Nos 50 anos da Berkshire Hathaway, lições de

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Nos 50 anos da Berkshire Hathaway, lições de
Nos 50 anos da Berkshire Hathaway, lições de Buffett para todo
investidor
Jason Zweig. Valor Econômico – 04/05/2015
O que torna Warren Buffett Warren Buffett?
Essa pergunta dominou a reunião anual dos acionistas da Berkshire Hathaway
que, no último fim de semana, comemorou o 50º aniversário da aquisição da empresa
por Buffett. A carta de Buffett aos acionistas no relatório deste ano discorre um pouco
sobre suas lembranças e as do vice-presidente do conselho de administração, Charles
T. Munger de como um investidor introvertido e anônimo de Omaha, no Estado
americano de Nebraska, transformou uma agonizante tecelagem da cidadezinha de
New Bedford, em Massachusetts, na quarta maior empresa americana de capital
aberto por receita.
Alguns dos segredos do sucesso de Buffett como investidor podem ser copiados
por quase todo mundo; outros, por quase ninguém. Como saber qual é um e qual é
outro? É necessário saber exatamente o que ele faz. Buffett sempre se organizou com
um foco único em investimentos sensatos, sem ter que dar satisfação a clientes impacientes ou ficar obcecado com o que outros investidores estão fazendo.
"Sempre foi mais fácil para mim porque eu controlo a empresa", disse-me
Buffett na semana passada. "Então, eu pude jogar com minhas próprias regras, e isso
certamente era incomum entre as empresas antigas [que administram dinheiro]."
Esse jogo é melhor descrito como a busca por objetivos imutáveis através de
meios que mudam constantemente.
Buffett, que tem 84 anos, nunca abandonou as regras aprendidas com seu
mentor, Benjamin Graham: ações são a propriedade de parte de uma empresa, não
pedaços de papel; seu preço de mercado é frequentemente movido mais por
alterações de humor de investidores que pelo valor da própria empresa; e investir vale
a pena apenas quando o valor excede o preço em quantidade suficiente para criar uma
"margem de segurança".
Ele também nunca mudou de opinião sobre três das mais poderosas armas do
arsenal do investidor: dinheiro, emoção e informação.
Ao contrário da maioria dos gestores de recursos, que odeiam ter dinheiro
estacionado na carteira porque isso prejudica o desempenho em mercados altistas,
Buffett adora um caixa gordo. Em sua carta de 2010, ele escreveu que dinheiro equipa
a Berkshire "financeira e emocionalmente para atacar enquanto os demais lutam para
sobreviver".
A emoção de Buffett é inversa: a ganância dos outros investidores o alarma e
ele está sempre ávido para lucrar com os medos deles. "Uma das coisas mais difíceis
para a maioria dos investidores é ficar parado vendo outras pessoas ganharem
dinheiro", diz Howard Marks, um dos presidentes do conselho de administração do
Oaktree Capital Management, que conhece Buffett há muitos anos. "Mas isso não
incomoda Warren de forma alguma quando as oportunidades estão fora de sua
esfera."
Há muito tempo Buffett se transformou em um centro de informações,
absorvendo dados, armazenando-os em sua prodigiosa memória e desenvolvendo
uma rede de contatos transbordando de boas ideias. "Warren tem a capacidade de
descobrir quais coisas são importantes em uma narrativa completa e ignorar tudo o
mais", diz Marks. "Ele também é extraordinariamente bom em saber em que ele é
bom e em que ele não é, e ficando longe destes últimos." Mas Buffett emprega esses
princípios hoje através de meios muito diferentes que em décadas anteriores.
Olhe para as cartas de investimento que ele escreveu para seus sócios nas
décadas de 50 e 60, antes de ele encerrar suas sociedades de investimento e
transformar a Berkshire Hathaway em seu principal veículo. Na época, ele se
concentrou em três estratégias: o que chamava de "papéis geralmente subavaliados",
ou ações baratas que ele não controlava; os "exercícios", oportunidades para arbitrar,
ou capturar diferenciais de preços em fusões e outros negócios; e "situações de
controle", ou empresas em que ele possuía uma participação grande ou majoritária.
Naqueles dias, Buffett podia apostar alto em empresas pequenas e obscuras com
preços ótimos. Durante sua carreira, ele já teve 21% dos ativos totais da Dempster Mill
Manufacturing, fabricante de implementos agrícolas e de irrigação de Nebraska, e 35%
da Sanborn Map, empresa de cartografia de Nova York cuja carteira de investimentos
superava seu valor de mercado.
De 1957 até 1968, essas estratégias combinadas produziram um retorno médio
de 25,3% ao ano, comparado com 10,5% do S&P 500. Mas à medida que a Berkshire se
transformava em um gigante, investir nessas pechinchas de tamanho minúsculo
perdeu a importância.
Então, incentivado por Munger, Buffett migrou para empresas maiores com
preços bons: CocaCola, WalMart, Wells Fargo. E Buffett alternava entre o mercado
acionário e firmas de capital fechado, ou o que ele chamava de mercado "negociado",
onde poderia usar os bilhões da Berkshire para comprar empresas diretamente.
Outra chave para as habilidades de Buffett como investidor é seu entusiasmo,
mesmo sendo octogenário. Ele recebe um salário anual de US$ 100 mil e diz que
devolve metade para a companhia. Apesar disso, ele me disse na semana passada: "Eu
considero esse o emprego mais ricamente remunerado da história do mundo,
calculado pelo quanto eu me divirto. E vem sendo ainda mais divertido porque tenho
Charlie ao meu lado."
Para aprender com Buffett, concentre suas energias em descobrir quais suas
ambições como investidor, quem você é, o que você conhece e o que não. Seja
inflexível nesses princípios. Então mude e aprenda e cresça incansavelmente enquanto
coloca esses princípios em prática.
Fonte:
Jason Zweig. Disponível em: http://www.valor.com.br/impresso/wall-street-journal-americas/nos-50-anos-daberkshire-hathaway-licoes-de-buffett-para-todo-

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