CST em Gestão de Turismo Geografia Aplicada ao Turismo
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CST em Gestão de Turismo Geografia Aplicada ao Turismo Aula 1 Profa. Me. Valéria de Meira Albach Olá! Seja bem-vindo! Esta é a nossa primeira aula de Geografia Aplicada ao Turismo. Vamos viajar entre conceitos, curiosidades e conhecer o mundo? Introdução Nesta disciplina, apresentaremos a relação da ciência geográfica com o fenômeno turístico e verificaremos que, por meio desta, é possível conhecer e reconhecer ferramentas e raciocínios que contribuem tanto para a organização de viagens quanto para o planejamento do espaço turístico. A importância da compreensão do espaço geográfico e turístico será enfatizada e, ainda, o estudo da paisagem. A cartografia como representação do espaço oferece ao Turismo aplicações bastante úteis que serão demonstradas nesta disciplina. Além disso, destacaremos características geográficas e turísticas valiosas do Brasil e do mundo, pois todo estudante e profissional da área do Turismo precisa saber se localizar no globo e identificar os principais atrativos turísticos existentes. Ao término desta aula, você terá aprendido: Como a Geografia contribui para o Turismo? Quais as características do espaço geográfico? Quais as características do espaço turístico? Conceituando a Geografia Pode parecer simples definir ou estabelecer o objeto da Geografia, mas esse campo é amplo e polêmico. Até pouco tempo, a Geografia era vista como 2 CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 a “descrição da Terra”. Somente no século XIX, ela se tornou uma ciência autônoma, mas isso não significa que não havia conhecimento geográfico e uma aplicação da Geografia desde a Pré-História. Com a evolução da sociedade, que foi aperfeiçoando a sua capacidade de dominar e modificar o ambiente, o conhecimento da Geografia e sua aplicação foram se expandindo. A Geografia é considerada a ciência que estabelece a relação, a explicação e a espacialidade dos fenômenos que integram e formam o contexto espacial terrestre: Físicos − substrato rochoso, relevo, clima, água e solos; Biológicos − fauna e flora; Humanos − aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos. Dessa forma, podemos dizer que a Geografia estuda a relação da sociedade com o meio ambiente. A Geografia estuda muitos assuntos, sempre relacionando a sociedade com o meio. Veja a seleção de charges no site a seguir e reflita sobre a dimensão dessa ciência. <http://cageos.wordpress.com/2012/09/05/utilizacao-das-historias-em-quadrinhona-sala-de-aula/> CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 3 Geografia e Turismo A Geografia oferece o espaço formado pela inter-relação entre sociedade e natureza e, nesse espaço, podem ser realizadas atividades turísticas. Além disso, a Geografia é uma ciência que se relaciona diretamente com o Turismo, pois não é possível viajar para um determinado lugar sem ter um conhecimento prévio dos aspectos geográficos que ele apresenta, como: o tipo de clima, as formações vegetais, os costumes do povo que ali habita; tudo isso para não interferir na sua cultura, entre outros. Através da disponibilidade dos aspectos físicos, humanos e biológicos integrantes da Geografia, pode-se determinar qual segmento do Turismo pode ser desenvolvido em determinado local, como também os empreendimentos e os investimentos adequados para o local, fazendo a relação com a natureza e tornando o negócio economicamente viável e com um resultado mínimo de impactos ambientais negativos. As principais categorias de estudo em Geografia são: Lugar Território Paisagem Região Espaço Todas as categorias serão abordadas nesta disciplina, porém o destaque maior será para a categoria principal nos estudos geográficos: o espaço. 4 CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 O Espaço: Conceituação dos Espaços por Boullón Esses dois espaços, por sua vez, podem ser subdivididos nas seguintes categorias: Espaço natural adaptado − é o espaço rural, no qual predominam as espécies vegetais, animais e minerais, conforme estabelecido pelo homem. Ex: fazenda. Espaço artificial − espaço em que predominam as intervenções físicas (estruturas) implantadas pelo homem. Ex: cidade. Natural virgem − áreas do espaço natural em que não houve ação antrópica. Ex: florestas, cavernas etc. Vital − não se refere ao solo, mas ao espaço de que todos precisam para existir. CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 5 Espaço geográfico O espaço geográfico pode ser definido como a superfície da Terra enquanto morada, potencial ou, de fato, do homem, sem o qual tal espaço não poderia sequer ser pensado (CORRÊA, 2004). Ele é construído no processo de desenvolvimento da sociedade, que vai imprimindo no mesmo as suas relações. Milton Santos foi um importante géografo que entendeu o espaço como um conjunto de formas, contendo cada qual as frações da sociedade em movimento. Ele disse, ainda, que as formas têm papel na realização social. Conheça quem foi Milton Santos acessando o site a seguir: <http://miltonsantos.com.br/site/biografia/> O espaço está interligado com o tempo, o qual pode ser percebido como a sucessão de anos, dias e horas. Ele envolve, ainda, a noção de presente, passado e futuro, as épocas e as estações do ano, o momento ou a ocasião apropriada para que um fato se realize, as condições meteorológicas e a medida de duração dos fenômenos − naturais ou sociais. No turismo, o tempo é convertido em distância e é essencial para o planejamento de viagens. Entretanto, o tempo da natureza e o da sociedade são distintos: enquanto na natureza se enfoca o tempo geológico (milhões de anos), com raras exceções, como os terremotos, o tempo da sociedade engloba as estações do ano, o dia e a noite. E, no mundo globalizado, as noções de tempo na sociedade se modificam com o uso de tecnologias e de um mercado mundial. Portanto, as considerações a respeito de tempo e espaço estão sempre em transformação. 6 CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 Analisando o espaço geográfico com a presença do Turismo Na tabela a seguir, podemos observar os elementos que compõem o espaço geográfico, segundo Santos (1998): à esquerda e à direita, o que é correspondente à formação do espaço turístico quando a atividade de Turismo se desenvolve nele. Observe: Espaço geográfico Seres humanos/ sociedade Elementos do espaço turístico Demanda turística População residente Representantes de instituições públicas, privadas e do Terceiro Setor ligados ao Turismo Firmas Meios de hospedagem Equipamentos de alimentação Agências e operadoras de Turismo Transportadoras turísticas Espaços para eventos Serviços de lazer e entretenimento Empresas de marketing e promoção, entre outras. Instituições Públicas e Privadas. Superestrutura turística Instituições reguladoras e normatizadoras da atividade: - OMT – Organização Mundial do Turismo - OMC – Organização Mundial do Comércio - Ministério do Turismo - Embratur – Instituto Brasileiro do Turismo - Secretarias Estaduais e Municipais de Turismo - Entidades da Classe Turístico, entre outras. Infraestruturas Serviços públicos Transporte e acessos Comunicação Segurança CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 7 Educação Saúde Meio ecológico Base física do trabalho humano Questões dos ecossistemas e do turismo sustentável. TABELA 1 – Relações do Espaço Geográfico por Santos e Elementos do Espaço Turístico Fonte: ALBACH (2010) com em Rodrigues (2001) e Ministério do Turismo (2006). Uma representação por meio de fotografias, mapas e imagens de satélite pode oferecer bases necessárias para se iniciar a análise de certo espaço geográfico. Para Santos (1998), este pode ser lido por quatro dimensões: forma, função, estrutura e processo, todos interligados; necessitam, além do olhar do observador, de um resgate histórico que aprofunde e possa configurar a análise. Processo Categorias de Análise Espacial Não é possível analisar o espaço com as categorias em separado, o importante é a visão completa. 8 CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 Forma Todo espaço é impregnado de formas antigas e recentes. As formas que caracterizam o meio rural não são as mesmas que existem no ambiente urbano − no campo, as casas são grandes e espaçadas umas das outras. Isso ocorre porque o campo ainda é uma região pouco habitada, o que não gerou a necessidade de a população se aglomerar em habitações verticais. Já na cidade, observam-se formas muito variadas, desde habitações grandes, pequenas, verticais como os edifícios, redondas ou quadradas. Geralmente, todas são muito próximas umas das outras, pois o número de habitantes é muito grande em relação ao espaço disponível para a construção de moradias. Função Ao explicar a forma, subjetivamente aparece a função. Aplicando o mesmo exemplo anteriormente citado, têm-se habitações de formas variadas e com funções iguais e espaços organizados de forma diferente (o campo e a cidade), mas com funções diferentes. A função de um determinado espaço também pode mudar com o passar do tempo. Uma antiga moradia, que no passado abrigou uma família, pode, no presente, desempenhar a função de um museu ou de um prédio público. Assim, as funções turísticas, como de outras atividades econômicas, também podem mudar com o tempo. Pode-se dizer, então, que forma e função são categorias do espaço que mudam com o tempo (dinâmica espaço-temporal). Estrutura A estrutura é a essência da paisagem. Como exemplo de estrutura espacial, tem-se uma favela e um bairro residencial estruturado, que são resultantes de uma série de fatores socioeconômicos, em que o modo de produção é determinante na organização de cada espaço. CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 9 O espaço da favela foi estruturado de modo a suprir as necessidades dos seus moradores, ou seja, agrupar as moradias no mínimo espaço possível. Em geral, elas ocupam os terrenos menos favorecidos pelo relevo, como várzeas − planícies de inundações dos rios − ou morros, cujo valor imobiliário é baixo. Já os bairros residenciais ocupam áreas “mais privilegiadas”, dotadas de toda infraestrutura e prestação de serviços. O traçado das ruas é bem-planejado, o que torna a paisagem aparentemente mais fácil de ser compreendida. Contudo, para realmente compreender um espaço qualquer, é necessário buscar as razões que o determinaram desse ou daquele modo. Processo É a própria transformação que ocorre na sociedade e nas formas do espaço ao longo do tempo. Para Santos (1998) apud Lima (2004), “a sociedade é atual, mas a paisagem, pelas suas formas, é composta de atualidades de hoje e do passado.” Portanto, em toda análise espacial, deve-se considerar a totalidade como resultante da forma, função, estrutura e processos que permeiam os diferentes espaços. Toda organização espacial engloba um ou vários processos: processo de migração, de implantação de indústrias, de urbanização, enfim, o processo de transformação que faz do espaço um organismo vivo, em que o tempo deixa suas marcas e permite, assim, uma análise histórica. Todo processo pressupõe a noção de dinâmica (movimento), que é inerente ao estudo do espaço geográfico. 10 CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 Espaço turístico Para definir um espaço turístico, a pré-definição do espaço geográfico pode ser valiosa, haja vista que aprofunda o estudo em relações que são ou podem vir a ser de uso para o planejamento e a organização da atividade turística. Essa definição oferece elementos para pensarmos no equilíbrio dos impactos do Turismo em seus aspectos sociais, ambientais, políticos e econômicos, além de favorecer a utilização de elementos de interpretação e valorização de fatos históricos. As pessoas (visitantes e turistas) tendem a se interessar cada vez mais pelas histórias antigas e recentes e por informações diferenciadas que provoquem experiências únicas e especiais (conceito de economia da experiência). Um espaço turístico reflete as interações do homem com as viagens e as estruturas necessárias para as mesmas, pois possui sua forma, sua função, sua estrutura e seu processo e, em diversas vezes, em macro escala. Se houver a análise de que o turismo espacial ou sideral já é um fato, percebe-se que a forma, urbana ou rural, por exemplo, já não será suficiente para caracterizá-lo. Por agora, essa definição de forma do espaço nos basta, poia nelas se diferenciarem práticas de turismo que necessitam de estruturas existentes para se realizarem − estruturas e serviços em áreas urbanas e rurais: espaço urbano e espaço rural. O turismo se vale de características do espaço geográfico (urbano ou rural) para seu desenvolvimento e pode contribuir para a (re)produção desse espaço, de acordo com as especificidades da atividade turística praticada. CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 11 Para ser um espaço turístico, o espaço geográfico deve considerar as informações de outras ciências, como Economia, História, Sociologia, Antropologia etc., a fim de delimitar e caracterizar as atividades turísticas que são ou que serão implantadas. As teorias e as discussões do espaço turístico comumente utilizadas nas pesquisas brasileiras são a de Boullón − arquiteto argentino que elaborou essa teoria na década de 1980 − e as reflexões de Rodrigues − geógrafa estudiosa de Turismo −, que tem por base a teoria do espaço geográfico de Milton Santos. Conforme Boullón (2002), “o espaço turístico é consequência da presença e distribuição territorial dos atrativos turísticos que, não devemos esquecer, são a matéria-prima do Turismo.” Esse elemento do patrimônio turístico, mais o empreendimento e a infraestrutura turística, são suficientes para definir o espaço turístico de qualquer país. Já Rodrigues (2001) defende que o espaço turístico, como todo espaço geográfico, não pode ser concebido por fronteiras euclidianas (exatas e precisas), mesmo porque existem elementos externos, como a demanda. Como os elementos do espaço turístico são diversos, os instrumentos para o seu planejamento devem contemplar todos com uma visão holística e sistêmica, ou seja, de um processo que recebe influências internas e externas para se apresentar como fenômeno turístico. Caso Las Vegas Importante destino turístico, Las Vegas está localizado no estado de Nevada, nos Estados Unidos. Suas transformações no espaço são muito interessantes, vale a pena se interessar e buscar na internet e em filmes. 12 CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 Aplicação desse caso com a análise espacial 1. Forma − local inóspito, que foi transformado de desértico a urbano. 2. Função – de apoio comercial a capital do entretenimento 3. Estrutura − em 1946, com a construção do Flamingo Hotel, inicia-se a construção de centenas de outros hotéis e cassinos (os mais imponentes do mundo). Dentro desses hotéis, há teatros, restaurantes, salas de jogos, piscinas etc., além de um enorme número de lojas e infraestrutura de apoio também na área da saúde. 4. Processo − em 1890, a estrada de ferro passou pela região e se concebeu uma vila; em 1931, começou o processo e, em 1946, ele se consolidou. Em um século, o número de habitantes passou de 5 mil a 2 milhões. Nos anos 2000, já foi considerado o local mais procurado para o “turismo de jogos”. O Discovery Channel fez alguns documentários em que o processo de lugares, hoje bastante turísticos, é apresentado em detalhes. Recomendo assistir a “Descontruindo Paris”, pois, através desse documentário, podemos compreender a formação de um espaço turístico. <http://www.youtube.com/watch?v=pFxp3pczRzg> Outras formas no espaço turístico Com base em Lynch Kevin Lynch lançou, nos anos 1960, a obra “A imagem da cidade”, na qual, entre tantos assuntos, são destacadas as formas do meio urbano. Essas formas geralmente possuem representatividade para o turismo, tornando-se atrativos turísticos. CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 13 Como exemplos temos: Logradouros: Praça da Sé (São Paulo), Champs-Élysées (Paris); Marcos: Torre Eiffel (Paris), Estátua da Liberdade (Nova York), Cristo Redentor (Rio de Janeiro); Bairros: Bairro da Liberdade (São Paulo), Chinatown (em várias cidades), Soho (Nova York); Bordas: Ponte da Amizade (Brasil-Paraguai), Ponte do Bósforo (Turquia – entre Europa e Ásia); Pontos nodais: esquina da rua Ipiranga com São João em São Paulo; Roteiros: por um centro histórico a pé, do museu x ao shopping y. Por Boullón O arquiteto Roberto Boullón elaborou uma teoria do espaço turístico comentada no importante livro “Planejamento do espaço turístico”. Entre diversos assuntos no espaço natural e urbano, o autor destaca a possibilidade de criação de formas no espaço turístico que facilitam o seu desenvolvimento. Veremos as formas que Boullón propõem, em que se destaca o centro turístico, pois, para desenvolvimento de qualquer destino, há a necessidade de apoio de serviços diversos em um raio próximo. I. Zona turística A zona turística é a maior unidade territorial do espaço turístico de um país. Por convenção, uma zona turística possui no mínimo dez atrativos turísticos localizados próximos uns dos outros. Essa proximidade dependerá do tamanho do território nacional de referência e a zona deverá ter dois ou mais centros turísticos, com equipamentos, serviços, transportes e comunicação entre eles. As grandes zonas podem ser subdivididas em áreas turísticas. 14 CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 II. Área turística A área turística compreende cada uma das partes em que pode ser dividida uma zona, preferencialmente tomando por base suas divisões geográficas naturais. Deve ter um centro turístico, um mínimo de dez atrativos e infraestrutura de transporte e comunicação entre os elementos que a compõem. III. Centro turístico É todo conglomerado urbano que conta no próprio território ou dentro do raio de influência, com atrativos turísticos de tipo e hierarquia suficientes para motivar uma viagem turística. A fim de permitir uma viagem de ida e volta no mesmo dia, o raio de influência foi calculado em duas horas de distância e tempo e pode ser dividido em dois tipos: raio de influência teórico (compasso) e raio de influência real. Deve-se considerar, no caso de transporte terrestre, o veículo utilizado − automóvel ou ônibus. Os serviços ofertados pelo centro turístico devem ser compostos de hospedagem, alimentação, entretenimento, agências de viagem de ação local (operadoras), informação turística, comércio turístico, comunicação (postos telefônicos e de correio), sistema de transporte (deslocamento) interno e conexões com os sistemas de transporte externo (internacional, nacional, regional e local, conforme a hierarquia do centro) Ele pode viver exclusivamente do Turismo ou não e a sua população é flutuante − de 6 habitantes por turista e de até um habitante para cada 7 turistas. Fora dessa margem, o conglomerado urbano passa a ter papel de pólo de desenvolvimento regional, com outras atividades igualmente importantes. CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 15 Os capítulos iniciais do livro de Roberto Boullón, “Planejamento do espaço turístico”, ajudará na compreensão do espaço turístico. IV. Corredores turísticos Podem ser de dois tipos: V. Complexos turísticos São pouco frequentes, maiores do que um centro e menores do que uma zona ou área. São centros de distribuição que atingem um nível superior de hierarquia pelo tipo de atrativo que oferecem, onde os visitantes permanecem, em média, três dias ou um pouco mais, sem chegar, porém, a permanecer o mesmo número de dias que em um centro de estada. Um complexo deve ter um ou mais centros turísticos. O planejamento de um complexo deve ser cuidadoso, a fim de evitar que venham a competir entre si, pois devem ser trabalhados como uma unidade. 16 CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 VI. Núcleos turísticos Os núcleos turísticos são locais que desenvolvem um turismo rudimentar em torno de 2 a 9 atrativos isolados entre si e sem comunicação eficaz com o território. Não podem constituir uma zona, pois não possuem a quantidade de atrativos convencionados como necessários para tal e não dispõem de infraestrutura adequada para o atendimento aos visitantes. A sua situação é sempre transitória, pois a construção de estradas pode transformá-los em conjuntos. Ilhas antes isoladas com o trasnporte adequado deixam se ser núcleos para entrar em um conjunto. VII. Conjunto turístico O conjunto turístico é o núcleo que deixa de ser isolado, relacionando-se com o resto do território. A passagem de núcleo a conjunto implica, também, que cada um dos atrativos passe a ter serviços essenciais, como: estacionamento, informação, guias, sanitários, venda de artesanato, curiosidades e até mesmo alojamento, caso o atrativo justificar o investimento. VIII. Unidades turísticas As unidades turísticas são concentrações menores de equipamentos destinados a explorar, intensivamente, um ou vários atrativos semelhantes. São menores do que os centros de estada porque têm apenas um tipo de atrativo principal, que, geralmente, é visitado por um tipo específico de turista. Porém, são maiores do que os hotéis e resorts, pois têm alojamentos, serviço de alimentação e algumas opções de lazer, geralmente dentro dos próprios hotéis. CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 17 Esquema para Compreensão do Espaço Turístico Se você partir do centro da figura, observando o espaço geográfico e seguindo as setas, verá as relações com o espaço turístico presentes na nossa aula. Preste atenção: 18 CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 Para melhor compreender a relação do Turismo com as categorias geográficas, recomendamos a leitura de Remy Knafou, “Turismo e território: por uma abordagem científica do Turismo”, disponível em: <http://www.proppi.uff.br/turismo/sites/default/files/knafou_remy._turismo_e_territri o_-_por_uma_abordagem_cientfica_do_turismo_0_0.pdf> Política Brasileira No nosso país, desde 2003, existe um programa de regionalização do Turismo do Ministério do Turismo, que pensa a organização do espaço turístico em regiões. Em cada região, são aproximados, nesse caso por decisão política, os destinos turísticos, com afinidades para se trabalhar uma ideia turística no planejamento, gestão e promoção. Temso como exemplo a Costa dos Coqueiros (BA), a Região Sul do Brasil e a Serra Gaúcha (RS). CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 19 1. Leia as afirmações a seguir a respeito dos conceitos de espaço geográfico e espaço turístico e assinale a alternativa que apresenta os itens corretos. I. A Geografia estuda a descrição, a análise e a explicação das transformações e de suas interações em um determinado espaço. II. O espaço natural é aquele que resulta da transformação da natureza, da ação de fenômenos geológicos, climáticos e outros. Já o espaço geográfico corresponde ao espaço que está sendo ou foi produzido pelos seres humanos. III. O tempo da sociedade é diferente do tempo da natureza e isso influência muito na construção do espaço, sendo que o primeiro tempo é maior do que o segundo. IV. Para entender a organização e a produção do espaço, precisamos compreender as relações entre os seres humanos, pois os espaços geográficos materializam essas relações. V. Uma maneira de analisar o espaço turístico é por meio de suas formas, como: zonas, áreas, corredores, logradouros, bairros e até mesmo roteiros. a. Estão corretas as afirmações I, II, IV e V. b. Estão corretas apenas as afirmações I e IV. c. Estão corretas apenas as afirmações I, II e V. d. Todas estão corretas. 20 CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 2. O espaço geográfico pode ser analisado por seus quatro aspectos fundamentais. Marque a questão incorreta em relação ao espaço geográfico de Milton Santos: a. Na forma, podemos observar espaços urbanos e espaços rurais com características distintas. b. No processo, podem ser observadas as transformações que ocorrem na sociedade e nas formas e funções do espaço ao longo dos tempos. c. A função no espaço pode ser transformada; um exemplo disso é uma antiga habitação da época da colônia que é hoje um museu voltado para o Turismo. d. A estrutura não constitui a essência da paisagem, ela se relacionada somente com as atividades praticadas no espaço. CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1 21 Referências ALBACH, V. M. Panorama da pesquisa em Turismo nos mestrados em Geografia do Brasil: o caso do mestrado em Geografia da UFPR. Dissertação (mestrado do Programa de Pós-Graduação em Geografia) – Setor de Ciências da Terra, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010. BOULLÓN, R. C. Planejamento do espaço turístico. Tradução Joseli Baptista. EDUCS, 2002. CORRÊA, R. L. et al. Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand, 1995. LYNCH, K. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997. RODRIGUES, A. B. Turismo e espaço: rumo a um conhecimento transdisciplinar. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 2001. SANTOS, M. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico informacional. 4. ed. São Paulo: Hucitec, 1998. 22 CST em Gestão de Turismo | Geografia Aplicada ao Turismo | Aula 1
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