DEMC - Universidade Federal de Minas Gerais

Transcrição

DEMC - Universidade Federal de Minas Gerais
Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia de Materiais e Construção
Curso de Especialização em Construção Civil
Disciplina : Técnicas de Revestimento
Professor : Antônio Neves de Carvalho Júnior
MÓDULO 2 : REVESTIMENTOS CERÂMICOS E
ROCHAS ORNAMENTAIS
Curso de Especialização em Construção Civil – Disciplina Técnicas de Revestimento
Prof. Antônio Neves de Carvalho Júnior
REVESTIMENTOS CERÂMICOS
Introdução
. Material cerâmico tendo uma camada de base ("biscoito") constituída de argilas
plásticas, quartzo, caulim e fundentes e uma camada de cobertura esmaltada vidrada
constituída de quartzo finamente moído, óxido de chumbo, estanho e óxidos
coloridos. Normalmente de formato quadrado ou retangular com dimensões variadas.
Classificação
. NORMA ABNT NBR- 13.818 Placas cerâmicas para revestimento –Especificação e
métodos de ensaios
Processo de fabricação
Extrudado
Prensado
Classificação segundo
grupo de absorção
AI
AIIa
AIIb
AIII
BIa
BIb
BIIa
BIIb
BIII
Faixa de absorção d´água
Abs ≤ 3 %
3 % < Abs ≤ 6 %
6 % < Abs ≤ 10 %
Abs > 10 %
Abs ≤ 0,5 %
0,5 % < Abs ≤ 3 %
3 % < Abs ≤ 6 %
6 % < Abs ≤ 10 %
Abs > 10 %
. MERCADO
- Extra
- Primeira
- Comercial
- Refugo ou caco cerâmico
Classes
Classes de absorção d´água/Módulo de ruptura
(Norma ISO 10.545)
Absorção
Denominação
Uso recomendado
d´água
Ia
Ib
IIa
IIb
0 a 0,5
0,5 a 3
3a6
6 a 10
Porcelana
Gres
Baixa absorção
Semiporoso
III
10 a 20
Poroso
Piso e parede
Piso e parede
Piso e parede
Piso e parede
(recomendado)
Parede (admitido
piso)
Módulo de
ruptura
(kg/cm2)
350 a 500
300 a 400
220 a 350
180 a 300
150 a 200
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Tipos
-
-
-
BI-QUEIMA : biscoito queimado na faixa de 950 ºC , aplicação do vidrado
na linha de esmaltação e posterior queima na faixa de 850 º C. Baixa
resistência mecânica e ao impacto. Alta porosidade e absorção d´água
(acima de 10 %)
MONOQUEIMA POROSA : biscoito e esmalte queimados uma única vez
em temperaturas na faixa de 900 a 950 º C. Baixa interligação entre a
massa e o esmalte
MONOQUEIMA GRES : biscoito e esmalte queimados uma única vez em
temperaturas na faixa de 1180 ºC a 1300 ºC. Alta aderência entre esmalte e
biscoito. Partículas sólidas de argila se fundem. Baixa quantidade de poros
abertos. Elevada resistência mecânica e ao impacto e baixa absorção
d´água
Principais ensaios e recomendações
Norma ABNT NBR 13.818/97 – Placas cerâmicas para revestimento – Especificação
e métodos de ensaio.
Considerações gerais
. Arremates : cantoneiras de alumínio e rejunto
. Disposição :
- mata-junta
- junta a prumo
- diagonal (mata-junta ou a prumo)
. Cuidados preliminares
- molhar os azulejos (15 min a 2 horas - assentamento convencional)
- escorrimento do excesso de água
- Instalações executadas e testadas
- Revestimento do piso não executado
- Estudo das dimensões da parede pelo azulejista
. Assentamento
a) convencional
- base → emboço sarrafeado
- exemplo de traço p/ o assentamento :
1 : 4 cimento e areia lavada fina
- régua de madeira nivelada (1a. fiada)
- molha-se o emboço
- espalha-se argamassa nas costas do azulejo
- comprime o azulejo sobre o emboço
- bate-se com o cabo da colher (revestido)
- assentam-se as guias niveladas e aprumadas
(fiadas horizontal e vertical)
- completa-se a 1a. fiada utilizando-se espaçadores
- executa-se as fiadas seguintes
- Rejuntamento → 3 dias depois, cimento branco + água ou rejuntes préfabricados
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b) com argamassa colante
- cimento + minerais pulverizados + aditivos
- aplicada sobre emboço sarrafeado
- proporção em média de 1 l de água a 3 kg de argamassa colante
- Após o preparo repouso de 15 minutos e remassamento na hora do uso
- Usa-se peças cerâmicas secas (salvo recomendações do fabricante)
- Aplica-se com desempenadeira dentada
- Respeito do tempo em aberto
- Pressionadas até o extravasamento da massa
- Principais vantagens :
- maior produtividade
- menor perda
- maior limpeza
- dosagem controlada
- maior aderência
Cortes
. Rudimentar → cortador de vidro, ferro apontado, pedra de granito não polida, torquês
. C/ Equip. → Serra-mármore, máquinas
Juntas
. Juntas de assentamento (rejuntamento 3 dias após o assentamento). Segundo a NBR
13.755/96, devem preencher as seguintes funções :
- compensar as variações de bitola das placas cerâmicas, facilitando o
alinhamento;
- atender a estética, harmonizando o tamanho das placas e as dimensões do pano
a revestir com a largura das juntas entre as placas cerâmicas;
- oferecer relativo poder de acomodação às movimentações da base e da placa
cerâmica;
- facilitar o perfeito preenchimento, garantindo a completa vedação da junta;
- facilitar a troca de placas cerâmicas.
. Juntas de movimentação e dessolidarização
- uso de material de enchimento e selantes
- Norma ABNT NBR 8214/83 – Assentamento de Azulejos - Procedimento
- Norma ABNT NBR 13.755/96 – Revestimento de paredes externas e fachadas
com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante - Procedimento
Pastilhas
. Pequenas peças de cerâmica esmaltada ou fosca, ou de vidro, coladas em papel
grosso, em placas de +/- 40 x 60 cm
. Assentamento :
- base : emboço sarrafeado
- utilização de argamassas colantes industrializadas tipo II (que assentam e
rejuntam ao mesmo tempo)
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-
espalha-se a pasta, nata ou argamassa de assentamento na parede e no
verso das pastilhas com desempenadeira de madeira
- aplica-se a pastilha batendo-se com a desempenadeira de madeira
- papel todo molhado → fixação correta
- Após aplicação de 5 a 6 placas → 2 cortes verticais com a colher de
pedreiro e rebatimento (retirar o ar aprisionado)
- retirada do papel :
* após pega do material de assentamento
* somente água ou soda cáustica + água
(1 : 10 a 1:12) (limpeza final)
. Rejuntamento
* retoques em imperfeições no rejunto com a
própria argamassa de assentamento
PROJETO DE FACHADA EM REVESTIMENTO CERÂMICO
Preparo da base
. Camada de regularização (emboço) preferencialmente aplicada sobre alvenaria
chapiscada
. Condições da alvenaria para recebimento da argamassa de regularização (conforme já
apresentado anteriormente) :
- remoção de materiais pulverulentos (pó, barro, fuligem) → vassoura e se
necessário lavagem
- remoção de fungos (bolor) e microorganismos → solução de hipoclorito de
sódio (4 a 6 % de cloro) seguida de lavagem com água
- remoção de substâncias gordurosas e eflorescências → solução de 5 a 10 % de
ácido muriático seguida de lavagem com água
- base de concreto → remoção de película de desmoldante (escova de aço e
detergente), apicoamento, remoção e/ou tratamento de pregos e arames
(zarcão), tratamento de brocas com o próprio concreto ou argamassas com
aditivo adesivo
. Características do emboço (norma ABNT NBR 13.755/96):
- espessura inferior a 2,5 cm
- idade mínima de 14 dias (ideal de 30 dias)
- textura áspera
- desvio de planeza inferior a 3 mm em relação a régua retilínea de 2 metros
- não deve apresentar som cavo sob percussão
- resistência de aderência à tração superior a 0,3 MPa
- limpeza
Características do revestimento cerâmico
. Diferenças entre revestimentos cerâmicos para pisos, paredes internas e paredes externas
(fachadas)
. Características desejáveis para revestimentos cerâmicos de fachadas :
- expansão por umidade ≤ 0,6 mm/m
- absorção d´água ≤ 6 %
- garras poli-orientadas no tardoz
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- cores claras
- dimensões inferiores a 20 x 20 cm
. Norma ABNT NBR 13.818/97 – Placas cerâmicas para revestimentos – Especificação e
métodos de ensaio
Assentamento com argamassa colante
. Utilização de argamassa colante tipo AC-II
Recomendação de aplicações e tempo em aberto de argamassas colantes industrializadas
segundo a NBR 14.081/98
Aplicações
Tempo em aberto
Tipo da argamassa colante
(minutos)
AC-I
Ambientes internos exceto
saunas, churrasqueiras,
estufas e outros
≥ 15
revestimentos especiais
AC-II
Pisos e paredes externos
≥ 20
AC-III
Onde se necessita de alta
≥ 20
resistência à tensões de
cisalhamento, apresentando
aderência superior a dos
tipos
AC-I e AC-II
AC-III-E
Similar ao tipo AC-III,
≥ 30
porém com tempo em aberto
estendido
. Aplicação com desempenadeira de aço denteada 8 x 8 x 8 (peças maiores que 20 x 20
cm → dupla camada)
. Utilização de peças cerâmicas secas
. Uso de linhas ou espaçadores
. Colocação na fachada seguida de arraste e percussão eficiente
. Após o assentamento → limpeza em prazo inferior a 1 hora com espuma de poliuretano
limpa e úmida, seguida de secagem com estopa limpa
. Cuidados no preparo da argamassa colante :
- mistura mecânica em recipiente estanque (preferencialmente plástico),
protegida de sol, vento e chuva
- atenção a quantidade de água recomendada pelo fabricante
- utilização sacos inteiros
. Cuidados na aplicação da argamassa colante e do revestimento cerâmico :
- recomenda-se temperatura ambiente entre 5 ºC e 40 ºC e temperatura do
emboço e dos revestimentos cerâmicos entre 5 ºC e 27 ºC
- respeito ao tempo de remistura (em torno de 15 min.) para que os aditivos se
tornem ativos
- respeito ao tempo de utilização (2 horas e 30 minutos)
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-
respeito ao tempo em aberto (abertura de panos pequenos, de 0,5 a 1 m2)
. Verificação do tempo em aberto excedido :
- presença de película esbranquiçada
- toque com os dedos sem que estes se sujem
- arrancamento aleatório de uma peça a cada 5 m2, num tempo não superior a 30
minutos do assentamento e observação do tardoz não impregnado por
argamassa colante
Juntas
. Juntas de assentamento :
- espaços deixados entre as peças cerâmicas durante seu assentamento (8 a 10
mm)
- Parâmetro para cálculo :
A dilatação total (∆LT) é a soma da dilatação devido a expansão por umidade
(∆Leu) mais a dilatação térmica (∆L t), então :
∆LT = ∆Leu + ∆L t , e :
∆Leu = eu . Lo
(Lo = comprimento inicial)
∆L t = Lo . α . ∆ t
(Lo = comprimento inicial, α = coeficiente de dilatação térmica e ∆ t = variação
da temperatura)
-
rejuntamento 72 horas após o assentamento das peças
antes do rejuntamento deve ser realizado ensaio a percussão das peças
cerâmicas e limpeza e umidecimento das juntas
utilizar preferencialmente rejuntos pré-fabricados
recomenda-se a limpeza do material de rejuntamento sobre a face do
revestimento cerâmico seja feita após 15 minutos com pano limpo e úmido, e,
após mais 15 minutos, finalizar a limpeza com pano seco
. Juntas de movimentação :
- dividem um pano cerâmico extenso em panos menores, permitindo a
movimentação dos mesmos
- posicionadas preferencialmente na região de transição viga/alvenaria (juntas
horizontais) a cada pavimento e na região de transição pilar/alvenaria (juntas
verticais) a cada 6 metros (norma ABNT NBR 13.755)
- cortes são realizados no emboço para posterior introdução do limitador da
junta quando da execução da mesma (material de enchimento → espuma de
polietileno expandido)
- quando do rejuntamento das juntas de assentamento, as juntas de
movimentação são vedadas com papel
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-
introdução do limitador de junta (espuma de polietileno expandido) e
aplicação do selante da junta (mástique a base de poliuretano) utilizando-se
fita crepe nas bordas das cerâmicas
. Parâmetros para cálculo
- utilizam-se os mesmos apresentados para as juntas de assentamento,
admitindo-se que as solicitações irreversíveis oriundas da expansão por
umidade (também conhecida como dilatação higroscópica) foram absorvidas
pelas
juntas
de
assentamento,
trabalhando-se
portanto,
neste
dimensionamento, somente com a dilatação térmica
. Novas abordagens para os cálculos de juntas de movimentação horizontais :
- Segundo a publicação “Direct Adhered Ceramic Tile, Stone and Thin Brick
Facades - Technical Design Manual” o cálculo da largura das juntas
horizontais de movimentação para cada pavimento, para um prédio em
concreto armado com X metros de altura, para controle exclusivamente das
movimentações verticais, será função de sua movimentação térmica, retração,
fluência e deformação elástica, onde a movimentação total será expressa por :
0,006 . X . Z + 0,94 . X ,
(X = altura total do prédio e Z = variação da temperatura em º C)
Critérios :
. a largura das juntas deve ser de 3 a 4 vezes a
movimentação total das juntas
. a largura de cada junta deve ser de no mínimo 10 mm
- Portanto a largura total das juntas horizontais será de:
3 . (0,006 . X . Z + 0,94 . X)
e, consequentemente a largura de cada junta horizontal de movimentação será
de :
3 .(0,006 . X . Z + 0,94 . X)
n
(X = altura total do prédio, Z = variação da temperatura em º C e n = número
de pavimentos, incluindo o térreo, + 1, para se considerar uma junta ao nível
do piso térreo)
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. Exemplo de projeto de junta de movimentação :
Cerâmica
Argamassa
colante
Emboço
Selante
elastomérico
Espuma de poliuretano
expandido (Tarucel)
Alvenaria
Chapisco
. Juntas de dessolidarização :
- São utilizadas nas mudanças de direção entre um mesmo revestimento e nas
transições entre revestimentos diferentes (conforme exemplos apresentados a
seguir)
Revestimento
Emboço
Selante elastomérico (face
aparente em torno de 10 mm)
Fita crepe
Fita crepe
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Fita crepe
Selante elastomérico (face
aparente em torno de 10 mm)
Emboço
Revestimento
Argamassa
colante
Granito ou mármore
6 mm
Mastique à
base de
poliuretano
Fita crepe
6 mm
Revestimento
cerâmico
Parâmetros de aceitação
. Planeza : as irregularidades graduais não devem superar 3 mm em relação a uma régua
de 2 metros de comprimento e o desnível entre peças cerâmicas contíguas e entre estas e
as juntas de movimentação e estruturais não deve ser maior que 1 mm
. Alinhamento das juntas de assentamento : não deve haver afastamento maior que 1 mm
entre as bordas das placas cerâmicas teoricamente alinhadas e a borda de uma régua com
2 metros de comprimento, faceada com as placas cerâmicas da extremidade da borda.
. Aderência : Caso se julgue necessária a avaliação desta propriedade, podem ser feitos
ensaios de resistência de aderência (norma ABNT NBR 13.755/96).
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Referências bibliográficas
12-
34567-
8910-
11-
PIROLI, E. Revestimento de Paredes e Pisos. Notas de Aula. FCO. 1981.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Revestimento de
paredes externas e fachadas com placas cerâmicas com utilização de argamassa
colante – Procedimento. NBR 13.755. Rio de Janeiro, 1996.
CARVALHO JR., A. N., Notas de aula de Construção de Edifícios II. Belo
Horizonte, 1994.
CARVALHO JR., A. N., Descolamento de revestimentos cerâmicos em fachadas.
Jornal do Comate/Sinduscon –MG. P. 3-6. Belo Horizonte, 1997.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Assentamento de
Azulejos – Procedimento. NBR 8214. Rio de Janeiro, 1983.
VERDUCH, A. G., Colocacion de pavimentos y revestimientos cerâmicos. Instituto
de Tecnologia Cerâmica. Espanha.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Placas cerâmicas para
revestimento – Especificação e métodos de ensaio. NBR 13.818. Rio de Janeiro,
1997.
REVISTA TÉCHNE. Artigo Rumo ao Mundo. pp. 11 - 16, nº 8,
janeiro/fevereiro1994.
PORTOBELLO. Roteiro de palestra para balconista.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Argamassa colante
industrializada para assentamento de placas de cerâmica – Especificação. NBR
14.081. Rio de Janeiro, 1998.
GOLDBERG, R. P., Direct Adhered Ceramic Tile, Stone and Thin Brick Facades
- Technical Design Manual. Laticrete International, Inc. 1998.
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ROCHAS ORNAMENTAIS
Mármores e Granitos
. Mármores → calcários metamórficos, geralmente utilizados em interiores (baixa
resistência as intempéries), mais comuns os de coloração branca
. Granitos → constituídos principalmente por quartzo, feldspato e mica, muito boa
resistência e durabilidade (maior que a da maioria das pedras), utilizados
principalmente em exteriores (boa resistência ao intemperismo), maior dureza conduz
a maior dificuldade de produção da peça acabada o que consequentemente implica no
maior custo
. Por serem fornecidas pelas marmorarias serradas, polidas e enceradas, deve-se
tomar cuidado especial no manuseio e no assentamento para se evitarem os riscos nas
faces dos mármores e dos granitos
. Extração : Corte da bancada com fio diamantado, desmonte da bancada com
explosivos (“dar o fogo”), desmembramento com martelete para obtenção dos blocos
. Beneficiamento : Recebimento dos blocos, corte nos teares para obtenção das chapas
(2,70 x 1,60 +/- 0,20), polimento, corte para obtenção das placas
Preparo da base
Assentamento com inserts metálicos e sem argamassa (fachada aerada) :
. Regularização de irregularidades puntuais com argamassa e/ou encasque (argamassas de
assentamento de alvenaria com irregularidades, tijolos quebrados, irregularidades na
estrutura)
. Aplicação de duas demãos de emulsão asfáltica
. As fiadas de tijolos que recebem os inserts metálicos devem ser preenchidas com
argamassa ou então devem ser utilizados chumbadores químicos
Assentamento com argamassa + elemento de fixação metálica :
. Base : Alvenaria/Estrutura + chapisco (cimento e areia, traço 1 : 3) + emboço (cimento,
cal aditivada e areia, traço 1 : 1 : 6 ou cimento e areia, traço 1 : 6)
. Bases com elevada absorção devem ser previamente umedecidas
. A alvenaria/estrutura deve apresentar condições de limpeza e preparo como
apresentado anteriormente para os revestimentos argamassados e revestimentos
cerâmicos
. O emboço deve ser realizado 3 dias após a execução do chapisco e sua espessura não
deve ultrapassar 2,5 cm (no caso de espessuras maiores este deverá ser feito em etapas
e com a presença de tela, conforme projeto específico)
. Da mesma forma que nos revestimentos cerâmicos o emboço deverá ter idade
mínima de 14 dias (ideal 30 dias)
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Detalhes de projeto
. Especificidades dos materiais em função de sua utilização → Exemplifica-se com a não
adequação de mármores para uso em exteriores : o gráfico abaixo (Jack P. Stecich - 1990)
mostra a comparação relativa da perda de resistência entre o granito polido e o mármore
(fonte: Dissertação de Mestrado de FLAIN, E. P., 1995)
. De acordo com a norma ABNT NBR 13.707/96 (Projeto de revestimento de paredes e
estruturas com placas de rocha) o projeto de revestimento com placas de rocha
compreende :
a) vistas em escala conveniente, dos suportes a serem revestidos, com apresentação da
distribuição das placas e indicação dos dispositivos de fixação a serem empregados;
b) detalhes construtivos em geral : encaixes, ranhuras e furação das placas, dispositivos
de fixação, juntas de dilatação, fixações ao suporte, etc.;
c) memorial descritivo com especificação dos materiais e serviços;
d) tolerância máxima permitida para os desvios de prumo e planicidade do revestimento;
e) tipo de solda quando existir, e os cuidados necessários para a sua execução nos
dispositivos de fixação e destes com quaisquer parte do suporte.
. Quanto ao item c citado anteriormente (tolerâncias) o CSTB (Centre Scientifique et
Technique du Bátiment - 1984) recomenda os seguintes procedimentos :
Apoiando-se uma régua de 2 m de comprimento no revestimento, em qualquer sentido do
mesmo, o máximo desvio permitido é de 5 mm. Com uma linha de pedreiro
(comprimento máximo igual a 10 m) apoiada no revestimento, as flechas máximas
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medidas sob a linha deverão ser de 10 mm. O desvio máximo de verticalidade
correntemente aceito em relação a altura de um pavimento (menor que 3 m) é de 5 mm.
Para os edifícios de altura inferior a 28 m, o desvio máximo em relação a altura total do
mesmo deverá ser de 25 mm. Para edifícios com altura superior a 28 m não é mencionado
nenhum critério a ser adotado
. Para efeito de dimensionamento é de fundamental importância conhecer a que esforços
as placas de rochas e seus dispositivos de fixação estarão submetidos. A norma ABNT
NBR 13.707/96 identifica estas solicitações :
a) cargas paralelas ao plano das placas :
- peso próprio da placa;
- peso próprio de eventual camada de isolação térmica;
b) cargas perpendiculares ao plano das placas :
- ação de vento;
- impactos acidentais;
- peso próprio das placas quando colocadas na horizontal;
c) movimento relativo do suporte e do revestimento :
- deformações devidas às variações higrotérmicas;
- deformações permanentes devidas à retração e à deformação lenta do concreto.
. Principais materiais utilizados no assentamento, fixação mecânica e rejuntamento das
placas :
• argamassas
• selantes elastoméricos
• aço inoxidável, cobre e suas ligas, aço-carbono (galvanizado) e alumínio
. O CSTB (citado anteriormente) e o CSTC (Centre Scientifique et Technique de la
Construction - 1983) recomendam posicionar uma junta de movimentação horizontal a
cada 3 m e uma junta vertical a cada 8 m, independente do tipo de pedra, da variação
térmica ou do tipo de estrutura
Estocagem
. Por ser material natural poderiam ser estocadas a céu aberto, porém, dependendo da
porosidade e permeabilidade, devem ser estocadas em local coberto, sem estar em contato
com o solo e se possível coberto com lona plástica. A estocagem das placas pode ser
horizontal (separadas por ripas) ou vertical (em cavalete, separadas por ripas)
Assentamentos das rochas ornamentais
Referências :
. Com as vistas frontais das superfícies a revestir dispor eixos de referência para o
assentamento. Os eixos verticais (prumos compostos de corpos de prova de concreto
pendurados por arames fixados na platibanda através de ferros de construção) são
dispostos em posições particulares (cantos da edificação e aberturas de janelas). Os eixos
horizontais (arames ou linhas de pedreiro fixadas com pregos) são marcados com auxílio
de mangueira de nível ou nível a laser, dispostos a cada pavimento ou menos
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Tipos de fixação :
. Com argamassa convencional : grampos
. Com argamassa colante tipo AC-III : G-FIX, parafusos
O USO DA ARGAMASSA COLANTE PARA ASSENTAMENTO DAS PLACAS
CONDUZ A ALGUNS DETALHES, QUE SÃO DESCRITOS A SEGUIR:
. Deve-se utilizar argamassa colante tipo AC-III. Esta argamassa é aplicada com
desempenadeira de aço denteada, estendendo-a na parede com o lado liso e frisando-a
com o lado denteado. Neste caso, o formato dos dentes da desempenadeira deve ser
quadrado de dimensões 8 x 8 x 8 mm
. A argamassa deverá ser aplicada em camada única, isto é, apenas no emboço, caso a
peça seja limitada a dimensão de 20 x 20 cm. Para dimensões acima desta aconselha-se a
aplicação de argamassa colante em dupla camada, ou seja, aplicação na base e nas costas
da placa. Com placas com dimensões acima de 40 x 60 aconselha-se desempenadeira
com dimensão dos dentes de 12 mm
. Deve-se respeitar a espessura recomendada pelo fabricante da argamassa que estiver
sendo usada. Deve-se controlar o desgaste dos dentes da desempenadeira, pois a
quantidade de argamassa colante que permanece após o frisamento é função da sua
dimensão. Desempenadeiras com dentes gastos (diminuição da altura dos dentes em 1
mm) devem ser substituídas por novas ou devem ter a altura dos seus dentes recomposta
. O assentamento do revestimento com a utilização de argamassa colante exige que as
placas não estejam molhadas para que não ocorra prejuízo de aderência (a não ser que
hajam recomendações contrárias do fabricante da argamassa). Caso as placas estejam
sujas de poeira ou partículas soltas, estas deverão ser removidas com a utilização de um
pano seco. Em situações em que se faça necessário a molhagem das placas para a sua
limpeza, estas não deverão ser assentadas antes de sua completa secagem
. A placa de rocha ornamental limpa e seca será aplicada sobre os cordões de argamassa
colante ligeiramente fora de posição, sendo, em seguida, pressionada e arrastada até a sua
posição final, de modo a romper os filetes da argamassa. Atingida a posição final, a placa
deverá ser suficientemente percutida com os dedos ou com um martelo de borracha, para
não danificar sua face polida ou provocar a quebra da mesma. Uma percussão adequada é
fundamental, pois aumenta a área de contato da argamassa com a placa, aumentando,
assim, a sua resistência ao arrancamento. A percussão deverá ser feita até o
extravasamento da argamassa colante pelas laterais da placa
. Após o assentamento, recomenda-se a limpeza da placa num prazo inferior a 1 hora.
Esta deverá ser feita com esponja de espuma de poliuretano limpa e úmida, seguida de
secagem com estopa limpa. Preferencialmente, nunca devem ser utilizados ácidos para a
limpeza, devido a possibilidade dos mesmos provocarem manchas indesejáveis nas placas
(os ácidos, tais como o ácido muriático, podem atacar quimicamente materiais como os
mármores e em granitos podem provocar manchas avermelhadas devido a remoção de
íons de ferro originados da biotita e da granada)
. O preparo e utilização da argamassa colante demanda os cuidados já explicitados no
assentamento do revestimentos cerâmicos
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. Sem argamassa : Com inserts metálicos
Exemplo de sistema de fachada aerada :
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FUROS NAS PLACAS
. Segundo o CSTC (1983) os furos, ou devem se localizar a uma distância mínima entre o
seu eixo e o canto correspondente de 1/4 a 1/5 do comprimento da placa, ou devem
respeitar uma distância mínima do canto igual a três vezes a espessura da placa. A mesma
entidade (1967) acrescenta que o diâmetro dos furos deve ser da ordem de 2mm maior
que o diâmetro do corpo metálico e também que a distâmcia entre o furo e a face
posterior interna da placa deve ser no mínimo de 10 mm
. O elemento metálico deve ser limpo para facilitar sua aderência com o selante no
interior do furo. O preenchimento dos furos da placa com selante traz duas vantagens :
evita o contato metálico com a placa e inibe vibrações passíveis durante a vida útil da
placa
FUROS NA BASE
. O posicionamento dos furos de fixação dos chumbadores de expansão devem ser
realizados em conformidade com o projeto estrutural, entre outros. Deve-se evitar :
- áreas de grande concentração de armadura
- dutos de instalação elétrica/hidráulica
- furos de travamentos das formas
- proximidades de brocas não tratadas
JUNTAS DE DILATAÇÃO E MOVIMENTAÇÃO
. Juntas de dilatação (ou assentamento) :
- materiais :
argamassas ( 2 a 5 % resilientes)
selantes elastoméricos (silicones e mástiques 20 a 25 % resilientes)
- Fita crepe como limitador : evitar manchamentos
- Limpeza de selantes : álcool etílico ou isopropanol
- Frisamento para obtenção do abaulamento : dedo com luva de PVC, cano ou
ferro redondo
. Juntas de movimentação
- Material de enchimento : boa resiliência (espuma de polietileno expandido,
isopor)
- Material selante : silicones e mástiques (deformação sem ruptura - 20 a 25 %)
- Fator forma : dois para um (duas unidades na largura e uma na profundidade)
- Adesividade : o selante deve estar bem aderido a placa e mal aderido ao
material de enchimento
Curso de Especialização em Construção Civil – Disciplina Técnicas de Revestimento
Prof. Antônio Neves de Carvalho Júnior
-
Exemplo de junta de movimentação :
Granito
Argamassa
colante
Emboço
Selante
elastomérico
Espuma de
poliuretano expandido
(Tarucel)
Base de
concreto
Chapisco
Limpeza
. É recomendável que a limpeza do material de rejuntamento sobre a face da placa seja
feita após 15 minutos, com um pano limpo e úmido e, após mais 15 minutos, deve-se
finalizar esta limpeza com um pano seco. A limpeza deverá ser eficiente de modo a evitar
a necessidade de posterior utilização de ácido muriático na limpeza final. Para limpeza
mais pesadas, água + sabão neutro + palha de aço nº 0.
Referências Bibliográficas
1- FLAIN, E. P. ; Tecnologia de Produção de Revestimentos de Fachadas de
Edifícios em Placas Pétreas. Dissertação de Mestrado. USP. São Paulo, 1995.
TÉCNICAS. Projeto de
2- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
revestimento de paredes e estruturas com placas de rocha. Procedimento.
NBR 13.707. Rio de Janeiro, 1996.
3- CARVALHO JR., A. N. ; Notas de aula de Construção de Edifícios II . Belo
Horizonte, 1994.
4- CUNHA, M. G., Trabalhos encaminhados e correspondências pessoais. Belo
Horizonte, 1997.

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