Formatos de Codificação da Linguagem – o caso do QR Code, por

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Formatos de Codificação da Linguagem – o caso do QR Code, por
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo
Curso de Especialização em Gestão Integrada da Comunicação Digital nas
Empresas
KARIN THERUMI KIMURA
Formatos de Codificação da Linguagem - o caso do QR Code
São Paulo
2014
KARIN THERUMI KIMURA
Formatos de Codificação da Linguagem - o caso do QR Code
Monografia apresentada à Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo em cumprimento
parcial
às
exigências
para
obtenção
do
título
de
especialista em Gestão Integrada da Comunicação Digital
nas Empresas, sob orientação da Profª. Drª. Daniela
Ramos.
São Paulo
2014
Formatos de Codificação da Linguagem - o caso do QR Code
Monografia apresentada à Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo em cumprimento
parcial
às
exigências
para
obtenção
do
título
de
especialista em Gestão Integrada da Comunicação Digital
nas Empresas.
Orientadora: Profa. Dra. Daniela Ramos
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________________________
Assinatura: _____________________________________
_______________________________________________
Assinatura: _____________________________________
_______________________________________________
Assinatura: _____________________________________
São Paulo
2014
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a minha família, principalmente aos meus pais,
Osvaldo Kimura e Tamami Kimura, aos meus irmãos Alexandre Kimura e Lucianne
Kimura, que sempre se preocuparam, dando apoio e incentivo durante todas as
etapas da minha vida, com conselhos que foram essenciais sem os quais
certamente não teria chegado até aqui, além do amor incondicional.
As minhas amigas Larissa Kobori, Sofia Nishimura e Graziela Kazaoka e
Karina Lie Watashi, que sempre estiveram presentes dando, força, compreensão,
apoio e principalmente acreditaram na minha dedicação e potencial.
Agradeço a minha orientadora Daniela Ramos, que aceitou ajudar a
desenvolver o meu trabalho, pelas conversas, apoio durante a fase de definição e
orientação.
E por fim à equipe Digicorp e aos colegas do curso pelos ensinamentos, trocas
de experiências e pela oportunidade de realização do curso de especialização em
gestão integrada da comunicação digital nas empresas.
RESUMO
O QR Code (Código de Resposta Rápida, em tradução literal) tem sido
integrado ao conteúdo hipermidiático como um texto cultural em formatos, capaz de
modelizar a comunicação em diferentes tipos de linguagens, uma vez que funciona
como um atalho para aparelhos móveis. Este estudo representa uma exploração
inicial baseada nos estudos da semiótica da cultura sobre as implicações de como o
uso do QR Code pode modelizar as linguagens por meio da exemplificação de casos
de campanhas de marketing.
Palavras-chave: QR Code, sistemas modelizantes, linguagem, semiótica da cultura
ABSTRACT
Quick Response (QR) Code is being integrated to the hypermedia content as a
cultural text through the formats capable of modelizing the communication into
different kinds of languages, since it works as a shortcut for mobile devices. This
study represents an initial exploration based on semiotics of culture studies about the
implications of how QR Code uses can modelize the language as we exemplify it with
some cases of marketing campaigns.
Key words: QR Code, modelling systems, language, semiotics of culture
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – QR Code ......................................................................................... 18
Figura 2 – Data Matrix ..................................................................................... 21
Figura 3 – PDF 417 .......................................................................................... 22
Figura 4 – Maxi Code ....................................................................................... 23
Figura 5 – Crescimento global do uso de códigos ............................................24
Figura 6 – Videocase “Home Plus”………………………………………………..29
Figura 7 – Videocase “Couple Up to Buckle Up”………………………………..30
Figura 8 – Vídeo da campanha “Sprite Sons Urbanos”.....................................34
Figura 9 – Videocase da campanha “World Park”.............................................36
Figura 10 – Videocase “Who’s your Santa” …………………………………….38
Figura 11 – Site da empresa “Meu Peludo”.......................................................40
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Tabela comparativa de padrões................................................................23
Tabela 2 – Usos de QR Code em países europeus .................................................. 26
Tabela 3 – QR Code para mobile commerce ............................................................ 30
Tabela 4 – QR Code para cupons e ofertas .............................................................. 32
Tabela 5 – QR Code para download de aplicativo e músicas ................................... 35
Tabela 6 – QR Code para geolocalização ................................................................. 37
Tabela 7 – QR Code para mídias sociais .................................................................. 41
Tabela 8 – QR Code para cartões de visitas ............................................................. 42
Tabela 9 – QR Code para informações extras .......................................................... 47
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9
1 SEMIÓTICA DA CULTURA........................................................................... 10
2
LINGUAGEM
EM
CÓDIGOS
E
SISTEMAS
MODELIZANTES
SECUNDÁRIOS ............................................................................................... 12
3 ESPECIFICAÇÕES DO QR CODE – QUICK RESPONSE CODE................ 17
3.1 Outros tipos de códigos bidimensionais ...................................................... 20
3.1.1 Data Matrix Code................................................................................................ 20
3.1.2 PDF 417 ............................................................................................................... 21
3.1.3 Maxi Code............................................................................................................ 22
3.2 Panorama global do uso de QR Codes ...................................................... 24
3.3 QR Code no mercado japonês.................................................................... 26
4. MAPEAMENTO DOS USOS DE QR CODE NO MUNDO DAS MARCAS... 28
4.1 Mobile Commerce ....................................................................................... 29
4.2 Cupons e ofertas......................................................................................... 31
4.3 Download de aplicativo e músicas .............................................................. 32
4.4 Geolocalização ........................................................................................... 35
4.5 Mídias sociais ............................................................................................. 38
4.6 Cartões de visitas ....................................................................................... 41
4.8 Informações extras ..................................................................................... 42
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 48
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 50
9
INTRODUÇÃO
A partir da definição da semiótica da cultura como base de pesquisa sobre
linguagem, o presente estudo pretende observar os mecanismos básicos da
constituição do espaço semiótico e a transformação da informação em texto que é
gerado em diferentes interfaces.
Do ponto de vista teórico, entendemos o QR Code como um texto digital (texto
da cultura) a partir do qual é possível a geração de linguagens digitais em diferentes
formatos. Com este objeto, a pesquisa segue com base nas discussões de
processos de significação explicados pela teoria da semiótica da cultura que “tenta
entender como são os registros, as representações da cultura nos diferentes
suportes que ela dispõe e em diferentes momentos histórico-sociais” (VELHO, 2009,
p. 250).
Um QR Code pode ser compreendido como um texto da cultura que se encaixa
nas características das novas mídias definidas por Manovich (2001): a variabilidade,
a modularidade, a representação numérica e a automação dos códigos. Além disso,
a transcodificação da informação também é identificada quando os dados digitais
são transformados na imagem composta por quadrados pretos e brancos (ou
preenchidos e não preenchidos) do QR Code.
Essa codificação e a leitura de informações inseridas em uma matriz permite a
transição entre o conteúdo publicado em meio impresso e o texto digital e é capaz
de gerar linguagens que acabam sendo modelizados em formatos.
Para o desenvolvimento da pesquisa empírica, partimos de uma seleção de
casos em que o QR Code aparece como elemento central da interação do usuário
ou consumidor com o conteúdo a fim de apresentar uma perspectiva das aplicações
dos QR Codes no mundo das marcas. Nossa fonte foi a pesquisa da especialista em
marketing e mídias sociais, Ekaterina Walter, que listou 30 campanhas de marketing
criativas em publicação no site SmartBlog on Social Media. A partir destes casos e
da inclusão de alguns casos brasileiros, definimos grupos de acordo com o propósito
das campanha e procuramos identificar as modelizações das ações.
10
1 SEMIÓTICA DA CULTURA
Os registros e as formas de comunicação e significação serviram de base para
o desenvolvimento dos estudos da semiótica da cultura, a partir de diferentes
perspectivas e teóricos. A semiótica da cultura reúne discussões de pesquisadores
da antiga União Soviética, da Escola de Tartú-Moscou (ETM), que passaram a
compreender os processos de significação com base na compreensão do contexto
cultural no qual a comunicação é gerada. Nesse sentido, a cultura é entendida como
linguagem e como tal, é capaz de produzir significados.
Para a ETM, cultura é memória não-genética, um conjunto de informações
que os grupos sociais acumulam e transmitem por meio de diferentes
manifestações do processo da vida, como a religião, a arte, o direito (leis),
formando um tecido, um “continuum semiótico” sobre o qual se estrutura o
mecanismo das relações cotidianas. (VELHO, 2009, p. 250)
A partir dessa definição, Velho (2009) destaca que para a ETM a cultura pode
ser interpretada como “inteligência coletiva”, e dessa forma se estende além da
língua apresentando uma complexidade que abrange sistemas sígnicos. Tais
sistemas se organizam em relações complexas de signos capazes de gerar sentido
em determinadas culturas.
Ainda sobre a compreensão da cultura para os pesquisadores da ETM,
Machado (2003) também lembra que é diferente da abordagem sociológica ou
antropológica do termo. “Cultura significa o processamento de informações e,
consequentemente, organização em algum sistema de signos ou de códigos
culturais". (MACHADO, 2003, p. 33)
Lotman (1992) explica que as formas de expressão podem ser entendidas a
partir de inúmeras manifestações que compreendem linguagens diferentes mas que
se influenciam mutuamente uma vez que a semiótica da cultura passa a observar
tais linguagens em uma estrutura dinâmica de sistemas de signos que estão em
constante transformação, em um movimento que transita entre a estabilidade e a
explosão.
A estrutura do aspecto semiótico da cultura é contraditória. Uma tendência
está relacionada com a multiplicação de diversas linguagens. O caráter
dinâmico do processo determina o constante surgimento de sistemas de
11
1
signos cada vez mais novos e a alteração das suas dominantes. (Lotman
apud Américo, 1992, p. 274)
Por isso, VELHO (2009, p. 252) descreve que Lotman estrutura o raciocínio
teórico de forma que permite a análise da “organização das expressões da cultura
como uma grande rede de conexões, fruto de movimentos que conformam o
discurso da cultura”. Essas conexões geram sentidos que devem ser analisados em
um plano geral, como resultado de informações obtidas em bases de dados que
funcionam como campo ou ambiente a partir do qual as linguagens podem ser
decodificadas. Com as bases que geram narrativas de leituras.
Do ponto de vista empírico, o QR Code pode ser compreendido como
ferramenta para a codificação e a leitura de informações inseridas em uma matriz
que sintetiza a conexão com bases de dados, permitindo a transição entre o
conteúdo publicado em meio impresso e o texto digital.
A partir da definição da semiótica da cultura como base de pesquisa sobre
linguagem, o presente estudo pretende observar os mecanismos básicos da
constituição do espaço semiótico e a transformação da informação em texto que é
gerado em diferentes interfaces.
Do ponto de vista teórico, entendemos o QR Code como um texto digital (texto
da cultura) a partir do qual é possível a geração de linguagens digitais em diferentes
formatos.
As distribution of all forms of culture becomes computer-based, we are
increasingly “interfacing” to predominantly cultural data − texts, photographs,
films, music, virtual environments. In short, we are no longer interfacing to a
computer but to culture encoded in digital form. I will use the term cultural
interface to describe a human-computer-culture interface − the ways in
which computers present and allow us to interact with cultural data.
2
(MANOVICH, 2001, p.70)
1
LOTMAN, Iúri. Sobre a dinâmica da cultura.// Semiosfera¸São Petersburgo, 2000, p. 647-663.
Como a distribuição de todas as formas de cultura se torna computadorizada, nós estamos
cada vez mais “interfaceando” a predominância de dados culturais – mensagens, fotografias, filmes,
músicas, ambientes virtuais. Em resumo, não estamos mais interfaceando com um computador, mas
com uma cultura codificada em forma digital. Usarei o termo interface cultural para descrever uma
interface humano-computador – no qual computadores apresentam e nos permitem interagir com
dados culturais (tradução livre da autora).
2
12
2 LINGUAGEM EM CÓDIGOS E SISTEMAS MODELIZANTES SECUNDÁRIOS
Para Lotman, as linguagens podem ser divididas em primeiro ou segundo
grau, sendo que a de primeiro grau consiste na língua natural, também denominada
sistema modelizante primário. A língua é assim denominada “porque é a partir dela
que se dá a culturalização do mundo, que a natureza e seus fenômenos e fatos se
humanizam; que o pensamento se constrói” (VELHO, 2009, p. 254).
Já os sistemas modelizantes secundários são as demais linguagens que
envolvem os códigos em cada instância da leitura da informação e o próprio texto
escrito, que por meio da língua é capaz de gerar sentidos. Machado (2007) define os
sistemas modelizantes como “aqueles sistemas constituídos a partir de códigos
culturais que são eles próprios, recodificações”. Os sistemas modelizantes dos bits
estariam, portanto, intrínsecos à cultura nas relações midiáticas. “O processo de
modelização se situa no extremo oposto à simplificação, uma vez que ele só existe
mediante a semiose de código culturais” (MACHADO, 2007, p. 63). E é a partir da
língua natural, ou sistema modelizante primário, que se desenvolvem novos
sistemas de signos.
“Modelizar, contudo, não é reproduzir modelos e sim estabelecer
correlações a partir de alguns traços peculiares. Implica antes a adoção de
uma espécie de algoritmos cujo resultado mostre que o objeto modelizado
jamais resultará numa mera cópia” (MACHADO, 2003, p.50)
Segundo Manovich (1998), “the world is reduced to two kinds of software
objects which are complementary to each other: data structures and algorithms”3. O
próprio processo de criação automático do código 2D pode ser compreendido como
o surgimento de um novo sistema de signos gerado a partir de algoritmos e pela
aproximação entre representação visual e cibernética a partir de uma base de dados
pré-existente.
Para compreender a lógica das novas mídias, Manovich (2001) definiu cinco
princípios que, segundo o autor, devem ser encaradas não como leis absolutas, mas
como tendências gerais que englobam o formato digital. São eles: variabilidade,
representação numérica, transcodificação, modularidade e automação.
3
O mundo se reduz a dois tipos de objetos de software, que são complementares um ao outro:
estruturas de dados e algoritmos (tradução livre da autora).
13
O QR Code pode ser entendido como um código digital, que é gerado a partir
de representações numéricas que estão sujeitas à aplicação de algoritmos capazes
de gerar novos códigos. Isso significa que ele pode, de acordo com Manovich
(2001), ser quantificado ou descrito matematicamente e programado a partir de
manipulações algorítmicas.
Já pelo princípio da modularidade, também chamado de “estrutura fractal da
nova mídia” (MANOVICH, 2001), a nova mídia é construída a partir de pequenas
partes independentes e com identidades separadas, como no caso os pixels, que
formam um todo em conjunto.
O terceiro princípio observado pelo autor como característica das novas mídias
o afastamento de parte da intencionalidade humana, ou seja, os próprios algoritmos
e a sua característica modular programável possibilitam a automação como quando
um gerador ou mesmo um leitor de QR Codes é acionado por um usuário. Hoje, é
possível explorar esta característica principalmente para fins comerciais a fim de
facilitar o acesso aos códigos digitais.
Entre os leitores mais usados, por exemplo, estão o Kaywa4, i-nigma5,
BeeTagg6, QuickMark7 que são compatíveis com diferentes plataformas mobile.
Uma vez que o leitor é instalado no aparelho, basta que o usuário acione o aplicativo
para que a câmera ou escaner de imagens possa reconhecer o código e decodificálo. Em aparelhos com plataforma Java ME é necessário tirar a foto para que ele
possa ser decodificado, já em Android e iPhone, basta aproximar a lente da câmera
ao QR Code sem a necessidade de realizar o clique. Briseno et al (2012) ainda
lembram que “some readers are able to take the appropriate action depending on the
code’s content, for instance if the code contains an URL, the reader may launch a
browser”8 (p. 224), destacando ainda mais a automação do processo de interação
com o código digital.
A partir do conceito de variabilidade, Manovich (2001) ainda destaca que as
novas mídias caracterizam-se pelo potencial de existir em infinitas versões já que se
molda em uma estrutura modular formada por códigos numéricos.
4
http://reader.kaywa.com/
http://www.i-nigma.com/Downloadi-nigmaReader.html
6
http://www.beetagg.com/en/
7
http://www.quickmark.com.tw/En/basic/download.asp
8
“Alguns leitores são capazes de tomar a ação apropriada dependendo do conteúdo do código,
por exemplo, se o código contiver uma URL, o leitor abrirá um browser” (tradução livre da autora).
5
14
Stored digitally, rather than in a fixed medium, media elements maintain
their separate identities and can be assembled into numerous sequences
under program control. In addition, because the elements themselves are
broken into discrete samples (for instance, an image is represented as an
array of pixels), they can be created and customized on the fly.
9
(MANOVICH, 2001, p. 36).
A partir do mesmo processo de codificação e de dados existentes é possível
criar diferentes caminhos para aplicação do QR Code. O mais comumente usado é o
direcionamento para uma URL, que faz com que o aparelho móvel acesse um
browser para carregar a página indicada.
O QR Code também pode codificar: endereços de e-mail e telefone que podem
ser adicionados diretamente à agenda de contatos do aparelho com o qual se faz a
leitura do código; imagens de produtos e vídeos; uma mensagem ou anotação;
inclusão de um evento no calendário digital que pode conter informações como
título, horários, endereço; inclusão de um endereço em um mapa com as
coordenadas inseridas.
O quinto princípio apresentado pelo autor é o da transcodificação que entende
o processo de transformação das informações em dados por meio do computador.
Na camada cultural das novas mídias, estes dados hipermídia são independentes da
estrutura de navegação e cada um deles existe de maneira interdependente.
Manovich (2011) compara esta relação sob o ponto de vista da computação, que
separa os algoritmos da estrutura modular dos dados. O termo “transcodificar”
identifica o processo de tradução para outro formato que permita a visualização dos
dados numéricos.
Ao criar um QR Code, o texto (url ou outros caminhos direcionados) passa
pelo processo que Manovich chama de transcodificação e é transformado em uma
imagem cujo design é reconhecido como um sistema modelizante próprio e que
serve como texto digital que permite a interação hipermidiática. Por isso, quando o
usuário observa o QR Code, ele compreende que há informações agregadas
naquele espaço e que podem ser acessadas por um outro dispositivo conectado à
rede.
É como se ele fosse induzido a apontar o leitor/ celular para saber o que está
9
Armazenados digitalmente em vez de em um meio fixo, elementos da mídia mantêm suas
identidades separadas e podem ser montadas em inúmeras sequências sob o controle de programa.
Além disso, considerando que os elementos por si só são separados em amostras discretas (por
exemplo, uma imagem é representada como uma matriz de pixels), eles podem ser criados e
customizados no folheto. (tradução livre da autora).
15
por trás daquele código. A partir do momento em que o código é escaneado, a
decodificação
retoma
o
sistema
binário
de
identificação
do
conteúdo,
estruturalizando um novo formato que passa a ser digital.
Estruturalidade é a qualidade textual da cultura sem a qual as mensagens
não podem ser reconhecidas, armazendas e divulgadas. Assim, os
sistemas culturais são textos não porque se reduzem à língua mas porque
sua estruturalidade procede da modelização a partir da língua natural.
(MACHADO, 2003, p. 39)
Para acessar o conteúdo agregado ao QR Code, é necessário que o aparelho
tenha um leitor que esteja conectado à rede (seja o scanner vendido pela Denso, um
aparelho celular ou uma webcam10). Em uma revista impressa ou em um programa
de televisão, por exemplo, a leitura do código permite que o usuário possa acessar
informações complementares à matéria, por meio de um software instalado no
aparelho, estimulando a interação entre as mídias. De acordo com Ramos (2011),
“os softwares são o acesso aos sistemas digitais, a base operacional dos mesmos,
os modelos cognitivos através dos quais interagimos com o computador”.
Os textos, portanto, podem aparecer em diferentes formatos, e permitem que
tal integração hipermidiática crie um espaço de comunicação e de transmissão de
informações por uma navegação não-linear. Esse campo de relações não se
restringe ao espaço físico, mas também se projeta para espaços programados por
dispositivos digitais. Dessa forma, é possível observar que o QR Code se caracteriza
pela intermediação entre a mídia impressa, audiovisual e as digitais.
Sabendo que realidade aumentada é a coexistência e interação de objetos
digitais com objetos físicos, de forma a ampliar a experiência do usuário no
meio físico, podemos dizer que os códigos de barra 2D, quando
escaneados por um aparelho celular, trazem uma camada digital de
informações que interage e amplia nossa experiência no mundo físico.
(GABRIEL, 2012)
Os códigos 2D proporcionam, portanto, a criação de narrativas não-lineares
entre diferentes plataformas midiáticas, gerando um fluxo entre o espaço numérico e
o espaço físico. São espaços que permitem acessos em um fluxo constante de
transmissão de informação.
10
O bcWebCam é um exemplo de software que habilita a leitura do QR Code por uma
webcam, desenvolvido pela Quality Soft. Disponível em:
<http://www.bcwebcam.de/en/index.html>. Acesso em: 30 jan. 2014.
16
As comunidades virtuais eletrônicas nunca deixaram de viver nas áreas
limítrofes entre a cultura física e virtual, e o crescimento dos espaços
eletrônicos não está se dirigindo para a dissolução das cidades, dos corpos,
do mundo físico, mas para a interseção do físico com o virtual.
(SANTAELLA, 2007, p. 217)
Essa ideia resume o conceito de object hyperlinking, em que o QR Code seria
uma porta de entrada que possibilita essa transição para o sistema dos bits. Quando
o QR Code contém uma URL, o leitor do celular direciona o link automaticamente
para um browser que abre a página logo em seguida. “Besides this use, object
hyperlinking may be useful for other applications like administering data objects in
data bases or with text content management (BRISENO et al, 2012, p. 232)11.
New media is interactive. In contrast to old media where the order of
presentation is fixed, the user can now interact with a media object. In the
process of interaction the user can choose which elements to display or
which paths to follow, thus generating a unique work. In this way the user
12
becomes the co-author of the work. (MANOVICH, 2001, p. 49)
11
Além deste uso, hiperlinkar objetos pode ser útil para outras aplicações como administrar
dados de objetos em bancos de dados ou para a administração de conteúdo do texto (tradução livre
da autora).
12
Nova mídia é interativa. Em contraste com a nova mídia na qual a ordem de apresentação é
fixa, o usuário pode interagir com o objeto de mídia. No processo de interação o usuário pode
escolher quais elementos apresentar ou quais caminhos seguir, gerando assim, um trabalho único.
Deste modo, o usuário se torna o co-autor do trabalho (tradução livre da autora).
17
3 ESPECIFICAÇÕES DO QR CODE – QUICK RESPONSE CODE
O QR Code, ou Quick Response Code, é um recurso visual capaz de
condensar informações em códigos alfanuméricos e que pode ser lido por aplicativos
acionados por uma câmera de celular. O código foi criado em 1994, pela empresa
Denso Wave Incorporated, uma divisão da Denso Corporation especializada em
componentes automobilísticos e outras tecnologias (como os leitores de códigos).
Na época, o código foi desenvolvido para agilizar o rastreamento e organização do
inventário das peças manufaturadas, mas hoje já é possível observar uma gama
maior de aplicações dos QR Codes em diferentes mercados.
A equipe de desenvolvimento do QR Code era formada pelos cientistas
Masahiro Hara e Takayuki Nagaya e depois agregou Motoaki Watanabe, Yuji
Uchiyama e Tadao Nojiri. Em 2014, os desenvolvedores receberam o Prêmio
Popular na categoria “países não-europeus” no European Inventor Award 2014.
Conforme Hara (2014) seria necessário criar um novo símbolo e para isso ele
pesquisou as fontes e símbolos13 existentes para desenvolver um desenho
completamente novo, que ainda não fosse usado14.
O sistema de estruturalização da informação é semelhante ao código de barras
e permite a decodificação imediata por meio de leitores, porém, o QR Code é capaz
de sintetizar mais de 7 mil caracteres (não só números como também letras e
códigos binários) em um código dimensionado em duas direções (horizontal e
vertical). Por ter sido desenvolvido por uma empresa japonesa, o sistema também
inclui ideogramas japoneses que podem ser transformados em pequenos quadrados
pretos e brancos que compõem o QR Code.
13
O termo utilizado por Hara pode ser entendido, do ponto de vista teórico desta pesquisa, como
texto digital.
14
EPOFIlms. Masahiro Hara et al - the QR Code. Disponível em
<https://www.youtube.com/watch?v=ZLhoBWlrTtw>. Acesso em: 20 ago. 2014.
18
Figura 1 – QR Code15
Além de ocupar menos espaço que um código de barras padrão, economizando um décimo do espaço de impressão - o design criado permite que o
QR Code seja decodificado mesmo que apenas 70% dele estejam legíveis, ou seja,
ainda que parte do código esteja danificada, o aparelho é capaz de realizar a leitura
dos dados.
Entre os possíveis usos do QR Code estão: a rastreabilidade dos produtos ao
permitir que o comprador acesse as informações do produto que leva o código; a
organização logística de entregas, ao facilitar a encomenda de produtos quando
estes estão em falta na prateleira da loja física, uma vez que o QR Code pode
direcionar o potencial comprador para a loja virtual; link para informações adicionais
sobre produtos, como manual de instruções, bula de remédios, entre outros.
Particularly, after incidents such as the BSE problem that threatened food
safety, the industry had to respond to consumers' demands that the whole
processes of production and logistics for the foods that ended up on their
dining tables be made completely transparent. The QR Code became an
indispensable medium that could store a great deal of information on these
16
processes. (DENSO CORPORATION)
A facilidade de acessar informações agregadas ao produto com a leitura
imediata do QR Code atraiu adeptos pelo Japão e começou a ganhar espaço pelo
mundo ao ser reconhecido como padrão internacional em 2000.
15
Disponível em: <http://www.qrcode.com/en/howto/cell.html> Acesso em: 5 set. 2014.
Particularmente, depois de incidentes como o problema do Bombay Stock Exchange no qual
ameaçou a segurança de alimentos, a indústria teve que responder às demandas do consumidor em
que todos os processos de produção e logísticas para os alimentos que chegavam às mesas dos
consumidores tiveram que ser completamente transparentes. O QR Code se transformou em um
intermediário indispensável que podia armazenar uma grande quantidade de informação sobre esses
processos. (tradução livre da autora).
16
19
In 1997, it was approved as an Automatic Identification Manufacturer (AIM)
standard to be used in the automatic identification industry. In 1999, it was
approved as a standard 2D code by the Japan Industrial Standards (JIS)
and made a standard 2D symbol on the Japan Automobile Manufacturers
Association's EDI standard transaction forms. Still more, in 2000 it was
approved by the ISO as one of its international standards. (DENSO
17
CORPORATION)
A partir de 2011, foi reconhecido também como padrão para celulares, em uma
sociedade que já se conectava em banda larga móvel acostumada a diferentes
funcionalidades dos aparelhos. Os leitores instalados nos celulares agregavam mais
uma utilidade ao aparelho móvel, conferindo o acesso imediato à informação apenas
com a aproximação e leitura do código.
Ao longo dos anos, os códigos 2D foram evoluindo para se adequar melhor a
cada necessidade. Também identificado como código de matrizes, o QR code é
composto “por matrizes com células de altura e largura de comprimento fixo e
completamente preenchidos com um valor de cor ou tom único” (MARTINS, 2009, p.
5), intercalando espaços claros e escuros. O primeiro modelo básico, com
quadrados pretos e brancos tinha o tamanho máximo de 73x73 módulos e depois foi
melhorado para até 177x177 módulos.
O mini QR Code agrega uma quantidade menor de numerais, mas ocupa
menos espaço e precisa apenas de um quadrante de identificação. Já o iQR Code
consegue condensar mais informações (aproximadamente 40 mil caracteres) no
código em um espaço menor, além de permitir a customização do design para
formato retangular, cores invertidas e de ter maior capacidade de restauração no
momento da leitura de códigos danificados.
Outro tipo de QR Code é o SQRC, que guarda informações privadas e só pode
ser decodificado com scanners específicos. Outra criação recente é o LogoQ que,
assim como o SQRC e o iQR Code, é uma marca registrada da Denso Corporation.
Com este tipo de código, as empresas podem customizar o QR Code com seus
próprios logos.
17
Em 1997, foi aprovado como um padrão de Automatic Identification Manufacturer (AIM) a
ser usado na industria de identificação automática. Em 1999, foi aprovado como código padrão 2D
pelo Japan Industrial Standards (JIS) e feito símbolo padrão EDI de 2D de formas de transações no
Japan Automobile Manufacturers Association. Além disso, em 2000, foi aprovado pelo ISO como um
de seus padrões internacionais. (tradução livre da autora).
20
3.1 Outros tipos de códigos bidimensionais
Além do QR Code, outros códigos bidimensionais também fazem parte do texto
digital QR Code e podem modelizar informações e formas de transmissões a partir
de módulos que também são representados numericamente com base em
algoritmos de codificação e desenvolvimento de formatos.
Os códigos bidimensionais são capazes de armazenar informações tanto pela
direção horizontal quanto pela vertical. Ao comparar um código de barras
(unidimensional) é possível observar que os códigos 2D ampliam as possibilidades
de usos além de disseminar o acesso pelas aplicações criadas.
O desenvolvimento de códigos de matrizes permitiu que as informações
pudessem ser sintetizadas a partir de modelos pré-estabelecidos diferenciados pelas
combinações de contrastes claro-escuro entre os espaços.
A seguir, apresentaremos alguns dos formatos criados e aplicados na indústria
com um sistema de leitura semelhante ao do QR Code.
3.1.1 Data Matrix Code
O código Data Matrix foi desenvolvido pela empresa americana RVSI Acuity
CiMatrix, que hoje é parte da Siemens Energy and Automation Inc. Se comparado
ao QR Code, a capacidade de armazenamento de dados é inferior, pois é capaz de
sintetizar 3116 dados numéricos, 2335 alfanuméricos, 778 kanji (ideogramas
japoneses) e 1556 binários. A principal característica do Data Matrix é a capacidade
de condensar mais informações em uma densidade otimizada, isto é, gera um
código menor quando comparado com os demais tipos.
Além de ocupar menos espaço que um código de barras 1D, o Data Matrix
também se destaca por permitir a leitura a partir de diferentes ângulos e por ser
capaz de corrigir erros de até 30% no algoritmo a partir da compreensão da matriz
(ainda que o código esteja danificado, o leitor consegue identificá-lo). Para orientar a
decodificação, o Data Matrix adota um padrão de posicionamento que acompanha
duas linhas laterais do código (formando um L).
É comumente usado na indústria para marcar peças (na indústria automotiva,
21
eletrônica e aeroespacial), no serviço postal alemão18 e, no mercado americano, é
adotado pela American National Standards Institute (ANSI) e pela Electronic
Industries Alliance
19
. Além disso, também tem aplicações semelhantes ao QR Code
em ações de mobile marketing com o incentivo da empresa canadense de softwares
Semacode Company, que denomina o Data Matrix como semacode20.
Figura 2 – Data Matrix21
3.1.2 PDF 417
O PDF 417 é um tipo de código bidimensional desenvolvido por Ynjiun P.
Wang para a Symbol Technologies (atualmente uma subsidiária da Motorola
Solutions) em 1991.
A sigla PDF abrevia o termo “Portable Data File” e o número 417 remete às
quatro barras e quatro espaços de cada padrão, sendo que o código tem 17
padrões. Com o PDF 417 é possível armazenar até 1850 caracteres alfa-numéricos
e o tamanho do código varia de acordo com a quantidade de informação inserida.
Apesar de ser em duas dimensões, este código se assemelha aos códigos de
barras 1D pois identificam os limites de início e fim do código com barras verticais
em duas extremidades opostas. Ele não parte de uma matriz e em vez de ser
18
Premium adress Service. Disponível em: <http://www.deutschepost.de/de/p/premiumadress.html>.
Acesso em: 21 ago. 2014
19
Disponível em: <http://www.camreader.jp/english/pdf/SymbolDecoder_E.pdf>. Acesso em: 5 set.
2014.
20
Semacode é como é chamado o DataMatrix com ISO/IEC 16022 que codifica URLs e dados
de texto. Disponível em: < http://semacode.com/about/>. Acesso em: 5 set. 2014.
21
Disponível em: <http://www.datamatrixcode.net/data-matrix-code-generator/>. Acesso em: 5 set.
2014.
22
codificado a partir do posicionamento dos pontos brancos e pretos, o PDF 417 parte
da proporção estabelecida pela largura das linhas. Por isso, a qualidade da
impressão é importante para que a leitura seja precisa.
Assim como o Data Matrix, o PDF 417 também é usado principalmente no
sistemas americano e europeu. Pode ser encontrado na indústria automotiva e de
transporte de mercadorias, para organização logística, e também em documentos
como forma de identificação (em passaportes e carteira de motorista, por exemplo).
“It can exchange complete data files (such as text, numerics or binary) and encode
graphics, fiingerprints, shipping manifests, electronic data interchange (EDI)
messages,
equipment
calibration
instructions
and
much
more”22
(Symbol
Technologies, Inc, 2010).
Figura 3 – PDF 41723
3.1.3 Maxi Code
O Maxi Code foi criado em 1992 pela empresa americana que presta serviços
de entregas, UPS (United Parcel Service), e tem a capacidade de armazenar dados
numéricos (138) e alfanuméricos (93).
É usado como padrão em etiquetas de entregas internacionais e é capaz de
codificar duas mensagens, uma primária definida na parte central do Maxi Code,
com os códigos para triagem de país, código postal e de tipo de serviço contratado.
Já a mensagem secundária identifica o endereço da entrega.
Tem um desenho criado a partir de módulos hexagonais que se arranjam sobre
22
Ele pode trocar arquivos de dados completos (como texto, numéricos ou binários) e codificar
gráficos, impressões digitais, manifestações em logísticas, mensagens de trocas de dados
eletrônicos, equipamentos de instruções de calibração e muito mais.
23
Disponível em: <bit.ly/1v7q22n>. Acesso em: 5 set. 2014.
23
drão hexagonal. O alvo na parte central permite que o leitor localize
local
o código e
um padrão
apesar de ter um tamanho limitado a largura de uma polegada, ele pode ser gerado
em conjunto com mais oito códigos para compor uma mensagem mais complexa,
chamada de composite tag.
tag
Além disso, o Maxi Code também é protegido com um sistema de correção de
erros que possibilita a leitura do código ainda que apresente algum dano parcial.
Figura 4 – Maxi Code24
Tabela 1 – Tabela comparativa de padrões
QR Code
Data Matrix
PDF 417
Maxi Code
EUA (RVSI Acuity
EUA (Symbol
CiMatrix)
Technologies)
3.116
2.710
138
2.355
1.850
93
Impressão reduzida
Leitura rápida
Indústria automotiva,
Serviço postal
documentos, logística
americano
Formatos
Desenvolvedor
Japão (Denso)
EUA (UPS)
Armazenamento de
dados numéricos
7.089
Armazenamento de
4.296
alfanuméricos
Alta capacidade
Características
Impressão reduzida
Leitura rápida
Usos
24
Densidade
otimizada
Mobile commerce,
Indústria de
informações extras,
autopeças, serviço
cartões de visitas etc
postal alemão
Disponível em: <http://www.barcode
http://www.barcode-labels.com/blogs/maxicode-freight
freight-companys-best-friend>.
Acesso em: 5 set. 2014.
24
3.2 Panorama global do uso de QR Codes
Em relatório realizado e publicado no terceiro quadrimestre de 2011 pela
empresa 3G Vision (2011) o panorama global dos usos de códigos 2D (incluindo QR
Codes, Datamatrix e UPC/EAN) em diferentes países revelou um aumento
progressivo, sendo que em 2011, do segundo para o terceiro quadrimestre houve
um aumento de 20% no uso de códigos 2D no mundo todo (com base em
rastreamento de escaneamentos de realizados pelo sistema i-nigma em 141 países).
Figura 5 – Crescimento global do uso de códigos 2D25
Analisando este mesmo período de 2011, os países que apresentaram maior
crescimento de uso dos códigos 2D foram respectivamente: República Tcheca
(66,5%), Espanha (65,6%), Austrália (50,9%), Estados Unidos (42,1%), e Canadá
(35,1%).
O crescimento considerável de 66,5% apresentado na República Tcheca entre
o segundo e o terceiro quadrimestre de 2011 é atribuído pela pesquisa à parceria
25
Fonte: 3G Vision (2011). Estudo realizado pela empresa especializada em soluções para
aplicações de códigos de barras para interação com aparelhos móveis, desenvolvedora do leitor e
gerador de códigos 2D i-nigma.
25
com a Seznam26, que criou mecanismos de promoção do uso de códigos 2D no país
para melhorar a experiência do usuário em acessos à internet por aparelhos móveis.
Por exemplo, com links para as últimas notícias, para vídeos, ofertas e informações
turísticas que podem ser obtidos ao escanear o código 2D.
E entre os países elencados com mais usuários dos serviços relacionados aos
códigos 2D e consequentes usos aplicados a celulares, os Estados Unidos se
destacaram em 2011, seguidos da Alemanha, Canadá, Reino Unido e Itália.
Esta pesquisa desconsidera o comportamento apresentado pelos usuários no
Japão já que, por estar inserida no berço da criação do QR Code, a sociedade
japonesa passou a adotá-lo há mais tempo, o que acarretaria em uma interpretação
de dados de tempos diferentes. A aplicabilidade dos códigos no Japão será
observada no tópico seguinte.
Confirmando a tendência de adesão dos países europeus aos QR Codes,
observou-se um crescimento de 96% no uso dos mesmos entre 2011 e 2012, entre
os usuários de smartphones europeus. De acordo com pesquisa realizada pela
comScore MobiLens nos cinco principais mercados da Europa (França, Alemanha,
Reino Unido, Itália e Espanha), a Alemanha foi o país que mais se destacou em
porcentagem de usuários adeptos, somando 18,6 % da audiência de usuários de
smartphones.
Nesse contexto, a Espanha também apresentou um aumento significativo de
9% para 16% no uso do mesmo objeto de estudo, firmando-se como o segundo país
com maior porcentagem de leituras de QR Codes por usuários de smartphones no
universo de pesquisa da comScore MobiLens (2012).
Nesse mesmo estudo, aproximadamente três de cada quatro escaneamentos
de QR Codes resultaram em acessos a informações de produtos, fazendo desse o
uso mais popular nos países europeus, entre os usuários de smartphones.
26
Site de buscas e portal com outros serviços como e-mail, páginas amarelas e notícias da República
Tcheca que estabeleceu parceria com a 3GVision. Disponível em <http://3gvision.com/pr12.html>.
Acesso em: 30 ago. 2014.
26
Tabela 2 - Usos de QR Code em países europeus
Usos (%) de QR Code
EU5
França
Informações de produto
71.7%
65.4%
77.9%
69.2%
71.1%
70.1%
Informações de evento
31.8%
32.7%
28.9%
36.4%
36.5%
27.0%
Caridade/ Informação sobre causa
12.1%
9.5%
10.0%
18.6%
13.4%
10.8%
Cupom ou oferta
19.4%
20.3%
19.6%
17.6%
22.2%
17.0%
Download de aplicativo
13.4%
17.5%
11.4%
14.8%
13.7%
11.2%
Fonte: ComScore MobiLens
Alemanha
Itália
Espanha Reino Unido
27
Como mostrado na tabela 2, o segundo uso mais recorrente entre os países
analisados foi o acesso a informações de evento (31,8%). Nesse quesito, Itália e
Espanha se destacaram pelo interesse maior em comparação com as demais
possibilidades apresentadas no estudo.
No Brasil, ainda não há um levantamento ou estudo que determine dados
oficiais sobre os usos do QR Code. Entretanto, durante a palestra “Melhores
Práticas de Uso de QR Code” realizada durante o Fórum Mobile+ de 201228, o
diretor da ScanLife/ScanBuy Brasil, Nuno Gonçalves estimou uma média de dois mil
escaneamentos de QR Codes no Brasil. De acordo com o especialista, cerca de 8%
das pessoas que possuem smartphones no Brasil leem QR Codes.
3.3 QR Code no mercado japonês
Em pesquisa realizada pela Media Seek29, publicada em 2006, os softwares de
leitores de códigos de barras 1D e 2D fornecidos pela empresa CamReader já
27
Resultado de escaneamento de QR Codes por porcentagem sobre audiência de escaneamento
feito a partir de smartphones, em média obtida em três meses até julho de 2012. Fonte: comScore
MobiLens. Disponível em <http://www.comscore.com/Insights/Press-Releases/2012/9/QR-CodeUsage-Among-European-Smartphone-Owners-Doubles-Over-Past-Year>. Acesso em: 2 ago. 2014.
28
Exame.com. Cerca de 2 mi de QR Codes são escaneados por mês no Brasil. Disponível em: <
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/cerca-de-2-milhoes-de-qr-codes-sao-escaneados-pormes-no-br> . Acesso em 20 jan 2014.
29
MEDIASEEK Inc. Symbol Decoder for the mobile phone: Services and applications using the
symbol decoder. Camreader, 2006. Disponível em:
<http://www.camreader.jp/english/pdf/SymbolDecoder_E.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2014.
27
vinham instalados na maior parte dos aparelhos celulares fornecidos pelas principais
operadoras em atuação no país (KDD au, NTT Docomo, Vodafone e Willcom).
No período analisado entre 2002 e 2006, houve um avanço importante nos
aparelhos celulares do Japão que passaram a agregar câmeras fotográficas. Se em
2002 a porcentagem de celulares com câmera era de 30,1%, em 2006, esse número
subia para 91,8%. Dada a evidência de que os celulares ganhavam uma nova
funcionalidade, o caminho para a integração dos serviços de leitores de imagens já
estaria traçado junto. Isto fica visível pela taxa de inserção de leitores de códigos de
barra nesse mesmo período que passou dos 0,8% para 71,4%, no mercado de
telefonia móvel do Japão.
Levando em consideração os dados sobre os leitores instalados nos celulares
japoneses, é possível observar esforços mútuos para gerar engajamento de usos
dos QR Codes, não só pela iniciativa comercial das empresas de marketing, como
também pelas empresas de telefonia. Em agosto de 2005, a Infoplant30 realizou
estudo sobre a disseminação do QR Code e ao consultar 7660 usuários de
celulares, calculou-se que 96,5% dos respondentes sabiam o que era um QR Code
e que 73,3% já tinham interagido com o código pela praticidade. Destes, 84,2%
disseram que acessaram o QR Code a partir de revistas.
E sobre a intenção de uso, é possível observar que o acesso a websites pelo
celular é o principal motivo escolhido para se interessar pelo QR Code, já que 74,3%
dos consultados optaram por este uso.
Além disso, se destacam na pesquisa outros usos do código como a facilidade
de adicionar um contato à lista do celular por meio de um QR Code inserido em
cartões de visitas; ou a substituição de cartões de filiação; ou a compra direta em
máquinas de venda automática; facilidade de acesso à compra pelo celular ou ainda
a substituição de tickets (de shows, passagens de viagem) do meio impresso para o
digital.
Em outra pesquisa apontada pelo MediaSeek Inc. (2006), em que a Anchor
consultou usuários sobre o que eles gostariam de ter no próximo celular, 58,5%
respondeu que gostaria de ter um leitor de códigos instalado no aparelho. Entre os
outros serviços mais desejados, foram elencados câmera (75,5%) e tocador de
música (64,9%).
30
Estudo publicado na pesquisa realizada pela MediaSeek Inc. em 2006.
28
4. MAPEAMENTO DOS USOS DE QR CODE NO MUNDO DAS MARCAS
Incluir um QR Code em um anúncio permite que o usuário possa acessar mais
informações sobre o conteúdo apresentado na mídia impressa e também abre novas
possibilidades de interação. Nesse sentido, essa inserção é benéfica porque ajuda
os consumidores com o processo de seleção e integração a uma mídia específica ao
oferecer um link direto para conectar a mídia impressa às múltiplas possibilidades da
plataforma online de marcas (Veenis, 2012, p. 8).
Consumidores com um alto nível de inovação e curiosidade respondem
mais positivamente ao uso dos QR Codes e à plataforma online de marcas
se comparado com consumidores que têm baixo nível de interesse em
inovação e de curiosidade. Portanto, divulgadores podem ser aconselhados
a incluir QR Codes em campanhas de mídia impressa de produtos que
atraiam esses consumidores, como produtos inovadores ou que gerem
algum tipo de ambiguidade. (VEENIS, 2012, p. 36)
No que concerne às novas mídias, tais caminhos podem ser entendidos como
a construção de uma interface para uma base de dados. “The new media object
consists of one or more interfaces to a database of multimedia material”
(MANOVICH, 2001, p. 227)31.
Para o desenvolvimento da pesquisa empírica, determinamos a seleção de
casos de aplicabilidade do QR Code em diferentes vertentes do mercado no mundo
das marcas.
Nossa fonte foi a pesquisa da especialista em marketing e mídias sociais,
Ekaterina Walter32, que listou 30 campanhas de marketing criativas que adotaram o
QR Code como elemento central para gerar engajamento dos usuários, em
publicação no site SmartBlog on Social Media33. A seguir, descrevemos brevemente
estes casos e algumas campanhas que foram criadas no mercado brasileiro.
31
“O objeto da nova mídia consiste em uma ou mais interfaces para um banco de dados de
material multimídia” (tradução livre da autora).
32
Perfil da especialista em social media Ekaterina Walter, no LinkedIn. Disponíev em e:
<http://www.linkedin.com/in/ekaterinawalter>. Acesso em: 10 ago. 2014.
33
WALTER, Ekaterina. Top 30 QR Code uses. Disponível em: <http://smartblogs.com/socialmedia/2013/01/03/top-30-qr-code-uses/>. Acesso em: 26 ago. 2014.
29
4.1 Mobile Commerce
A rede de supermercados Tesco apostou na interatividade como o mercado
coreano ao criar a campanha
ampanha que levou prateleiras de supermercado virtuais para
plataformas de metrô. A ação criou um novo formato por meio de painéis com
adesivos que simulava uma gôndola de mercado. Cada produto era identificado com
um QR Code que podia ser escaneado para incluir
incluir o produto no carrinho de
compras. Finalizada a compra, as mercadorias seriam entregues na casa do
consumidor, sintetizando assim, uma nova experiência de mobile commerce.
commerce
Figura 6 – Videocase “Home Plus34
Também neste mesmo sentido, a proposta do
d The Melt35, incentiva o uso do
celular como interface para a compra, mas realiza o caminho inverso. O comprador
pode acessar o site da rede, realizar o pedido no próprio celular e ao final, gerar um
QR Code que deve ser mostrado no balcão de serviços da loja.
loja. Dessa forma, o
comprador evita a fila no restaurante e agiliza o serviço de pedidos e pagamentos.
Outro caso de aplicação do QR Code para pagamentos pelo celular é o do
Banco do Brasil. Os boletos emitidos pelo banco incluem desde 2011 um campo
35
Website da rede de restaurantes The Melt. Disponível em: <https://themelt.com/
<https://themelt.com/>. Acesso em: 1
set. 2014.
30
com um QR Code impresso que permite que o usuário possa pagar a conta pelo
aplicativo do banco. Com o app, é possível pagar, inclusive contas vencidas, já que
ele se encarrega de calcular os encargos. De acordo com a apresentação do
banco36, esta foi a primeira iniciativa brasileira com esta proposta e trouxe o
reconhecimento da revista Executivos Financeiros, que concedeu o Prêmio EFinance 2011, na categoria “Inovação Tecnológica”.
Tabela 3 - QR Code para mobile commerce
Empresa
Campanha
Ações
Home Plus
Experiência de compra no
supermercado
Evite filas com pedidos online
Pagamento online, geração de código
Boletos
Pagamento de contas pelo app BB
37
Tesco
The Melt
38
Banco do Brasil
As campanhas mencionadas foram desenhadas de modo que o celular
passasse a intermediar o processo de compra online. Com o uso do QR Code como
texto da cultura, a comunicação empregada contribuiu como facilitadora do acesso à
informação em ambiente digital, ou seja, o QR Code modelizou o ato de comprar no
supermercado e de pagar contas que se estruturalizou na plataforma mobile por
meio da organização da mensagem em códigos que permite a criação de uma nova
experiência de compra intermediada pelo meio digital.
36
Disponível em: <http://www.bb.com.br/portalbb/page3,101,2183,0,0,1,1.bb>. Acesso em: 10
jan 2015
37
Videocase Home Plus. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=nJVoYsBym88>.
Acesso em: 20 dez 2014.
38
Business Insider. We Can See Why People Are Crazy About A California Grilled Cheese Chain
That Raised $10 Million In Venture Capital. Disponível em: <http://www.businessinsider.com/themelt-grilled-cheese-in-san-francisco-2014-10#ixzz3PbObBJ56>. Acesso em: 20 dez 2014.
31
4.2 Cupons e ofertas
Entre as campanhas selecionadas por Walter (2013), duas eram de geração de
cupons promocionais e que também incentivam o uso do QR Code para o mobile
commerce.
A campanha da Scandinavian Airlines39 chamada “Couple Up to Buckle Up” foi
criada para incentivar o planejamento de viagens entre casais. A empresa enviou emails para membros da rede oferecendo a promoção “2 para 1”, que continha dois
QR Codes que direcionavam a vídeos complementares. Ao final, o código completo
para receber o benefício só poderia ser lido se houvesse o pareamento de dois
celulares. Nesse caso, o acesso aos dados era transferido da tela do computador
para a tela do celular ou da tela de um celular para outro.
Figura 7 – Videocase “Couple Up to Buckle Up” 40
A outra ação foi desenvolvida durante o Black Friday em novembro de 2011, no
shopping Mall of America, em Minnesota (EUA). O “Snap & Win”41 foi uma ação
39
Website da promoção Couple Up to Buckle Up”. Disponível em: <http://www.coupleup.se/>. Acesso
em: 1 set. 2014.
40
Videocase “Couple Up to Buckle Up”. Disponível em: < http://vimeo.com/34140861>. Acesso em 20
dez 2014.
41
JEWELL, Bridget. First time Black Friday midnight opening draws 15.000 guests to Mall of
America. Disponível em: <http://press.mallofamerica.com/view/25>. Acesso em: 1 set. 2014.
32
pontual que aconteceu no dia 24 de novembro de 2011 e incentivou o
escaneamento de QR Codes que direcionavam os leitores para uma página
contendo um voucher de compras que poderia variar de 150 a 1000 dólares. O
estabelecimento contabilizou a presença de mais de 15 mil consumidores, dos quais
apenas os 300 primeiros da fila tiveram acesso à área com os QR Codes.
O grupo foi dividido em três e a cada sessão, os selecionados poderiam
escolher o código que revelaria o prêmio escondido. No mês seguinte, o shopping
retomou a promoção, mas desta vez espalhando códigos pela praça de alimentação
e nas camisetas de funcionários. Nesse caso, o QR Code impresso pode ser
compreendido como o primeiro sistema modelizante visível que dá acesso aos
dados inseridos na URL promocional.
Tabela 4 - QR Code para cupons e ofertas
Empresa
Campanha
Ações
Mall of America
Snap & Win
Link promocional
Couple Up to Buckle Up
Link e interação audiovisual
Scandinavian Airlines
Nestes dois casos o QR Code serviu para incentivar o uso das plataformas
online das empresas e para das mais visibilidade a elas com as ações pontuais. Ao
criar um contexto de exclusividade dada ao usuário, as campanhas proporcionaram
um impulso para estimular a empatia com o QR Code que, nesse sentido, modelizou
o cupom de oferta substituindo a necessidade de impressão em papel ou de envio
por e-mail. Observando a aplicação do código 2D, as informações foram
estruturalizadas em bits que criaram uma relação de inclusão de novos formatos de
interação com o smartphone.
4.3 Download de aplicativo e músicas
Em junho de 2011, as marcas Mountain Dew e Taco Bell fizeram uma ação em
parceria em que os consumidores da rede tinham a oportunidade de baixar músicas
33
e vídeos do selo de músicas Mountain Dew Green a partir de QR Codes impressos
nos copos das bebidas42. As bebidas são comercializadas apenas em restaurantes
Taco Bells e essa parceria divulgou dez artistas que liberaram as produções a cada
nova semana. Esta iniciativa adotada pela marca de bebidas da Pepsico no cenário
musical traz novas bandas ao mercado.
Outra campanha com QR Codes envolveu uma parceria entre a Verizon e a
ScanLife para incentivar o download de aplicativos no celular. Em divulgação dos
aplicativos disponíveis para os aparelhos Droid43, foram feitas inserções em mídias
impressas, sites, displays de lojas que apresentavam QR Codes direcionando o
usuário para fazer o download do aplicativo de leitor de códigos da ScanLife ou para
a loja de aplicativos (caso o aparelho já fosse mantido pelo sistema Android), ou
ainda, para um site explicando os benefícios de um Droid e a variedade de
aplicativos, caso o smartphone fosse de outro sistema.
No Brasil, uma iniciativa da Coca-Cola lançou um desafio para promover o
refrigerante Sprite44. O vídeo da campanha “Sprite Sons Urbanos”, produzido pela
agência WMcCann, convidava o consumidor a criar uma trilha sonora nova para o
comercial do produto e para isso disponibilizou uma ferramenta de edição de áudio
em seu website. As latas promocionais ainda incluíam um QR Code que dava
acesso a uma gama maior de sons que poderiam se usados para a mixagem da
música. As trilhas sonoras enviadas pelos participantes foram submetidas à votação
popular em que 30 músicas seriam premiadas com um Xbox e um Kinect cada. Em
seguida, as músicas foram avaliadas por uma banca formada pelo rapper Emicida e
por representantes da Coca-Cola. A promoção contabilizou três milhões de votos no
site promocional e o vencedor foi o paulistano Lucas Gabriel Domingues que criou a
música “Mandando bem nas ideias”45.
42
PEPSICO. A large Mountain Dew has never sounded so good. Disponível em:
<http://live.pepsico.com/live/pressrelease/A-Large-Mountain-Dew-Has-Never-Sounded-SoGood04182011>. Acesso em: 2 set. 2014.
43
SCANLIFE.Case Studies: Client – Verizon Droid. Disponível em: <http://www.scanlife.com/casestudies/verizon-droid>. Acesso em: 20 ago. 2014.
44
Vídeo da campanha “Sprite Sons Urbanos”. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=zEmlSbzUWn4&x-ytts=1421914688&x-yt-cl=84503534>. Acesso em: 20 jan 2015.
45
Sorocaba Refrescos. Rapper Emicida escolhe trilha sonora composta por consumidor.
Disponível em: < http://www.sorocabarefrescos.com.br/noticias/rapper-emicida-escolhe-trilha-sonoracomposta-por-consumidor/>. Acesso em: 20 jan 2015.
34
Figura 8 – Vídeo da campanha Sprite Sons Urbanos
Tabela 5 - QR Code para download de aplicativo e músicas
Empresa
Mountain Dew e Taco Bell
Verizon
Coca-Cola
Campanha
Ações
Mountain Dew Green
Acesso a arquivos de áudio
Label Sound
ScanLife Droid app
Hipermídia, acesso à loja online
Sprite Sons Urbanos
Acesso a arquivos de áudio
A aplicação do QR Code serviu para facilitar o caminho de acesso a arquivos de música e de softwares - para serem baixados no aparelho móvel encurtando
caminhos convencionais que precisaram passar por mais de uma interface ou do
auxílio de mais programas para obter os arquivos. Nesse sentido, o QR Code
modelizou o ato de baixar arquivos diretamente para o celular ao facilitar o processo,
por meio do direcionamento do código 2D para um outro formato.
35
4.4 Geolocalização
A Columbia Sportsware, empresa especializada em artigos esportivos e
calçados para atividades ao ar livre, lançou a campanha “A Box Life”46 em agosto de
2009, com o intuito de incentivar a reutilização de caixas de sapato para reduzir o
desperdício do material. Ao realizar uma compra pelo site da Columbia, o cliente
tinha a opção de decidir pela entrega da mercadoria dentro de uma caixa reutilizada.
Para encorajar a escolha ecologicamente correta, a empresa criou um site
chamado “A Box Life” que rastreava as localizações por onde a caixa passava. Para
isso, a caixa era identificada com QR Codes e quando o comprador a recebesse
poderia escanear o código e descobrir por onde a caixa havia passado, além de
participar da rede de compartilhamentos da caixa, com fotos e histórias que
envolvessem a compra. Dessa forma, criava-se uma nova rede de vínculos, uma vez
que as próprias caixas passavam a contar histórias. Essa interação com o QR Code
pode ser compreendido como um exemplo aplicado à função de geolocalização.
A ação World Park47, criada pela agência Magma foi uma intervenção no
Central Park de Nova York que aconteceu nos dias 30 de abril e 1º de maio de 2010.
Para celebrar o Dia da Árvore, a campanha convidou os visitantes do parque a
interagir e conhecer um pouco mais sobre os marcos do parque. Uma série de
placas contendo QR Codes foram espalhadas pelo parque e cada um direcionava o
leitor para um tipo diferente de mídia: referências de filmes com os cenários, jogos
de perguntas e respostas e mais informações de cada local. Com o conteúdo
acessado pelo celular, cria-se uma experiência complementar entre a informação
digitalizada e o espaço físico.
46
COLUMBIA. Columbia sportsware e-commerce site gets “out of the box” with
innovative reused box shipping option. Disponível em: http://www.columbia.com/About-Us_PressCenter-Release_2009_09_23.html. Acesso em: 2 set. 2014.
47
Vídeo da campanha World Park. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=3XiSXZgRyaI>. Acesso em: 3 set. 2014.
36
Figura 9 – Videocase da campanha World Park
Com uma ideia semelhante, empresas de transporte de Frankfurt investiram no
desenvolvimento de plataformas mobile que incrementam a experiência do usuário
de acordo com a localização detectada pelo aparelho ao interagir com os “InfoModules” que são pôsteres que contêm QR Codes e selos para serem conectados
pelo sistema NFC (Near Field Communication). O QR Code direciona o leitor ao
RMV-HandyPortal48 da empresa de transportes RMV, que é capaz de oferecer
informações personalizadas como tabelas de horários, informações de serviços
disponíveis, promoções. Nesta mesma iniciativa, os serviços da Ebbelwei Express
permitiam que os portadores de smartphones acompanhassem o tour pela cidade
nos trens turísticos, acessando o material eletrônico durante o passeio.
Em uma proposta complementar ao “Favorite Places”, o Google criou uma
campanha para aumentar a conectividade e visibilidade dos estabelecimentos
comerciais dos Estados Unidos. A empresa distribuiu adesivos para mais de 100 mil
lojas americanas (as com maior índice de procura no buscador) contendo QR Codes
que direcionavam para a “Place Page” do local. Nela era possível ter acesso a
informações do estabelecimento, ver avaliações compartilhadas por outros usuários
e marcar locais como favoritos.
48
Disponível em:
http://www.rmv.de/en/Fahrplanauskunft/Fahrplaene/Fahrplaene_fuer_Handy_und_Co/39706/HandyPo
rtal.html. Acesso em: 4 set. 2014
37
Uma outra proposta de interação com o QR Code pôde ser vista quando a
RightNow promoveu um jogo de caça ao tesouro durante o festival SXSW49, que
aconteceu em 2011, na cidade de Austin (EUA). A ação criou um ambiente em que
os participantes tinham encontrar os QR Codes impressos nas camisetas de
funcionários que os levariam para a próxima pista. E para que esta nova dica fosse
liberada, o concorrente tinha que interagir pelo Twitpic, postando uma foto com a
hashitag #theGame_SXSW para provar que cada código realmente tinha sido
encontrado.
Tabela 6 - QR Code para geolocalização
Empresa
Campanha
Ações
Columbia Sportsware
A Box Life
Hipermídia, mídias sociais
Info-Modules
Audiovisual, interatividade
SXWS
#theGame_SXSW
Interatividade
Google
Favorite Places
Interatividade
World Park
Interatividade, hipermídia
Frankfurt (Alemanha)
NY Central Park
50
Nesses casos apresentados, os QR Codes contribuíram para criar uma
interação entre o ambiente e a informação digitalizada. Considerando que a
geolocalização é primordial para o desdobramento da comunicação e dos processos
de significação conseguintes, o QR Code aparece para modelizar a comunicação
geolocalizada, ou a transmissão de dados geolocalizados, que por sua vez estão
inseridos em um conjunto de sistemas que os cofiguram tais quais os mapas, as
interfaces de representação do espaço, a comunicação entre comunidades e a
ubiquidade.
49
Disponível em: < http://2d-code.co.uk/sxsw-rightnow-qr-code-scavenger-hunt/> . Acesso em:
4 set. 2014.
50
Diponível em: <www.is-frankfurt.de/uploads/down768.ppt>. Acesso em: 4 set. 2014.
38
4.5 Mídias sociais
A loja JC Penney lançou a campanha “Who´s your Santa?”51 no Natal de 2011
e em conjunto com a ação, incentivou o uso dos QR Codes em cartões que seriam
enviados junto com o presente. Os consumidores que escolhessem pela opção de
entrega em domicílio poderiam assinar o cartão gravando uma mensagem de
voz que geraria um código. Esse código seria inserido no cartão e também poderia
ser compartilhado pelas mídias sociais. Ao escanear o QR Code, o presenteado
teria acesso a essa mensagem em áudio no próprio celular, completando o ciclo da
mensagem em formato digital. É possível observar, neste caso, a codificação da voz
em dados digitais que passam a ser reproduzíveis em aparelhos de som. Estes
dados gravados são modelizados pelo QR Code que gera uma linguagem visual
capaz de transmitir os mesmos códigos em outro formato. Do outro lado, o receptor
realiza o caminho inverso de decodificação do texto digital do código 2D para o som
que será transmitido pelo smartphone.
Figura 10 – Videocase “Who’s your Santa”52
51
Análise publicada pela Mobile Marketing Association. Disponível em:
<http://www.mmaglobal.com/case-study-hub/upload/pdfs/mma-2012-76.pdf>. Acesso em 2 set. 2014.
52
Videocase “Who’s your Santa”. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=5EjVvvyLRfA>. Acesso em 21 dez 2014.
39
Já na campanha “Win a smartphone”53, promovida pela Verizon, o
compartilhamento era primordial para que o usuário pudesse ser premiado. A
promoção realizada entre 22 e 29 de junho de 2011 rendeu um aumento de 200%
nas vendas da Verizon Wireless EVO².
Os QR Codes ficaram dispostos nas lojas da Verizon durante o período da
promoção e os clientes precisavam compartilhar o código nas redes sociais. Caso
um amigo adquirisse um celular (com plano de dois anos), a pessoa que
compartilhou a promoção ganhava um celular novo. A empresa precisou investir
apenas US$1.000 para o desenvolvimento de um aplicativo para Facebook e obteve
um retorno estimado em US$ 35.000 com o aumento das vendas.
A Quiring Monuments é uma empresa americana especializada em produção
de monumentos e lápides que criou um conceito de compartilhamento de memórias
pelo Living Headstones54. A ideia é manter páginas com perfis dos entes queridos
em que a família pode postar fotos e memórias para que fique um registro para as
próximas gerações. O link da página é transformado em um QR Code que é
colocado na lápide da pessoa e pode ser acessado pelos visitantes. Nesse caso, a
lápide seria compreendida como a primeira interface a partir da qual o QR Code é
acessado e que leva ao acesso à plataforma moblie do site. Neste ambiente digital,
há possibilidade de leitura e de registro de novas informações mediante autorização
da família.
A agência Stupid Creative criou a campanha do Spotify55 para incentivar o
compartilhamento de listas de músicas pelo aplicativo. A ação oferecia cartões
impressos com desenhos temáticos que formavam QR Codes e cada código
direcionava o leitor para uma lista específica de “músicas de amor” no cartão com
corações, “músicas para cozinhar” no cartão com imagens de temperos e alimentos,
“músicas de arte” com um QR Code formado com partes de lascas de lápis. A ideia
principal da campanha era a de retomar um costume que foi se perdendo com a era
dos aquivos mp3: o de presentear com fitas cassete ou CDs que traziam seleções
de música e trilhas sonoras pessoais. Esse recurso só poderia ser acessado se as
duas partes fossem assinantes premium do Spotify.
53
QR
Codes
and
Wireless,
always
be
closing.
Disponível
em:
<https://hipscan.com/pdfs/HS_and_Wireless.pdf>. Acesso em: 3 set. 2014.
54
Campanha Living Headstones. Disponível em: < http://www.monuments.com/livingheadstones> Acesso em: 4 set. 2014.
55
Vídeo campanha Spotify. Disponível em: < http://vimeo.com/28587602>. Acesso em: 3 set.
2014.
40
Um exemplo de caso no Brasil é o da empresa “Meu Peludo”56, do Rio Grande
do Norte, que oferece uma medalha para animais de estimação que vem com um
QR Code de identificação. O QR Code impresso na medalha do pet dá acesso a
uma página com o perfil que contém informações do animal, do dono e um
formulário de contato caso o animal esteja perdido. O QR Code também ativa o
serviço de geolocalização que rastreia o local onde foi feita a leitura do QR Code e
dados do aparelho e, em seguida, avisa o proprietário por e-mail. O projeto criado
pelos potiguares Philipe Coutinho e Sérgio Oliveira rendeu à empresa o título de
melhor startup do Desafio do Salão Nacional de Inovação do Encontro Nacional de
Tecnologia e Negócios – Rio Info 2013.
Figura 11 – Site da empresa “Meu Peludo”
56
Disponível em: http://meupeludo.com.br/press. Acesso em: 10 jan 2015.
41
Tabela 7 - QR Code para mídias sociais
Empresa
Verizon
JC Penney
Quiring Monuments
Spotfy
Meu Peludo
Campanha
Ações
Win a Smartphone
Compartilhamento em mídias sociais
Santa Tag
Envio de mensagem sonora
Living headstone
Compartilhamento de texto, fotos
Modern Day Mixtape
Envio de seleção de músicas
Meu peludo
Mídias sociais para pets e localização
Ao observar as campanhas dessas empresas, é possível verificar que os QR
Codes são empregados para facilitar o alcance das marcas pelas mídias sociais. Ele
codificava caminhos que se conectavam às redes digitais a fim de modelizar o
compartilhamento dos dados das empresas, seja por meio de trocas de mensagens
ou de músicas ou fotos.
4.6 Cartões de visitas
A campanha U-code57 da Heineken foi aplicada no Heineken Open’er Festival
da Polônia para incentivar a interação entre os visitantes do festival. No espaço da
ação, cada um podia criar uma mensagem escrita, que seria transformada em um
QR Code e depois impressa em um adesivo. Ao apontar o celular para a imagem do
código, o interessado descobria qual era a mensagem transmitida pelos demais
visitantes. Nessa forma de comunicação, a informação é processada pelo código
visual do QR Code para a interface da tela do celular e permite a troca de
informações pessoais entre os usuários.
57
Vídeo Heineken U-code. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=0RrXcm89FAo&feature=youtu.be>. Acesso em: 3 set. 2014.
42
Nesse mesmo sentido, os cartões de visitas criativos selecionados58 por Colin
Gillman também inserem mais informações como telefone, e-mail e página pessoal a
partir de um cartão de visitas com design criativo.
Tabela 8 - QR Code para cartões de visitas
Empresa
Campanha
Heineken
U-code
Ações
Informações pessoais e mensagens
---
Creative business cards
Acesso a informações pessoais
Ao analisar estes dois casos de aplicação de QR Codes em projetos
apresentados para cartões de visitas, os códigos ajudam a criar um ambiente digital
para a transmissão instantânea de informações. Portanto os códigos 2D
empregados modelizam o compartilhamento de dados pessoais, traçando uma
estrutura que permite a simplificação do envio de informações.
4.8 Informações extras
Confirmando a tendência de que os principais usos dos QR Codes eram
destinados ao acesso a informações extras - do produto ou da campanha ao qual o
código é referenciado -, a maior parte da seleção listada por Walter (2013) tem
justamente esta função.
Ao observar casos de restaurantes e empresas de alimentos que inseriram o
QR Code em cardápios ou no próprio estabelecimento, a autora identifica exemplos
de usos criativos para explicação detalhada dos pratos, da rastreabilidade de
ingredientes e sugestões de harmonizações de vinhos, como é o caso da iniciativa
da vinícola neozelandesa Brancott Estate. Como parte da campanha “Stay
58
Creative Business Cards Using QR Codes. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=YAH6NrHDqFU&feature=youtu.be>. Acesso em: 3 set. 2014.
43
Curious”59, a empresa criou o aplicativo “World Most Curious Bottle” e inseriu QR
Codes em 14 garrafas de vinho para agregar informações sobre aromas, sobre as
plantações das uvas, sugestões de harmonizações e até jogos.
Em outra ação envolvendo rastreabilidade, os restaurantes canadenses, da
cidade de Vancouver60 - Bishop’s, Refuel, Campagnolo Roma, Relish Gastropub,
Rocky Mountain Flatbread Company e Nicli Pizzeria - fizeram uma parceria com a
Foodtree Media (site especializado em alimentação). A campanha adotada em 2012
divulgava os QR Codes colocados nos restaurantes, que direcionavam o leitor para
informações sobre os principais fornecedores dos estabelecimentos. Essa proposta
era uma forma de mostrar transparência quanto à qualidade dos alimentos utilizados
nos restaurantes.
Outra campanha que ganhou visibilidade foi a do restaurante americano
Policy61, que começou a aplicar QR Codes na entrada do estabelecimento para que
os clientes pudessem acessar o menu, fazer reservas e compartilhar o endereço,
tudo pelo celular.
Para o restaurante etíope Mesob situado em Montclair (New Jersey, EUA),
apresentar os QR Codes pelo ambiente complementa a experiência do cliente ao
agregar conteúdo62 sobre como os pratos são preparados, como é consumido, quais
são os costumes do país. Além disso, o visitante também pode se conectar às
mídias sociais para saber o que está sendo comentado e fazer avaliações sobre o
local. Essa interação com o celular por meio da leitura dos QR Codes estabelece
uma integração entre o ambiente físico e o ambiente digital multimidiático, seja com
links de fotos, texto ou vídeos.
Já com a rede de restaurantes indianos Bombay Bowl63, a ação foi desenhada
para engajar os clientes às redes sociais (com links para as páginas do Facebook e
59
Campanha Stay Curious, da Brancott Estate. <http://www.brancottestate.com/curiousbottle/>. Acesso em: 2 set. 2014.
60
Why Vancouver restaurant owners are putting QR Codes on their menus (and you
should too) <http://www.foodtree.com/blog/2012/01/20/announcing-qr-codes-on-menus>. Acesso em:
30 ago. 2014.
61
FINNERAN, K. Small businesses using QR Codes to engage customers. Disponível em:
<http://smallbusiness.foxbusiness.com/technology-web/2011/05/20/small-businesses-using-qr-codesto-engage-customers/>. Acesso em: 4 set. 2014.
62
Mesob Ethiopian Restaurant Introduces QR Codes to Enhance Customer Experience.
Disponível
em:
<http://www.mesobrestaurant.com/images/stories/docs/qr_code_press_release_mesob_ethiopian_res
taurant_montclair_nj.pdf>. Acesso em: 4 set. 2014.
63
Disponível em: < http://www.qrlicious.com/qr-codes-in-action-at-bombay-bowl/> Acesso em: 3
ago. 2014.
44
Twitter) e à newsletter do restaurante. Outro uso do QR Code adotado foi a
divulgação de outros restaurantes “Smart Meal” que são certificados com um mesmo
selo
de
certificação
de
menus
saudáveis,
compartilhando
sugestões
de
estabelecimentos inseridos no mesmo entorno.
O uso aplicado para QR Codes na biblioteca de direito da Universidade do
Estado da Flórida
64
apresentou opções para agregar conectividade aos estudantes
que tivessem acesso à internet em seus smartphones. Com a leitura de códigos
distribuídos pela biblioteca, o usuário poderia ter acesso a informações como
contatos dos bibliotecários do local, o catálogo mobile do acervo, bases de dados
sobre direito, o blog da biblioteca e os caminhos para encontrar o formato eletrônico
de uma fonte impressa, por exemplo.
Da mesma forma, o Museu de Arte de Cleveland65 incentivou a promoção das
galerias recém-inauguradas. A campanha incluiu cartazes espalhados em alguns
pontos estratégicos da cidade que traziam QR Codes impressos. Os códigos
direcionavam para o website do museu e dali, o usuário podia acessar o audio tour
com as explicações das novas galerias.
Um código também pode inserir conteúdos audiovisuais, estabelecendo um
caminho o currículo que dá acesso a mais informações em vídeo66, por exemplo,
complementa o resumo em papel e o torna mais dinâmico ao compor imagem e
vídeo como um todo. O QR Code no currículo serve como um texto intermediário
que permite a transferência da leitura do texto impresso para o formato audiovisual.
Outra forma de aplicação de QR Codes para permitir o acesso a informações
detalhadas foi usada durante a conferência The Association Media & Publishing67
em junho de 2011. A ideia era reduzir o uso de papéis e impressões distribuídas
durante o evento e para isso foram disponibilizados QR Codes para que os
participantes pudessem acessar a programação e informações detalhadas dos
palestrantes e também para incentivar a interação pelas mídias sociais.
64
JACKSON, D. Thinking about technology – Standard barcodes beware- smartphone
users may prefer QR Codes. University of South Dakota School of Law, 2011. Disponível em: <
http://works.bepress.com/cgi/viewcontent.cgi?article=1006&context=darla_jackson>. Acesso em: 4
set. 2014.
65
Disponível em:< http://www.capstonemedia.com/cleveland-art-museum-qr-code-shawabtysand-cista-handles-for-gallery-tour/> . Acesso em: 20 ago. 2014.
66
Un QR Code sur un CV. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Xs7tLBSENx4&feature=youtu.be>. Acesso em 3 set. 2014.
67
Disponível em: http://associationmediaandpublishing.org/PageDisplay.asp?p1=4161 Acesso
em 2 ago. 2014.
45
Já a campanha Backstage Pass68 da loja de departamentos Macy’s
disponibilizou QR Codes nos displays de 800 lojas dos Estados Unidos. Pela leitura
do código era possível ter acesso a dicas de moda e explicações dos criadores das
coleções. Além disso, a compra poderia ser realizada diretamente pelo celular pela
plataforma mobile da loja. Considerando esses usos como exemplo em o QR Code
abre caminho para uma linguagem audiovisual, o próprio celular ou tablet e os bits
podem ser observados como sistemas modelizantes.
Em outro uso para acesso a informações complementares ao ambiente em que
o QR Code aparece, os jogadores do game Homefront69, eram induzidos a escanear
os dez códigos que apareciam no jogo para ter acesso a conteúdo exclusivo e
papéis de parede. Em dois dias, foram feitos mais de 30 mil escaneamentos e o
principal aparelho usado foi o iPhone. Assim como no exemplo do Backstage Pass,
a informação complementar acessada pelo aparelho era audiovisual e trazia
explicações para determinados fatos que estavam acontecendo durante o jogo, no
momento em que o QR Code aparece no cenário.
Outro uso do QR Code para ambientes ficcionais foi a campanha de divulgação
do filme “A Origem”70, em que o usuário era convidado a imergir no mundo do filme e
a descobrir detalhes discutidos no ambiente fictício. A campanha foi feita com
diferentes formatos desde meios impressos, correspondências, websites e iPads.
Nestes casos, o smartphone também aparece como um sistema modelizante que
permite que os códigos sejam visualizados em uma interface adaptada para serem
lidos independentemente da localização do usuário. Os códigos 2D se apresentam
como facilitadores do acesso aos respectivos sites, gerando engajamento
principalmente do público jovem que costuma jogar e assistir a filmes desse gênero.
Para a campanha “Life can be perfect”, lançada em junho de 2011 pela
Bollinger, foi desenvolvido um site para acesso em plataforma mobile que trazia
informações sobre como participar de um concurso internacional promovido pela
marca. O concurso foi divulgado em dez jornais (International Herald Tribune, Le
Figaro, The Guardian, Frankfurter Allgemeine Zeitung, NZZ, La Tribune de Genève,
Dagens Nyheter, Berlingske, Sunday Business Post e The Sydney Morning Herald)
68
Macy’s Backstage Pass QR Campain. Disponível em:< http://vimeo.com/46537707>. Acesso
em 2 set. 2014.
69
30000 QR Code scans in two days. Disponível em: < http://2d-code.co.uk/homefront-qrcodes/ >. Acesso em: 19 ago. 2014.
70
Disponível em: < http://mmaglobal.com/studies/verizon-wireless-sees-over-150000-scansscanlife-qr-codes>. Acesso em: 19 ago. 2014.
46
convidando os leitores a compartilhar suas histórias com o tema “Life can be
perfect”. As cinco melhores foram premiadas com um convite para a festa exclusiva
de comemoração dos cinquenta anos do champagne Bollinger.
Nesta seleção de aplicações em campanhas, o QR Code serviu para criar
novos ambientes de informação como hiperlinks em uma navegação hipermidiática
não linear. Seja pelo direcionamento para uma URL com vídeo, áudio ou textos
complementares, os códigos condensam informações, além dos próprios dados
digitais. Logo, o QR Code modeliza também o acesso às informações extras, uma
vez que esse formato gera linguagens digitais que ao mesmo tempo se estrutura a
partir de outros sistemas modelizantes como os aparelhos móveis por meio dos
quais as informações são acessadas, as bases de dados, o desenho das interfaces.
47
Tabela 9 - QR Code para informações extras
Empresa
Campanha
Ações
Backstage Pass
Dicas de moda, coleções, compras
Homefront
Interação com história do game
Inception website
Interação com ficção
Brancott Estate
Stay Curious
Informações sobre os produtos
Food Tree Media
Restaurantes
Rastreabilidade
Bombay Bowl
Smart Meal
Rastreabilidade
Mesob
Restaurante
Aprofundar os temas culturais
Policy
Restaurante
Reservas, acesso ao menu
Macy’s
THQ
Warner, Verizon e Scan Life
Detalhes da programação do evento,
The Association Media &
Publishing
Cleveland Museum
-----
Conference
palestrantes e troca de opiniões
Audio tour
Visitação guiada
Resume
Audiovisual
Acesso a: catálogo, sites, contatos,
Florida State Law Library
Bolinger Champagne
Conectividade
base de dados
Life can be perfect
Acesso a inscrições para concurso
48
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso da mídia conectada às redes digitais como instrumento de comunicação
é uma maneira de inovar a interação do ser humano com a informação, mediada
pela tecnologia. Ao condensar informações em um texto da cultura criado a partir de
dados numéricos e algoritmos, a comunicação passa a ser estruturada por códigos
digitais que apresentam sistemas modelizantes secundários que geram linguagens
nos formatos.
Os padrões de interação com aparelhos celulares também são modificados
pela incorporação de QR Codes em diferentes momentos do cotidiano: em matérias
jornalísticas, ações de marketing, em sistemas de produção etc. Diante da
diversidade de possibilidades de linguagens que os códigos 2D geram no processo
de comunicação, a introdução desses códigos de resposta rápida facilitam ainda
mais as interações. Com isso, percebe-se que a necessidade de acesso à
informação imediata conecta ainda mais a sociedade à rede e converge mais uma
funcionalidade aos aparelhos móveis. O reconhecimento internacional do símbolo
contribuiu também contribuiu para que a ideia pudesse ganhar mais espaço, ainda
que pouco a pouco, em outros países, como apresentado nas pesquisas da
comScore e da MediaSeek.
Entre os casos analisados, foi possível observar diferentes aplicações do QR
Code em campanhas do mundo das marcas. Em cada grupo, o código se mostrou
adequado para modelizar diferentes linguagens para diversas possibilidades de
organização da mensagem e de geração de semioses.
No primeiro grupo, por exemplo, o QR Code modelizou o ato de comprar no
supermercado ou no restaurante, criando uma nova linguagem digital de experiência
de compra em plataforma mobile. Já nos exemplos em que o código de resposta
rápida modeliza os cupons, a aplicação sintetiza a forma como as ações comerciais
podem se tornar atrativas aos consumidores conectados com seus smartphones.
Em uma mesma linha de interpretação, as ações que estimulam o download de
aplicativos ou de conteúdos exclusivos também geram linguagens modelizadas no
formato mobile para facilitar o acesso aos arquivos diretamente transferidos para o
celular ou tablet. O QR Code também pode modelizar a comunicação geolocalizada
ao ser empregado em ações como o Favorite Places on Google ou em ações
pontuais semelhantes ao World Park, que fez com que um simples passeio pelo
49
Central Park de Nova York pudesse ser aproveitado com informações relevantes,
que por sua vez, estavam modelizadas pelo QR Code.
Em ações em que os compartilhamentos pelas mídias sociais eram
modelizadas pelos códigos 2D, fica evidente também que a inserção dos aparelhos
móveis no cotidiano e a interação pelas mídias sociais estão cada vez mais
intrínsecas à realidade do mundo digital. Por esse motivo, também, o QR Code,
como texto digital permite que cartões de visitas sejam modelizados para uma
linguagem digital.
O uso do QR Code como forma de oferecer mais informações a respeito do
conteúdo apresentado em mídia impressa é um dos mais recorrentes no mundo das
marcas. A partir do código, é possível construir uma interação entre o mundo físico e
o digital, uma vez que ele modeliza as relações hipermidiáticas seja para intermediar
o acesso, por meio de códigos e bits, a conteúdos extras em vídeo, em textos, em
imagens, em áudio.
Se trabalhados de maneira consciente e com planejamento, os QR Codes
podem se tornar instrumentos importantes que facilitam a interação do usuário com
o conteúdo e do próprio conteúdo entre diferentes plataformas.
No Brasil, a aplicação dos QR Codes em campanhas ainda se mostra tímida no
mundo das marcas, sendo que os principais usos observados são aqueles que
direcionam o leitor do código para o site da empresa ou incluem links que trazem
informações extras a respeito do produto relacionado.
Observando o crescimento dos usos dos smartphones e, concomitantemente,
da constante necessidade de conexão à rede, é possível visualizar um campo vasto
que aproveite a interação do usuário com as campanhas e promoções de produtos e
marcas. Por isso, vemos que as iniciativas são importantes para inserir as marcas ao
mundo dos textos digitais, como o QR Code, para criar novas experiências em um
ambiente conectado e interativo.
50
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