Sebenta de Exerc´ıcios de Macroeconomia I

Transcrição

Sebenta de Exerc´ıcios de Macroeconomia I
Sebenta de Exercı́cios de
Macroeconomia I
Tiago Neves Sequeira
Covilhã e Universidade da Beira Interior, 2007
ii
Conteúdo
0.1
Prefacı́o ao Projecto “Sebentas de Macroeconomia” . . . . . .
1 Possibilidades de Produção e Custo de Oportunidade
v
1
1.1
Enunciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1
1.2
Resoluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3
2 Actividade Económica, Produção e Crescimento
5
2.1
Enunciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.2
Resoluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3 Mercado de Trabalho e Desemprego
5
23
3.1
Enunciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.2
Resoluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4 Moeda e Inflação
29
4.1
Enunciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.2
Resoluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
5 Macroeconomia da Economia Aberta
33
5.1
Enunciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
5.2
Resoluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
6 Flutuações de Curto Prazo
39
6.1
Enunciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
6.2
Resoluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
iii
7 Conteúdos Pedagógicos Complementares
53
8 Definições
55
8.1
Alfabeto Grego . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
9 Publicações do Autor
9.1
59
Artigos Cientı́ficos de Macroeconomia em Revistas Internacionais com Referee . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
9.2
Capitulos de Macroeconomia em Livros Internacionais com
Referee . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
9.3
Tese de Doutoramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
9.4
Outros Artigos Cientı́ficos Internacionais com Referee . . . . . 60
À Matilde
In Memoriam António Neves
0.1
Prefacı́o ao Projecto “Sebentas de Macroeconomia”
Estas sebentas surgem depois de 6 anos a leccionar as disciplinas
de Macroeconomia na Universidade da Beira Interior, e durante
o perı́odo de implementação do processo de Bolonha, como mais
um instrumento de trabalho para os estudantes. Desde sempre que
estas disciplinas tiveram um pendor muito baseado na resolução de
exercı́cios, na tradição da Faculdade de Economia da Universidade
Nova de Lisboa, onde o autor iniciou a sua carreira de docente
e se doutorou. No entanto, este projecto pedagógico enfrentou
sérias dificuldades com a baixa preparação inicial dos estudantes
em matemática e com o muito referido defice de horas de trabalho
do estudante português. Assim, este trabalho poderá ser útil, não
só na Universidade da Beira Interior, mas em todas as escolas de
economia e gestão onde se sentem estes constrangimentos.
Estas sebentas surgem como instrumento para aumentar a autonomia dos estudantes para tornar as aulas práticas mais participativas e acompanhadas, podendo assim aumentar a produtividade
dos estudantes e de incrementar o aprofundamento da matéria e a
variedade dos casos estudados. Ela pretende ser um complemento
aos cadernos de exercı́cios que contém exercı́cios para resolução
individual, em 3 nı́veis distintos. O primeiro nı́vel é identico ao
das sebentas. O segundo nı́vel é de uma complexidade superior e
v
vi
CONTEÚDO
o terceiro nı́vel consiste em exercı́cios que relacionam diferentes
matérias. Alguns destes exercı́cios são já de niveis dois e três. A
existência destas sebentas tem por objectivo permitir que os testes
sejam basicamente constituidos por exercı́cios de nı́vel 3. Pretendese que, no futuro, estas sebentas possam incluir mais exercı́cios dos
cadernos de exercı́cios (3 nı́veis) e que seja editada bi-anualmente,
para garantir a sua actualização. Alguns dos exercı́cios são deixados como exercı́cios propostos se forem apenas repetições de anteriores. Devem ser os primeiros a ser resolvidos pelos alunos. Por
outro lado, a sebenta inclui chamadas de atenção para possı́veis
casos ou alterações que surgem naturalmente da resolução dos exercı́cios.
Agradeço a um conjunto de pessoas que tiveram importancia crucial na elaboração deste projecto. Em primeiro lugar, à
Profa Dra Ana Balcão Reis, que, no inicio da minha actividade como
docente de M acro, me facultou o material pedagógico das Disciplinas de Macroeconomia da N ova, que inspiram esta sebenta.
A minha orientadora de doutoramento inspirou decisivamente a
minha forma de ser Professor. Em segundo lugar, agradeço às assistentes que trabalharam comigo nas disciplinas a partir de 2004,
Dra Joana Costa e Dra Florbela Machado. Em terceiro lugar, aos
meus alunos de Macroeconomia, que com as suas questões foram
contribuindo para o melhoramento contı́nuo deste trabalho. Todos
os erros remanescentes são obviamente meus e serão corrigidos à
medida que forem detectados.
Dada a morosidade de um trabalho como este e a concialiação
com a produção cientı́fica e com elevadas cargas lectivas e administrativas, não é possı́vel apresentar as sebentas das três disciplinas
de Macroeconomia todas simultaneamente. De forma a não privar
os estudantes de Macroeconomia I de mais este instrumento de tra-
0.1. PREFACÍO AO PROJECTO “SEBENTAS DE MACROECONOMIA”vii
balho e ser esta a unidade curricular que pelo carácter construtivo
da educação terá mais efeito na educação económica do estudante,
apresenta-se primeiro a Sebenta de Macroeconomia I.
Esta é uma unidade curricular de Principios de Macroeconomia, onde o estudante toma o primeiro contacto com os principios da economia, sendo desenvolvidos os temas ligados com a
Macroeconomia. A complexidade técnica é reduzida e o expectro de abrangência elevado. Está construida para servir alunos de
Economia (como a primeira de 3 disciplinas de Macroeconomia),
bem como alunos de Gestão, Marketing e Relações Internacionais
(como única disciplina obrigatória de Macroeconomia). Tem como
principais competências a adquirir as de (1) desenvolver a capacidade de análise macroeconomica de um pa ı́s ou região e a (2)
capacidade de localização, transferência e tratamento simples de
dados macroeconómicos dos principais produtores de estatı́sticas
nacionais e mundiais. Os objectivos e competências especı́ficas são
expostos em ficheiro anexo, exclusivamente dedicado a esse fim. Os
exercı́cios aqui presentes têm diversas inspirações. A sua grande
maioria são exercı́cios de testes e cadernos de exercı́cios já ministrados. Outros foram criados especificamente para a sebenta e outros
ainda são inspirados no livro Principles of Economics, de Gregory
Mankiw, o manual recomendado para a unidade curricular.
viii
CONTEÚDO
Capı́tulo 1
Possibilidades de Produção e
Custo de Oportunidade
1.1
Enunciados
Exercı́cio 1 Existem 2 produtores de Carne e Vegetais (A e B)
que distribuem 40 horas semanais na produção dos 2 bens. Em
40 horas, o produtor A pode produzir (em média) 50 kg de carne
e 10 kg de vegetais e o produtor B pode produzir (em média) 2 kg
de Carne e 8 Kg de Vegetais usando as mesmas horas semanais
para o efeito.
a) Calcule a Produtividade (Média) - em especialização completa - de cada um dos produtores.
b) Qual dos produtores tem vantagem absoluta na produção de
carne e vegetais?
c) Calcule o Custo de Oportunidade de cada um dos produtores
na produção de carne e vegetais.
d) Qual dos produtores tem vantagem comparativa em cada
um dos bens?
e) Proponha um negócio entre os 2 produtores cujos resultados
1
2CAPÍTULO 1. POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO E CUSTO DE OPORTUNIDADE
(em termos de consumo) seja benéfico para ambos.
f ) Qual o sentido do comércio e os produtos comerciados se
estes produtores trocarem os bens entre si.
g) Enuncie a relação geral entre comércio e vantagem comparativa. Aplique essa relação aos conceitos de comércio internacional, importações e exportações.
1.2. RESOLUÇÕES
1.2
3
Resoluções
Solução 1 a) A Produtividade Média (PMe) é a capacidade de
cada um dos produtores produzir carne e vegetais numa determinada unidade de tempo (1 hora). O produtor A tem uma PMe
de 1.25 Kg de Carne e 0.25 Kg de Vegetais. O Produtor B tem
uma PMe de 0.05 Kg de Carne e 0.20 Kg de Vegetais. Note-se
que os dados apenas permitem fazer este calculo se os produtores estiverem a produzir apenas 1 bem, i.e., em especialização
completa.
b) O Produtor A tem vantagem absoluta na produção de carne
e vegetais porque numa hora de trabalho produz mais de qualquer
um dos bens do que o produtor B, se se dedicarem exclusivamente
à produção de um bem.
c) O Custo de Oportunidade do bem X é a quantidade do bem
Y de que tem que se abdicar para produzir uma unidade adicional do bem X. Considerando a informação disponı́vel, temos
os seguintes custos de oportunidade:
A
B
Carne
10/50=0.2
8/2=4
Vegetais 50/10=5 2/8=0.25
d) Tem vantagem comparativa o produtor que apresenta menor
Custo de Oportunidade. Assim o Produtor A tem vantagem comparativa na produção de carne e o produtor B tem vantagem comparativa na produção de vegetais.
e) Imagine-se o seguinte negócio: O produtor A produz 50 kg
de Carne (fornece 10 kg ao produtor B) e o produtor B produz 8
kg de vegetais e em troca de 10 kg de carne o produtor B fornecelhe 4 kg de vegetais. Suponhamos que ambos os produtores, numa
situação em que não existem trocas, gostam de consumir carne
e vegetais e dedicam parte do seu tempo a produzir cada um dos
4CAPÍTULO 1. POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO E CUSTO DE OPORTUNIDADE
bens. Assim, o Produtor A consome 30 Kg de Carne e 4 Kg de
Vegetais e o Produtor B consome 1kg de carne e 4 kg de vegetais. Analisemos então o efeito daquele negócio no consumo dos
2 produtores: o produtor A passa a consumir 40 Kg de carne e 4
kg de vegetais. O produtor B passa a consumir 10 kg de carne e
4 kg de vegetais. Em termos de consumo de vegetais os 2 produtores estão na mesma situação, mas agora os 2 produtores podem
consumir mais carne do que antes de encetarem as trocas. Logo
o comércio é benefico para os 2 (ver Principio 5).
f ) O Produtor A vende carne ao Produtor B em troca de vegetais que este fornece ao Produtor A.
g) Os paises que detém vantagem comparativa num determinado produto vendem (ou exportam) esse(s) produtos e compram
(ou importam) os bens e serviços em que não têm vantagem comparativa.
Atenção! 1.1 Ver Exemplo em Mankiw, G. (2001:48-55) e detectar as diferenças com este exercı́cio.
Example 1.1 Exemplo de Caso onde se aplicou o conceito de vantagem comparativa: Tratado de Metween entre Portugal e Inglaterra.
Leia sobre o Tratado de Metween e aplique estes conceitos.
Capı́tulo 2
Actividade Económica,
Produção e Crescimento
2.1
Enunciados
Exercı́cio 2 (Exercı́cio) Se a taxa de inflação for de 4% em 2002
e o crescimento nominal do PIB de 5%, qual a taxa de crescimento real do PIB? Deduza a expressão que lhe permite fazer
este cálculo com o máximo de rigor possı́vel.
Exercı́cio 3 Na tabela anexa, referente a 31 de Dezembro de 1995,
representam-se na 1a linha as principais componentes da despesa
(a preços correntes) e na 2a linha a evolução dos respectivos preços
com base em 1990, para uma pequena economia fictı́cia.
Milhares de Euros
Índice de preços
C
518
273
G
101
210
FBCF
133
285
∆ stocks
15
277
X
109
245
M
198
296
1. Com base nestas informações, responda às seguintes questões:
a) Calcule a despesa a preços correntes.
b) Calcule a despesa a preços constantes.
5
6CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO
c) Determine o deflator do produto.
d) Diga qual a diferença entre nı́vel geral de preços e taxa de
inflação.
Exercı́cio 4 Em 1996, o PIB p.m. a preços constantes (em 31 de
Dezembro de 1996) foi estimado em 300 mil milhões de euros,
tendo esse valor sido apresentado no relatório anual do Instituto
Nacional de Estatı́stica do Paı́s. No mesmo Relatório, existem
valores para as taxas de crescimento (em 1996) do stock de capital (4%), do emprego (5%), para a população em 1995 (1000),
para a população em 1996 (1045), para a proporção do capital
no rendimento nacional (0,36) e para o PIB p.m. a preços constantes no ano anterior (280 mil milhões de euros).
a) Calcule a taxa de crescimento do PIB p.m. a preços constantes em 1996. É esta a taxa de crescimento a que os economistas
usualmente aplicam o termo Crescimento Económico?
b) Quantifique o Crescimento Económico. Calcule a taxa de
crescimento populacional. O que pode concluir?
c) Se o conjunto dos paı́ses industrializados estiver a crescer a
2,5%, estará esta economia a convergir? Explique.
d) Quantos anos terá esta economia que esperar para atingir o
PIB p.m. a preços constantes per capita de 500 Euros se continuar
a crescer a esta taxa?
e) Calcule a taxa de crescimento da Produtividade Total dos
Factores (A).
f ) Quantifique o contributo de cada factor produtivo (stock de
capital e trabalho) e da Produtividade Total dos Factores para o
Crescimento do PIB p.m. a preços constantes no ano de 1996.
g) Enumere, com base nos resultados obtidos, diversas formas
de promover o crescimento económico.
2.1. ENUNCIADOS
7
Exercı́cio 5 Os dados que se seguem (com valores em milhares)
referem-se à economia de um determinado paı́s, no ano de 1996:
- Rendimento Nacional 1400
- Impostos indirectos 90
- FBCF 280
- Juros pagos pelas empresas 100
- Subsı́dios à produção 30
- Lucros 200
- Rendas 300
- Consumo privado 1000
- FLCF 200
- Consumo público 220
- Stocks em 31 de Dezembro de 1996 170
- Exportações 300
- Importações 400
- Stocks em 1 de Janeiro de 1996 180
- Salários (inclui contribuições dos trabalhadores para a SS) 462
a) Qual o Saldo dos Rendimentos dos factores provenientes e
enviados para o estrangeiro?
b) Suponha que o PNBpm em 1997, neste paı́s, foi de 1850 u.m.
e que a inflação que se fez sentir neste ano (1997) foi de 12%. Diga
qual a taxa de crescimento do PNB p.m. real desta economia no
referido ano. É esta a taxa a que os economistas se costumam
referir como taxa de crescimento económico? Explique.
c) Existem valores para as taxas de crescimento (em 1997) do
stock de capital (4%), do emprego (5%), para a população em 1996
(1,000,000), para a população em 1997 (1,045,000) e para o SRRM
em 1997 (100.000). Quantifique o Crescimento Económico. Calcule
a taxa de crescimento populacional. O que pode concluir?
8CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO
d) Se o conjunto dos paı́ses industrializados estiver a crescer a
2,5%, estará esta economia a convergir? Explique.
e) Quantos anos terá esta economia que esperar para atingir o
PIB p.m. a preços constantes per capita de 2000 u.m. se continuar
a crescer a esta taxa?
f ) Calcule a taxa de crescimento da Produtividade Total dos
Factores (A).
g) Quantifique o contributo de cada factor produtivo (stock de
capital e trabalho) e da Produtividade Total dos Factores para o
Crescimento do PIB p.m. a preços constantes no ano de 1996.
h) Enumere, com base nos resultados obtidos, diversas formas
de promover o crescimento económico neste paı́s.
Exercı́cio 6 Na República da Bela Vida (RBV), uma pequena ilha
do pacı́fico, a contabilidade nacional está um pouco desorganizada. A moeda local é a Belavida. O Presidente da Republica
conhece-o numa das suas luxuosas férias na ilha e pede-lhe um
serviço de consultoria para por em ordem as contas nacionais do
paı́s.
Depois de muito pesquisar, encontra os seguintes elementos para
o ano de 2003:
Consumo 100
FLCF 20
Investimento Lı́quido 20
Gastos do Estado 50
Transferências do Estado para as Famı́lias 250
Saldo da Balança Comercial -100
Amortizações 5
SRRM 0
Impostos indirectos-subsı́dios -5
2.1. ENUNCIADOS
9
Impostos directos 0
População 130
a) Calcule o PIB p.m. em 2003 e o PIB p.m. per capita.
b) Calcule o Rendimento Pessoal Disponı́vel para 2003.
c) Calcule o Défice do Estado em percentagem do PIB p.m.
d) Em 2004 prevêem-se as seguintes e únicas alterações na macroeconomia da Ilha:
1. Inflação: 5%
2. Investimento Directo Estrangeiro (mais um luxuoso Resort!)
no valor de 40 Belavidas, sabendo que em 2004, a empresa procederá à repatriação de lucros no valor de 5.
Com base nestes dados, faça a previsão possı́vel das seguintes
variáveis para 2004:
3. Índice de Preços com base em 2003,
4. PIB p.m. a preços constantes,
5. PNB p.m. a preços constantes e
6. taxa de crescimento do PIB p.m real.
e) Com base no diagrama que relaciona a poupança agregada
com o investimento agregado, analise o impacto de curto prazo
deste IDE (Investimento Directo Estrangeiro) na taxa de juro, no
investimento e na poupança, bem como na Balança de Transacções
correntes.
f ) Se a taxa de crescimento do mundo desenvolvido for de 2%,
estará esta economia a convergir?
g) Quantos anos precisará a RBV para alcançar um PIB p.m.
per capita de 2 belavidas, se mantiver esta taxa de crescimento do
produto per capita?
h) Que conselhos daria ao presidente da RBV de forma a aumentar a taxa de crescimento económico do paı́s?
i) Como justificaria a importância de promover o crescimento
10CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO
económico para os habitantes desta ilha paradisı́aca?
O Presidente espera gostar do seu trabalho e promete-lhe que
no próximo ano lhe encomendará mais análises macroeconómicas!
Exercı́cio 7 Os dados internacionais mostram que entre 1870 e
1994 Portugal cresceu 1.88% ao ano e a Argentina cresceu 1.49%
ao ano.
a) Sabendo que Portugal tinha em 1994 um PIB per capita
de cerca de 11083 e o da Argentina 8373 (valores apurados em
Madison, 1995), calcule o PIB per capita destes paı́ses em 1870.
b) Pronuncie-se sobre o efeito desta diferença na taxa de crescimento económico médio nestes dois paı́ses.
c) Dê exemplos de bens e serviços que é possı́vel adquirir em
Portugal com mais 2719 dolares por ano.
d) Se Portugal continuasse a crescer a essa taxa, que valor
teria o PIB per capita Português em 2006?
e) Sabendo que os EUA cresceram a uma taxa de 1.79% ao
ano entre 1870 e 1994, diga se Argentina e Portugal convergiram
durante este perı́odo. Explique.
Exercı́cio 8 (Um Exercı́cio de Regressões de Crescimento) Um dos
trabalhos empı́ricos que mais se tem desenvolvido em crescimento
económico nos últimos anos é a chamada “Regressão de Crescimento”, uma relação entre a taxa de crescimento per capita dos
paı́ses e os vários determinantes daquela.
a) Dos vários determinantes do Crescimento que se seguem,
indique qual (quais) os factores produtivos que mais condicionam.
2.1. ENUNCIADOS
11
Determinantes
Leis de Propriedade Intelectual
Redução do Defice do Estado
Educação Primária
Educação Superior
Lei que Proibe Expropriação de
Propriedade Privada
Aumento da Massa Monetária
Aumento de Impostos
% Economia Pararela
Incentivos à Poupança
Factor(es) Produtivo(s)
————
b) Este exercı́cio usa um ficheiro Excel [growth.xls], onde o
aluno vê alterações na taxa de crescimento da economia, fazendo
alterações nos diversos determinantes do crescimento [baseado nas
regressões em Barro and Sala-i-Martin, 1995]. Na tabela seguinte
está um conjunto de alterações que devem ser feitas.
Alterações
Montante Alteração
1
Nivel Inicial de Riqueza
500
Taxa de Investimento
5%
Educação Primária
10%
Educação Superior
10%
Gastos do Estado
5%
Educação Secundária
10%
Inflação
1%
Premio de Economia Pararela
5%
1
Convergência Condicional
Resultado
Atenção! 2.1 Deve perceber-se que os resultados dependem dos
estudos de regressões do crescimento, havendo uma multiplicidade deles na literatura económica recente. Os resultados dependem da actualidade dos dados, da fonte dos dados, do método
econométrico usado.
Há resultados, como o da convergencia
12CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO
condicional, bastante sedimentados na literatura.
Nas Folhas
2 e 3 do ficheiro growth.xls aparecem 2 regressões alternativas
[Caselli et. al., 1996 e Sequeira e Nunes, 2006, respectivamente].
Devem fazer duas tabelas identicas à anterior e ver os resultados alternativos. Verificar a consistencia do efeito convergência
condicional.
2.2. RESOLUÇÕES
2.2
13
Resoluções
Solução 2 O valor do PIB nominal pode ser escrito como P Y ,
sendo P o nı́vel geral de preços e Y o produto real. Sabendo que
π é a taxa de inflação (a taxa de crescimento de P ) e gY é a taxa
de crescimento do produto real. Começa-se por escrever a taxa
de crescimento do produto nominal como
Pt+1 Yt+1 −Pt Yt
.
Pt Y t
Podemos
então fazer a seguinte dedução.
Pt+1 Yt+1
Pt+1 Yt+1 − Pt Yt
=
−1=
P t Yt
Pt Yt
µ
¶µ
¶
Pt+1 − Pt
Yt+1 − Yt
=
+1
+1 −1=
Pt
Yt
= (π + 1) (gY + 1) − 1 = π + gY + πgY
Logo, a resposta à questão faz-se aplicando esta expressão: 5% =
4% + gY (1 + 4%) ⇔ gY =
1%
1+4%
=
0.01
1+0.04
= 0.0096 ≈ 1%. Daı́ muitas vezes
simplificar-se aquela expressão, eliminando o termo πgY uma vez
que sendo a multiplicação de 2 taxas, é um termo tendencialmente pequeno.
Solução 3 a) A despesa agregada pode ser escrita como DA = C +
I +G+X −M , sendo que o Investimento Agregado se sub-divide em
Formação Bruta de Capital Fixo e Variação de Stocks. Assim,
a preços correntes DA = 518 + 101 + 133 + 15 + 109 − 198 = 678.; b)
Primeiro que tudo, devemos transformar em reais os montantes
nominais expressos na tabela, socorrendo-nos para isso do indice
de preços. Procedendo deste modo: DA real =
DA nominal
,
P
em que P
é o ı́ndice de Preços. Assim DA real = 189.7+48.1+46.7+5.4+44.5−
66.9 = 267.5. c) O Deflator do Produto será a média ponderada dos
indices de Preços da despesa agregada, 254.8. d) A diferença é
que a taxa de inflação é a taxa de crescimento do nı́vel geral de
preços.
14CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO
Atenção! 2.2 Para complemento calcule a taxa de inflação média
anual entre 1990 e 1995 que está implicita no IP C = 254.8 (Solução:
16.9%). Esta é uma taxa de inflação realista para a economia
portuguesa?
Solução 4 a) gY =
300−280
280
× 100 = 7.1%. Não é a taxa de cresci-
mento económico, porque é a taxa de crescimento do PIB total a
preços constantes e não do PIB per capita a preços constantes. b)
Y /P1996 = 280/1 = 280 euros; Y /P1995 = 300/1.045 = 287.08 euros. Logo
a taxa de crescimento económico que é a taxa de crescimento do
PIB per capita a preços constantes é
de crescimento populacional é
1045−1000
1000
287.08−280
280
× 100 = 2.5%. A taxa
× 100 = 4.5%. Assim, a taxa
de crescimento económico, gY /P ≈ gY − gP ⇔ 2.5% ≈ 7.1% − 4.5%.
c) Esta economia não está a convergir nem a divergir uma vez
que apresenta a mesma taxa de crescimento que o grupo de paı́ses
com que se está a comparar. Esta economia não se aproxima mas
também não se afasta do PIB per capita desse grupo de paı́ses.
d) Para atingir o PIB per capita de 500 euros, começando com o
PIB per capita de 300 euros, necessita de n anos. Vejamos (seja
y = Y /P ):
y0 (1 + gy )n = y1 ⇔ 300(1 + 0.025)n = 500.
Temos então uma equação de 1 incógnita, que é n. Resolvendo a
equação, vem:
2.2. RESOLUÇÕES
15
300(1 + 0.025)n = 500 ⇔
500
⇔ (1 + 0.025)n =
⇔
300
⇔ (1 + 0.025)n = 1.66(6) ⇔
⇔ n ln(1.025) = ln(1.66(6)) ⇔
⇔n=
ln(1.66(6))
= 20.69.
ln(1.025)
A economia demorará 20 anos e 8 meses a atingir um nı́vel
de PIB per capita igual a 500.
e) Queremos calcular a taxa de crescimento da Produtividade
Total dos Factores, que nos é dada pela expressão:
gA = gY − αK gK − (1 − αK )gL ⇔
⇔ gA = 7.1% − 0.36 × 4% − 0.64 × 5% ⇔
gA = 2.46%
f ) O contributo é o seguinte:
taxas contributos contributos
α K gK
Capital Fisico
4
20.3%
gY
(1−αK )gL
Trabalho
5
45.1%
gY
gA
PTF
2.46
34.6%
gY
g) De acordo com os resultados anteriores, as formas mais
eficazes de promover o crescimento económico é apostar nos factores que promovem o emprego e a PTF, nomeadamente melhorar
os aspectos ligados aos direitos de propriedade.
Atenção! 2.3 Deve notar-se que a Contabilidade do crescimento
feita anteriormente é para o crescimento do PIB total e não para
o PIB per capita, pelo que os resultados referentes ao emprego
podem não indicar um efectivo contributo para o crescimento
16CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO
económico (temos mais pessoas na economia, não significa que
necessariamente cada pessoa tenha mais bens e serviços à sua
disposição). Um exercicio que tivesse este facto em conta seria
resolvido da seguinte forma
gA = (gY − gP ) − αK (gK − gP ) − (1 − αK )(gL − gP )
⇔ gA = 2.5% − 0.36(−0.5%) − 0.64(0.5)
⇔ gA = 2.36%
Esta é exactamente a mesma taxa de crescimento da PTF obtida
anteriormente. No entanto, em termos de contributos, a contribuição da Produtividade Total dos Factores é muito superior.
Assim
Capital Fisico per capita
Trabalho per capita
PTF
taxas
-0.5
0.5
2.46
contributos contributos
α K gK
-7.2%
gY
(1−αK )gL
12.8%
gY
gA
94.4%
gY
Em termos de conclusão, o que realmente interessa para o
Crescimento Económico (entendido como a taxa de crescimento
do PIB per capita a preços constantes - ou a quantidade de bens
e serviços disponı́vel, em média, para cada habitante) é a taxa de
crescimento da Produtividade Total dos Factores.
Solução 5 a) Obtendo o PIB p.m. pela óptica da despesa e tendo
o RN, obtemos por diferença o SRRM, da seguinte forma
2.2. RESOLUÇÕES
SRRM
17
= P N Bp.m − P IBp.m ⇔
⇔ SRRM = P N Bc.f + i.i − sub − P IBp.m. ⇔
⇔ SRRM = RN + i.i − sub − P IBp.m ⇔
⇔ SRRM = RN + i.i − sub − (C + I + G + X − M )
⇔ SRRM = 1400 + 90 − 30 − (1000 + [280 − 10] + 220 + 300 − 400) ⇔
⇔ SRRM = 1460 − (1390) = 70.
b) Para obter esta taxa de crescimento, necessitamos do PNB
p.m. em 1996 que será igual a P N Bp.m = P N Bc.f + i.i − sub = RN +
i.i−sub = 1460. A taxa de crescimento do PNBp.m a preços correntes
é de
1850−1460
1460
× 100 = 26.71%. No entanto esta taxa de crescimento é
do PNB nominal, que inclui variação de quantidades e preços. Nós
queremos a variação do PNB real. Aplicando a expressão deduzida
na Solução 1, a taxa de crescimento do produto real =
0.2671−0.12
×100
1+0.12
no min al −π
gY
1+π
=
= 13.13%. Esta não é a taxa de crescimento económico.
A taxa de crescimento económico é a taxa de crescimento do PIB
real per capita. Para termos esta taxa, teriamos que deduzir o
SRRM do PNB p.m. e dividir pela população. Só depois a taxa
poderia ser calculada.
c) Temos o PIB p.m. em 1996: 1390000. Temos a População:
1000000. Obtemos o PIB p.m. per capita em 1996: 1.390. Temos
que obter o PIB p.m. a preços constantes e per capita em 1997.
PIB p.m em 1997=P N Bp.m − SRRM : 1850-100=1750. Mas este
valor está avaliado a preços do ano de 1997. Considerando o ano
de 1996 como ano base, o Nivel Geral de Preços em 1997 será de
112 (inflação de 12%). Logo, a preços de 1996 o PIB p.m de 1997 é
1750/112*100=1562.5. Obter o PIB p.m real per capita é simples:
divide-se pela população: 1562500/1045000= 1.495. Logo a taxa
de crescimento económico é
18CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO
gy =
1.495 − 1.390
× 100 = 7.57%
1.390
A taxa de crescimento da população é de 4.5%. A taxa de crescimento do PIB total (a preços de 1996) é
1562.5−1390
1.390
× 100 = 12.41%.
Logo, a taxa de crescimento da economia (7.57%) é sensivelmente
identica à taxa de crescimento da Produção total menos a taxa de
crescimento da população:
12.41 − 4.5 = 7.84% ≈ 7.57%
Atenção! 2.4 A demonstração baseia-se no facto da taxa de crescimento de um quociente ser aproximada pela taxa de crescimento
do numerador menos a taxa de crescimento do denominador (na
disciplina de Macroeconomia III aprofundamos estas relações).
d) Esta economia está a convergir porque está a crescer mais
(7.57%) do que a média dos paı́ses com que está a ser comparada
(2.5%).
e) [Igual à Solução 3] A economia tem agora (1997) um PIB real
per capita de 1495. Para atingir 2000 demorará n anos a crescer a
uma taxa de 7.57%. Vejamos:
1495(1 + 0.0757)n = 2000
Temos uma equação com uma incognita n, que se resolve da seguinte
forma:
2.2. RESOLUÇÕES
19
1495 × (1 + 0.0757)n = 2000 ⇔
2000
⇔ (1 + 0.0757)n =
⇔
1495
⇔ n × ln(1.0757) = ln(1.338) ⇔
⇔n=
ln(1.338)
= 3.99
ln(1.0757)
A economia demorará apenas 4 anos a atingir o PIB real per capita
de 2000.
f ) [Igual a 3 e)] Resolva individualmente este exercı́cio.
g) [Igual a 3 f )] Resolva individualmente este exercı́cio.
h) [Igual a 3 g)] Resolva individualmente este exercı́cio.
Solução 6 a) P IB p.m = C +I +G+X −M = 100+(20+5)+50−100 = 75.
P IBp.m.
(per capita)
= 75/130 = 0.58
b) RP D = RN − Id + T ransf = 75 + 0 − 0 + 250 = 325
c) Def ice = Ii − Sub + Id − T ransf − G = −5 + 0 + 0 − 250 = −255.
Defice/PIB=255/75=340%.
d) IPC=105; PIB p.m.=75*1.05+40=118.75; PNB p.m.=113.75;
PIB p.m. real=118.75/1.05=113.1; gP IB real =
gPpcIB real
=
0.87−0.58
0.58
113.1−75
75
× 100 = 50.8%;
= 50.8%.
Atenção! 2.5 Note que a taxa de crescimento do PIB real per
capita é igual à taxa de crescimento do PIB real total porque a
população não se alterou.
e) [Esta alı́nea diz respeito ao capı́tulo 25 do Livro] A figura
mostra o deslocamento da recta que representa o investimento, o
que causa um desiquilibrio de curto prazo na BTC.
20CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO
r
S
r_ I
S
I
S, I
B T C < 0
B T C < 0
Figure 1 - Investimento e Poupança em Economia Aberta.
f ) A Economia está a convergir porque 50.7%>2%
g) 0.87(1.508)n = 2 ⇔ n =
ln(2/0.87)
ln(1.508)
= 2.03. A economia demorará
pouco mais de 2 anos a mais que duplicar o seu rendimento actual
se mantiver esta taxa de crescimento. Note-se a grandeza da taxa
de crescimento do PIB real.
h) Se esta economia tem recursos naturais para atrair turismo,
ela deve potenciar a captação de IDE (o IDE é um importante determinante do crescimento económico) nesta área. Estudos empı́ricos
recentes mostram que o turismo é uma actividade que potencia o
crescimento económico mesmo no longo prazo.
i) O crescimento económico deve ser promovido com o objectivo
último de melhorar o bem estar das populações.
2.2. RESOLUÇÕES
prt
prt
Solução 7 a) y1870
(1.0188)125 = 11083 ⇔ y1870
=
21
11083
(1.0188)125
= 1080. Re-
solva individualmente o caso da Argentina.
b) Pequenas diferenças nas taxas de crescimento económico levam
a grandes diferenças no nı́vel de produção em alguns anos. Uma
diferença de apenas 0.39%=0.0039 levou a que Portugal ultrapassasse a Argentina em termos de Produto per capita.
c) Em Portugal, uma familia média pode adquirir a mais que
uma famı́lia média Argentina: um computador portátil no valor de
1200 dolares; uma viagem a Cabo Verde (5 dias) com meia pensão
para 2 pessoas no valor de 650 dolares; um ano de propinas na
universidade pública (850 dolares); um jantar para 2 pessoas no
Restaurante XPTO na Covilhã (19 dolares).
prt
d) y2006
= 11083(1.0188)11 = 13603.
e) Portugal convergiu. A Argentina divergiu. Justifique esta
resposta.
Solução 8 a)
Determinantes
Factor(es) Produtivo(s) / Tecnologia
Leis de Propriedade Intelectual
A
Redução do Defice do Estado
A, K, H
Educação Primária
H
Educação Superior
A, H
Lei que Proibe Expropriação de
————
Propriedade Privada
K
Aumento da Massa Monetária
A, K, H
Aumento de Impostos
(A), K, (H)
% Economia Pararela
A, K, H
Incentivos à Poupança
K
b)
22CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO
Alterações
Nivel Inicial de Riqueza1
Taxa de Investimento
Educação Secundária
Educação Superior
Gastos do Estado
Educação Primária
Inflação
Premio de Economia Pararela
Resultado Global
Montante Alteração Valor Inicial
+500
10000
+5%
19.3%
+10%
78%
—
—
+5%
10%
—
—
—
—
+5%
0.2
–
2.42%
Resultado
2.34% (∆− = 0.07%)
2.52% (∆+ = 0.10%)
2.45% (∆+ = 0.03%)
–
2.34% (∆− = 0.07%)
–
–
2.41% (∆− = 0.01%)
2.35% (∆− = 0.07%)
Nota: A resposta apresentada na tabela baseia-se no trabalho
de Sequeira e Nunes (2006).
Capı́tulo 3
Mercado de Trabalho e
Desemprego
3.1
Enunciados
Exercı́cio 9 Numa determinada economia, o PIB a preços de mercado é de 100000 milhões de euros e a população conta com
10000000 de pessoas, estando 4 milhões fora da população activa e 6% no desemprego.
a) Calcule a população activa.
b) Calcule o número de desempregados.
c) Calcule o PIB per capita e o PIB por trabalhador. Diga quais
as diferenças entre estas duas medidas relevantes para a análise
económica.
Exercı́cio 10 Numa determinada economia a média de desemprego foi de 3% nos últimos 50 anos. Em 2006 essa economia
apresenta uma previsão de taxa desemprego de 6%.
a) Calcule e descreva o conceito ciclico.
23
24
CAPÍTULO 3. MERCADO DE TRABALHO E DESEMPREGO
b) Classifique as seguintes frases como verdadeira ou falsa e
indique uma das razões para a existência de desemprego estrutural
relacionada com a respectiva afirmação:
b-1) Nas Economias da Europa, existe um salário mı́nimo estipulado por lei
b-2) Os sindicatos lutam para que os seus associados tenham
salários mais altos
b-3) A qualidade de cada trabalhador não é completamente conhecida pelas empresas
b-4) A existencia de greves promove o aumento da taxa de emprego
c) Represente graficamente um mercado de trabalho com desemprego.
Exercı́cio 11 Entre 1997 e 1998, o emprego nos EUA cresceu 2.1
milhões, mas o número de desempregados decresceu apenas 0.5
milhões. Como é que estes factos podem ser consistentes entre
si?
Exercı́cio 12 Considere os seguintes dados para a economia X
População Total (milhões)
Taxa de actividade
Taxa de desemprego
Calcule:
2004 2005
100
105
45% 47%
10% 15%
a) Defina Taxa de Actividade e Taxa de Desemprego.
b) A população activa nos anos de 2004 e 2005.
c) O número de empregados nos anos de 2004 e 2005.
d) A taxa de crescimento do emprego de 2004 para 2005.
e) A taxa de crescimento populacional.
3.2. RESOLUÇÕES
3.2
25
Resoluções
Solução 9 a) A população activa é de 10 milhões - 4 milhões =
6000000; b) O número de desempregados é 6%×6000000 = 360000;
c) PIB per capita = 100000 milhões/10 milhões =10000 euros;
d) PIB por trabalhador = 100000/6 = 16667 euros. A diferença
imediata entre as duas medidas é o denominador. A primeira dános a quantidade média de bens e serviços que cabe a cada pessoa
de um determinado paı́s num determinado ano; a segunda dá-nos
a quantidade de bens e serviços que cada trabalhador consegue
produzir num determinado ano; logo, esta segunda medida é uma
medida da produtividade média do paı́s.
Atenção! 3.1 Deve conseguir responder às diferenças entre estas
duas medidas forem calculadas a preços correntes. As definições
dadas na Solução 1 continuam correctas?
Ou estão correctas
apenas se estivermos a analisar um determinado ano em que
a produção se verificou? Continuam correctas se estivermos a
analisar 2 anos consecutivos?
Solução 10 a) Se em 2006, a previsão se concretizar, o desemprego ciclico é de 3%.
b) Classifique as seguintes frases como verdadeira ou falsa e
indique uma das razões para a existência de desemprego estrutural
relacionada com a respectiva afirmação:
b-1) Nas Economias da Europa, existe um salário mı́nimo estipulado por lei
R: Verdadeira.
b-2) Os sindicatos lutam para que os seus associados tenham
salários mais altos
26
CAPÍTULO 3. MERCADO DE TRABALHO E DESEMPREGO
R: Verdadeira. A existencia de sindicatos é uma razão para
existir desemprego.
b-3) A qualidade de cada trabalhador não é completamente conhecida pelas empresas
R: Verdadeira. Salários de Eficiência.
b-4) A existencia de greves promove o aumento da taxa de emprego
R:. Falsa. A existencia de greves, associada à existência de
sindicatos é uma razão para existir desemprego.
c)
w
L
L
L
D e se m p re g o
Figure 2 - Mercado de Trabalho.
Solução 11 Estes factos podem ser consistentes porque entraram
novas pessoas (estudantes que terminam os seus cursos, emi-
3.2. RESOLUÇÕES
27
grantes) para a população activa que ocuparam 1.6 milhões de
novos empregos e apenas meio milhão foi ocupado por antigos
desempregados.
ou Força de Trabalho
Solução 12 a) Taxa de Actividade= P opulação Activa
; Taxa
P opulação Total
de Desempregados
de Desemprego = N úmero
. b) 2004: 45%*100=45 milhões;
P opulação Activa
47%*105=49 milhões, 350 mil pessoas. c) 2004: 90%*45 milhões=
40 milhões e 500 mil empregados; 2005: 85%*49.35=41 milhões e
950 mil empregados; d) gL =
41.95−40.50
40.50
= 3.57%; e) gL =
105−100
100
= 5%.
Conclusão: A população cresceu mais que o emprego, pelo que
cresceu a população inactiva ou o desemprego. Como a população
activa também cresceu (alı́nea b), cresceu o desemprego (de 10%
para 15% como indica a tabela).
28
CAPÍTULO 3. MERCADO DE TRABALHO E DESEMPREGO
Capı́tulo 4
Moeda e Inflação
4.1
Enunciados
Exercı́cio 13 a) Porque é que existe inflação? b) Como podem os
Governos acabar com a Inflação? c) Porque não o fazem?
Exercı́cio 14 Defina Inflação Antecipada, Inflação não Antecipada e Senhoriagem.
Exercı́cio 15 Enuncie os Custos da Inflação antecipada e não antecipada.
Exercı́cio 16 Explique porque é que a inflação distorce o efeito
dos impostos.
Exercı́cio 17 Considere o seguinte quadro.
2001
2002
2003
PIBpm (p.correntes, m. euros)
M1
32 894
38 699
33 616
38 925
34 497
40 770
a) Calcule a velocidade de circulação da moeda considerando
o agregado monetário M1 e explique a sua evolução ao longo dos
anos.
29
30
CAPÍTULO 4. MOEDA E INFLAÇÃO
b) Suponha que a velocidade de circulação é estável ao longo
do tempo e a capacidade produtiva instalada está a ser totalmente
empregue no processo produtivo. Calcule os efeitos de um aumento
da moeda (M1) em 3% do valor de 2003 no produto nominal do
ano de 2004.
c) O resultado obtido na alı́nea anterior significou que a economia cresceu devido ao aumento de massa monetária em circulação?
4.2
Resoluções
Solução 13 a) Existe Inflação porque existe emissão monetária.
b) Os governos poderiam acabar com a inflação se parassem de
imprimir novas notas e cunhar novas moedas. c) Não o fazem
por duas razões fundamentais: a primeira e mais importante é
que sem inflação o desemprego tenderia a aumentar e a actividade económica a diminuir no curto prazo. Segundo, porque alguns governos ainda se financiam através da impressão de notas
e moedas.
Solução 14 Inflação Antecipada é a taxa de crescimento dos preços
que os agentes económicos conseguem antever. Inflação não antecipada é a taxa de crescimento dos preços que os agentes não
conseguem prever. Senhoriagem é a receita que os governos obtêm
através da emissão monetária.
Solução 15 O primeiro aspecto a referir quando se fala em custos
da inflação é que a perda de poder de compra não é um custo da
inflação antecipada. Quando todos os preços sobem, os salários
também sobem e em geral as pessoas compram os produtos a
preços mais elevados mas o seu rendimento nominal também
sobe. este custo apenas pode ocorrer no curto prazo se os salários
4.2. RESOLUÇÕES
31
e os outros rendimentos forem mais rigidos do que os preços dos
bens e serviços que as pessoas consomem. São custos da inflação
antecipada: O custo de transação, relacionado com a redução da
procura de moeda devido à subida da taxa de juro nominal; os
custos de menu, relacionados com a necessidade de sucessivas
impressões de novos menus e catálogos; os custos devido à má
afectação de recursos entre agentes que alteram os preços em periodos diferentes; os custos associados a distorções provacadas
pela tributação; confusão e inconveniencia. Acrescem a estes custos, um que tem a ver com a inflação inesperada: redistribuição
da riqueza arbitrária entre credores e devedores; senhorios e locatários, etc.
Solução 16 A Inflação distorce o efeito dos impostos porque estes
incidem sobre a taxa de juro nominal. Logo a tributação incide
sobre a inflação.
Atenção! 4.1 Se a resposta não foi clara, escreva a equação de
Fisher e verifique que mesmo que a taxa de juro real não se
altere, a taxa de juro nominal altera-se devido ao aumento da
inflação. Logo se os impostos incidem sobre a taxa de juro nominal, incidem sobre a inflação.
Solução 17 a) As respostas apresentam-se no seguinte quadro
2001
2002
2003
b) M10
PIBpm (p.correntes, m. euros)
32 894
33 616
34 497
= M1 (1 + 3%) = 40770 × (1 + 3%)
M1
V = P IBpm/M1
38 699
0.86
38 925
0.86
40 770
0.85
= 41993. Se V = 0.85 ⇒
P IBpm = V × M10 = 0.86 ∗ 41993 = 36114.
Isto representou um
acréscimo de 4.7% no produto. (Calcule esta taxa de crescimento
para verificar os seus conhecimentos!).
32
CAPÍTULO 4. MOEDA E INFLAÇÃO
c) Não, uma vez que o que aumentou foi o PIB nominal o que
significa que o principal efeito se verificou nos preços e não na
quantidade produzida.
Atenção! 4.2 Reveja agora os conceitos de Neutralidade Monetária,
Curto e Longo Prazo e Dicotomia Clássica.
Capı́tulo 5
Macroeconomia da Economia
Aberta
5.1
Enunciados
Exercı́cio 18 Como se define sucintamente uma economia aberta?
Exercı́cio 19 Defina taxa de câmbio nominal e taxa de câmbio
real. Em que diferem estes dois conceitos?
Exercı́cio 20 Explique o papel da taxa de câmbio no comércio internacional.
Exercı́cio 21 Considere os seguintes dados referentes à economia
AA:
X= 20+5R
Q= 10+0,2Y -2R
a) Descreva e explique as funções de exportações e de importações.
b) Calcule o saldo das exportações lı́quidas sabendo que a taxa
de câmbio é de 3 u.m. e o rendimento é de 45 u.m.
33
34
CAPÍTULO 5. MACROECONOMIA DA ECONOMIA ABERTA
c) Represente graficamente a função da NX em função do rendi-
mento. Como explica o seu declive.
d) Supondo que esta economia tem um regime de câmbios flexı́veis,
represente a NX equilibrada, em função da taxa de câmbio e do
rendimento. Comente o declive encontrado.
e) Como consequência de pressões sobre o mercado cambial a
taxa de cambio aumentou para 5 u.m..
a. Como classifica esta alteração da taxa de câmbio?
b. Indique intuitivamente os efeitos sobre as exportações,
as importações, as NX e o rendimento da economia.
f ) Como consequência de pressões sobre o mercado cambial a
taxa de cambio diminui para 1 u.m..
a. Como classifica esta alteração da taxa de câmbio?
b. Indique intuitivamente os efeitos sobre as exportações,
as importações, as NX e o rendimento da economia.
Inclusão dos movimentos de capitais nesta economia onde vigora
um regime de câmbios Flexı́veis:
Considere que a balança de capitais é representada por BC= 5
(i-i*)
g) Explique os efeitos resultantes de i>i*
h) Explique os efeitos de i<i*
5.2. RESOLUÇÕES
5.2
35
Resoluções
Solução 18 Uma economia aberta é uma economia que efectua
trocas com o exterior, de bens, serviços e capitais.
Solução 19 A taxa de câmbio nominal é a taxa à qual se pode
trocar a moeda nacional por moeda estrangeira; é a resposta
à questão quantos euros são necessários para comprar 1 dollar
americano, 1 yen japonês, 1 rublo russo ou 1 libra inglesa. A
taxa de câmbio real é pelo contrário a comparação dos preços de
2 cabazes de bens, o nacional e o estrangeiro. Representa o valor
em euros de um bem estrangeiro face a um bem nacional.
∗
Example 5.1 R = e PP . Se a taxa de cambio nominal (e) for de
0.87 euro por dollar e um litro de leite europeu custar 0.6 euro
enquanto um litro de leite americano custar 0.8 dollar a taxa de
câmbio real é R =
0.87×0.8
0.6
= 1.16 o que significa que se pode trocar
1 litro de leite europeu por 1.16 litro de leite americano.
Atenção! 5.1 Note que a definição no livro Principles of Economics para as taxas de câmbio é contrária à adoptada aqui.
Aqui adopta-se o que é usual na Europa. Nos E.U.A a taxa usual
é a quantidade de moeda estrangeira necessária para comprar um
dollar americano. Leia agora o capitulo 29, p.668-670 e verifique
que estas definições ficam entendidas.
Solução 20 A taxa de câmbio é o preço relativo dos bens nacionais relativamente aos bens dos outros paı́ses logo é o regulador natural da troca de bens e serviços. Em concreto e tendo
em conta a definição de taxa de câmbio real, um paı́s exporta
mais consoante os seus preços forem mais baixos e a sua moeda
mais barata relativamente aos preços e moeda dos paı́ses com os
36
CAPÍTULO 5. MACROECONOMIA DA ECONOMIA ABERTA
quais fazemos tracas comerciais. Quanto maior a taxa de câmbio
real, maiores as exportações lı́quidas.
Solução 21 a) X= 20+5R. As Exportações estão positivamente
relationadas com a taxa de câmbio real. Se as exportações são
as vendas do paı́s ao exterior, elas serão tanto maiores quanto
mais baratos forem os nossos produtos e a nossa moeda face
aos produtos e moedas dos outros paı́ses; como R é tanto maior
quanto mais baratos forem os nossos produtos e a nossa moeda
face aos produtos e moedas dos outros paı́ses (ver Exemplo 1
desta secção), então as exportações crescem com R. Esquematicamente: Preços Internos baixos ⇒ R alto ⇒ Exportações altas.
Q= 10+0,2Y -2R. As importações são as compras do paı́s de bens
e serviços do exterior. Assim quanto mais caros forem os produtos do exterior, menos compras o nosso paı́s faz ao exterior. Esquematicamente: Preços externos altos ⇒ R alto ⇒ Exportações
baixas. Complete agora os seuintes esquemas:
Preços Internos altos ⇒ R
⇒ Exportações
Preços Externos baixos ⇒ R
⇒
½ Importações
Exportações
⇒
Importações
Moeda Nacional cara ⇒ R
;
;
.
Atenção! 5.2 Notar que o efeito da taxa de câmbio real é em valor
absoluto maior nas exportações (5) do que nas importações (2),
o que significa que a Balança Comercial ou exportações lı́quidas
dependem positivamente da taxa de câmbio real.
b) NX=X-Q=20+5R-(10+0,2Y -2R)=10-0.2Y+3R=10-0.2(45)+3(3)=10>0.
Estamos na presença de um superavit ou excedente comercial.
c) Tem um declive negativo. Quanto maior o rendimento do paı́s
mais os agentes económicos desse paı́s compram bens e serviços do
exterior, fazendo crescer as importações e portanto fazendo decrescer as exportações lı́quidas (ou balança comercial).
5.2. RESOLUÇÕES
37
Figure 3 - As Exportações Lquidas em função do rendimento nacional.
d) N X = 10 − 0.2Y + 3R ⇔ 0 = 10 − 0.2Y + 3R ⇔ Y = 50 + 15R.
Para que a balança comercial se encontre equilibrada é necessário
que aumentos no rendimento nacional, que aumenta as importações
seja compensado por aumentos na taxa de câmbio, que aumentam
as exportações.
e) a.
Uma depreciação uma vez que uma de três variáveis
ou uma combinação delas se alterou: taxa de cambio nominal
subiu (preciso de mais euros para comprar 1 unidade de moeda estrangeira); preços internos desceram ou preços externos subiram.
Cada uma destes movimentos aumenta as exportações e diminui
as importações b. ∆X = 5(∆R) = 5(2) = 10; ∆M = −2(∆R) = −2(2) =
−4. ∆N X = 14. Nestes calculos usou-se a hipótese que o rendimento não se altera com esta depreciação da moeda (hipótese ce-
38
CAPÍTULO 5. MACROECONOMIA DA ECONOMIA ABERTA
teris paribus). No entanto essa hipótese não é correcta! Recorde-se
que Y = C + I + G + N X. Logo se N X aumenta com a depreciação,
Y também aumenta. Logo uma depreciação da moeda aumenta o
rendimento da economia no curto prazo.
f ) a.
Uma apreciação, pois indica um aumento do valor da
moeda nacional face à moeda estrangeira. b. ∆X = 5(∆R) = 5(−1) =
−5; ∆M = −2(∆R) = −2(−1) = 2. ∆N X = −3. Nestes calculos usou-se
a hipótese que o rendimento não se altera com esta depreciação da
moeda (hipótese ceteris paribus). No entanto essa hipótese não é
correcta! Recorde-se que Y = C + I + G + N X. Logo se N X diminui
com a apreciação, Y também diminui. Logo uma apreciação da
moeda diminui o rendimento da economia no curto prazo.
g) Se i>i*, então haverá entrada de capitais no pais uma vez
que a sua remuneração no pais é superior à sua remuneração fora
do mesmo. Isto significa que o pais está a necessitar de capitais,
possivelmente para fazer face a uma balança comercial deficitária.
Assim, a um fluxo de capitais positivo corresponde um saldo da
balança comercial negativo.
h) Se i<i*, então haverá saı́da de capitais do pais uma vez que
a sua remuneração no estrangeiro é superior à sua remuneração
no pais. Isto significa que o pais não está a necessitar de capitais e estará a enviar capitais para o estrangeiro financiando outros paı́ses, possivelmente porque tem uma balança comercial excedentária. Assim, a um fluxo de capitais negativo corresponde um
saldo da balança comercial positivo.
Capı́tulo 6
Flutuações de Curto Prazo
6.1
Enunciados
Exercı́cio 22 Desenhe um gráfico com a oferta agregada de curto
prazo, a oferta agregada de longo prazo e a procura agregada.
a) Explique as inclinações destas rectas.
b) Explique como é que cada uma destas rectas se pode mover
para a direita e para a esquerda.
c) Dê 3 exemplos de alterações na economia que provocam o
seguinte:
1. A recta da procura agregada move-se para a direita
2. A recta da oferta agregada de curto prazo move-se para
a esquerda
3. A recta da oferta agregada de longo prazo move-se para
a direita
d) Em que é que se destinguem as rectas da oferta agregada de
curto prazo da recta da oferta agregada de longo prazo.
Exercı́cio 23 Considere que as equações apresentadas aqui representam a Procura e a Oferta Agregadas de curto prazo da econo39
40
CAPÍTULO 6. FLUTUAÇÕES DE CURTO PRAZO
mia “Santarena”:
Y=2700P
Y=36000 - 3300P
a) Identifique cada uma das expressões e explique o significado
do seu declive.
b) Calcule o produto e o nı́vel de preços de equilı́brio.
c) Represente graficamente a situação de equilı́brio no mercado.
d) Os agentes desta economia, receando a falência do sistema
de reformas nacionais, decidiram diminuir o seu consumo de forma
a aumentarem as suas poupanças. Como consequência verificou-se
uma diminuição do consumo privado nacional em 700 u.m.. Quantifique este efeito no equilı́brio de mercado.
Esta economia está em pleno emprego quando o nı́vel de rendimento atinge o valor 16200 u.m. Tendo em consideração este facto
resolva:
e) Qual o nı́vel de preços no longo-prazo?
f ) Podemos dizer que a curva da Oferta de Curto-Prazo apresentada no enunciado garante que esta economia se mantém no
longo-prazo?
g) Junto à costa marı́tima desta economia foi descoberto petróleo
em grandes quantidades que imediatamente se iniciou a sua exploração.
Verifique graficamente os efeitos desta descoberta no
curto e no longo prazos.
Exercı́cio 24 Desenhe um diagrama com a Oferta Agregada de
Longo Prazo, a Oferta Agregada de Curto Prazo e a Procura
Agregada. Represente agora em gráficos diferentes as alterações
na economia provocadas por: a) Um aumento dos Gastos do Estado (exemplo: contratação de mais funcionários públicos); b) A
descoberta de um novo produto (exemplo: WINDOWS 2000).
6.1. ENUNCIADOS
41
Exercı́cio 25 Desenhe uma Curva de Phillips. Como é que o BCE
pode fazer deslocar a Economia de um ponto para outro de cima
da curva?
Exercı́cio 26 Imagine que o BCE decide reduzir a inflação. Use
uma curva de Phillips para mostrar os efeitos de curto e de longo
prazo desta medida. Como podem os custos de curto prazo ser
reduzidos?
42
6.2
CAPÍTULO 6. FLUTUAÇÕES DE CURTO PRAZO
Resoluções
Solução 22 a) Começemos pela oferta agregada de longo prazo
que se apresenta vertical. A quantidade de bens e serviços oferecidos na economia no longo-prazo não depende dos preços, mas
antes dos factores produtivos, capital fisico, capital humano, trabalho e recursos naturais e a existencia (ou stock) destes factores
numa dada economia não depende dos preços; como tal a OALP é
vertical. Quanto à OACP - Oferta Agregada de Curto Prazo, há
várias teorias que podem explicar a sua inclinação positiva: (1) a
teoria das percepções erradas; (2) a teoria dos salários rı́gidos e
(3) a teoria dos preços rı́gidos. A primeira teoria argumenta que
os vendedores não se apercebem imediatamente do que acontece
ao nı́vel geral de preços quando o preço que vigora no mercado
onde trabalham se altera; assim ao ver o preço do Algodão Doce
subir, o vendedor de Algodão Doce vai produzir mais, porque não
se apercebe imediatamente que o açucar e a electricidade também
subiram. A segunda teoria diz-nos que a OACP é positivamente
inclinada porque os salários estão rı́gidos no curto prazo. Se os
preços sobem, o salário real fica mais baixo e assim o custo das
empresas com o factor trabalho também fica mais baixo. A terceira teoria diz que pelo facto de alguns peços serem rı́gidos no
curto prazo (devido por exemplo a custos de Menu) a OACP
é positivamente inclinada; assim, se a oferta de moeda se contrai, fazendo decrescer o preço no LP, mas algumas empresas
continuarem com o mesmo preço, as vendas vão cair porque o
preço de CP está sobreavaliado relativamente ao de longo prazo.
Resta responder à questão porque é que a Procura Agregada é
negativamente inclinada. Existem 3 razões: o efeito-riqueza, o
efeito-juro e o efeito-taxa de câmbio. Quando o preço sobe, cada
um de nós compra menos bens e serviços (compra menos carne,
6.2. RESOLUÇÕES
43
menos 1 par de sapatos ou faz menos uma viagem); quando os
preços sobem, as pessoas procuram ter mais moeda em casa (ou
na conta à ordem) para fazer face a mais despesas; logo o mercado monetário sofre uma pressão do lado da procura e o preço
da moeda sobe (a taxa de juro sobe), logo o investimento desce.
Quando os preços sobem a taxa de cambio real sobe isto é os nossos bens ficam mais caros para os agentes estrangeiros e as exportações lı́quidas decrescem. Note agora que o rendimento pode
ser escrito como uma soma do consumo (público e privado), investimento e exportações lı́quidas e portanto a procura descreve
uma relação inversa entre preço e rendimento.
b) A procura
move-se para a direita se o consumo, o investimento, os gastos
do estado ou as exportações lı́quidas aumentarem devido a factores não relacionados com o nı́vel geral de preços. Por exemplo,
o consumo depende dos gostos, o investimento da confiança dos
investidores e das restrições ao crédito (por exemplo), o consumo público depende basicamente das decisões do Governo e
as exportações lı́quidas dependem do rendimento do estrangeiro.
A OALP move-se para a direita (crescimento) devido aos factores e determinantes do crescimento económico (ver exercı́cio
8). A OACP move-se devido a movimentos nos factores e determinantes do crescimento económico e a alterações nas expectactivas dos preços. c1) gastos do estado aumentam; rendimento
em Espanha aumenta; os consumidores ficam com menos confiança no futuro e diminuem a poupança. c2) As expectativas
dos preços aumentam (relativamente aos preços realmente verificados); qualquer factor produtivo fica mais escasso. c3) Um novo
produto é inventado e produzido no paı́s; a população portuguesa
atinge nı́veis mais elevados de educação; o IDE aumenta. d) A
principal diferença entre a oferta agregada de curto e de longo
44
CAPÍTULO 6. FLUTUAÇÕES DE CURTO PRAZO
prazo é a sua inclinação: a primeira é positivamente inclinada
(depende positivamente do nı́vel dos preços, melhor, depende positivamente de variações inesperadas nos preços); como no longo
prazo não há variações inesperadas - os agentes económicos têm
tempo para se aperceber de todas as alterações - a oferta agregada
não depende dos preços mas apenas dos factores produtivos.
Solução 23 a) A primeira expressão é uma curva da oferta de
longo prazo e a segunda expressão é uma curva da procura. Para
explicar os seus declives socorra-se da resposta à questão anterior
e/ou ao seu livro.
b)
2700P
= 36000 − 3300P
⇔ 6000P = 36000
⇔ P =6
Y
= 2700 ∗ 6 = 16200;
Y
= 36000 − 3300 ∗ (6) = 16200.
c) Na figura P e significa preço de equilı́brio e Y e significa rendimento de equilı́brio.
6.2. RESOLUÇÕES
45
P
Y
Figure 4 - Diagrama de Oferta e Procura Agregadas.
d) O efeito imediato é na dimuição da procura (deslocamento
para a esquerda da procura agregada). No entanto, poder-se-ia
imaginar que se este efeito se mantiver ao longo do tempo, um
aumento de longo-prazo na poupança deslocaria a OALP para a
direita porque a economia acumularia mais capital fı́sico.
2700P
= 35300 − 3300P
⇔ 6000P = 35300
⇔ P = 5.88
Y
= 2700 ∗ 5.88 = 15885;
Y
= 35300 − 3300 ∗ (6) = 15885.
46
CAPÍTULO 6. FLUTUAÇÕES DE CURTO PRAZO
e)
16200 = 36000 − 3300P
⇔ 3300P = 19800
⇔ P =6
f ) Sim. Porque o preço que resulta do cruzamento entre a PA e
a OALP (Y = 16200) é igual ao que resultou do cruzamento entre a
PA e a OACP. Por outras palavras, o rendimento de longo-prazo é
igual ao rendimento de curto prazo calculado anteriormente.
g)
P
!
Y
Figure 5 - Ajustamento da Economia devido a uma expansão da oferta
.
6.2. RESOLUÇÕES
47
Solução 24
a)
P
"!
!
Y
Figure 6 - Ajustamento na Economia devido a uma expansão da
procura.
O movimento indicado com 1 é o efeito directo do aumento dos
gastos públicos (uma expansão da procura). Em consequencia os
preços ficam mais elevados (Pcp). Ao verem os preços começarem
a subir, os agentes económicos esperam que preços ainda mais elevados para o futuro e as empresas esperam custos mais elevados.
Assim, as empresas reagem retraindo a OACP até ao ponto em que
as três rectas (OACP, OALP e PA) se encontram novamente.
b) Os movimentos são iguais aos descritos no exercı́cio anterior,
alı́ena g.
48
CAPÍTULO 6. FLUTUAÇÕES DE CURTO PRAZO
Atenção! 6.1 Tente agora, por si só, representar graficamente a
situação que falta: um movimento da curva OACP (um aumento
nos custos das empresas, por exemplo).
Solução 25
C u r v a d e P h illip s
π
U
Figure 7 - Curva de Phillips.
O governo pode fazer com que a economia se mova de cima da
curva de Phillips alterando a oferta de moeda. Se o banco central
aumentar a oferta de moeda, a inflação aumenta e o desemprego
desce.
Solução 26 No CP a diminuição da inflação causa um aumento
do desemprego. A forma de atenuar os efeitos de curto prazo
é o aumento dos factores produtivos (que desloca as curvas de
Phillips de longo e de curto prazo para a esquerda) ou diminuir
6.2. RESOLUÇÕES
49
as expectativas dos preços (que desloca a curva de Phillips de
curto prazo para a esquerda).
Atenção! 6.2 Neste nı́vel podemos identificar as expectativas dos
preços com os custos das empresas. Ao ver as expectativas dos
preços aumentarem face ao preço realmente verificados, os empresários vão esperar custos dos factores produtivos relativamente
elevados face ao preço do produto que vendem e querer vender
menos. Daı́ que o produto diminua (OACP para a esquerda) e o
desemprego aumente (curva de Phillips para a direita) com expectativas de preços maiores.
50
CAPÍTULO 6. FLUTUAÇÕES DE CURTO PRAZO
Bibliografia
[1] Barro, R. and Sala-i-Martin, X. (1995), Economic Growth,
McGraw-Hill.
[2] Caselli, F., G. Gerardo and F. Lefort (1996), “Re-opening the
convergence debate: a new look at cross country growth empirics”, Journal of Economic Growth 1: 363-389.
[3] Mankiw, Gregory N. (1998), Principles of Economics, 2nd Edition, Harcout Publishers.
[4] Sequeira, Tiago N. and P. M. Nunes, “Does Tourism Influence
Economic Growth? A Dynamic Panel Data Approach”, Applied
Economics, forthcoming.
51
52
BIBLIOGRAFIA
Capı́tulo 7
Conteúdos Pedagógicos
Complementares
• Ficheiro growth.xls para aplicação no exercicio 8.
• Competências e Objectivos Detalhados da Unidade Curricular: COmacro1.doc
• Caderno 1.doc - Princı́pios de Economia: a procura e oferta
individual de bens e serviços e Possibilidades de Produção e
Custo de Oportunidade
• Caderno 2.doc - Actividade Económica, Produção e Crescimento
• Caderno 3.doc - Mercado de Trabalho e Desemprego
• Caderno 4.doc - Moeda e Inflação, Macroeconomia da Economia Aberta e Flutuações de Curto Prazo
53
54CAPÍTULO 7. CONTEÚDOS PEDAGÓGICOS COMPLEMENTARES
Capı́tulo 8
Definições
gx - taxa de crescimento da variável x.
·
x - variação da variável x.
Y = C + I + G + N X - rendimento nacional, produto ou despesa.
P - nı́vel geral de preços.
C - consumo privado.
G - consumo ou gastos públicos.
N X = X − Q - balança comercial ou exportações lı́quidas.
Q - Importações.
X - Exportações.
IDE - Investimento Directo Estrangeiro.
M - Moeda em Circulação ou Massa Monetária.
V - Velocidade de Circulação da Moeda.
i - taxa de juro nominal.
r - taxa de juro real.
π - taxa de inflação.
SRRM - Saldo dos Rendimentos com o Resto do Mundo.
A - Nı́vel tecnológico ou tecnologia.
gA - ver 1a definição; Resı́duo de Solow.
K - Capital fı́sico.
55
56
CAPÍTULO 8. DEFINIÇÕES
L - Número de trabalhadores ou horas trabalhadas.
H - Capital Humano.
N - Recursos Naturais.
n - número de anos, tempo.
OA - Oferta Agregada.
P A - Procura Agregada.
CP - Curto Prazo.
LP - Longo Prazo.
R - Taxa de câmbio real.
e - Taxa de câmbio nominal.
8.1
Alfabeto Grego
α − alpha
β − beta
γ − gama
δ − delta
² − epsilon
ε − varepsilon
ζ − zeta
η − eta
θ − theta
ϑ − vartheta
ι − iota
κ − kappa
λ − lambda
µ − miu
ν − niu
ξ − csi
π − pi
8.1. ALFABETO GREGO
$ − varpi
ρ − rho
σ − sigma
ς − varsigma
τ − tao
υ − upsilon
φ − phi
ϕ − varphi
χ − chi
ψ − psi
ω − omega
κ − varkappa
% − varrho
57
58
CAPÍTULO 8. DEFINIÇÕES
Capı́tulo 9
Publicações do Autor
9.1
Artigos Cientı́ficos de Macroeconomia em
Revistas Internacionais com Referee
1. Sequeira, Tiago N. (2003), “High-Tech Human Capital: Do
the richest countries invest the most?”, The B.E. Journal of
Macroeconomics (Topics), vol.3: n. 1, Article 13. http://
www.bepress.com/bejm/topics/vol3/iss1/art13.
2. Sequeira, Tiago N. and A. B. Reis (2006), “Human Capital
Composition, R&D and the Increasing Role of Services”, The
B.E. Journal of Macroeconomics (Topics), vol.6: n. 1, Article 12. http://www.bepress.com/bejm/topics/vol6/iss1/art12.
3. Sequeira, Tiago N. (2007), “Human Capital Composition, Growth
and Development: An R&D growth model versus data”, Empirical Economics,vol.32(1), p.41-65, DOI 10.1007/ s00181006-0071-8.
4. Sequeira, Tiago N. and P. M. Nunes, “Does Tourism Influence Economic Growth? A Dynamic Panel Data Approach”,
59
60
CAPÍTULO 9. PUBLICAÇÕES DO AUTOR
Applied Economics, accepted August 2006.
5. Sequeira, Tiago N. and A. B. Reis, “Human Capital and Overinvestment in R&D”, Scandinavian Journal of Economics,
accepted February 2007.
9.2
Capitulos de Macroeconomia em Livros
Internacionais com Referee
1. Sequeira, Tiago N. and C. Campos (2006), “Tourism and Economic Growth: A Panel Data Approach”, in Matias, A, P.
Nijkamp and P. Neto (eds.), Advances in Modern Tourism
Research, Physica-Verlag, Springer.
9.3
Tese de Doutoramento
1. Sequeira, Tiago N. (2004), Essays on Human Capital, Economic Growth and Development, Tese de Doutoramento, Faculdade de Economia, Universidade Nova de Lisboa (Orientadores: Ana Balcão Reis and José Albuquerque Tavares; Júri:
João Ferreira Gomes, Isabel Horta Correia, Mário Páscoa,
Vasco Santos).
9.4
Outros Artigos Cientı́ficos Internacionais
com Referee
1. Nunes, Paulo M., T. N. Sequeira and Z. Serrasqueiro (2007),
“Firms’ Leverage and Labor Productivity: a Quantile Ap-
9.4. OUTROS ARTIGOS CIENTÍFICOS INTERNACIONAIS COM REFEREE61
proach to Portuguese Firms”, Applied Economics, iFirst 2007,
1-6.
2. Serrasqueiro, Z., T. N. Sequeira and P.M Nunes, “Firms’
Growth Opportunities and Profitability: a Non-Linear Relationship”, Applied Financial Economics Letters, accepted
February 2007.