Formatos de Codificação da Linguagem – o caso do QR Code, por
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Formatos de Codificação da Linguagem – o caso do QR Code, por
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo Curso de Especialização em Gestão Integrada da Comunicação Digital nas Empresas KARIN THERUMI KIMURA Formatos de Codificação da Linguagem - o caso do QR Code São Paulo 2014 KARIN THERUMI KIMURA Formatos de Codificação da Linguagem - o caso do QR Code Monografia apresentada à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo em cumprimento parcial às exigências para obtenção do título de especialista em Gestão Integrada da Comunicação Digital nas Empresas, sob orientação da Profª. Drª. Daniela Ramos. São Paulo 2014 Formatos de Codificação da Linguagem - o caso do QR Code Monografia apresentada à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo em cumprimento parcial às exigências para obtenção do título de especialista em Gestão Integrada da Comunicação Digital nas Empresas. Orientadora: Profa. Dra. Daniela Ramos COMISSÃO EXAMINADORA _______________________________________________ Assinatura: _____________________________________ _______________________________________________ Assinatura: _____________________________________ _______________________________________________ Assinatura: _____________________________________ São Paulo 2014 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a minha família, principalmente aos meus pais, Osvaldo Kimura e Tamami Kimura, aos meus irmãos Alexandre Kimura e Lucianne Kimura, que sempre se preocuparam, dando apoio e incentivo durante todas as etapas da minha vida, com conselhos que foram essenciais sem os quais certamente não teria chegado até aqui, além do amor incondicional. As minhas amigas Larissa Kobori, Sofia Nishimura e Graziela Kazaoka e Karina Lie Watashi, que sempre estiveram presentes dando, força, compreensão, apoio e principalmente acreditaram na minha dedicação e potencial. Agradeço a minha orientadora Daniela Ramos, que aceitou ajudar a desenvolver o meu trabalho, pelas conversas, apoio durante a fase de definição e orientação. E por fim à equipe Digicorp e aos colegas do curso pelos ensinamentos, trocas de experiências e pela oportunidade de realização do curso de especialização em gestão integrada da comunicação digital nas empresas. RESUMO O QR Code (Código de Resposta Rápida, em tradução literal) tem sido integrado ao conteúdo hipermidiático como um texto cultural em formatos, capaz de modelizar a comunicação em diferentes tipos de linguagens, uma vez que funciona como um atalho para aparelhos móveis. Este estudo representa uma exploração inicial baseada nos estudos da semiótica da cultura sobre as implicações de como o uso do QR Code pode modelizar as linguagens por meio da exemplificação de casos de campanhas de marketing. Palavras-chave: QR Code, sistemas modelizantes, linguagem, semiótica da cultura ABSTRACT Quick Response (QR) Code is being integrated to the hypermedia content as a cultural text through the formats capable of modelizing the communication into different kinds of languages, since it works as a shortcut for mobile devices. This study represents an initial exploration based on semiotics of culture studies about the implications of how QR Code uses can modelize the language as we exemplify it with some cases of marketing campaigns. Key words: QR Code, modelling systems, language, semiotics of culture LISTA DE FIGURAS Figura 1 – QR Code ......................................................................................... 18 Figura 2 – Data Matrix ..................................................................................... 21 Figura 3 – PDF 417 .......................................................................................... 22 Figura 4 – Maxi Code ....................................................................................... 23 Figura 5 – Crescimento global do uso de códigos ............................................24 Figura 6 – Videocase “Home Plus”………………………………………………..29 Figura 7 – Videocase “Couple Up to Buckle Up”………………………………..30 Figura 8 – Vídeo da campanha “Sprite Sons Urbanos”.....................................34 Figura 9 – Videocase da campanha “World Park”.............................................36 Figura 10 – Videocase “Who’s your Santa” …………………………………….38 Figura 11 – Site da empresa “Meu Peludo”.......................................................40 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Tabela comparativa de padrões................................................................23 Tabela 2 – Usos de QR Code em países europeus .................................................. 26 Tabela 3 – QR Code para mobile commerce ............................................................ 30 Tabela 4 – QR Code para cupons e ofertas .............................................................. 32 Tabela 5 – QR Code para download de aplicativo e músicas ................................... 35 Tabela 6 – QR Code para geolocalização ................................................................. 37 Tabela 7 – QR Code para mídias sociais .................................................................. 41 Tabela 8 – QR Code para cartões de visitas ............................................................. 42 Tabela 9 – QR Code para informações extras .......................................................... 47 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9 1 SEMIÓTICA DA CULTURA........................................................................... 10 2 LINGUAGEM EM CÓDIGOS E SISTEMAS MODELIZANTES SECUNDÁRIOS ............................................................................................... 12 3 ESPECIFICAÇÕES DO QR CODE – QUICK RESPONSE CODE................ 17 3.1 Outros tipos de códigos bidimensionais ...................................................... 20 3.1.1 Data Matrix Code................................................................................................ 20 3.1.2 PDF 417 ............................................................................................................... 21 3.1.3 Maxi Code............................................................................................................ 22 3.2 Panorama global do uso de QR Codes ...................................................... 24 3.3 QR Code no mercado japonês.................................................................... 26 4. MAPEAMENTO DOS USOS DE QR CODE NO MUNDO DAS MARCAS... 28 4.1 Mobile Commerce ....................................................................................... 29 4.2 Cupons e ofertas......................................................................................... 31 4.3 Download de aplicativo e músicas .............................................................. 32 4.4 Geolocalização ........................................................................................... 35 4.5 Mídias sociais ............................................................................................. 38 4.6 Cartões de visitas ....................................................................................... 41 4.8 Informações extras ..................................................................................... 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 48 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 50 9 INTRODUÇÃO A partir da definição da semiótica da cultura como base de pesquisa sobre linguagem, o presente estudo pretende observar os mecanismos básicos da constituição do espaço semiótico e a transformação da informação em texto que é gerado em diferentes interfaces. Do ponto de vista teórico, entendemos o QR Code como um texto digital (texto da cultura) a partir do qual é possível a geração de linguagens digitais em diferentes formatos. Com este objeto, a pesquisa segue com base nas discussões de processos de significação explicados pela teoria da semiótica da cultura que “tenta entender como são os registros, as representações da cultura nos diferentes suportes que ela dispõe e em diferentes momentos histórico-sociais” (VELHO, 2009, p. 250). Um QR Code pode ser compreendido como um texto da cultura que se encaixa nas características das novas mídias definidas por Manovich (2001): a variabilidade, a modularidade, a representação numérica e a automação dos códigos. Além disso, a transcodificação da informação também é identificada quando os dados digitais são transformados na imagem composta por quadrados pretos e brancos (ou preenchidos e não preenchidos) do QR Code. Essa codificação e a leitura de informações inseridas em uma matriz permite a transição entre o conteúdo publicado em meio impresso e o texto digital e é capaz de gerar linguagens que acabam sendo modelizados em formatos. Para o desenvolvimento da pesquisa empírica, partimos de uma seleção de casos em que o QR Code aparece como elemento central da interação do usuário ou consumidor com o conteúdo a fim de apresentar uma perspectiva das aplicações dos QR Codes no mundo das marcas. Nossa fonte foi a pesquisa da especialista em marketing e mídias sociais, Ekaterina Walter, que listou 30 campanhas de marketing criativas em publicação no site SmartBlog on Social Media. A partir destes casos e da inclusão de alguns casos brasileiros, definimos grupos de acordo com o propósito das campanha e procuramos identificar as modelizações das ações. 10 1 SEMIÓTICA DA CULTURA Os registros e as formas de comunicação e significação serviram de base para o desenvolvimento dos estudos da semiótica da cultura, a partir de diferentes perspectivas e teóricos. A semiótica da cultura reúne discussões de pesquisadores da antiga União Soviética, da Escola de Tartú-Moscou (ETM), que passaram a compreender os processos de significação com base na compreensão do contexto cultural no qual a comunicação é gerada. Nesse sentido, a cultura é entendida como linguagem e como tal, é capaz de produzir significados. Para a ETM, cultura é memória não-genética, um conjunto de informações que os grupos sociais acumulam e transmitem por meio de diferentes manifestações do processo da vida, como a religião, a arte, o direito (leis), formando um tecido, um “continuum semiótico” sobre o qual se estrutura o mecanismo das relações cotidianas. (VELHO, 2009, p. 250) A partir dessa definição, Velho (2009) destaca que para a ETM a cultura pode ser interpretada como “inteligência coletiva”, e dessa forma se estende além da língua apresentando uma complexidade que abrange sistemas sígnicos. Tais sistemas se organizam em relações complexas de signos capazes de gerar sentido em determinadas culturas. Ainda sobre a compreensão da cultura para os pesquisadores da ETM, Machado (2003) também lembra que é diferente da abordagem sociológica ou antropológica do termo. “Cultura significa o processamento de informações e, consequentemente, organização em algum sistema de signos ou de códigos culturais". (MACHADO, 2003, p. 33) Lotman (1992) explica que as formas de expressão podem ser entendidas a partir de inúmeras manifestações que compreendem linguagens diferentes mas que se influenciam mutuamente uma vez que a semiótica da cultura passa a observar tais linguagens em uma estrutura dinâmica de sistemas de signos que estão em constante transformação, em um movimento que transita entre a estabilidade e a explosão. A estrutura do aspecto semiótico da cultura é contraditória. Uma tendência está relacionada com a multiplicação de diversas linguagens. O caráter dinâmico do processo determina o constante surgimento de sistemas de 11 1 signos cada vez mais novos e a alteração das suas dominantes. (Lotman apud Américo, 1992, p. 274) Por isso, VELHO (2009, p. 252) descreve que Lotman estrutura o raciocínio teórico de forma que permite a análise da “organização das expressões da cultura como uma grande rede de conexões, fruto de movimentos que conformam o discurso da cultura”. Essas conexões geram sentidos que devem ser analisados em um plano geral, como resultado de informações obtidas em bases de dados que funcionam como campo ou ambiente a partir do qual as linguagens podem ser decodificadas. Com as bases que geram narrativas de leituras. Do ponto de vista empírico, o QR Code pode ser compreendido como ferramenta para a codificação e a leitura de informações inseridas em uma matriz que sintetiza a conexão com bases de dados, permitindo a transição entre o conteúdo publicado em meio impresso e o texto digital. A partir da definição da semiótica da cultura como base de pesquisa sobre linguagem, o presente estudo pretende observar os mecanismos básicos da constituição do espaço semiótico e a transformação da informação em texto que é gerado em diferentes interfaces. Do ponto de vista teórico, entendemos o QR Code como um texto digital (texto da cultura) a partir do qual é possível a geração de linguagens digitais em diferentes formatos. As distribution of all forms of culture becomes computer-based, we are increasingly “interfacing” to predominantly cultural data − texts, photographs, films, music, virtual environments. In short, we are no longer interfacing to a computer but to culture encoded in digital form. I will use the term cultural interface to describe a human-computer-culture interface − the ways in which computers present and allow us to interact with cultural data. 2 (MANOVICH, 2001, p.70) 1 LOTMAN, Iúri. Sobre a dinâmica da cultura.// Semiosfera¸São Petersburgo, 2000, p. 647-663. Como a distribuição de todas as formas de cultura se torna computadorizada, nós estamos cada vez mais “interfaceando” a predominância de dados culturais – mensagens, fotografias, filmes, músicas, ambientes virtuais. Em resumo, não estamos mais interfaceando com um computador, mas com uma cultura codificada em forma digital. Usarei o termo interface cultural para descrever uma interface humano-computador – no qual computadores apresentam e nos permitem interagir com dados culturais (tradução livre da autora). 2 12 2 LINGUAGEM EM CÓDIGOS E SISTEMAS MODELIZANTES SECUNDÁRIOS Para Lotman, as linguagens podem ser divididas em primeiro ou segundo grau, sendo que a de primeiro grau consiste na língua natural, também denominada sistema modelizante primário. A língua é assim denominada “porque é a partir dela que se dá a culturalização do mundo, que a natureza e seus fenômenos e fatos se humanizam; que o pensamento se constrói” (VELHO, 2009, p. 254). Já os sistemas modelizantes secundários são as demais linguagens que envolvem os códigos em cada instância da leitura da informação e o próprio texto escrito, que por meio da língua é capaz de gerar sentidos. Machado (2007) define os sistemas modelizantes como “aqueles sistemas constituídos a partir de códigos culturais que são eles próprios, recodificações”. Os sistemas modelizantes dos bits estariam, portanto, intrínsecos à cultura nas relações midiáticas. “O processo de modelização se situa no extremo oposto à simplificação, uma vez que ele só existe mediante a semiose de código culturais” (MACHADO, 2007, p. 63). E é a partir da língua natural, ou sistema modelizante primário, que se desenvolvem novos sistemas de signos. “Modelizar, contudo, não é reproduzir modelos e sim estabelecer correlações a partir de alguns traços peculiares. Implica antes a adoção de uma espécie de algoritmos cujo resultado mostre que o objeto modelizado jamais resultará numa mera cópia” (MACHADO, 2003, p.50) Segundo Manovich (1998), “the world is reduced to two kinds of software objects which are complementary to each other: data structures and algorithms”3. O próprio processo de criação automático do código 2D pode ser compreendido como o surgimento de um novo sistema de signos gerado a partir de algoritmos e pela aproximação entre representação visual e cibernética a partir de uma base de dados pré-existente. Para compreender a lógica das novas mídias, Manovich (2001) definiu cinco princípios que, segundo o autor, devem ser encaradas não como leis absolutas, mas como tendências gerais que englobam o formato digital. São eles: variabilidade, representação numérica, transcodificação, modularidade e automação. 3 O mundo se reduz a dois tipos de objetos de software, que são complementares um ao outro: estruturas de dados e algoritmos (tradução livre da autora). 13 O QR Code pode ser entendido como um código digital, que é gerado a partir de representações numéricas que estão sujeitas à aplicação de algoritmos capazes de gerar novos códigos. Isso significa que ele pode, de acordo com Manovich (2001), ser quantificado ou descrito matematicamente e programado a partir de manipulações algorítmicas. Já pelo princípio da modularidade, também chamado de “estrutura fractal da nova mídia” (MANOVICH, 2001), a nova mídia é construída a partir de pequenas partes independentes e com identidades separadas, como no caso os pixels, que formam um todo em conjunto. O terceiro princípio observado pelo autor como característica das novas mídias o afastamento de parte da intencionalidade humana, ou seja, os próprios algoritmos e a sua característica modular programável possibilitam a automação como quando um gerador ou mesmo um leitor de QR Codes é acionado por um usuário. Hoje, é possível explorar esta característica principalmente para fins comerciais a fim de facilitar o acesso aos códigos digitais. Entre os leitores mais usados, por exemplo, estão o Kaywa4, i-nigma5, BeeTagg6, QuickMark7 que são compatíveis com diferentes plataformas mobile. Uma vez que o leitor é instalado no aparelho, basta que o usuário acione o aplicativo para que a câmera ou escaner de imagens possa reconhecer o código e decodificálo. Em aparelhos com plataforma Java ME é necessário tirar a foto para que ele possa ser decodificado, já em Android e iPhone, basta aproximar a lente da câmera ao QR Code sem a necessidade de realizar o clique. Briseno et al (2012) ainda lembram que “some readers are able to take the appropriate action depending on the code’s content, for instance if the code contains an URL, the reader may launch a browser”8 (p. 224), destacando ainda mais a automação do processo de interação com o código digital. A partir do conceito de variabilidade, Manovich (2001) ainda destaca que as novas mídias caracterizam-se pelo potencial de existir em infinitas versões já que se molda em uma estrutura modular formada por códigos numéricos. 4 http://reader.kaywa.com/ http://www.i-nigma.com/Downloadi-nigmaReader.html 6 http://www.beetagg.com/en/ 7 http://www.quickmark.com.tw/En/basic/download.asp 8 “Alguns leitores são capazes de tomar a ação apropriada dependendo do conteúdo do código, por exemplo, se o código contiver uma URL, o leitor abrirá um browser” (tradução livre da autora). 5 14 Stored digitally, rather than in a fixed medium, media elements maintain their separate identities and can be assembled into numerous sequences under program control. In addition, because the elements themselves are broken into discrete samples (for instance, an image is represented as an array of pixels), they can be created and customized on the fly. 9 (MANOVICH, 2001, p. 36). A partir do mesmo processo de codificação e de dados existentes é possível criar diferentes caminhos para aplicação do QR Code. O mais comumente usado é o direcionamento para uma URL, que faz com que o aparelho móvel acesse um browser para carregar a página indicada. O QR Code também pode codificar: endereços de e-mail e telefone que podem ser adicionados diretamente à agenda de contatos do aparelho com o qual se faz a leitura do código; imagens de produtos e vídeos; uma mensagem ou anotação; inclusão de um evento no calendário digital que pode conter informações como título, horários, endereço; inclusão de um endereço em um mapa com as coordenadas inseridas. O quinto princípio apresentado pelo autor é o da transcodificação que entende o processo de transformação das informações em dados por meio do computador. Na camada cultural das novas mídias, estes dados hipermídia são independentes da estrutura de navegação e cada um deles existe de maneira interdependente. Manovich (2011) compara esta relação sob o ponto de vista da computação, que separa os algoritmos da estrutura modular dos dados. O termo “transcodificar” identifica o processo de tradução para outro formato que permita a visualização dos dados numéricos. Ao criar um QR Code, o texto (url ou outros caminhos direcionados) passa pelo processo que Manovich chama de transcodificação e é transformado em uma imagem cujo design é reconhecido como um sistema modelizante próprio e que serve como texto digital que permite a interação hipermidiática. Por isso, quando o usuário observa o QR Code, ele compreende que há informações agregadas naquele espaço e que podem ser acessadas por um outro dispositivo conectado à rede. É como se ele fosse induzido a apontar o leitor/ celular para saber o que está 9 Armazenados digitalmente em vez de em um meio fixo, elementos da mídia mantêm suas identidades separadas e podem ser montadas em inúmeras sequências sob o controle de programa. Além disso, considerando que os elementos por si só são separados em amostras discretas (por exemplo, uma imagem é representada como uma matriz de pixels), eles podem ser criados e customizados no folheto. (tradução livre da autora). 15 por trás daquele código. A partir do momento em que o código é escaneado, a decodificação retoma o sistema binário de identificação do conteúdo, estruturalizando um novo formato que passa a ser digital. Estruturalidade é a qualidade textual da cultura sem a qual as mensagens não podem ser reconhecidas, armazendas e divulgadas. Assim, os sistemas culturais são textos não porque se reduzem à língua mas porque sua estruturalidade procede da modelização a partir da língua natural. (MACHADO, 2003, p. 39) Para acessar o conteúdo agregado ao QR Code, é necessário que o aparelho tenha um leitor que esteja conectado à rede (seja o scanner vendido pela Denso, um aparelho celular ou uma webcam10). Em uma revista impressa ou em um programa de televisão, por exemplo, a leitura do código permite que o usuário possa acessar informações complementares à matéria, por meio de um software instalado no aparelho, estimulando a interação entre as mídias. De acordo com Ramos (2011), “os softwares são o acesso aos sistemas digitais, a base operacional dos mesmos, os modelos cognitivos através dos quais interagimos com o computador”. Os textos, portanto, podem aparecer em diferentes formatos, e permitem que tal integração hipermidiática crie um espaço de comunicação e de transmissão de informações por uma navegação não-linear. Esse campo de relações não se restringe ao espaço físico, mas também se projeta para espaços programados por dispositivos digitais. Dessa forma, é possível observar que o QR Code se caracteriza pela intermediação entre a mídia impressa, audiovisual e as digitais. Sabendo que realidade aumentada é a coexistência e interação de objetos digitais com objetos físicos, de forma a ampliar a experiência do usuário no meio físico, podemos dizer que os códigos de barra 2D, quando escaneados por um aparelho celular, trazem uma camada digital de informações que interage e amplia nossa experiência no mundo físico. (GABRIEL, 2012) Os códigos 2D proporcionam, portanto, a criação de narrativas não-lineares entre diferentes plataformas midiáticas, gerando um fluxo entre o espaço numérico e o espaço físico. São espaços que permitem acessos em um fluxo constante de transmissão de informação. 10 O bcWebCam é um exemplo de software que habilita a leitura do QR Code por uma webcam, desenvolvido pela Quality Soft. Disponível em: <http://www.bcwebcam.de/en/index.html>. Acesso em: 30 jan. 2014. 16 As comunidades virtuais eletrônicas nunca deixaram de viver nas áreas limítrofes entre a cultura física e virtual, e o crescimento dos espaços eletrônicos não está se dirigindo para a dissolução das cidades, dos corpos, do mundo físico, mas para a interseção do físico com o virtual. (SANTAELLA, 2007, p. 217) Essa ideia resume o conceito de object hyperlinking, em que o QR Code seria uma porta de entrada que possibilita essa transição para o sistema dos bits. Quando o QR Code contém uma URL, o leitor do celular direciona o link automaticamente para um browser que abre a página logo em seguida. “Besides this use, object hyperlinking may be useful for other applications like administering data objects in data bases or with text content management (BRISENO et al, 2012, p. 232)11. New media is interactive. In contrast to old media where the order of presentation is fixed, the user can now interact with a media object. In the process of interaction the user can choose which elements to display or which paths to follow, thus generating a unique work. In this way the user 12 becomes the co-author of the work. (MANOVICH, 2001, p. 49) 11 Além deste uso, hiperlinkar objetos pode ser útil para outras aplicações como administrar dados de objetos em bancos de dados ou para a administração de conteúdo do texto (tradução livre da autora). 12 Nova mídia é interativa. Em contraste com a nova mídia na qual a ordem de apresentação é fixa, o usuário pode interagir com o objeto de mídia. No processo de interação o usuário pode escolher quais elementos apresentar ou quais caminhos seguir, gerando assim, um trabalho único. Deste modo, o usuário se torna o co-autor do trabalho (tradução livre da autora). 17 3 ESPECIFICAÇÕES DO QR CODE – QUICK RESPONSE CODE O QR Code, ou Quick Response Code, é um recurso visual capaz de condensar informações em códigos alfanuméricos e que pode ser lido por aplicativos acionados por uma câmera de celular. O código foi criado em 1994, pela empresa Denso Wave Incorporated, uma divisão da Denso Corporation especializada em componentes automobilísticos e outras tecnologias (como os leitores de códigos). Na época, o código foi desenvolvido para agilizar o rastreamento e organização do inventário das peças manufaturadas, mas hoje já é possível observar uma gama maior de aplicações dos QR Codes em diferentes mercados. A equipe de desenvolvimento do QR Code era formada pelos cientistas Masahiro Hara e Takayuki Nagaya e depois agregou Motoaki Watanabe, Yuji Uchiyama e Tadao Nojiri. Em 2014, os desenvolvedores receberam o Prêmio Popular na categoria “países não-europeus” no European Inventor Award 2014. Conforme Hara (2014) seria necessário criar um novo símbolo e para isso ele pesquisou as fontes e símbolos13 existentes para desenvolver um desenho completamente novo, que ainda não fosse usado14. O sistema de estruturalização da informação é semelhante ao código de barras e permite a decodificação imediata por meio de leitores, porém, o QR Code é capaz de sintetizar mais de 7 mil caracteres (não só números como também letras e códigos binários) em um código dimensionado em duas direções (horizontal e vertical). Por ter sido desenvolvido por uma empresa japonesa, o sistema também inclui ideogramas japoneses que podem ser transformados em pequenos quadrados pretos e brancos que compõem o QR Code. 13 O termo utilizado por Hara pode ser entendido, do ponto de vista teórico desta pesquisa, como texto digital. 14 EPOFIlms. Masahiro Hara et al - the QR Code. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=ZLhoBWlrTtw>. Acesso em: 20 ago. 2014. 18 Figura 1 – QR Code15 Além de ocupar menos espaço que um código de barras padrão, economizando um décimo do espaço de impressão - o design criado permite que o QR Code seja decodificado mesmo que apenas 70% dele estejam legíveis, ou seja, ainda que parte do código esteja danificada, o aparelho é capaz de realizar a leitura dos dados. Entre os possíveis usos do QR Code estão: a rastreabilidade dos produtos ao permitir que o comprador acesse as informações do produto que leva o código; a organização logística de entregas, ao facilitar a encomenda de produtos quando estes estão em falta na prateleira da loja física, uma vez que o QR Code pode direcionar o potencial comprador para a loja virtual; link para informações adicionais sobre produtos, como manual de instruções, bula de remédios, entre outros. Particularly, after incidents such as the BSE problem that threatened food safety, the industry had to respond to consumers' demands that the whole processes of production and logistics for the foods that ended up on their dining tables be made completely transparent. The QR Code became an indispensable medium that could store a great deal of information on these 16 processes. (DENSO CORPORATION) A facilidade de acessar informações agregadas ao produto com a leitura imediata do QR Code atraiu adeptos pelo Japão e começou a ganhar espaço pelo mundo ao ser reconhecido como padrão internacional em 2000. 15 Disponível em: <http://www.qrcode.com/en/howto/cell.html> Acesso em: 5 set. 2014. Particularmente, depois de incidentes como o problema do Bombay Stock Exchange no qual ameaçou a segurança de alimentos, a indústria teve que responder às demandas do consumidor em que todos os processos de produção e logísticas para os alimentos que chegavam às mesas dos consumidores tiveram que ser completamente transparentes. O QR Code se transformou em um intermediário indispensável que podia armazenar uma grande quantidade de informação sobre esses processos. (tradução livre da autora). 16 19 In 1997, it was approved as an Automatic Identification Manufacturer (AIM) standard to be used in the automatic identification industry. In 1999, it was approved as a standard 2D code by the Japan Industrial Standards (JIS) and made a standard 2D symbol on the Japan Automobile Manufacturers Association's EDI standard transaction forms. Still more, in 2000 it was approved by the ISO as one of its international standards. (DENSO 17 CORPORATION) A partir de 2011, foi reconhecido também como padrão para celulares, em uma sociedade que já se conectava em banda larga móvel acostumada a diferentes funcionalidades dos aparelhos. Os leitores instalados nos celulares agregavam mais uma utilidade ao aparelho móvel, conferindo o acesso imediato à informação apenas com a aproximação e leitura do código. Ao longo dos anos, os códigos 2D foram evoluindo para se adequar melhor a cada necessidade. Também identificado como código de matrizes, o QR code é composto “por matrizes com células de altura e largura de comprimento fixo e completamente preenchidos com um valor de cor ou tom único” (MARTINS, 2009, p. 5), intercalando espaços claros e escuros. O primeiro modelo básico, com quadrados pretos e brancos tinha o tamanho máximo de 73x73 módulos e depois foi melhorado para até 177x177 módulos. O mini QR Code agrega uma quantidade menor de numerais, mas ocupa menos espaço e precisa apenas de um quadrante de identificação. Já o iQR Code consegue condensar mais informações (aproximadamente 40 mil caracteres) no código em um espaço menor, além de permitir a customização do design para formato retangular, cores invertidas e de ter maior capacidade de restauração no momento da leitura de códigos danificados. Outro tipo de QR Code é o SQRC, que guarda informações privadas e só pode ser decodificado com scanners específicos. Outra criação recente é o LogoQ que, assim como o SQRC e o iQR Code, é uma marca registrada da Denso Corporation. Com este tipo de código, as empresas podem customizar o QR Code com seus próprios logos. 17 Em 1997, foi aprovado como um padrão de Automatic Identification Manufacturer (AIM) a ser usado na industria de identificação automática. Em 1999, foi aprovado como código padrão 2D pelo Japan Industrial Standards (JIS) e feito símbolo padrão EDI de 2D de formas de transações no Japan Automobile Manufacturers Association. Além disso, em 2000, foi aprovado pelo ISO como um de seus padrões internacionais. (tradução livre da autora). 20 3.1 Outros tipos de códigos bidimensionais Além do QR Code, outros códigos bidimensionais também fazem parte do texto digital QR Code e podem modelizar informações e formas de transmissões a partir de módulos que também são representados numericamente com base em algoritmos de codificação e desenvolvimento de formatos. Os códigos bidimensionais são capazes de armazenar informações tanto pela direção horizontal quanto pela vertical. Ao comparar um código de barras (unidimensional) é possível observar que os códigos 2D ampliam as possibilidades de usos além de disseminar o acesso pelas aplicações criadas. O desenvolvimento de códigos de matrizes permitiu que as informações pudessem ser sintetizadas a partir de modelos pré-estabelecidos diferenciados pelas combinações de contrastes claro-escuro entre os espaços. A seguir, apresentaremos alguns dos formatos criados e aplicados na indústria com um sistema de leitura semelhante ao do QR Code. 3.1.1 Data Matrix Code O código Data Matrix foi desenvolvido pela empresa americana RVSI Acuity CiMatrix, que hoje é parte da Siemens Energy and Automation Inc. Se comparado ao QR Code, a capacidade de armazenamento de dados é inferior, pois é capaz de sintetizar 3116 dados numéricos, 2335 alfanuméricos, 778 kanji (ideogramas japoneses) e 1556 binários. A principal característica do Data Matrix é a capacidade de condensar mais informações em uma densidade otimizada, isto é, gera um código menor quando comparado com os demais tipos. Além de ocupar menos espaço que um código de barras 1D, o Data Matrix também se destaca por permitir a leitura a partir de diferentes ângulos e por ser capaz de corrigir erros de até 30% no algoritmo a partir da compreensão da matriz (ainda que o código esteja danificado, o leitor consegue identificá-lo). Para orientar a decodificação, o Data Matrix adota um padrão de posicionamento que acompanha duas linhas laterais do código (formando um L). É comumente usado na indústria para marcar peças (na indústria automotiva, 21 eletrônica e aeroespacial), no serviço postal alemão18 e, no mercado americano, é adotado pela American National Standards Institute (ANSI) e pela Electronic Industries Alliance 19 . Além disso, também tem aplicações semelhantes ao QR Code em ações de mobile marketing com o incentivo da empresa canadense de softwares Semacode Company, que denomina o Data Matrix como semacode20. Figura 2 – Data Matrix21 3.1.2 PDF 417 O PDF 417 é um tipo de código bidimensional desenvolvido por Ynjiun P. Wang para a Symbol Technologies (atualmente uma subsidiária da Motorola Solutions) em 1991. A sigla PDF abrevia o termo “Portable Data File” e o número 417 remete às quatro barras e quatro espaços de cada padrão, sendo que o código tem 17 padrões. Com o PDF 417 é possível armazenar até 1850 caracteres alfa-numéricos e o tamanho do código varia de acordo com a quantidade de informação inserida. Apesar de ser em duas dimensões, este código se assemelha aos códigos de barras 1D pois identificam os limites de início e fim do código com barras verticais em duas extremidades opostas. Ele não parte de uma matriz e em vez de ser 18 Premium adress Service. Disponível em: <http://www.deutschepost.de/de/p/premiumadress.html>. Acesso em: 21 ago. 2014 19 Disponível em: <http://www.camreader.jp/english/pdf/SymbolDecoder_E.pdf>. Acesso em: 5 set. 2014. 20 Semacode é como é chamado o DataMatrix com ISO/IEC 16022 que codifica URLs e dados de texto. Disponível em: < http://semacode.com/about/>. Acesso em: 5 set. 2014. 21 Disponível em: <http://www.datamatrixcode.net/data-matrix-code-generator/>. Acesso em: 5 set. 2014. 22 codificado a partir do posicionamento dos pontos brancos e pretos, o PDF 417 parte da proporção estabelecida pela largura das linhas. Por isso, a qualidade da impressão é importante para que a leitura seja precisa. Assim como o Data Matrix, o PDF 417 também é usado principalmente no sistemas americano e europeu. Pode ser encontrado na indústria automotiva e de transporte de mercadorias, para organização logística, e também em documentos como forma de identificação (em passaportes e carteira de motorista, por exemplo). “It can exchange complete data files (such as text, numerics or binary) and encode graphics, fiingerprints, shipping manifests, electronic data interchange (EDI) messages, equipment calibration instructions and much more”22 (Symbol Technologies, Inc, 2010). Figura 3 – PDF 41723 3.1.3 Maxi Code O Maxi Code foi criado em 1992 pela empresa americana que presta serviços de entregas, UPS (United Parcel Service), e tem a capacidade de armazenar dados numéricos (138) e alfanuméricos (93). É usado como padrão em etiquetas de entregas internacionais e é capaz de codificar duas mensagens, uma primária definida na parte central do Maxi Code, com os códigos para triagem de país, código postal e de tipo de serviço contratado. Já a mensagem secundária identifica o endereço da entrega. Tem um desenho criado a partir de módulos hexagonais que se arranjam sobre 22 Ele pode trocar arquivos de dados completos (como texto, numéricos ou binários) e codificar gráficos, impressões digitais, manifestações em logísticas, mensagens de trocas de dados eletrônicos, equipamentos de instruções de calibração e muito mais. 23 Disponível em: <bit.ly/1v7q22n>. Acesso em: 5 set. 2014. 23 drão hexagonal. O alvo na parte central permite que o leitor localize local o código e um padrão apesar de ter um tamanho limitado a largura de uma polegada, ele pode ser gerado em conjunto com mais oito códigos para compor uma mensagem mais complexa, chamada de composite tag. tag Além disso, o Maxi Code também é protegido com um sistema de correção de erros que possibilita a leitura do código ainda que apresente algum dano parcial. Figura 4 – Maxi Code24 Tabela 1 – Tabela comparativa de padrões QR Code Data Matrix PDF 417 Maxi Code EUA (RVSI Acuity EUA (Symbol CiMatrix) Technologies) 3.116 2.710 138 2.355 1.850 93 Impressão reduzida Leitura rápida Indústria automotiva, Serviço postal documentos, logística americano Formatos Desenvolvedor Japão (Denso) EUA (UPS) Armazenamento de dados numéricos 7.089 Armazenamento de 4.296 alfanuméricos Alta capacidade Características Impressão reduzida Leitura rápida Usos 24 Densidade otimizada Mobile commerce, Indústria de informações extras, autopeças, serviço cartões de visitas etc postal alemão Disponível em: <http://www.barcode http://www.barcode-labels.com/blogs/maxicode-freight freight-companys-best-friend>. Acesso em: 5 set. 2014. 24 3.2 Panorama global do uso de QR Codes Em relatório realizado e publicado no terceiro quadrimestre de 2011 pela empresa 3G Vision (2011) o panorama global dos usos de códigos 2D (incluindo QR Codes, Datamatrix e UPC/EAN) em diferentes países revelou um aumento progressivo, sendo que em 2011, do segundo para o terceiro quadrimestre houve um aumento de 20% no uso de códigos 2D no mundo todo (com base em rastreamento de escaneamentos de realizados pelo sistema i-nigma em 141 países). Figura 5 – Crescimento global do uso de códigos 2D25 Analisando este mesmo período de 2011, os países que apresentaram maior crescimento de uso dos códigos 2D foram respectivamente: República Tcheca (66,5%), Espanha (65,6%), Austrália (50,9%), Estados Unidos (42,1%), e Canadá (35,1%). O crescimento considerável de 66,5% apresentado na República Tcheca entre o segundo e o terceiro quadrimestre de 2011 é atribuído pela pesquisa à parceria 25 Fonte: 3G Vision (2011). Estudo realizado pela empresa especializada em soluções para aplicações de códigos de barras para interação com aparelhos móveis, desenvolvedora do leitor e gerador de códigos 2D i-nigma. 25 com a Seznam26, que criou mecanismos de promoção do uso de códigos 2D no país para melhorar a experiência do usuário em acessos à internet por aparelhos móveis. Por exemplo, com links para as últimas notícias, para vídeos, ofertas e informações turísticas que podem ser obtidos ao escanear o código 2D. E entre os países elencados com mais usuários dos serviços relacionados aos códigos 2D e consequentes usos aplicados a celulares, os Estados Unidos se destacaram em 2011, seguidos da Alemanha, Canadá, Reino Unido e Itália. Esta pesquisa desconsidera o comportamento apresentado pelos usuários no Japão já que, por estar inserida no berço da criação do QR Code, a sociedade japonesa passou a adotá-lo há mais tempo, o que acarretaria em uma interpretação de dados de tempos diferentes. A aplicabilidade dos códigos no Japão será observada no tópico seguinte. Confirmando a tendência de adesão dos países europeus aos QR Codes, observou-se um crescimento de 96% no uso dos mesmos entre 2011 e 2012, entre os usuários de smartphones europeus. De acordo com pesquisa realizada pela comScore MobiLens nos cinco principais mercados da Europa (França, Alemanha, Reino Unido, Itália e Espanha), a Alemanha foi o país que mais se destacou em porcentagem de usuários adeptos, somando 18,6 % da audiência de usuários de smartphones. Nesse contexto, a Espanha também apresentou um aumento significativo de 9% para 16% no uso do mesmo objeto de estudo, firmando-se como o segundo país com maior porcentagem de leituras de QR Codes por usuários de smartphones no universo de pesquisa da comScore MobiLens (2012). Nesse mesmo estudo, aproximadamente três de cada quatro escaneamentos de QR Codes resultaram em acessos a informações de produtos, fazendo desse o uso mais popular nos países europeus, entre os usuários de smartphones. 26 Site de buscas e portal com outros serviços como e-mail, páginas amarelas e notícias da República Tcheca que estabeleceu parceria com a 3GVision. Disponível em <http://3gvision.com/pr12.html>. Acesso em: 30 ago. 2014. 26 Tabela 2 - Usos de QR Code em países europeus Usos (%) de QR Code EU5 França Informações de produto 71.7% 65.4% 77.9% 69.2% 71.1% 70.1% Informações de evento 31.8% 32.7% 28.9% 36.4% 36.5% 27.0% Caridade/ Informação sobre causa 12.1% 9.5% 10.0% 18.6% 13.4% 10.8% Cupom ou oferta 19.4% 20.3% 19.6% 17.6% 22.2% 17.0% Download de aplicativo 13.4% 17.5% 11.4% 14.8% 13.7% 11.2% Fonte: ComScore MobiLens Alemanha Itália Espanha Reino Unido 27 Como mostrado na tabela 2, o segundo uso mais recorrente entre os países analisados foi o acesso a informações de evento (31,8%). Nesse quesito, Itália e Espanha se destacaram pelo interesse maior em comparação com as demais possibilidades apresentadas no estudo. No Brasil, ainda não há um levantamento ou estudo que determine dados oficiais sobre os usos do QR Code. Entretanto, durante a palestra “Melhores Práticas de Uso de QR Code” realizada durante o Fórum Mobile+ de 201228, o diretor da ScanLife/ScanBuy Brasil, Nuno Gonçalves estimou uma média de dois mil escaneamentos de QR Codes no Brasil. De acordo com o especialista, cerca de 8% das pessoas que possuem smartphones no Brasil leem QR Codes. 3.3 QR Code no mercado japonês Em pesquisa realizada pela Media Seek29, publicada em 2006, os softwares de leitores de códigos de barras 1D e 2D fornecidos pela empresa CamReader já 27 Resultado de escaneamento de QR Codes por porcentagem sobre audiência de escaneamento feito a partir de smartphones, em média obtida em três meses até julho de 2012. Fonte: comScore MobiLens. Disponível em <http://www.comscore.com/Insights/Press-Releases/2012/9/QR-CodeUsage-Among-European-Smartphone-Owners-Doubles-Over-Past-Year>. Acesso em: 2 ago. 2014. 28 Exame.com. Cerca de 2 mi de QR Codes são escaneados por mês no Brasil. Disponível em: < http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/cerca-de-2-milhoes-de-qr-codes-sao-escaneados-pormes-no-br> . Acesso em 20 jan 2014. 29 MEDIASEEK Inc. Symbol Decoder for the mobile phone: Services and applications using the symbol decoder. Camreader, 2006. Disponível em: <http://www.camreader.jp/english/pdf/SymbolDecoder_E.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2014. 27 vinham instalados na maior parte dos aparelhos celulares fornecidos pelas principais operadoras em atuação no país (KDD au, NTT Docomo, Vodafone e Willcom). No período analisado entre 2002 e 2006, houve um avanço importante nos aparelhos celulares do Japão que passaram a agregar câmeras fotográficas. Se em 2002 a porcentagem de celulares com câmera era de 30,1%, em 2006, esse número subia para 91,8%. Dada a evidência de que os celulares ganhavam uma nova funcionalidade, o caminho para a integração dos serviços de leitores de imagens já estaria traçado junto. Isto fica visível pela taxa de inserção de leitores de códigos de barra nesse mesmo período que passou dos 0,8% para 71,4%, no mercado de telefonia móvel do Japão. Levando em consideração os dados sobre os leitores instalados nos celulares japoneses, é possível observar esforços mútuos para gerar engajamento de usos dos QR Codes, não só pela iniciativa comercial das empresas de marketing, como também pelas empresas de telefonia. Em agosto de 2005, a Infoplant30 realizou estudo sobre a disseminação do QR Code e ao consultar 7660 usuários de celulares, calculou-se que 96,5% dos respondentes sabiam o que era um QR Code e que 73,3% já tinham interagido com o código pela praticidade. Destes, 84,2% disseram que acessaram o QR Code a partir de revistas. E sobre a intenção de uso, é possível observar que o acesso a websites pelo celular é o principal motivo escolhido para se interessar pelo QR Code, já que 74,3% dos consultados optaram por este uso. Além disso, se destacam na pesquisa outros usos do código como a facilidade de adicionar um contato à lista do celular por meio de um QR Code inserido em cartões de visitas; ou a substituição de cartões de filiação; ou a compra direta em máquinas de venda automática; facilidade de acesso à compra pelo celular ou ainda a substituição de tickets (de shows, passagens de viagem) do meio impresso para o digital. Em outra pesquisa apontada pelo MediaSeek Inc. (2006), em que a Anchor consultou usuários sobre o que eles gostariam de ter no próximo celular, 58,5% respondeu que gostaria de ter um leitor de códigos instalado no aparelho. Entre os outros serviços mais desejados, foram elencados câmera (75,5%) e tocador de música (64,9%). 30 Estudo publicado na pesquisa realizada pela MediaSeek Inc. em 2006. 28 4. MAPEAMENTO DOS USOS DE QR CODE NO MUNDO DAS MARCAS Incluir um QR Code em um anúncio permite que o usuário possa acessar mais informações sobre o conteúdo apresentado na mídia impressa e também abre novas possibilidades de interação. Nesse sentido, essa inserção é benéfica porque ajuda os consumidores com o processo de seleção e integração a uma mídia específica ao oferecer um link direto para conectar a mídia impressa às múltiplas possibilidades da plataforma online de marcas (Veenis, 2012, p. 8). Consumidores com um alto nível de inovação e curiosidade respondem mais positivamente ao uso dos QR Codes e à plataforma online de marcas se comparado com consumidores que têm baixo nível de interesse em inovação e de curiosidade. Portanto, divulgadores podem ser aconselhados a incluir QR Codes em campanhas de mídia impressa de produtos que atraiam esses consumidores, como produtos inovadores ou que gerem algum tipo de ambiguidade. (VEENIS, 2012, p. 36) No que concerne às novas mídias, tais caminhos podem ser entendidos como a construção de uma interface para uma base de dados. “The new media object consists of one or more interfaces to a database of multimedia material” (MANOVICH, 2001, p. 227)31. Para o desenvolvimento da pesquisa empírica, determinamos a seleção de casos de aplicabilidade do QR Code em diferentes vertentes do mercado no mundo das marcas. Nossa fonte foi a pesquisa da especialista em marketing e mídias sociais, Ekaterina Walter32, que listou 30 campanhas de marketing criativas que adotaram o QR Code como elemento central para gerar engajamento dos usuários, em publicação no site SmartBlog on Social Media33. A seguir, descrevemos brevemente estes casos e algumas campanhas que foram criadas no mercado brasileiro. 31 “O objeto da nova mídia consiste em uma ou mais interfaces para um banco de dados de material multimídia” (tradução livre da autora). 32 Perfil da especialista em social media Ekaterina Walter, no LinkedIn. Disponíev em e: <http://www.linkedin.com/in/ekaterinawalter>. Acesso em: 10 ago. 2014. 33 WALTER, Ekaterina. Top 30 QR Code uses. Disponível em: <http://smartblogs.com/socialmedia/2013/01/03/top-30-qr-code-uses/>. Acesso em: 26 ago. 2014. 29 4.1 Mobile Commerce A rede de supermercados Tesco apostou na interatividade como o mercado coreano ao criar a campanha ampanha que levou prateleiras de supermercado virtuais para plataformas de metrô. A ação criou um novo formato por meio de painéis com adesivos que simulava uma gôndola de mercado. Cada produto era identificado com um QR Code que podia ser escaneado para incluir incluir o produto no carrinho de compras. Finalizada a compra, as mercadorias seriam entregues na casa do consumidor, sintetizando assim, uma nova experiência de mobile commerce. commerce Figura 6 – Videocase “Home Plus34 Também neste mesmo sentido, a proposta do d The Melt35, incentiva o uso do celular como interface para a compra, mas realiza o caminho inverso. O comprador pode acessar o site da rede, realizar o pedido no próprio celular e ao final, gerar um QR Code que deve ser mostrado no balcão de serviços da loja. loja. Dessa forma, o comprador evita a fila no restaurante e agiliza o serviço de pedidos e pagamentos. Outro caso de aplicação do QR Code para pagamentos pelo celular é o do Banco do Brasil. Os boletos emitidos pelo banco incluem desde 2011 um campo 35 Website da rede de restaurantes The Melt. Disponível em: <https://themelt.com/ <https://themelt.com/>. Acesso em: 1 set. 2014. 30 com um QR Code impresso que permite que o usuário possa pagar a conta pelo aplicativo do banco. Com o app, é possível pagar, inclusive contas vencidas, já que ele se encarrega de calcular os encargos. De acordo com a apresentação do banco36, esta foi a primeira iniciativa brasileira com esta proposta e trouxe o reconhecimento da revista Executivos Financeiros, que concedeu o Prêmio EFinance 2011, na categoria “Inovação Tecnológica”. Tabela 3 - QR Code para mobile commerce Empresa Campanha Ações Home Plus Experiência de compra no supermercado Evite filas com pedidos online Pagamento online, geração de código Boletos Pagamento de contas pelo app BB 37 Tesco The Melt 38 Banco do Brasil As campanhas mencionadas foram desenhadas de modo que o celular passasse a intermediar o processo de compra online. Com o uso do QR Code como texto da cultura, a comunicação empregada contribuiu como facilitadora do acesso à informação em ambiente digital, ou seja, o QR Code modelizou o ato de comprar no supermercado e de pagar contas que se estruturalizou na plataforma mobile por meio da organização da mensagem em códigos que permite a criação de uma nova experiência de compra intermediada pelo meio digital. 36 Disponível em: <http://www.bb.com.br/portalbb/page3,101,2183,0,0,1,1.bb>. Acesso em: 10 jan 2015 37 Videocase Home Plus. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=nJVoYsBym88>. Acesso em: 20 dez 2014. 38 Business Insider. We Can See Why People Are Crazy About A California Grilled Cheese Chain That Raised $10 Million In Venture Capital. Disponível em: <http://www.businessinsider.com/themelt-grilled-cheese-in-san-francisco-2014-10#ixzz3PbObBJ56>. Acesso em: 20 dez 2014. 31 4.2 Cupons e ofertas Entre as campanhas selecionadas por Walter (2013), duas eram de geração de cupons promocionais e que também incentivam o uso do QR Code para o mobile commerce. A campanha da Scandinavian Airlines39 chamada “Couple Up to Buckle Up” foi criada para incentivar o planejamento de viagens entre casais. A empresa enviou emails para membros da rede oferecendo a promoção “2 para 1”, que continha dois QR Codes que direcionavam a vídeos complementares. Ao final, o código completo para receber o benefício só poderia ser lido se houvesse o pareamento de dois celulares. Nesse caso, o acesso aos dados era transferido da tela do computador para a tela do celular ou da tela de um celular para outro. Figura 7 – Videocase “Couple Up to Buckle Up” 40 A outra ação foi desenvolvida durante o Black Friday em novembro de 2011, no shopping Mall of America, em Minnesota (EUA). O “Snap & Win”41 foi uma ação 39 Website da promoção Couple Up to Buckle Up”. Disponível em: <http://www.coupleup.se/>. Acesso em: 1 set. 2014. 40 Videocase “Couple Up to Buckle Up”. Disponível em: < http://vimeo.com/34140861>. Acesso em 20 dez 2014. 41 JEWELL, Bridget. First time Black Friday midnight opening draws 15.000 guests to Mall of America. Disponível em: <http://press.mallofamerica.com/view/25>. Acesso em: 1 set. 2014. 32 pontual que aconteceu no dia 24 de novembro de 2011 e incentivou o escaneamento de QR Codes que direcionavam os leitores para uma página contendo um voucher de compras que poderia variar de 150 a 1000 dólares. O estabelecimento contabilizou a presença de mais de 15 mil consumidores, dos quais apenas os 300 primeiros da fila tiveram acesso à área com os QR Codes. O grupo foi dividido em três e a cada sessão, os selecionados poderiam escolher o código que revelaria o prêmio escondido. No mês seguinte, o shopping retomou a promoção, mas desta vez espalhando códigos pela praça de alimentação e nas camisetas de funcionários. Nesse caso, o QR Code impresso pode ser compreendido como o primeiro sistema modelizante visível que dá acesso aos dados inseridos na URL promocional. Tabela 4 - QR Code para cupons e ofertas Empresa Campanha Ações Mall of America Snap & Win Link promocional Couple Up to Buckle Up Link e interação audiovisual Scandinavian Airlines Nestes dois casos o QR Code serviu para incentivar o uso das plataformas online das empresas e para das mais visibilidade a elas com as ações pontuais. Ao criar um contexto de exclusividade dada ao usuário, as campanhas proporcionaram um impulso para estimular a empatia com o QR Code que, nesse sentido, modelizou o cupom de oferta substituindo a necessidade de impressão em papel ou de envio por e-mail. Observando a aplicação do código 2D, as informações foram estruturalizadas em bits que criaram uma relação de inclusão de novos formatos de interação com o smartphone. 4.3 Download de aplicativo e músicas Em junho de 2011, as marcas Mountain Dew e Taco Bell fizeram uma ação em parceria em que os consumidores da rede tinham a oportunidade de baixar músicas 33 e vídeos do selo de músicas Mountain Dew Green a partir de QR Codes impressos nos copos das bebidas42. As bebidas são comercializadas apenas em restaurantes Taco Bells e essa parceria divulgou dez artistas que liberaram as produções a cada nova semana. Esta iniciativa adotada pela marca de bebidas da Pepsico no cenário musical traz novas bandas ao mercado. Outra campanha com QR Codes envolveu uma parceria entre a Verizon e a ScanLife para incentivar o download de aplicativos no celular. Em divulgação dos aplicativos disponíveis para os aparelhos Droid43, foram feitas inserções em mídias impressas, sites, displays de lojas que apresentavam QR Codes direcionando o usuário para fazer o download do aplicativo de leitor de códigos da ScanLife ou para a loja de aplicativos (caso o aparelho já fosse mantido pelo sistema Android), ou ainda, para um site explicando os benefícios de um Droid e a variedade de aplicativos, caso o smartphone fosse de outro sistema. No Brasil, uma iniciativa da Coca-Cola lançou um desafio para promover o refrigerante Sprite44. O vídeo da campanha “Sprite Sons Urbanos”, produzido pela agência WMcCann, convidava o consumidor a criar uma trilha sonora nova para o comercial do produto e para isso disponibilizou uma ferramenta de edição de áudio em seu website. As latas promocionais ainda incluíam um QR Code que dava acesso a uma gama maior de sons que poderiam se usados para a mixagem da música. As trilhas sonoras enviadas pelos participantes foram submetidas à votação popular em que 30 músicas seriam premiadas com um Xbox e um Kinect cada. Em seguida, as músicas foram avaliadas por uma banca formada pelo rapper Emicida e por representantes da Coca-Cola. A promoção contabilizou três milhões de votos no site promocional e o vencedor foi o paulistano Lucas Gabriel Domingues que criou a música “Mandando bem nas ideias”45. 42 PEPSICO. A large Mountain Dew has never sounded so good. Disponível em: <http://live.pepsico.com/live/pressrelease/A-Large-Mountain-Dew-Has-Never-Sounded-SoGood04182011>. Acesso em: 2 set. 2014. 43 SCANLIFE.Case Studies: Client – Verizon Droid. Disponível em: <http://www.scanlife.com/casestudies/verizon-droid>. Acesso em: 20 ago. 2014. 44 Vídeo da campanha “Sprite Sons Urbanos”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=zEmlSbzUWn4&x-ytts=1421914688&x-yt-cl=84503534>. Acesso em: 20 jan 2015. 45 Sorocaba Refrescos. Rapper Emicida escolhe trilha sonora composta por consumidor. Disponível em: < http://www.sorocabarefrescos.com.br/noticias/rapper-emicida-escolhe-trilha-sonoracomposta-por-consumidor/>. Acesso em: 20 jan 2015. 34 Figura 8 – Vídeo da campanha Sprite Sons Urbanos Tabela 5 - QR Code para download de aplicativo e músicas Empresa Mountain Dew e Taco Bell Verizon Coca-Cola Campanha Ações Mountain Dew Green Acesso a arquivos de áudio Label Sound ScanLife Droid app Hipermídia, acesso à loja online Sprite Sons Urbanos Acesso a arquivos de áudio A aplicação do QR Code serviu para facilitar o caminho de acesso a arquivos de música e de softwares - para serem baixados no aparelho móvel encurtando caminhos convencionais que precisaram passar por mais de uma interface ou do auxílio de mais programas para obter os arquivos. Nesse sentido, o QR Code modelizou o ato de baixar arquivos diretamente para o celular ao facilitar o processo, por meio do direcionamento do código 2D para um outro formato. 35 4.4 Geolocalização A Columbia Sportsware, empresa especializada em artigos esportivos e calçados para atividades ao ar livre, lançou a campanha “A Box Life”46 em agosto de 2009, com o intuito de incentivar a reutilização de caixas de sapato para reduzir o desperdício do material. Ao realizar uma compra pelo site da Columbia, o cliente tinha a opção de decidir pela entrega da mercadoria dentro de uma caixa reutilizada. Para encorajar a escolha ecologicamente correta, a empresa criou um site chamado “A Box Life” que rastreava as localizações por onde a caixa passava. Para isso, a caixa era identificada com QR Codes e quando o comprador a recebesse poderia escanear o código e descobrir por onde a caixa havia passado, além de participar da rede de compartilhamentos da caixa, com fotos e histórias que envolvessem a compra. Dessa forma, criava-se uma nova rede de vínculos, uma vez que as próprias caixas passavam a contar histórias. Essa interação com o QR Code pode ser compreendido como um exemplo aplicado à função de geolocalização. A ação World Park47, criada pela agência Magma foi uma intervenção no Central Park de Nova York que aconteceu nos dias 30 de abril e 1º de maio de 2010. Para celebrar o Dia da Árvore, a campanha convidou os visitantes do parque a interagir e conhecer um pouco mais sobre os marcos do parque. Uma série de placas contendo QR Codes foram espalhadas pelo parque e cada um direcionava o leitor para um tipo diferente de mídia: referências de filmes com os cenários, jogos de perguntas e respostas e mais informações de cada local. Com o conteúdo acessado pelo celular, cria-se uma experiência complementar entre a informação digitalizada e o espaço físico. 46 COLUMBIA. Columbia sportsware e-commerce site gets “out of the box” with innovative reused box shipping option. Disponível em: http://www.columbia.com/About-Us_PressCenter-Release_2009_09_23.html. Acesso em: 2 set. 2014. 47 Vídeo da campanha World Park. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3XiSXZgRyaI>. Acesso em: 3 set. 2014. 36 Figura 9 – Videocase da campanha World Park Com uma ideia semelhante, empresas de transporte de Frankfurt investiram no desenvolvimento de plataformas mobile que incrementam a experiência do usuário de acordo com a localização detectada pelo aparelho ao interagir com os “InfoModules” que são pôsteres que contêm QR Codes e selos para serem conectados pelo sistema NFC (Near Field Communication). O QR Code direciona o leitor ao RMV-HandyPortal48 da empresa de transportes RMV, que é capaz de oferecer informações personalizadas como tabelas de horários, informações de serviços disponíveis, promoções. Nesta mesma iniciativa, os serviços da Ebbelwei Express permitiam que os portadores de smartphones acompanhassem o tour pela cidade nos trens turísticos, acessando o material eletrônico durante o passeio. Em uma proposta complementar ao “Favorite Places”, o Google criou uma campanha para aumentar a conectividade e visibilidade dos estabelecimentos comerciais dos Estados Unidos. A empresa distribuiu adesivos para mais de 100 mil lojas americanas (as com maior índice de procura no buscador) contendo QR Codes que direcionavam para a “Place Page” do local. Nela era possível ter acesso a informações do estabelecimento, ver avaliações compartilhadas por outros usuários e marcar locais como favoritos. 48 Disponível em: http://www.rmv.de/en/Fahrplanauskunft/Fahrplaene/Fahrplaene_fuer_Handy_und_Co/39706/HandyPo rtal.html. Acesso em: 4 set. 2014 37 Uma outra proposta de interação com o QR Code pôde ser vista quando a RightNow promoveu um jogo de caça ao tesouro durante o festival SXSW49, que aconteceu em 2011, na cidade de Austin (EUA). A ação criou um ambiente em que os participantes tinham encontrar os QR Codes impressos nas camisetas de funcionários que os levariam para a próxima pista. E para que esta nova dica fosse liberada, o concorrente tinha que interagir pelo Twitpic, postando uma foto com a hashitag #theGame_SXSW para provar que cada código realmente tinha sido encontrado. Tabela 6 - QR Code para geolocalização Empresa Campanha Ações Columbia Sportsware A Box Life Hipermídia, mídias sociais Info-Modules Audiovisual, interatividade SXWS #theGame_SXSW Interatividade Google Favorite Places Interatividade World Park Interatividade, hipermídia Frankfurt (Alemanha) NY Central Park 50 Nesses casos apresentados, os QR Codes contribuíram para criar uma interação entre o ambiente e a informação digitalizada. Considerando que a geolocalização é primordial para o desdobramento da comunicação e dos processos de significação conseguintes, o QR Code aparece para modelizar a comunicação geolocalizada, ou a transmissão de dados geolocalizados, que por sua vez estão inseridos em um conjunto de sistemas que os cofiguram tais quais os mapas, as interfaces de representação do espaço, a comunicação entre comunidades e a ubiquidade. 49 Disponível em: < http://2d-code.co.uk/sxsw-rightnow-qr-code-scavenger-hunt/> . Acesso em: 4 set. 2014. 50 Diponível em: <www.is-frankfurt.de/uploads/down768.ppt>. Acesso em: 4 set. 2014. 38 4.5 Mídias sociais A loja JC Penney lançou a campanha “Who´s your Santa?”51 no Natal de 2011 e em conjunto com a ação, incentivou o uso dos QR Codes em cartões que seriam enviados junto com o presente. Os consumidores que escolhessem pela opção de entrega em domicílio poderiam assinar o cartão gravando uma mensagem de voz que geraria um código. Esse código seria inserido no cartão e também poderia ser compartilhado pelas mídias sociais. Ao escanear o QR Code, o presenteado teria acesso a essa mensagem em áudio no próprio celular, completando o ciclo da mensagem em formato digital. É possível observar, neste caso, a codificação da voz em dados digitais que passam a ser reproduzíveis em aparelhos de som. Estes dados gravados são modelizados pelo QR Code que gera uma linguagem visual capaz de transmitir os mesmos códigos em outro formato. Do outro lado, o receptor realiza o caminho inverso de decodificação do texto digital do código 2D para o som que será transmitido pelo smartphone. Figura 10 – Videocase “Who’s your Santa”52 51 Análise publicada pela Mobile Marketing Association. Disponível em: <http://www.mmaglobal.com/case-study-hub/upload/pdfs/mma-2012-76.pdf>. Acesso em 2 set. 2014. 52 Videocase “Who’s your Santa”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5EjVvvyLRfA>. Acesso em 21 dez 2014. 39 Já na campanha “Win a smartphone”53, promovida pela Verizon, o compartilhamento era primordial para que o usuário pudesse ser premiado. A promoção realizada entre 22 e 29 de junho de 2011 rendeu um aumento de 200% nas vendas da Verizon Wireless EVO². Os QR Codes ficaram dispostos nas lojas da Verizon durante o período da promoção e os clientes precisavam compartilhar o código nas redes sociais. Caso um amigo adquirisse um celular (com plano de dois anos), a pessoa que compartilhou a promoção ganhava um celular novo. A empresa precisou investir apenas US$1.000 para o desenvolvimento de um aplicativo para Facebook e obteve um retorno estimado em US$ 35.000 com o aumento das vendas. A Quiring Monuments é uma empresa americana especializada em produção de monumentos e lápides que criou um conceito de compartilhamento de memórias pelo Living Headstones54. A ideia é manter páginas com perfis dos entes queridos em que a família pode postar fotos e memórias para que fique um registro para as próximas gerações. O link da página é transformado em um QR Code que é colocado na lápide da pessoa e pode ser acessado pelos visitantes. Nesse caso, a lápide seria compreendida como a primeira interface a partir da qual o QR Code é acessado e que leva ao acesso à plataforma moblie do site. Neste ambiente digital, há possibilidade de leitura e de registro de novas informações mediante autorização da família. A agência Stupid Creative criou a campanha do Spotify55 para incentivar o compartilhamento de listas de músicas pelo aplicativo. A ação oferecia cartões impressos com desenhos temáticos que formavam QR Codes e cada código direcionava o leitor para uma lista específica de “músicas de amor” no cartão com corações, “músicas para cozinhar” no cartão com imagens de temperos e alimentos, “músicas de arte” com um QR Code formado com partes de lascas de lápis. A ideia principal da campanha era a de retomar um costume que foi se perdendo com a era dos aquivos mp3: o de presentear com fitas cassete ou CDs que traziam seleções de música e trilhas sonoras pessoais. Esse recurso só poderia ser acessado se as duas partes fossem assinantes premium do Spotify. 53 QR Codes and Wireless, always be closing. Disponível em: <https://hipscan.com/pdfs/HS_and_Wireless.pdf>. Acesso em: 3 set. 2014. 54 Campanha Living Headstones. Disponível em: < http://www.monuments.com/livingheadstones> Acesso em: 4 set. 2014. 55 Vídeo campanha Spotify. Disponível em: < http://vimeo.com/28587602>. Acesso em: 3 set. 2014. 40 Um exemplo de caso no Brasil é o da empresa “Meu Peludo”56, do Rio Grande do Norte, que oferece uma medalha para animais de estimação que vem com um QR Code de identificação. O QR Code impresso na medalha do pet dá acesso a uma página com o perfil que contém informações do animal, do dono e um formulário de contato caso o animal esteja perdido. O QR Code também ativa o serviço de geolocalização que rastreia o local onde foi feita a leitura do QR Code e dados do aparelho e, em seguida, avisa o proprietário por e-mail. O projeto criado pelos potiguares Philipe Coutinho e Sérgio Oliveira rendeu à empresa o título de melhor startup do Desafio do Salão Nacional de Inovação do Encontro Nacional de Tecnologia e Negócios – Rio Info 2013. Figura 11 – Site da empresa “Meu Peludo” 56 Disponível em: http://meupeludo.com.br/press. Acesso em: 10 jan 2015. 41 Tabela 7 - QR Code para mídias sociais Empresa Verizon JC Penney Quiring Monuments Spotfy Meu Peludo Campanha Ações Win a Smartphone Compartilhamento em mídias sociais Santa Tag Envio de mensagem sonora Living headstone Compartilhamento de texto, fotos Modern Day Mixtape Envio de seleção de músicas Meu peludo Mídias sociais para pets e localização Ao observar as campanhas dessas empresas, é possível verificar que os QR Codes são empregados para facilitar o alcance das marcas pelas mídias sociais. Ele codificava caminhos que se conectavam às redes digitais a fim de modelizar o compartilhamento dos dados das empresas, seja por meio de trocas de mensagens ou de músicas ou fotos. 4.6 Cartões de visitas A campanha U-code57 da Heineken foi aplicada no Heineken Open’er Festival da Polônia para incentivar a interação entre os visitantes do festival. No espaço da ação, cada um podia criar uma mensagem escrita, que seria transformada em um QR Code e depois impressa em um adesivo. Ao apontar o celular para a imagem do código, o interessado descobria qual era a mensagem transmitida pelos demais visitantes. Nessa forma de comunicação, a informação é processada pelo código visual do QR Code para a interface da tela do celular e permite a troca de informações pessoais entre os usuários. 57 Vídeo Heineken U-code. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0RrXcm89FAo&feature=youtu.be>. Acesso em: 3 set. 2014. 42 Nesse mesmo sentido, os cartões de visitas criativos selecionados58 por Colin Gillman também inserem mais informações como telefone, e-mail e página pessoal a partir de um cartão de visitas com design criativo. Tabela 8 - QR Code para cartões de visitas Empresa Campanha Heineken U-code Ações Informações pessoais e mensagens --- Creative business cards Acesso a informações pessoais Ao analisar estes dois casos de aplicação de QR Codes em projetos apresentados para cartões de visitas, os códigos ajudam a criar um ambiente digital para a transmissão instantânea de informações. Portanto os códigos 2D empregados modelizam o compartilhamento de dados pessoais, traçando uma estrutura que permite a simplificação do envio de informações. 4.8 Informações extras Confirmando a tendência de que os principais usos dos QR Codes eram destinados ao acesso a informações extras - do produto ou da campanha ao qual o código é referenciado -, a maior parte da seleção listada por Walter (2013) tem justamente esta função. Ao observar casos de restaurantes e empresas de alimentos que inseriram o QR Code em cardápios ou no próprio estabelecimento, a autora identifica exemplos de usos criativos para explicação detalhada dos pratos, da rastreabilidade de ingredientes e sugestões de harmonizações de vinhos, como é o caso da iniciativa da vinícola neozelandesa Brancott Estate. Como parte da campanha “Stay 58 Creative Business Cards Using QR Codes. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YAH6NrHDqFU&feature=youtu.be>. Acesso em: 3 set. 2014. 43 Curious”59, a empresa criou o aplicativo “World Most Curious Bottle” e inseriu QR Codes em 14 garrafas de vinho para agregar informações sobre aromas, sobre as plantações das uvas, sugestões de harmonizações e até jogos. Em outra ação envolvendo rastreabilidade, os restaurantes canadenses, da cidade de Vancouver60 - Bishop’s, Refuel, Campagnolo Roma, Relish Gastropub, Rocky Mountain Flatbread Company e Nicli Pizzeria - fizeram uma parceria com a Foodtree Media (site especializado em alimentação). A campanha adotada em 2012 divulgava os QR Codes colocados nos restaurantes, que direcionavam o leitor para informações sobre os principais fornecedores dos estabelecimentos. Essa proposta era uma forma de mostrar transparência quanto à qualidade dos alimentos utilizados nos restaurantes. Outra campanha que ganhou visibilidade foi a do restaurante americano Policy61, que começou a aplicar QR Codes na entrada do estabelecimento para que os clientes pudessem acessar o menu, fazer reservas e compartilhar o endereço, tudo pelo celular. Para o restaurante etíope Mesob situado em Montclair (New Jersey, EUA), apresentar os QR Codes pelo ambiente complementa a experiência do cliente ao agregar conteúdo62 sobre como os pratos são preparados, como é consumido, quais são os costumes do país. Além disso, o visitante também pode se conectar às mídias sociais para saber o que está sendo comentado e fazer avaliações sobre o local. Essa interação com o celular por meio da leitura dos QR Codes estabelece uma integração entre o ambiente físico e o ambiente digital multimidiático, seja com links de fotos, texto ou vídeos. Já com a rede de restaurantes indianos Bombay Bowl63, a ação foi desenhada para engajar os clientes às redes sociais (com links para as páginas do Facebook e 59 Campanha Stay Curious, da Brancott Estate. <http://www.brancottestate.com/curiousbottle/>. Acesso em: 2 set. 2014. 60 Why Vancouver restaurant owners are putting QR Codes on their menus (and you should too) <http://www.foodtree.com/blog/2012/01/20/announcing-qr-codes-on-menus>. Acesso em: 30 ago. 2014. 61 FINNERAN, K. Small businesses using QR Codes to engage customers. Disponível em: <http://smallbusiness.foxbusiness.com/technology-web/2011/05/20/small-businesses-using-qr-codesto-engage-customers/>. Acesso em: 4 set. 2014. 62 Mesob Ethiopian Restaurant Introduces QR Codes to Enhance Customer Experience. Disponível em: <http://www.mesobrestaurant.com/images/stories/docs/qr_code_press_release_mesob_ethiopian_res taurant_montclair_nj.pdf>. Acesso em: 4 set. 2014. 63 Disponível em: < http://www.qrlicious.com/qr-codes-in-action-at-bombay-bowl/> Acesso em: 3 ago. 2014. 44 Twitter) e à newsletter do restaurante. Outro uso do QR Code adotado foi a divulgação de outros restaurantes “Smart Meal” que são certificados com um mesmo selo de certificação de menus saudáveis, compartilhando sugestões de estabelecimentos inseridos no mesmo entorno. O uso aplicado para QR Codes na biblioteca de direito da Universidade do Estado da Flórida 64 apresentou opções para agregar conectividade aos estudantes que tivessem acesso à internet em seus smartphones. Com a leitura de códigos distribuídos pela biblioteca, o usuário poderia ter acesso a informações como contatos dos bibliotecários do local, o catálogo mobile do acervo, bases de dados sobre direito, o blog da biblioteca e os caminhos para encontrar o formato eletrônico de uma fonte impressa, por exemplo. Da mesma forma, o Museu de Arte de Cleveland65 incentivou a promoção das galerias recém-inauguradas. A campanha incluiu cartazes espalhados em alguns pontos estratégicos da cidade que traziam QR Codes impressos. Os códigos direcionavam para o website do museu e dali, o usuário podia acessar o audio tour com as explicações das novas galerias. Um código também pode inserir conteúdos audiovisuais, estabelecendo um caminho o currículo que dá acesso a mais informações em vídeo66, por exemplo, complementa o resumo em papel e o torna mais dinâmico ao compor imagem e vídeo como um todo. O QR Code no currículo serve como um texto intermediário que permite a transferência da leitura do texto impresso para o formato audiovisual. Outra forma de aplicação de QR Codes para permitir o acesso a informações detalhadas foi usada durante a conferência The Association Media & Publishing67 em junho de 2011. A ideia era reduzir o uso de papéis e impressões distribuídas durante o evento e para isso foram disponibilizados QR Codes para que os participantes pudessem acessar a programação e informações detalhadas dos palestrantes e também para incentivar a interação pelas mídias sociais. 64 JACKSON, D. Thinking about technology – Standard barcodes beware- smartphone users may prefer QR Codes. University of South Dakota School of Law, 2011. Disponível em: < http://works.bepress.com/cgi/viewcontent.cgi?article=1006&context=darla_jackson>. Acesso em: 4 set. 2014. 65 Disponível em:< http://www.capstonemedia.com/cleveland-art-museum-qr-code-shawabtysand-cista-handles-for-gallery-tour/> . Acesso em: 20 ago. 2014. 66 Un QR Code sur un CV. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Xs7tLBSENx4&feature=youtu.be>. Acesso em 3 set. 2014. 67 Disponível em: http://associationmediaandpublishing.org/PageDisplay.asp?p1=4161 Acesso em 2 ago. 2014. 45 Já a campanha Backstage Pass68 da loja de departamentos Macy’s disponibilizou QR Codes nos displays de 800 lojas dos Estados Unidos. Pela leitura do código era possível ter acesso a dicas de moda e explicações dos criadores das coleções. Além disso, a compra poderia ser realizada diretamente pelo celular pela plataforma mobile da loja. Considerando esses usos como exemplo em o QR Code abre caminho para uma linguagem audiovisual, o próprio celular ou tablet e os bits podem ser observados como sistemas modelizantes. Em outro uso para acesso a informações complementares ao ambiente em que o QR Code aparece, os jogadores do game Homefront69, eram induzidos a escanear os dez códigos que apareciam no jogo para ter acesso a conteúdo exclusivo e papéis de parede. Em dois dias, foram feitos mais de 30 mil escaneamentos e o principal aparelho usado foi o iPhone. Assim como no exemplo do Backstage Pass, a informação complementar acessada pelo aparelho era audiovisual e trazia explicações para determinados fatos que estavam acontecendo durante o jogo, no momento em que o QR Code aparece no cenário. Outro uso do QR Code para ambientes ficcionais foi a campanha de divulgação do filme “A Origem”70, em que o usuário era convidado a imergir no mundo do filme e a descobrir detalhes discutidos no ambiente fictício. A campanha foi feita com diferentes formatos desde meios impressos, correspondências, websites e iPads. Nestes casos, o smartphone também aparece como um sistema modelizante que permite que os códigos sejam visualizados em uma interface adaptada para serem lidos independentemente da localização do usuário. Os códigos 2D se apresentam como facilitadores do acesso aos respectivos sites, gerando engajamento principalmente do público jovem que costuma jogar e assistir a filmes desse gênero. Para a campanha “Life can be perfect”, lançada em junho de 2011 pela Bollinger, foi desenvolvido um site para acesso em plataforma mobile que trazia informações sobre como participar de um concurso internacional promovido pela marca. O concurso foi divulgado em dez jornais (International Herald Tribune, Le Figaro, The Guardian, Frankfurter Allgemeine Zeitung, NZZ, La Tribune de Genève, Dagens Nyheter, Berlingske, Sunday Business Post e The Sydney Morning Herald) 68 Macy’s Backstage Pass QR Campain. Disponível em:< http://vimeo.com/46537707>. Acesso em 2 set. 2014. 69 30000 QR Code scans in two days. Disponível em: < http://2d-code.co.uk/homefront-qrcodes/ >. Acesso em: 19 ago. 2014. 70 Disponível em: < http://mmaglobal.com/studies/verizon-wireless-sees-over-150000-scansscanlife-qr-codes>. Acesso em: 19 ago. 2014. 46 convidando os leitores a compartilhar suas histórias com o tema “Life can be perfect”. As cinco melhores foram premiadas com um convite para a festa exclusiva de comemoração dos cinquenta anos do champagne Bollinger. Nesta seleção de aplicações em campanhas, o QR Code serviu para criar novos ambientes de informação como hiperlinks em uma navegação hipermidiática não linear. Seja pelo direcionamento para uma URL com vídeo, áudio ou textos complementares, os códigos condensam informações, além dos próprios dados digitais. Logo, o QR Code modeliza também o acesso às informações extras, uma vez que esse formato gera linguagens digitais que ao mesmo tempo se estrutura a partir de outros sistemas modelizantes como os aparelhos móveis por meio dos quais as informações são acessadas, as bases de dados, o desenho das interfaces. 47 Tabela 9 - QR Code para informações extras Empresa Campanha Ações Backstage Pass Dicas de moda, coleções, compras Homefront Interação com história do game Inception website Interação com ficção Brancott Estate Stay Curious Informações sobre os produtos Food Tree Media Restaurantes Rastreabilidade Bombay Bowl Smart Meal Rastreabilidade Mesob Restaurante Aprofundar os temas culturais Policy Restaurante Reservas, acesso ao menu Macy’s THQ Warner, Verizon e Scan Life Detalhes da programação do evento, The Association Media & Publishing Cleveland Museum ----- Conference palestrantes e troca de opiniões Audio tour Visitação guiada Resume Audiovisual Acesso a: catálogo, sites, contatos, Florida State Law Library Bolinger Champagne Conectividade base de dados Life can be perfect Acesso a inscrições para concurso 48 CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso da mídia conectada às redes digitais como instrumento de comunicação é uma maneira de inovar a interação do ser humano com a informação, mediada pela tecnologia. Ao condensar informações em um texto da cultura criado a partir de dados numéricos e algoritmos, a comunicação passa a ser estruturada por códigos digitais que apresentam sistemas modelizantes secundários que geram linguagens nos formatos. Os padrões de interação com aparelhos celulares também são modificados pela incorporação de QR Codes em diferentes momentos do cotidiano: em matérias jornalísticas, ações de marketing, em sistemas de produção etc. Diante da diversidade de possibilidades de linguagens que os códigos 2D geram no processo de comunicação, a introdução desses códigos de resposta rápida facilitam ainda mais as interações. Com isso, percebe-se que a necessidade de acesso à informação imediata conecta ainda mais a sociedade à rede e converge mais uma funcionalidade aos aparelhos móveis. O reconhecimento internacional do símbolo contribuiu também contribuiu para que a ideia pudesse ganhar mais espaço, ainda que pouco a pouco, em outros países, como apresentado nas pesquisas da comScore e da MediaSeek. Entre os casos analisados, foi possível observar diferentes aplicações do QR Code em campanhas do mundo das marcas. Em cada grupo, o código se mostrou adequado para modelizar diferentes linguagens para diversas possibilidades de organização da mensagem e de geração de semioses. No primeiro grupo, por exemplo, o QR Code modelizou o ato de comprar no supermercado ou no restaurante, criando uma nova linguagem digital de experiência de compra em plataforma mobile. Já nos exemplos em que o código de resposta rápida modeliza os cupons, a aplicação sintetiza a forma como as ações comerciais podem se tornar atrativas aos consumidores conectados com seus smartphones. Em uma mesma linha de interpretação, as ações que estimulam o download de aplicativos ou de conteúdos exclusivos também geram linguagens modelizadas no formato mobile para facilitar o acesso aos arquivos diretamente transferidos para o celular ou tablet. O QR Code também pode modelizar a comunicação geolocalizada ao ser empregado em ações como o Favorite Places on Google ou em ações pontuais semelhantes ao World Park, que fez com que um simples passeio pelo 49 Central Park de Nova York pudesse ser aproveitado com informações relevantes, que por sua vez, estavam modelizadas pelo QR Code. Em ações em que os compartilhamentos pelas mídias sociais eram modelizadas pelos códigos 2D, fica evidente também que a inserção dos aparelhos móveis no cotidiano e a interação pelas mídias sociais estão cada vez mais intrínsecas à realidade do mundo digital. Por esse motivo, também, o QR Code, como texto digital permite que cartões de visitas sejam modelizados para uma linguagem digital. O uso do QR Code como forma de oferecer mais informações a respeito do conteúdo apresentado em mídia impressa é um dos mais recorrentes no mundo das marcas. A partir do código, é possível construir uma interação entre o mundo físico e o digital, uma vez que ele modeliza as relações hipermidiáticas seja para intermediar o acesso, por meio de códigos e bits, a conteúdos extras em vídeo, em textos, em imagens, em áudio. Se trabalhados de maneira consciente e com planejamento, os QR Codes podem se tornar instrumentos importantes que facilitam a interação do usuário com o conteúdo e do próprio conteúdo entre diferentes plataformas. No Brasil, a aplicação dos QR Codes em campanhas ainda se mostra tímida no mundo das marcas, sendo que os principais usos observados são aqueles que direcionam o leitor do código para o site da empresa ou incluem links que trazem informações extras a respeito do produto relacionado. Observando o crescimento dos usos dos smartphones e, concomitantemente, da constante necessidade de conexão à rede, é possível visualizar um campo vasto que aproveite a interação do usuário com as campanhas e promoções de produtos e marcas. Por isso, vemos que as iniciativas são importantes para inserir as marcas ao mundo dos textos digitais, como o QR Code, para criar novas experiências em um ambiente conectado e interativo. 50 REFERÊNCIAS 3GVision. Global Growth in Mobile Barcode Usage - Q3/2011. Relatório. Or Yehuda, 2011 Disponível em <http://3gvision.com/pr29.html>. Acesso em: 31 ago. 2014. ______. 3GVision and Czech Republic’s Most Popular Site Partner to Offer Mobile Barcode Solutions. Disponível em <http://3gvision.com/pr12.html>. Acesso em: 31 ago.2014. Accusoft Corporation. Using Barcodes in Documents: Best Practices. Disponível em <http://www.accusoft.com/whitepapers/barcodes/BarcodesinDocumentsBestPractices.pdf>. Acesso em: 31 ago. 2014. AMÉRICO, Ekaterina Vólkova. 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