Marcos Jorge

Transcrição

Marcos Jorge
Apresentação
“Mundo Cão” é um thriller emocionante que caminha sobre os limites entre
justiça e desejo de vingança. O roteiro original de Marcos Jorge e Lusa
Silvestre leva ao espectador uma história cheia de reviravoltas, que promete
prender a atenção do início ao fim. O filme é mais uma aposta do diretor Marcos
Jorge em um gênero ainda pouco explorado no Brasil, após o sucesso de
“Estômago” (2007), “Corpos Celestes” (2011) e “O Duelo” (2015). Deliberadamente ousada e beirando o politicamente incorreto, a trama traz
personagens marcantes e próximos da realidade, que compartilham dualidades
características a todos nós e manifestam suas opiniões sem censura.
Produzido pela Zencrane Filmes em parceria com a Migdal Filmes, “Mundo Cão”
traz em seu elenco Lázaro Ramos, Adriana Esteves, Babu Santana e Milhem
Cortaz, além dos estreantes Thainá Duarte e Vini Carvalho, escolhidos em testes
entre mais de 160 crianças e adolescentes. Rodado em 28 locações na cidade
de São Paulo e contando com mais de 600 figurantes, o longa mostra como o
trágico encontro entre um funcionário do Departamento de Combate às Zoonoses
e um ex-policial corrupto muda para sempre a vida de todos os envolvidos na trama.
O elenco estelar contracena com “atores” muito especiais: personagens cruciais
para a história são interpretados por cães adestrados das raças rottweiler e
dobermann, cujo treinamento recebeu a consultoria de Alexandre Rossi – nome
de referência na área.
02
Índice
Elenco
Ficha Técnica
02 - Apresentação
03 - Elenco e Ficha Técnica
04 - Sinopse
05 - Marcos Jorge - Diretor
09 - Adriana Esteves
11 - Babu Santana
14 - Lázaro Ramos
17 - Thainá Duarte
19 - Vini Carvalho
21 - Participações Especiais
24 - Perfil dos Cães
25- Trabalho com o Elenco Canino
26 - Roteiro
28 - Trilha Sonora
29 - Produção
32 - Coprodução
33 - Distribuição
Lázaro Ramos :: Nenê (Paulinho)
Adriana Esteves :: Dilza
Babu Santana :: Santana
Milhem Cortaz :: Cebola
Paulinho Serra :: Ramiro
Antonio Ravan :: Banzé
Thainá Duarte :: Isaura
Vini Carvalho :: João
Direção :: Marcos Jorge
Produção :: Cláudia da Natividade e Iafa Britz
Argumento e Roteiro :: Marcos Jorge e Lusa Silvestre
Direção de Fotografia :: Toca Seabra, ABC
Direção de Arte :: Valdy Lopes
Figurino :: Cássio Brasil
Som Direto :: Romeu Quinto
Música Original :: Maurício Tagliari
Montagem :: André Finotti
03
Sinopse Curta
Santana (Babu Santana) é um funcionário do Departamento de Combate às
Zoonoses que trabalha recolhendo cachorros perigosos das ruas, na época em
que a lei que proíbe o sacrifício de animais sadios ainda não havia sido sancionada.
Avesso a confusões, ele leva uma rotina tranquila com sua esposa e filhos até o
dia em que seu caminho se cruza com o de um rottweiler. Por um mal-entendido,
o dono do cão (Lázaro Ramos) se indispõe com Santana e suas atitudes vão alterar
completamente a vida dele e de sua família.
Sinopse Longa
Santana (Babu Santana) trabalha no Departamento de Combate às Zoonoses
recolhendo cachorros perigosos das ruas, na época em que a lei que proíbe o
sacrifício de animais sadios ainda não havia sido sancionada. Malandro e simpático,
avesso a confusões, ele passa seu tempo livre com a família e praticando seu
hobby preferido: tocar bateria. Sua esposa Dilza (Adriana Esteves) ajuda na renda
do lar com seu trabalho como costureira e educa os dois filhos, Isaura e João
(Thainá Duarte e Vini Carvalho) sob a decência do trabalho honesto e dos bons
costumes. Mas o tranquilo caminho de Santana inadvertidamente se cruza com
o do rottweiler de estimação de Nenê (Lázaro Ramos), um ex-policial que faz
fortuna com negócios escusos. A partir desse encontro, a vida de todos os
envolvidos nessa história mudará para sempre.
04
Marcos Jorge
Os mais de 100 prêmios ganhos por seus filmes em diversos festivais atestam a
qualidade do trabalho do diretor Marcos Jorge. Formado em jornalismo no Brasil
e em cinema na Itália, Jorge também se dedicou às artes plásticas até retornar
ao país em 2001. Aqui realizou curtas-metragens, escreveu o livro “Brasil Rupestre”
e dirigiu o documentário “O Ateliê de Luzia”, além de diversos filmes publicitários.
No âmbito da ficção, traz em seu currículo os filmes “Estômago” (2007), “Corpos
Celestes” (2011) e “O Duelo” (2015). Em “Mundo Cão”, ele continua explorando
o gênero do suspense em uma história de tirar o fôlego.
05
ENTREVISTA MARCOS JORGE
Em uma época em que as comédias são os carros-chefes das
bilheterias nacionais, porque investir em um gênero que
ainda é pouco explorado aqui no Brasil como o suspense?
Fazemos tantas comédias porque nosso cinema vive uma competição
desigual com o cinema americano e é muito mais fácil competir no campo
das comédias do que em qualquer outro gênero cinematográfico. As razões
disso são várias, mas além do baixo custo, importa o fato de que as pessoas
gostam de rir de seus problemas e de seu cotidiano, por isso o sucesso de
nossas comédias. Mas isso não quer dizer que este gênero deva ser
(ou seja) o único com que se possa competir. O essencial é interessar o
espectador e falar de coisas que lhe digam respeito, e dentre os gêneros
que permitem isso e estão ao alcance de nossa capacidade produtiva,
certamente o suspense é um dos mais fascinantes.
Por quê?
O suspense tem, em sua própria definição, a tarefa de manter sempre vivo o
interesse do público, mantê-lo “em suspenso”, perguntando o tempo inteiro
onde é que a história vai dar. Na verdade, sendo um pouco simplista, penso
que toda história que funciona tem um pouco de suspense. Já em meu
primeiro filme, “Estômago”, flertei com este gênero, pois a história, embora
não seja um suspense clássico, tem várias pitadas dele. Com “Mundo Cão”
06
tento mergulhar neste gênero, mas faço-o com a peculiaridade de meu estilo
e, como outras vezes, misturo-o com outros gêneros, inclusive a comédia.
Para isso, decidi adotar uma linguagem “pop” para o filme, tentando tratar
de assuntos complexos e sérios de uma forma irônica (esta escolha estilística
se reflete em todos os componentes do filme, desde a fotografia até a trilha).
Uma aposta ousada.
“Mundo Cão” não é um simples suspense. Ele trabalha com um
lado psicológico muito forte. Esse foi sempre o objetivo ou foi
algo que se desenvolveu ao longo dos tratamentos do roteiro e
das filmagens?
“Mundo Cão” tem como tema a violência a que todos os brasileiros encontram-se
cotidianamente expostos e as fortes sensações de impotência e vulnerabilidade
geradas por esta exposição, que são hoje problemas nevrálgicos na sociedade
brasileira. Desde o início, quando pensei no projeto, eu queria trabalhar com
este tema. E a própria história nasceu desse desejo. Mas sempre achei que um
filme que tematiza a violência não precisa ser violento, pois o que me interessa
na violência não é sua representação, mas sua gênese e desenvolvimento. Então,
“Mundo Cão” já nasceu como um projeto de suspense psicológico. Os muitos
tratamentos e versões que teve esta história só fortaleceram-na nesse caminho.
ENTREVISTA MARCOS JORGE
De que forma você optou por inserir essa violência na trama?
Não quis abdicar de fazer um filme intenso e impactante. Penso que cenas
fortes sejam fundamentais para impressionar o espectador e engajá-lo
emotivamente na trama. E esta história tem uma característica única, que
nos permite mostrar a violência de maneira intensa sem utilizar seres humanos:
os cães. Um dos elementos narrativos mais importantes do “Mundo Cão” é
a relação entre a personalidade dos protagonistas (Nenê e Santana) e seus
cães. Mais especificamente, na primeira parte da história, o motor principal
da ação dos protagonistas acontece a partir da captura do rottweiler de Nenê.
Esse cachorro, assim como seu dono, tem um temperamento explosivo. Na
segunda parte do filme, este cachorro é substituído por outro da mesma raça,
mas bem mais novo e que tem, no entanto, uma índole muito mais tranquila.
Estes cães são as contrapartes dos protagonistas e espelhos de seus donos,
permitindo mostrar suas personalidades sem que precisemos usar cenas de
violência explícita.
Você escolheu o elenco na época de desenvolvimento dos
personagens?
Escolher o elenco é a tarefa mais difícil e penosa de todo o processo de se fazer
um filme. Como valorizo enormemente a importância dos atores, geralmente
levo bastante tempo para decidir quem vai interpretar meus personagens.
07
Tanto tempo, em geral, que ao final acaba parecendo que o próprio filme é
que escolheu seus intérpretes. Esse foi o caso, por exemplo, da escolha do
Lázaro Ramos para fazer o Nenê. Confesso que não era nele que eu pensava
enquanto trabalhava no roteiro, mas seu nome, com o passar do tempo, por
diversas razões acabou se impondo em minha cabeça e, visto o resultado,
hoje não sou mais capaz de imaginar o personagem na pele de nenhum outro
ator. O mesmo aconteceu com a Adriana Esteves, cujo nome emergiu de
intensas reflexões. Já o personagem do Santana foi efetivamente influenciado
pelo ator Babu Santana.
Como foi trabalhar com as crianças, considerando que ambas
estavam estreando no cinema, em contrapartida com nomes
tarimbados da nossa dramaturgia, como a Adriana e o Lázaro?
Desde o início sabia que a Isaura e o João seriam personagens desafiadores,
tanto pela idade quanto pela intensidade deles na história. A primeira questão
seria encontrá-los e, quando se trata de crianças, prefiro trabalhar com
pessoas sem experiência prévia. Fizemos uma ampla pesquisa e testamos
umas 80 pessoas para cada um dos perfis até chegar a quatro finalistas para
cada papel. Fiel às minhas intuições, depois de testá-los novamente acabei
escolhendo pessoas que nunca tinham atuado antes! Depois disso, foram
ENTREVISTA MARCOS JORGE
três meses de intensa e específica preparação, que só em sua fase final incluiu ensaios com o Babu, o Lázaro e a Adriana. Foi um processo muito rico e dirigi-los no set
foi uma delícia. Tenho certeza que eles têm uma longa e intensa carreira pela frente.
Assim como em “Estômago”, você também assina o roteiro do filme. É algo que você quer sempre fazer?
Sim e não. Efetivamente, assino os roteiros dos quatro longas que já dirigi. Gosto de escrever e, especialmente nos roteiros, gosto muito de trabalhar em equipe.
Acredito que eles ficam muito melhores assim, pois as ideias de um roteirista fazem crescer as dos outros. Mas isso não significa que eu não tenha o desejo de filmar
um roteiro escrito por outra pessoa. Aliás, francamente, essa seria a condição ideal: receber um roteiro bom e me dedicar a filmá-lo. Mas isso é uma coisa que acontece
pouco no cinema brasileiro, onde o diretor quase sempre é o motor principal de um projeto. Também adoraria escrever para outros diretores filmarem!
08
Adriana Esteves
Desde 1990 presente no elenco de novelas e séries de sucesso, Adriana Esteves
estourou em 2012 como a vilã Carminha de “Avenida Brasil”, novela de João
Emanuel Carneiro, colhendo elogios de público e da crítica especializada. Um ano
antes, havia sido indicada ao Prêmio Emmy Internacional de Melhor Atriz pela
interpretação de Dalva na minissérie “Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor”,
exibida pela TV Globo. Em 2015 esteve no ar como a vilã Inez na novela “Babilônia”,
de Gilberto Braga. Fora da TV, a atriz trabalhou em quatro longas e cinco peças
de teatro. Sua estreia no cinema foi em 1995 no filme “As Meninas”, baseado no
romance homônimo de Lygia Fagundes Telles. Em “Mundo Cão”, ela vive Dilza,
esposa evangélica de Santana que ajuda na administração do lar e vive fortes
emoções ao tentar defender o bem estar de sua família.
.
09
ENTREVISTA ADRIANA ESTEVES
Você estava afastada do cinema quando aceitou filmar “Mundo
Cão”. O que te motivou a aceitar o convite?
O roteiro foi um dos melhores que já li. Minhas escolhas passam muito
também por minha intuição. Em minha primeira leitura já tinha certeza que
me via fazendo o filme. Outro fato que contou foi eu ter gostado muito de
“Estômago”, primeiro longa do Marcos Jorge.
.
Como foi trabalhar com dois jovens que estavam em suas
primeiras experiências como atores?
Thainá é de uma beleza, carisma e maturidade cênica surpreendente para
uma menina tão jovem e começando agora em seu trabalho de atriz. Vini,
um menino dedicado, bem-humorado e que estava muito envolvido com o
filme. Babu, eles e eu tivemos uma afinidade muito grande. Tivemos uma
grande facilidade em nos imaginar uma família.
.
Enquanto você lia o roteiro, imaginou que aquele seria o desfecho
da sua personagem?
Não. Foi uma grande surpresa. Fiquei sem ar ao ler e tive que dar um tempo,
me refazer para seguir adiante na leitura. E isso já fez com que eu ficasse
encantada com o roteiro. É uma delícia ser surpreendida desta forma.
10
O filme traz muitas reviravoltas e é praticamente impossível
para o espectador antecipar os fatos. Você acha que essa é a
característica de um bom suspense?
.
Acho que sim e este, especialmente, nos surpreende o tempo todo.
Para você, o que é mais diferente entre encenar uma comédia e
um thriller psicológico como este?
A diferença é enorme. Inclusive os roteiros que têm despertado meu interesse
de uns anos para cá são os dramas, suspenses, romances… Gosto muito de
contar histórias e tenho especial fascínio por temas com abordagens psicológicas, não necessariamente um thriller. “Mundo Cão” será minha estreia
no gênero.
Babu Santana
Integrante do grupo Nós do Morro, Babu Santana ganhou o Prêmio Especial do
Júri do Festival do Rio 2007 por sua atuação nos filmes “Estômago”, de Marcos
Jorge, e “Maré, Nossa História de Amor”, de Lúcia Murat. Sua estreia no cinema
foi em “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles e Kátia Lund, em 2002. Desde
então não parou de atuar e fez filmes como “As Alegres Comadres”, de Leila Hipólito; “Quase Dois Irmãos”, de Lúcia Murat; “Redentor”, de Cláudio Torres;
“Achados e Perdidos”, de José Joffily; e estrelou a cinebiografia “Tim Maia”, de
Mauro Lima. Em “Mundo Cão”, ele vive Santana, um pai de família que trabalha
recolhendo cães abandonados das ruas.
11
ENTREVISTA BABU SANTANA
Como é interpretar um personagem que foi escrito para você?
Foi uma alegria imensa. Esse argumento começou ainda no lançamento de
“Estômago”, quando o Lusa (Silvestre, roteirista) me contou que estava
escrevendo um novo filme e o protagonista se chamava Santana. Eu disse:
“nossa, que coincidência!” (risos). Aí ele me explicou que estava pensando
em mim e fiquei muito empolgado! Quando estavam para começar as
filmagens, eles me pediram para fazer um teste e achei isso bem digno, já
que eles precisavam ter certeza se eu estava apto para o personagem.
Consegui convencê-los! É mar avilhoso ter profissionais deste gabarito pensando no seu trabalho de uma forma tão especial.
Sim, afinal somos mesmo todos assim: temos um anjo e um demônio dentro
da gente.
Em um momento em que a justiça com as próprias mãos é um
assunto bastante em voga, o que você pensa sobre a atitude
tomada pelo Santana?
É o instinto animal que o ser humano tem parecido com o cachorro. Por mais
dócil que seja a criatura, se você mexe com a cria e os amores dela, ela vira
uma fera.
.
E como foi contracenar com aqueles cães enormes?
Você interpreta um tipo de personagem que não é muito frequente
na sua trajetória. Como foi essa mudança para você?
Como o personagem foi inspirado em mim, me identifiquei muito. Tenho uma
cara meio dura, mas sou gente boa (risos). Sou legal, tranquilo. A maior
complexidade em construir o Santana foi essa; ele é muito próximo de mim
quando se trata de gênio e humor. No mercado, fiz personagens muito
pesados, então foi uma experiência boa fazer alguém tão diferente.
Nenhum personagem nesta história é essencialmente bom ou
ruim. Você acha que isso dá maior credibilidade à história e pode
causar mais identificação por parte de quem está assistindo
ao filme?
.
12
No começo foi complicado porque tenho muito receio de cachorro. Mas era
engraçado porque no final, o bicho que tinha que ser super feroz estava bem
nosso amigo. Foi um pouco paradoxal até e usei isso para construir o Santana:
o rottweiler era aparentemente um bicho muito agressivo, mas por trás era um
poddle (risos)! Trabalhar com criança e cachorro é uma tensão, mas sempre
uma alegria.
.
ENTREVISTA BABU SANTANA
E no filme você contracenou com o Vini Carvalho, no primeiro papel dele.
Nossa, ele é uma das maiores revelações dos últimos tempos! Ele segurou a onda das cenas mais emocionantes como um veterano. Ele diz nas entrevistas que ficamos
amigos e isso é muito verdade. Não vejo a hora de poder indicar ou trabalhar com ele de novo, como tive a sorte de trabalhar com a Thainá Duarte em “I Love Paraisópolis”.
Uma menina linda que está começando uma carreira linda também.
Seu personagem é um baterista amador. Você tem um lado musical aflorado pelo seu trabalho com o Nós do Morro?
Depois de fazer essas aulas de bateria para o filme, essa questão musical ficou muito latente em mim. Tanto que estou montando uma banda em que vou ser vocalista,
chamada Os Cabeças de Água Viva.
13
Lázaro Ramos
Um dos atores mais premiados de sua geração e cuja carreira se confunde com a
história recente do cinema nacional, Lázaro Ramos estreou como protagonista
no cinema em 2002, em “Madame Satã”, filme de Karin Aïnouz. Ao longo da
carreira, atuou em filmes importantes da cinematografia brasileira como “Carandiru”,
de Hector Babenco; “Cidade Baixa”, de Sergio Machado; “Ó Pai, ó”, de Monique
Gardenberg, entre outros. Em “Mundo Cão”, o ator vive Nenê, um homem de índole
duvidosa que só confia em seus cães de estimação.
14
ENTREVISTA LÁZARO RAMOS
Como foi interpretar um personagem tão inédito na sua carreira?
O filme não deixa claro quem é o vilão e quem é o mocinho daquela história.
Ainda sem usar essas classificações, é um papel muito interessante porque
nunca fiz nada parecido. Ele não obedece à lógica do que foi estabelecido
para os personagens que existe aí fora. Isso foi muito bom para mim porque
fez com que eu me exercitasse em outro lugar.
Nenhum personagem nesta história é essencialmente bom ou
ruim. Você acha que isso dá maior credibilidade e pode causar
uma identificação maior por parte de quem está assistindo ao
filme?
Isso é maravilhoso especialmente em um período em que os conceitos de
ética, justiça e moral estão sendo tão debatidos. Fazer um filme como esse,
no qual os personagens não correspondem à cartilha do maniqueísmo, é
muito legal. Isso torna a história mais interessante porque todo mundo que
está sendo retratado ali pode acabar nos surpreendendo em algum momento.
Em um momento em que a chamada “justiça com as próprias
mãos” anda sendo tão discutida, como você acha que “Mundo
Cão” dialoga com a atualidade?
.
Não tem como não fazer uma ligação direta e levar uma reflexão para quem
assiste ao filme. Quando se fala em justiça com as próprias mãos, a gente só
15
leva em consideração o resultado e não aquilo que levou a pessoa a ter
determinada atitude. Não é assim que se conduzem as coisas. Como o filme
mostra onde nasce esse sentimento de vingança, talvez ele contribua bastante nessa discussão.
O que você pensa das atitudes do Nenê?
Antes de tudo, ele é um cara que leva suas paixões ao extremo; seja o que
ele sente pelo futebol ou pelos cachorros. Isso faz com que ele esteja constantemente passando dos limites. É o que torna o Nenê um personagem
interessante porque eu, por exemplo, não sou tão apegado a nada. Ao fazer
esse personagem, me vi obrigado a entender o que faz com que uma pessoa
cruze o que é aceitável dentro de uma sociedade por causa de uma paixão.
Você nunca teve uma ligação com algum animal de estimação
assim como o Nenê?
Já! Tive uma cadelinha chamada Felina, curiosamente (risos). Na época, ainda
era solteiro, então ela ficava muito tempo sozinha dentro de casa. Apesar de
ela me fazer companhia e gostar muito de mim, eu percebi que estar tanto
tempo solitária não estava fazendo bem para ela. Não achei correto deixar o
animal sofrendo e acabei dando ela. Adorava aquela cachorrinha! Mas o amor
era tão grande que me fez abrir mão dela.
ENTREVISTA LÁZARO RAMOS
Foi tranquilo contracenar com os cães?
Em um primeiro momento, foi um pouco apavorante (risos)! Eu tinha muito pouca informação sobre esse tipo de cachorro de porte grande e com caninos tão evidentes.
Então senti muito medo. Mas o trabalho de preparação me fez perceber que o animal é fruto daquele que o cria. Acabei criando uma relação de afeto com aquelas
ditas feras.
A relação entre o Nenê e o João talvez tenha sido a mais profunda. Como foi trabalhar com o Vini Carvalho em seu primeiro papel como ator?
O Vini é muito intuitivo e soube tirar proveito disso. Todas as cenas que a gente fazia, mesmo que tivesse uma repetição grande, sempre vinha com frescor. Conseguir
se manter espontâneo fazendo uma cena é um grande talento para uma criança que não tem experiência nenhuma. A cada take ele ia me surpreendendo e isso me
ajudou muito.
O que você mais gostou quando leu “Mundo Cão” pela primeira vez?
É difícil encontrar um roteiro como esse que mantenha um suspense do início ao fim. Quando recebi a história, fiquei louco para fazer o filme porque li tudo em uma
tarde. Era quase um romance muito bem escrito em que você quer saber qual será o próximo passo de cada personagem. É um grande mérito do filme e foi o que mais
me motivou a aceitar o convite.
.
16
Thainá Duarte
“Mundo Cão” é seu filme de estreia e a primeira incursão de Thainá no universo
cinematográfico. Descoberta pela produção do filme, seu talento inato já despontava desde as primeiras seleções de elenco, onde mais de 70 atrizes foram
testadas. No longa-metragem de Marcos Jorge, Thainá vive Isaura, a filha adolescente e deficiente auditiva de Santana. Em 2015, a atriz integrou o elenco
da novela “I Love Paraisópolis”.
17
ENTREVISTA THAINÁ DUARTE
Você largou a faculdade de Engenharia de Produção para se
dedicar a carreira de atriz. Como foi essa mudança?
Já queria ser atriz há bastante tempo e vinha fazendo testes para isso. Quando
chegou a época do vestibular, desencanei e optei por algo mais seguro. Logo
apareceu a oportunidade de fazer o filme e pude fazer o que queria desde o
início. Então não foi complicado tomar essa decisão. Não precisei pensar
muito (risos).
.
Quando você soube que seu dom era a atuação?
Sempre fui muito teatral, de fazer gracinhas. Minha família sempre me falou
que eu deveria ser atriz e eles me apoiaram desde o início.
Como foi trabalhar em “Mundo Cão”, seu primeiro filme?
Tive uma preparação muito grande com o Bruno Costa (preparador de elenco)
e ele esteve comigo durante a maior parte do tempo. Foi tranquilo, apesar de
eu estar aprendendo. Contracenei com grandes nomes e isso foi bastante
intenso. Mas me senti à vontade e bastante segura com a base que consegui
com o workshop.
Como foi a preparação para viver uma adolescente que tem
deficiência auditiva?
Frequentei escolas de crianças surdas e convivia com eles durante o dia inteiro.
18
Fiz amizade e conversava com eles pela internet. Esse contato com uma
galera da idade da Isaura me ajudou muito. Além de aprender Libras e os
trejeitos de cada um deles, tive contato com a personalidade de um jovem,
que acaba sendo completamente diferente dos adultos.
Quais são seus próximos planos na carreira?
Estou adorando trabalhar com TV porque ela nos dá uma rapidez e nos
ensina muito. Mas o cinema traz uma delicadeza diferente, com toda uma
preparação em cima daquele personagem que nos dá domínio total sobre ele.
É apaixonante.
Vini Carvalho
Vini Carvalho nunca esperava ser ator. Descoberto por acaso através de uma fotografia tirada durante um casamento, encaixava-se perfeitamente no perfil do
personagem João. Durante os testes de elenco, foi lapidando seu talento recémdescoberto, vencendo o desafio de contracenar com atores experientes como
Babu Santana, Adriana Esteves e Lázaro Ramos. Em “Mundo Cão”, ele vive o
pequeno João, menino de 10 anos que vê sua vida alterada drasticamente por
problemas do pai.
19
ENTREVISTA VINI CARVALHO
Como foi atuar pela primeira vez?
Foi bem legal. A chance apareceu totalmente por acaso. Não tinha nem noção
de como era e aprendi muito!
Você trabalhou com grandes nomes, como Babu Santana, Lázaro
Ramos e Adriana Esteves. Já conhecia o trabalho deles?
Já os tinha visto na TV e estar ao lado deles foi muito bom. A gente conversava
muito e eles me davam vários toques. Sempre falando que eu estava indo muito
bem.
Em algum momento você ficou ansioso com as cenas que estavam
sendo gravadas?
Fiquei meio nervoso porque era a primeira vez que eu estava fazendo aquilo
e também por causa da história, que era muito tensa. Teve uma cena muito
difícil que foi gravada no Pacaembu e eu tinha que chorar. Como ela teve que
ser repetida várias vezes, no final eu já não estava mais conseguindo.
E como foi estar ao lado de vários cachorros?
Não tive medo, não. Gostei muito deles. Eles eram bonzinhos e deixavam a
gente fazer carinho.
20
Depois de ter feito seu primeiro filme, você pretende continuar
na carreira de ator?
Sim, antes eu queria ser jogador de futebol, agora quero ser ator.
Participações Especiais
Milhem Cortaz
Um dos rostos mais reconhecidos do cinema, teatro e televisão brasileiros, Milhem
Cortaz começou sua trajetória artística há mais de vinte anos pelo Teatro Piccolo de
Milão, uma das companhias mais prestigiadas da Europa. Passou pelo Centro de
Pesquisa Teatral (CPT), de Antunes Filho, e conquistou prêmios como APCA, Aptesp
e Shell. No cinema, viveu personagens nos filmes “Carandiru”, de Hector Babenco;
“O Cheiro do Ralo”, de Heitor Dhalia; “Lula, O Filho do Brasil”, de Fábio Barreto; e
“Tropa de Elite” 1 e 2, de José Padilha, no qual viveu seu personagem mais icônico
no cinema, o Capitão Fábio. Em “Mundo Cão”, ele é Cebola, braço direito e principal
comparsa de Nenê (Lázaro Ramos).
21
Participações Especiais
Paulinho Serra
Paulinho é ator, humorista, apresentador de TV e radialista. Iniciou a carreira no teatro
com o grupo Deznecessários, ao lado de Tatá Werneck, Marcelo Marrom, Rodrigo
Capella, Maíra Charken e Miá Mello. Trabalhou nos programas “Pânico”, pela rádio
Jovem Pan, e “Pânico na TV”. No cinema, interpretou papéis nos filmes “Copa de Elite”
de Vitor Brandt; “Mato Sem Cachorro”, de Pedro Amorim; e “Os Normais 2”, de José
Alvarenga Jr. Em “Mundo Cão” ele dá vida à Ramiro e divide com Santana (Babu
Santana) o trabalho no Departamento de Combate às Zoonozes.
22
Participações Especiais
Antonio Ravan
Ator, roteirista, diretor teatral e psicólogo especializado em psicodrama, Antonio
Ravan é reconhecido por papéis nas minisséries “Amazônia” e “A Diarista”. No cinema,
participou dos filmes “O Casamento de Romeu e Julieta”, de Bruno Barreto; e “Querô”,
de Carlos Cortez. Em “Mundo Cão”, ele é Banzé, motorista da van do Departamento
de Combate às Zoonozes e completa a trinca com Santana e Ramiro na captura por
animais abandonados pela cidade.
.
23
Perfil dos Cães
Dragão (Nero)
Discreto e arredio ao estrelato, Dragão observava à distância seus companheiros
mais badalados disputarem o personagem de Nero. Mas com seu porte digno de
prêmios era impossível passar despercebido e ele acabou conquistando o papel
ao se revelar um ator seguro no set, passando confiança a quem contracenou com
ele. Com uma interpretação que ia do bravio ao bondoso, Dragão é um rottweiler
amável e confiável, mas parece um dragão mesmo.
Tony (Herodes)
O mais experiente do elenco canino, Tony tem em seu currículo a participação em
vários comerciais de TV. Dócil e de excelente temperamento, adora a vida em família.
Ágatha (Salomé)
Irmã de Tony, ela é treinada desde filhote e está acostumada aos mais diversos
tipos de cena. Atriz profissional, é muito desenvolta em frente às câmeras e sabe
responder com obediência aos comandos do diretor.
Noris (Calígula ou Vampeta)
Filhote alegre, destemido, seguro e tranquilo. Sem nenhum treinamento prévio,
brincou muito durante o adestramento e aprendeu rapidamente os truques necessários para os papéis de Calígula ou Vampeta.
24
Trabalho com o elenco canino
Uma máxima no mercado cinematográfico é que os maiores desafios para um diretor
são filmagens que envolvem crianças e animais. “Quando se trabalha com animais não
existe cena simples. O diretor perde muito de seu poder pois ele não pode simplesmente
dar indicações para um cachorro”, diz Marcos Jorge.
No caso de “Mundo Cão”, o casting envolveu seis cachorros das raças dobermann e
rottweiler, o que amplificava o desafio para a equipe. Se no filme os cães são treinados
por Nenê para serem agressivos e atacarem seus inimigos, os animais na vida real
ganham um tratamento completamente diferente. Ficou sob a responsabilidade de
Elias de Oliveira, da Alternativa Dogs Show, o árduo treinamento deles, enquanto
Alexandre Rossi, fundador da empresa Cão Cidadão, fez um acompanhamento de tudo
o que acontecia durante o trabalho.
“Os animais precisam se divertir. Aquilo tem que ser uma brincadeira para eles e ninguém
pode exigir mais do que eles podem dar. Foi a preocupação do diretor que me fez aceitar
esse trabalho, já que tenho cada vez menos tempo para trabalhar com cinema e publicidade. Marcos Jorge queria que tudo fosse bem feito e que os cães tivessem o melhor
cuidado do mundo e foi dessa forma que seguimos o trabalho”, explica Alexandre, que
também fez uma fiscalização documentada de tudo o que acontecia.
Treinador sério, ético e preocupado com o bem-estar dos animais, Elias de Oliveira
preparou os cães com base em reforço positivo. Eles respondiam a comandos e
ganhavam petiscos quando faziam o que era pedido pelo treinador. Alexandre
acompanhou o processo de perto. “Minha função era supervisionar e alertar possíveis
problemas. Era uma combinação complicada: cães de grande porte, crianças e atores
muito conhecidos. Mas acabou dando tudo certo e o bem estar dos animais foi
assegurado, o que é mais importante”, diz ele.
.
25
Roteiro
Há algumas décadas, antes de ser sancionada a lei que proíbe o sacrifício de
animais sadios, era comum avistar funcionários que trabalhavam recolhendo
cachorros nas ruas. A famosa – e temida – carrocinha permeava o imaginário de
crianças que morriam de medo de perder seus companheiros de estimação. Foi
essa memória de infância que inspirou Marcos Jorge a escrever o argumento do
filme “Mundo Cão”. “Cresci na periferia de Curitiba e tinha um cachorro que vivia
solto, então morria de medo que levassem ele embora. Por outro lado, os 'laçadores de cães' me fascinavam por ser o que tínhamos de mais parecido com os
caubóis”, lembra o diretor.
Essa dualidade, associada à fascinação que o roteirista tinha por profissões
peculiares, foi o pontapé inicial para escrever a história de Santana (Babu Santana).
O protagonista do filme é empregado do Departamento de Combate às Zoonoses
de São Paulo e se vê em uma complicada situação depois de recolher o rottweiler
de Nenê (Lázaro Ramos) – personagem inspirado nos donos de morro cariocas e
nos milicianos de São Paulo.
Junto com Lusa Silvestre (seu parceiro também no longa-metragem “Estômago”),
ele escreveu o roteiro e após diversos tratamentos a história ganhou sentido e
profundidade. “Marcos tinha esse personagem guardado na cabeça e nós dois
queríamos escrever uma história sobre vingança: somos pais e queríamos investigar
o fato de que pensávamos poder ir até o fim do mundo atrás de quem prejudicasse
nossas famílias”, conta Lusa, que admite ter usado muito da própria intuição para
26
Roteiro
desenvolver os personagens. Marcos acrescenta: "Sobretudo nos interessava a
questão fundamental de até onde o cidadão pode ir para garantir seus direitos, e as
questões éticas aqui implicadas".
.
O grande desafio foi amarrar de maneira coerente as inúmeras reviravoltas que o filme
possui, de maneira que elas fizessem sentido para o público. “É um susto a cada 15
minutos, todos com base na realidade. Enquanto escrevíamos, surgiam ideias que nos
pareciam muito cruéis para com os protagonistas. A gente se perguntava se isso
aconteceria na vida real e no dia seguinte aparecia uma notícia cabeluda no jornal que
nos fazia ter certeza do óbvio: por mais que o ficcionista seja implacável, na vida há
sempre coisas piores acontecendo”, continua Lusa.
“Mundo Cão” aborda principalmente a questão da justiça, em seu sentido mais amplo.
Embora não se trate de um filme de denúncia, ele expõe as incapacidades do sistema
policial e judiciário para tratar de problemas civis, incluindo o trato de pessoas desaparecidas e a punição para quem comete crimes. Nada mais atual, num momento em
que tanto se discute sobre o papel do cidadão. Por tudo isso, é difícil dividir os
personagens de uma forma maniqueísta. “Gosto de pensar que isso conecta meu
cinema profundamente com a realidade, já que também acho que as pessoas nunca
são exatamente aquilo que aparentam ser”, explica Marcos Jorge, ressaltando que
uma das perguntas que melhor sintetiza essa história é: “quem é o mocinho do filme?”
Já Lusa, resume: “'Mundo Cão' tem esse nome porque assim é a vida”.
.
27
Trilha Sonora
A trilha sonora ajuda a narrar a história de um filme para seu público. No caso de “Mundo Cão”, o suspense psicológico prende a atenção do espectador e as reviravoltas
ao longo do filme são pontuadas por músicas que se relacionam bem com o drama que está sendo contado. “Um filme de suspense precisa saber dosar a tensão. Às
vezes enganar e dar uma aliviada para o público conseguir relaxar. É como uma maratona: você precisa ter energia até o fim”, brinca Maurício Tagliari, responsável
pelas músicas do longa-metragem.
A inspiração veio de vertentes afro-americana-brasileira contemporâneas - tudo a ver com o estilo do protagonista Santana (Babu Santana), que usa seu tempo livre
para aperfeiçoar sua técnica de baterista amador. Ao longo do filme, instrumentos musicais aparecem para reforçar traços psicológicos de alguns personagens, cujos
temas são utilizados de maneira bem livre.
“As personalidades dos antagonistas são reforçadas pelos estilos musicais. O Nenê (Lázaro Ramos) é um cara mais sombrio, mais funk e batidão. Tentei passar algo
de mistério com até mesmo um toque de vodoo. Já o Santana é aquele cara que ama música, toca bateria e ouve Tim Maia. Muito mais alto astral”, compara Maurício.
O thriller conta ainda com momentos de humor negro e se passa num passado recente, num universo social muito bem definido. Por conta disso, a música passeia por
climas diversos e explora gêneros como samba-rock, funk, balada-soul e R&B. “A música lida com emoções diferentes como amor, medo e desespero. Tentamos ser
bastante detalhistas com o sentimento correto para cada cena”, avalia.
.
28
Produção
Além de cuidar de diversas questões durante a execução de um filme, um produtor
precisa ter um dom além – quase um sexto sentido: saber antecipar os problemas.
Por conta disso, o trabalho deste membro fundamental da equipe técnica começa
muito antes das filmagens no set. Em um filme que envolve cães ferozes e jovens
atores em seus primeiros papéis, o desafio chega a ser maior ainda.
.
Quem ficou responsável por cuidar de todos os detalhes de “Mundo Cão” foi
Cláudia da Natividade, uma das fundadoras da Zencrane Filmes. “Gosto de
trabalhar com um grande planejamento para poder lidar com todos os eventos
que podem vir a acontecer. É uma verdadeira arte a de saber resolver os problemas
de uma maneira muito rápida para não criar uma tensão que pode atrapalhar
tudo”, explica.
A grande questão com a qual Cláudia precisou lidar foi o tratamento dos cachorros
durante as filmagens. Em um país que justamente luta pelo direito dos animais,
era preciso criar um ambiente que fosse confortável e promovesse diversão para
o elenco canino. Cada um deles foi escolhido por seu comportamento e não
necessariamente pela ferocidade que transmitiam em cena. “Era preciso ter uma
segurança muito grande para os atores, mas também fazer um trabalho que fosse
totalmente consciente com os cães”, explica Claudia.
29
Produção
Outra dificuldade foram as locações externas: foram quase 30 lugares diferentes para poucas semanas de trabalho. Dentre as mais complicadas, Cláudia
ressalta a cena rodada no Pacaembu, com centenas de figurantes e um
“drone” e que parece rodada durante um jogo de futebol, e a filmada no
Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo. “Foram lugares que precisaram
de muita burocracia para conseguirmos entrar”, lembra.
.
Ao longo do processo de trabalho, Cláudia contou com a grande parceria de
Iafa Britz e da Migdal Filmes. “Enquanto a Cláudia estava mais presente no
dia a dia das filmagens, eu tinha um trabalho mais geral, como o estabelecimento de parcerias. Trabalhamos em equipe e misturamos uma produção do
Rio com uma de Curitiba para um filme rodado em São Paulo. Foi uma junção
de olhares muito interessante”, comemora Iafa, ressaltando que a atualidade
do tema da justiça pelas próprias mãos foi que a fez comprar o projeto assim
que leu o roteiro.
Com mais de dez anos de experiência no mercado audiovisual, Cláudia destaca o cuidado da produtora de conteúdo com as condições de seus projetos.
“É o que nos diferencia de outras empresas do ramo, pois sempre colocamos
a qualidade técnica e artística em primeiro lugar”, diz.
.
30
Produção
Produtora de conteúdo que atua há mais de dez anos
nos mercados de audiovisual e de livros de arte, a Zencrane Filmes obteve, nestes anos, mais de 100 prêmios
em festivais cinematográficos no Brasil e no exterior.
É a produtora de “Estômago”, um dos filmes brasileiros de maior repercussão nacional e internacional dos últimos anos. Coproduzido
entre Brasil e Itália, distribuído em salas de cinema de 26 países, "Estômago" foi
o filme brasileiro mais premiado, nacional e internacionalmente, no biênio
2008-09, quando venceu 39 prêmios (16 deles internacionais). Além disso, "Estômago" teve o maior número de indicações para o Grande Prêmio do Cinema
Brasileiro de 2009 (da Academia Brasileira de Cinema, o “Oscar” brasileiro), tendo vencido os mais importantes: Melhor Filme, Diretor, Roteiro Original, Melhor
Filme pelo Público e Melhor Ator Coadjuvante. O filme foi considerado, pelos críticos de cinema do jornal O Globo, o Melhor Filme de 2008 (em igual mérito ao
americano “Sangue Negro”), além de ter vencido os principais Prêmios da Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil em 2009 (equivalentes, no Brasil, aos “Golden Globe”): Melhor Filme, Diretor, Roteiro e Ator.
Em 2011 a empresa lançou “Corpos Celestes”, vencedor de vários prêmios
no Brasil e distribuído em diversos mercados internacionais. “Mundo Cão” é
o seu terceiro longa-metragem de ficção.
31
Produtora de conteúdo diversificado, a Migdal Filmes
produziu: “Nosso Lar”, filme que levou mais de quatro
milhões de espectadores ao cinema; “Totalmente Inocentes”, primeiro filme 100% digital, que esteve entre
as melhores comédias no ano de seu lançamento; e
em 2013 lançou “Minha Mãe É Uma Peça”, protagonizado pelo humorista Paulo Gustavo, que alcançou a maior bilheteria de 2013
com 4,6 milhões de espectadores. Em 2014, lançou nos cinemas, a emblemática história da freira baiana “Irmã Dulce”.
Para televisão, produziu o sucesso de público “220 Volts” (quatro temporadas);
o “Fantástico Mundo de Gregório”, eleito um dos melhores programas de
2012 de TV pelo O Globo; as séries “De Volta pra Pista” e “Alucinadas”; e o reality
“Paulo Gustavo na Estrada”, todos exibidos no Multishow. Atualmente exibe o
documentário musical “Musica.doc” na MTV e estreia a terceira temporada da
série “As Canalhas” no GNT.
Em 2015, a produtora lançou o documentário musical “Cássia”, sobre a cantora Cássia Eller, e o longa-metragem “Casa Grande”, ganhador de três prêmios do festival de Toulouse, quatro prêmios no Festival de Paulínia e eleito
pelo júri popular do Festival do Rio como melhor filme. Ainda em 2015, a Migdal levou aos cinemas a comédia “Linda de Morrer”,estrelada por Glória Pires.
Coprodução
Desde 1998, a Globo Filmes já participou de mais de
160 filmes, levando ao público o que há de melhor no
cinema brasileiro. Com a missão de contribuir para o
fortalecimento da indústria audiovisual nacional, a
filmografia contempla vários gêneros, como comédias,
infantis, romances, dramas e aventuras, apostando
em obras que valorizam a cultura brasileira. A Globo Filmes participou de
alguns dos maiores sucessos de público e de crítica como 'Tropa de Elite 2',
'Se Eu Fosse Você 2', '2 Filhos de Francisco', 'O Palhaço', 'Getúlio', 'Carandiru', 'Nosso Lar' e 'Cidade de Deus' – com quatro indicações ao Oscar.
Suas atividades se baseiam em uma associação de excelência com produtores independentes e distribuidores nacionais e internacionais.
Paramount Pictures Corporation (PPC), uma produtora
e distribuidora global de entretenimento audiovisual,
é uma unidade da Viacom (NASDAQ: VIA, VIAB), uma
das companhias líderes em conteúdo, com marcas
reconhecidas e respeitadas no cinema, televisão e
entretenimento digital, incluindo a Paramount Pictures,
Paramount Animation, Paramount Vantage, Paramount Classics, Insurge
Pictures, MTV Films e Nickelodeon Movies. As operações da PPC também
incluem a Paramount Home Media Distribution, Paramount Pictures International,
Paramount Licensing Inc. e Paramount Studio Group.
.
32
Fundada em 1998 pelo diretor, ator, produtor e cineasta Daniel Filho, a Lereby está relacionada – como
produtora, coprodutora ou produtora associada – a
filmes de importância cultural e a grandes bilheterias
brasileiras. Em uma década de existência, a Lereby
traz em seu currículo longas-metragens como
“Confissões de Adolescente” (2014), “Chico Xavier” (2010), “Tempos de paz”
(2009), “Se eu fosse você 2” (2009), “Primo Basílio” (2007), “Muito gelo e
dois dedos d'água” (2006), “Se eu fosse você” (2006), “A Dona da história”
(2004), “Cazuza - o tempo não para” (2004), “Sexo, amor e traição” (2004),
e “A Partilha” (2001). Como produtora associada, foi corresponsável pelos
sucessos “2 filhos de Francisco” (2005), “Carandiru” (2003), “Cidade de
Deus” (2002) e “O Auto da compadecida” (2000), entre muitos outros. Usando a prática adquirida em comunicação e produções cinematográficas, a
Lereby cada vez mais diversifica seu foco, investindo em outras áreas e mídias,
como televisão, teatro e DVDs.
Distribuidores
A Paris Filmes é uma empresa brasileira que atua no
mercado de distribuição, produção e exibição de
filmes, primando pela alta qualidade cinematográfica.
Além de distribuir grandes sucessos mundiais, como
o premiado “O Lado Bom da Vida”, que rendeu o Globo
de Ouro® e o Oscar® de Melhor Atriz a Jennifer
Lawrence em 2013, e ”Meia-Noite em Paris”, que fez
no Brasil a maior bilheteria de um filme de Woody Allen, também distribui os
maiores sucessos do cinema nacional, como as franquias “De Pernas Pro Ar” e
“Até Que a Sorte nos Separe”.
Em 2014 a Paris lançou o vencedor do Grande Prêmio do Júri em Cannes 2013,
“Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum”, dos irmãos Coen; o
aguardado “O Lobo de Wall Street”, de Martin Scorsese e o terceiro capítulo de
Jogos Vorazes, estrelado por Jennifer Lawrence, que marcou o recorde de
lançamentos em salas de cinema de 2014 - “A Esperança – Parte 1”.
No ano de 2015, a Paris distribuiu nos cinemas os aguardados "Mapas Para as
Estrelas", de David Cronenberg (Melhor Atriz no Festival de Cannes – Julianne
Moore); a primeira adaptação animada da obra-prima de Antoine de SaintExupéry, “O Pequeno Príncipe”; e as continuações A Série Divergente:
“Insurgente”e o esperado final de Jogos Vorazes em “A Esperança – O Final”,
além das sequências de grandes sucessos brasileiros: “Divã a 2”, “Meu Passado
me Condena 2” e “Até Que a Sorte nos Separe 3”.
33
Fundada em 2006 por Bruno Wainer, que tem em seu
currículo a distribuição de alguns dos maiores sucessos do cinema brasileiro, entre os quais “Olga”, “Os
Normais”, “Central do Brasil” e “Cidade de Deus”, a
Downtown Filmes especializou-se a partir de 2008 na
distribuição exclusiva de filmes brasileiros. Isso garantiu à empresa o lançamento de grandes sucessos nacionais, entre eles: “Meu
Nome Não é Johnny”, “Divã”, “Chico Xavier”, “De Pernas Pro Ar 1 e 2” e
“Minha Mãe é uma Peça”, “Até Que a Sorte Nos Separe 1 e 2”, “Tim Maia”,
“Os Homens São de Marte...e é pra lá que eu vou” e “O Candidato Honesto”.
O ano de 2015 começou forte para a distribuidora, com o lançamento do filme
“Loucas pra Casar”, que já ultrapassou 3,5 milhões de espectadores. Desde
sua fundação (em 2006) até o momento, a Downtown Filmes acumulou mais
de 60 milhões de ingressos, o que a elevou a categoria de principal distribuidora de filmes nacionais do país.

Documentos relacionados