- Hospital Beatriz Ângelo

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- Hospital Beatriz Ângelo
© Saraiva + Associados, Architecture and Urban Plainning - FG+SG – Fernando Guerra, Sergio Guerra
ESPAÇOS | EDIFÍCIOS | EMPRESAS | 8
visita guiada
Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
Serviço público com o melhor do privado
Inaugurado há um ano, o Hospital de Loures é a primeira parceria pública privada gerida pela
Espírito Santo Saúde (ESS). Fruto de um investimento de 123 milhões de euros, em construção
e equipamentos médicos, constitui um marco na requalificação da oferta em cuidados
de saúde na região de Lisboa e Vale do Tejo e está nomeado pelo Archdaily para Edifício
do Ano 2012. Quase seis anos depois da visita ao Hospital da Luz, uma unidade premiada
que referencia a actividade da ESS em Portugal, a Instalação Profissional visitou este novo
complexo e estabelece as comparações: entre a qualidade dos serviços e inovação
em equipamento tecnológico, é mais o que os reúne que aquilo que os separa.
Por Ana Rita Dinis | Fotografia: Alexandre Baptista
Inaugurado a 19 de Janeiro de 2012, o Hospital Beatriz
Ângelo deve o nome à primeira mulher que votou em
Portugal (1911), igualmente a primeira médica a realizar uma cirurgia. Reclamado há mais de 30 anos pela
população de Loures e concelhos adjacentes, este hospital resulta de um contrato de parceria público privada
(PPP) entre o Estado Português, a SGHL - Sociedade
Gestora do Hospital de Loures (cujo accionista principal
é a ESS) e a HL - Sociedade Gestora do Edifício (que
tem por accionistas a Mota-Engil, Opway, Banco Espírito Santo, ESS e Dalkia).
O acordo prevê a concepção, projecto, construção,
financiamento, conservação e manutenção do Hospital
pela HL, sob um contrato a 30 anos, e a gestão do
estabelecimento, equipamento hospitalar e médico,
e prestação de cuidados de saúde pela SGHL, por um
período de 10 anos.
Em seis pisos, um deles abaixo de solo, e quase
70 000 m2 de área bruta de construção, o Hospital
oferece os seguintes serviços: especialidades médicas:
cardiologia, dermato-venerologia, doenças infecciosas,
endocrinologia, gastrenterologia, imunoalergologia,
medicina interna, nefrologia, neurologia, oncologia
médica; especialidades cirúrgicas: angiologia/cirurgia
vasc., cir. geral, cir. plástica rec., obstetrícia/ginecologia, oftalmologia, ortopedia/traum., ORL e urologia;
diagnóstico e terapêutica: anatomia patológica, anestesiologia, imunohemoterapia, medicina física reab.,
medicina nuclear, patologia clínica, e radiodiagnóstico.
Uma oferta praticamente completa que pretende servir
os cerca de 320 000 habitantes (de acordo com os últimos Censos) dos concelhos de Mafra, Loures, Sobral
de Monte Agraço e Odivelas.
Dois hospitais; o mesmo conceito
Para que nenhum detalhe fosse deixado ao acaso,
a visita da Instalação Profissional ao novo Hospital
foi acompanhada por anfitriões de luxo. Além de Ivo
Antão, administrador da Espírito Santo Saúde (curio-
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Distribuído por 6 pisos, o Hospital de Loures inclui espaços diferenciados, em função dos vários serviços, com percursos estipulados por cores. Com uma área de influência superior
a 300 000 habitantes, esta unidade ainda não atingiu a lotação
samente, o nosso guia na visita ao Hospital da Luz em
2007) e de José Moreira, director de infra-estruturas,
manutenção e equipamento do Hospital (DIME), contámos com a participação de Ricardo Pinto, director na
Mota-Engil Ambiente e Serviços, e de José Luís Silva
Rodrigues, director geral da HL Manutenção (unidade
contratada para a manutenção do edifício e instalações
especiais). Pelo caminho, contudo, foram-se juntando
outros técnicos, como Ricardo Filipe, para esclarecimentos técnicos aprofundados. Além disso, merece
nota nesta reportagem a contribuição preciosa de
Fernando Jorge Almeida, director da Layout, empresa
responsável pelas Instalações Eléctricas, Instalações
Mecânicas de AVAC, Gases Medicinais, Esterilização,
Cozinhas, Lavandarias, Cogeração, Instalações Hidráulicas, Robótica,Transporte Vertical, Segurança Integrada, Certificação Energética e todas as Instalações
Especiais.
Começamos a conversa com Ivo Antão e com os desafios de construção, uma empreitada entregue ao consórcio Mota-Engil/Opway que não ficou sob supervisão
directa da ESS que actuou apenas como consultor. Sem
atrasos, as obras começaram em Janeiro de 2010 e
foram finalizadas dois anos depois.
Como recorda o administrador da ESS, as primeiras
semanas de 2012 foram efectivamente as mais “aceleradas”: “O consórcio entregou-nos o edifício a 2 de
Janeiro e até dia 19 recebeu-se e instalou-se a maioria
dos equipamentos médicos e hospitalares, o que constituiu um grande desafio”. José Moreira, que entrou no
projecto com a obra em curso, corrobora esta memória
acrescentando que nesta fase ainda se encontravam
em formação alguns dos colaboradores do Hospital (na
sua grande maioria recrutados ao SNS).
Operador privado de saúde de referência, a ESS
estreia-se com o Hospital de Loures num novo modelo
de negócio, um desafio diferente para o grupo que
nem por isso se torna menos exigente: “Do ponto
de vista da oferta, não vemos este negócio com dois
pesos e duas medidas. Em termos de operação clínica, entre a nossa oferta pública e privada, é tudo
exactamente igual. Mas, como é óbvio, o contexto é
diferente; o pagador é diferente. Deste modo, no que
se refere a estratégia, as coisas não
são iguais. Se no privado temos
liberdade para definir a estratégia,
aqui estamos condicionados pelo
que é definido pelo Estado”, afirma
Ivo Antão, salvaguardado que, ao
contrário de outras PPPs, aquela que
gere o Hospital de Loures suporta
riscos acrescentados, estando inclusivamente dependente da efectiva
José Moreira, responsável
pela direcção de infra-estruturas,
manutenção e equipamento
do Hospital, e Ivo Antão,
administrador da Espírito Santo
Saúde, foram os principais guias
da Revista IP nesta visita
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O Hospital Beatriz Ângelo integra alguns equipamentos
médicos únicos em Portugal, como a câmara gama
Siemens Symbia E, que incorpora a mais recente
tecnologia de detectores
produtividade e afluência registada nos serviços (o
que muitas vezes é impossível de controlar, visto que
depende do encaminhamento e vontade de terceiros).
Na grande maioria das valências, Ivo Antão e José
Moreira comparam os Hospitais de Loures e da Luz,
assegurando que a filosofia de funcionamento e
qualidade de serviço são as mesmas, sendo que inclusivamente o novo Hospital “tem o dobro do tamanho
em infra-estruturas” e, em algumas especialidades,
incorpora equipamentos médicos mais sofisticados
que o anterior, em função da disponibilidade à data da
abertura. “Não fizemos aqui diferença face aos nossos
outros hospitais. Tal como na Luz, onde procurámos a
tecnologia que acreditávamos ser a mais adequada,
de maneira a ter um hospital actualizado com o que
de melhor existia, aqui fizemos o mesmo para as especialidades existentes e adquirimos o mesmo tipo de
plataformas, naturalmente com a actualização devida”,
conta Ivo Antão.
Entre os equipamentos médicos do novo Hospital estão
algumas das soluções mais avançadas para o diagnóstico por imagem, como por exemplo a câmara gama
Symbia-E, primeira deste modelo em Portugal ou o
TAC, um equipamento de última geração que de forma
automática auxilia o operador na execução dos exames,
sugerindo os parâmetros mais adequados com menor
dose de radiação - ambos equipamentos Siemens.
E se dúvidas havia sobre as semelhanças entre o
Hospital da Luz e o de Loures, estas começam a
desfazer-se se pensarmos na arquitectura, visto que
a ESS recorreu ao mesmo atelier espanhol, Pinearq,
e especificamente ao arquitecto Albert Pineda, para
a definição das suas principais linhas de desenvolvimento e interacção entre espaços e serviços. O
projecto de arquitectura esteve também a cargo do
gabinete Saraiva + Associados.
O complexo único, que aparenta tripartir-se exibindo
diferentes cotas, divide-se então por 5 pisos mais
cave. No piso -1 encontram-se 260 lugares de estacionamento (para colaboradores) e uma grande área
de serviços de apoio geral (cozinha, datacenter, rouparia, manutenção, gestão técnica, central de limpeza,
restaurante, vestiários, central de resíduos, arquivo
clínico, etc.) e de apoio médico (centro laboratorial,
serviços farmacêuticos, casa mortuária, etc.). No rés-do-chão alojam-se as áreas de ambulatório (consultas
externas, urgência, Hospital de dia, etc.), de apoio
médico (imagiologia, medicina nuclear, administração,
serviços administrativos, etc.) e um centro de formação
permanente. No primeiro piso, mantém-se uma área
dedicada a ambulatório e outra a apoio médico (bloco
operatório, bloco de partos, unidade de cuidados intermédios e intensivos, etc.). Os restantes pisos (2, 3 e 4)
destinam-se a diferentes unidades de internamento.
À direcção de infra-estruturas, manutenção e equipamento, liderada por José Moreira, cabe monitorizar
a manutenção de todas as instalações do edifício
(assegurada pela HL Manutenção com cerca de 25 pro-
Na Sala de Segurança, as imagens do sistema de videovigilância são monitorizadas em dez monitores LCD e um ecrã
plasma de 42” Siemens, empresa responsável pelo fornecimento e instalação da maioria das soluções de segurança
As câmaras Siemens que compõem o sistema de CFTV
(142 unidades), maioritariamente fixas, são analógicas
e distribuem-se pelo interior e exterior do hospital
fissionais) e fazer a gestão do parque de equipamentos
médicos (cerca de 4000). Uma empreitada de monta,
se considerarmos que o hospital está actualmente em
processo de certificação obrigatória ISO 9001 e 14001,
e a ultimar os procedimentos para acreditação junto da
Joint Commision (específica para unidades de saúde).
Segurança integral Siemens
A primeira paragem de âmbito técnico na nossa visita
dá-se na Sala de Segurança, onde se juntam a nós
Ricardo Pinto da Mota-Engil e José Luís Rodrigues da
HL Manutenção.
A partir desta sala, vigiada 24h/24h, são controlados
todos os sistemas que garantem a operação diária do
Hospital, com excepção da GTC. Estão aqui alojadas as
centrais de alarmes e os bastidores dos sistemas de
segurança, fornecidos na sua totalidade pela Siemens,
nomeadamente, os sistemas automáticos de detecção
de incêndios, extinção de incêndios, detecção de
gases, intrusão e roubo, controlo de acessos, circuito
fechado de televisão (CFTV) e sistema de gestão centralizada de perigos.
Como descreve, Francisco Rosa, Business Development da unidade Building Technologies da Siemens, o
sistema de CFTV é analógico, distribui-se pelo interior
e exterior do hospital, e é constituído por 142 câmaras
fixas Siemens e duas câmaras móveis. As imagens são
monitorizadas em doze monitores LCD e um ecrã de
plasma Siemens de 42”, em duas estações de trabalho
(interior do Hospital e Parque exterior). O registo das
imagens é assegurado por onze gravadores digitais
Siemens da gama Sistore.
Por sua vez, o sistema de protecção contra incêndio
baseia-se na reconhecida gama Sinteso e é composto
por três centrais modelo FC2060, 25 painéis repetidores FT2011, 100 botoneiras de alarme, 150 módulos
de comando FDCIO222 e 20 sirenes. Os detectores,
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As centrais de alarmes encontram-se
instaladas na Sala de Segurança. A protecção
contra incêndio baseia-se na gama Siemens
Sinteso e é composta por três centrais
e quase 3 mil detectores ópticos e térmicos
espalhados por todo o complexo
espalhados por todo o complexo, baseiam-se em
tecnologia óptica (2700 unidades FDO221) e térmica
(200 unidades FDT221).
Ainda no campo da segurança, foi integrada uma solução de controlo de acessos Siemens SiPass nas zonas
críticas do hospital, nomeadamente nos laboratórios,
espaços de neonatologia, farmácias, etc.. Ao todo,
foram instalados 30 leitores de cartões magnéticos de
proximidade, controlados a partir de uma central. A solução em causa permite uma parametrização à medida
das necessidades específicas de cada área a proteger.
A detecção de intrusão é assegurada por uma central
Siemens modelo Sintony 410, que vigia e detecta
qualquer ocorrência de violação dos pontos de possível
acesso ao interior do edifício, bem como zonas críticas
no seu interior, como as zonas técnicas (cerca de
120 pontos).
Todos os sistemas fornecidos pela Siemens estão
integrados numa plataforma de gestão centralizada
Todos os sistemas fornecidos pela Siemens estão
integrados numa plataforma de gestão centralizada
de perigos, a MM8000, a partir da qual se podem
monitorizar conjuntamente os sistemas e promover
funções de interactividade
de perigos, a MM8000. “Esta complexa integração
suportada num software proprietário destina-se à
integração dos diferentes sub-sistemas de segurança,
bem como à promoção de funções de interactividade
entre esses sistemas, para assim se obter uma protecção de todo o complexo hospitalar”, refere Francisco
Rosa, adiantando que “o planeamento apertado para
a conclusão do projecto”, constituiu o maior desafio
para a Siemens.
Num balanço sobre o resultado final do projecto,
Francisco Rosa acredita que este consubstancia todo
o know-how da Siemens, titular de inúmeros projectos
na área da saúde — de que é exemplo o Hospital da
Luz —, na resposta aos desafios apresentados pela
segurança em edifícios. “O balanço foi extremamente
positivo tendo em conta que a equipa de projecto
conseguiu ir apresentando soluções para os vários cenários que foram surgindo ao longo de todo o processo.
Com este projecto a Siemens consolida a sua posição
no âmbito do fornecimento de soluções costumizadas
para o sector hospitalar”, finaliza.
No campo da segurança merece ainda nota a integração de um sistema anti-rapto de bebés na pediatria
e maternidade. Trata-se da solução BabyMatch da
marca israelita Visonic Technologies, representada em
Portugal pela Infocontrol que já integrou o sistema em
mais de 30 unidades de saúde.
Através da utilização de sofisticadas pulseiras electrónicas, colocadas nos bebés, o BabyMatch, que utiliza
a tripla tecnologia patenteada IRFID (identificação por
infra-vermelhos e radiofrequência), monitoriza activa e
permanentemente a localização das crianças em tempo
real, produzindo alarmes áudio ou vídeo automáticos
sempre que existe uma tentativa de sabotagem da pulseira; a criança é detectada numa zona não autorizada;
ou os sinais da pulseira deixam de ser detectados.
O BabyMatch pode igualmente, através do software
EIRIS, activar diversas acções para maior segurança,
como registar imagens CCTV, comandar portas e elevadores e localizar pessoal médico. Além disso, pode
existir um conjunto único de duas pulseiras, sendo uma
colocada no bebé e outra na mãe. As duas pulseiras
são electronicamente correspondentes, o que evita a
troca de bebés.
Os armários RFID desenvolvidos pela Datelka foram
eleitos pela ESS para a gestão e controlo da entrada
e saída de medicamentos na farmácia do hospital. Os
produtos armazenados nestes armários “inteligentes”
são identificados com uma etiqueta RFID que permite
a sua detecção à distância, sem necessidade de linha
de vista
Armários inteligentes RFID
Exemplo da valorização da segurança no novo Hospital
é também a área da Farmácia, onde se integrou uma
tecnologia inovadora: o sistema de controlo de medicamentos com identificação por radiofrequência (RFID)
desenvolvido pela Datelka.
“O projecto que desenvolvemos é um processo de
controlo e gestão de utilização de produtos médicos.
Baseia-se em armários com capacidade de detecção
dos produtos armazenados, que monitorizam as utilizações e registam a retirada dos mesmos. A solução está
já em funcionamento no Hospital de Vila Nova de Gaia
e terá uma expansão significativa, este ano, nos hospitais da Galiza”, afirma Carlos Alfaiate do departamento
comercial da Datelka.
Os produtos armazenados nestes armários “inteligentes” são identificados com uma etiqueta RFID que
permite a sua detecção à distância, sem necessidade
de linha de vista, ao contrário do que acontece com os
códigos de barras.
Depois de retirar os produtos, o utilizador fecha a
porta do armário que efectua uma leitura do conteúdo restante. A diferença entre a primeira e a
segunda leitura corresponde aos produtos retirados
e deve equivaler aos indicados na receita. Caso não
corresponda, o sistema detecta automaticamente a
anomalia.
O Armário pode funcionar individualmente, conectado a
um computador ou à rede informática, e adquire a sua
máxima potencialidade quando se integra num processo
mais extenso, verificando a rastreabilidade dos produtos
desde a entrada no hospital à distribuição interna.
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Esta solução da Datelka utiliza a tecnologia de RFID,
na gama UHF, seguindo as normas de codificação EPC
(Electronic Product Code) Gen II que vem substituir o
EAN (European Article Number) cuja face visível é o
actual código de barras. Embora o seu aspecto exterior
seja semelhante, na forma de uma etiqueta, duas características básicas distinguem estes dois suportes: a
leitura tem de ser feita com linha de vista e para lotes
de produtos a informação contida no identificador é
actualizável em qualquer ponto da cadeia. Com o
sistema EPC, passa a ser possível obter informação de
todos os produtos existentes numa área controlada,
inscrever na etiqueta a data de validade e controlar
quantidades movimentadas - tudo a partir de qualquer
ponto da rede.
A capacidade de escrita confere ainda a possibilidade de
associar a cada elemento um número de série e o lote
do fornecedor. Deste modo, a rastreabilidade é possível,
desde o lote de fabrico ao momento da aplicação. Entre
as restantes vantagens do sistema estão a monitorização automática de prazos de validade; possibilidade de
recolha de todos os produtos de um lote; supressão de
rotura de stock, com o conhecimento da existência do
produto numa outra unidade; e validação contra erros de
operação nas acções de recolha e abastecimento.
Transmissão de cirurgias
em tempo real e HD
O centro de formação do Hospital, que contempla um
Auditório e salas complementares, encontra-se alojado
no piso 0.
Totalmente equipado o Auditório, integra um sistema
de som configurado pela Garrett, empresa igualmente
responsável pelo fornecimento e instalação das soluções áudio para sonorização e chamada de voz nas
zonas públicas, quartos e blocos operatórios. O hospi-
O Auditório, muito usado para sessões de formação, está totalmente equipado
para as mais exigentes sessões, com sistema de projecção, conferência
e de som. Neste último caso, o fornecedor foi a Garrett (como aliás para
toda a distribuição de som do Hospital), que elegeu para o espaço
amplificadores e colunas dB Technologies e matrizes áudio Atëis
tal dispõe assim de um sistema de difusão sonora para
difusão de mensagens de voz, mensagens automáticas
– segurança e, também, música ambiente a partir de
fontes musicais (quartos de internamento, salas de
estar, salas de espera). O sistema permite o tratamento
independente, selectivo e simultâneo de diferentes zonas do hospital. Permite também estabelecer uma lista
de prioridades predefinidas e uma individualização das
zonas igualmente predefinidas.
Os sistemas de som/chamada baseiam-se em matrizes
áudio e distribuição da marca Cloud, amplificação AMC
rack, altifalantes RCF e Bosch. A sonorização dos quartos foi executada com equipamentos Cloud e Marpac.
Para o Auditório em si, a Garrett elegeu amplificadores e
colunas da dB Technologies, matrizes áudio Atëis, microfones Beyerdynamic e um sistema de conferência RCF.
Nas palavras de Nuno Vinhas, no global, a Garrett
faz uma apreciação positiva do resultado do projecto:
AWEX - Sistema de iluminação de emergência C-Rubic
Nos edifícios onde é necessário instalar um grande número de armaduras de emergência independentes, existe sempre dificuldade em controlar o estado de todas elas, porque o seu controlo manual exige muito
tempo e, por vezes, existem dificuldades de acesso, perturbando-se o
normal funcionamento das instalações.
Para resolver este problema, a Awex desenvolveu o C-Rubic, um sistema projectado para monitorizar o funcionamento dos equipamentos
de iluminação de emergência com fontes de alimentação individuais e
endereços exclusivos.
O sistema Rubic instalado no Hospital de Loures executa testes
periódicos, como a verificação do estado das baterias, do estado
das lâmpadas e da correcta comunicação entre as armaduras e a
unidade de controlo (registados em
cartão SD). Além disso, permite a
programação de até 250 armaduras
com endereços únicos por cada
carta de rede. Cada unidade de
controlo permite a monitorização
de 4 cartas de rede com um número
máximo de 1000 armaduras (sendo
possível a monitorização por grupos de armaduras). Está ainda prevista a possibilidade de expansão
até 10 unidades de controlo e estabelecer uma rede de monitorização de até 10 000 armaduras que são controladas por uma unidade
Rubic mestre.
A distância máxima entre o Painel Central (que inclui um interface em
ecrã LCD) e a armadura de emergência mais distante sem amplificador é de 1200m se for utilizada a tipologia “daisy-chain”, caso contrário é de 900m. Esta distância pode ser estendida se forem utilizados
repetidores de sinal na linha.
A ligação ao PC é feita através de interface e software específico para
visualização do sistema.
Como garante a própria Awex, com este sistema é possível monitorizar as armaduras de emergência e o seu estado de funcionamento e
operação (inclusive remotamente),
verificar os testes, inibir o modo de
emergência, alterar a data e hora do
sistema, verificar as configurações
da unidade de controlo, as listas de
erros e as configurações das cartas.
Existe ainda a possibilidade de se
activar/desactivar o modo de operação nocturna, dividir o sistema em
grupos e estabelecer os parâmetros
de teste.
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Uma das mais-valias das salas de formação da ESS
é a possibilidade de transmissão de cirurgias em
tempo real e com qualidade HD. A plataforma IP
que suporta esta funcionalidade foi desenhada
pela portuguesa Wired, na foto representada
por José Rodrigues, e baseia-se apenas em
aplicações e pequenas unidades de computação
“Os desafios passaram pela dimensão do projecto
(quantitativamente) e pelo espaço temporal reduzido.
Consideramos internamente que o objectivo foi plenamente atingido, consideração essa reforçada pelo
feedback positivo da Mota-Engil”.
Polivalente, o Auditório possui ainda uma solução de
projecção composta por uma tela e um projector Christie DHD670-E. Trata-se de um modelo HD DLP de um
chip, que oferece 5800 ANSI-lúmens e uma relação de
Grandes números
320 000 - Habitantes/Área de influência
69 544 m2 - Área Bruta de Construção
151 698 m2 - Área do Terreno
19 000 m2 - Área de Implantação
1269 - Lugares de estacionamento
1200 - Colaboradores
(290 médicos/370 enfermeiros)
424 - Camas (internamento)
44 - Gabinetes para consultas
93 - Postos médicos (Hospital de Dia)
126 000 - Atendimentos urgência/ano
(previsão)
8 - Salas bloco operatório
3000 kVA - Potência de Geradores
16 000 - Pontos controlados pela GTC
5 - Chillers
79 - UTAs
1013 - Ventiloconvectores
55 - Painéis solares
12km - Fibra óptica
294km - Cabos de cobre
38,5km - Cabos de electricidade
6520 - Luminárias
até 5000:1. Este equipamento pode projectar dois sinais em simultâneo (‘side by side’) e liga-se a uma sala
de formação, caso a lotação do Auditório se esgote.
Estas soluções de imagem e som são conjugadas na
plenitude quando se realizam sessões com transmissão de cirurgias em tempo real, um método de formação muito optimizado pela ESS, confirma Ivo Antão.
Esta transmissão é actualmente assegurada por uma
solução “mundialmente inovadora” criada pela empresa Wired que consegue disponibilizar ao Hospital
a transmissão em Full HD recorrendo a tecnologia IP.
Como nos explica José Rodrigues da Wired, a solução
é constituída por várias aplicações de software. “Há
uma aplicação de gestão onde é construído todo o
layout associado ao media necessário, vídeo, streams,
etc. Neste caso concreto, existiam algumas câmaras
dentro do bloco operatório e há uma outra unidade
nossa que recebe esse sinal de vídeo e o transmite,
via rede, em tempo real. Depois existe outra aplicação,
noutro local remoto, que tem outra componente de
software e que também pode receber esse streaming
em tempo real. Além disso, essa componente permite
compor outro tipo de elementos, gráficos, vídeos, ou
outros inputs, apresentando streaming de forma personalizada. A grande vantagem é que todo o sistema
funciona e é manipulado em tempo real e baseia-se
em IP”.
Esta é uma solução muito flexível que substitui
os tradicionais sistemas de videoconferência, visto
que é transportável e apenas requer uma ligação à
rede. “Podemos ter vários hospitais a fazer cirurgias
com transmissão live em simultâneo, e em HD, sem
necessitar de uma infra-estrutura proprietária dedicada. Depois, alguém no auditório pode ver as três
operações e comunicar com os cirurgiões”, descreve
entusiasmado Ivo Antão.
Ao nível das soluções audiovisuais que apoiam a
actividade do Hospital de Loures, destacam-se ainda
os ecrãs LCD LG integrados nos quartos (com acesso
a todos os canais MEO, incluindo SportTV), e os ecrãs
que entretêm os pacientes e acompanhantes nas
áreas de espera e recepção do edifício. Esta rede de
ecrãs está unificada sob um sistema de Corporate
TV, desenvolvido pela Mobbit, e que se repercute
em todas as unidades do grupo ESS. O sistema de
Corporate TV inclui o sistema de Gestão de Filas de
Espera que, por sua vez, está integrado com o sistema
ADT (Admission Discharge Transfer), uma solução de
georeferenciação que segue o ‘percurso’ do paciente
dentro do Hospital.
A prestação dos cuidados de saúde é também suportada por tecnologias de informação de última geração,
como o processo clínico electrónico Soarian, desenvolvido pela Siemens, que apoia as decisões clínicas.
Iluminação especializada Trilux
O sistema de iluminação implementado no Hospital
de Loures, de acordo com o preconizado no projecto,
teve como prioridade o princípio de sustentabilidade
do edifício e veio adaptar-se à abundante iluminação
O sistema de Corporate TV que ajuda a distrair os utentes
em espera, é suportado por uma rede de ecrãs LG. Desenvolvido
pela Mobbit, este sistema acompanha todas as unidades de saúde
do grupo ESS e integra o sistema de Gestão de Filas de Espera
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Nas áreas de circulação a iluminação é emitida por
downlights do tipo Compact Dowlight 1x42. A boa
dispersão do feixe de luz deste aparelho permitiu
um elevado espaçamento entre luminárias mantendo
um bom nível de iluminação ao nível do solo
natural, favorecida pelo projecto de arquitectura, aliás
imagem de marca do arquitecto Albert Pineda.
Factores como a minimização do consumo de energia e
a optimização de manutenção de equipamentos foram
considerados fundamentais na escolha do tipo e marca
dos aparelhos de Iluminação, explica Rui Mota pela
LTX, empresa fornecedora da maioria das luminárias
interiores (com excepção dos downlights Siteco, uma
marca Osram).
A iluminação baseou-se, portanto, maioritariamente
em soluções Trilux, marca alemã distribuída em Portugal pela LTX, tendo sido obtido um valor de potência
instalada inferior a 7W/m2.
Foram utilizadas genericamente lâmpadas fluorescentes de tecnologia T5 equipadas com balastos electrónicos e que registam tempos de vida útil de cerca de
20 000 horas.
Nos downlights foram utilizadas lâmpadas economizadoras de várias potências (18w, 26W, 32W e 42W)
de acordo com as necessidades de iluminação dos
diferentes locais.
“O alto rendimento dos aparelhos Trilux permitiu aumentar os seus espaçamentos, sem perda do conforto
visual exigido para este tipo de espaços, bem como
respeitar os níveis de iluminação exigidos, nomeadamente em sala de observação e circulações”, assegura
Rui Mota.
Nos gabinetes médicos foram instaladas luminárias
da gama Enterio (modelo M73_PA_4x14 E) de alto
rendimento. O seu elevado conforto visual é proporcionado por difusores prismáticos em policarbonato que
direccionam a luz para os planos de trabalho.
Nas restantes áreas de trabalho, incluindo as áreas
sociais, foram utilizados equipamentos com diferentes
modulações, mas com o mesmo princípio de funcionamento em termos de Iluminação. As luminárias
A arquitectura privilegia a luz em todas as áreas, nomeadamente nas zonas
de internamento (onde a luz natural é fulcral). Estes quartos estão totalmente
equipados a favor do conforto do utente, incluindo LCDs com acesso a todos
os canais de TV MEO
Enterio (modelo M36_PA_154E) permitiram optimizar a
relação entre interdistância de equipamentos e o nível
de Iluminância proporcionado, mantendo os critérios de
uniformidade exigidos para estes espaços.
A iluminação geral dos Blocos Operatórios e outros
ambientes assépticos foi obtida com recurso a luminárias do tipo Fidesca 2x49 da Trilux. Estes aparelhos de
elevada tecnologia, que garantem um IP65 apropriado
para ambientes sensíveis, nomeadamente no que
respeita a necessidades permanentes de esterilização,
fazem parte da gama de produtos Medical da Trilux.
As zonas de estacionamento também foram incluídas
nesta linha de raciocínio, tendo incorporado luminárias
de alto rendimento da série Oleveon (modelo1x28/54),
com grau de protecção IP66 e corpo dificilmente
inflamável.
Noutras zonas técnicas, a opção passou pela utilização do mesmo tipo de aparelhos, ajustando a seu
dimensionamento às necessidades do maior nível
de iluminação exigido, como por exemplo a Oleveon
modelo 1x35/49.
Nas zonas de circulação a opção recaiu sobre downlights do tipo Compact Dowlight 1x42, com o corpo
e reflector em policarbonato vaporizado a alumínio e
lente protectora para a lâmpada. A boa dispersão do
feixe de luz destes dispositivos permitiu um elevado
espaçamento nestas áreas mantendo um bom nível de
iluminação ao nível do solo.
Todos os aparelhos foram equipados com balastos electrónicos de nova geração de forma a garantirem o menor
consumo dos aparelhos e a maior durabilidade das
lâmpadas utilizadas e são controlados através da GTC.
Em alguns locais, como por exemplo as áreas de
Imagiologia, recorreu-se a balastos electrónicos com
regulação de fluxo, que permite o ajuste dos níveis de
luz em função das necessidades dos utilizadores no
manuseamento dos equipamentos, nomeadamente no
que respeita à utilização de monitores de alta resolução.
Ainda sobre a iluminação, importa referir que a iluminação exterior ficou por conta da Schréder e que se
elegeram aparelhagens eléctricas Legrand.
Como nos indicou a Layout, a rede de alimentação de
energia eléctrica (na base de toda a estrutura de iluminação) foi estabelecida em anel, a partir da rede de
média tensão a 10kV, através de ramais subterrâneos,
Nas restantes áreas de trabalho, incluindo as áreas
sociais, as luminárias Trilux Enterio permitiram
optimizar a relação entre interdistância
de equipamentos e o nível de Iluminância
proporcionado. Estas soluções foram entregues
pela LTX, um dos principais fornecedores de soluções
de iluminação para esta unidade de saúde
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José Luís Silva Rodrigues, director geral da HL
Manutenção, e Ricardo Pinto, Director na Mota-Engil
Ambiente e Serviços, dão o rosto pela garantia
de funcionalidade de todas as tecnologias
e sistemas base do complexo
sendo construído um posto de seccionamento para o distribuidor público, com acesso da via pública, e um posto
de transformação único e centralizado para o Hospital,
com potência de transformação total de 4800kVA.
A rede de distribuição de energia eléctrica é do tipo
radial, a partir do QGBT (Quadro Geral de Baixa Tensão). Foi previsto um segundo QGBT que suporta em
duplicado as cargas consideradas críticas no caso de
necessidade de manutenção periódica do QGBT principal, sem afectação da continuidade de serviço das
instalações consideradas prioritárias.
Embora todo o projecto relacionado com as instalações
eléctricas tenha sido pensado a favor da Eficiência Ener-
gética, a verdade é que o
Hospital de Loures ainda
possui uma margem interessante de poupança
neste segmento, nomeadamente contemplando
um sistema dedicado ao
controlo de iluminação.
O administrador da ESS,
Ivo Antão, concorda com
a observação adiantando
que o Grupo está inclusivamente, neste momento,
a desenhar um plano de
racionalização energética
que poderá prever um
sistema que integre a detecção de presença com
a iluminação, “desde que
se consiga provar a poupança efectiva”. A este
propósito, José Moreira da DIME acrescenta que nem
sempre os automatismos são eficientes em hospitais,
dando como exemplo as necessidades imprevisíveis
dos laboratórios.
Sobre o mesmo tema, Ricardo Pinto toma a palavra para referir que a Mota-Engil também está
a estudar alternativas de poupança energética para o
edifício que favoreçam a redução de custos.
AVAC diferenciado para todos
os espaços
Uma das áreas mais interessantes do hospital, que,
vale a pena referir, tem os circuitos técnicos e de
acesso público muito bem separados, é mesmo o cais
de recepção de materiais, onde se ‘arrumam’ de forma
impressionantemente compartimentada os equipamentos que sustentam as instalações energéticas e de
AVAC. Num dos ‘bunkers’ encontram-se, por exemplos,
os três grupos geradores Inopower - com 1000Kva de
Acabamentos sob compromisso qualidade/preço
Simples em materiais e acabamentos, o Hospital de Loures foi construído sob um caderno de encargos que ponderou, acima de tudo,
a relação qualidade/preço dos acabamentos.
A propósito do tema, Ricardo Pinto da Mota-Engil refere que os materiais escolhidos primam
pela qualidade, superior, em muitos casos, a outras unidades de saúde públicas e privadas.
O isolamento térmico é garantido pelo revestimento a capoto da maior parte das paredes. Outras foram ainda revestidas por vinílicos e papel Vescom.
De resto, a Tarkett aplicou no novo Hospital cerca
de 60 000 m2 de revestimento vinílico, das gamas
IQ Granit, IQ Granit Acustic (que reduz a transmissão de som), Granit Multisafe (para zonas húmidas), IQ Toro SC e Wallgard.
Segundo comunicado da marca, o Hospital optou
pela Tarkett pelas suas soluções específicas para
o sector da Saúde que respondem a exigências
como higiene rigorosa, manutenção dos padrões
de qualidade do ar, resistência à água e químicos,
fácil manutenção e criação de um ambiente adequado para a recuperação de pacientes e para o
trabalhos das equipas de saúde.
Os quartos, gabinetes e restantes locais climatizados,
são tratados com ventilo-convectores do tipo
horizontal, alimentados por sistemas a 4 tubos
potência por máquina - que correspondem a 80% da
potência total de transformação instalada.
Foi ainda previsto um sistema centralizado de alimentação ininterrupta constituído por duas UPS 120kVA,
destinado ao suporte dos diversos serviços de informática, Sinalização e Intercomunicação, Som e GTC. Estas
unidades alimentam um quadro geral que, por sua vez,
alimenta os diversos quadros parciais distribuídos
pelos sectores.
A alimentação dos Blocos Operatórios, Bloco de Partos
e Neonatologia é garantida por duas UPS de 120kVA.
O sistema tem alimentação eléctrica redundante por
trajectos distintos. Por sua vez, a alimentação da UCI,
Unidade de Cuidados Pós Anestésicos (UCPA) e Recobro é garantida por duas UPS de 120kVA. A autonomia
da rede de emergência está ainda salvaguardada com
a instalação de uma cisterna enterrada com capacidade de 15000 litros e as respectivas tubagens e
sistema de bombagem.
Como nos descreve Fernando Jorge Almeida pela
Layout, os sistemas de condicionamento de ar foram
previstos como sistemas centralizados e com constituição base definida pelo grau de exigência de cada
uma das áreas. Os sistemas, alojados no grande cais,
distinguem-se fundamentalmente através dos seus
equipamentos principais: UTA (unidades de tratamento
de ar), UTAN (unidades de tratamento de ar novo),
UVC (unidades de ventilo-convecção) e VC (ventilo-convectores). Os quartos, gabinetes e restantes locais
climatizados, são tratados com VCs do tipo horizontal
de tecto, alimentados em água fria e quente por sistemas a 4 tubos. A renovação de ar novo destes locais é
assegurada através de UTANs.
Além disso, foram considerados sistemas de tratamento de ar específicos em vários locais, conforma
estipulado nas normas em vigor para os complexos
hospitalares.
Para controlo da humidade nos diversos espaços foram
previstos humidificadores a vapor, associados às UTAs.
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Muito bem compartimentado, o cais de de cargas e descargas do complexo hospitalar dá serventia a várias boxes
onde se alojam os sistemas ‘pesados’ da unidade, de que é exemplo a Central Térmica para produção de água aquecida
e água refrigerada
Ainda no que respeita às instalações mecânicas, o
Hospital integra uma central térmica para produção
de água aquecida e água refrigerada. Para a produção
de água aquecida foram instaladas três caldeiras de
fundição, equipadas com queimadores de gás natural,
com a potência de aquecimento de 1150 kW. A cargo
da produção de água arrefecida estão três chillers
Daikin do tipo ar/água, a refrigerante R134a, com a
potência de arrefecimento de 1 200 kW, tendo dois dos
chillers recuperação de calor que é usada para o pré-aquecimento de água quente sanitária. O aquecimento
de água sanitária é apoiado por seis depósitos de acumulação de água quente com a capacidade unitária de
3000 litros. Para apoiar o pré-aquecimento foi também
previsto e instalado um sistema com 55 colectores
solares, equipado com depósito de pré-aquecimentto
com a capacidade de 4000 litros.
Uma GTC para 16 000 pontos de controlo
A rede de voz e dados do Hospital Beatriz Ângelo
baseia-se num sistema de cablagem estruturada que
disponibiliza linhas de comunicação de forma integrada
aos diversos locais. A rede tem uma configuração de
estrela hierarquizada dupla com origem no bastidor
principal (datacenter), até aos bastidores secundários
por fibra óptica (12km), constituindo-se um backbone
(com 32 pólos técnicos) de alta capacidade e fiabilidade. A disponibilidade dos serviços é garantida
através de uma topologia redundante de fibra óptica
por trajectos distintos. A distribuição horizontal é realizada com cabos de Cat. 6 (294 km).
A solução permite ao hospital dotar os utilizadores de
todo o tipo de serviços IP actuais e futuros, de que é
exemplo o sistema de procura de pessoas, suportado
numa solução de telefonia IP da Cisco, e que pode integrar qualquer tipo de terminais, sejam telefones sem
fios de tecnologia DECT, Wireless LAN, VoIP, ou outros.
Está ainda disponível uma rede de comunicações
wireless (access points Cisco) e, neste momento, o
Hospital prepara a instalação de uma rede que suporte
as comunicações de todos os operadores móveis.
Para compreender na plenitude a utilidade e eficácia
de todas estas ligações, visitamos a sala onde se aloja
o sistema de Gestão Técnica Centralizada, supervisionado por Pedro Silva, o técnico do Hospital da Luz
responsável pelas adaptações requeridas ao sistema.
A GTC, sob responsabilidade do consórcio Sotécnica/
Mota-Engil/Gaspar Correia e projecto da Layout, foi
desenvolvida pela Sauter Ibérica que, segundo Manuel
Pires, project manager da empresa, recorreu ao know-how já acumulado nesta área específica do mercado,
de que são exemplo: “a maior obra de Gestão Técnica
realizada em Portugal”: o Centro de Investigação da
Fundação Champalimaud; o Hospital dos Lusíadas; o
Hospital da Boavista; ou o Hospital de Majadahonda e
Hospital Sant Pau em Espanha.
Nm Hospital, as atenções centram-se obviamente nas
suas valências mais preciosas para a vida, como os
Blocos Operatórios, UCI, Urgências, e Salas de Observação. É nestas zonas e nos seus sub-sistemas que
se pretende um controlo absoluto e preciso sobre as
condições ambientais, não se descurando os factores
de Eficiência Energética. “Para se assegurar um elevado conforto num empreendimento tão diversificado,
mantendo baixos custos energéticos de exploração,
condução e manutenção das instalações técnicas, é
fundamental que seja utilizado um Sistema de Regulação, Controlo e Gestão Técnica de grande eficiência,
capaz de gerir e controlar o maior número possível de
pontos e equipamentos, por mais complexos que estes
sejam”, refere Manuel Pires. Para o efeito, a Sauter
alocou ao projecto uma forte equipa de engenharia,
constituída por técnicos especializados e coordenada
por um Project Manager com larga experiência nas áreas
do AVAC e Instalações Electromecânicas.
O sistema de GTC instalado interage e comunica
com todos os equipamentos e sistemas principais do
Hospital, nomeadamente chillers, caldeiras UTAS,
Desenhado pela Sauter Ibérica, o sistema de Gestão
Técnica Centralizado é supervisionado por Pedro
Silva e controla, através do software SCADA novaPro
Open, cerca de 16 000 pontos, incluindo elevadores,
sistemas de AVAC, instalações eléctricas, etc.
ventiladores, registos corta-fogo e desenfumagem,
grupos hidropressores, centrais de tratamento de
águas, quadros eléctricos, postos de transformação,
UPS, elevadores (18 elevadores e dois monta-cargas
Schindler), depósitos de combustível, etc.
Além disso, para promover uma eficaz Gestão Energética, a GTC integra ainda todos os analisadores
de rede, contadores de energia, gás e água potável,
bem como os indispensáveis contadores de energia
térmica, cumprindo assim na íntegra o estipulado no
RSECE. Nos quadros eléctricos, para além do controlo
normal dos circuitos de iluminação, promove também
os necessários deslastres de cargas, de acordo com os
diversos cenários transmitidos pelos QGBT.
A solução de hardware adoptada baseia-se num sistema de “inteligência distribuída“, modulo5 Sauter,
com 82 controladores DDC (Digital Direct Control)
e cerca de 550 módulos adicionais, instalados em
Na sala da GTC, está também disponível a aplicação
que monitoriza o sistema robótico móvel para cargas.
O Hospital integra dois veículos auto-dirigidos que
fazem a distribuição de alimentos, roupa e material
de uso hospitalar entre várias áreas pré-determinadas
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43 bastidores de GTC, e interligados em rede Ethernet
por protocolo BACnet sobre IP.
Globalmente, o projecto monitoriza e controla cerca de
12 000 pontos físicos e objectos BACnet, e cerca de
4 000 variáveis em integrações com outros fabricantes, perfazendo um total 16 000 pontos de controlo.
Toda esta informação é supervisionada pelo software
SCADA novaPro Open da Sauter onde são representados os diferentes sistemas e equipamentos a 3D, e os
seus locais de implantação real.
O projecto dispõe de um posto principal, que permite
aos operadores ter acesso a todo o sistema de automação instalado. Todos os eventos podem ser controlados
com a ajuda de relatórios, alarmes, gráficos, dados
históricos e de tendência ao longo do tempo.
Tendo em consideração a dimensão, complexidade
e responsabilidade dos dados, e as estratégias de
controlo a adoptar, optou-se por uma rede TCP/IP,
utilizando para tal a rede estruturada do Hospital em
fibra óptica redundante, que disponibiliza uma vLAN
dedicada ao sistema, devidamente suportada e auditada pelo datacenter do Hospital.
“O sistema pode também ser acedido via web browser,
a partir de qualquer parte do mundo, com todas as
funcionalidades de que dispõe um operador presente
no posto central”, avança Manuel Pires.
A Sauter desenvolveu ainda um módulo especial que
permite, através de filtros configuráveis, o envio para o
sistema de gestão de manutenção de informação relativa às variáveis e equipamentos controlados pela GTC,
nomeadamente leituras, alterações importantes de
estado, eventos ou alarmes. Desta forma, os técnicos
de manutenção e os responsáveis do sector, poderão
dispôr nos seus dispositivos móveis, praticamente em
tempo real, de toda a informação relevante.
“O grau de ‘inteligência’ de um edifício depende em
primeira instância da sua correcta concepção aquando
da elaboração do estudo e projecto. Pretende-se que
seja capaz de responder a todo o instante, com eficácia
Datacenter APC by Schneider Electric
A APC By Schneider Electric foi responsável pela concepção do datacenter onde se alojam os dados críticos ao funcionamento do Hospital.
A pressão exercida para melhorar a eficiência dos hospitais constituiu a principal alavanca de todo este processo, procurando responder
aos problemas clássicos colocados por uma solução de suporte a uma
infra-estrutura (datacenter), como a segurança física, monitorização,
alarmística, continuidade no fornecimento de energia, distribuição organizada de energia no datacenter, arrefecimento adequado e, acima
de tudo, facilidade de upgrade da solução.
Neste sentido, segundo a APC by Schneider Electric, a grande preocupação com a possibilidade de surgir um problema que afectasse todo
o sistema de informação do Hospital de Loures durante um período
prolongado de tempo, fez com que a unidade tivesse que optar por
uma solução muito exigente. De acordo com as necessidades previstas pelo Hospital, “foi desenhada uma solução técnica de elevada
disponibilidade e simultaneamente de elevada eficiência energética”.
Para além dos requisitos de continuidade de serviço, a solução desenhada atinge os seus objectivos com o menor desperdício de energia
eléctrica. Para o efeito, recorreu-se a uma solução de arrefecimento
que permite assegurar um PUE (Power Usage Efectiveness) de 1.3.
Equipamentos instalados
A configuração final do datacenter envolveu a instalação de uma UPS,
modelo Symmetra PX, de entrada e saída trifásica equipada com três
Paulo Lacão (em pé), responsável do datacenter, e outros técnicos que garantem
a continuidade dos serviços e operações a partir deste espaço
módulos de potência de 16 kW/kVA, perfazendo uma potência total de
48 kW/kVA. Dispõe ainda de baterias internas para uma autonomia de
15 minutos. Este equipamento de protecção de energia às cargas informáticas assegura a continuidade de serviço em caso de falha da
rede eléctrica.
Além disso, instalaram-se três unidades interiores de ar condicionado, modelo InRow, de insuflação nos corredores, com uma capacidade individual de 18kW para um total de 54 kW de frio. Esta solução
inovadora assegura a existência de ar frio na frente do bastidor, em
quantidade suficiente e, em simultâneo, recolhe o ar quente na parte
de trás dos bastidores.
Foi ainda integrada uma unidade de distribuição de água fria (CDU),
que serve de distribuição dos caudais de água vindos dos chillers para
as unidades interiores de ar condicionado - por questões de eficiência
energética, a solução de arrefecimento implementada tem a água por
permutador.
Ao todo, foram montados doze bastidores para servidores, incluindo
distribuição de energia socorrida duplicada em cada bastidor com
monitorização individual do consumo. No sentido de proporcionar
uma solução flexível e adaptável às novas realidades, nomeadamente a crescente compacticidade dos sistemas e frequentes mudanças
tecnológicas, os bastidores instalados são uniformes com uma altura
42 U (2000 mm), uma largura 600 mm ou 750 mm para bastidores de
cablagem estruturada, 1070 mm de profundidade, e possibilidade de
receberem até 4 PDU (Unidades de Distribuição de Energia) na parte
de trás.
Os bastidores possuem porta frontal com grelha perfurada que permite a refrigeração dos servidores de montagem em bastidor que se
efectua no sentido horizontal da frente para trás. Para melhor gestão
de espaço nos corredores quentes, a porta traseira é seccionada em
duas meias portas com 300 mm (375 mm nos bastidores de 750 mm)
igualmente perfurada em toda a sua área proporcionando assim uma
saída mais fácil do ar quente na traseira do bastidor.
O datacenter beneficia também de um Hot Aisle Containement, sistema de contenção de ar quente, modelo ACDC1019, com sistema de
contenção de portas deslizantes, com fecho automático. A cobertura
do corredor quente é efectuada com um sistema modular com recurso
a perfis metálicos de suporte a um acrílico transparente.
Este sistema maximiza a eficiência das soluções de arrefecimento
para cargas TI de baixa a alta densidade em bastidor. Disponíveis
nas configurações ao nível do bastidor ou do corredor, estes produtos estão concebidos para separar completamente a alimentação e
os percursos do ar de retorno do equipamento TI. Ideal para qualquer
ambiente TI, a separação do ar assegura o retorno do ar mais quente possível para as unidades de arrefecimento InRow, o que aumenta
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e rapidez, às solicitações das instalações técnicas especiais. O sistema Sauter modulo5 conjuntamente com
o software novaPro Open cumpre cabal e eficazmente
estes objectivos”, afirma Manuel Pires, acrescentando
que a Sauter mantém um contrato com a HL Manutenção que garante uma poupança significativa nos custos
de manutenção do edifício.
Não podemos fechar a porta da sala da GTC sem referir
as restantes aplicações a partir daqui controladas,
como aquela que monitoriza o sistema robótico móvel
para cargas - o Hospital integra dois veículos auto-dirigidos, a baterias e navegação a laser que fazem a
distribuição de alimentos, roupa e material de uso hos-
pitalar, entre diferentes áreas usando inclusivamente
um elevador, e que até solicitam às pessoas que se
afastem do seu caminho. Nesta sala está também
centralizado o sistema de controlo de iluminação de
emergência Awex da Astratec (ver caixa).
Num balanço final sobre o Hospital Beatriz Ângelo, um
ano depois da sua abertura, o administrador da ESS
reconhece a complexidade da operação mas mostra-se satisfeito com os resultados do investimento:
“É uma relação mais complexa, tripartida, nós somos
o inquilino. De qualquer forma, conseguimos encontrar
aqui um equilíbrio. O hospital está a funcionar e temos
conseguido levar água a bom porto”, afirma Ivo Antão.
E aos elogios da própria Mota-Engil ou da HL Manutenção, acrescenta-se o depoimento de um especialista:
“Trabalho há muitos anos em edifícios desta dimensão,
acompanhei vários projectos maiores que este, e o
balanço que faço é que não existiram problemas na
execução deste Hospital. Um dos factos que evidencia
o êxito é que o prazo de construção foi totalmente
cumprido e não tivemos discussões sobre questões de
custo. Não tivemos mais-valias a pagar e penso que há
satisfação de ambas as partes”, resume José Moreira,
a quem caberá supervisionar a continuidade desta
avaliação positiva. n
www.hbeatrizangelo.pt
O datacenter do Hospital de Loures (maior que o do Hospital da Luz) foi concebido pela
APC by Schneider Electric. Este integra três unidades interiores de ar condicionado, modelo
InRow, de insuflação nos corredores. Esta solução inovadora assegura a existência de ar
frio na frente do bastidor e, em simultâneo, recolhe o ar quente na traseira
A Ozona elaborou para o Hospital uma solução de virtualização de desktops com a
tecnologia Xendesktop da Citrix. Os bastidores da solução encontram-se alojados na sala
do datacenter. Para facilitar a criação e modificação do disco virtual, foi também instalado
um Provisioning Server
ainda mais a eficiência, capacidade e previsibilidade do sistema de
arrefecimento. Uma vantagem corroborada por Paulo Lacão, técnico
responsável pelo datacenter do Hospital.
A gestão e monitorização do centro de dados é assegurada pela aplicação StruxureWare. No sentido de proporcionar uma solução integrada e facilmente gerível, todos os diferentes componentes do datacenter têm a capacidade de interagir com uma rede Ethernet sobre
protocolo TCP/IP numa rede privada, directamente com um Swtich, os
quais, por sua vez são encaminhados para um concentrador, o Struxureware Datacenter Basic, que consiste num servidor WEB, com programação base em Linux, cujo objectivo é proceder à integração das
informações referentes aos restantes componentes num só endereço
externo o qual, por sua vez, e utilizando o mesmo tipo de protocolo
enviará a informação para um software proprietário de inventário onde
serão geridos todos os componentes da infra-estrutura. O acesso à
informação é feito através de um browser permitindo a programação
do envio de alarmes críticos por mail ou por SMS.
A composição do datacenter fica completa com uma unidade de Monitorização Ambiental, duas câmaras de videovigilância e oito Sondas
de Temperatura e Humidade, modelo Netbotz. Estas unidades comunicam via rede Ethernet através de uma porta RJ45 de forma a assegurar
a monitorização remota, permitindo detectar zonas de aquecimento,
evitando a avaria dos equipamentos instalados.
Sobre a operação no datacenter, Paulo Lacão acrescenta que os acti-
vos de rede que foram fornecidos pela HP, os servidores são modelos
Dell, os dispositivos de acesso wireless e call management são Cisco
e os sistemas de armazenamento EMC. A monitorização é feita através
da plataforma Spectrum da CA Technologies.
Mais de 600 postos de trabalho virtualizados
O Grupo Ozona, especializado em Virtualização e Cloud Computing,
participou em conjunto com a ESS, na implementação de virtualização
de desktops (VDI) no Hospital de Loures, cujos bastidores se encontram alojados na sala dedicada ao datacenter.
Por parte da ESS, foi definido que seria fundamental a concepção de
um posto de trabalho, que pudesse ser ágil, resistente à mudança e
com fortes capacidades de mobilidade interna, garantindo ao mesmo
tempo a segurança de toda a informação acedida e produzida nos postos de trabalho. Existiu ainda desde o princípio uma preocupação com
o custo ambiental e energético associado ao parque informático. Para
cumprir estes objectivos a Ozona seleccionou tecnologia da Citrix,
tendo-se implementado o sistema Xendesktop para virtualização de
aplicações e postos de trabalho, neste caso equipamentos Dell.
Para facilitar a criação e modificação do disco virtual, foi também instalado o Provisioning Server. Um total de 10 servidores (6 servidores
Xendesktop, 2 servidores Provisioning Server e 2 servidores XenApp),
que actuam como hosts, dão, então, o apoio a cerca de 600 postos de
trabalho virtualizados.