Realojamento da Comunidade Cigana do Vale do Forno: a Partilha
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Realojamento da Comunidade Cigana do Vale do Forno: a Partilha
Realojamento da Comunidade Cigana do Vale do Forno: a Partilha de Uma Experiência DEPGR – Divisão de Estudos Programação e Gestão de Realojamentos – DGSPH – CML Isabel Dias (responsável) Resumo Este texto consiste numa síntese de um trabalho levado a cabo no âmbito do Programa Especial de Realojamento da Câmara Municipal de Lisboa, num Bairro de habitação “provisório”: O Vale do Forno. Este trabalho visou a partilha de uma experiência de realojamento da Divisão de Estudos Programação e Gestão de Realojamentos da Câmara Municipal de Lisboa, experiência sui generis, dada a especificidade das características desta população, não só por ser constituída, na totalidade, por indivíduos de etnia cigana, mas também conferida pelo “percurso habitacional” desta população. Refira-se que este foi um Processo de Realojamento que obrigou a sucessivas necessidades de adequação/reformulação de critérios basilares do realojamento no âmbito do PER. Esta experiência incitou a equipa técnica da DEPGR à reflexão no que concerne às respostas actuais da CML, em termos de realojamento, e a necessidade continua de procura de novas respostas cada vez mais adequadas às necessidades da população a realojar, onde se contemple cada vez mais a diversidade e a diferença, continuando, contudo, na busca da melhor integração habitacional e social das minorias étnicas residentes no nosso Município. Abstract Rehousing of the Gypsy Community from Vale do Forno: Sharing an Experience This text consists of a synthesis of work developed in a transitory housing quarter named Vale do Forno, within the scope of the Special Rehousing Program (PER) of the Lisbon City Council. 1 This work, carried out by The Division of Rehousing Studies, Programming and Management (DEPGR) of the Lisbon City Council, intends to share a genuinely sui generis experience of rehousing, given the specific characteristics of the population under study: not only due to its being composed exclusively of ethnic gypsies, but also given the group’s peculiar “residential trajectory”. We refer to the fact that this task became a Rehousing Process that obliged us to elaborate consecutive readjustments/reformulations of the PER basic rehousing criteria. This experience led the DEPGR technical team to deep reflection with regard to the City Council’s current answers concerning the matter of relodging and the continuous need for searching for new answers, which have to be more and more adapted to the needs of the population to be relodged, regarding diversity and difference. Nevertheless, we are aiming always towards greater residential and social integration of the ethnic minorities living in our Council. INTRODUÇÃO 1 - Motivação para a Apresentação deste Trabalho A motivação para a apresentação desta comunicação decorre da necessidade sentida por toda a equipa técnica da Divisão de Estudos Planeamento e Gestão de Realojamentos, de transmitir, partilhar e reflectir com os presentes sobre uma experiência de realojamento que envolveu um grupo populacional representativo de uma minoria étnica, cigana, residente na periferia, quer do Concelho de Lisboa, quer da Freguesia de Carnide onde o respectivo Bairro Vale do Forno se encontrava localizado. Este projecto de realojamento insere-se no âmbito do PER (Programa Especial de Realojamento), regulamentado pelo Dec.Lei 163/93 celebrado entre o Governo e as autarquias , nomeadamente a de Lisboa, tendo por objectivo geral entre outros, a erradicação de barracas e alojamentos precários, promovendo a integração habitacional na malha urbana das populações abrangidas, desencadeando e potenciando processos de inserção e inclusão social. Este programa contribuiu como factor de valorização e modernidade da nossa cidade, que conservando as suas referências culturais é ao mesmo tempo uma capital europeia anfitriã de outras identidades. A escolha deste projecto, apesar de não ser o mais representativo em termos numéricos no âmbito do PER, resultou das características especificas e 2 qualitativas desta comunidade alvo cigana. Esta problemática foi noticiada pelos órgãos de comunicação social, inclusive pela televisão, tendo exigido o envolvimento de toda a equipa técnica; tratando-se de uma experiência recente, iniciada no último trimestre de 2002 e concluída em Dez/2003, que se julga estar enquadrada num conceito evolutivo mais amplo e dinâmico da demografia, resultante dos novos desafios provocados pela intervenção no social. Não pretendendo enveredar por análises conceptuais e teóricas, embora importantes, pretendemos reflectir e realçar os aspectos decorrentes da prática inserida num serviço de administração local - Edilidade de Lisboa. Este trabalho irá incidir nos seguintes aspectos: Abordagem/Pré-diagnóstico da problemática Caracterização da comunidade cigana/ metodologia utilizada Projecto de realojamento – Estratégias de intervenção Concretização do Projecto de realojamento Análise demográfica comparativa da população Considerações Finais 2 - Pré-Diagnóstico – (Reflexão sobre o Projecto de Realojamento do Vale do Forno elaborado pela equipa) Considerando o prévio conhecimento da problemática da comunidade alvo: - a sua especificidade cultural - o seu percurso habitacional - as suas vivências no Bairro (com características de guetto) - a sua imagem exterior (difundida pelos órgãos de comunicação social) A equipa técnica da DEPGR considerou pertinente a elaboração de um trabalho de pesquisa/reflexão sobre esta realidade, com vista á sua prévia caracterização, à identificação dos principais problemas, de forma a definir estratégias de intervenção que aproximassem o quadro de respostas do Serviço às expectativas da população. Quanto à caracterização sócio-familiar: • famílias maioritariamente nucleares havendo algumas com mais de um núcleo em coabitação; • predominância de casais com filhos jovens e crianças; • existência de elevado grau de analfabetismo na população adulta e de absentismo escolar; • declarado como principal meio de vida a venda ambulante; • elevado recurso ao rendimento mínimo garantido; • existência de economias paralelas ilegais: luta de cães, tráfico de drogas e outras; • isolamento do bairro com forte imagem exterior negativa; 3 • desresponsabilização da população quanto aos deveres de cidadania resultante da ausência de gestão institucional do bairro trazendo como consequência uma “auto gestão anárquica do bairro” (não fixação/cobrança de rendas, débitos à EPAL e LTE, alterações nas estruturas dos fogos, permutas de alojamento e entrada de famílias vindas do exterior). Quanto às expectativas da população face ao realojamento: • manifestação de alguns agregados mais antigos em permanecer no bairro após requalificação do mesmo; • preferência no realojamento em património disperso em bairros municipais (B.º Padre Cruz, B.º Horta Nova, Rego, Benfica, Murtas, Olivais, Picheleira e Chelas) integrados com famílias não ciganas; • realojamento em fogos novos, em fogos térreos ou em andares baixos com acesso para as carrinhas; • preservação das redes familiares “clãs” com laços já existentes e fortemente estabelecidos; • realojamento em separado para cada núcleo independentemente das idades dos casais jovens; • realojamento autónomo das viúvas; • ter em conta a existência de “Contrários”; Tendo em conta esta diversidade de aspectos, e o fluxo de realojamento definido pelo serviço em fogos de 2ª atribuição (fogos T1 e T2) e em fogos novos nos Brºs da Ameixoeira e Bensaúde (T3 e T4), pareceu à equipa técnica a necessidade de equacionar algumas questões: • morosidade no processo de recuperação dos fogos a serem atribuídos; • dificuldades em conciliar os interesses da comunidade com a bolsa de fogos existente (em numero e localização dispersa/aleatória); • previsão das dificuldades de aceitação por parte dos residentes face aos futuros moradores oriundos do Vale do Forno; • concentração excessiva de agregados numerosos nos Bairros de Ameixoeira e Bensaúde. Prevendo-se a complexidade deste realojamento que exigia uma intervenção reflectida por parte da CML, deveria assim integrar várias alternativas, sendo a equipa técnica de parecer, que uma das respostas fosse a eventual recuperação/requalificação do actual bairro passando pela respectiva inserção na malha urbana. Contudo, foi mantida a decisão de realojar todos os agregados até final do ano 2003 em fogos disponíveis e posterior demolição do bairro. 4 I PARTE 1 - CARACTERIZAÇÃO DA COMUNIDADE CIGANA 1.1 - Origem da Comunidade Cigana Abordar a verdadeira origem do povo cigano supõe, antes de mais nada, situarmo-nos num contexto de uma cultura milenar, nómada e ágrafa (sem escrita, de tradição oral). A sua língua - Romaní - tem sido a base do estudo da sua verdadeira história; só na Europa existem uma multiplicidade de dialectos, relacionados entre si, mas muitas vezes ininteligíveis, entre grupos/ comunidades. A língua Romaní pertence à família Linguística Indo-ariana, evidenciando semelhanças com as línguas do Nordeste da Índia. Até hoje, e face a numerosas e persistentes perseguições sociais e culturais ao longo da história, os ciganos têm desenvolvido estratégias de autodefesa e resistência, "fechando-se" aparentemente em relação às outras etnias, que lhes permitiram não apenas, sobreviver, mas manter um núcleo mínimo de "cultura cigana" ( práticas linguísticas, psicológicas e étnicas) que se tem demonstrado extraordinariamente perdurável. Segundo muitos historiadores, linguistas e antropólogos a origem deste povo encontra-se na Índia; daqui emigraram em massa, nos Séculos VIII e IX da nossa era, tendo sido, conforme as opiniões consensuais de especialistas na matéria, a sua origem étnica " Indo- Afegã " . Até ao ano 1000 entraram no Afeganistão e na então Pérsia, onde alcançaram o Norte do Mar Cáspio ao Sul do Golfo Pérsico. 5 Um grupo atravessa a Arménia e o Cáucaso e, posteriormente, a Rússia . Enquanto que outro se desloca para Sul ao longo dos rios Eufrates e Tigre ( actual Iraque ) . Esta última tribo divide-se; uma parte desloca-se para o Mar Negro, outra dirigese para a Síria; o grosso da migração avança para a Turquia Asiática, e o grupo mais meridional circunda o Mediterrâneo através da Palestina e do Egipto. Os limites da expansão, durante algum tempo foram a Inglaterra e a Escócia; no entanto o grupo cigano que ficou na Rússia, segundo se julga saber, alcançou a Escandinávia. Os ciganos que ficaram na Turquia atravessaram o Bósforo e espalharam-se pela Grécia e Península Balcânica, passando posteriormente para a Europa Central e seguidamente para a Península Ibérica entre os Séculos XIV e XV . Segundo o antropólogo, Olímpio Nunes, não se conhece a data exacta da entrada deste Povo em Portugal, no entanto, dois dos documentos mais antigos e conhecidos, são do tempo de D. Afonso V, os que, assinalam a entrada na Península Ibérica e autorizam a circulação temporária de ciganos em Aragão; um datado de Novembro de 1415 e outro datado de 1425, este último ordenando que D. Juan de Egipto Menor e suas gentes fosse "...bem tratado e acolhido" autorizando aquele grupo e cavalos a permanecer durante 3 meses. Entre os séculos XVI e até ao final da monarquia (1910), houve várias tentativas, (através de leis e regulamentos), para erradicar total ou parcialmente os ciganos nómadas de Portugal, ou a força-los a sedentarizarem-se e a integrarem-se na Cultura Portuguesa. Tais decisões, não impediram que estes circulassem por todo o país. 2 - PERCURSO DA COMUNIDADE CIGANA RESIDENTE NO VALE DO FORNO ATÉ À FIXAÇÃO NESTE LOCAL 2.1 - A Origem desta Comunidade A origem da comunidade remonta aos finais dos anos 60. As famílias (cerca de 13 agregados) residiam na Falagueira- Concelho de Amadora em barracas. Na sequência de um incêndio ocorrido no local os agregados foram realojados em casa térreas de habitação social nas Salgadas (Concelho de Amadora). Entretanto, doze dos agregados, vendem as casas e ocupam um prédio em construção, nas Salgadas (Amadora). Mais tarde, são desalojados e criam um Bairro de barracas nas Portas de Benfica 6 (Lisboa). Após 25 de Abril de 1974, a Junta de Freguesia por pressão da população, cede um terreno e materiais de construção para que esta comunidade construísse um novo bairro próximo do Colégio Militar (freguesia de Carnide). Numa primeira fase é instalada a água e numa segunda fase, em 1986, a electricidade. Em 1989, as famílias são realojadas na Rua Conselheiro Ferreira do Amaral em casas de habitação social térrea em alvenaria pela Câmara Municipal de Lisboa. Em 1997 são desalojadas pela “Parque EXPO 98 S.A” por necessidade de desafectação do terreno e realojadas no Bairro do Vale do Forno- Freguesia de Carnide pela mesma entidade. 2.2 - Enraizamento / Fixação no Bairro Se entendermos por enraizamento a criação de ligações ou sentimentos de pertença a um local, neste contexto, constata-se que as famílias mais antigas, (90%) fixaram-se apenas entre 5 a 7 anos num espaço sem equipamentos, serviços de apoio ou comércios, espaços culturais, verdes ou de lazer, factores imprescindíveis para criar ligações ao meio e usufruir do espaço. Efectivamente, o seu percurso não lhes permitiu criar raízes ou o sentido de pertença a um local. Assim dada a localização geográfica, este bairro, desprovido de equipamentos ou serviços apresentava as características de “guetto”. Consequentemente ocorreu uma regressão humana e cultural pois o isolamento desta comunidade face ao meio envolvente e à cidade potencializou sintomas de violência, práticas ilícitas e insucesso escolar. 3 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO 3.1 – Localização Geográfica O Bairro do Vale do Forno localizava-se na periferia da Freguesia de Carnide no limite territorial do Concelho de Lisboa( nas imediações do Bairro Padre Cruz) com o concelho de Odivelas. Este bairro circunscrevia-se ao recinto do antigo Paiol do Exército, junto à Estrada da Circunvalação, confinado entre o aterro sanitário e o Cemitério de Carnide. Aquelas instalações foram adaptadas em habitações pelo “Parque Expo 98 S.A”. Os agregados (cerca de 108) residiram naquele espaço desde 1997 até 2003. 7 Localização do Bairro Ilustração 1 3.2 - Breve Caracterização dos Alojamentos e do Espaço Envolvente Os cerca de 103 alojamentos Vale do Forno situavam-se nas antigas instalações do quartel do exército cujos armazéns / paióis foram transformados em habitações. A construção era de alvenaria com cobertura de telha com duas águas. Os alojamentos, com cerca de 60 a 70 m2 situavam-se ao longo de ruas cujo pavimento é alcatroado e com passeios. As casas dispunham na sua maioria de rede eléctrica, água e esgotos. Neste bairro existiam uma Igreja Evangélica e uma creche e ATL implementados pela Pastoral dos Ciganos. Numa parte de casa estava instalada uma mercearia e uma barraca foi transformada em café, vulgo tasca, únicos equipamentos comerciais clandestinos a funcionar no bairro. O comércio era essencialmente feito na Pontinha e Bairro da Paiã, este último pertencente ao Concelho de Odivelas. Quanto aos transportes públicos, existiam apenas dois autocarros (29 e 68 da Carris). 8 3.3 - Identificação das Instituições de Apoio Quanto às instituições que prestavam apoio a esta comunidade residente no Vale do Forno, eram as seguintes: • a nível da educação apenas a Escola Básica 1 – n.º 167, do Bairro Padre Cruz, o que revela o abandono escolar precoce por parte dos jovens desta comunidade; • a nível de saúde o Centro de Saúde de Benfica, extensão de Carnide, portanto, o Centro de Saúde que cobria a área de residência; • a nível de apoio social, a Pastoral dos Ciganos nomeadamente Centro Majari, o Projecto Comunitário “Príncipes do Nada”, a Santa Casa da Misericórdia, Instituição que mediava a relação entre a população e atribuição do Subsídio de Inserção Social, a Junta de Freguesia de Carnide, a Segurança Social e o Instituto de Emprego e Formação Profissional. 3.4 - Problemas de Saúde No que se refere às situações de doença enunciadas refira-se que maioritariamente se cingem a doenças crónicas comuns (p.e. diabetes, hipertensão arterial, cardio-vasculares, respiratórios e obesidade entre outros), sendo de registar que a maioria da população é saudável. No entanto foram referidas, também , algumas situações que merecem destaque, tais como: situações de deficiência, problemas de alcoolismo, epilepsia e toxicodependência, todavia, com fraca incidência no total desta comunidade. 4 - CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA DA POPULAÇÃO 4.1 - Número de Indivíduos Residentes por Sexo À data do recenseamento residiam no bairro 108 famílias, correspondendo a 426 indivíduos. A distribuição da população deste bairro por sexos aponta para um ligeiro predomínio dos indivíduos do sexo feminino, representando 51,2%, enquanto que os indivíduos do sexo masculino representam 48,8%. 4.2 - Nacionalidade Dos 426 indivíduos recenseados no âmbito do PER verificou-se que a nacionalidade predominante é a portuguesa, totalizando 414 indivíduos. Foi identificado um indivíduo de nacionalidade brasileira e outro espanhola, quanto aos restantes não foi possível apurar qual a sua nacionalidade. 9 4.3 - Estrutura etária Tabela 1 Idades N.º indivíduos 0-4 61 5-9 67 10 - 14 54 15 - 19 53 20 - 24 52 25 - 29 28 30 - 34 24 35 - 39 32 40 - 44 15 45 - 49 9 50 - 54 3 55 - 59 5 60 - 64 4 65 e mais 4 s/informação15 TOTAL 426 Dos 426 indivíduos recenseados apenas foi possível apurar dados relativos à idade de 411 indivíduos. 10 60 - 64 50 - 54 40 - 44 30 - 34 20 - 24 10 - 14 0-4 0 20 40 60 80 Gráfico 1 Destes 411 verifica-se que 235, ou seja, 57% da população do bairro, tem menos de 20 anos, sendo que a maior percentagem, 16%, refere-se aos indivíduos com idades compreendidas entre os 5 e os 9 anos, o que revela o elevado número de nascimentos ocorridos nesta comunidade. Sendo a família um dos pilares fundamentais da sociedade cigana, para além do casamento, o nascimento dos filhos é o marco do reconhecimento do homem pela comunidade. Com o nascimento do primeiro filho, o elemento masculino passa a ser visto como verdadeiro chefe de família enquanto a mulher ganha alguma influência e poder deixando de estar na estrita dependência da sogra. Refira-se ainda que a primeira socialização das crianças é feita no seio da família, onde tem grande peso a tradição, os hábitos e os costumes desta cultura. As crianças são educadas com carinho e sem repressão, com grande liberdade, vendo no pai a autoridade a quem obedecem. Apesar de nesta comunidade apenas 16 indivíduos terem mais de 50 anos, representando apenas 4% do total desta população, não podemos deixar de referir a importância destes indivíduos no grupo dado que a tradição é mantida e perpetuada pelos anciãos. É de salientar que um dos actos fundamentais da família cigana é a solidariedade para com os idosos e doentes. 11 4.4 - Estado Civil Dada a importância da família, e das relações de parentesco na comunidade cigana, o casamento surge como o passo fundamental para a formação da família, no entanto, nem sempre é oficializado através do registo civil. Importa referir que a totalidade dos indivíduos residentes neste bairro são solteiros, porque não oficializaram os laços matrimoniais, mas na realidade a maioria mantém uma união duradoura, aceite e reconhecida pelos familiares e pela comunidade a que pertencem. 4.5 - Tipo de Família Para a análise dos tipos de família existentes no Vale do Forno, procedeu-se à identificação dos tipos dominantes, tendo-se agrupado aqueles com menos representatividade na categoria de «Outros». Há a considerar quatro grandes categorias de tipo de família. São elas: a «família nuclear com filhos solteiros», com 58,3%, a «família nuclear sem filhos e sem outras pessoas», com 14,8%, seguem-se os «isolados», com 11,1%, e as «famílias monoparentais com filhos solteiros», com 6,5%. A categoria de «outros tipos de família» representa 9,3% do total de famílias recenseadas e com informação disponível. Em face dos dados estatísticos expostos, é de concluir-se que uma estrutura etária jovem (indicadora de elevada natalidade) se desenvolve no seio de uma família de base nuclear típica de uma lógica urbana ocidental de «a cada nova família uma nova habitação». No entanto, em termos práticos, e no que se refere aos relacionamentos familiares e sociais, detectam-se no terreno lógicas de família alargada, como por exemplo, a construção de anexos pelos filhos que vão constituindo família ao redor da casa patriarcal. Tipos de Família Núcleo com filhos Núcleo sem filhos sem outras pessoas Monoparental com filhos 9,3% 11,1% 6,5% 58,3% 14,8% isolados outros 12 Gráfico 2 4.6 - Situação Profissional e Económica Como referido anteriormente, a família é para o cigano a unidade de base, sendo nesse quadro que se enquadram também quaisquer actividades económicas. Independentemente do seu grau de sedentarização e de integração, a actividade económica está quase sempre relacionada com o comércio em feiras e mercados, e a venda ambulante. No caso do bairro em análise verifica-se também esta realidade, relativamente aos 160 indivíduos cujos dados relativos à actividade profissional foram apurados. Assim, dos 160 indivíduos, 74 exercem actividade profissional e desses, 72 são comerciantes, o que representa 97% dos indivíduos. A actividade comercial é desempenhada maioritariamente pelos homens, ajudados pelos filhos e pelas mulheres. Constata-se ainda que são as mulheres que se dedicam às tarefas domésticas. A venda é na maior parte das vezes conciliada com outra fonte de rendimento não declarada nomeadamente a "economia subterrânea" visível através de sinais exteriores de riqueza. Saliente-se que grande parte da população, nomeadamente mulheres e jovens, recebem, ou solicitaram, o Rendimento Social de Inserção. 4.7 - Redes Familiares e de Vizinhança / Existência de “Contrários” Verifica-se que nas comunidades ciganas as ligações familiares de sangue e de vizinhança são muito fortes. Com base nas entrevistas efectuadas aos agregados familiares residentes no Vale do Forno verificámos que 44% pretendiam manter as redes de vizinhança dentro da família, apenas 15% pretendiam altera-las, nomeadamente através do afastamento da comunidade cigana. Dos restantes 41% desconhecia-se a opção. Um dos aspectos que caracteriza fortemente esta cultura é a existência de “Contrários”. Sempre que existe um conflito entre duas famílias ciganas, dita o código de honra que seja feita vingança de sangue. Aos elementos das respectivas famílias envolvidas não é permitido cruzarem-se nem frequentar os mesmos locais, pois caso isso aconteça pode levar a situações limite, nomeadamente à morte. 13 Com base nas entrevistas efectuadas, apurou-se que 39% agregados referiram a existência de contrários, com maior incidência no Bairro das Olaias e Ajuda. 34% das famílias referiu não ter contrários e relativamente a 27% não dispomos de informação. 5 - METODOLOGIA Para a realização do levantamento sócio-demográfico deste grupo de famílias foram utilizados os seguintes instrumentos: - Levantamento cartográfico da zona de intervenção utilizando um mapa onde foram desenhados no terreno os alojamentos existentes e atribuído um número de identificação a cada um por ordem crescente; - Levantamento fotográfico de cada habitação, identificando a porta de entrada da mesma, no sentido de complementar o levantamento cartográfico já existente; - Levantamento dos agregados residentes no local tendo como referência a listagem fornecida pela Pastoral dos Ciganos; - Auscultação de interlocutores como fonte de informação privilegiada, no sentido de conhecer num primeiro momento os hábitos e modos de vida da população em questão: a Pastoral dos Ciganos foi um elemento chave visto que permanecem bastante tempo no Bairro onde dispunham de um infantário e ATL; - A técnica de recolha de informação escolhida foi a entrevista semi-directiva como complemento de um questionário, onde constavam as famílias já recenseadas no âmbito do Programa Especial de Realojamento efectuado em 1993 no Bairro de origem (Conselheiro Ferreira do Amaral). Esta entrevista foi feita no sentido de recolher informação de caracter qualitativo e exploratório incidindo sobre questões como preferências quanto ao local de realojamento, redes familiares, de vizinhança e existência de contrários; - Consulta bibliográfica facultada pela Pastoral dos Ciganos, ISCTE, Projecto Príncipes do Nada, Projecto DROM, etc. 14 II PARTE 1 - PROJECTO DE REALOJAMENTO DO VALE DO FORNO 1.1 - Estratégias de Intervenção Uma das estratégias de intervenção mais importantes foi a utilização de interlocutores privilegiados, nomeadamente através de contactos interdepartamentais, onde um mediador da CML teve um papel decisivo que facilitou a entrada no Bairro e a aproximação às famílias e que acompanhou o grupo de intervenção nas visitas domiciliárias aos alojamentos. Através desse interlocutor foi também possível estabelecer o contacto (interinstitucionais), com a única instituição sediada no Bairro, a Pastoral dos Ciganos que, consequentemente, possibilitou a criação de um Gabinete no local, através da cedência de um espaço para atendimento calendarizado à população, com o apoio e presença da Polícia Municipal. O Gabinete foi criado como suporte ao processo de realojamento. Contudo, por incidentes verificados no local e por questões de segurança, foi 15 necessário transferir o Gabinete de Atendimento para o Polivalente do Bairro Padre Cruz. Do contacto efectuado com a população surgiu a necessidade de fazer acções de informação e sensibilização. O Polivalente do Bairro Padre Cruz foi o local escolhido dadas as condições privilegiadas e a sua localização geográfica (proximidade ao Bairro). As acções de informação/sensibilização foram desenvolvidas em parceria com outros Departamentos/Serviços da CML, nomeadamente a Polícia Municipal, Serviço Municipal de Protecção Civil, Departamento de Higiene Urbana e Resíduos Sólidos, Departamento de Planeamento e Projectos, bem como com outras Instituições, Gebalis e Centro de Saúde de Carnide. Estas decorreram entre os dias 13 a 21 de Outubro de 2003, tendo sido os participantes distribuídos por 6 grupos. Cada grupo assistiu a 2 acções, sendo a sua duração de 1 h e 30 m. Os referidos serviços da CML focalizaram vários temas, incidindo sobre: - - Apropriação do espaço público e privado e manutenção e conservação dos fogos - Departamento de Planeamento e Projectos; Higiene e conservação dos espaços exteriores e zonas verdes, dando enfoque relativo a animais domésticos – Departamento de Higiene Urbana e Resíduos Sólidos; Protecção no interior e exterior dos fogos – Departamento de Protecção Civil; Direitos e deveres dos inquilinos - DGSPH – DGPHM – Técnicos Juristas As instituições exteriores à CML, tais como a Gebalis abordaram temas como a organização dos moradores com vista à eleição de representantes de lotes e o Centro de Saúde de Carnide salientou a importância dos cuidados de saúde primários, nomeadamente com as crianças. No decurso das acções efectuadas verificou-se que a população convocada compareceu na sua quase totalidade embora com fraca participação nos temas abordados. 16 III PARTE 1 – CONCRETIZAÇÃO DO PROJECTO DE REALOJAMENTO 1.1 - Classificação dos Agregados Residentes no Vale do Forno Inicialmente classificaram-se os agregados residentes no Vale do Forno em três grupos, em primeiro lugar por Antiguidade/Vínculo contratual com a CML, em segundo por crescimento natural da família/autonomia habitacional e em terceiro por situações irregulares: 1º grupo - Agregados oriundos da Conselheiro Ferreira do Amaral que foram realojados pela Parque Expo, com Contrato de Comodato. A estes seriam atribuídos fogos novos disponíveis nos Bairros Av. Dr. Alfredo Bensaúde e Ameixoeira; 2º grupo – Os núcleos que se autodesdobraram ou que eram desdobráveis, face ao crescimento natural da família original, seriam realojados em fogos de património municipal disperso por vários locais da cidade; 3º grupo – Agregados ou núcleos que tinham sido já indemnizados e/ou realojados em processos de desalojamento anteriores, e os agregados com fixação recente e que não constavam do levantamento efectuado, seriam excluídos do realojamento. 1.2 - Ajustamento dos Critérios de Realojamento Foram ajustados critérios de realojamento e adequação das necessidades e 17 preferências da população face ao quadro de respostas do serviço ao nível de: bairros, fogos e tipologias disponíveis. Nas entrevistas realizadas auscultámos a população no sentido de saber as suas preferências sobre os locais de realojamento, redes de familiares, tendo sido considerado ponto fundamental não serem realojadas junto de outras famílias consideradas “contrárias”. Perante os critérios de realojamento estabelecidos e o números de fogos e tipologias disponíveis, na altura, e pelas características da população, foi necessário ajustar continuamente as situações aos critérios. 1.3 – Adequação das necessidades e preferências da população ao quadro de respostas do serviço Os agregados familiares adequados a fogos T3 e T4 foram realojados nos novos fogos dos Bairros da Ameixoeira, Av. Dr. Alfredo Bensaúde e Alto Lumiar. Os agregados familiares adequados a fogos T1 e T2 foram realojados em casas de 2ª atribuição nos vários Bairros municipais da cidade. As famílias consideradas no 3º grupo, mas que não possuíam alternativa habitacional, foram realojados igualmente nos Bairros já referidos. Um pequeno número de famílias foi excluído do processo de realojamento, por se ter comprovado terem alternativa habitacional. Foram ainda feitos alguns ajustamentos de fogos com a atribuição de fogos de tipologia superior relativamente à constituição de cada agregado. 18 IV PARTE 1 – ANÁLISE DEMOGRÁFICA COMPARATIVA DA POPULAÇÃO 1.1 – Estrutura etária da população realojada A presente análise prende-se com um universo de 97 agregados familiares realojados sendo o número de indivíduos 386 na sua totalidade. Estrutura Etária da População 100% 80% 60% 40% 20% 0% N .º ind ivid uos 0-4 5-9 10 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 65 e mais Gráfico 3 A análise da estrutura populacional dos indivíduos realojados foi efectuada através da divisão dos mesmos em três categorias etárias: a dos “jovens” (0 – 19 anos), a dos “activos” (20 – 59 anos) e a dos idosos (60 e + anos). Os resultados do peso relativo destes três grupos etários revelam que a população recenseada é 19 bastante jovem na medida em que o grupo etário situado entre os 0 e os 20 anos representam 59,1% do total da população realojada. Ao invés, o grupo dos indivíduos com 60 e mais anos apenas representam 1,6% da população, ao passo que o grupo dos “activos” são de 37,8%. 1.2 – Distribuição da população por sexo Distribuição de População por Sexo Gráfico 4 A distribuição da população por sexos aponta para um ligeiro predomínio dos indivíduos do sexo feminino (52,3%) em relação aos do sexo masculino (47,7%), conforme se pode observar no gráfico respectivo. 1.3 – Tipos de profissão Tipos de Profissão 22% 2% 31% 5% 10% 30% F e ir a n te E stu d a n te D o m é stica D e se m p r e g a d a S / I n f o r m a çã o O u tr o s Gráfico 5 A situação perante a profissão foi inicialmente analisada numa perspectiva entre 20 “activos” e “não activos”. Posteriormente foram identificadas actividades profissionais dominantes. Relativamente à situação perante o trabalho verifica-se que os “não activos” são superiores em 69% aos “activos” que representam 31%. Estes últimos são na sua esmagadora maioria feirantes. Analisando o grupo dos “não activos” os mais representativos são estudantes, as domésticas e os desempregados, com 30%, 10% e 5% do total respectivamente. Na categoria de “outros” estão os indivíduos reformados com 1% seguindo-se os comerciantes, motoristas de mercadorias, trabalhadores não indiferenciados e vendedores, sendo o total desta categoria de 2%. É de referir que 22% do total dos indivíduos não mencionou o tipo de profissão que exercia. 1.4 – Principal Meio de Vida Principal Meio de Vida 62,70% 80,00% 60,00% 40,00% 18,90% 14,50% 4% 20,00% 0,00% Trabalho R.M.G. S/ Informação Outros Gráfico 6 Quanto à caracterização do principal meio de vida é de referir que 18,9 % da população realojada aufere uma remuneração proveniente da sua actividade profissional, sendo que 14,5% beneficia do Rendimento de Inserção Social. Em relação ao resto da população, 62,7%, não dispomos de informação. 21 1.5 - Rendimentos Escalões de Rendimento 65,8 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 25,6 20,00 4,4 10,00 1,3 1,8 0,00 0,5 0,3 0,3 0 - 250 Euros 251 - 350 euros 351 - 450 euros 451 - 550 euros 551 - 650 euros 750 - 850 euros 1150 e mais S/ Rendimento Gráfico 7 É de salientar a esmagadora maioria da população que não aufere rendimentos, 65,8% o que vem reforçar a estrutura etária da mesma (jovem) mas também porque há adultos que não declararam rendimentos. Dentro da população realojada que aufere rendimentos a grande parte não excede os 250 euros, 25,6%, sendo que só uma minoria referiu receber uma remuneração acima dos 500 euros. 1.6 - Naturalidade Tipos de Naturalidade 8% 14% 58% 20% Lisboa Amadora Outros S/ Informação Gráfico 8 22 Constata-se pelo gráfico 8 que a população realojada é na sua maioria natural da cidade de Lisboa, 58%, e 20% são naturais do concelho da Amadora, o que confirma o percurso desta comunidade até ao seu enraizamento no Bairro do Vale do Forno. É de referir também que a maioria da população é de Nacionalidade Portuguesa, sendo que existem somente dois elementos de Nacionalidades Brasileira e Espanhola respectivamente. 1.7 – Distribuição dos Agregados por Bairros Municipais Distribuição da População por Bairros de Realojamento 23% Ameixoeira 49% 12% Alfredo Bem Saúde Alta Lisboa Norte Outros 16% Gráfico 9 Dos 97 agregados realojados 49% ficaram no Bairro Municipal da Ameixoeira onde haviam mais fogos municipais por atribuir. 16% foram realojados no Bairro Alfredo Bensaúde e 12% na Alta Lisboa Norte. Os restantes fogos municipais atribuídos situam-se em vários bairros dispersos de Lisboa – Alta Lisboa Sul, Casal dos Machados, Flamenga, Horta Nova, Furnas, Olivais Sul, Padre Cruz, Armador, Sargento Abílio – por se tratarem de bairros onde havia mais escassez de fogos por atribuir. 1.8 – Tipologias Atribuídas 23 Distribuição da População Realojada por Tipologias 50,0 40,0 30,0 48,5 20,0 26,8 18,6 10,0 0,0 5,2 T1 1,0 T2 T3 T3A T4 Gráfico 10 Verifica-se que a maioria da população realojada ocupou fogos de tipologia 3 com 48,5% e tipologia 2 com 26,8% dado se tratar de uma população bastante jovem e com agregados familiares na sua maioria compostos por casais com um, dois ou mais filhos. Os fogos de tipologia 4 foram ocupados por 18,6%da população realojada e os fogos de tipologia 1 de 5,2%. V PARTE CONSIDERAÇÕES FINAIS 24 Qualquer desalojamento motivado por razões urbanísticas ou outras é um processo doloroso para o grupo visado – veja-se, na história da Cidade e a título de exemplo, os casos da construção da ponte 25 de Abril, dando origem ao desalojamento do Vale de Alcântara e realojamento em bairros “transitórios” e descentrados, (Bairro do Relógio, Musgueiras, etc...) - décadas mais tarde, a construção do eixo Norte-Sul, aqui já com realojamento definitivo, mas também em locais, normalmente distantes e contrastantes com as moradas de origem. No caso dos habitantes do Vale do forno, a situação “piora”, dada a história já aqui contada das sucessivas deslocações destas famílias. Por outro lado, a vivência no Vale do Forno foi caracterizada pelo surgimento de situações de violência e uma certa marginalidade, configurada, por exemplo, pelas lutas de cães, ou a entrada no tráfico de drogas... No decurso de todo o processo, houve intensa e activa participação da população alvo, o que se concretizou numa dinâmica de grupo, não isenta de conflitos... Ao longo de todo o processo de desalojamento/realojamento, face ás necessidades sentidas pela população e às suas expectativas, houve que redefinir as estratégias de intervenção durante as sucessivas etapas, para atingir os objectivos propostos. Tendo em conta a complexidade do processo, pensamos que se atingiram algumas metas, a saber: • erradicou-se um bairro com as características de marginalidade e fechado sobre si próprio • houve uma mudança das melhorias das condições de habitabilidade • as famílias foram realojadas em fogos municipais dispersos por toda a cidade, procurando-se a sua integração na malha urbana, • procurou-se manter as relações de vizinhança • respeitou-se a existência dos “Contrários” • foi possível que a Pastoral dos Ciganos ficasse situada na zona para onde foi residir a maioria das famílias com filhos menores, o que, pelo menos, salvaguardou o apoio à infância • solucionaram-se a maioria das pretensões de autonomia habitacional dos núcleos jovens, tendo em conta a disponibilidade de fogos • foram cumpridos os prazos institucionais, que impuseram limites a uma intervenção social mais aprofundada 25 Encontrando-se a gestão social dos bairros municipais a cargo da GEBALIS (Gestão dos Bairros de Lisboa) – Empresa Pública Municipal, qualquer avaliação após o realojamento implicará sempre aferir os resultados em articulação com a GEBALIS dado o facto de a sua intervenção ter terminado com a conclusão do mesmo. Considerando a data recente de finalização deste processo de realojamento, fica em aberto esta questão – avaliação após o realojamento, quanto à inserção social e satisfação residencial dos moradores realojados – que poderá constituir desde já para nós um desafio e um compromisso para uma participação futura neste Congresso. BIBLIOGRAFIA Adroher, Salomé; Blanco, Maria Rosa e Garcia, Humberto – Minorias Étnicas , Gitanos e Inmigrantes , Madrid, Editorial CCS, 1996 BOLETIM “Príncipes do Nada” – Proact, Julho e Outubro/2001, Janeiro e Julho/2002 Camara Municipal de Lisboa, DGSPH/DEPGR, Equipa Técnica –Reflexões sobre o Realojamento das Famílias Residentes no Vale do Forno, 2003 26 Camara Municipal de Lisboa, Coordenação/Supervisão João Marrana Projecto DROM – Comunidade Cigana do Vale do Forno, Lisboa 2003 EQUIPA SOS RACISMO – Ciganos, números, abordagens e realidades, Edição SOS Racismo, Lisboa 2001 FRASER, Angus – História do Povo Cigano, Lisboa, Editorial Teorema, LDA, 1998 Sá e Silva, José João e VIEGAS, Alberto – Ciganos, Album de Fotografias, Edições Colibri, Lisboa, 1993 http://pwp.netcabo.pt/fatima.mourao/Ciganos1.htm INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS E POLÍTICAS – Crianças de Risco, Lisboa, 1997 ISSSL, Departamento Editorial – Revista de Intervenção Social – Dez/98 NUNES, Olimpio – O Povo Cigano, Lisboa, Grafilarte, Artes Gráficas, Lda, 1996 Sá e Silva, José João e VIEGAS, Alberto – Ciganos, Album de Fotografias, Edições Colibri, Lisboa, 1993 SECRETARIADO DIOCESANO DE LISBOA da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos –A Família Cigana e a Habitação, Relação com os espaços de interior, Edições Colibri 2001 SECRETARIADO DIOCESANO DE LISBOA da Obra Nacional para a Pastoral dos Ciganos –Comunidade Cigana na Diocese de Lisboa, Edição CML / Pelouro da Acção Social, 1997 Fontes Privilegiadas de Informação: - Presidente da Pastoral dos Ciganos, Srª Drª Fernanda Reis - Coordenador/Supervisor do Projecto DROM e Animador Cultural do DAS (Câmara Municipal de Lisboa), Sr. João Marrana 27 INDICE INTRODUÇÃO 12- Motivação para a apresentação deste trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 ... Pré-diagnóstico (Reflexão sobre o projecto de realojamento do Vale do Forno 2 elaborado pela equipa) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .............. I PARTE 1- 2- CARACTERIZAÇÃO DA COMUNIDADE CIGANA . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.1 - Origem da Comunidade Cigana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 ... PERCURSO DA COMUNIDADE CIGANA RESIDENTE NO VALE DO FORNO ATÉ À FIXAÇÃO NESTE LOCAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 28 3- 4- 5- ... 2.1 - Origem desta Comunidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 .... 2.2 - Enraizamento/Fixação no Bairro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 .... LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO 6 3.1 – Localização Geográfica 3.2 - Breve Caracterização dos Alojamentos e do Espaço Envolvente . . .. 3.3 - Identificação das Instituições de Apoio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... 3.4 - Problemas de Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...... CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA DA POPULAÇÃO . . . . . 4.1 - Número de Indivíduos Residentes por Sexo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 4.2 - Nacionalidade.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... 4.3 - Estrutura Etária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... 4.4 - Estado Civil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... 4.5 - Tipo de Família. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...... 4.6 - Situação Profissional e Económica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... 4.7 - Redes Familiares e de Vizinhança/Existência de “contrários” . . . . . . METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... 6 7 7 8 8 8 8 9 11 11 12 13 13 II PARTE 1- PROJECTO DE REALOJAMENTO DO VALE DO FORNO . . .. . . . . . . . 15 .. 1.1 - Estratégias de Intervenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 .... III PARTE 29 1- CONCRETIZAÇÃO DO PROJECTO DE REALOJAMENTO . . . . . . . . . . . 1.1 - Classificação dos Agregados Residentes no Vale do Forno . . . . . . ... 1.2 - Ajustamento dos Critérios de Realojamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... 1.3 - Adequação das Necessidades e Preferências da população ao Quadro de Respostas do Serviço. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... 17 17 17 18 IV PARTE 1- ANÁLISE DEMOGRÁFICA E COMPARATIVA DA POPULAÇÃO . . . . . 1.1 - Estrutura Etária da População Realojada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... 1.2 - Distribuição da População por Sexo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... 1.3 - Tipos de Profissão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... 1.4 - Principal Meio de Vida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... 1.5 - Rendimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... 1.6 - Naturalidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... 1.7 - Distribuição dos Agregados por Bairros Municipais. . . . . . . . . . . . . .. 1.8 - Tipologias Atribuídas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... 19 19 20 20 21 22 22 23 24 V PARTE 1- CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 .... BIBLIGRAFIA 27 ÍNDICE 31 DOS GRÁFICOS 30 INDICE DOS GRÁFICOS Gráfico 1 Gráfico 2 Gráfico 3 Gráfico 4 Gráfico 5 Gráfico 6 Gráfico 7 Gráfico 8 Gráfico 9 Gráfico 10 - Estrutura Etária da População . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... Tipos de Família . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... Estrutura Etária da População Realojada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... Distribuição da População por Sexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... Tipos de Profissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... Principal Meio de Vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... Escalões de Rendimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... Tipos de Naturalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... Distribuição da População por Bairros de Realojamento . . . . . . . . . Distribuição da População Realojada por Tipologias . . . . . . . . . . . . 19 12 19 20 20 21 22 22 23 24 INDICE DAS ILUSTRAÇÕES Ilustração 1 - Localização do Bairro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... 7 INDICE DAS TABELAS Tabela 1 - Estrutura etária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... 9 31 32