Alétheia e o problema heideggeriano das palavras originárias

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Alétheia e o problema heideggeriano das palavras originárias
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
DIOGO CAMPOS DA SILVA
ALÉTHEIA E O PROBLEMA HEIDEGGERIANO DAS
PALAVRAS ORIGINÁRIAS
Salvador
2012
DIOGO CAMPOS DA SILVA
ALÉTHEIA E O PROBLEMA HEIDEGGERIANO DAS
PALAVRAS ORIGINÁRIAS
Anteprojeto de Pesquisa apresentado ao Programa
de Pós-graduação em Filosofia da Universidade
Federal da Bahia, como requisito parcial para a
seleção do doutorado (2013). Linha de pesquisa:
Problemas de Fenomenologia e Hermenêutica.
Orientadora: Profª. Drª. Acylene Maria Cabral
Ferreira.
Salvador
2012
SUMÁRIO
1. OBJETO.................................................................................................................................3
2. OBJETIVO PRINCIPAL E OBJETIVOS SECUNDÁRIOS............................................3
3. JUSTIFICATIVA..................................................................................................................4
4. METODOLOGIA.................................................................................................................7
5. CRONOGRAMA................................................................................................................12
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................14
1. OBJETO:
Propõe-se como objeto de pesquisa o conteúdo, como também a questão sobre sua validade
e direito, da interpretação heideggeriana do termo grego alétheia, cuja exposição exemplar
encontra-se no texto de Heidegger A Doutrina de Platão sobre a Verdade. Neste texto, Heidegger
defende que alétheia entre o gregos foi, primeiramente, entendida enquanto desvelamento e que só
com a filosofia de Platão operou-se uma transformação deste sentido originário. Com o pensamento
platônico, alétheia teria passado, então, a significar correção. Ocorre que não foram poucas as
críticas à esta compreensão heideggeriana da alétheia. Em nossa pesquisa optamos por considerar
duas delas: a de Paul Friedländer em Alétheia - Uma Discussão com Martin Heidegger, e a de John
D. Caputo em Desmitificando Heidegger. Esta opção justifica-se pela força de tais críticas e pelos
riscos que representam, sobretudo a segunda, para a totalidade do projeto heideggeriano de uma
filosofia enquanto História do Ser. Nosso desafio é descobrir como enfrentá-las sem conceder que a
compreensão heideggeriana daquela palavra grega resultou ou (1) de uma ignorância etimológica ou
(2) do pertencimento de Heidegger à certa tradição romântica alemã, a qual buscou na grecidade um
modelo de cultura, língua e pensamento, ignorando, com desprezo, tudo que não fosse grego e
alemão. A primeira hipótese foi defendida por Paul Friedländer e a segunda por John D. Caputo. O
problema de nossa pesquisa consiste em descobrir as possibilidades para uma defesa da
interpretação heideggeriana daquela palavra, admitindo, assim, como uma das tarefas do
pensamento, a meditação fecunda sobre os termos gregos originários. Defendemos que isto pode ser
feito através de um estudo do pensamento heideggeriano acerca da essência da linguagem. Nos
textos em que Heidegger pensa a proximidade entre Linguagem e Ser, há elementos que contribuem
tanto para um afastamento da discussão com as ciências da linguagem (entre elas, a etimologia,
domínio de saber próprio a Friedländer), quanto para a tese de que a filosofia heideggeriana acerca
das palavras gregas originárias não convida necessariamente a reivindicar o privilégio da pureza
(proximidade ao Ser) para apenas duas línguas históricas. O conteúdo mais preciso destas críticas e
o modo como confiamos poder contestá-las mediante o próprio pensamento de Heidegger serão
melhor discutidos ao longo deste anteprojeto, sobretudo na seção Metodologia.
2. OBJETIVO PRINCIPAL E OBJETIVOS SECUNDÁRIOS:
Em nosso horizonte está a tese de que ainda é possível elaborar uma defesa do tratamento
heideggeriano da palavra alétheia e sustentar o projeto de que a filosofia pode ser um pensar sobre
as origens da nossa compreensão do Ser mediante reflexões sobre as palavras originárias da tradição
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metafísica. Portanto, o objetivo principal da pesquisa é elaborar tal defesa. O que não se poderá
fazer sem a conquista dos seguintes outros objetivos (secundários):
1) Examinar e discutir a interpretação heideggeriana de certos elementos da filosofia de
Platão elaborada em A Doutrina de Platão sobre a Verdade, sobretudo a tese da transformação, que
com Platão teria ocorrido, do sentido do termo alétheia (de desvelamento para correção), a fim de
marcar a importância decisiva desta leitura de Platão para a filosofia da História do Ser e
compreender os pontos polêmicos que a tornaram alvo de importantes críticas.
2) Investigar os argumentos de Paul Friedländer contra a tradução heideggeriana de alétheia
por desvelamento, com o intuito de aproximarmo-nos da maneira como as ciências da linguagem
têm de abordar os temas da língua e das palavras, para, enfim, apreender a força e os limites
daquela crítica.
3) Investigar as obras em que Heidegger expõe seu pensamento sobre a linguagem e definir
suas teses principais de modo a mostrar por que a abordagem ontológica do fenômeno linguístico
não deve ser confundida com o tratamento ôntico-científico do mesmo e, assim, encontrar
sustentação, dentro do próprio pensamento heideggeriano, para a interpretação proposta por
Heidegger da palavra grega alétheia e defendê-lo da crítica etimológica e filológica.
4) Estudar os motivos e a consistência da crítica elaborada por John D. Caputo contra o
privilégio concedido por Heidegger à época grega anterior aquele instante (platônico) que o
pensador chamou de “o início da nossa tradição metafísica”, a fim de que possamos enfrentá-la ou,
ao menos, compreender as delicadas posições às quais conduziria, segundo Caputo, uma leitura não
crítica das reflexões de Heidegger sobre a alétheia, a língua grega, e a experiência grega préplatônica.
5) Retomar os estudos dos textos de Heidegger onde este se pergunta pela essência da
linguagem, com o propósito de salientar os elementos da filosofia heideggeriana que a protegem da
acusação de Caputo, i.e., a de que o discurso de Heidegger sobre a alétheia seja um convite à
aceitação da perigosa tese de que apenas à língua grega foi concedido o privilégio ontológico de ser
doadora de sentido e criadora de mundo. Tratar-se-á de compreender que as perspectivas
heideggerianas acerca do fenômeno da linguagem abrem caminhos para o reconhecimento e
investigação da originariedade de toda e qualquer língua.
3. JUSTIFICATIVA
Na filosofia heideggeriana, a questão da alétheia não é apenas um problema de tradução.
Para aquele modo de pensar, a experiência da alétheia como desvelamento é o tema do pensamento.
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Além do mais, Heidegger (1983) concebeu sua filosofia como uma preparação para um novo
começo do pensamento, o qual, segundo ele, realmente só se produzirá caso possamos retomar o
sentido esquecido daquela palavra grega. Desse modo, justificamos nossa pesquisa apelando para a
importância fundamental que alétheia possui dentro do conjunto do pensamento de Heidegger. A
pesquisa, através dos estudos das críticas que foram feitas à Heidegger, problematizará a tese
heideggeriana que afirma um sentido genuíno e uma experiência primeira da alétheia que a tradição
teria perdido de vista. Pensamos que é necessário e justificado proceder assim, pois uma
investigação de doutorado não deve escamotear as dificuldades que seu autor enfrenta, nem o
trabalho de tese deve ser apenas um comentário ingênuo de sua doutrina. Mas, em segundo lugar,
desejamos também encontrar respostas àquelas críticas, considerando que talvez o projeto filosófico
do chamado segundo Heidegger não se sustente sem uma defesa dessa intuição que foi tão
produtiva para seu pensamento: a de que o esquecimento da alétheia funda, ainda hoje, nosso modo
corriqueiro, técnico-científico, de relação com os entes. Mas, se nosso trabalho se justifica,
principalmente, pela centralidade da alétheia no pensamento de Heidegger, podemos já aqui
recapitular um pouco das importantes questões nas quais se envolve sua interpretação desta palavra.
Para o Heidegger de A Doutrina de Platão sobre a Verdade, a alegoria da caverna exposta na
República de Platão é um documento chave para uma das tarefas do pensamento, qual seja, retornar
aos inícios da nossa tradição Metafísica. Tal tradição seria formadora da História do Ocidente,
desde os primeiros pensadores gregos até nossa época, e seus momentos fundamentais seriam
sempre resultado de uma transformação ontológica, i.e., uma transformação no modo de nossa
correspondência ao Ser e, portanto, na compreensão prévia e fundamental que, a cada vez, temos
sobre o ser da totalidade do ente. A abertura originária em cada época de uma compreensão
fundamental do ser do ente em totalidade seria, segundo Heidegger, sempre possibilitadora de toda
relação humana com as coisas, seja ela cotidiana, técnica ou científica, o acontecimento que
instauraria a possibilidade dos modos como os homens, em cada época histórica, compreendem a si
mesmos e ao restante dos entes. Importa dizer que, para Heidegger, as transformações ontológicas
de cada época decisiva são sempre uma retomada em novas configurações do primeiro começo
grego (aquele de Platão e Aristóteles), onde “se decidiu” pelos traços fundamentais da História de
nossa compreensão do ser do ente. É sob esta perspectiva que a alegoria da caverna é tomada por
Heidegger. Nela se evidenciaria uma transição decisiva entre um pensamento grego mais próximo
ao Ser ele mesmo (logo, não ao que é desvelado enquanto ser do ente, mas ao movimento
possibilitador, ao vir a ser do ente na presença) e o pensamento metafísico, ocupado desde então
apenas com o ser do ente (ao que é dado no aberto, ao que preenche a abertura). Em outras palavras,
a alegoria representaria o início de todas as entificações da ontoteologia que encobrem o domínio
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da Verdade do Ser enquanto Ser. Heidegger percebe esta mudança a partir da dubiedade de
significado na qual aparece, naquele texto de Platão, a palavra alétheia (verdade). A tese de
Heidegger em A Doutrina de Platão sobre a Verdade é a de que Platão seria o primeiro a pensar
alétheia em seu sentido derivado de “correção”, ao passo que, concomitantemente, conservaria
também o sentido genuíno da palavra enquanto “desvelamento” que, antes de Platão, teria
dominado o pensamento pré-socrático.
Não caberá discutir já em detalhes, neste anteprojeto, a importância, aos olhos de Heidegger,
para todo o pensamento posterior disso que seria o novo sentido de alétheia dado por Platão. Vale
lembrar, porém, com poucas palavras, que, segundo Heidegger, “correção” vem a determinar toda a
teoria tradicional da verdade que a compreende como uma adequação entre um domínio subjetivo
(logos, proposição, alma, representação) e um objetivo (o objeto da proposição, a coisa exterior à
alma, o representado). Com isso, o pensamento perderia a experiência originária da Verdade, antes
possível para os gregos, em que se evidenciava que o ente deve ser previamente desvelado para que
qualquer espécie de concordância possa ocorrer. E, ainda mais, perder-se-ia de vista a dimensão
privativa que faria parte da Verdade em sentido originário e que já a própria palavra alétheia,
através de seu prefixo privativo a-, parecia apontar. O prefixo a- (α em grego) aponta precisamente
para uma privação e não uma simples negação no sentido de contraposição. Privar quer dizer negar
à alguma coisa algo que lhe é essencial, inerente a seu modo de ser. Assim, para Heidegger, alétheia
não diz Verdade enquanto desvelamento em mera oposição ao velamento, como se o que é velado
fosse tudo o que permanecesse fora da essência da Verdade. Alétheia quer dizer o desvelado
enquanto arrancado, suprimido, privado da possibilidade de velamento que lhe é tão essencial
quanto o desvelamento, o vir a presença. A Verdade, portanto, traria consigo sempre uma nãoVerdade, pois para que um ente particular ou uma região de entes possam ser desvelados, possam
emergir na presença, possam ser projetados em seu ser, outras possibilidades de sentido, outros
projetos de ser, outros modos possíveis de compreender o ente devem permanecer velados. Além
disso tudo, sabemos também que, para Heidegger, poder pensar sobre o sentido originário de
alétheia como desvelamento não nos capacita apenas a oferecer uma etimologia ou uma história da
língua e da cultura grega mais fiel ao passado, mas, sobretudo, abre-nos à possibilidade da
verdadeira compreensão de nossa tradição, assim como nos prepara para um novo começo do
pensamento, para uma história pós-metafísica em que a correspondência grega primeva ao Ser,
apesar de não poder ser repetida, precisa ser retida e conservada. Logo, toda crítica consistente à
interpretação heideggeriana do termo alétheia, ou de qualquer outra palavra grega que ainda, por
ventura, seja capaz de conservar e mostrar traços de uma compreensão do próprio Ser (como physis
e ousia, por exemplo), pode comprometer todo o projeto filosófico do pensador ocupado com a
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História do Ser.
4. METODOLOGIA
O procedimento básico desta pesquisa será colocar a interpretação heideggeriana exposta em
A Doutrina de Platão sobre a Verdade frente às críticas que decidimos considerar. Os problemas
suscitados no exame das críticas exigirão, portanto, o direcionamento a outros textos de Heidegger,
buscando encontrar, em suas reflexões sobre a proximidade entre linguagem e Ser, elementos que
contribuam à defesa de sua compreensão de alétheia enquanto desvelamento. Este caminho
(método), aqui somente esboçado, será melhor visualizado a partir de uma consideração, a seguir,
das críticas a que estamos nos referindo, dos problemas que elas apontam, e das possíveis soluções
que podemos vislumbrar desde já.
A primeira das críticas à interpretação heideggeriana da alétheia foi feita pelo filólogo
alemão Paul Friedländer (1969) e pode ser resumida da seguinte forma: a tradução heideggeriana de
alétheia por desvelamento, ou ainda por des-velamento não é consistente, entre outros motivos,
porque: a) alétheia não deriva de lanthanein ou de lethein (passar despercebido, não ser visto), nem
de lethe (esquecer, esquecimento), e nem mesmo seria possível asseverar que a palavra alétheia
comporta qualquer sentido privativo (o prefixo “a-”, naquela palavra, não teria função privativa); b)
nunca, não apenas em Platão, mas tampouco em Hesíodo e Homero, alétheia é empregada no
sentido de desvelamento; em todas as suas aparições nos antigos textos gregos, seu sentido está
sempre próximo à correção, à confiabilidade, à exatidão da percepção, ao que é verdadeiro no
sentido do que é mais real, mais presente. É sabido que Heidegger aceitou tais críticas e retratou-se
em O Fim da Filosofia e a Tarefa do Pensamento. A passagem a seguir dá o exemplo:
O conceito natural de verdade não designa desvelamento também na Filosofia dos gregos.
Insiste-se em apontar, e com razão, o fato de que já em Homero a palavra alethés é apenas e
sempre usada com os verba dicendi, com a enunciação, e por isso no sentido da certeza e da
confiança que nela se pode ter, e não no sentido do desvelamento. Mas esta observação
significa, primeiro, apenas que nem os poetas nem o uso ordinário da linguagem, nem
mesmo a Filosofia, se vêem colocados diante da tarefa de questionar em que medida a
verdade, isto é, a retitude da enunciação, só permanece garantida no elemento da clareira da
presença (HEIDEGGER, 1983, p. 80)
É certo, então, que Heidegger aceita a tese da etimologia, mais precisamente a tese b) de
Friedländer, a saber, que não é possível afirmar que os gregos tenham algumas vez usado alétheia
enquanto desvelamento, nem que tenham pensado sobre este possível sentido da palavra1. Isto, sem
dúvida, é problemático, pois nega boa parte das teses heideggerianas anteriores a este texto, em que
1. Quanto à tese a) de Friedländer, a saber, aquela que afirma que o prefixo α não teria em alétheia função privativa, foi
por ele mesmo revista a partir das críticas que recebeu por parte de outros estudiosos da língua grega.
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se afirmava que os pensadores pré-metafísicos, i.e., os filósofos pré-socráticos e o poetas trágicos,
corresponderam ao sentido originário da alétheia. Contesta, inclusive, aquela afirmação sua de que,
na alegoria da caverna de Platão, ter-se-ia operado uma transformação no modo de compreensão da
Verdade. Isto confirma o próprio Heidegger (1983, p. 80): “Então também não é sustentável a
afirmativa de uma transformação essencial da verdade, isto é, a passagem do desvelamento para a
retitude.” Não é certo, contudo, que Heidegger tenha abandonado a confiança no fato de ser a
própria palavra grega em questão que nos oferece seu sentido enquanto desvelamento. Em ocasião
alguma, Heidegger admitiu que o sentido “desvelamento” não pertencesse à própria palavra grega
(mesmo que esse sentido não tivesse sido acessado nem pelos gregos, nem por ninguém até então),
ou que tudo não passava de uma violência, por parte de sua interpretação e de sua filosofia, contra à
língua grega. Heidegger deixa de considerar possível traduzir alétheia por verdade, pois verdade,
em todas as línguas, e em todos os usos, sempre foi entendida como correção. Mas alétheia
permanece, para Heidegger, a palavra mais originária, pois dá a pensar o caráter mais próprio do
Ser. Cientes disso, podemos dizer que a recepção heideggeriana da crítica de Friedländer aponta
uma restrição a nossa pesquisa, frente a qual poderemos, de início, apresentar dois possíveis
caminhos para investigação.
Em primeiro lugar, se quisermos defender a tese de que alétheia comporta aquele sentido
por Heidegger apontado, devemo-nos desviar de toda consideração por parte das ciências da
linguagem. Essa restrição está de acordo com o que disse Heidegger na citação acima oferecida: por
mais correto o parecer dos linguistas, ou seja, aceitando que a palavra alétheia nunca, no conjunto
dos textos gregos, soou como desvelamento, tal parecer não poderá nos preparar para pensar tudo o
que a própria palavra, ainda assim, deixa ver. Isso porque uma investigação científica sobre as
palavras de uma língua deve tomá-las como signos de sentidos já dados e compartilhados entre o
povo que daquela língua faz uso (“ordinário”). As concepções científicas da língua só podem partir
dessa utilizacão cotidiana das palavras na fala e na escrita, e podem apenas conceber as palavras
dessa língua como significantes que apontam para significados já dados e compartilhados entre a
comunidade falante. Deste modo, segundo Heidegger, estaria barrado para as ciências das línguas e
da linguagem qualquer acesso outro à palavra que – não tomando-a como algo cujo significado é
preenchido pela coisa que ela designa e pelo sentido compartilhado que tal coisa tem para os que a
nomeiam, algo que, assim, estaria numa relação de exterioridade com o ser ou o sentido – pensa-a,
mais bem, como abertura mesma de um sentido primeiro, indissociável da palavra, dada por ela
mesma, e não ali posto pela atividade do intelecto humano de produzir conceitos significativos no
sentido da simples referência ao objeto já dado.
Para o Heidegger de A Caminho da Linguagem (2003), é na poesia que as palavras revelam
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sua força originária, isto é, sua possibilidade de inaugurar, originar, abrir sentido. A língua
trabalhada no poema é a língua essencial de um povo, língua do Ser, originária de mundo. A língua
que é falada na poesia não tem seu fundamento na língua do cotidiano e da prosa. Segundo
Heidegger, só o inverso é o verdadeiro. As ciências da linguagem não podem pensar a língua pura
falada na poesia, pois elas percorrem o caminho contrário: veem a poesia, no máximo, como um
trabalho estilizado da relação significante-significado que ocorreria, primeiramente, no domínio da
comunicação entre os homens. Logo, o primeiro caminho construtivo que aparece para nossa
investigação é precisamente este: contrapor o pensamento heideggeriano acerca da essência das
palavras e das línguas (sua compreensão delas enquanto constitutivas do âmbito ontológico,
enquanto possibilidade de toda significação) ao conhecimento ôntico das mesmas oferecido pelas
ciências. Isto deverá ser feito mediante o exame de algumas obras em que Heidegger pensa a
conexão entre língua, Ser e poesia. São elas: A Caminho da Linguagem, Hölderlin e a Essência da
Poesia, Hinos de Hölderlin, A Origem da Obra de Arte, Língua da Tradição e Língua Técnica.
Permanece a questão sobre Platão que, ao menos a princípio, não é poeta. Poderíamos ter
razão em dizer que está de antemão fechada a possibilidade para um filólogo de reconhecer o
sentido de alétheia como desvelamento no poema de Parmênides por exemplo, pois o modo como a
filologia tem de acessar a poesia não pode respeitar sua dimensão ontológica, é inessencial. Mas o
que dizer de Platão que, por ser filósofo, trabalha a língua de modo diverso do poeta, a despeito de
possíveis semelhanças de estilo? É justo ainda crer, mesmo após aquela retratação de Heidegger,
que na alegoria da caverna também alétheia é articulada enquanto desvelamento? Pensamos que
não. Entretanto, o texto A Doutrina de Platão sobre a Verdade pode querer dizer outra coisa, a
saber: que, mesmo que em todas as suas aparições na alegoria da caverna alétheia queira sempre e
simplesmente dizer correção, isso não impede que a própria alegoria esteja fundada sobre uma
experiência da alétheia como desvelamento. Assim, o segundo caminho de nossa pesquisa
consistirá em encontrar os sinais que apontam para isso de modo a, ainda hoje, tornar valiosa a
interpretação heideggeriana da alegoria da caverna de Platão. O sinal mais importante é a própria
imagem da caverna. As perguntas que levantaremos são: a escolha platônica da caverna como
imagem e símbolo do espaço onde se dá a relação homem e ente não teria sido possibilitada, de
antemão, por uma compreensão da alétheia como desvelamento, mesmo que o termo, no texto de
Platão, nunca apareça com este sentido? Não teria sido exatamente este velar-desvelar no interior da
caverna que Platão quis superar com a noção de alétheia entendida como correção da visão, como
adequação da alma ao que é plenamente iluminado (as coisas fora da caverna, as ideias suprasensíveis) e à própria fonte incessante de luz (o Sol, a ideia do Bem)? Nós defenderemos que,
apesar das críticas de Friedländer, o texto de Heidegger sobre a caverna de Platão comporta estes
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outros elementos interpretativos que não podem ser ignorados, nem facilmente contestados.
Contudo, mesmo que consigamos defender Heidegger mediante estas duas hipóteses (1. Se a
palavra alétheia for pensada a partir da língua grega enquanto língua essencial, então, pode-se
compreendê-la como dizendo desvelamento; 2. através da imagem da caverna usada por Platão
pode-se constatar uma experiência grega do desvelamento), ainda assim, teremos que nos enfrentar
com a crítica de John D. Caputo (1993). O problema deste autor com Heidegger não é o
desvelamento como tema para o pensamento. Caputo defende que a imagem da alétheia enquanto
acontecer-encobridor da verdade do ser do ente em cada época, enquanto clareira que possibilita
sentido, dá ser, é ainda um tema salutar para o pensamento contemporâneo na medida em que nos
autoriza a desacreditar das pretensões de verdades absolutas de cada época histórica. Pois, se a
abertura epocal de sentido é também o encobrimento de outros possíveis sentidos, por razão da
própria essência da Verdade, então, o vigor de um sentido de Ser durante uma época deve sempre se
enfraquecer a favor de outro. Tomar alétheia como tema do pensamento para dizer desvelamento
possibilita-nos pensar e afirmar a transitoriedade das verdades. Entretanto, aquilo que Caputo não
quer aceitar de Heidegger é, justamente, que alétheia enquanto desvelamento seja uma palavra
grega ou uma experiência grega. Isto por que o que incomoda Caputo é o mito heideggeriano
(perigoso e injusto, segundo o crítico) do grandioso começo (ou pré-começo) grego da tradição, e o
mito da força ontológica da língua grega em detrimento de todas as outras línguas. Não cabe neste
anteprojeto discutir em maiores detalhes os motivos e a força desta crítica. Caputo inclusive tenta
ensinar-nos como ler A Doutrina de Platão sobre a Verdade de modo a não pensar que Platão ou
qualquer grego tenha tido uma experiência da alétheia como desvelamento. A tese de Caputo (1993,
p. 43-52), muito plausível, é que Heidegger, na verdade, quis dizer que o que os gregos anteriores à
Platão compreenderam foi que a verdade enquanto correção ou adequação pressupõe o caráter
manifesto do ser do ente, o que Caputo chama de a pura fenomenalidade, automostração do ser do
ente. Mas a fenomenalidade do ser do ente é só mais um dos nomes assumidos pelo Ser (assim
como ideia, substância, essência-existência, subjetividade-objetividade, vontade de poder etc.) não é
ainda a possibilidade de toda e qualquer nomeação do Ser, o caráter encobridor-desencobridor do
acontecimento da Verdade, que é o que Heidegger, segundo Caputo, quer pensar quando traduz
alétheia por desvelamento. Nesse sentido, a antiguidade grega pode ser vista como apenas mais
uma época no jogo da Ereignis, ou seja, do Ser pensando enquanto mobilidade pura
(desdobramento) que a cada época desvela um sentido fundamental do ser do ente e encobre outros,
e não como o glorioso passado perdido. E a palavra alétheia, enquanto querendo dizer
desvelamento, deve ser tomada como uma palavra heideggeriana e não grega.
A maior intenção de Caputo (1993) é sobrepor ao mito heideggeriano da experiência grega
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originária aquilo que ele chama mito greco-judaico/judaico-grego. Para Caputo, foi a experiência
dos inícios das culturas hebraica e cristã - profundamente marcada pela responsabilidade perante o
absolutamente Outro, sobretudo o Outro mais desprezado e insignificante (presente nas imagens
bíblicas que Caputo resgata: o estrangeiro, o oprimido, o enfermo, a viúva, o órfão) – que
Heidegger, depois da virada (Kehre), decidiu ignorar em favor apenas dos gregos antigos e de
Hölderlin. Assim, Heidegger não conseguiu apontar outro caminho frente aos problemas da nossa
época, i.e., à consumação da Metafísica e ao advento dominante da Técnica, que não o resgate,
através de um pensamento-memória, daquela especial experiência grega em que a coisa era
deixada-ser, sem que ainda a Razão fosse tomada como fonte de todo sentido, sem que o ser do ente
pudesse ser compreendido como ser-objeto-para-o-sujeito. Assim, os problemas que Caputo
enxerga em Heidegger são: primeiramente, como já dissemos, restringir as possibilidades de uma
relação pré-metafísica com os entes a um só povo e à uma única língua (os gregos), depois, assumir
que apenas um povo e somente uma língua (os alemães) podem retomar aquela experiência e, além
disso, por fim, defender a monogênese da tradição no sentido de que o início Histórico do que
somos hoje é aquele de Platão e Aristóteles, cujo desenvolvimento, também, só foi possível na base
de um único esquecimento (o do pensamento grego anterior à Platão).
Emfim, para Caputo, ler Heidegger hoje só fará sentido (e justiça para com a história) caso
optemos pela seguinte tarefa: deixar que, junto ao apelo esquecido do Ser e da alétheia enquanto
desvelamento, soe agora para nós também outras vozes esquecidas, outras origens não gregas da
tradição. Pensamos que é bastante honesto compartilhar com Caputo a ideia de que é preciso
contaminar o pensamento de Heidegger, abri-lo a outras línguas do Ser, pois é bem verdade que
Heidegger, feliz e infelizmente, dedicou-se profundamente ao resgate da originariedade de palavras
de apenas duas línguas, a grega e a alemã. E não queremos dizer que não é possível fazer mais do
que Heidegger no que concerne à esta questão. Mas esta talvez seja a tarefa de uma época mais do
que de um indivíduo, e não pretendemos desdobrar em nossa pesquisa o resgate, através da filosofia
de Heidegger, de outras culturas, tradições, e línguas. O que sim acreditamos possível é mostrar,
frente à crítica de Caputo, que a possibilidade deste resgate não é negada pela totalidade da filosofia
heideggeriana. Algo que Caputo parece não perceber, preferindo convocar à uma reconstrução total
do pensamento de Heidegger.
Portanto, citaremos aqui dois pontos que a pesquisa desenvolverá a fim de defender
Heidegger contra a crítica de Caputo, segundo à qual o pensamento daquele filósofo está todo ele
envolvido com a tese de que o grande modelo de língua e experiência originária, aquelas que
poderiam doar sentido e criar mundo escapando à relação objetificante e técnica com as coisas, é
grego. Em primeiro lugar, Heidegger (2003; 2010; 1983), em algumas ocasiões, negou que o gregos
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tivessem conseguido fazer do desvelamento tema de seu pensamento, não obstante a palavra grega
alétheia guardasse em si a possibilidade para que esse pensamento efetivasse-se. Caputo sabia dessa
ponderação de Heidegger, mas preferiu não considerá-la decisiva em sua crítica. Em segundo lugar
e, a nosso ver, mais importante, é que o pensamento heideggeriano sobre a linguagem não está
atado a sua veneração de uma língua ou duas. Isto parece-nos bastante claro quando Heidegger
reconhece na linguagem em geral uma dimensão de abertura e velamento, quando ele diz que é a
linguagem que, ultrapassando desde sempre ente e homem, está destinada a trazer à aparência o que
nunca aparece, o que não é da ordem do ente, isto é, a clareira aberta e sem nome em que tudo se
dá, bem como o próprio dar-se do que é, i.e., o sentido do ente. Para nós, a linguagem entendida ao
modo de Heidegger, linguagem que nomeia deixando a coisa ser, e que pode tanto consistir em
mera reprodução de sentidos já consolidados e encobridores de outros possíveis sentidos, quanto
criar mundos (poesia), a linguagem e suas duas possibilidades ontológicas, originária e ordinária, é
um fenômeno que ultrapassa homens, épocas, línguas e culturas. Será que o Heidegger de Caputo é
o mesmo pensador que travou contato com a cultura e a língua japonesa e que, apesar de reconhecer
suas dificuldades em se aproximar da essência daquela língua, escreveu sobre essas inquietações em
De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador (HEIDEGGER, 2003, p. 71120)? O fato de Heidegger ter investigado, em profundidade, apenas a dimensão criadora da língua
alemã e da língua grega pode ser reprovável, mas não nos autoriza a dizer que sua filosofia impede
de antemão, pelos seus próprios temas e modos, a pesquisa sobre o vigor criador de toda sorte de
línguas, das torres de babel (DERRIDA, 2004) sobre as quais se insere a história humana. Nossa
pesquisa pretende reforçar esses dois pontos a fim de cumprir seu objetivo principal.
5. CRONOGRAMA
Semestre
Atividades da Investigação
2013.1
Estudo de bibliografia principal (A Doutrina de Platão sobre a Verdade de
Heidegger e A República de Platão) e auxiliar referente ao objetivo secundário
1.
Produção de um primeiro texto visando cumprir aquele objetivo.
Bibliografia auxiliar: HEIDEGGER, 1969, 1970, 2008/ PARTENIE;
ROCKMORE, 2005/ RALKOWSKI, 2009
2013.2
Estudo do texto de Friedländer, Alétheia. A Discussion with Martin Heidegger,
e de bibliografia auxiliar.
Elaboração de texto em que se discutirá os pressupostos da crítica de
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Friedländer à Heidegger (objetivo secundário 2).
Bibliografia auxiliar: HEIDEGGER, 1983, 2009, 2010/ DAHLSTRON, 2001/
GONZALES, 2009/ KAHN, 1997.
2014.1
Primeira etapa dos estudos das obras heideggerianas sobre a linguagem.
Produção de texto provisório tendo em vista o objetivo secundário 3.
Entrega da versão definitiva do projeto (Seminário de Pesquisa de Doutorado
III)
Bibliografia principal: HEIDEGGER, 1992, 1995, 2003.
Bibliografia auxilar: FERREIRA, 2007/ GADAMER, 2004.
2014.2
Segunda etapa dos estudos das obras heideggerianas sobre a linguagem.
Produção de texto final relativamente ao objetivo secundário 3.
Montagem da versão da tese para a qualificação, a partir dos textos já
apresentados e discutidos com a orientação.
Exame de qualificação.
Bibliografia principal: HEIDEGGER, 2004, 2010.
Bibliografia auxilar: FERREIRA, 1997, 1999/ KUSCH, 2001
2015.1
Estudo da obra de John D. Caputo, Desmitificando Heidegger, e de bibliografia
auxiliar (FLORENTINO NETO, 2012/ HEBECHE, 2003/ ZARADER, 1990).
Elaboração de texto em que se discutirá os pressupostos da crítica de Caputo à
Heidegger (cumprimento do objetivo secundário 4).
2015.2
Investigação das possibilidades de enfrentamento à crítica de Caputo através
do retorno à bibliografia estudada nos dois semestres de 2014.
Produção de texto final relativamente ao objetivo secundário 5.
2016.1
Montagem final da Tese.
2016.2
Defesa da Tese.
Observação: A bibliografia auxilar estará sujeita, ao longo do primeiro ano de estudos, a acréscimos
e substituições. A lista definitiva constará na versão definitiva do projeto.
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6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Obras de caráter principal:
CAPUTO, John D. Desmitificando Heidegger. Tradução de Leonor Aguiar. Lisboa: Instituto
Piaget, 1993. (Pensamento e Filosofia, 36)
FRIEDLÄNDER, Paul. Alétheia. A Discussion with Martin Heidegger. In:______. Plato: an
Introduction. Tradução de Hans Meyerhoff. 2ª ed. Nova Iorque: Princeton University Press, 1969.
(Bollingen Series LIX; Volume 1).
HEIDEGGER, Martin. A Caminho da Linguagem. 3ª ed. Tradução de Márcia Sá Cavalcante
Schuback. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: EDUSF, 2003. (Pensamento humano).
______. A Origem da obra de arte. Tradução de Maria da Conceição Costa. Lisboa: Edições 70,
2010.
______. Hinos de Hölderlin. Tradução de Lumir Nahodil. Lisboa: Instituto Piaget, 2004.
______. Hölderlin y la esencia de la poesia. Traducción de Samuel Ramos. In: Martin Heidegger,
Arte y Poesía. Buenos Aires: F.C.E, 1992.
______. Introdução à Metafísica. 2ª ed. Tradução de Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 1969.
______. Língua de Tradição e Língua Técnica. Tradução de Mario Botas. Lisboa: Vegas, 1995.
(Passagens)
______. O Fim da Filosofia e a Tarefa do Pensamento; Hegel e os Gregos. In:______.
Conferências e Escritos Filosóficos. Tradução, introduções e notas de Ernildo Stein. 2ª ed. São
Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 64-81.(Coleção Os Pensadores)
______. Platons Lehre der Wahrheit. In: ______. Wegmarken. Frankfurt: Vittorio Klostermann,
1976, pp. 203-238. (Obras completas de Martin Heidegger v. 9).
______. Parmênides. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Ed. Universitária São Francisco, 2008.
(Pensamento Humano).
______. Ser e Tempo. Tradução de Márcia de Sá Cavalcanti. 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 2009.
(Pensamento Humano).
______. Sobre a Essência da Verdade. Tradução de Ernildo Stein. São Paulo: Duas Cidades, 1970.
PLATÃO. A República. 9ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
Obras de caráter auxiliar:
DAHLSTRON, D. O. Heidegger’s concept of truth. Cambridge University Press, 2001.
DERRIDA, Jacques. Torres de Babel. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
14
FERREIRA, Acylene Maria Cabral. A linguagem originária. 1ª ed. Salvador: Quarteto, 2007.
______. Linguagem Originária e Pensamento. Síntese, Belo Horizonte, v. 26, n. 84, p. 65-85,
Edições Loyola, 1999.
______. Linguagem e Cultura. Contemporaneidade e Educação, Rio de Janeiro, ano 2, n. 1, p.
153-172, Instituto de Estudos da Cultura e Educação Continuada, 1997.
FLORENTINO NETO, Antonio. Recepção e Diálogo: Heidegger e a filosofia japonesa
contemporânea. Natureza Humana, São Paulo, v. 10, n. 1, jun. 2008. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517
24302008000100007&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 21 dez. 2012.
GADAMER, Hans Georg. Verdade e método I: traços fundamentais de uma hermenêutica
filosófica. Tradução de Flávio Paulo Meurer e Enio Paulo Giachini. 6. ed. Petropolis: Vozes;
Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2004. (Pensamento humano ).
GONZALES, Francisco J. Plato and Heidegger: A Question of Dialogue. University Park, PA:
Penssylvania State University Press, 2009.
HEBECHE, Luis. Reabilitando a Hermenêutica da Facticidade: sobre Desmitologizando Heidegger
de John D. Caputo. Revista Portuguesa de Filosofia, Braga, v. 59, n. 4, p. 1309-1320, Faculdade
de Filosofia de Braga, 2003.
KAHN, Charles. Sobre o verbo grego ser e o conceito de ser. Iglésias Maura (org.) Cadernos de
Tradução 1, Rio de Janeiro, série Filosofia Antiga 1, Núcleo de Estudos de Filosofia Antiga,
Departamento de Filosofia, PUC-Rio, 1997.
KUSCH, M. Linguagem como cálculo versus Linguagem como meio universal: um estudo sobre
Husserl, Heidegger e Gadamer. Tradução de Dankwart Bernsmüller. São Leopoldo: Editora
Unisinos, 2001.
PARTENIE, Catalin; ROCKMORE, Tom (editores). Heidegger and Plato: Toward Dialogue.
Evanston, Illinois: Northwestern University Press, 2005. (Topics in Historical Philosophy).
RALKOWSKI, Mark A. Heidegger’s Platonism. New York and London: Continuum Publishing,
2009.
REIS, Róbson Ramos. Sentido e Verdade: Heidegger e a “noite absoluta”. In: SOUZA, R. T.;
OLIVEIRA, N. F. (Org.). Fenomenologia hoje: existência, ser e sentido no alvorecer do século
XXI. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001, p. 319-344.
STEIN, Ernildo. Seminário sobre a verdade: lições preliminares sobre o parágrafo 44 de Sein und
Zeit. Petrópolis: Vozes, 1993.
ZARADER, Marlène. Heidegger e as Palavras de Origem. Tradução de João Duarte. Lisboa:
Instituto Piaget, 1990.
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