continua Continuação 12/10/13 JORNAL DE BRASÍLIA 12/10/13 00 CIDADES JORNAL DE BRASÍLIA 12/10/13 00 CIDADES 16/10/13 00 Claudio de Moura Castro Uma revolução no ensino. Outra? Na história da educação não faltaram oráculos anunciando alguma épica revolução. A imprensa de Gutenberg foi a primeira. Embora tenha sido uma das poucas a causar abalo, não desempregou professores, como se temia. Com o correio, inaugura-se o ensino por correspondência. Mas a escola continuou impávida. O cinema substituiria as escolas. Não aconteceu. A televisão foi a profecia seguinte. Arranhou, mas não revolucionou. Com clarins estridentes, foi anunciada a chegada do computador à escola. Os obesos mainframes viraram PCs; depois, notebooks, tablets e smartphones. Some-se a isso a internet, ligando tudo a todos. Veio a tal revolução digital? Por razões que a todos surpreendem, a maioria das escolas não digere os computadores. Antes, hostilmente os rejeitava. Agora, diz que os ama, mas não consegue usá-los. Nos países em que foram avaliados, como um todo, os programas de informática na escola foram um desapontamento. Softwares criativos e fascinantes não aterrissam no aprendizado do currículo. Adoção em massa, só de mimeógrafo. xerox e projetores — que, embora convenientes, nada inovam na pedagogia. Fora da escola acadêmica, os computadores dão certo. A educação informal os utiliza bem e, em alguns casos, os utiliza muito. Pesquisas mostram mais aprendizado por parte de alunos com computadores em casa. Estudo recente do Positivo identificou um uso intenso das redes sociais entre os alunos, em fóruns de discussão criados por eles e com mínima participação dos professores. Dito isso, quero ser o oráculo de uma revolução tecnológica: hoje é possível levar a qualquer brasileiro a melhor aula expositiva do mundo, a um custo que se aproxima de zero. Como assim? Se o melhor dos melhores professores gravar uma aula, com o auxílio de todos os recursos audiovisuais, estúdios e direção, essa aula será melhor do que sua versão ao vivo, nua dos complementos da produção. Portanto, substituiria a exposição do professor, monotonamente repetida. E, se ela for vista por muitas pessoas, o custo por aluno será ridiculamente baixo. O Telecurso 2000 é um belo exemplo, pois nenhum professor é capaz de dar uma aula tão perfeita. A produção dos vídeos custou 30 milhões de dólares. Mas, como 6 milhões já se formaram, o custo por aluno é de 5 dólares apenas! Por aula, é um centavo. É ou não é uma revolução? Na esteira desse salto quântico na tecnologia, aparece uma multidão de iniciativas. A Kahn Academy é das mais conhecidas. Coursera e outras entram em cena, oferecendo ensino de massa e gratuito. Como sou carapina amador, aprendo a trabalhar com vídeos dos melhores marceneiros do mundo. É um privilégio ao alcance de todos. Esse avanço nos leva a duas encruzilhadas. A primeira é saber se haverá um casamento do EAD (ensino a distância) de massa com o ensino acadêmico e seus diplomas. Como fica um biólogo educado no computador e a custo zero? Super aulas de graça sem diploma ou aulas chatas com diploma? Nos Estados Unidos, começase a falar de educação na nuvem com diplomas oficiais. O ensino tradicional tem boas razões para tremer nas bases. A segunda nasce do fato de que uma aula expositiva é apenas um pedaço de uma educação de qualidade. Como fica o resto, que envolve aplicação, prática e depende da interação entre alunos e professores? Há um sem-número de alternativas, presenciais ou a distância. Em algumas, como o Telecurso, há um monitor na sala de aula. Mas exis- Continua Continuação 16/10/13 tem cursos EAD em que uns poucos tutores atendem os alunos, via internet. E outros com muitos tutores. Há versões em que a inteligência artificial, instalada nos computadores, substitui a atenção pessoal do professor. Obviamente, os custos variam. Há cursos EAD mais caros que seus correspondentes presenciais. E há cada vez mais cursos gratuitos. Embora os cursos a distância possam apresentar rendimentos equivalentes ou melhores, não somos capazes ainda de destrinchar os méritos da multiplicidade de alternativas existentes e a existir. Só dá para prever que o curso presencial puro está ameaçado. Mais outra revolução que vai gorar? Ou um realinhamento nas formas de ensinar, trazendo terremotos à organização do ensino? 16/10/13 00 Maílson da Nóbrega A maldição do petróleo e a educação Em recente e concorrida cerimônia, foi sancionada a lei que destina 75% dos royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde. Do mesmo modo. serão aplicados 50% do Fundo Social do pré-sal. A medida vai evitar, segundo a presidente Dilma. a "característica terrível" da "maldição do petróleo. Ela se empolgou. "Nós vamos assegurar, com esses recursos. um patamar de desenvolvimento bastante similar ao dos países desenvolvidos." Será? A "maldição do petróleo" vem do artigo de Jefírey Sachs e Andrew Warner ("Natural Resource Abundance and Economic Growth", 1995). Eles mostraram que países ricos em recursos naturais crescem menos, pois essa fonte de riqueza tende a gerar desperdícios em meio a corrupção e a entraves burocráticos. Gastos correntes crescem em detrimento de ações na infraestrutura e no fortalecimento institucional. As políticas de desenvolvimento beneficiam grupos influentes. Ao contrário do que se pode pensar, o êxito é possível sem amplos recursos naturais. No século XVII, a Holanda eclipsou a Espanha, então detentora de minas de ouro e prata no Novo Mundo. Entre os séculos XIX e XX, o Japão superou a Rússia rica de recursos naturais. Outro exemplo é o sucesso de Singapura. Taiwan. Hong Kong e Coreia do Sul. Há casos que não confirmam a tese daqueles autores. Na Inglaterra, o carvão mineral contribuiu para a Re- volução Industrial. Os Estados Unidos enriqueceram ao tempo em que exportavam recursos naturais. No Mar do Norte, o petróleo não gerou desperdícios. É difícil partilhar das loas da presidente Dilma à nova lei. O problema da educação não é de falta de recursos, mas de boa gestão e de prioridades, como afirmei nesta coluna. Essa é também a opinião de outro colunista e um de nossos melhores estudiosos da matéria, Gustavo Ioschpe. Cabe reconhecer, porém, que a maioria concorda com a empolgação de Dilma. Ademais, é amplo o apoio ao projeto de lei que elevaria tais gastos para 10% do PIB, mesmo que, proporcionalmente, seu nível atual (5,8% do PIB) seja próximo do observado nos Estados Unidos e na Alemanha, e supere os do Japão, da China e da Coreia do Sul. Há quem busque provar que aplicamos pouco em educação mediante comparação dos nossos gastos por aluno com os dos países ricos. De fato, o relatório Education at a Glance 2013, da OCDE, indica que, somados os gastos públicos e privados, os Estados Unidos investem 15171 dólares por estudante: o Brasil, apenas 3067 dólares. Aí estaria, diz-se, a origem do fracasso brasileiro em educação. Por isso, remuneramos mal nossos professores e não investimos adequadamente em tecnologia. De fato, pouquíssimas escolas do ensino fundamental possuem laboratório de ciências. Esse tipo de comparação é despropositado. Não é possível cotejar gastos públicos de países sem levar em conta as diferenças de renda per capita entre eles. O correto é fazer comparações em termos proporcionais (porcentuais do PIB). Os Estados Unidos despendem em educação 4.9 vezes mais do que o Brasil simplesmente porque são mais ricos. Segundo o World Economic Outlook. do FMI, em 2010 a renda per capita americana era de 46 811 dólares e a do Brasil de 10992 dólares, ou seja, a deles é 4.3 vezes a nossa. Por aí, também ficamos próximo deles. O relatório da OCDE mostra que os gastos americanos por estudante são 65% maiores do que a média da União Européia, mas os dois grupos exibem qualidade de educação semelhante. O critério quantitativo, como se vê, nem sempre é o melhor para aferir o desempenho de distintas políticas públicas. Será ainda menos adequado quanto maior for a distância entre as rendas per capita dos países considerados. Precisamos revolucionar a gestão das políticas educacionais. Por exemplo, remunerar os professores por desempenho e deixar de designar diretores de escolas por interesses políticos. Enquanto essas e outras mudanças não vierem, aumentar gastos públicos pode ajudar, mas é provável que gere mais desperdícios e não contribua para melhorar a qualidade da educação. Como ensinou Cristo, "ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha porque semelhante remendo rompe a roupa e faz-se maior a rotura" (Mateus 9:16). 16/10/13 BRASIL 00 A vitória da baderna Diante de uma polícia acuada, os arruaceiros se fortalecem e surgem mais violentos e destemidos do que no início dos protestos Daniela Lima e Bela Megale Horas depois da ação coordenada de black blocs que deixou destruídas lojas de São Paulo e do Rio de Janeiro e espalhou o pânico nas duas cidades, o comandantegeral da PM paulista, coronel Benedito Meira, pediu licença para mostrar um vídeo ao governador Geraldo Alckmin. Além de oficiais da PM, estava presente à reunião toda a cúpula da Secretaria de Segurança do Estado. No filme, gravado na segunda-feira em frente à Secretaria Estadual de Educação, no centro da capital, o que se via era uma fileira de mascarados vestidos de preto avançando na direção de uma acuada tropa de policiais militares. Provocando os homens com gritos como "não estudou, tem que estudar, para não virar polícia militar", os mascarados começam lançando pedras na direção da tropa. "Calma. calma", orienta o oficial responsável pelo agrupamento. Em seguida, vêm as bombas. São três estouros. Os policiais permanecem no lugar, tentando se defender atrás dos escudos. No fundo, a voz do comandante desestimula qualquer outra reação. "Mantenham a calma, mantenham a calma", insiste. Ao ver o filme, um dos oficiais afirmou: "Eu não entro em favela com um 38 para combater traficante armado de fuzil. Também não posso reagir com um cassetete contra quem vem para cima com coque- téis molotov". No mesmo dia, Alckmin decidiu revogar a proibição do uso de balas de borracha, suspenso desde 17 de junho. Quatro dias antes, uma atuação descontrolada da Tropa de Choque da PM atingiu com balas de borracha dezenas de manifestantes e jornalistas que cobriam protestos na região central de São Paulo. Desde então, as balas foram banidas no estado—junto com a autoridade da polícia, que passou a atuar intimidada, incerta de seus limites e receosa do julgamento da opinião pública. No Rio de Janeiro, uma situação parecida ocorreu. Depois dos primeiros protestos de junho, dos quais dezenas de pessoas saíram feridas, os policiais não só pararam de impedir as depredações como se deixaram encurralar por arruaceiros que invadiram a Assembleia Legislativa. Além da hesitação das polícias, nas duas cidades, afrouxaram-se os protocolos para lidar com as manifestações. Em vez de cumprirem a regra de informar previamente às autoridades horário e itinerário dos protestos, os manifestantes passaram a improvisar livremente seus atos. A polícia tinha de descobrir onde eles ocorreriam por meio das redes sociais ou à medida que aconteciam. Tudo isso fortaleceu os black blocs. Na semana passada, eles mostraram que estão mais organizados e mais bem armados. Os pedaços de pau e pedras deram lugar a esferas de aço e coquetéis molotov, agora lançados com estilingues. Os rojões passaram a vir reforçados com bolas de gude e outros objetos, de forma a se transformarem em morteiros lançados contra a polícia. "Houve um aumento da ousadia desses grupos que se infiltram nas manifestações e atuam para desmoralizar o estado. Eles estão mais predispostos a partir para o enfrentamento", afirma o coronel Reynaldo Simões Rossi, comandante do batalhão que monitora a região central de São Paulo. "Tenho policiais afastados há mais de sessenta dias, homens com fratura de face, mandíbula e risco de perder a visão", afirma. Um desses feridos foi atingido na segunda por um rolamento lançado por estilingue. O lado esquerdo de sua face terá de ser reconstituído, e ele corre o risco de perder a visão. Não há dúvida de que a escalada da violência dos black blocs se deu no vácuo da atuação da polícia. "Ficamos entre a prevaricação e o abuso de autoridade", reconheceu o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame. Investigações da inteligência policial paulista mostram uma coordenação inédita entre os grupos de várias cidades, como se viu na segunda passada. Eles se provocam uns aos outros, numa competição para ver quem vai ser o mais violento. "Quando é que São Paulo vai dar um "salve"?, cutucaram cariocas, usando a gíria comum entre criminosos Continua Continuação 16/10/13 de facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) para designar uma ordem de ação criminosa. A comunicação se dá sobretudo por meio de redes sociais como o Facebook e a N-l. mais difícil de ser rastreada. Na reunião de segunda-feira com a cúpula da segurança, o governador Alckmin recebeu das mãos do delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Mauricio Blazeck, um relatório preparado pela equipe de inteligência que revelava, entre outras coisas, que para organizar protestos nas redes sociais os black blocs criam vários perfis falsos, de maneira a dificultar o rastreamento da polícia. A peça, com mais de 200 páginas, reúne informações trocadas pelos jovens que a polícia acredita serem os cabeças da violência. Embora tardia, a contraofensiva do estado à ação dos black blocs parece que começa finalmente a ser traçada. Desde o início dos protestos, já foram abertos cerca de 100 inquéritos relacionados a vandalismo e agressões. Mas, como as investigações são dispersas, os casos não andavam. Agora, todas as informações sobre as lideranças dos black blocs serão organizadas em um único inquérito. A tática, espera-se. facilitará o enquadramento dos culpados em crimes como associação criminosa e formação de quadrilha, o primeiro passo para impedir que os presos de hoje de manhã estejam na rua à tarde. "Hoje. na maioria dos casos, o policial leva o indivíduo para a delegacia e ele não passa nem uma noite lá", diz o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella. "Será que isso é suficiente para inibir e punir esses comportamentos que, mais do que causar dano, ofendem a paz pública, geram intranquilidade e afetam diretamente o direito de manifestação?", pergunta ele. Para quem não anda por aí de cara tapada e molotov na mão, a resposta certamente é não. Colaboraram Pâmela Oliveira e Leslie Brandão 16/10/13 BRASIL 00 Em defesa da maioria Ao contrário do que ocorre no Brasil, os policiais dos países mais civilizados e democráticos do mundo são apoiados e admirados na contenção dos baderneiros Há poucas semanas, no final da tarde de um sábado já não tão quente em Paris, os alto-falantes das linhas de metrô com estações na ChampsÉlysées anunciavam, a cada dez minutos, que os trens não parariam para embarcar ou desembarcar passageiros na avenida mais conhecida da cidade, por motivo de segurança. Não havia problema nos trilhos ou ataque terrorista. Foi só uma maneira de evitar que uma passeata não autorizada contra o casamento gay fosse engrossada por simpatizantes ou confrontada por eventuais oponentes. Os manifestantes, um grupo católico autointitulado Veilleurs. algo como "Vigias da Noite", haviam convocado simpatizantes para descer a Champs-Élysées, do bairro modernoso de La Défense em direção à Place de la Concorde, onde eles se concentrariam. acenderiam velas e rezariam pela revogação da lei aprovada neste ano. Na quarta-feira anterior, a polícia já havia anunciado que não permitiria a passeata divulgada pelas redes sociais, visto que não fora contatada por interlocutores do movimento para conversar a respeito do assunto. "Todos os cortejos em vias públicas devem ser precedidos por um aviso prévio, o que até o momento não foi feito", lembrou a polícia. Os manifestantes retrucaram, via redes sociais outra vez. afirmando que iriam fazer a passeata mesmo assim, porque eles andariam nas calçadas, e não no meio da rua. Bravata. Não houve passeata nenhuma — de trinta em trinta pessoas, sem carregar faixas ou gritar slogans, eles rumaram até a Place de la Concorde. Como era sábado à noite, e nada daquilo prejudicava a circulação na área, já havia sido permitido que executassem a sua pajelança por lá. sob os olhares de policiais e de poucos turistas. Sim, você leu certo: na França, manifestações, sejam elas contra, a favor ou muito pelo contrário, precisam ser autorizadas pela polícia ou elas simplesmente não ocorrem. Se se desrespeita a proibição ou as normas que a regulam são burladas, o resultado é previsível e até desejável pela maioria dos cidadãos: entra em ação o aparelho de repressão do Estado, detentor, no contrato social, do monopólio das ações enérgicas. Na Inglaterra, as regras são semelhantes. Evidencie-se aos distraídos que não se está falando de ditaduras ou arremedos de democracia, como Cuba. Coreia do Norte ou Rússia, e sim do núcleo duro do Ocidente, onde a liberdade de expressão, informação e opinião é, mais do que cláusula pétrea das respectivas constituições, ingrediente da receita essencial que o formou. As manifestações ininterruptas no Brasil, da forma como vêm se dando, são cho- cantes no exterior porque é incompreensível para um cidadão europeu que, num país em que vigora a democracia plena, bandos de pessoas possam bloquear ruas a seu bel-prazer, infernizando o cotidiano de milhares de outras, para dar curso a reivindicações de quaisquer sabores. Quanto à invasão cotidiana de prédios públicos, de sedes de empresas e à depredação de bancos, lojas e estações de metrô — bem, aí parece mesmo coisa de outro planeta. O dos macacos. A ordem e o respeito à lei não são empecilho a protestos que fazem parte do jogo democrático. Paris, na condição de capital francesa e centro de convergência internacional, é uma festa — em especial, para manifestantes. Em Londres, não é diferente. Uma das principais caixas de ressonância mundiais, a capital inglesa conta com protestos frequentes, controlados por regras estritas e policiais com grande grau de autonomia para lidar com possíveis imprevistos. Neste momento, enquanto o repórter escreve, sírios pró-intervenção ocidental fazem algazarra lá embaixo, ao lado da Assembleia Nacional francesa, na pracinha Édouard Herriot. É um ritual quase diário. Os manifestantes chegam com antecedência em relação à hora combinada. Podem ser imigrantes ilegais africanos querendo documentos, árabes gritando contra regimes despóticos, franceses clamando por mais benefícios e por aí vai. Eles se instalam na Continua Continuação pracinha bloqueada por grades e vigiada por soldados, pendurara os seus cartazes, agitam bandeiras, gritam, cantam, dão entrevistas a repórteres e, depois de duas a três horas, em média, se dispersam sem confusão, conforme o acertado, até as 9 da noite. Pois é, tem horário. Na gigantesca manifestação ocorrida contra o casamento gay, em janeiro, que reuniu 800000 pessoas aos pés da Torre Eiffel, sob um frio de freezer, os oradores apressaram os seus discursos porque tudo deveria terminar às 8 da noite, segundo o acordado com a prefeitura e as forças policiais. Horário e lugar. Manifestações diante do palácio presidencial do Eliseu. Proibido. Do palácio do primeiro-ministro, Matignon. Proibido. Do Senado, no Jardim de Luxemburgo. Proibido. Da Assembleia Nacional. Proibido. De ministérios. Proibido. Em avenidas vitais para a circulação de carros e transporte público. Proibido. Neste ano, por duas vezes tentaram pegar as autoridades de surpresa na Place du Palais Bourbon, em frente à Assembleia. Na primeira, em janeiro, agricultores sequiosos por mais subsídios governamentais apareceram de manhã, espalharam alfafa nas adjacências do portão e, quando estavam para soltar uma vaca amedrontada, pobrezinha, de dentro de um caminhão (ótima imagem para jornais e TVs), policiais chamados às pressas os impediram de fazê-lo. Uma hora mais tarde, mais ou menos, a praça estava limpa — de manifestantes, alfafa e vaca. Na segunda, em maio, os Veilleurs irromperam 16/10/13 à noite e se sentaram no chão da praça. Queriam fazer uma vigília de orações madrugada adentro. Foram cercados por soldados, e um sargento lhes comunicou que seriam retirados à força, caso resistissem a sair. O argumento de que queriam apenas rezar não comoveu as almas uniformizadas. "Rezar. Aqui, também não pode", replicou o sargento. Tudo acabou na santa paz laica. Na França, um decreto-lei de 1935 (há oitenta anos. portanto) definiu os parâmetros a ser obedecidos por quem deseja exercer o direito de protestar nas ruas. Eis alguns: Com três dias de antecedência, no mínimo, três organizadores devem enviar uma declaração por escrito à prefeitura ou ao comando da polícia sobre a intenção de fazer uma manifestação. Dessa declaração precisam constar os seus nomes completos, os seus domicílios fixos, o dia, a hora e o itinerário a ser seguido pelo cortejo ou, no caso de ser apenas uma concentração de pessoas, sem passeata. o local escolhido para a gritaria. Se a prefeitura ou a polícia estimarem que a manifestação constitui ameaça grave à ordem pública ou que o aparato policial não está apto a garantir a segurança. elas poderão proibi-la. Antes que o leitor veja no segundo item uma forma de filtrar inconveniências ideológicas, diga-se que as interdições. por lei, devem ser exceção e que, na hipótese de os organizadores se acreditarem censurados, existe a possibilidade de recorrer a um juiz, em caráter de urgência. Das centenas de manifestações que ocorrem em Paris a cada ano, não mais do que seis são vetadas. De acordo com a prefeitura. 40% são relativas a assuntos estrangeiros. Os sírios lá embaixo, na Place Édouard Herriot, por exemplo. Governadores brasileiros decidiram proibir o uso de máscaras em manifestações. Não há nada de autoritário nisso. É uma ótima maneira de domar os incivilizados que se infiltram em atos que se querem civilizados — e de começar a civilizar quem pede mais civilização, mas dá uma piscadela cúmplice aos baderneiros, para em seguida jurar que nada tinha a ver com eles. Segue-se, aqui, a cartilha da França, da Inglaterra e do Canadá. Um decreto-lei do governo francês de 2009 vetou as máscaras completamente, seja no interior de um protesto, seja nos seus arredores, como forma de prevenir a ação de arruaceiros. Os desobedientes são detidos, fichados e têm de pagar uma multa de 1500 euros (ou 4500 reais). Em caso de reincidência no prazo de um ano, o valor dobra. No Canadá, uma lei aprovada recentemente pune com pena de até dez anos de prisão quem participar mascarado de qualquer perturbação da ordem pública. O motivo foi um tumulto em Vancouver, quando o time de hóquei no gelo local perdeu a final do campeonato americano e o centro da cidade ficou praticamente em ruínas. Não é preciso pedir autorização para organizar protestos, desde que eles não Continua Continuação obstruam ruas nem calçadas. Os policiais acompanham os cortejos e só entram em ação quando a coisa sai do controle. Foi o que ocorreu em Toronto, em 2010, durante uma reunião do G20 na cidade. Black blocs, sempre eles, resolveram incendiar viaturas de polícia e destruir agências bancárias. Centenas deles foram presos e processados. "É o que fazemos com criminosos", resumiu o prefeito David Miller. 16/10/13 Nos Estados Unidos, o histórico de repressão desmesurada aos movimentos em defesa de liberdades civis, na década de 60, principalmente, constrange até hoje as autoridades de cada estado americano no estabelecimento de normas mais rígidas para manifestações. "No entanto, impor restrições de tempo, lugar e organização a protestos passou a ser prática comum, embora não inteiramente formalizada", diz o so- ciólogo Alex Vitale, especialista em movimentos sociais do Brooklyn College, em Nova York. Em geral, são exigidos pedidos de permissão para ajuntamentos que excedam cinquenta pessoas, sem que sejam necessárias maiores especificações. De qualquer forma, badernas estão longe de ser toleradas. Desde 1998, o direito de protestar tomou-se mais restrito no país, se for considerado uma perturbação da segurança na- Continua Continuação cional — termo que costuma designar eventos que contem com a presença do presidente americano e convenções de partidos políticos. "Observamos que a polícia vem utilizando mais energia em oportunidades em que há pouca provocação por parte dos manifestantes"", critica o especialista em resolução de conflitos Stephan Sonnenberg. Talvez o senhor Sonnenberg pensasse diferente se estivesse do outro lado dos escudos de choque. É proibido, no entanto, policiais à paisana se misturarem a manifestantes. A sua identificação precisa estar bem visível, ao contrário do que acontece na França, onde quase sempre há agentes disfarçados em meio a manifestantes. Por ocasião dos protestos do movimento Occupy Wall Street, Nova York ressuscitou uma legislação municipal datada de 1845, reeditada em 1965, que bania o uso de máscaras fora do âmbito de festas. Justificou-se dessa maneira a prisão de sete pessoas que usavam a carranca do personagem Anonymous. A detenção de mascarados não é automática na cidade americana, mas, dependendo da situação, a lei escuda os policiais. O uso de máscaras não é proibido na Inglaterra, mas os policiais têm o direito, por lei, de pedir a um manifestante que mostre o rosto em situações nas quais eles julguem o sujeito perigoso à ordem pública. Isso inclui maquiagens ou pinturas faciais que escondam a sua identidade. "Uma pessoa que se recusa a remover um item de vestuário ou outro qualquer, quando isso for solicitado por um policial no exercício da sua 16/10/13 atividade, comete uma infração e poderá responder por isso", disse a VEJA Dave Lockyear. responsável pela comunicação da polícia de Londres. Os policiais encarregados de zelar pelo bom andamento de um protesto podem deter um suspeito por um prazo de até 24 horas, extensível por outras 24. período suficiente para que as engrenagens da Justiça entrem em funcionamento, seja para abrir um inquérito, seja para liberar o detido. As regras para manifestações na capital inglesa são detalhadas como as de Paris, com a diferença de que é necessário notificar as autoridades com seis dias de antecedência, no mínimo, e de que basta fornecer os dados de um único organizador. O lado quase enternecedor é que a polícia londrina chama atenção para os benefícios que tem quem obedece às normas: "Você pode encontrar a garantia de que o seu evento ou protesto não se chocará com o de outro grupo que pretenda utilizar os mesmos locais": " Nós poderemos facilitar a realização do seu protesto no que for possível e aconselhá-lo sobre a melhor forma de gerenciá-lo": "Nós poderemos mantê-lo a par de qualquer informação a respeito de quem queira protestar contra o seu protesto". O carrasco-mor da Revolução Francesa. Maximilien de Robespierre, afirmou, em 1794, que. "quando o governo viola os direitos do povo, a insurreição é para o povo o mais sagrado e o mais indispensável dos deveres". No mesmo ano, ele perderia a cabeça na guilhotina, em outra prova de como, naquele período, a violação dos direitos popula- res ainda era uma questão que dependia somente do ponto de vista de quem puxava a corda que fazia descer a lâmina. Paris foi moldada fisicamente por insurreições — essa é a palavra que interessa aqui. No fim do século XVIII, os revolucionários aproveitaram-se das estreitas e tortuosas ruas medievais para erguer barricadas, fugir das tropas reais ou encurralá-las. A intrincada malha urbanística ajudou-os, assim, a derrubar a prisão da Bastilha, promover o quebra-quebra de outros símbolos da monarquia absolutista e vandalizar igrejas. Durante a "primavera dos povos", em 1848, idem. Em 1871, com a maior parte das reformas efetuadas por Georges-Eugène Haussmann já realizadas, os rebeldes da Comuna de Paris encontraram muito mais dificuldade para manter a cidade em seu poder. Isso porque, sob os auspícios de Napoleâo III, sobrinho do Bonaparte corso, Haussmann havia posto abaixo o emaranhado de casarios insalubres da Idade Média, retificado os quarteirões, rasgado a paisagem com avenidas largas e parques e definido o gabarito para as construções parisienses que vigora até hoje inalterado no essencial. O propósito ia além do embelezamento e da modernização da capital da França. Tratava-se, ainda, de desenhar uma geografia que permitisse às autoridades mais eficácia na contenção de insurreições — eis aí a palavrinha outra vez —. por meio do rápido deslocamento de soldados e do uso de canhões. Os (pouquíssimos e tardios) resistentes franceses, aliás, experimentaram o efeito Haussmann Continua Continuação sob a Paris ocupada pelos nazistas. Em maio de 1968, os estudantes amotinados no Quartier Latin lançaram mão da derradeira arma antiga à disposição de insurretos — paralelepípedos arrancados do pavimento das ruas. O governo do presidente Charles de Gaulle, então, decidiu asfaltar a região conhecida como a Velha Paris. As insurreições no Ocidente — contra reis tirânicos, metrópoles coloniais, ditaduras ou invasores estrangeiros — foram um fator decisivo para a construção da democracia. O seu sucedâneo, numa escala que se diria evolutiva, são as manifestações pacíficas, como forma de pressão sobre os representantes do povo nos poderes constituídos. No berço do Ocidente, elas são asseguradas pelo artigo 10 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e pela Convenção Européia dos Direitos Humanos. A redação desta última é exemplar: "A liberdade de manifestar a sua religião ou as suas convicções não pode ser objeto de restrições que não aquelas que, previstas pela lei, são necessárias, em uma sociedade democrática, para a manutenção da segurança, a proteção da ordem, a saúde ou a moral públicas, ou a proteção dos direitos e das liberdades dos demais indivíduos". Ou seja, insurreições na plena vigência do estado de direito não passam de tentativa de destruição do arcabouço democrático e, por isso, devem ser reprimidas. Nos países civilizados, insurreição é um conceito que se estende do enfrentamento armado com as forças da ordem à desobediência cons- 16/10/13 tante aos marcos reguladores das manifestações legítimas. Marcos que, no caso específico das passeatas, visam a que a liberdade de expressão não se sobreponha a outra liberdade fundamental: a de ir e vir de todos os cidadãos. Nesse contexto, a polícia está investida do poder de reagir com firmeza contra aqueles, que desrespeitem os limites e confrontem a democracia. Em março, o movimento contra o casamento gay (ainda é o maior assunto na França, fazer o quê? promoveu quatro passeatas simultâneas em Paris. Numa delas, um grupo de ultradireita resolveu promover um débordement. um transbordamento do circuito combinado. Os policiais impediram a ação, os ultradireita decidiram enfrentá-los — e tomaram pau. Ninguém, absolutamente ninguém, censurou o uso de força. Pelo contrário,"a polícia foi elogiada à esquerda e à direita. Tome-se um exemplo oposto. Na comemoração da conquista do campeonato francês de futebol, em maio, o Paris Saint-Germikin escolheu como palco (la festa o Trocádéro. o lugar de onde se tem; a melhor vista para a Torre Eiffel. No fim, arruaceiros iniciaram uma confusão. Os policiais partiram para cima, conforme o manual, com o lançamento: de gás lacrimogêneo e o disparo de balas de borracha — mas se viram criticados por não ter evitado a bagunça.a tempo. Dá para imaginar isso no Brasil? Cassetetes, tasers, canhões sônicos, balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, fazem parte do equipamento dos policiais destacados para enfrentar multidões. Eliminá-los, como chegaram a suge- rir desmiolados em São Paulo, equivaleria a mandar um gladiador desarmado para uma arena cheia de leões. É importante notar que todas essas armas foram desenvolvidas para não causar mortes nem ferimentos demasiado graves, quando usadas com perícia. São sinônimo de energia, não de selvageria, como parecem acreditar os sambistas brasileiros que defendem os black blocs contra a polícia, numa inversão de valores que é uma das nossas tristes verdades tropicais. Às voltas, com motins violentos nas banliues, as periferias das grandes cidades, protagonizados em sua maioria por jovens imigrantes. As autoridades francesas, em 2011, deram um passo além. Se atacados com armas de fogo diante uma manifestação, os policiais foram autorizadòs a responder com balas de verdade desde que provenientes de fuzis de repetição, calibre 7L62 x 51 mm. Houve quem gritasse contra a medida, afirmando que se tratava de um retrocesso aos tempos de Napoleão Bonaparte. Boa parte da ascensão de Napoleão ao poder, se deve ao fato de ter esmagado, em 1795, uma insurreição monarquista que ameaçava a Convenção Nacional, a instância máxima de governo dos revolucionários franceses, instalada no então Palácio das Tulherias (incendiado em 1871. por ancestrais dos black blocs). Napoleão mandou as tropas sob o seu comando utilizar artilharia pesada —: canhões de boca larga, como os expostos nos Invalides, para ser mais exato — contra os rebelados, matando 1 400 deles. Evidentemente, trata-se de uma comparação exagerada. A per- Continua Continuação 16/10/13 missão para usar armas de fogo contra manifestantes é restrita a casos extremos e só foi possível porque os franceses contam com policiais muito bem treinados. Em 1969, um ano após os distúrbios causados pela estudantada da Sorbonne, em Paris, Charles de Gaulle inaugurou o Centre National d"Etrainement des Forces de Gendarmerie (CNEFG), onde as forças antimotim são adestradas para executar as suas funções. Todos os policiais perencentes a essas corporações passam pelo complexo localizado em Saint-Astier, a 500 quilômetros a sudoeste de Paris que nos seus 140 hectares abriga até mesmo uma pequena cidade artificial que serve de cenário à simulação de revoltas. De dois em dois em anos, os gendarmes, como são chamados esses soldados na França são obrigados a fazer uma reciclagem no CNEFG, que, como o maior centro desse tipo na Europa,, recebe alu- nos da Itália, Espanha e Holanda, entre outras nações. O lema do CNEFG é ""O policial age como ele treina. Ele, enquanto, deve adestrarse como quer agir". A responsabilidade é desse meio, também do guardião da ordem, graças ao treinamento intenso e contínuo, você jamais verá um batalhão francês acuado como os pelotões de choque brasileiros. Recomenda-se aos governantes brasileiros estabelecer uma parceria com o CNEFG. Agora, no fim desta reportagem, os sírios pró-intervenção ocidental deram lugar a manifestantes africanos que pedem o visto de residência permanente na França. São os mais barulhentos, mas nenhum deles ousa pensar em atirar uma pedra numa das janelas da Assembleia Nacional. Com reportagem de Tatiana Gianini 16/10/13 00 Gustavo Ioschpe Seu valor é determinado por seu salário? Você acha que os médicos brasileiros ganham bem? Eles têm os maiores salários médios do país. Pois saiba que um médico americano ganha quatro vezes mais. Eu já ouvi muitos argumentos para explicar como melhorar o quadro da saúde brasileira. Inclusive do pessoal que diz que faltam verbas para o setor e que a solução é investir mais, ressuscitar a CPMF, entre outras. Mas não me recordo de ter ouvido alguém sugerindo que o problema era o salário dos médicos. Nem muito menos, que as diferenças entre o sistema de saúde brasileiro e o americano se explicam pelo fato de que os nossos médicos ganham quatro vezes menos do que seus colegas americanos. E os nossos dentistas? É a segunda carreira mais bem remunerada do país. Não sou especialista no setor, mas acho que estão fazendo um bom trabalho: o sorriso dos brasileiros é bem mais arrumado do que o de habitantes de outros países em desenvolvimento, como, por exemplo, os chineses, e até de países ricos, como os ingleses. Mas. Veja só, coitados! Ganham 5.4 vezes menos do que os dentistas americanos, que levam para casa, anualmente, o equivalente a 346000 reais, contra 64000 reais dos brasileiros. mundo. Mas, mordam-se de inveja: os advogados americanos ganham 4,4 vezes mais. De novo, já li muitas análises sobre o que precisa ser feito para melhorar nosso sistema legal, mas não me recordo de nenhum protesto da OAB sugerindo que nossas deficiências se explicam pela distância entre o salário dos nossos causídicos e seus congêneres do Hemisfério Norte. O que dizer então de nossos artistas? Sinceramente, acho-os melhores do que os americanos, especialmente na música. Como explicar então que ganhem quase quatro vezes menos do que os compatriotas de Madonna? E nossos profissionais de marketing e propaganda, que todos os anos levam uma enxurrada de leões em Cannes e criam promoções e eventos tão criativos? Quantos Washington Olivetto e Nizan Guanaes os americanos produziram? Quantos Rock in Rio e carnavais? Nenhum. Mas — ó destino cruel — nossos profissionais de marketing e propaganda recebem 3.5 vezes menos que seus concorrentes americanos. Não 3,5% menos, nem 35% menos: 3.5 vezes menos. E, por mais criativos e originais que sejam nossos — publicitários, ainda não vi nenhum deles sugerir que, se ganhassem 3.5 vezes mais, seriam ainda mais espetaculares. E os advogados brasileiros? Como mostra a fábrica de pizzas que sai do nosso Judiciário, certamente devem estar entre os melhores do Essas diferenças são praticamente iguais para qualquer profissão de nível superior que você queira comparar — os dados de vinte delas es- tão disponíveis em twitter.com/ gioschpe. Na média dessas profissões, os americanos ganham 3,55 vezes mais que os brasileiros. Se retirarmos engenheiros e arquitetos da conta, a relação vai a 3,76. Entre essas carreiras, está a dos profissionais da educação. Os americanos ganham 3,97 vezes mais do que os brasileiros. Ou seja, a diferença entre professores brasileiros e americanos está bastante em linha com a observada em todas as demais profissões. Se você acha que o professor brasileiro ganha pouco, deveria notar que ganha pouco por ser brasileiro, não por ser professor. Essa diferença existe porque os países têm nível muito desigual de renda média, o PIB per capita. O americano é quatro vezes maior do que o brasileiro. Então é normal e esperado que, em todas as carreiras, haja uma diferença dessa magnitude entre um profissional brasileiro e outro americano. Isso não é prerrogativa dos EUA. Usei este país pela facilidade de obtenção de dados. Pegue a média dos países desenvolvidos e verá que a diferença é a mesma. Pegue a média dos países da África Subsaariana e verá que a diferença também será a mesma, apenas com o sinal trocado. Isso é óbvio. Por isso é que sempre me causa surpresa quando alguém pega um dado de gasto nominal em educação e diz assim: ""Precisamos investir mais em educação se quisermos ter qualidade de Primeiro Mun- Continua Continuação do. Enquanto o gasto médio por aluno dos países da OCDE for de 8 893 dólares e o do Brasil for de 2 849 dólares, não poderemos esperar que a qualidade seja comparável". Que professores e sindicalistas repitam esse mantra, até entendo. Como disse Upton Sinclair: "É difícil conseguir que uma pessoa entenda algo quando o seu salário depende de que não entenda". Mas ouvir isso de gente inteligente e bem-intencionada é apenas um sinal de que o discurso das corporações dos professores abalou o discernimento mesmo das melhores mentes. Quase quatro quintos (78%) do gasto com educação no Brasil são destinados a pagar salários de professores e funcionários. Para que o Brasil gaste, em termos nominais, o mesmo que um país desenvolvido, seria necessário que os profissionais da educação ganhassem o mesmo que seus pares de países desenvolvidos. Seriam. Então, a única categoria profissional com remuneração nesse patamar, em um país em que as demais profissões ganham quatro vezes menos. Essa não é uma questão menor. É em virtude dessa incompreensão 16/10/13 sobre gastos diferentes para realidades diferentes que o Brasil já comprometeu os ganhos do pré-sal em um sistema educacional fracassado, e agora caminha para queimar mais incríveis 5% do PIB ao aumentar os investimentos em educação de 5% para 10% do PIB. Você, eu e a geração de nossos filhos pagaremos caro por esse populismo. Quem defende aumento de remuneração sem esperar nenhuma contrapartida em termos da qualidade do serviço está subvertendo uma das leis basilares da economia: a que estabelece que remunerações são proporcionais à produtividade do trabalhador. Americanos e europeus não ganham quatro ou cinco vezes mais do que nós porque seus patrões são bonzinhos. mas porque é isso que produzem. Basta ver os dados da Organização Internacional do Trabalho: o trabalhador brasileiro produz, por hora trabalhada, um quinto do que produz o americano. Se usarmos o critério de produtividade e renda nominal para balizar a remuneração dos nossos profissionais da educação, a conclusão inescapável é que o professor brasileiro ganha demais em relação ao que entrega. No último Pisa, o teste de qualidade educacional mais respeitado do mundo, a educação brasileira ficou em 53° lugar. Na sua vizinhança não estavam os países de Primeiro Mundo, mas sim Colômbia, Trinidad e Tobago. Montenegro e Jordânia. Mesmo que fosse financeiramente factível, o que não é, a educação no Brasil não melhoraria se os professores passassem a ganhar o mesmo que os de países desenvolvidos. Dezenas de estudos acadêmicos mostram que não há correlação entre o salário dos professores e o aprendizado dos alunos. Qualquer gestor acharia absurdo dar aumento significativo a funcionários que estão entregando péssimos resultados. Está na hora de aplicar a mesma lógica à área da educação. O que efetivamente importa é a formação de professores, capacitação de gestores, currículo nacional unificado, dever de casa, avaliação, melhoria do material didático, uso efetivo do tempo de sala de aula e tudo o mais que os países que deram certo fizeram antes de poder pagar salários mais altos. Salário não cai do céu: conquista-se. 16/10/13 00 GUIA Continua Continuação 16/10/13 Continua Continuação 16/10/13 16/10/13 00 O mal da ineficiência Quando há investimento, há desenvolvimento, correto? Nem sempre. Um estudo da consultoria Maksen com a FGV releva que, apesar de o Brasil ser um dos maiores receptores de Investimento Estrangeiro Direto, o chamado IED, o País está muito distante dos líderes em eficiência em áreas essenciais, como educação e infraestrutura. Veja a posição dos países no ranking mundial: A SEMANA Valor Econômico 14/10/13 BRASIL 00 Nordeste reduz distâncias em relação ao Sudeste Por Vanessa Jurgenfeld | De São Paulo Há uma redução das disparidades regionais do país. Recentes estudos, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), novos trabalhos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que abordam renda e PIB per capita regional, e o último Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) divulgado, mostram que o fosso entre as regiões mais ricas e as mais pobres está um pouco menor. Novos investimentos, políticas nacionais de transferência de renda e o aumento real do salário mínimo fizeram crescer nos últimos anos, sobretudo, o PIB per capita do Nordeste e a renda do trabalhador local, ajudando a reduzir as distâncias em relação ao Sudeste. Depois da onda de crescimento regional puxada por políticas nacionais de transferência de renda, o ciclo de investimentos aponta a instalação de uma indústria mais diversificada e de maior valor agregado no Nordeste, para onde também convergem importantes projetos de infraestrutura. Apesar desses passos adiante, indicadores sociais mostram que faltam ganhos mais efetivos em áreas-chave, como a educação. "Houve melhoras significativas no Nordeste nos últimos anos. Isso deve ser comemorado. Mas os avanços não foram suficientes para reduzir substancialmente as desigualdades. Para isso, em algumas dimensões deveriam ocorrer crescimentos bem mais rápidos", afirma Jorge Jatobá, economista e sócio-diretor da Consultoria Ceplan. Como a desigualdade é uma medida relativa, ele lembra que para convergir para a média nacional e diminuir a diferença com outras regiões, o Nordeste precisaria imprimir um ritmo de melhorias acima da média do país. "Em alguns indicadores, isso foi conseguido. Mas em outros nem tanto", diz. A Pnad, por exemplo, indicou que um em cada dois analfabetos ainda está no Nordeste e que as taxas de analfabetismo continuam elevadas na região. E embora no IDHM geral, Norte e Nordeste apresentem as maiores taxas de crescimento do país entre as cinco macrorregiões e haja alguns avanços especificamente no IDHM -Educação, "o quadro ainda é muito duro", diz Jatobá, pois em educação está historicamente uma das maiores defasagens da região. Em estudo de setembro baseado no IDHM Educação 2000-2010, a Ceplan constatou que Norte e Nordeste ainda possuíam mais de 90% dos municípios nas faixas de baixo e muito baixo desenvolvimento humano. A renda média da região, entretanto, vem apresentando uma trajetória mais consistente do que a educação: subiu e num percentual acima da média nacional. Conforme estudo elaborado há poucos dias pelo Ipea, baseado em dados da Pnad, a alta foi de 8,7% contra uma média no país todo de 6,3%. O ganho médio de um trabalhador no Nordeste (R$ 948,12), no entanto, continua bem abaixo do ganho médio de um trabalhador no Sudeste (R$ 1.638,85). Pelo IDHM Renda, na análise da Ceplan, 78% dos municípios da região encontravamse ainda na categoria de baixo desenvolvimento humano, mas 12 municípios apresentavam IDHM Renda acima do IDHM Renda do Brasil. Essas estatísticas indicam que um novo quadro se configura na região, especialmente se somadas à taxa de crescimento do PIB per capita. A taxa média de aceleração do PIB per capita do Nordeste foi de 3,12% ao ano de 2000 a 2010, enquanto a região mais rica, o Sudeste, apresentou taxas médias de 1,81% ao ano. Guilherme Resende, coordenador de estudos regionais do Ipea, ressalta algumas tendências novas em relação ao Nordeste, que estão por trás de boa parte das mudanças mostradas nas estatísticas: diversificação dos investimentos produtivos e um crescimento puxado pelo consumo das famílias mais pobres, que tiveram auxílio de programas nacionais que Continua Continuação atuaram como políticas regionais de desenvolvimento, como o Bolsa Família, e da política de aumento real do salário mínimo. A maior parte dos beneficiados do Bolsa Família, destaca Resende, encontra-se no Nordeste. O crescimento maior do Nordeste em relação ao Sudeste poderia ser enquadrado dentro de um fenômeno já consolidado em modelos econômicos, nos quais quem é mais pobre tende a crescer mais, porque a região sai de uma base menor, e, portanto, teria mais espaço para melhorar, diz Resende. Porém, o aumento expressivo em alguns indicadores não pode ser considerado um fenômeno estatístico natural. No PIB per capita, por exemplo, ele ressalta, que a região cresceu ao ano em uma década quase o dobro do Sudeste. "Não dá para considerar que isso aconteceria naturalmente", afirma. Em grande medida responsáveis pelos avanços, os investimentos produtivos do Nordeste concentram-se hoje principalmente em petroquímica, indústria naval, eólica, siderúrgica, ferrovia, refinaria, celulose e automobilística. Do total de R$ 125 bilhões de investimentos na região entre 2007 a 2010 (não inclui investimentos governamentais), cerca de 75% foram da indústria de transformação. De acordo com Resende, a siderurgia tem investido no Ceará e no Maranhão, há indústria naval com investimentos em Pernambuco, Maranhão, Alagoas e Bahia, há refinarias sendo construídas em Pernambuco, Maranhão e Ceará, além de petroquímica, setor automotivo e farmoquímica em 14/10/13 Pernambuco e do setor de papelcelulose no Maranhão e na Bahia. Para os pesquisadores, está em curso uma possível mudança do perfil industrial da região, que ficou conhecida nos últimos anos mais pelo incremento do setor têxtil e calçadista. Vinculados aos novos investimentos, o Nordeste registra também uma elevação dos financiamentos públicos. A participação da região nos desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) saiu de um mínimo de 7% (ou R$ 2,7 bilhões) em 2004, para 13% (ou R$ 21 bilhões) em 2012. Apesar do crescimento, é importante ressaltar que a fatia está ainda distante da participação de 46% do Sudeste em 2012 (R$ 72,4 bilhões), conforme Ipea. Além do aumento dos desembolsos do BNDES, em estudo publicado em abril deste ano, o Banco do Nordeste mostrou que na distribuição regional dos investimentos previstos para 2013 nos relatórios de custeio e investimentos da Secretaria do Orçamento do Ministério de Planejamento, o Nordeste detinha o maior percentual de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, voltado a obras de infraestrutura, com fatia de 14,1%. O Sudeste aparecia em segundo lugar, com 9,3%. "Há grandes obras de infraestrutura em curso. Há algum atraso em parte delas, mas mesmo assim são grandes obras e no momento são geradoras de emprego", destaca Wellington Santos Damasceno, gerente de Estudos, Pesquisas e Avaliação do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Banco do Nordeste. Apesar de algumas melhorias, os pesquisadores alertam que os problemas da desigualdade estão longe de uma solução. "Se projetarmos [a taxa atual de crescimento do Nordeste] para frente, vai demorar muitos anos e pode ficar eternamente essa grande diferença entre as regiões", destaca Resende, do Ipea. Entre as principais alterações necessárias estão a infraestrutura e a melhora da qualidade no ensino, acreditam. "A melhor forma de democratizar o acesso à universidade é qualificando o ensino médio e fundamental. Ou a política pública educacional chega muito próxima ao município ou não vai conseguir romper com essa dificuldade ou acelerar a qualidade com a intensidade necessária", afirma Jatobá. Sobre infraestrutura, sua avaliação é que "os investimentos estão ocorrendo ainda de forma muito devagar". Resende reforça o coro sobre a necessidade de mais investimentos em educação. Diz que os recursos gastos por aluno nas redes municipais ainda é pequeno no Nordeste. Em creche, por exemplo, se gastava R$ 1,9 mil por aluno em 2009 enquanto no Sudeste, R$ 8,3 mil por aluno, segundo estudo realizado pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Continua Continuação 14/10/13 Valor Econômico 14/10/13 00 BRASIL Reforma gera impasse e professores mantêm greve no Rio Por Guilherme Serodio e Renata Batista | Do Rio A discussão de uma reforma educacional que pretende ampliar em 84% até 2016 o número de alunos em turno integral nas escolas do município é o pano de fundo do impasse entre professores, a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). Para os professores, o plano de cargos, carreiras e remunerações aprovado em tempo recorde na Câmara dos Vereadores - em sessão suspensa na sexta-feira pela Justiça - embute gatilhos que deveriam ser objeto de discussão pedagógica. A secretária confirma a orientação de adequar a carreira à reforma que vem implementando desde 2009, e se apega aos itens financeiros da proposta, principalmente a valorização salarial, para ressaltar os benefícios para os professores. O resultado é uma greve de mais de 60 dias, manifestações quase diárias nas últimas três semanas e graves confrontos com a polícia. "Aprovamos uma lei para colocar toda a rede municipal progressivamente em sete horas de aula diárias", afirma a secretária de Educação " É aí que o plano dialoga com a reforma, porque, de fato, incentiva a migração dos professores atuais e coloca para os futuros a questão de trabalharem 40 horas." Para o diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), Gualberto Tinoco, no entanto, "não existe plano de carreira. Existe uma reforma educacional travestida de plano de carreira". Segundo ele, que critica políticas como a unificação do conteúdo por meio de apostilas e provas distribuídas para toda a rede, a greve foi "provocada pelas condições de trabalho". Cláudia reconhece que o impacto do reajuste salarial é mais imediato para professores de 40 horas, mas afirma que as emendas dos vereadores garantiram aumentos para toda a categoria. "Todos os funcionários de educação, não só os professores, tiveram 15,3% de correção salarial", afirma. "Alguns terão esse aumento imediatamente e outros ao longo de cinco anos, porque, caso contrário, quebraria a prefeitura", diz a secretária. Na avaliação de Tinoco, a prefeitura não tem condições de absorver nem 10% dos profissionais da categoria na faixa de 40 horas nos próximos dois anos. Atualmente, apenas 7% dos 43 mil profissionais trabalham sob esse regime e a secretaria de Educação assume não ter ainda um planejamento capaz de abrigar os profissionais que optem pela migração imediata. O novo plano foi um compromisso assumido por Paes durante a campanha eleitoral para o segundo mandato, diz Claudia. Sindicato, vereadores da oposição e até o Ministério Público Estadual, no entanto, criticam a falta de diálogo. A procuradora Daniele Medina Maia diz que o MP foi informado pela secretaria que o assunto estava sendo estudada. "Ofícios datados de 9 de agosto e 6 de setembro, ou seja, menos de um mês da aprovação, informavam que o projeto de lei ainda não havia sido elaborado e seria feito com a participação de um grupo de trabalho envolvendo profissionais da educação, o que aparentemente não foi feito", diz a promotora. "O MP, tal qual a categoria de profissionais da educação, foi surpreendido com a aprovação do plano em regime de urgência." O vereador Renato Cinco (PSOL) afirma que os vereadores oposicionistas na Câmara estão tentando, sem sucesso, marcar uma reunião com Paes e a secretária de Educação. "Na Câmara Municipal também não houve negociação", diz o vereador sobre a aprovação do plano. "Não conseguimos apresentar emendas, que foram acertadas em reuniões só com a base de apoio ao governo, nos horários das sessões e sem a presença da oposição", diz Cinco. O sindicato diz querer retomar as negociação, mas questiona o fato de a secretária não ser oriunda da rede. Cláudia diz que só abrirá negociações quando os professores voltarem às aulas. Valor Econômico 14/10/13 EMPRESAS 00 Cyrela amplia aportes em projetos de educação Por De São Paulo O Instituto Cyrela investiu, no primeiro semestre, R$ 1,755 milhão do orçamento de R$ 6,6 milhões definido para este ano. A maior incorporadora de capital aberto do país destina 1% do lucro líquido do ano anterior ao Instituto Cyrela, fundado em 2011. Em 2013, o orçamento cresceu 37% em relação ao do ano passado. Idealizado por Aron Zylberman a partir da mescla de conceitos do judaísmo referentes a justiça social e a "conserto do mundo" com a ideia de valor compartilhado, ou seja, de benefício para a sociedade e a companhia ao mesmo tempo, o Instituto Cyrela busca a interseção entre a "questão moral e a empresarial". "Uma empresa opera inserida na sociedade. Quanto melhor o entorno, melhor a empresa", diz Zylberman, diretor-executivo do Instituto Cyrela. Segundo ele, os investimentos se revertem em produtividade e melhor qualidade dos serviços, e são direcionados para projetos próprios ou apoiados pela empresa. O foco é contribuir, por meio da educação fundamental e profissionalizante, para qualificar os empregados da Cyrela, as respectivas famílias e outros interessados, mesmo dos quadros de um concorrente. Apenas os cursos oferecidos nos canteiros de obras se restringem aos trabalhadores do respectivo empreendimento. As demais aulas são oferecidas em instituições de ensino ou organizações sociais parceiras. Em 2012, três mil passaram pelos cursos oferecidos e, no primeiro semestre deste ano, 900. Nos cursos profissionalizantes, a prioridade é capacitação relacionada à construção civil. "Queremos ver um operário se tornar diretor da Cyrela", diz Zylberman. O Instituto Cyrela tem iniciativas em oito Estados - São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Maranhão e Pará. Do orçamento, 15% é destinado ao custo operacional do instituto, 20% a um fundo de reserva, e a parcela restante, a investimento. Em maio, o fundo de reserva tinha R$ 5,77 milhões. Os projetos contratados para investimento social somaram R$ 3,484 milhões em 2012. Neste ano, os investimentos devem somar R$ 3,196 bilhões. Se, na incorporadora, as ações sociais ocorrem pelo Instituto Cyrela, como pessoa física, o fundador, presidente e participante do bloco de controle da empresa, Elie Horn, realiza a filantropia por meio de doações. "A missão do empresário é sua função social: dar empregos e doar dinheiro para terceiros", diz Horn. Ao ser questionado sobre o que é mais importante - a filantropia ou os negócios da Cyrela -, Horn responde que os dois. "Se não ganho, não posso pagar", diz o empresário, nascido em 1944. Judeu praticante, é doador de parcela relevante do que ganha, prática aprendida na família, de origem síria. "Meu avô ajudou quase três mil órfãos em Alepo. Meu pai doou 100% do que tinha para a filantropia. Eu doei ou vou doar mais da metade." A preocupação em fazer o bem começou, segundo Horn, antes da vida profissional, quando tentava conseguir dinheiro dos amigos para distribuir. O trabalho e o nascimento dos filhos - Efrain Horn e Raphael Horn, hoje, diretores de operação e de negócios da Cyrela, respectivamente - reforçaram a percepção dessa necessidade. Horn diz que gostaria de terminar a vida tendo cumprindo sua missão, mas que isso não será possível, pois sempre poderia fazer mais. O presidente da Cyrela, que tem como referências em filantropia Bill Gates, cofundador da Microsoft; Warren Buffett, da empresa de investimentos Berkshire Hathaway; e Amador Aguiar, fundador do Bradesco e criador da Fundação Bradesco, defende que o bem realizado se multiplica e se torna coletivo. (CQ) 14/10/13 00 O PAÍS Nova correção de redação gera debate Especialistas criticam mudanças no método do Enem, mas Inep garante "rigor" Lauro Neto A divulgação do "Guia do participante — A redação no Enem 2013" com a presença de erros de língua portuguesa em textos que receberam a nota máxima em 2012 levou professores e especialistas a questionarem os critérios de correção para a edição deste ano do Exame Nacional de Ensino Médio, que ocorre dias 26 e 27 deste mês. Apesar de o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, ter dito que o rigor aumentará e que serão tolerados apenas desvios pontuais para se atingir os mil pontos, especialistas criticam as mudanças nas exigências da competência referente à norma culta. Numa análise comparativa entre os manuais de 2012 e 2013, O GLOBO identificou trechos suprimidos que podem comprometer a promessa de uma correção mais rigorosa. No guia de 2012, na competência 1 ("Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita"), a classificação da nota máxima de 200 pontos era a seguinte: "O participante demonstra excelente domínio da norma padrão, não apresentando ou apresentando pouquíssimos desvios gramaticais leves e de convenções da escrita. Assim, o mesmo desvio não ocorre em várias partes do texto, o que revela que as exigências da norma padrão foram incorporadas aos seus hábitos lingüísticos e os desvios foram eventuais. Desvios mais graves, como a ausência de concordância verbal, excluem a redação da pontuação mais alta." Em 2013, na mesma competência 1, agora denominada "Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa" a justificativa para a nota máxima é mais sucinta, com a supressão do trecho "desvios mais graves, como a ausência de concordância verbal, excluem a redação da pontuação mais alta". A descrição para se alcançar os 200 pontos é a seguinte: "Demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa e de escolha de registro. Desvios gramaticais ou de convenções da escrita serão aceitos somente como excepci-onalidade e quando não caracterizem reincidência." Tolerância a erros Além disso, o quadro presente nas páginas 12 e 13 do guia de 2012, em que se classificam os desvios como "mais graves" "graves" e "leves" foi suprimido na edição de 2013, apesar de, no ano anterior, ter sido acompanhado do seguinte alerta: "ATENÇÃO! Seguem algumas inadequações do uso linguístico ao registro formal escrito que são penalizadas na Competência 1" entre as quais "falta de concordância do verbo com o sujeito" e "desvios graves de grafia e de acentuação." Nas páginas 34 e 35 do guia de 2013, essa tolerância com erros de concordância se mostra presente na redação do estudante Adriel Rego Barbosa e na posterior análise do desvio. O trecho "Nos últimos anos, a mudança na economia e o novo espaço que o Brasil tem conquistado no cenário internacional atraiu trabalhadores e turistas (...)" é justificado dessa forma: "o texto (...) não apresenta problemas linguísticos, a não ser um problema de concordância em "atraiu", sem reincidência em inadequações linguísticas" Além do erro de concordância presente nesse texto, as outras três redações publicadas no manual de 2013 apresentam falta de acentuação nas palavras "saúde" e "espanhóis" além do uso inadaquedo da palavra "energéticas" no sentido de "enérgicas". Presidente do Inep, órgão responsável pela aplicação do Enem, Luiz Cláudio Costa negou que a supressão de trechos no manual do candidato possa justificar a correção menos rigorosa. Em março, reportagem do GLOBO mostrou que redações com erros grosseiros como "enchergar", "rasoavel" e "trousse", além de desvios graves de concordância, receberam nota 1000 em 2012. Continua Continuação — Essa interpretação é equivocada. Tornamos mais claras as competências da matriz. Ao retirar (trechos), torno (o guia) mais objetivo e mais rigoroso. Quando não sou muito conciso, dou margem a interpretações como as que vocês (da imprensa) questionaram, e, até em alguns pontos, devidamente. Não posso pôr mais "escassos desvios" Não posso comparar 2012 com 2013 porque são dois editais distintos. Os corretores vão se basear no edital e na objetividade do texto. Se eles acharem excepcionalidade e não repetibilidade (no erro), muito bem. Por isso, não posso começar a graduar. O manual tem que ser aprimorado ao longo do tempo. E acho que foi aprimorado, até com a contribuição de vocês — argumenta o presidente do Inep. Professor ressalta caos redacional Costa justifica a presença de erros nos textos nota 1000 do guia do participante 2013 "para chamar a atenção do estudante de que não deveria ter "espanhóis", sem acento, nem erro de concordância; mas, como só tem um, passa" Segundo ele, não é adequado, mas está no limite da excepcionalidade. Cláudio Cezar Henriques, professor titular de Língua Portuguesa do Instituto 14/10/13 de Letras da Uerj, discorda. — O Inep está dizendo explicitamente aos candidatos que um erro será perdoado. O estudante que fizer uma redação com o erro linguístico "O pessoal afirmam que o caso é grave" terá 200 pontos na competência? Pelo que diz o edital, parece que sim. Quando digo que o Inep reforça a impressão de que o objetivo é "subir as notas" estou apenas me baseando nos números do Enem e comparando-os com o desempenho desses mesmos alunos em outros exames e ao longo de sua carreira acadêmica. Basta examinar os textos dos participantes do Enade para ver que o "caos redacional" impera — critica Henriques, citando outra reportagem do GLOBO, em abril, que mostrou erros como "egnorância" "precarea" e "bule" (bullying) nos textos de universitários que fizeram o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Defensor da meritocracia linguística, em detrimento do que chama de demagogia linguística, Henriques não está sozinho. Pósdoutor em Linguística Aplicada e professor da UFRJ e da Uerj, Jerônimo Rodrigues de Moraes Neto acha que a posição do Ministério da Educação é mais ideológica do que linguística. Ele também critica a aceitação dos erros nas redações nota 1000, como os que foram apontados no guia do participante deste ano. — Falar é gramaticalizar. Não pode haver maior ou menor rigor linguístico. A norma existe e deve ser obedecida. Erro de concordância é gravíssimo. Como posso ter um sujeito no plural e o verbo no singular conforme o exemplo com o verbo "atrair"? Se os candidatos não forem capazes de se fazerem entender na sua língua materna, como terão condições de adquirir outros conhecimentos? Nivelaremos sempre por baixo? Por que não buscamos a excelência? — questiona Moraes Neto. Educação Não pode haver maior ou menor rigor linguístico. A norma existe e deve ser obedecida. Erro de concordância é gravíssimo Jerônimo Rodrigues de Moraes Neto, professor da UFRJ e da UERJ 7,1 milhões Este é o número de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. A prova, marcada para os dias 26 e 27 deste mês, é composta por 180 questões de múltipla escolha, além da redação. Continua Continuação 14/10/13 14/10/13 00 NOTAS & INFORMAÇÕES Os números do Enade Dos 7.228 cursos avaliados no último Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), cerca de 30% obtiveram conceitos 1 e 2, o que equivale à reprovação, numa escala que vai até 5. Dos 1.683 cursos de graduação avaliados no Estado de São Paulo, 542 tiveram notas inferiores ao conceito classificado como suficiente - 3 pelo Ministério da Educação (MEC). Ao todo, submeteram-se à prova do Enade - um mecanismo de avaliação criado em 2004 para substituir o antigo Provão 536 mil alunos que cursavam o último ano da graduação, em 2012. A avaliação abrangeu 1.646 instituições em 17 áreas do conhecimento. Nas faculdades de Administração, o índice de reprovação foi de 36%. Nas faculdades de Direito, foi de 33%. A última avaliação dos cursos dessas áreas do conhecimento - que é realizada a cada três anos pelo MEC - ocorreu em 2009. A prova do Enade de 2013 será aplicada no dia 24 de novembro a cerca de 200 mil estudantes de 4.916 cursos das áreas de ciências de saúde e ciências agrárias. A USP, que sempre se recusou a participar do Enade, sob alegação de que a avaliação não é válida, pois muitos estudantes boicotam a prova, mudou de posição e pela primeira vez participará dela, em caráter experimental. Para tentar evitar o boicote, o MEC exigirá que os estudantes obrigados a fazer o teste permaneçam pelo menos uma hora na sala. Embora a qualidade das universidades públicas continue acima da das instituições particulares, o Enade de 2012 mostrou um expressivo crescimento dos padrões de excelência no ensino superior privado. De todos os cursos públicos, privados e confessionais avaliados, os que obtiveram a melhor nota estão nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Das 17 áreas avaliadas, publicidade e propaganda é a única em que um curso do Nordeste - a Universidade Estadual do Piauí - lidera o ranking nacional. Ao apresentar os números do Enade, o ministro Aloízio Mercadante anunciou que os cursos com conceitos 1 e 2 poderão ter os vestibulares suspensos. O resultado da avaliação, porém, não basta para que o MEC adote essa medida extrema. Os cursos reprovados só poderão sofrer sanções se forem reprovados por outro indicador, o Conceito Preliminar de Cursos (CPC), que será divulgado em novembro. Esse indicador, no qual os conceitos do Enade têm um peso de 55%, leva também em conta a infraestrutura das escolas e a qualidade do corpo docente. Avaliações são importantes para a melhoria de qualidade do sistema educacional do País. Mas, no caso do ensino superior, o Enade é muito criticado pelos especialistas. Para o diretor da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Solón Caldas, por exemplo, a forma de aplicação da prova prejudica a avaliação. "O estudante que faz a prova não tem comprometimento com o resultado", afirma. Segundo ele, a nota da prova deveria constar no histórico escolar, para motivar os alunos e evitar boicotes. Paulo Cardim, integrante do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, critica o governo por não divulgar as notas individuais dos estudantes. Já para o educador Simon Schwartzman, o MEC se limita a apresentar os conceitos de avaliação sem, contudo, definir os pontos necessários para classificar um curso como ruim ou excelente em cada área do conhecimento. "O que ele faz é pegar todas as pontuações e colocá-las em uma curva que divide os cursos em duas partes iguais, os que estão acima da medida e os que estão abaixo, aproximando os resultados do que os estatísticos chamam de curva normal. Depois, os dados são divididos em categorias de 1 a 5, de tal maneira que a média de todos os cursos é sempre 3. Esses dados permitem dizer se um cursos ficou melhor ou pior do que outro. Mas não permitem afirmar que determinado curso é bom ou ruim", diz ele. As críticas mostram a necessidade de aperfeiçoar o Enade, sob pena de pôr em risco a credibilidade da avaliação do ensino superior. 14/10/13 00 METRÓPOLE Voto de aluno, professor e funcionário tem peso igual em 44% das federais Victor Vieira Pelo menos 26 das 59 universidades federais do País, ou seja, 44% delas, usam a consulta paritária a alunos, docentes e funcionários como principal critério para a escolha do reitor - uma das reivindicações centrais dos estudantes que ocupam o prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) desde o dia 1°. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) diz que os conselhos devem ter 70% ou mais de professores entre seus membros. Isso não impede que, nessas federais, o Conselho Universitário (CO),formado majorita-riamente por professores, referende na prática o resultado da consulta pública, indicando très nomes ao cargo. A lista é enviada à Presidência da República, que dá a palavra final. "É um arranjo interno para a eseolhaparitária", explica Eras-to Fortes, professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, uma das que adota o sistema, assim como as federais do Rio de Janeiro e de São Carlos. Como as três categorias têm tamanhos diferentes, o peso de cada voto é ajustado proporcionalmente para que não haja distorções. Assim como os COs, o governo federal tem respeitado as escolhas internas e indicado o primeiro da relação. "Dá mais legitimidade", diz Fortes. Na USP, em 2009, o então governador José Serra (PSDB) indicou o segundo colocado, o atual reitor João Grandino Rodas. A próxima escolha do CO da USP será em 19 de dezembro. Cinco dias antes, a USP divulgará o resultado da consulta informativa à comunidade, sem caráter decisório. Para o presidente da Associação dos Docentes da USP, Ciro Correia, é interessante que a universidade ratifique a decisão popular, assim como em várias federais. "Um voto não deve valer mais do que outro", defende. Na assembleia eleitoral da USP, há cerca de 2 mil votantes, com mais de 85% de professores, a maioria titulares. Na última reunião, o CO vetou eleições diretas. Na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é feita consulta sem paridade. O peso é de 70% para docentes e 15% para alunos e servidores na Unesp, e de 60% e 20%, respectivamente, na Unicamp. Em geral, os COs de ambas confirmam as consultas. Qualificação. Para o professor de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais Leonardo Avritzer, a escolha da cúpula da universidade demanda critérios técnicos mais próximos de docentes do que de servidores e alunos. "Também há casos de eleições paritárias em que surgem agendas corporati-vistas de funcionários." Pedro Serrano, diretor do Diretório Central dos Estudantes da USP, discorda que professores sejam mais habilitados. "Somos contra a ideia de democracia em que uma elite ilustrada escolhe pelos outros." Segundo ele, outros protestos são pelas eleições diretas em departamentos e unidades. NaAmérica Latina, a pressão estudantil por mais democracia universitária existe há quase cem anos. 14/10/13 00 METRÓPOLE Entrevista:: João Grandlno Rodas, reitor da USP Para Rodas, ocupar reitoria é "barbárie" Reitor defende mudanças nas eleições da USP e diz que postura "contrária a tudo" de movimentos estudantis atrapalha Em entrevista ao Estado, João Grandino Rodas condenou a postura dos movimentos estudantis de "ser contrários a tudo". Ele ressaltou que mudar decisão do Conselho Universitário não depende só do reitor. Quais são as vantagens das eleições diretas na USP, defendidas pelo senhor em julho? O que defendi foi que as eleições de todós os representantes das diversas categorias que compõem a USP tivessem o mesmo grau de amplitude, transparência e controle externo. Não apresentei proposta sobre a eleição de reitor, para que ela não fosse tida como proposta chapa branca. Minha preferência pessoal foi e é que pudessem votar todos os professores, alunos e funcionários, cujos votos seriam ponderados, na base, respectivamente em 70%, 15% e 15%. Há possibilidade de reformar as decisões do último conselho, como pedem os alunos? A revogação ou alteração de dec: soes do Conselho Universitário depende de projetos extinti-vos ou modificativos. Eles precisam ser examinados por alguns órgãos do próprio CO, colocados na pauta do referido conselho e nele aprovados. Não é coisa que se faz em alguns dias e, muito menos, por vontade de uma pessoa, mesmo que seja o próprio reitor, A gestão da USP é democrática? Como aproximar a direção da comunidade universitária? Com base nas decisões do último conselho, a gestão está no caminho de aperfeiçoamento democrático. Se todos os representantes participassem, efetiva e ativamente, a USP estaria em estágio mais avançado. Seria proveitoso que as posturas de "ser contrário a tudo" e "do quanto pior melhor" fossem substituídas por uma postura firme de reivindicações e colaboração, em posição de igualdade. Não se abre diálogo quando se conspurca a reunião do principal colegiado representativo, com a quebra ~ com barras de ferro e de marretas - de patrimônio público. Nem quando se permanece dias e dias num prédio e se formam piquetes para impedir, pela força, centenas de funcionários de entrarem. Isso é barbárie. É colocar o patrimônio de todos na lata do lixo. Estamos sob o regime do estado democrático de direito ou passamos a viver sob o jugo do direito da força? CORREIO BRAZILIENSE 14/10/13 POLÍTICA 00 Somente renda não basta Cidades dependentes do Bolsa Família permanecem com índices sociais ruins. Melhorar o programa é o desafio » RENATA MARIZ » DANIEL CAMARGOS » LUIZ RIBEIRO Joana Lima é parte dos 48% de moradores de Claro dos Poções (MG) que dependem do benefício. Antes, trabalhava em carvoaria para sustentar os filhos Brasília, Ribeirão das Neves (MG) e Claro dos Poções (MG) — Nos 10 municípios mais dependentes do Bolsa Família, onde o número de beneficiados supera 80% da população, está provado o aumento no nível de bem-estar social. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que sintetiza dados de saúde, educação e renda, foi puxado nessas cidades principalmente pela frequência das crianças na escola. Mas são localidades ainda com indicadores semelhantes aos de países como Timor Leste (0,565) e Cabo Verde (0,534). Fazem parte de um Brasil que desafia as políticas públicas, sobretudo o maior programa de combate à pobreza do país, que completa 10 anos neste mês atendendo uma em cada quatro pessoas no território nacional. Como avançar rumo a melhores resultados é o que políticos terão de propor nas eleições do ano que vem. Embora o Nordeste tenha a maior concentração do Bolsa Família, com mais de 40% da população recebendo a ajuda mensal do governo, o programa está espalhado em todas as unidades da Federação. E atinge pessoas com problemas graves atrelados à baixa renda, como pouca escolaridade, acesso restrito à saúde, falta de moradia e inserção precária no mercado de trabalho. Cristiane Rodrigues dos Santos, de 33 anos, reúne várias dessas carências. Em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, ela mora de favor em uma pequena casa, com um quarto, cozinha e banheiro. Divide a cama de casal com os dois filhos, de 12 e seis anos. Além dos R$ 130 que recebe de benefício, ganha dinheiro como faxineira, em trabalhos esporádicos. “Já passei muito aperto”, afirma Cristiane. O filho dela, Luciano, recorda quando a vida era mais difícil antes de a mãe receber o Bolsa Família. “Já precisei de beber água com fubá para matar a fome”, lembra o garoto, que quer ser policial civil. No início do ano, a casa em que a família morava pegou fogo. “Estava num enterro de um parente e quando voltei tinha perdido tudo”, lamenta Cristiane. Para conseguir o novo local para morar, contou com a ajuda da avó paterna da filha Pâmela. Apesar das tentativas do governo de atrelar ao Bolsa Família políticas de moradia e capacitação, o fosso entre o que é ofertado e as necessidades do público do programa de transferência de renda continua enorme. Para o economista e sociólogo Marcelo Medeiros, pesquisador de temas relacionados à pobreza e desigualdade do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os valores pagos pelo Bolsa Família, média de R$ 152,35 por benefício, deveriam ser reajustados em pelo menos 50%, podendo chegar a 200%. “Hoje, é um programa de alívio da pobreza. Se quisermos que seja de erradicação, os repasses têm de ser ampliados”, defende. Ele argumenta que não haveria impacto para os cofres públicos, já que o programa consome cerca de 1% do orçamento federal (R$ 24,9 bilhões este ano). Pela linha de pobreza extrema adotada pelo Brasil, R$ 70 per capita, foram retiradas dessa condição 36 milhões, embora ainda haja 600 mil famílias sem dinheiro para comer. Continua Continuação Secretário Nacional de Renda de Cidadania, Luís Henrique Paiva não descarta reajustes nos benefícios, mas ressalta que serão “pequenas variações”. “O foco atual é aperfeiçoar as rotinas operacionais e fazer modificações do ponto de vista legal, além de identificar as famílias em pobreza extrema”, afirma. Mestra em sociologia pela Universidade de Campinas (Unicamp), Luciana Ramirez, autora de pesquisa sobre o impacto do Bolsa Família em Santo Antônio do Pinhal, interior paulista, considera importante que o governo reforce iniciativas como cursos de qualificação profissional e escola integral a beneficiários, entre outros, para criar as portas de saída do programa. “Estamos caminhando para um futuro sem tantos pobres no Brasil”, diz. Em Claro dos Poções, a 462 quilômetros de Belo Horizonte, Joana Lima de Jesus faz parte dos quase 48% de moradores que recebem a ajuda federal. Antes, só tinha uma alternativa para dar de comer aos três filhos: o serviço numa 14/10/13 carvoaria. Acordava de madrugada para carregar lenha, encher e esvaziar os fornos. Só deixou o trabalho porque não podia levar as crianças, sob o risco de a empresa ser multada. A mulher de 27 anos, que estudou até a primeira série do ensino fundamental, sabe que não terá saída caso o Bolsa Família acabe. “Vou ter que voltar para a carvoaria de novo. Lá, a gente não chega a ganhar nem um salário”, diz Joana, que recebe R$ 352 por mês do programa. Suzana Márcia de Oliveira Rodrigues, outra beneficiária de Claro dos Poções, complementa o benefício de R$ 102 do Bolsa Família com o trabalho de doméstica. “Se não fosse esse benefício, eu nem sei como a gente ia viver”, diz a mulher de 28 anos, que tem um filho pequeno. O companheiro dela, Luiz Fernando Rodrigues, faz bicos, ganhando R$ 300 por dia como lavrador ou servente de pedreiro, para reforçar o orçamento. Mas nem sempre acha serviço. Na cidade mineira com quase metade da população dependente do Bolsa Família, Rosali de Jesus Mendes, de 41 anos e mãe de cinco filhos, também não quer nem imaginar em perder o benefício. A família dela recebe a ajuda mensal há oito anos. Atualmente, o valor é de R$ 492, englobando os pagamentos do programa Brasil Carinhoso, criado na atual gestão petista para beneficiar filhos com menos de seis anos. Rosali, que tem dois nessa faixa etária, declara a sua gratidão a presidente Dilma Rousseff. “Primeiramente, a gente agradece a Deus. Depois, a Dilma, por causa desse dinheiro, que mantém todo mundo aqui em casa.” "Hoje, é um programa de alívio da pobreza. Se quisermos que seja de erradicação, os repasses têm de ser ampliados" Marcelo Medeiros, pesquisador do Ipea e professor da UnB CORREIO BRAZILIENSE 14/10/13 00 Mais de 50 mil estrangeiros recebem o benefício O maior programa de transferência de renda do Brasil, às vésperas de completar 10 anos, atende 55.253 estrangeiros que residem no país. Há gente de pelo menos 86 nações de todos os continentes do mundo recebendo recursos do Bolsa Família. A diversidade aponta tanto beneficiários de países muito pobres — como Honduras, Congo e Nicarágua — quanto atendidos nascidos em locais desenvolvidos. Há 13 suíços, 181 estadunidenses e dois canadenses. O maior número de estrangeiros que recebem a ajuda do governo federal brasileiro, entretanto, é do Paraguai (1.339). Mas só 10% do total de 55.253 estrangeiros beneficiários do Bolsa Família declararam o país de origem. Os vizinhos, ao lado de portugueses e japoneses, são os mais frequentes com tal informação disponível. Depois do Paraguai, vem Bolívia (721), Portugal (426), Argentina (336), Uruguai (319), Japão (292) e Peru (200). Há também originários de nações marcadas por conflitos, como Líbia, Kuwait e Irã. Secretário Nacional de Renda de Cidadania, Luís Henrique Paiva explica que o programa é aberto a qualquer estrangeiro que se enquadre nos critérios, desde que esteja legalmente no país. (RM) POLÍTICA CORREIO BRAZILIENSE 14/10/13 00 CIDADES EDUCAÇÃO » Hora de conferir o simulado Quem participou do treino para o Enem, promovido pelo Correio em parceria com o IMP Concursos, já pode acessar respostas da prova » Manoela Alcântara Adryelle fez o exame no sábado e calculou o tempo médio gasto em cada questão: em janeiro, a jovem vai tentar uma vaga para medicina na UnB Os 6,1 mil inscritos no simulado on-line preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado pelo Correio Braziliense, em parceira com o IMP Concursos, já podem conferir o gabarito preliminar do exame. O documento está disponível na edição de hoje e também no site www.simuladocb.com.br, mediante o uso do login e da senha do concorrente. Depois de analisar todas as respostas, é possível contestar o resultado que o participante julgar estar errado. O prazo para interpor recurso vai até as 8h de amanhã. O exame on-line disponibilizou dois testes, durante todo o fim de semana, elaborados por um grupo de professores renomados na área. Nas 180 questões — 90 para cada prova — foram exigidos conhecimentos das mesmas matérias que serão cobradas no Enem, em 26 e 27 de outubro. O primeiro teste continha problemas de ciências humanas e da natureza e, o segundo, de linguagens e códigos e matemática. Assim como na data prevista para o exame que dá acesso a 3,7 mil cursos de universidades federais, os inscritos tiveram 4 horas e 30 minutos para concluir cada prova. Adryelle Carolynne Nogueira Luetz, 17 anos, optou por fazer todo o simulado on-line no sábado. Usou a manhã e a tarde para concluir as questões. Com o cronômetro ligado, calculou a média de tempo que cada item demandou. No segundo semestre de cursinho preparatório, Adryelle considerou alguns pontos da simulação menos complexos do que o exigido no antigo vestibular da Universidade de Brasília (UnB). “A prova de exatas estava mais fácil. Me formei ano passado e já tinha prestado o certame para algumas instituições de Brasília”, contou a estudante, que pretende ser aprovada para o curso de medicina, um dos mais concorridos nas instituições de ensino superior. Neste ano, pela primeira vez, o vestibular do início do ano será substituído pelo Enem. Adryelle e os outros concorrentes vão receber, por e-mail, o resultado do simulado, com a nota e classificação geral no ranking de cada matéria. Devido ao grande número de inscritos, a correção das provas seguirá os mesmos parâmetros do Enem, com base no conceito TRI — Teoria Resposta Item. Será usado o modelo estatístico que avalia a dificuldade da questão, a discriminação e a marcação aleatória. Embora essa primeira etapa de avaliação do conhecimento tenha terminado, os assinantes do Correio Braziliense terão um benefício a mais na hora de estudar. Quem, no ato da inscrição, preencher o código de assinante no formulário, terá acesso exclusivo a um banco de questões do Enem e de outros vestibulares separadas por assunto. As questões começam a ser disponibilizadas hoje e vão até 25 de outubro, véspera da prova. Cronograma » Gabarito preliminar: será divulgado às 8h de hoje. Pode ser visto nesta edição e acessado mediante login e senha no site www.simuladocb.com.br. Continua 14/10/13 Continuação » Recursos: poderão ser encaminhados entre 8h de hoje e 8h de amanhã no portal do simulado. » Gabarito definitivo: será disponibilizado às 15h de quarta-feira no site. » Resultado: estará disponível no site no mesmo dia e hora do gabarito definitivo. Além disso, o candidato receberá por e-mail o boletim de desempenho. Data da prova do Enem » 26 de outubro: prova de ciências humanas e suas tecnologias e ciências da natureza e suas tecnologias. » Tempo para fazer o exame: 4h30 » 27 de outubro: teste de linguagens, códigos e suas tecnologias, redação e matemática e suas tecnologias. » Tempo para fazer o exame: 5h30 » Os portões de acesso serão abertos às 12h e fechados às 13h. GABARITO 1 1. B 2. E 3. A 4. C 5. A 6. C 7. B 8. D 9. D 10. A 11. E 12. D 13. A 14. D 15. A 16. A 17. C 18. C 19. A 20. A 21. A 22. C 23. D 24. A 25. C 26. A 27. D 28. D 29. A 30. A 31. C 32. A 33. C 34. B 35. B 36. D 37. E 38. B 39. E 40. A 41. B 42. B 43. A 44. B 45. B 46. E 47. B 48. D 49. C 50. C 51. D 52. A 53. B 54. A 55. B 56. B 57. B 58. B 59. B 60. C 61. D 62. C 63. A 64. C 65. E 66. C 67. B 68. E 69. D 70. A 71. E 72. A 73. C 74. D 75. B 76. A 77. C 78. C 79. B 80. B 81. E 82. D 83. D 84. B 85. C 86. C 87. B 88. D 89. E 90. C GABARITO 2 INGLÊS 91. B 92. B 93. D 94. C 95. E ESPANHOL 91. B 92. B 93. C 94. D 95. C 96. A 97. A 98. C 99. A 100. C 101. A 102. D 103. E 104. A 105. B 106. B 107. A 108. A 109. B 110. E 111. B 112. D 113. D 114. D 115. A 116. D 117. B 118. C 119. E 120. E 121. A 122. D 123. C 124. A 125. D 126. D 127. A 128. C 129. B 130. A 131. A 132. C 133. A 134. C 135. C 136. C 137. B 138. D 139. B 140. D 141. C 142. B 143. D 144. A 145. B 146. B 147. A 148. C 149. C 150. C 151. A 152. C 153. B 154. A 155. E 156. E 157. B 158. B 159. E 160. D 161. B 162. D 163. E 164. A 165. E 166. C 167. B 168. E 169. E 170. A 171. E 172. D 173. E 174. C 175. B 176. B 177. B 178. B 179. E 180. B CORREIO BRAZILIENSE 14/10/13 00 CIDADES DIREITO DO CONSUMIDOR » Cautela na escolha da escola Embora os contratos sejam regidos pelo CDC e pela Lei das Mensalidades, o índice de correção das anuidades é sempre motivo de controvérsias e de chateação para os pais. Os estabelecimentos resistem à transparência, e os clientes ficam sem saber o que justifica reajustes tão elevados » FLÁVIA MAIA Giselle Fontão e as filhas, Mariana e Luana, afirma que não dá para fugir muito dos preços, "praticamente os mesmos e com igual índice de aumento" Apouco mais de dois meses para o fim do ano, começa o planejamento escolar para o próximo ciclo letivo. As escolas particulares calculam os reajustes, abrem as matrículas e fazem as listas de materiais. Os pais que querem manter os filhos no mesmo colégio garantem a renovação; quem pretende mudar começa a pesquisar e a escolher o novo centro de ensino. Embora a contratação de serviços educacionais ocorra todo o ano, os pais não devem se descuidar, seja na nova matrícula, seja na renovação. Certos cuidados vão evitar abusos e dor de cabeça. A contratação de uma escola é diferente de qualquer outra prestação de serviço. Os estabelecimentos educacionais trabalham com a formação da pessoa — criança ou adulto — e existe um ciclo pedagógico envolvido. Quem compra o serviço educacional é amparado pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) e pela Lei das Mensalidades, que coíbe arbitrariedades, como reajustes abusivos e garantias mercantis para a matrícula, como fiadores e cheques pré-datados. Ao escolher o colégio, o consumidor precisa avaliar se a proposta pedagógica corresponde ao que ele deseja na formação do filho. Depois, a atenção deve ficar centrada nos termos do contrato. “Embora sejam de adesão, os pais podem questionar as cláusulas e apontar as abusividades para os órgãos de defesa”, alerta Tódi Moreno, diretor-presidente do Procon-DF. Um dos pontos que mais críticos é o reajuste anual. De acordo com a Lei das Mensalidades, o aumento somente pode ocorrer uma vez por ano e precisa ser justificado. Mas não é o que normalmente ocorre. Algumas escolas elevam a anuidade acima da inflação acumulada no período e não explicam claramente os motivos da decisão. O Ministério Público do DF questionou, em ação inédita no Brasil, os índices de reajuste de algumas escolas de Brasília (veja Memória). Para 2014, alguns estabelecimentos da capital federal devem subir em até 21% a anuidade, e a média deve ficar entre 8% e 10%. “Os aumentos não são consistentes. Falta transparência. A gente sabe que a lucratividade das escolas é alta”, afirma Luís Cláudio Megiorin, presidente da Associação de Pais do Distrito Federal (Aspa). Os pais geralmente não têm acesso às planilhas e não conseguem questionar a alta. “Sem acesso às informações, os pais se tornam a parte fraca dessa relação de consumo. Se a escola não quer abrir uma planilha formal por conta do segredo empresarial, pode fazer um documento evidenciando as mudanças que justifiquem o aumento”, defende Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste Associação de Consumidores. A Lei das Mensalidades, regulamentada pelo Decreto número 3.274/99, exige a exposição da planilha, mas não deixa claro quem pode ter acesso, o que provoca controvérsia. “Quem pode ter acesso aos gastos da escola são os órgãos competentes, não os pais”, justifica Fátima de Mello Franco, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe). No entendimento da Fundação Procon de São Paulo, o consumidor deve ter acesso às Continua Continuação informações dos serviços adquiridos. “É obrigação da escola fornecer a planilha de custos aos pais. O decreto traz até o modelo e quais dados devem constar”, alega Salma do Amaral, diretora de Atendimento do Procon de São Paulo. Esta semana o Procon-DF e a Aspa devem se reunir para avaliar os reajustes aplicados no DF. A presidente do Sinepe-DF, Fátima de Mello, explica que não cabe ao sindicato indicar porcentagem de reajuste. Mas ela adianta que auxiliares e professores tiveram aumento salarial de 8%, o que deve impactar o orçamento das escolas, cuja participação dos gastos com pessoal na receita chega a 60%. Inadimplência Outro ponto controverso é a inadimplência. A legislação impede a escola de reter os documentos (como boletim e histórico escolar), de provocar constrangimentos e de negar a transferência para o aluno. Ao fim do período letivo, a instituição de ensino pode desligar o aluno e não renovar o contrato. Mas a lei não deixa claro se a escola pode inserir o nome do pai ou do estudante devedor nos órgãos de proteção ao crédito, como Serasa e SPC. As associações de defesa do consumidor e os Procons defendem que a prática é abusiva, uma vez que o serviço educacional tem caráter social, e a instituição possui meios legais para a cobrança de dúvidas. Giselle Fontão Ackel Haun, 42 anos, é do tipo mãe cuidadosa. Por 14/10/13 causa do trânsito entre Águas Claras e a Asa Sul, ela resolveu mudar as duas filhas de escola, Mariana, 12, e Luana, 5. Passou um ano pesquisando escolas e projetos pedagógicos. Conheceu quatro escolas e, por meio de um grupo em uma rede social, teve informações sobre os pontos positivos e negativos das escolas em que ela pretendia matricular as duas meninas. Por fim, ficou em dúvida entre duas instituições. Foi decisiva a empatia com a escola, além de alguns detalhes preciosos que fizeram a diferença. confiáveis e estão dentro dos parâmetros legais.” Giselle olhou a quantidade de alunos por sala de aula e a estrutura física. Procurou uma instituição em que os custos com material não fossem abusivos e que desse desconto em caso de duas crianças. Tomou o cuidado de se assegurar de que não haveria taxas extras, como a pré-matrícula. A cobrança é legal, desde que seja descontada na matrícula ou nas parcelas do ano seguinte. “A única coisa que não dá para fugir muito são os preços, praticamente os mesmos e com igual índice de aumento nas mensalidades”, comenta Giselle. Após queixa da Aspa-DF, com o apoio da OAB-DF, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios concluiu, em julho deste ano, que, das 13 instituições investigadas, uma escola teria que devolver os valores cobrados indevidamente. Os proprietários do colégio, cujo nome não foi divulgado, terão que chegar a um acordo para escapar do processo na Justiça: ou devolvem o dinheiro ou abatem a cobrança imprópria nas próximas mensalidades. É a primeira vez, em todo o país, que o MP apura esse tipo de caso. Para as associações de consumidores e a Aspa, os pais devem se concentrar nos detalhes e exigir que tudo o que for oferecido esteja em contrato para evitar dor de cabeça e garantir a melhor formação para as crianças. A presidente do Sinepe-DF, Fátima de Mello, orienta aos pais interessados que consultem o Selo Escola Legal 2014. “Por meio desse selo, mostramos que as escolas têm serviço de qualidade, são O que diz a lei As instituições privadas de ensino podem cobrar anuidade ou semestralidade pela prestação de serviços educacionais. A cobrança é regulada pela Lei Federal nº 9.870 de 23 de novembro de 1999, conhecido como a Lei das Mensalidades e pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). Os cursos livres, como inglês, música e esportes, são regidos pelo CDC. Reclamações As principais queixas dos consumidores em relação às escolas são problemas na rescisão do contrato, cobrança indevida, retenção de documentos, desistência do serviço, serviço não fornecido e reajuste abusivo na mensalidade. Memória Devolução de valores Continua Continuação 14/10/13 CORREIO BRAZILIENSE 14/10/13 00 CIDADES - CORREIO DO BRASILIENSE Brasília se liga ao Esperanto A capital do Brasil não está alheia à Internacia Lingvo do Dr. Zamenhof. Lançado em 1887 com o propósito de ser a segunda língua de cada povo (em meio aos quase seis mil idiomas que “babelizam” o Planeta), o esperanto é a língua do diálogo internacional direto e do bilinguismo suficiente. Cidadãos brasilienses, como tantos pelo mundo, têm aderido à ideia democrática de que aprender apenas duas línguas (a materna mais uma) pode se tornar o bastante para falar com toda a humanidade — desde que a segunda seja uma língua neutra, planejada com lógica e adotada mundialmente. Aqui, como na Web, a ideia se expande, a ponto de um olhar panorâmico sobre o DF permitir ver desde uma escola com o nome de Zamenhof (em Brazlândia), até a sede da Liga Brasileira de Esperanto (no Edifício Venâncio III), passando pelo Clube de Esperanto de Taguatinga (no Edifício Paranoá Center) e pela Associação Brasiliense de Esperanto (no Brasília Rádio Center). A Liga Brasileira de Esperanto (BEL), que se transferiu do Rio de Janeiro para Brasília em 1986, coordena nacionalmente o movimento esperantista desde 1907. Reconhecida de utilidade pública desde 1921, a entidade já realizou dois congressos internacionais (Brasília/1981 e Fortaleza/2002), com milhares de participantes de mais de 50 países, além de congressos nacionais, anualmente (o 49º será em Florianópolis — 24 a 28 de janeiro de 2014). Ao longo dessa secular presença, a BEL, que disponibiliza ao público uma das maiores bibliotecas mundiais em esperanto e distribui livros para todo o país, contribuiu para a conquista da simpatia de muitos brasileiros pelo esperanto, inclusive de escritores renomados como Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e o contemporâneo Affonso Romano de Sant'Anna. Semelhante a entidades nacionais esperantistas em mais de 70 países, a BEL é filiada à Associação Universal de Esperanto (Rotterdam – Holanda), e tem como um dos focos de atuação na atualidade a convocação dos governos a acatarem, na prática, as resoluções por eles assinadas na Unesco (1954 e 1985), pela inserção do esperanto nos sistemas de ensino dos paísesmembros. No que toca ao governo do Brasil, proposta preliminar encaminhada pela BEL encontra-se em análise no Ministério da Educação (MEC) e na SecretariaGeral da Presidência da República. Ao mesmo tempo, a Câmara dos Deputados avalia o Projeto de Lei nº 6.162/2009, do senador Cristovam Buarque, que insere um parágrafo na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), colocando o esperanto em pé de igualdade com as outras línguas no sistema de ensino brasileiro. Afora os cursos mantidos pelas entidades esperantistas (entre outras), e os inúmeros seguidos autodidaticamente via internet, o que mais visibilizou o ensino do esperanto na Capital federal nos últimos tempos foram os cursos dos centros interescolares de língua da Secretaria de Educação (embora já suspensos), amparados pela Lei Distrital nº 912/ 1995, e os cursos da UnB Idiomas. Atualmente, acolhendo iniciativa dos professores Josias Barboza e Paulo Nascentes, a Universidade de Brasília mantém turmas em dois níveis, tornando-se potencial núcleo de formação de professores. Afonso Camboim, mestre em literatura e jornalista JORNAL DE BRASÍLIA 14/10/13 00 CARTAS