Rita BRütt em entRevista JoalhaRia e BiJutaRia

Transcrição

Rita BRütt em entRevista JoalhaRia e BiJutaRia
Pure Magazine/ Edição cinco/ Verão 2010
Rita Brütt em entrevista
Joalharia e Bijutaria
Antes e agora
Alexander Wang
“The Prodigy-Boy”
Victoire De Castellane
A PoetiSa que cria jóias
Elsa Schiaparelli,
Um manifesto à moda
Tina Berning
(Expressão Humana)
FICHA TÉCNICA:
DIRECÇÃO /EDIÇÃO:
Helga Carvalho
www.helgacarvalho.com
PURE
DESIGN GRÁFICO:
Hidden Attic:
Sara Gomes, thesecondbushome.com
Bráulio Amado, iusecomicsans.com
WEB DESIGNER:
Ivo Fernandes
www.disturbnot.com/
PUBLICIDADE:
[email protected]
RP:
Hugo Tiburccio
[email protected]
ANDREIA ANTUNES DO AMARAL, 1984.
Natural de Tomar, designer e investigadora, temse dedicado a estudos relacionados com o Design
Têxtil. É licenciada em Design de Moda e Têxtil pela
Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto
Politécnico de Castelo Branco. Encontra-se, desde
2007, a frequentar um programa de doutoramento
pela Universidade Politécnica de Valência
(Espanha), no qual terminou, em 2009, o grau de
Estudos Avançados com o trabalho de investigação
“A arte da Trapologia: definição e origem na Beira
Baixa”. Coordenadora do projecto científico
Grafema, Revista de Estudos do Livro, Imprensa e
Design de Comunicação (www.gfm-grafema.com).
COLABORADORES:
Edição/Texto:
Andreia Amaral
Brígida Ribeiros
Carlos Natálio
Carlota Brogueira
Cláudia Rodrigues
Carolina de Almeida
Francisco Vaz Fernandes
Miguel Ângelo Matos
Natacha de Noronha
Pedro Lima
Rita Correia
Soraia do Carmo
Sara Andrade
Sara Vale
Soraia do Carmo
Susana Lage
Vanessa Ferreira
Fotografia:
Paulo Segadães
Pedro Pacheco
Sérgio Santos
Vídeo:
Tiago Ribeiro
Ilustração:
Marco Godinho
www.puremagazine.pt
www.puremag.blogspot.com
CAPA:
Rita Brutt
Fotografia: Paulo Segadães
Styling: Helga Carvalho
Maquilhagem & Cabelos: Miguel Molena
com Produtos Christian Dior
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EDITORIAL
Joalharia e bijutaria duas áreas incontornáveis,
indissociáveis da Moda. Cada vez mais, a joalharia
liberta-se da imagem clássica que nos habituou
abraçando caminhos mais expressivos e autónomos. A bijutaria ganha por sua vez maior dimensão
através de estatuto criativo.
Entrevistámos alguns criadores da área, diferentes
entre si mas com percursos sólidos e bem definidos.
Falam-nos das suas inspirações, métodos, colecções e desafios futuros, e deixam-nos sonhar com
as suas criações!
Para 2010, a Pure assume uma nova imagem, um
novo layout. O conteúdo é o mesmo, o invólucro
é diferente. São tempos de mudança para um projecto que se mantém fiel a si mesmo.
CLÁUDIA RODRIGUES
Cláudia tem 25 anos. Licenciou-se em Design
de Moda e Têxtil em 2006. Estagiou com Ana
Salazar, Dino Alves, na Zoot e na DIF magazine.
Viveu 3 meses em São Paulo e descobriu uma
cidade incrivelmente rica em expressão artística.
Lá estagiou com as criadoras Karlla Girotto e
Rita Weiner e descobriu a “queda” para o styling.
Ambas lhe mostraram uma forma diferente de
encarar os tecidos e a moda no geral. Gosta de
experimentar, de criar personagens, de construir
e desconstruir histórias. Foi responsável durante
um ano pela edição de moda da DIF. Actualmente
é consultora de imagem da fadista Ana Moura
e stylist freelancer. Colecciona revistas, imagens
soltas e registos gráficos. Ambiciona conhecer o
mundo todo. www.claudiarodrigues.com
Vanessa da Silva Miranda
Nasceu em 1986, em Lisboa. Desde pequenina que
gostava de letras e de roupas e, por isso, passava
horas a inventar histórias e a desfilar na passarelle
imaginária lá de casa. Sempre soube que seguiria
duas carreiras paralelas e cruzadas: o Jornalismo
e a Moda.
A primeira paixão levou-a a tirar o curso de
Comunicação Social na Universidade Católica e
está actualmente a terminar o mestrado em Media e
Jornalismo, na mesma universidade;
a segunda ainda é cedo para dizer, mas vai sonhando
com tudo o que quer fazer: styling, fotografia,
artigos. Estagiou na revista Máxima, onde teve a
oportunidade de conjugar as duas vertentes e por
agora procura fazer algumas colaborações pontuais,
enquanto termina a tese. Assina nesta edição o artigo
sobre o novo talento Alexander Wang.
COLABORADORES
RITA CORREIA
29 anos, licenciada em Ciências da Comunicação,
vertente jornalismo na Universidade Lusófona. Todo
o trabalho passou pela imprensa escrita, o meio que
mais gosto. O primeiro estágio foi na TVI online, de
onde saí e voltei a entrar para fazer vários reality
shows. Durante dois anos estive no jornal 24horas. O
sítio onde mais gostei de trabalhar foi o jornal Record
por gostar tanto de desporto, principalmente de
futebol. Actualmente sou assessora de imprensa da
Contraponto, Pergaminho, Arteplural e Gestãoplus,
todas chancelas da Bertrand.
PEDRO LIMA
Lembra-se de rodar metros e metros de fita de
cassete no seu Walkman, evoluiu para um leitor
de CD mais cool e descontraído, destilou estilo com
o seu novo MiniDisc, até que chegou finalmente
ao seu inseparável iPod. O que se manteve foi
a música, ouvida no fundo do poço ou em alta
definição, mas sempre presente e incansavelmente
lá. Assim se descreve: um fiel adorador de música.
Nascido em 1981 em Lisboa, estudou Publicidade
no IADE e passou por algumas agências onde
trabalha como redactor.
A sua aventura musical na web começou
num blog, Stereo Beatbox, onde investe no que
mais gosta, escrever sobre música, partilhar as
tendências do que melhor se faz no universo
sónico do Disco ao Synthpop, do Indie ao Electro,
do Soul ao Funk, dos 60’s ao que ainda está por
publicar. Foi com este ritmo que chegou à Parq
Mag e à Pure Magazine, com as quais colabora
frequentemente.
SARA VALE
25 anos, nasceu em Lisboa e passou por Madrid
enquanto tirava Ciências da Comunicação na
Nova. Tornou-se copy de publicidade por acaso
mas o que gosta mesmo é pasteis de Belém, muffins
com framboesas e passear no eléctrico 28 ou num
comboio qualquer. Ir, ver e voltar, para depois contar.
Colabora com a Zoot, Dif, le Cool e estreia-se agora
na Pure. Um dia vai ter uma Tarteria.
PURE
Rita Brütt
PURE
Por Natacha de Noronha
Rita veste colete com aplicações de franjas nos ombros, PATRIZIA PEPE.
“Conta-me Como Foi”, uma das mais bem-sucedidas séries portuguesas actualmente
em exibição na RTP1, adaptada da espanhola
“Cuéntame Cómo Pasó”, veio não só relançar
a qualidade da ficção portuguesa como também revelar novas caras do teatro português,
entre as quais Rita Brütt, que dá corpo a Maria
Isabel, a filha mais velha do casal Lopes.
Rita veste t-shirt em algodão com aplicações e estampagens, LANVIN na LOJA DAS MEIAS. Saia BCBG MAXAZRIA.
Leggings e ténis em camurça, CONVERSE.
Rita veste blusa em seda estampada, ESCADA na LOJA DAS MEIAS. Cinto em cetim, TARA JARMON,
Calças em algodão estampado, CUSTO BARCELONA.
Rita veste body em malha, TARA JARMON. Blazer em denim, DIESEL. Saia em algodão, MANGO. Sapatos em pele gravada, EL CABALLO.
Rita veste vestido em seda, IRO. Colar MAX&CO. Blazer masculino GANT.
Rita veste blusa em seda, GERARD DAREL. Colete em algodão orgânico, AMERICAN VINTAGE. Mini-saia em malha estampada, BCBG MAXAZRIA.
Botins em pele de pónei tingida e cabedal, PILAR ABRIL.
Rita veste t-shirt em algodão, MAX&CO. Blazer, EL CABALLO. Calções em denim deslavado, INSIGHT. Colar MAX&CO. Sapatos em pele, EL CABALLO.
Rita veste t-shirt em algodão, INSIGHT. Top em algodão, TWENTY 8 TWELVE. Camisa em seda, IRO.
Pure Magazine – Pela incontornável relevância do “Conta-me…”na ficção portuguesa,
de que forma sentes que esta participação
possa ter marcado o rumo da
tua carreira?
Rita Brütt – Acho que ficámos todos maravilhados
com a unanimidade do “Conta-me…”. Foi tão
transversal, como não se poderia imaginar
e, fazer parte disso é um privilégio muito grande.
Foi o meu primeiro trabalho em televisão, durou
muito tempo (ainda dura), tornei-me uma actriz
mais visível por causa dele e isso já deu frutos,
o Jorge Silva Melo (encenador da companhia de
teatro Artistas Unidos), por exemplo, convidou-me
(também) porque me viu lá.
Quando fui escolhida, depois do casting, tinha
imensos pudores em trabalhar em televisão, vinha
da Escola Superior de Teatro e Cinema, desconhecia
a linguagem, achava que era um trabalho menor,
e ao mesmo tempo tinha tanto medo de falhar.
Aprendi a arriscar. A confiar que dependia de mim,
e que o medo quando não nos trava, torna-nos
mais fortes.
Não tenho noção da duração do impacto “Contame…” no meu caminho, para já tenho tido sempre
trabalho e bom trabalho! Espero ter oportunidade
de fazer mais e melhor.
Rita veste camisa em algodão estampado, PEPE JEANS. Blazer, WEILL. Jeans, PEPE JEANS.
Pure Magazine – A Maria Isabel é uma rapariga comum integrada numa família de classe
média, numa realidade passada, mas ainda
muito perto do nosso quotidiano. Como foi a
construção desta personagem? Que similitudes e que diferenças criaste comparativamente
a uma adolescente dos dias de hoje?
Rita Brütt – A Maria Isabel tinha 20 anos em 1968,
era ajudante de cabeleireira, ajudava em casa e
tinha muitos namorados, era um espírito livre.
À minha volta existem muitas mulheres dessa geração e com muitas coisas em comum. Partilharam
álbuns de fotografias e muitas conversas, comigo.
Vi muitos filmes da época, mas não foram eles que
me ajudaram a compreender melhor o que era viver naquela altura, como se falava com os pais, com
os avós, como eram as tensões e a autoridade - isso
foram as pessoas.
A maior vantagem de pensar numa pessoa do passado é que podemos ter acesso ao que acontece a
seguir, o futuro, o caminho dessas mulheres, social,
político e humano. A Maria Isabel foi uma personagem sempre diferente e isso também foi muito
interessante de construir com coerência, era uma
mulher a crescer e a pensar, a ser contra muitas
regras da altura e aí eu pude expressar algumas
das minhas opiniões, minhas da Rita, as minhas
opiniões com a forma da Maria Isabel, e eu crescia
com ela. De irreverente, fútil, reivindicativa, passando a consciente, opinativa, interessada, depois
a vontade de ser actriz contra tudo e todos, depois
trabalhadora, e livre, muito mais calma e doce com
os pais. Uma pessoa tridimensional, que cresce e
amadurece.
Íamos gravando e construindo, um dos pontos essenciais foi a família e a relação entre eles. O pai era
austero e autoritário, mas os filhos sabiam que ele
gostava deles, e a Maria Isabel também. A relação
pai-filha, foi muito divertida de explorar, porque
existia uma tensão permanente entre eles, discordavam sempre, mas no fundo ela queria agradar/conquistar o pai, conseguir dar-lhe a volta... e ia dando.
Com a mãe, a princípio a relação era sobre os valores e o que uma mulher devia ser - trabalhar, casar e
ter filhos. Depois foram-se tornando cada vez mais
cúmplices, contaminando-se naquela necessidade
de conquistar mais espaço para elas e conseguir
fazer o que queriam. A Maria Isabel tinha ali uma
aliada, sempre.
A família!! Era uma família e pêras, divertíamo-nos
tanto a fazer aquelas cenas caóticas à mesa
de jantar.
O crescimento, as crises, as dúvidas, passei por elas,
tinha-me a mim própria para me comparar com
a Maria Isabel. As diferenças eram impostas pelos
tempos, pela forma e contexto. Em quase três anos
de gravações, saí da casa da minha mãe, aluguei
uma casa, tornei-me independente, trabalhei noutras coisas, cresci. Noutra época, tenho outra liberdade e nunca ninguém me deu um estalo quando
disse que queria ser actriz ou namorar. E essa liberdade agradeço-a às mulheres que a conquistaram
antes de mim, que penaram por ela para eu poder
fazer o que me dá na real gana, e faço! Há melhor
forma de agradecer?
Pure Magazine – Este processo mudou em
algum ponto o teu método criativo?
Rita Brütt – Não tenho um método criativo. Não
me guio por nenhuma doutrina específica. Depende sempre do que estou a fazer, como e com
quem. Preciso de coisas diferentes de cada vez,
claro que cada vez mais me conheço melhor
e posso adoptar algumas regras e métodos de trabalho. Mas às vezes encontro mais ordem
na desordem.
Ouço, leio, penso, duvido e experimento, sempre.
Tudo o resto é variável.
E vou sempre voltar à escola, sempre que há
uma pausa, estuda-se mais um bocado.
E vive-se mais um bocado! É esse o meu
método criativo, Viver!
Pure Magazine – Assumindo que o “Contame…” tem como principal característica provocar na audiência uma projecção sobre
o que fomos, somos ou poderíamos ser, perguntar-te-ia se em algum momento te aconteceu confundires-te com a própria
Maria Isabel?
PURE
PURE
Rita veste vestido em algodão, BCBG MAXAZRIA RUNWAY. Blazer PEDRO PEDRO.
Pure Magazine – Como definirias as diferenças de trabalho entre esta série em particular,
e o teatro?
Rita Brütt – Fazer uma série de televisão durante
dois anos e meio, onde a personagem muda
e a história também, é necessariamente muito
diferente de um trabalho em teatro. Em teatro
ensaias um mês e tal um determinado texto,
uma personagem com um caminho específico
e definido e repetes, repetes, repetes enquanto
constróis. Depois estreias, vem o público
e o espectáculo muda, cresce, ganhas com
o que o que o público te dá. E todos os dias
de espectáculo acontecem coisas diferentes, mas
há um caminho interior, uma construção definida,
marcações, luzes, deixas dos e para
os colegas. O espectáculo pode ser sempre
diferente mas é também sempre o mesmo. Isto
nunca pode acontecer em televisão, por isso
é que o teatro é tão brutal, o público está ali
e tu tens um universo que tentas dominar
todas as noites e é sempre diferente – é um
jogo. Televisão joga-se, mas é mais rápido, marcas
a cena, ensaias, o realizador desaparece
para a régie e gravas. Em princípio, se ninguém
Pure Magazine – Como é trabalhar com esta
se engasgar no texto, nem tropeçar na mobília,
equipa?
a cena está feita à primeira e pronto, aquela
Rita Brütt – Tivemos muitas equipas diferentes,
cena ficou imortalizada, poderia ter sido melhor
e muitas pessoas que estiveram lá desde o princípio. ou pior, mas nunca mais a vais fazer.
É muito difícil quando uns se vão embora e vêm
É vertiginoso, desafiante e muitas vezes frustrante,
outros, achas sempre que não vai ser a mesma coisa, mas é assim.
que os outros eram melhores (nalguns casos
até pode ser verdade). Mas é uma questão de
adaptação, até toda a gente se conhecer. A equipa
Pure Magazine – Como te definirias como
toda é igualmente importante, se falta um operador actriz?
de câmara, uma maquilhadora ou um actor,
Rita Brütt – Definir? Não me defino, acho que
compromete de igual forma o trabalho. Eles são
quanto mais aberta e disponível, melhor. Não
o nosso primeiro público. É para aquelas pessoas
quer dizer que não tenha preferências e coisas que
que estão connosco todos os dias - que nos vêem
me apeteça explorar, mais do que outras, mas por
as inseguranças, os momentos brutais, que nos
enquanto apetece-me tudo, experimentar tudo e
protegem -, que nós fazemos primeiro. Tivemos
fazer. Actriz em crescimento.
sempre boas equipas, e isso fazia com que
houvesse um bom ambiente de trabalho – acho
Pure Magazine – Que projectos gostarias de
que toda a gente gostava de fazer o “Conta-me…”.
realizar?
Quando trabalhas em televisão só há uma coisa
Rita Brütt – Lá está... Por agora apetecia-me fazer
que atrapalha: quando se perde a perspectiva
um intervalo de televisão. Tenho pensado nisso, no
e o ego se intromete. Raramente aconteceu, mas é
que é que me apetece falar. Estou um bocado farta do
uma confusão natural, trocam-se as prioridades
teatro “auto-referente”, “umbiguista” que fala dos actores
e achas-te mais importante do que mais uma peça e dos processos criativos, apetece-me falar sobre as
da engrenagem. Penso que isso foi uma coisa impor- questões das pessoas, sobre a vida, ainda não descortinei
tante que aprendi, quando vi acontecer com outras como e sob que forma é que isso vai acontecer,
pessoas, percebi que aquilo nunca me poderia
mas vai.
acontecer a mim, acho que assim é que é trabalhar
em equipa.
Pure Magazine – Qual a tua relação com a
moda?
Rita Brütt – Em estatística, é o valor que tem maior
número de observações. Mas também são tendências de consumo...não sou muito consumista. Não
tenho uma relação muito pensada com estilo, modos
Rita Brütt – Embora não tenha vivido a época acho
que o “Conta-me…”, projecta algumas realidades
do passado e também se afasta da realidade portuguesa – uma consequência de ser uma série de
ficção e não uma série documental. É como dizes,
talvez as coisas pudessem ser mais assim do que
foram, mas acho que existiram situações bem mais
difíceis para muitas famílias “Lopes”, e isso não
se mostrou. Despoletaram-se memórias e conversas,
e imortalizou-se uma espécie de memória para
as gerações vindouras, gosto de pensar nisso, o que
pensarão os meus netos ao ver o “Conta-me…”
daqui a 40 anos?
Lá estou eu a estender-me na tua introdução à
pergunta... se me confundi com a Maria Isabel?
Sim, ainda por cima ela teve um percurso parecido
com o meu, as duas com 21 anos estudávamos e
trabalhávamos e fomos estudar teatro. Acho que até
agora só uma personagem se afastou mais de mim,
uma prostituta, e mesmo assim estabeleço sempre
pontos de contacto, o meu material emocional,
interior é sempre emprestado às “pessoas” que faço,
senão acho que não seriam pessoas. Não sei fazer
de outra forma.
de vestir ou tendências. Tenho o meu próprio gosto, não
quer dizer que não seja vaidosa, ou que não me preocupe
quando é preciso. É uma questão de prioridades, é mais
provável que use uma peça de roupa até ela se desfazer, por
ser confortável, e gaste uma pipa de massa numa viagem
a Moçambique, do que gastar mais de 200 euros em roupa
por ano. Mas talvez esteja na moda ir a Moçambique e aí
safo-me e estou oh, tão na moda!
Make-up:
Diorskin Nude Natural Glow Hydrating
Diorskin Sculpt Lifting Smoothing Concealer
Diorskin Nude Natural Glow Fresh Powder Makeup
Eyeliner Pencil - No. 090 Black
5 Color Eyeshadow - No. 790 Night
DiorSkin Poudre Shimmer ( Ultra Shimmering All
Over Face Powder ) - # 001 Rose Diamond
Diorshow Black Out Mascara - # 099 Kohl Black
DiorKiss Luscious Lip Plumping Gloss
fotografado por: PAULO SEGADÃES
assistido por: HUGO GONÇALVES
styling: HELGA CARVALHO
maquilhagem & cabelos: MIGUEL MOLENA COM PRODUTOS CHRISTIAN DIOR
agradecimentos: A PURE MAGAZINE AGRADECE A JOÃO FRAZÃO E À QUIOTO
TODAS AS FACILIDADES CONCEDIDAS PARA A REALIZAÇÃO DESTE EDITORIAL.
www.quioto.com
PURE
NEWS
PURE
Por Carolina Almeira
Calendário Pirelli 2010, Setembro,
Daisy e Catherine
Art of the Trench
da Burberry
A Burberry decidiu prestar uma homenagem ao
seu icónico trench coat com uma incursão pelas
redes sociais online. A marca lançou o site Art of
The Trench (artofthetrench.com), permitindo
aos membros conectados através do Facebook
submeter fotografias e histórias acerca dos seus
trench coats da Burberry e partilhá-las com o
ciberespaço.
O web site apresenta-se como uma espécie de blog
de street style e as primeiras fotografias são de Scott
Schuman, o conhecido The Sartorialist.
Criado originalmente pelo fundador da Burberry,
Thomas Burberry, para o exército britânico em
1914, o trench coat continua a ser a peça mais
vendida da marca.
Leica e Hermès
Calendário Pirelli 2010 Jóias Mode en Module
Quando duas marcas míticas se unem para criar
um objecto de culto, o resultado merece mesmo
uma ovação sagrada. A Leica e a Hermès juntaram,
pela segunda vez, o melhor que cada uma sabe
fazer – máquinas fotográficas e elegantes produtos
em pele – para apresentar uma peça de colecção: a
série limitada Leica M7, uma máquina fotográfica
que nos faz recuar no tempo, vestida com o melhor
couro da casa de luxo francesa, em duas cores:
laranja ou castanho. Cada tom será limitado a 100
máquinas numeradas.
Este ano o Calendário Pirelli esconde por detrás
da objectiva Terry Richardson, o enfant terrible da
fotografia, que viajou até ao Brasil para fazer as 30
imagens alusivas aos meses de 2010.
A Leica M7 é uma máquina analógica, com rolo de
35 milímetros e faz lembrar as câmaras utilizadas
em filmes de viagens pelas savanas africanas.
Preço: cerca de dez mil euros
Nesta 37ª edição do calendário, Terry Richardson
mostra um retorno a um Eros puro e divertido para
satirizar convenções. O fotógrafo norte-americano
persegue fantasias e provocações, mas fazendo
ressaltar a simplicidade que modela e captura o
lado mais claro e brilhante da feminilidade.
Impera a mulher natural, num regresso às
atmosferas autênticas das décadas de 60 e 70 e uma
homenagem às primeiras edições do calendário,
fotografadas por Robert Freeman (1964), Brian
Duffy (1965) e Harry Peccinotti (1968 e 1969).
A dupla londrina Matthew Gill e Ann Nelvig
juntaram-se para criar uma marca de jóias muito
especial, onde formas estruturadas criam uma
elegante ordem que contrasta com um design
dinâmico. Ele, designer gráfico, ela, designer
de moda - dois talentos que vivem no seio da
atmosfera britânica altamente criativa e se
uniram para criar Mode en Module www.modeenmodule.com.
Com uma consciência precisa em relação às suas
criações e aquilo em que acreditam, os dois artistas
desenvolveram uma marca de joalharia que fala a
linguagem de sobrevivência selvagem. A pele é o
elemento de eleição, a qual é entrecruzada, tecida
e esquartejada originando um objecto que parece
íntimo e pessoal. Construídas por materiais leves,
as peças transmitem dinamismo e sexualidade
em bruto.
PURE
Vivienne Westwood
Anglomania & Lee
Chanel lança 31
Rue Cambon
Vivienne Westwood está a criar uma linha de
denim para a icónica marca norte-americana Lee
Jeans, que será lançada na próxima estação
Outono/Inverno.
A criatividade pode ter inúmeras formas de
expressão e Karl Lagerfeld faz questão de não deixar
nenhuma de parte. Como se a moda, a fotografia
e a realização não fosse suficiente, o director
criativo da Maison Chanel entra agora no mundo
das revistas impressas. 31 Rue Cambon foi o nome
escolhido para o título, que poderá ser encontrado
nas lojas Chanel em todo o mundo.
A insígnia que em 2009 celebrou o seu 120º
aniversário decidiu unir-se à criadora que levou
o punk directamente para a passerelle para uma
colecção cápsula de homem e mulher constituída
por nove peças. Denominada The Vivienne
Westwood Anglomania and Lee, a linha deverá
incluir desde pequenos shorts a jeans ultra-finos,
passando pelas boyfriend’s jeans. As peças de denim
vão surgir em todas as cores do arco-íris e com
alguns detalhes metálicos, bem ao estilo de Vivenne
Westwood.
O preço deverá variar entre 90 e 225 euros.
Olivier Zham, editor da revista Purple, ficou
encarregue da direcção artística do primeiro
número da publicação, mas foi o próprio criador da
casa de moda francesa que definiu todo o conceito
da revista, que inclui desde o lado couture da marca
até às suas linhas de maquilhagem.
O modelo Baptiste Giabiconi, um dos preferidos
de Karl Lagerfeld, surge como protagonista neste
nº 1 da 31 Rue Cambon, nome que remete para o
endereço da primeira loja de Coco Chanel.
PURE
Michael Stipe pour
Maison Martin
Margiela
O vocalista dos R.E.M., Michael Stipe, colaborou
com a Maison Martin Margiela num projecto
conceptual que envolveu a criação de uma edição
limitada de 199 microcassetes.
A microcassete não pode ser definida nem como
uma peça de joalharia nem um objecto de arte,
mas pode ter um pouco das suas essências (ou
nenhuma), já que é para ser utilizada como o seu
proprietário bem o entender.
Cada miniatura do projecto Michael Stipe pour
Maison Martin Margiela é apresentada num
caderno feito à mão, numerado e assinado pelo
vocalista da banda de rock norte-americana, e
também as microcassetes estão carimbadas com
um discreto MSO9.
À venda nas lojas MMM e pontos de venda
seleccionados.
Daniel Sannwald
lança livro
O jovem fotógrafo alemão Daniel Sannwald
lança este ano o seu primeiro livro, que reúne
os inúmeros trabalhos que realizou durante os
últimos dez anos.
Por um curto período de tempo Sannwald surgiu
como uma das vozes incomparáveis da fotografia
contemporânea, tendo colaborado com revistas
de referência como a i-D, Vogue Hommes Japão, V,
Qvest e Dazed & Confused.
Fruto da Royal Academy da Antuérpia, o jovem
fotógrafo reinterpreta agora o sumo do seu trabalho
num livro que foca o seu interesse tanto nas
montagens digitais como numa retrospectiva mais
tradicional.
O livro, publicado pela Heroes, conta com textos de
Cecilia Dean, Ashley Heath e o próprio Sannwald.
PURE
PURE
JOALHARIA E BIJUTARIA:
antes
e
agora
Por Sara Andrade
Longe vai o tempo em que a sumptuosidade de
uma peça de joalharia se media pelos quilates.
Hoje, a mais selecta é-o pelo intrínseco trabalho
artístico que encerra.
John Lennon disse uma vez em concerto:
“Aqueles que estão nos lugares baratos, podem
bater palmas; os outros, chocalhem as jóias”.
Embora estereotipado e, há quem possa defender,
preconceituoso, o comentário não deixa de ser
factual. Ao longo dos tempos, as jóias funcionaram
como sinal de estatuto e riqueza e, de uma
maneira geral, basearam-se numa fórmula de
proporcionalidade directa, que passava a ideia de
quanto maior e mais brilhante, melhor posição
social. E embora o mote continue a ter algum
fundo de verdade, a equação tem sido aperfeiçoada
para se adaptar aos novos tempos. Porque as jóias
deixaram de representar moeda ou encerrar valor
monetário para passarem a acessório de moda ou
forma de expressão artística, hoje em dia, a escolha
de um bijoux não pretende unicamente indicar um
determinado escalão ou classe, mas é sem dúvida
o reflexo de personalidade, do tipo de tribo urbana
a que se pertence e um espelho do que queremos
ser ou pelo menos, aparentar ser. Por isso, é comum
encontrar opções, actualmente, que vão além dos
diamantes, dos camafeus, dos anéis “forget me
not” e dos solitários. Porque se se quer expressar
individualidade, há que procurar jóias únicas.
Produto de um avanço tecnológico ou
simplesmente de uma crescente flexibilidade
da mentalidade social, a joalharia, bijutaria e
acessórios em geral têm surgido em formatos que
desafiam qualquer tipo de modelo tradicional
ou legado histórico. Multiplicaram-se os moldes,
as lapidações, a montagem e os materiais, mas
acima de tudo, a criatividade. Também porque os
padrões sociais de outrora evoluíram, as peças de
joalharia assim o fizeram: originalmente criadas
para servir determinado propósito ou função,
foram gradualmente crescendo para artigos de
decoração e de objectivo estético. Os ornamentos
do Antigo Egipto, por exemplo, deram o mote
para uma especialização nesta arte e são vistos
como a aurora da joalharia moderna: eram
diversificados nas pedras, nos metais usados e no
desenho, mas é impossível contornar o facto de
terem um lado pragmático - o de servirem como
talismãs ou amuletos. O período greco-romano
trouxe detalhes mais minuciosos às peças, cujo
propósito era representarem ou homenagearem
os deuses - aqui nasceu o camafeu (uma divindade
esculpida em pedra a 3 dimensões, num género de
retrato). A Idade média transformou estes sinais
de riqueza exterior em odes ao Cristianismo e
no Renascimento, as peças ganharam motivos
mais egoístas e tornaram-se símbolos de
excentricidade. Foi a partir do séc. XVII que
surgiu (alguma) democratização da joalharia,
devido ao aumento do poder de compra e de
uma consequente acessibilidade maior a metais
preciosos e semipreciosos como a prata e o ouro.
Esta contínua e crescente acessibilidade, bem
como a multiplicação de técnicas e conhecimento
da área, trouxeram à joalharia uma componente
de expressão artística inédita. As melhorias
tecnológicas traduziram-se na possibilidade de
se construírem jóias a partir de materiais menos
dispendiosos, matérias primas de fácil acesso e
bases sintéticas, trabalhadas de forma a rivalizar
até as mais caras e raras pedras. O resultado é um
enfoque maior no design e na intrínseca arte de
uma peça, e menos no seu simbolismo e status
social. Associado à dissipação de condicionantes
sociais, os estilos disponíveis agora são infindáveis.
E, ainda que a maioria dos moldes originais
acima descritos se tenham mantido e ainda são
corriqueiros, outros arquétipos surgiram num
desafio total àquilo que se fizera até então.
Alfinete de peito,
YAZBUKEY
Campanha publicitária,
YAZBUKEY
Colar, DELFINA DELETTREZ
Anel,
BIJOUX HEART
Anel, DELFINA DELETTREZ
PURE
PURE
Anel, DIOR JOAILLERIE.
Pulseira, LARA BOHINC
Anel, DIOR JOAILLERIE.
Peça de Colecção Out./Inverno 2007,
VALENTIM QUARESMA.
Peça de Colecção Primavera/Verão
2010, VALENTIM QUARESMA.
O exemplo mais crasso é talvez o de Victoire de
Castellane, a criadora por trás da Dior Joaillerie,
cujos anéis e restantes obras encerram em
reduzidos centímetros quadrados, verdadeiros
mundos tridimensionais - joaninhas e abelhas em
ouro esmaltado sobre flores no mesmo material
substituem fileiras de diamantes, outrora uma
opção óbvia. Não quer isso dizer que o trabalho da
criadora resulta em peças baratas; na verdade, os
materiais são da melhor qualidade e normalmente
vêm acompanhados de pedras preciosas de
tamanho exuberante - mas é incontornável
conceder que rubis e esmeraldas estão a dar lugar
a esmaltes e cristais, tudo em prol da beleza final
da peça. E é óbvio que há peças Dior Joaillerie
cuja designação “cravejada de diamantes” é um
eufemismo, mas isso acontece sempre sob a égide
de um design inesperado e algo peculiar: serpentes,
caveiras e demais símbolos raramente associados
a jóias ganham aqui dimensão artística. Outro
exemplo de uma evolução técnica e criativa
chega-nos da Vuitton. A sua linha de Alta Joalharia
conta, há cerca de duas estações, com diamantes
monogramados, ou seja, pedras cujo corte imitam
o monograma da casa. Com 61 a 77 faces (os
diamantes normais têm apenas 58), não é o facto
de reflectirem a luz múltiplas vezes mais do que
outro tipo de lapidação que é o mais brilhante
nesta situação; o que é realmente surpreendente é
chegarmos a um patamar em que a especialização e
recursos permitem este tipo de liberdade e, atreverme-ia a acrescentar, capricho criativo.
Mas saindo dos exemplos de luxo e entrando
na área da bijutaria, as peças aqui descem de
preço (às vezes não muito), mas são igualmente
cobiçadas: os colares em cetim com extravagantes
flores em resina do último Verão da Marni, os
“babetes” em feltro de algodão com pedras em
nada preciosas e cristais, popularizados pela
Lanvin, ou as novidades abstractas da Bottega
Veneta para a nova estação são autênticas obras
de arte e são já de interesse público, sem que
este se prenda com o seu peso em quilates. Mais
flagrante ainda são as obras do criador português
Valentim Quaresma: materiais do dia-a-dia como
alfinetes-de-ama, correntes, cadeados e argolas
em metal ganham valor e entram numa esfera
artística quando cuidadosamente trabalhados
em direcção a um design final que tem tanto
de inesperado como de sumptuoso. Há alguns
criadores que entram inclusivamente numa
componente perturbadora e fantasiosa, como
Delfina Delettrez, cujo lado onírico das suas peças
(o anel “do olho” é a sua mais famosa), mas nem
por isso desprezada. A portuguesa Marta Fontes
também trabalha com resinas e contas coloridas,
e as suas peças têm um lado irónico e cómico
largamente apreciado, porque nunca deixa de ser
chique a sua extravagância. Mercado para este tipo
de visões? Sem dúvida. Porque agora que temos
liberdade de escolher e ser quem somos, sem
estigmas da sociedade, há alguns de nós que são
fantasiosos, românticos, pueris e irreverentes, e,
consequentemente, identificam-se com a imagética
destes designers.
E a conclusão a que se chega hoje em dia é que
é preciso pensar fora da caixa de veludo onde
normalmente se encontram diamantes solitários.
Em género de lei da oferta e da procura, hoje, o
mais raro é a originalidade e não os quilates. Por
isso, a individualidade e personalidade de uma
peça ganham valor igual ou superior ao de outra
cuja riqueza é óbvia. Seja para preenchimento de
nichos de mercado, seja como forma de expressão
pessoal, a Joalharia hoje em dia está mais alargada
e democrática, mas, incongruentemente, também
mais selecta. Porque hoje não basta ter o dinheiro
para adquiri-la. Talvez seja necessário também
ter o gosto e a compreensão. Talvez hoje, John
Lennon teria democratizado a frase e dito apenas
“chocalhem os acessórios”.
PURE
ENTREVISTAS
Joalharia e Bijutaria
PURE
Por Susana Lage
Ditta Von Teese musa de BIJOUX HEART
Não é um mero acessório, nem é só uma vaidade.
Através da jóia conhece-se a pessoa que a usa e o
estilo de quem a criou. Criatividade, delicadeza,
ousadia e glamour são algumas das matrizes que
acompanham os criadores de jóias entrevistados
pela Pure. Nas suas colecções encontram-se anéis,
pulseiras, colares ou brincos. O resto é silêncio.
Silêncio pela surpresa, porque o mundo da criação
sempre surpreende.
LARA BOHINC
Anel by LARA BOHINC
Brincos by BIJOUX HEART
BIJOUX HEART
Bijoux Heart foi criada por Tracy Graham há 20
anos. Muito cedo, a designer inglesa ganhou vários
prémios da Conde Nast, e desenvolveu peças para
Vivienne Westwood, Catherine Walker, e Lulu
Guinness. Nos últimos anos, tem criado jóias de
alta-costura para Dita Von Teese. A colaboração
com o ícone burlesco de estilo vintage define o
estilo da marca. Bijoux Heart usa pedras vintage,
pedras semi-preciosas e outros materiais, para criar
jóias artesanais requintadas, muitas vezes com
influências desde a Art Nouveau até à Art Déco.
O que é que te inspirou a ser designer de jóias?
Desde muito nova que faço jóias, obviamente com
pouco sucesso no início. Mas lembro-me, aos 9
anos de idade, de tirar a parte de trás dos emblemas
e martelá-los para fazer discos e usá-los como um
colar. O meu estilo sempre foi vintage e sem dúvida
que adoro Art Nouveau.
Como é o teu processo de criação?
Bastante caótico. Gostava de ser do tipo de designer
que reflecte sobre os best-sellers do passado e tem
uma fórmula de sucesso, mas às vezes basta assistir
um filme antigo e ver um vestido fabuloso para
ser inspirada pela forma como se combinam
diversas cores.
LARA BOHINC
Lara Bohinc nasceu na Eslovénia. Tem um
mestrado em joalharia e trabalho de metais do
Royal College of Art. Já colaborou com a Gucci,
Costume National, Lanvin, Exte, Guy Laroche,
Marcus Lupfer e Julien Mcdonald, e actualmente é
consultora freelancer para a Cartier International.
Bohinc usa a formação em desenho industrial para
fazer peças conceituais, eclécticas, ambiciosas, bem
como acessórios de couro, óculos e carteiras, com
um toque Art Déco.
Com que frequência lanças novas colecções?
Quatro vezes por ano. Muitas vezes pedem-nos
novos itens a meio da época para substituir as
peças vendidas.
No que é que estás a trabalhar agora?
Temos alguns projectos interessantes para 2010.
Um deles foi solicitado por Patricia Field para
fornecer as nossas jóias ao filme “Sexo e a Cidade
2”, que saíu em Maio. Também temos uma grande
colaboração, ainda sob segredo, para A/W’10.
Descreve o teu estilo numa palavra.
Glamoroso!
O que significa a joalharia para ti?
É um adereço para o corpo, complementa um
look mas também é o item mais pessoal que se
pode usar. A joalharia expressa muito mais a
personalidade de quem a usa do que a roupa, uma
vez que não é um item necessário da mesma forma
que as peças de roupa o são.
Se não estivesses na indústria da moda,
o que estarias a fazer?
Provavelmente seria arquitecta ou jornalista.
Quem são os teus designers preferidos?
Raymond Templer e Charles Fouquet em joalharia,
Willy Rizzo em mobiliário, Verner Panton em
interiores, e Roberto Capucci em moda.
Que aspecto da moda menos gostas?
Copiar é um grande problema. Enquanto designers,
as nossas ideias são tudo o que temos e quando
alguém copia algo sobre o qual estivemos muito
tempo a trabalhar sentimo-nos roubados.
Como surgiu a ideia de trabalhar numa colecção de
sapatos?
Queria ter sapatos que complementassem as
colecções de carteiras e jóias, então este foi um bom
ponto de partida.
PURE
PURE
YAZBUKEY
Yazbukey foi criada pelas irmãs turcas Yaz e Emel,
descendentes de Mehmet Ali Pasha, rei do Egipto.
Yaz nasceu em Istambul, estudou Design Industrial
e Gráfico, e Design de Moda no Studio Berçot. Emel
nasceu no Cairo, trabalhou na Christian Lacroix e
posteriormente também estudou no Studio Berçot.
Depois de viverem em diferentes cidades, decidiram
instalar-se em Paris e lançar a linha de acessórios
Yazbukey, inspirada na Pop Art, em musicais de
Vincent Minelli, na música de Gershwin, em contos
de La Fontaine e Grimm, e em filmes de Hitchcock
e Tim Burton.
VALENTIM QUARESMA
A carreira de Valentim Quaresma iniciou-se ainda
durante a escola, quando começou a desenhar jóias
e acessórios para a Ana Salazar, em 1989. Ganhou
o concurso de Jovens Criadores da Europa e do
Mediterrâneo em 1994, e nesse mesmo ano abriu
um estúdio em Lisboa. O designer português tem
apostado cada vez mais na sua própria colecção
e apresentou a de Primavera/Verão 2010 com
o nome True Love.
Quando e como surgiu a vontade de criar?
Aos 15 anos tive de uma lesão grave no ginásio
onde praticava mini trampolim que me impediu
de seguir uma via profissional nesta área, por isso
optei por outra paixão que tinha que era a arte
e a moda.
O que vos despertou o interesse em design?
O interesse pela música conduziu-nos à moda.
Tens alguma marca ou criador que inspire
os teus trabalhos?
Trabalho com a Ana Salazar há 20 anos e sempre
foi a minha criadora de eleição.
Como é um dia na vida de Yaz e Emel?
Acordar muito cedo, ver e-mails, pequeno-almoço
com amigos, ginásio, trabalho, trabalho, diversão,
trabalho, telefone, telefone, telefone, tratar dos cães,
trabalho, jantar, copos e festa! Tudo com pernas
longas, saltos altos e vestidos curtos!
EMEL
Quantas colecções trabalhas por ano?
Quatro, duas para a Ana Salazar, duas para mim
e ainda alguns projectos artísticos pelo meio.
Que regras da moda gostam de quebrar?
Passamos o tempo a quebrar regras!
Colar by YAZBUKEY
Onde se inspiram para desenhar uma nova colecção?
Separamo-nos e fazemos cada uma a sua pesquisa.
Depois discutimos as inspirações para chegar a
uma ideia central e desenvolvemos uma história.
Somos inspiradas pelo ambiente que nos rodeia,
amigos, música, filmes, vida nocturna,
e os nossos cães!
Actualmente, com a “massificação do produto”,
ainda há espaço para a criação de autor,
numa área de nicho?
Claro que sim, temos é de perceber onde está
o nosso mercado e conquistá-lo.
Três palavras para definir o teu estilo...
Intemporal, inesperado, insólito.
O que se segue para a marca Yazbukey?
Comemoramos este ano o 10º aniversário da
marca. Como tal, vamos ter muitas surpresas para
os nossos fãs, amigos e família.
ITS#ACCESSORIES 2008, VALENTIM QUARESMA.
VALENTIM QUARESMA
YAZ
PURE
PURE
ESTILOS
DE VIDA:
SQUATTERS
DAR VIDA
A SÍTIOS
SEM VIDA
Por Rita Correia, Ilustração Marco Godinho
O termo squat, que originalmente significa
“acocorar-se” ou “agachar-se”, refere-se
ao acto de ocupar temporariamente ou
permanentemente um espaço abandonado
ou desabitado sem permissão dos
proprietários, não para transformá-lo numa
propriedade privada - para ser alugada ou
vendida -, mas com o objectivo de criar o
próprio mundo de quem o ocupa.
milhares de pessoas sem-tecto, foi a combinação
perfeita para o aparecimento deste movimento.
A partir de então, várias foram as famílias que se
organizaram, e como não tinham onde morar,
começaram a invadir prédios e casas abandonadas.
Esta invasão a propriedades alheias começou a
ser notícia na maior parte dos jornais londrinos
e os squatters passaram a receber apoios da
população. Contudo, com o passar do tempo as
O movimento squatter abrange uma série
coisas mudaram… O movimento tornou-se popular,
de ideologias, muitas vezes associadas a
mais pessoas passaram a utilizar este método para
uma tribo urbana especial, que por vezes
conseguir um tecto e, devido a isso, foi criada uma
justificam os actos como um gesto de
lei que garante alguns direitos aos squatters. Apesar
protesto político contra as dificuldades
de não ser uma actividade ilegal e de ser um direito
económicas e de acesso à especulação
defendido por lei, os squatters podem ser expulsos
imobiliária, defendendo o uso de espaços
muito facilmente e a invasão pode até resultar em
abandonados como centros sociais ou
prisão.
culturais. As pessoas, com características
Hoje em dia, o movimento em Londres é
similares ou complementares, são escolhidas multicultural, diversificado e os seus fundamentos
para formar uma pequena comunidade. Em são bastante diferentes dos da década de 60,
vez de uma parceria comercial, a vida de
quando a razão era a crise do sector imobiliário
squat é baseada na amizade e na tolerância.
ou até mesmo a resistência dos hippies contra o
sistema. Com os alugueres caríssimos, as pessoas
É verdade que muitos optam por este estilo
não invadem mais por não terem para onde ir, mas
de vida por necessidade, mas outros, e
sim para economizar o dinheiro do aluguer. Na sua
possivelmente a maior parte, vive assim
maioria, os squatters são pessoas que têm emprego
por prazer, pois baseiam-se principalmente
mas preferem dar-se ao “luxo” de morar de graça.
na liberdade que têm. Não estabelecem
compromissos com ninguém apenas com
Um dos motivos da junção de artistas, músicos,
as pessoas que partilham o espaço, o que
DJs que habitam os squats são as squat parties,
faz com que a liberdade seja uma palavra de festas que acontecem geralmente em lugares
ordem neste movimento.
abandonados e secretos. As festas são promovidas
pelos sound systems de diferentes squats e só se sabe
Para se perceber mais sobre esta “tribo” é
onde é na própria noite. Estas festas atraem cada
preciso recuar uns anos, e voltar aos anos 60 vez mais pessoas, amantes da cultura electrónica,
de Londres. Ao contrário dos dias de hoje,
dispostos a divertirem-se livremente, sem
tinha um significado político muito forte,
preconceitos e com um grande espírito de aventura.
sendo considerado um resultado de um
movimento social com elevada importância. A liberdade do dia-a-dia também pode ser vista
A crise no sector imobiliário, o elevado
na maneira de vestir. Sem um estilo muito
número de propriedades abandonadas e
predefinido, os squatters têm uma aparência que
se pode considerar desleixada, “artesanalmente”
adaptada e com alguma sugestão ou similaridade
ao punk.
A maior parte não dispensa as roupas muito largas
e a puxarem um pouco para o velho que conjugam
com acessórios como lenços à volta do pescoço,
gorros, brincos, correntes e pulseiras. As “botas da
tropa” e os ténis são o calçado mais usado.
Por opção ou não, a maior parte usa rastas
no cabelo.
PURE
Por Vanessa da Silva Miranda
A simplicidade tem destas coisas. Cai bem, sabe
bem e é visualmente agradável, especialmente
numa época marcada pela multiplicidade de
tendências onde os revivalismos de silhuetas trabalhadas não conhecem limites à imaginação.
Alexander Wang, adepto do simple-chic é o mestre
na arte do vestuário clean. Este miúdo de apenas 25
anos é aquele a quem poderíamos apelidar
de o novo prodigy-boy. De ascendência chinesa
e americana, Wang é um reflexo do espírito com
que cria as suas colecções, ou seja, calças de ganga
e uma t-shirt também podem ser sexys. Wang
conseguiu em pouquíssimo tempo afirmar-se
como um dos nomes promissores do momento.
Das ruas e para as ruas! O lema das colecções da
label Alexander Wang é o mais frontal possível
e envia uma mensagem bem explícita: somos
mulheres, gostamos de roupa prática que possa
saltar das passerelles para o nosso guarda-roupa,
mas com estilo e atitude. As colecções surpreendem
a cada ano, sem deixar margem para dúvidas:
estética de linhas depuradas e intemporais, sobriedade de cores, silhuetas de inspiração masculina
sobre as curvas femininas, um espírito muito rock
n’roll e uma abordagem chique de quem se sabe
afirmar sem precisar de extras. Entre aquelas
que se revêem neste espírito encontramos
mulheres como Rachel Bilson, Misha Barton,
Lindsay Lohan e Erin Wasson, suas amigas e fãs.
Wang captou a mulher moderna como ela quer
ser vista, forte e feminina, glamorosa mas simples.
Alexander Wang soube desde cedo que queria ser
designer, aos 15 anos já desenhava vestidos e aos
18 deixou para trás São Francisco para entrar na
prestigiada Parsons School of Design, em Nova Iorque. Paralelamente, estagiava com os mestres Marc
Jacobs e Derek Lam e na revista Teen Vogue
PURE
PURE
e desenhava algumas peças daquela que viria
a ser a sua primeira colecção, composta por malhas
e sweats em caxemira. A apresentação desta,
em 2005, pôs Wang na lista dos preferidos das
editoras de moda. Dois anos depois, faz a estreia
da sua primeira colecção completa perante uma
plateia que aplaude extasiada o fantástico mix
entre o hip-hop e o chique parisiense dos anos
setenta. Assim nasce a marca Alexander Wang,
uma empresa familiar criada por Wang, a mãe
e a cunhada. O sucesso continuou e a estante do
wonder-boy foi-se enchendo de prémios que lhe
reconheciam o mérito: em 2008 recebeu
$1,000,000, atribuídos pelo Council of Fashion
Designers of America e pelo Vogue Fashion Fund
para designers emergentes, e foi galardoado com o
Ecco Domani Fashion Fundation Award; este ano,
teve o reconhecimento da indústria com o Swarovski Womens Wear Designer of the Year do Concil
of Fashion Designers of America e, mais recentemente, dia 12 de Novembro em Zurique, recebeu o
Swiss Textiles Award 2009, um prémio no valor de
100.000€, incentivo para a criação de moda.
O reconhecimento do público, dos meios
e da indústria somam-se. À simplicidade e elegância dos modelos, aos quais Wang confere um
certo toque roqueiro, alia-se a qualidade da modelagem e do corte, que o criador privilegia em detrimento de estampados e padrões, criando
uma espécie de apogeu da forma simplificada
e da sobriedade.
O segredo do sucesso está, segundo Wang, na
inspiração que retira do dia-a-dia, das pessoas
comuns com quem se cruza na rua, fazendo
desfilar na passerelle coordenados que facilmente
saltariam para o nosso closet! Wang recuperou
PURE
a beleza de peças básicas como o imprescindível
vestido preto ou o blusão motard, mas adicionoulhes um toque extra de estilo para se adequarem
à mulher contemporânea. A magia de Wang
é a vestibilidade das suas roupas, longe dos
brilhantismos e fantasias, sem nunca esquecer
que a mulher que irá vestir quer ser notada, sem
prescindir do conforto.
Além das roupas, Wang procurou alargar os
horizontes lançando, em 2008, uma linha de acessórios e de calçado e criando uma colecção
de Outono/Inverno de roupa de festa; na primavera
de 2009, surgiu a T by Alexander Wang, uma linha
formada exclusivamente por t-shirts, e a primeira
colaboração com o mundo da beleza, tendo, em
parceria com a Shiseido, criado a linha maquilhagem (apenas disponível na Ásia). O início de 2010
foi marcado por dois acontecimentos importantes
que vêem confirmar mais um ano de consagração,
a estreia de Wang na roupa masculina, lançando a
primeira colecção para homens, como parte
da linha T by Alexander Wang, inspirada no homem que procura um compromisso entre a moda e
o conforto, e a chegada às lojas das peças que Wang
desenhou para a Gap, na colaboração GAP Design
Editions, criada pelos designers
finalistas do prémio CFDA/Vogue Fashion Found
de 2008.
Em apenas quatro anos, desde que estreou os seus
básicos de caxemira, Wang afirmou-se como um
dos talentos do futuro, conquistando o respeito
e a admiração entre os seus pares e, inegavelmente,
conquistando-nos a nós.
PURE
PURE
Elsa Schiaparelli
Um manifesto
à moda
Por Sara Vale
As histórias surrealistas escrevem-se com
manifestos. A de Elsa Schiaparelli, criadora icónica
desta corrente, não é excepção. Schiapi, nome pelo
qual ficou respeitavelmente conhecida, deixounos um legado de peças de moda eternas, das
silhuetas marcadas por chumaços ao electrizante
rosa choque, passando por padrões excêntricos
com lagostas ou textos jornalísticos, acessórios
com formas intrigantes, perfumes enigmáticos.
Entremos pois nesta realidade surreal.
Elsa Schiparelli, contemporânea mas não
homónima de Coco Chanel, espalhou a sua magia
por Paris durante os loucos anos 20 e 30. Nascida
em na bella Roma, e dada a sua formação em Artes
e Filosofia, a sua sensibilidade face à moda era mais
que inata, uma audácia na improvisação, uma
lufada de ar fresco nas tendências rígidas do pós
Grande Guerra. Talvez por isso, o seu fascínio pelo
Surrealismo e Dadaísmo, e consequentes relações
com Man Ray, Salvador Dali e Jean Cocteau, a
tenham levado a criações tão bizarras quanto
actuais.
Centremo-nos pois nesta actualidade e filosofia
de moda de Elsa Schiaparelli. E isto merece um
manifesto. Não em doze mandamentos, como o
seu livro das regras pelas quais todas a mulheres
se devem (ou deveriam) reger, mas em quatro. Para
não corrermos o risco de esquecê-los.
Viva os acessórios. Os acessórios marcaram
assídua presença nas criações de Schiaparelli.
Sapatos e chapéus, luvas e jóias, carteiras e chapéussapato. Estranho? Não, se pensarmos na admiração
de Schiapi por Dali. O chapéu-sapato (1937), foi
justamente inspirado numa fotografia do artista,
na qual usava um sapato na cabeça. Bem visto,
portanto. Juntam-se os botões em forma de peixe,
écharpes com padrões de jornal, luvas com cabeças
de raposa. Se agora espanta, imagine-se no pré
Segunda Guerra Mundial. No entanto, foram peças
que tiveram não só o respeito dos seus pares como a
aceitação do público em geral.
Cor connosco. Tal como a vida não é a preto
e branco, também nós não nos devemos vestir
assim. Quem o defende é Schiapi para quem a
mulher (e o homem) deve arriscar na cor, saltar as
normas, infringi-las, se for o caso. No seu primeiro
salão, o Pour le Sport (1927), atingiu a sua cor de
marca, o rosa-choque, aplicando-o em diversas
criações como os mediáticos botins às riscas. “Uma
provocação”, diria Yves Saint-Laurent. Brilhante,
acrescentamos. Este rosa electrizante acabou por
dar nome ao seu perfume- cujo frasco, desenhado
pela pintora surrealista Leonor Fini, representava
o peito da actriz Mae West – e do seu livro de
memórias. Mais um registo para a história da moda.
Dar forma às formas. Se a mulher tem formas, é
para marcá-las ainda mais. Os so 80s chumaços são
mais uma inspiração de Schiaparelli, bem como as
camisolas de lã e os zips na alta costura. Já estava na
hora das camisolas femininas serem mais elegantes
que deformadas. E tal pedia não só uma nova forma
de tricotar como um adereço, mais precisamente,
um laço. Nasce assim a bow-knot sweater, uma
peça marcante da década de 20, o espelho de uma
mulher moderna sem medo de se movimentar ou
expressar.
As (grandes) senhoras ajustam-se ao vestido.
Never fit a dress to the body, but train the body to
fit the dress. Não é um apelo a dietas loucas ou
sofrimentos de beleza mas um grito à feminidade
no seu livro “The twelve commandments for a
woman”. Talvez seja por isso que nomes como
a Duquesa de Windsor, Marlene Dietrich ou
Katharine Hepburn fossem clientes habituais dos
modelos de Schiaparelli, ao mesmo tempo que as
suas criações apareciam em guarda-roupas de Mae
West em Every Day’s a Holiday e Zsa Zsa Gabor em
Moulin Rouge. Talvez seja por qualquer outra coisa.
Resta-nos a verdade da actualidade de Elsa
Schiaparelli, mais que uma pioneira ou
transgressora, uma senhora. Só uma grande mulher
acredita que a roupa deve adaptar-se ao estilo de
vida de cada um e não o contrário. Porque só assim
faz sentido criar.
Bowknot Sweater
Silly sunglasses featuring
long blue eyelashes
& small lenses were dreamed
up by designer Schiaparelli.
Paris, France, February 1951
Fotógrafo: Gordon Parks
PURE
PLUS
PURE
Por Carlota Broqueira
Rei Kawakubo
e a Barbie
A designer de moda Japonesa e fundadora da
marca Comme des Garçons, Rei Kawakubo, vestiu
a boneca mais famosa do mundo, a Barbie. A
Platinum Label Collection, Barbie Collector, é uma
edição limitada que tem contado com colaboração
de vários designers como Christian Lacroix, Karl
Lagerfeld, Christian Louboutin, Sonia Rikyel
entre outros.
A mais recente boneca vem numa caixa com um
padrão floral a condizer com o vestido criado por
Kawakubo. O seu preço ronda os 300€ e pode ser
adquirida no www.net-a-porter.com.
Prada abre Megastore Stella Mccartney
em Lisboa
em parceria com
Morrissey
Apesar da recessão económica que estamos a viver,
a icónica marca italiana abre megastore no nosso
país. Este espaço situa-se em Lisboa, na Avenida da
Liberdade e acabou de ser inaugurado.
A marca de Miuccia Prada, foi considerada
recentemente a mais influente do mundo. A
directora da Vogue US, Anna Wintour declarou:“
Prada é o único motivo para alguém assistir à
temporada da moda em Milão”.
Stella McCartney vai fazer uma colecção de sapatos
leather free em parceria com Morrissey, activista
ambiental, compositor e ex-vocalista da banda
britânica The Smiths.
Desde que começou a sua actividade como designer,
Stella nunca utilizou peles na confecção das suas
colecções. Apesar de este projecto estar o ainda
estar numa fase inicial, esta linha de sapatos
vegan, confeccionados com couro vegetal, estará
disponível ao público já este ano.
Alice in Wonderland
by Furla
Nova colecção de
Christian Louboutin
Última colecção
McQueen para Puma
A Furla em parceria com os designers Fabio Sasso e
Juan Caro da marca Lokomotiv, criou recentemente
uma colecção de acessórios inspirada no filme de
Tim Burton “Alice in Wonderland”. Este projecto
permite a novos designers apresentarem o seu
próprio ponto de vista sobre o tema, por detrás de
uma conceituada marca como a Furla. A dupla de
criadores brindou-nos com uma colecção vintage
e surrealista, que inclui carteiras, sapatos, lenços,
relógios e
chapéus-de-chuva.
A Furla conta com 80 anos de existência,
continuando a investir na inovação, pesquisa e
tecnologia de forma a poder continuar a oferecer
qualidade em todos os seus produtos.
O conhecido designer de sapatos femininos
Christian Louboutin lança pela primeira
vez uma colecção de sapatos masculinos
Primavera/ Verão 2010.
Além dos esperados sapatos de sola encarnada, a
colecção inclui dois pares de ténis, disponíveis nas
cores preto e branco fruto da colaboração entre o
criador e o músico americano Pharell Williams.
As tachas cravadas sobre pele foram elemento
recorrente desta colecção que mais uma vez não
nos deixou indiferente.
Alexander Mcqueen deixou-nos em Fevereiro
passado. Além da sua última colecção de prêt-à-porter apresentada na semana da moda em Paris,
o criador realizou para a marca Puma uma última
parceria. Em estações passadas, Mcqueen usou
como inspiração uma modalidade desportiva. Para
esta Primavera/Verão 2010, a colecção é inspirada
nas artes marciais onde o conceito é o poder da
mente e do corpo. O “poder” , está presente em toda
a colecção, e é representado através de ‘Crane vs.
Tiger’, a nova imagem da marca, fotografada
por Nick Knight.
Mcqueen ficará presente na memória de todos
como um dos criadores que mais marcou a
história da moda.
PURE
PURE
Por Brígida Ribeiros
Vine Street, 32 x 24 cm,
Guache e Tinta sobre Papel, 2009
A ilustração é neste momento um campo com
ampla produção internacional de qualidade. Se
desde a década de 1960 a fotografia tomou o lugar
outrora ocupado pela ilustração, temos na última
década assistido a uma reconquista de espaço nos
mais diversos suportes. Potenciada pelos avanços
tecnológicos, a ilustração digital difundiu-se
até à exaustão quer através de “vectorizações”
quer através da utilização de ferramentas mais
sofisticadas, dando fruto a ilustrações de grande
impacto visual. Há no entanto uns tantos
ilustradores, a que me permito chamar resistentes,
que encontram nos meios tradicionais do desenho
e da pintura manual os meios necessários e
indispensáveis às suas criações. Destaco Mats
Gustafson (com uma longa carreira), Stina Persson
e Tina Berning, que exploram, com resultados
notáveis as potencialidades das aguarelas
e aguadas de tinta.
100 Girls On Cheap Paper (livro)
The Passengers II, 29,7 x 21 cm,
Tinta da China e Tipp Ex sobre papel, 2009
Berning utiliza com simplicidade e mestria as
possibilidades expressivas das tintas à base de água,
explorando a gestualidade, através da mancha e de
traços precisos ambos com subtis variações tonais
potenciadas pelas diferenças de concentração de
tinta. Quer no seu trabalho sob encomenda, quer no
trabalho pessoal, definem-se silhuetas delicadas e
emana uma expressão ambígua
Tina Berning define o desenhar figuras humanas
como o seu interesse principal, exemplo disso
é “100 Girls on Cheap Paper”, uma abordagem
pessoal da expressão e beleza da identidade
feminina. Trata-se de uma colecção de desenhos,
estudos e pinturas expostos em Berlim, Amsterdão,
Tóquio e Nova Iorque, publicada em livro pela
Printkultur e cuja edição se encontra esgotada e
foi agora reeditado pela Chronicle Books. Sobre
papel antigo, comprado em mercados de velharias
Tina Berning explorou 100 vezes, dia após dia,
Tina Berning, cujo trabalho tem sido distinguido e a vulnerabilidade, sensibilidade e carisma das
mulheres, confrontando a sua pertença a um grupo
publicado em inúmeras antologias, estudou artes
e a sua individualidade.
gráficas em Nuremberga. Diz-se admiradora do
reputado ilustrador Heinz Edelmann, recentemente A mesma problemática, aplicada a homens
falecido, famoso pela direcção artística e desenhos e mulheres é abordada em “The Passengers”
exposição que decorreu entre 10 de Setembro
animados do filme Yellow Submarine (1968),
e 9 de Outubro último na Galeria Hanahou
baseado na música dos Beatles, e influenciada por
em Nova Iorque, a segunda da artista em
revistas, álbuns de fotografias e postais antigos.
2009, no seguimento de “The Listeners” na
Galeria Andreas Binder em Munique. Em “The
Trabalhou na criação de capas de discos e posters
para a indústria musical antes de se tornar designer
Passengers” coexistem grupos e figuras isoladas
na revista Jetzt, suplemento do jornal diário Die
que se observam mutuamente, entre voyeurismo
Süddeutsche Zeitung. Abandonou este trabalho e
e exibicionismo. Segue-se “The Witness”,
mudou-se para Berlim, concentrando-se na criação
uma exposição programada para este ano e a
visual independente. Encontrou na ilustração e
continuação da colaboração com o fotógrafo
pintura os seus meios privilegiados de expressão.
Michelangelo Di Battista, com quem realizou um
No entanto outras publicações têm surgido no seu
trabalho para a Vogue Itália em 2007. Espera-se a
percurso profissional, colaborando regularmente
mesma intensidade e delicadeza. Ficaremos atentos!
com revistas e jornais como Die Zeit, New York
Times, Nylon, Playboy, SZ, Cosmopolitan e Vogue.
Também o meio publicitário se reabriu à ilustração
e Berning trabalhou em campanhas para clientes tão
diversificados como a Coca-Cola, Smart, Mercedez
Benz, Shiseido, Davidoff, entre outros.
PURE
PURE
VICTOIRE DE CASTELLANE
a poetiSa
que cria jóias
Por Miguel Ângelo Matos
Victoire de Castellane lançou o departamento Dior
de alta joalharia a 1 de Janeiro de 1998. Uma parisiense aristocrata, vive na capital francesa com os
seus filhos. A sua franja, arranjada da mesma forma
desde os cinco anos, e os saltos impossivelmente
altos, tornam a sua silhueta numa autêntica obra
de arte viva. Os seus olhos mostram um misto de
candura e fantasia, e há sempre (um certo) sorriso
presente segundo consta por informações oficiais,
porque a entrevista aconteceu através da internet.
De uma apresentação prévia do seu trabalho descobrimos que o que a inspira e torna diferente é a
mescla de referências. A inocência do technicolor,
a sofisticação do cinemascope, surpresas do mundo
botânico, asas de borboletas, esplendores da natureza, Hollywood e Bollywood, desenhos animados
dos anos 50, brincar com as barreiras entre o natural e o artificial, ingénuo e belo, diminuto e excessive. É também uma distinção pouco comum, dada
às pedras semi-precisosas que a torna diferente. PURE
Como se sente no papel de criadora de
joalharia da Casa Dior ?
Dior Joaillerie é uma invenção minha e estou
muito orgulhosa dela! Eu preciso profundamente
de estar livre para fazer o que gosto. Também estou
orgulhosa que as minhas criações sejam apreciadas
por mulheres à procura de uma joalharia mais
poética, neste que é um ramo tão convencional.
A mensagem impertinente e audaciosa que Victoire
nos faz chegar através das suas criações, mostra-nos
uma extrema feminilidade aliada à poesia da alta
costura. O lado artesanal e valores como qualidade
estão presentes nas suas colecções.
Qual é a sua colecção favorita?
Adoro todas as minhas criações. Mas, a minha
colecção preferida é sempre a próxima.
Quais as suas inspirações principais,
neste momento?
O universo feminino e as mulheres em geral, a arte,
os filmes, fotografias nas revistas, contos de fadas,
o universo infantil: tudo! Coloco tudo no meu
“shaker mental” e as ideias saem. É sempre assim o
começo de uma colecção.
Dior remete-nos para a personalidade reservada de
Christian Dior e de como o seu New Look se opôs
aos novos valores do pós-guerra. Foi generosamente
copiado e apreciado, imitado e odiado. Um desafio,
PURE
uma forma de cortar absolutamente única, e uma
excentricidade, mais ou menos contida em certos
momentos, que estava presente num revivalismo
daquilo que tinha sido já o papel decorativo das
mulheres na alta sociedade de séculos passados,
no meio das aristocracias europeias. Victoire de
Castellane vem por sua vez não só personificar esse
papel como criar novos códigos na joalharia, assim
como Galliano o faz nas suas colecções.
Que relação tem com os outros designers da casa
Dior, como o John Galliano?
Nós não trabalhamos juntos mas eu penso que
todos temos em mente a herança Dior. Adoro o
seu ponto de vista meio doido, o seu sentido de
extravagância em relação à moda, e isso temos em
comum porque eu aprecio esses factores quando
crio as minhas jóias. A colecção Reis e Rainhas, a última a ser criada,
apresenta-se com ironia e um sentido de novidade
bastante radical. As caveiras sugerem o fim da
aristocracia, que em França foi muito cedo e muito
desejado. Mas as jóias mostram que não há valores
que não permanecem. Peças que não devem ser
levadas muito a sério mas que estão recheadas
de sentido. Fale-nos da sua última criação.
A nova colecção é composta por dez imagens de
rainhas para os anéis e dez reis para os pendentes,
baseado no imaginário dos reinados e dos reinos.
É uma história de amor onde a ideia principal é de
que as pessoas passam mas as jóias ficam como no
Memento Mori durante a Idade Média. As colecções de Dior Joaillerie estão disponíveis
na boutique da Place Vendôme, e nas capitais mais
importantes de todo o mundo. Em Portugal é
possível encontrá-las na Joalharia Machado.
Para comprar, para usar, para ter, possuir. Para
mostrar ou para guardar. Dior Joaillerie e Victoire
de Castellane operam no mundo das jóias em
perfeita osmose.
www.diorjoaillerie.com
Colecção Reis e Rainhas,
Anel “Rainha de Chrysoprasie”
em platina, diamantes e
chrysoprasie.
PURE
BEAUTY SHOPPING
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fotogradado por PEDRO PACHECO
www.pedro-pacheco.com
assistido por LUÍS ALMEIDA
maquilhagem ANTON BEILL
cabelos NOLGA STELLA
modelo CARLA GARCIA, CENTRAL MODELS
agradecimentos: light equipment www.spot-lightservice.com
VERÃO 2010
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1- Máscara de pestanas “Star Lash” nº1, GIORGIO ARMANI.
2- Esmalte de unhas, Nº41, YVES SAINT LAURENT.
3- Sombra de olhos, “Paintpot”, M.A.C.
4- Pó para rosto “Prisme Again Visage”, GIVENCHY.
5- Sabonete líquido facial “the soap”, HAKANSSON.
6- Base de rosto, “Anti-Blemish Solutions”, CLINIQUE.
7- Lápis para lábios “Nano Lips”, SEPHORA.
8- Eau de Toilette “Impératrice”, D&G.
9- Duo de sombras “Heaven Teddy Bear”, TOO FACED.
10- Batom “Rouge Volupte” Nº 27, YVES SAINT LAURENT.
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PURE
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LUDIC
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Brincos “Milly-sous-la-neige” em ouro branco e diamantes, DIOR JOAILLERIE.
Colar “Magie” em ouro branco, diamantes, esmeraldas e topázios, BOUCHERON.
Anel “Gwendoline” em ouro amarelo, diamantes, safiras rosas e coral branco, DIOR JOALLERIE.
Pregadeira em ouro amarelo e strass, SONIA RYKIEL.
Pregadeira “Caresse D’orchidées” em ouro branco, diamantes, safiras e rubis, CARTIER.
Brincos em ouro amarelo, safiras e diamantes, BVLGARI.
Anel em ouro amarelo e diamantes, H. STERN.
Brincos “Grace” em ouro rosa e ágata branca, MIMI.
Pulseira em ouro amarelo e madrepérola, TOUS.
Anel “Aurora” em ouro branco e diamantes, DAMIANI.
01- Pochette “Maça” incrustada a strass, JUDITH LEIBER.
02- Anel “Power Ring” em ouro e cristal, H. STERN.
03- Brincos “Espinosa Vertes” em ouro branco, rubelites, diamantes, citrines,
ametistas, safiras rosas, safiras, tsavorites e laque, DIOR JOAILLERIE.
04- Anel em ouro amarelo com laque, CAROLINA HERRERA.
05- Brincos em ouro amarelo, onix, peridot e laque, CARTIER.
06- Colar em corda, latão dourado e madeira lacada, LOUIS VUITTON.
07- Pregadeira “laço”, YASZBUKEY.
08- Pregadeira em plexiglas, SONIA RYKIEL.
09- Pulseira em metal e em tweed, CHANEL.
10- Anel em ouro amarelo e ágata branca, DELFINA DELETTREZ.
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Sautoir “Moon” em ouro branco com pérolas, YOHJI YAMAMOTO JEWERLY.
Pendente em ouro branco, CARTIER.
Pulseira em ouro branco, diamantes e onix, H. STERN.
Anel “Mimioui” em ouro branco e diamantes, DIOR JEWERLY.
Bracelete “Seventies” em ouro branco e diamantes, DINH VAN.
Brincos em ouro branco e diamantes, DAMIANI.
Pulseira corrente em ouro branco e diamantes, DINH VAN.
Anel “Polvo” em ouro branco e diamantes, BOUCHERON.
Anel em ouro cinza e onix, CARTIER.
Pulseira em em ouro branco e diamantes, BVLGARI.
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Pendente em ouro amarelo e diamantes, DINH VAN.
Pulseira em ouro amarelo, DIANE VON FURSTENBERG para H.STERN.
Anel em ouro amarelo, ouro branco, diamantes e esmeraldas, BOUCHERON.
Brincos em ouro amarelo, TOUS.
Relógio “Reflet de Boucheron” em ouro amarelo e diamantes, BOUCHERON.
Fio em ouro amarelo “Gamgle” com safiras, LOUIS VUITTON.
Pulseira em ouro amarelo e strass, CAROLINA HERRERA.
Anel “Laço” em ouro amarelo, DIOR JOAILLERIE.
Anel em ouro amarelo e laque, CARTIER.
Anel “Class One” em ouro amarelo, diamantes e citrine, CHAUMET.
PURE
ROOM
104
fotografado por SÉRGIO SANTOS
assistido por TELMA TELMA RUSSO
styling HELGA CARVALHO
maquilhagem ANNE SOPHIE COSTA
cabelos NOLGA STELLA
modelo KATERINA, L’AGENCE MODELS
PURE
Katerina veste blusa traçada em seda, GERARD DAREL. Saia em seda, DINO ALVES. Sandálias em nobuck com sola compensada, MANGO. Brincos “Shan” em
ouro, cristal de rocha e ágata branca, MIMI. Pulseira “Moonlight Colours” em ouro nobre, topázios, citrinos, quartzo e diamantes, H. STERN. Anel “Cocktail” em
ouro amarelo, quartzo rosa e cristal de rocha, MIMI. Anel “Shan” em ouro, cristal de rocha, ágata branca e diamantes, MIMI.
Katerina usa anel “Power ring”, anel em ouro amarelo e quartzo, H. STERN DVF. Anel “Highlight Stars” em ouro nobre, ametista e diamantes, H. STERN. Anel
“Highlight” em ouro nobre e quartzo fumado, H. STERN.
Katerina veste vestido em algodão com cinto em elástico, TWENTY8TWELVE. Casaco em seda, PATRIZIA PEPE.
Brincos em ouro amarelo, TOUS. Anéis em ouro amarelo, TOUS.
Katerina veste vestido, TWENTY8TWELVE. Brincos em metal lacado, MANGO. Pulseira “Moonlight Colours” em ouro nobre, topázios, citrinos, quartzo e diamantes, H. STERN.
Anel “Cocktail” em ouro amarelo, quartzo rosa e cristal de rocha, MIMI.
Katerina veste blazer em malha masculino, DINO ALVES. Leggings leopardo, PEPE JEANS. Sandálias com salto em cunha, MANGO. Brincos em metal
lacado, MANGO. Pulseira “Moonlight Colours” em ouro nobre, topázios, citrinos, quartzo e diamantes, H. STERN. Anel “Cocktail” em ouro amarelo,
quartzo rosa e cristal de rocha, MIMI. Anel “Shan” em ouro, cristal de rocha, ágata branca e diamantes, MIMI.
Katerina veste vestido em malha, DINO ALVES. Brincos em ouro amarelo, TOUS.
PURE
MODA LISBOA
PRIMAVERA
/VERÃO
2010
Fotografado por Sérgio Santos
PURE
O FIM DO CINEMA,
OUTRA VEZ?
Por Carlos Natálio
Não nos passaria pela cabeça começar um artigo
por atacar desmesuradamente a razão por tudo
o que ela é: de inestimável canivete suíço para o
caos, a característica distintiva, até ver, da espécie
humana. Mas mesmo sem cair no utilitarismo de
Adorno, é fácil de perceber que o sistema racional,
como qualquer ferramenta, facilmente se auto
encerra em si, não se moldando à velocidade das
solicitações. Aliás, sempre que uma grande porta se
escancara, dificilmente a razão deve ser a principal
creditada. Ela passa uns tempos com “dor de
cotovelo” e depois é boa a interpretar e a incorporar
essa inovação no seu sistema. O certo é que esse
“click” original provém muitas vezes do lado mais
instintivo do ser humano, de associações pouco
racionais. O ser original, o thinking outside the box,
está de certa forma ligado ao pensamento artístico.
O cinema, ao longo da sua história, soube
retrabalhar a sua essência na direcção de novos
conteúdos apresentados a par e passo da
mutação das sensibilidades culturais dos seus
públicos. O que não foi capaz de repensar de
forma tão eficaz foram as formas de comunicação
paralelas que assentam ainda num gigantesco
e analógico sistema de distribuição a todos os
títulos ineficaz. E a razão de ser desta inacção
assenta sobretudo numa tentativa dos “porta-vozes”
do cinema mainstream, ou seja, os responsáveis
pelas grandes multinacionais, de tentarem impor
ainda o seu modelo económico e racional caído
cada vez mais em desgraça. O cinema, ou quem nele
decide, não tem dado espaço à criatividade artística
para que sobreviva.
A razão de tão arruaceiro e profético preâmbulo
prende-se com a necessidade de repensar a
originalidade como essência da manifestação
artística e deixar o “ruído” dos circuitos
artísticos e do pensamento económico e
racionalista determinarem mas não
definirem a arte.
E ser original, neste caso, no do cinema, significa
dar-lhe espaço para se adaptar criativamente à nova
realidade rápida, virtual e interligada.
Com a voraz democratização da tecnologia e
consequente criação de uma nova literacia digital,
muitos modelos económicos entram em falência,
ao passo que os próprios valores sociais e morais
conhecem uma profunda transformação. Todas
estas mutações acontecem num novo espaço de
geografia digital sem fronteiras chamado Internet.
Embora o cinema, globalmente considerado, tenha
de aprender a mutar-se de acordo com as mais
variadas lições da Internet, são sobretudo as suas
indústrias aquelas que tem tido um papel mais
complicado neste processo de adaptação.
E tal acontece porque o modus operandi dessas
indústrias, a forma pela qual elas se proclamaram
impérios, é posto em causa pelo próprio
funcionamento da rede. Os grandes estúdios
cinematográficos vivem do investimento de
grandes somas em produtos cinematográficos que
depois fazem chegar, por meios dos seus avultados
recursos económicos, a uma grande parte da
população mundial.
A grande questão é que a Internet funciona como
verdadeiro xeque-mate ao papel de intermediário
artístico dos estúdios e grandes multinacionais.
Isto porque por um lado suplanta os métodos de
distribuição terrestre e analógica e, por outro,
determina a queda abrupta do valor económico
do cinema enquanto conteúdo digital: a vulgar
pirataria.
Comecemos então por aí, pela “pirataria”. Esta
coloca em confronto o público-alvo do cinema
e os seus criadores. Estes últimos vêm-na como
uma mera subtracção de propriedade alheia e
como tal uma actividade ilícita. A questão é de
natureza puramente económica e não moral, como
o querem fazer crer os lamentáveis anúncios que
anunciam os downloads como crimes. Qualquer
PURE
PURE
inovação na História, desde a água canalizada à
imprensa escrita, passa por duas fases no seu ciclo
económico. Numa primeira, a técnica por detrás de
cada inovação é de conhecimento restrito de uma
minoria. As regras do mercado permitem então à
dita minoria controlar o valor, distribuição e acesso
a essa descoberta. A segunda fase acontece quando
a inovação já não é “nova”, sendo que isso significa
que já haverá algo melhor disponível ou que a
técnica por detrás daquela novidade já é acedida
facilmente pela maioria, os consumidores. Em
qualquer dos casos, o resultado é o mesmo: a queda
abrupta do valor económico do produto, outrora
valioso.
Ora, a democratização dos meios tecnológicos que
referimos tem por consequência que qualquer
conteúdo digital se encontra num processo de
crescente e maciça acessibilidade. E que portanto
o seu valor económico se degrade. Daí, a grande
crise na indústria discográfica e cinematográfica.
E o mais importante aqui é a palavra indústria
porque, como sabemos, o cinema e a música não
morreram, nem tal parece estar para breve. O que
está em mutação é a forma de fazer e sobretudo
comercializar essas artes cujo conteúdo, porque
digitalmente reprodutível, tem sido reavaliado do
ponto de vista do seu valor de troca.
A chave para toda esta questão está na análise
do fenómeno da “pirataria”. É seguramente mais
fácil, pelo menos do ponto de vista das grandes
multinacionais, classificar este fenómeno como
ilícito e lançar mãos do lobby e influência política
para circunscrever o fenómeno. Processos como o
instaurado contra o célebre Pirate Bay atestam-no.
O problema é que estas soluções são o cinema, mais
uma vez, a ser racional e não original. E sobretudo
a não querer ver a dimensão da mudança com
quem terá que lidar na próxima década. A pirataria,
ou o dito file sharing, há muito que deixou de ser
apenas uma traquinice levada a cabo por meia
dúzia de adolescentes xico-espertos, para se tornar
no paradigma de troca de informação entre os
utilizadores da Internet. Um paradigma definido
por uma maioria que são, para o bem e para o mal,
os consumidores de cinema. Como pode então o
cinema lidar com isto?
Chris Anderson, editor da revista “Wire” é um
dos principais pensadores sobre como conciliar
as indústrias cinematográfica e discográfica com
a maciça reprodução grátis de cópias na Internet.
No seu livro, “Free: The Future of a Radical Price”,
refere que se não é possível vender cópias aos
consumidores então é necessário vender-lhes
aquilo que eles não conseguem obter por si. Na
verdade, o que a Internet espelha é que, pela
primeira vez, os consumidores -a maioria dos
agentes económicos em jogo - tem o poder. O
poder de decidir o que querem ver ou ouvir, como,
PURE
quando e onde o querem fazer. É nesse espaço de
interpretação que o jogo da adaptação das grandes
indústrias cinematográficas tem de ser jogado. Uma
coisa parece óbvia, os consumidores estão a dar
carta vermelha, ao papel que aquelas antes tinham,
de intermediário clássico, de monopolista de um
produto que já nem tem tanto valor por si. O que
Chris indica é que nesta fase há coisas mais valiosas
que o conteúdo de um filme ou de um álbum e que,
o facto de estes serem grátis, não significa nem o
fim da arte, nem sequer do seu sistema industrial.
Os consumidores estão ainda disposto a pagar por
outras coisas. Por exemplo, num mar de conteúdo
grátis, os internautas preferem puxar da carteira
para pagar pelo imediatismo, pela personalização
dos serviços, por sistemas de procura de conteúdo,
filtros de informação, guias de contextualização,
etc, etc.
Mas a tendência rumo à disponibilidade dos
conteúdos grátis é só uma das partes do problema
com que as indústrias têm de lidar. Outro, talvez
ainda mais devastador, é que o próprio sistema
de distribuição que usam assenta em gigantescas
campanhas de marketing de comunicação one
to many (uma empresa chega a milhares de
consumidores com um monopólio de produtos,
definindo o seu valor). Por definição, a Internet
não só põe em causa esse sistema de distribuição
geográfica como os próprios consumidores
rejeitam essa hierarquização com as grandes
indústrias a servir de intermediários entre eles e
os artistas. Por outras palavras, uma campanha
de distribuição de milhões de dólares da Warner
pode ser menos eficaz que um bom utilizador do
you tube, facebook e afins. E o consumidor cultural
do século. XXI, habituado ao rápido e à interacção,
quer estar no mesmo plano do artista, sendo que os
dias do espectador passivo já lá vão.
Estas duas preocupações têm afectado e muito
os tradicionais contratos de distribuição
cinematográfica. M. Dot Strange, jovem animador
americano é um bom exemplo do estado e
potencialidades da actual distribuição. Fascinado
pelo cinema de animação, Dot começou a
aprender animação através de tutorials online e
decidiu criar a partir do seu quarto “We Are The
Strange”, uma animação futurista com cerca de
hora e meia. Durante o processo de aprendizagem
e experimentação foi partilhando com os seus
seguidores, no seu blog e canal do youtube, a ideia,
notícias e feedback por detrás do seu projecto,
angariando assim uma legião de fãs. Quando o
primeiro trailer chegou a ser disponibilizado
no youtube, seis milhões correram a vê-lo, e isto
bastante antes de o filme estar pronto. Por altura
da estreia, M. Dot Strange já tinha uma fanbase de
muitos milhões de espectadores, sendo que parte
dela o ajudou a legendar gratuitamente o filme para
dezenas de línguas. Já depois de todo o buzz e word
to mouth acerca de “We Are The Strange”, este foi
seleccionado para o festival de Sundance. Aí, uma
conhecida distribuidora ofereceu ao realizador um
contrato na casa dos milhões de dólares, algo que
foi educadamente recusado por Dot. A justificação
foi que “com uma simples ligação à Internet, no
meu quarto, eu consigo fazer chegar o meu filme
a mais pessoas do que eles”. O certo é que mesmo
com o seu filme disponibilizado de graça na
Internet, e apenas com base em donativos dos fãs e
publicidade, Dot Strange já prepara o seu próximo
projecto.
Casos como o de Dot Strange têm-se multiplicado,
mostrando ao mundo que o cinema não morrerá
pela cedência do seu conteúdo grátis e que
a Internet mais do que uma ameaça é uma
plataforma de potencial em franca exploração.
Uma das novas facetas da Internet é a abolição
de hierarquias e a relação one to one (substituído
a mass scale distribution de one to many) entre
consumidor e artista. O consumidor decidiu que
está farto de empresas intermediárias que não
acrescentam real valor aos serviços e que até
estão entre eles e a verdadeira interacção com
o seu artista favorito. É com base nesta nova
relação, que os consumidores do presente exigem
ao artista que se apresente na Internet como pessoa
mesmo que nesse processo tenha de vestir
o papel de produtor/realizador/distribuidor
da sua própria arte. Pessoas como Peter
Broderick, o pai do do it by yourself distribution,
têm-se especializado em aconselhar cineastas e
músicos a prescindir das grandes produtoras
e distribuidoras e a estabelecer uma relação
directa com o seu público-alvo. Aqui várias
técnicas começam a vulgarizar-se e a provar
os seus frutos. Multiplicam-se os filmes que
angariam dinheiro de produção pela solicitação,
quer de donativos do público (crowd funding),
quer de participação enquanto accionistas
no eventual lucro da obra. Quer no estádio
da produção, quer durante a rodagem ou na
distribuição, trata-se de encontra o público a
quem tocará a respectiva obra. E depois manter
e acarinhar essa relação, dando-lhes notícias sobre
os projectos, marcando visionamentos seguidos de
sessões de feedback, pedindo a participação na
própria concepção da obra, vendendo-lhes
merchandising e produtos conexos (roots
distribution).
Isto são apenas alguns exemplos já estabelecidos
da potencialidade da Internet como espaço
global, capaz de ligar emocional e economicamente
artistas e seu público. E uma vez encontradas
as pessoas com as mesmas afinidades, o
cinema tem todo o espaço para ser aquilo
que sempre foi. Arte. Originalidade.
PURE
MÚSICA
THE GOLDEN FILTER
QUIMERA DE OURO
Por Pedro Lima
PURE
Tapam a cara nas sessões fotográficas.
Já usaram vozes distorcidas em entrevistas.
Deixam a música falar por eles. Misteriosos e
evasivos, os The Golden Filter entraram-nos
pelos ouvidos sem se mostrarem ao mundo e
deixaram blogues e críticos de música a roer
as unhas de curiosidade para saber quem era,
afinal, esta banda. Fomos descobrir.
Os The Golden Filter surgiram na música
electrónica com o fascínio e a fantasia com que
a Alice perseguiu o Coelho Branco no País das
Maravilhas. A banda sediada em Brooklyn (NY),
começou o seu percurso ultra-secreto em finais
de 2008 com o single incendiário Solid Gold,
divulgando-o com precisão cirúrgica através de
blogues de música influentes. Da noite para o dia,
o tema tomou de assalto a blogosfera, gerando uma
enchente de comentários, críticas, remixes e uma
enorme antecipação por mais.
Misteriosos e evasivos, mas sem atitude snob,
Penelope (vocalista) e Stephan (programador)
preparam-se para se apresentarem formalmente
na Primavera de 2010 com o seu álbum de estreia
pela Brille Records, editora responsável por nomes
como The Knife, Good Shoes ou Operator. Até lá
preservam o segredo (até os apelidos são mantidos
em silêncio) e aumentam os níveis de prazer com
remixes e temas originais premeditadamente
lançados a conta-gotas.
O duo produz música hedonística, com uma
combinação de texturas neo-disco e sintetizadores
que se derretem nos ouvidos, sensuais e de ritmo
energético. A força do baixo sempre presente e a
electrónica sinuosa são apenas suavizadas pela voz
fresca e etérea de Penelope, que acrescenta a cada
nota a transparência de um sonho.
As deambulações sonoras da banda têm sido
consistentes. Seguem uma linha condutora sem
grandes desvios, inspirados na pop dos anos 80,
batidas de disco reluzente, melodias borbulhantes
e vocais sussurrados. Em Solid Gold somos
empurrados para uma caçada frenética à golden fox,
num cenário tingido de tons dourados. A cadência
é marcada por ritmos pulsantes de tirar o fôlego.
No entanto, é impossível chegar ao fim desta
música sem uma estranha sensação de leveza e
euforia. Com a publicação da sétima colectânea da
editora francesa Kitsuné Records surgiu Favourite
Things, o seguidor embriagado, decadente e
infantil, que trocou as voltas aos admiradores com
uma sonoridade mais rock-psicadélico de atitude
despojada. Entre variados remixes de artistas como
Empire of the Sun, Little Boots, Cut Copy, Polly
Scattergood, Peter Bjorn & John ou O.Children,
foram ainda conhecidos os inspirados Hide Me
e Thunderbird, que apostam uma vez mais nas
vibrações disco noir intemporais, nos vocais
cristalinos e ambientes místicos.
Thunderbird reúne tudo o que a banda nos
habituou. O tema, alusivo à criatura mitológica
nativo-americana, símbolo de cura e purificação,
faz-se em jeito de chamamento, num ritmo de
dança contagiante que enfeitiça, potenciado por
tambores tribais e ofuscado pelo brilho das luzes
das bolas de espelhos.
É com este encantamento que os The Golden Filter
nos prendem em cada tema e que vêm confirmando
a sua originalidade. A ansiedade vai aumentando
e a vontade de explorar estes recantos sonoros é
quase incontrolável. O poder de controlo é imenso,
mas a banda vai mostrando o seu rosto e abrindo
caminho para um álbum que se prevê arrebatador.
Entretanto, dançamos até à Primavera com raposas
douradas e aves do paraíso, e não ficamos nada mal.
Fotos: The Golden Filter
www.thegoldenfilter.com
PURE
PURE
ARTE
Félix Gonzalez-Torres,
Forma e fluIdo
Por Francisco Vaz Fernandes
Enquanto em Portugal se aprova a lei do
casamento entre pessoas do mesmo sexo, há dez
anos atrás morre de Sida Félix Gonzalez-Torres
que construiu uma obra singular no campo
das artes plásticas em torno do amor pelo seu
parceiro. A natureza dessa relação levou-o a
uma produção de carácter militante a favor dos
direitos dos gays, sem que esse prisma esgotasse
o amplo sentido da sua arte. Pelo contrário, esta
questão central na sua obra permitia levantar um
grande número de questões relativas ao estatuto
do artista, ao processo criativo, formas de expor e
de coleccionar arte contemporânea, o que o torna
uma das grandes referências da arte dos anos 90.
Muito provavelmente será recordado como um
dos artistas mais importantes e influentes da
segunda metade do século XX. A sua peça “The lover”, constituída por uma
pilha de folhas azuis, foi apresentada pela
primeira vez em 1990, ou seja há cerca de 20
anos. O amontoado das folhas de cartolina
conferem-lhe uma forma cúbica aludindo
à tradição modernista, nomeadamente aos
artistas minimalistas americanos que foram
uma referência na sua formação. Apesar dessa
abordagem formalista e abstracta, as menções
que o motivam pertencem à esfera privada.
Na essência, o artista cubano residente em
Nova Iorque, procurou encontrar uma adaptação
de estilos e linguagens visuais anteriores e
dar-lhes novos significados a partir de um
pequeno mecanismo de subversão que implica
a passagem da esfera do privado para a esfera
pública. Desta forma, o rigor formal de tradição
modernista sem grande expressão emocional,
passa na obra de Gonzalez-Torres a ganhar uma
dimensão política, confrontando a habitual
tolerância cínica americana em relação minorias.
Ou seja, a imposição implícita de invisibilidade e
condenação ao mundo do privado são postas em
questão no seu trabalho ao colocar em público
aspectos da sua vida amorosa e ao relaciona-los com outros acontecimentos históricos que
se tornam referências para a comunidade gay,
criando assim uma nova visão do mundo. A sua peça “The Lover” (1990) alude à figura
central na vida de Félix, o seu namorado, Ross
Laycock. No seu dicionário cromático que
estabelece ao longo do seu percurso criativo, a
cor azul clara, normalmente usada nas culturas
ocidentais como referência para as crianças de
sexo masculino, tornava-se na sua obra, uma
menção a Ross ou então a ambos. As folhas
empilhadas azuis dessa obra podiam ser levadas
pelo público passando a ter um destino que
o artista desconhecia. Essa possibilidade de
o público tocar e interagir com a suas obras
expostas, fazia com que o artista negasse toda
a autoridade da arte e a áurea que estes tipo de
sistemas impõem em geral, encurtando assim o
distanciamento em relação ao observador. No seu
caso, a arte é antes de mais pensada como algo de
fluído que está em interacção com o público, que
se encontra entre esse público e o artista, porque
é pensada como fazendo parte da vida em estado
contínuo sem delimitações. Nesse sentido, este artista não autoriza fronteiras
entre a arte e tudo o resto que está em seu
contorno, que constitui a vida. A presença
das práticas homossexuais e de tudo que isso
representa na sua vida, está paralelamente
presente na sua obra. A esse propósito associa-se
a obra de Félix Gonzalez-Torres a uma estética
dual dada as constantes referências à sua relação
amorosa. Em geral são peças que são apresentadas
em paralelo, onde os elementos que dela fazem
parte são absolutamente iguais. Há várias obras
constituídas por dois espelhos ou duas cortinas
azuis a baloiçar ao sabor do vento ou ainda dois
Untitled (The Dead) 1993 , lâmpadas,
Felix Gonzalez-Torres
1-Untitled (Dead by Gun), 1990, impressão offset sobre papel, sem limite de cópias,
Felix Gonzalez-Torres
relógios cronometricamente sintonizados. Esta
última, conhecida por “Untitled - Perfect Lovers”,
(1987 -1991), tornou-se uma das suas obras mais
icónicas. Nela figuram dois relógios banais com
ponteiros em sintonia que marcam a mesma
hora em movimento igual. No mundo ideal de
Gonzalez-Torres, o duplo está sempre presente,
um indivíduo não resiste só. Sobrevive em pares
como parte de um casal amoroso que envelhece
junto sem perigo de separações prematuras
causadas por males incuráveis e inexplicáveis. O enamoramento, a existência de um estado de
estreito vínculo com outro ser, a constituição
de uma comunidade a dois, está ainda presente
numa outra peça emblemática, “The Lovers”
(1991), constituída por rebuçados brancos e
azuis espalhados pelo chão que combinam
o peso dos dois homens apaixonados. Como
acontecia com as pilhas de papel também aqui
o público era convidado a recolher o parte da
obra, neste caso os rebuçados. Em geral o impulso
é levá-los à boca sem qualquer restringente
durante a visita à exposição. Atitude esta que
implica alusões eróticas por do processo fazerem
parte acções como chupar e ingerir fluidos.
O artista regista metaforicamente uma fusão
momentânea de corpos, insistindo na ideia da
mutabilidade dos corpos em busca de satisfação
sensual e emocional. Há uma fusão eucarística
se observarmos do ponto de vista da tradição
religiosa e algo oposto, de sentido libertino ao
mesmo tempo. Gonzales-Torres propõe-se com
esta obra dar algo de doce que se pode meter na
boca e chupar, consciente que cada rebuçado é a
metáfora do corpo do Ross e do seu. Desta forma
a sua obra, ele e Ross, fazem parte do corpo de
outros. Confessava que para ele era apaixonante
ver que durante alguns segundos a metáfora
do seu corpo pudesse permanecer dentro da
boca de outra pessoa despertando uma enorme
sensualidade .
A diluição do seu corpo e do seu namorado no
corpo de outros, a possibilidade de potenciar
energia noutros corpos, surge numa altura em
que Ross está a beira da morte infectado pelo
Vírus da SIDA. Ross morreria em 1991 quatro anos
antes de Félix Gonzalez Torres por causa idêntica.
Quando realizou este trabalho assim como outros
que o sucederam constituídos por montes de
bombons ou rebuçados espalhados pelo chão, o
artista defrontava a morte iminente do namorado
e sentia que de algum modo teria que aprender a
aceitar a separação. Deixar partir elementos que
representavam o peso do corpo, fazia todo sentido
na altura para Gonzalez Torres. A obra corria risco
da dissolução total, mas também era assim que
sentia o envasar da vida transitória. Essa ameaça
contínua era símbolo de uma perda poética que
considerava inerente a toda a criação estética. Nesse
sentido, a forma como encara a presença de Ross na
sua vida sem qualquer vínculo contratual é a forma
como expõe a sua arte perante o público. PURE
PURE
Untitled ( The Lovers) 1991,
rebuçados empilhados, Felix Gonzalez-Torres
“Untitled- Perfect Lovers”, 1991
Two clocks that show the time synchronised,
Felix Gonzalez-Torres
Felix Gonzalez-Torres
“The Lovers”, 1991, constituída por rebuçados
brancos e azuis, Felix Gonzalez-Torres
Untitled (L.A.), 1991, rebuçados verdes
embrulhados individualmente em celofane,
The Racholsky Collection,
Felix Gonzalez-Torres
PURE
PURE
VESTUÁRIO
E TECNOLOGIA
NOVOS TRAPOS
VELHOS
Trapologia tradicional:
tapete realizado manualmente
por Margarida Cabarrão para
utilização na pedaleira de
uma máquina de costura (anos
1920-30).
Por Andreia Amaral
Serão velhos todos os trapos? Serão todos inúteis?
Poderão transformar-se em “novos”? “Trapo”
e “farrapo” remetem-nos para o antagonismo
entre a palavra e aquilo a que se refere: «trapo
ou farrapo, (…) pedaço de tecido velho, rasgado».
Na Trapologia, os trapos e os farrapos não são
apenas retalhos de tecido velhos e sem utilidade;
transformam-se em objectos preciosos, aos quais
se atribuem novos significados, com o intuito de se
prestarem multifacetados à sociedade.
Outra das grandes diferenças entre a Trapologia
tradicional e contemporânea está nos efeitos
visuais que se criam. Enquanto as criações da
tradicional parecem um pouco mais desajeitadas
— como se o artista/artesão fosse executando o
objecto sem se preocupar com o lado estético do
produto final mas apenas com o reaproveitamento
—, na contemporânea, normalmente, verifica-se
um maior cuidado, um perfeccionismo na execução
do objecto, na escolha dos materiais, e constata-se,
por vezes, a repetição de um determinado módulo/
padrão. Pode dizer-se que na tradicional apenas se
dá atenção à “expressão” do objecto, enquanto na
contemporânea, além da “expressão”, também se
cuida do “meio de expressão”.
Então, defina-se a Trapologia, despertem-se
as mentes de quem vê os trapos como lixo… A
Trapologia é a arte de junção ou reaproveitamento
de tecidos, é a sua reutilização, numa reconversão
para novas funções. A Trapologia surgiu da
necessidade de o Homem se proteger; contudo,
actualmente, os seus fundamentos podem ser
outros: numa época em que a sociedade cada vez
mais se preocupa com o ambiente (nomeadamente
com a reciclagem), porque não reutilizar e
Quando se observa uma peça/objecto de Trapologia
reaproveitar os ditos trapos velhos?
contemporânea, quase de imediato se a associa ao
Patchwork inglês; a grande diferença está na sua
Mas será tudo isto denominado de “Trapologia”?
aplicação, uma vez que o Patchwork quase sempre
Hoje em dia, já há indústrias que produzem tecidos, se limita a padrões predefinidos, os quais já têm
com o intuito de fornecer a Trapologia. Daí que
designações atribuídas.
se possa distinguir, no campo artesanal, dois tipos
de Trapologia: a tradicional e a contemporânea.
Na tradicional, recorre-se a teares manuais, a
agulhas de tricotar e até aos próprios dedos, sendo
a reciclagem de trapos velhos — a essência desta
arte — a regra fundamental. Neste âmbito, é
possível a criação de utensílios e objectos artísticos
tradicionais. A contemporânea é, maioritariamente,
executada com máquinas de costura, seguindo-se
um planeamento metodológico e recorrendo-se ao
mercado para adquirir os tecidos. Por esta razão, a
Trapologia contemporânea exige um maior poder
económico do que a tradicional, em que apenas
se reaproveitam tecidos velhos, normalmente
resultantes de trabalhos de costura.
Salienta-se que a Trapologia Artesanal é um modo
de produção em que o uso de máquinas está sempre
subordinado ao homem. Não é verdade que no
artesanato actual estas não estejam presentes;
o que se verifica é que a utilização de máquinas
(teares manuais e máquinas de costura) não visa
Trapologia tradicional:
fronha de almofada realizada
em tear manual por Teresa de
Jesus (anos 1960).
economizar tempo ou mão-de-obra (como na
grande indústria), mas sim tornar mais cómodo o
trabalho do artista/artesão.
Andreia Amaral
Doutoranda em Design
Universidade Politécnica de Valência (Espanha)
Faculdade de Belas Artes de San Carlos —
Departamento de Desenho
Trapologia contemporânea: capa de livro
realizada com máquina
de costura por Tarapatices (2009).
Trapologia contemporânea: capa de livro
realizada com máquina
de costura por Tarapatices (2009).
PURE
PURE
PERFIL:
RUBEN
RUA
Por Cláudia Rodrigues
”Corpos desenhados e looks interessantes, existem
muitos. Acho que se puderes transmitir um pouco
mais da tua personalidade e da tua essência enquanto
ser humano, isso será uma mais valia para a tua
carreira.” Marco Marezza, teste em Paris
Personalidade bem fincada e discurso forte, assim é
a agradável presença de Ruben Rua, um modelo que
nos conquistou cá dentro e que dá cartas lá fora.
Onde e quando nasceste?
Nasci a 8 de Fevereiro de 1987 na magnífica
cidade do Porto.
Onde Vives?
Nos últimos quatro anos da minha vida, acho
que me tornei um cidadão do mundo. No entanto,
a minha base é indubitavelmente em Portugal,
dividindo o meu tempo entre o Porto e Lisboa. Porquê modelo, o que te moveu
e como aconteceu?
Não foi uma escolha muito pensada. Confesso
que não era um sonho de criança e por isso foi o
aproveitar de uma oportunidade. A porta abriu-se
e eu decidi entrar. Tudo começou em 2005, ano
em que fui finalista do Elite Model Look. Não tive
um inicio de carreira fácil, na medida, em que o
trabalho não apareceu de um dia para o outro.
Tive de ser paciente e acima de tudo muito lutador.
Em 2006 comecei a trabalhar a bom ritmo no
mercado nacional, fui para Paris, fiz alguns
trabalhos e bons testes fotográficos que me
proporcionaram o meu primeiro editorial para a
GQ Espanhola, fotografado em Madrid no final
desse mesmo ano. Em Janeiro de 2007, confirmouse o verdadeiro arranque da minha carreira
internacional, com uma season bem sucedida nas
semanas de moda de Milão e Paris.
O que te atrai na moda?
Existem algumas componentes que considero
muito interessantes. O facto de me ter que
transformar e multiplicar em diferentes
personagens para abraçar os vários trabalhos ,
agrada me muito. A possiblidade de viajar
e ganhar algum dinheiro é também, naturalmente
uma grande motivação. Por fim, considero que
a moda me alargou horizontes e me deu uma
bagagem cultural e social que se traduz na
pessoa que sou hoje.
O que te inspira?
A vida nas suas diversas vertentes. Gosto de
observar cenas do quotidiano e reflectir sobre elas.
Por outro lado gosto de maximizar capacidades e
retirar o máximo proveito de todas as experiências,
o que se aplica também no meu mundo
profissional.
O que te define?
Acredito que os meus maiores trunfos sejam
o meu profissionalismo e a minha versatilidade.
Quando estás a trabalhar, quem és?
Tento adaptar-me às exigências dos clientes e
corresponder às expectativas. Acredito que os
manequins são actores sem texto, que revelam
emoções, vontades e sentimentos através de
imagens movendo o seu corpo e alterando a sua
expressão para traduzirem estados de espírito.
Por isso na maior parte das vezes, a trabalhar sou
outra pessoa qualquer que não eu mesmo.
PURE
PURE
Começaste o ano com uma experiência
de vida em Tóquio ligada à tua profissão.
Como aconteceu, o que fizeste e o que
trouxeste contigo?
Sim, é verdade, fiz um contrato de dois meses
em Tóquio, que se acabou por revelar umas
das melhores experiências da minha vida.
Profissionalmente foi muito bom, tendo trabalhado
Como foi tomar a decisão de encarar a
praticamente todos os dias. Pessoalmente, o Japão
profissão de modelo tão a sério que permitiu
revelou se um país muito civilizado, simpático,
atingir este nível?
bonito, oferecendo me uma qualidade de vida
Para mim as coisas sempre foram sérias desde o
primeiro dia. Eu jogava andebol de alta competição única. Trouxe comigo muitas memórias e histórias
para contar, trouxe também a saudade e a
e parei de um dia para o outro. Não esperei para
vontade de voltar em breve. Sou verdadeiramente
ver se a minha carreira podia ou não, dar cartas.
apaixonado por aquela cidade.
À minha frente tinha a possibilidade de ter uma
carreira e achei que a única forma de maximizar
Porquê Tóquio?
essa possibilidade seria dedicar-me a sério. Não
Em termos profissionais é dos mais importantes
tinha que ser o melhor do mundo, tinha que ser o
melhor que eu poderia ser. E acho que esta é a base mercados do mundo, trabalhando com cachets
muito superiores aos que são praticados na Europa.
do sucesso ou o limite do insucesso.
Pessoalmente, a Ásia fascina me imenso e por isso a
vontade em ir era naturalmente muita.
Quando é que paraste de estudar?
Em Setembro de 2007, após um ano do início
da minha carreira internacional. As viagens e
os trabalhos multiplicaram-se e começou a ser
muito difícil conciliar as duas coisas. Percebi
que assim, não ia estar a 100% em nenhum lado.
Congelei a matrícula (no 2º ano de Gestão). Não
esqueci os estudos, mas neste momento, as minhas
prioridades são outras.
À frente da camara ou na passarela?
Escolho à frente da camara porque acho que
um modelo é verdadeiramente posto à prova
quando fotografa. É aqui que temos que nos
transformar, é mais interessante e o desafio
é maior.
Spoil Me (Grécia)
Tinhas outra meta importante a alcançar este
ano, viajar para Nova Iorque em Abril.
Foi atingida?
Não fui para Nova Iorque. Tive compromissos
profissionais e assuntos pessoais que me não me
permitiram viajar. Talvez este ano isso ainda possa
acontecer. Vamos ver…Deus sabe aquilo que faz.
Tendo em conta a tua experiência profissional,
como está Portugal em relação à moda?
Acho que somos um país carregado de talento.
Possuimos bons modelos, maquilhadores,
fotógrafos, produtores, stylists e criadores.
Infelizmente faltam os apoios para exportarmos e
desenvolvermos tantas capacidades, o que se traduz
no facto de Portugal ser um mercado de dimensão
média. Apesar de as coisas não serem perfeitas,
tenho muito orgulho nos nossos profissionais e
nas nossas semanas de moda. Março e Outubro são
obrigatoriamente meses passados em
Portugal para estar presente na Moda Lisboa
e no Portugal Fashion.
PURE
O que destacas nos países onde já trabalhaste?
Destaco o profissionalismo de Paris, o feeling
trendy/trash/underground de Londres, a qualidade
de vida em Espanha, abundância editorial em
Atenas, o budget Alemão, a semana de moda em
Milão, e o rigor e simpatia nipónica.
O que guardas e o que esqueces facilmente?
Acho que a vida é feita de memórias e relações,
por isso essas acabam por ser as coisas que tento
guardar. Tudo o resto, no final, acabam por ser
insignificantes e sem conteúdo.
Como é conhecer Jean Paul Gaultier?
Sinto me um privilegiado por conhecer
tantos criadores importantes e que marcam
inequivocamente a história da moda mundial.
Jean Paul Gaultier é um desses nomes. Pessoa pela
qual eu nutro um enorma admiração e respeito.
Revelou-se uma pessoa extremamente simpática,
bondosa, cuidadosa e educada, superando as
minhas melhores expectativas.
Fotógrafos de referência?
Destaco o Marco Marezza e o Tyen.
O Marco Marezza fez o meu primeiro teste
fotográfico, em 2006. Fotografou-me na campanha
de óculos-de-sol da Valentino e também, na
campanha e lookbook da Red Valentino, em 2007.
O Tyen, director criativo de cosméticos da Dior,
fotografou-me para o seu livro no início de 2010,
para a Wound magazine e tirou-me uma polaroid
com a Mónica Bellucci.
Top 5 dos editoriais que fizeste?
1. GQ Espanha, Pedro Walter
(o meu primeiro editorial)
2. Vanity Fair Itália
3. Playboy França,edição nº 100 Alexandre Ubeda
4. GQ Portugal, Pedro Ferreira
5. Wound magazine, Tyen
PURE
Top 5 dos desfiles que fizeste?
1. Miguel Vieira (1º desfile em Março 06,
como convidado)
2. Dolce&Gabbana (1º desfile internacional)
3. Gianfranco Ferré (última colecção que
desenhou antes de falecer)
4. Valentino (último desfile como director
da casa Valentino)
5. Jean Paul Gaultier (o meu criador
internacional preferido)
O que ambicionas agora?
No curto prazo, usufruir do verão em Portugal.
A médio prazo, continuar a desenvolver a minha
carreira, possivelmente alargando-a até outras
áreas. Sempre com o objectivo final de ser uma
pessoa mais feliz, mais realizada e mais completa.
Ruben Rua e Jean Paul Gaultier
PURE
EXPOS
PURE
Por Soraia do Carmo
Hats, Shoes, Bags and Dress Clips
O Fashion Museum em Bath apresenta uma linha
cronológica da moda. Aqui, são as peças de roupa
e acessórios quem conta as histórias da evolução
dos tempos.
A linha cronológica é longa e começa há 200
anos atrás. Cem chapéus, cem sapatos e cem
carteiras são os guias desta história da moda .
Estas três espécies de acessórios estão articuladas
entre si na exposição, de forma a ilustrar o mais
meticulosamente possível as escolhas das mulheres
ao longo da história.
Cronologias à parte, esta exposição cujas peças são
provenientes do próprio espólio do museu, não se
esqueceu de trazer perante os olhos dos visitantes
algumas peças curiosas como o dress clip, uma peça
usada em 1930 para decorar vestidos de noite mas
que acabou por cair no esquecimento...pelo menos
até ser exposta em Dezembro de 2010
As Jóias do Victoria
and Albert Museum
O espólio de joalharia do Victoria and Albert
Museum é um dos mais ricos e exuberantes a
nível mundial. A exposição permanente das jóias
compreende autênticos tesouros dos últimos 800
anos que estão concentradas na galeria William
and Judith Bollinger.
Visitar esta exposição é ver desenrolar mesmo
à frente a história mundial de onde emergem
figuras que têm tanto de incontornável como de
surpreendente. Aqui podem ser vistas peças que
fizeram parte da vida de figuras históricas como a
rainha Elizabeth I ou Catarina a Grande da Rússia.
Ou até mesmo as tiaras da Imperatriz Josefina,
presentes do Imperador Napoleão.
Lalique e Fabergé são alguns dos criadores cujas
peças se encontram expostas permanentemente
no museu.
The Victoria and Albert Museum,
Cromwell Road, South Kensington, London
FASHION MUSEUM, Assembly Rooms, Bennett
Street, BATH
www.fashionmuseum.co.uk
Crystal loves leather
Dificilmente haverá no mundo objectos
quotidianos que já não tenham sido cobertos pela
camuflagem de brilhos dos cristais Swarovski.
A moda não ficou impune a este ataque de
“cristalização” e é precisamente este o tema da
exposição Crystal Loves leather que irá decorrer no
Tassenmuseum em Amsterdão.
Neste caso Crystal loves não só leather mas
também um sem fim de outras matérias primas. Na
exposição estarão seleccionadas carteiras e outras
peças de acessórios de designers internacionais que
processaram os cristais nas suas criações.
A cidade de Amsterdão recebe a exposição de 8 de
Março a 29 de Agosto.
Tassen museum Hendrikje,
Herengracht 573, Amsterdam
Ornamento de cabelo, PHILIPPE WOLFER,
Bélgica 1905-7. Ouro, enamel, diamantes
e rubis em forma de orquídea.
Altura7.6cm
Museum no. M.11-1962
PURE
PURE
Le Grand Bal Dior
O Museu Christian Dior propõe uma nova
exposição temporária denominada de
Le Grand Bal Dior.
O objectivo é evocar a época dos sumptuosos
bailes organizados pela ocasião do lançamento dos
perfumes Dior. Entre a selecção de peças do criador
do New Look estão compreendidas uma série de
coordenados, textos, fotografias e decorações que
ilustram a grandeza desses bailes. Fazer reviver a
sumptuosidade da época pela riqueza ilustrativa
das peças expostas é o objectivo.
Algumas criações vintage da casa Dior estarão
também à vista de todos. Porém, irá estabelecer-se
uma ponte entre a tradição e a modernidade na
medida em que estarão também incluídas criações
de John Galliano representante do presente desta
casa e do seu pesado legado.
De 13 de maio a 26 de Setembro a exposição
estará aberta das 10h às 18h todos os dias
sem interrupção.
Musée et Jardin Christian Dior,
La villa “Les Rhumbs”, Granville
Irving Penn Portraits
A National Portrait Gallery vai homenagear
o trabalho do fotógrafo Irving Penn. Um dos
fotógrafos mais influentes de sempre que
focou o seu trabalho na captação de retratos
de figuras icónicas da cultura mundial. A
celebração do trabalho de Penn em forma de
exposição conta com 120 impressões.
Entre elas encontram-se os fotografias para a
revista Vogue desde 1944 até aos dias de hoje.
A exposição estará patente de 18 de Fevereiro
até 6 de Julho e é uma boa oportunidade de
conhecer a carteira de figuras que Irving Penn
captou para a posteridade como Truman
Capote, Pablo Picasso, Christian Dior e Edith
Piaf e muitos outros não menos brilhantes
nomes.
Grace Kelly: Style Icon
O esplendoroso guarda-roupa de Grace Kelly
está exposto no Victoria and Albert Museum de
17 de Abril a 26 de Setembro de 2010. Traçando
a evolução do seu estilo como uma das mais
populares actrizes da década de 50 ao atributo
do título de Princesa do Mónaco, a exposição
apresenta 50 coordenados incluindo jóias, chapéus
até à famosa carteira Kelly da Hermès. Podem ser
vistos vestidos usados em filmes, em ocasiões
sociais ou mesmo aquele que usou quando ganhou
o óscar em 1955 acompanhado da respectiva
estatueta. Na exposição são mostrados extractos de
filmes, clips, pósteres e fotografias.
A exposição igualmente inclui o vestido usado por
Grace Kelly para a cerimónia do seu casamento
com ao príncipe Rainier em 1956 e 35 vestidos
de alta costura dos anos 60 e 70, criações dos seus
costureiros favoritos, Christian Dior, Balenciaga,
Givenchy, e Yves St Laurent.
National Portrait Gallery,
St Martin’s Place, London
THE VICTORIA AND ALBERT MUSEUM,
Cromwell Road, South Kensington, London
PURE
PURE
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