andarnas MAKT
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#1 Marketing Guia do Empresário por Centro Tecnológico do Calçado de Portugal Indice Introdução 05 O que é o Marketing? 06 Os 3 pilares da Estratégia 10 O que é o mercado? 12 Estudos de mercado 14 Segmentação 18 Análise SWOT e PESTA 22 Comportamentos de Consumo 26 Marketing Mix 32 A marca e o seu posicionamento 36 Plano de Marketing O que é e para que serve? 42 Desmistificação 48 Conclusão 50 Bibliografia 51 2 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 3 Introdução O modelo de negócios de fileira do calçado em Portugal, alterou-se profundamente ao longo das duas últimas décadas. De uma lógica centrada na produção de artigos de média qualidade evoluiu-se para a produção de artigos sofisticados e diferenciados e de qualidade e desempenho de excelência relativamente à concorrência. Os destinatários do calçado português deixaram de ser as grandes e médias cadeias de retalho, que centralizaram os seus aprovisionamentos na Ásia, e passaram a ser as pequenas cadeias de retalho e os pontos de venda independentes. O resultado desta evolução pode verificar-se no preço médio de venda, que aumentou significativamente e que é actualmente apenas ultrapassado pela Itália, e no número de clientes que passou de algumas unidades para várias dezenas e em muitos casos centenas de clientes. As empresas portuguesas da fileira do calçado aumentaram a sua intervenção na cadeia de valor e são hoje responsáveis, em muitos casos os únicos responsáveis, pela captação das tendências da moda, pelo estilismo e desenvolvimento das colecções, pelo marketing e promoção, pela assistência ao cliente, pelo aprovisionamento de materiais e componentes, pela etiquetagem e pela expedição para o ponto de venda. Aos quadros dirigentes e supervisores exigem-se hoje conhecimentos e competências alargadas em vários domínios do saber. O Guia do empresário subordinado ao tema Marketing pretende desmistificar os conceitos associados ao marketing e mostrar as suas potencialidades quando correctamente aplicado. Será o primeiro de um conjunto de Guias destinados a todos os que fazem da fileira de calçado o seu modo de realização pessoal e profissional ousando sempre novos desafios para vencer. CTCP, S. João de Madeira, Dezembro 2009 Marketing O que é e para que serve? Seja numa PME ou num grande grupo económico, o marketing é uma forma de gestão empresarial focalizada nas necessidades do cliente, seja ele de produtos de consumo final ou de bens industriais e matérias-primas. É uma nova atitude na maneira de pensar e agir por parte de todos os colaboradores de uma empresa. O marketing permite: Identificar Satisfazer Antecipar necessidades do consumidor O objectivo básico é poder fazer com que se possa ter: O produto certo, no local correcto, no momento exacto, com o preço adequado. É uma forma de gestão que permite avaliar o passado, o presente e o futuro. É aplicável a produtos e serviços e focaliza-se em 4 políticas fundamentais que constituem os 4 Ps do Marketing, também designados como o marketingmix: Product – Produto (serviços incluídos) Price – Preço Place – Distribuição Promotion – Promoção É sobre estas politicas base que o marketing actua, trabalhando-as de forma a se poder alcançar a oferta ideal, posicionando-a para um determinado mercado e público-alvo. A promoção, ou seja, o trabalho que a empresa desenvolve para divulgar e comunicar ao mercado o seu produto e negócio constitui verdadeiramente a ponta visível de um enorme Iceberg, estando as restantes 3 políticas na parte invisível do Iceberg. Isto significa que as políticas de produto, de preço e de distribuição constituem trabalho de marketing muito importante, desenvolvido nos bastidores da empresa sendo apenas visível pelos consumidores o seu resultado final. Seja qual for o domínio em que se actue, o desenvolvimento do marketing implica que a satisfação das necessidades do consumidor seja o objectivo central de toda a actividade da empresa. Ao actuar desta forma, a empresa está a contribuir para alcançar os seus próprios objectivos de crescimento e rentabilidade. O Marketing como ferramenta de gestão empresarial pode ser visto a 2 níveis: - Como resposta às necessidades imediatas, a curto prazo – marketing operacional; - Como uma forma de gerir com visão estratégica a médio/ longo prazo – marketing estratégico. © arquivo CTCP O que é o Marketing? Fonte: “ Marketing Estratégico” – Jean-Jacques Lambin. Marketing estratégico Marketing operacional > Análise das necessidades dos consumidores: definição do mercado de referência; > Segmentação do mercado; > Análise da atractividade: mercado potencial e ciclo de vida; > Análise da competitividade: vantagem concorrencial defensável; > Escolha de uma estratégia de desenvolvimento. > Escolha dos segmentos alvo; > Elaboração de Plano de Marketing; > Actuação ao nível dos 4 Ps do Marketing: Produto; Preço; Promoção e Distribuição; > Avaliação de orçamentos de marketing; > Implementação de planos e controlo. Aspectos importantes > Análise; > Criar ou descobrir novas oportunidades; > Escolha de produtos e mercados; > Comportamento pró-activo; > Médio/longo prazo; > Responsabilidade transversal. O Marketing na empresa Nas PMEs, tradicionalmente o marketing operacional sobrepõem-se ao marketing estratégico. Vamos de seguida ver como é que estes 2 níveis se apresentam numa empresa: Marketing operacional A este nível, trabalha-se a componente de acção imediata, de conquista de mercados já existentes, com um horizonte temporal no curto/médio prazo. Pode considerar-se 8 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP > Acção; > Agir sobre oportunidades existentes; > Agir sobre as politicas de marketingmix; > Comportamento reactivo; > Curto prazo; > Responsabilidade da função marketing. que se expressa mais o comportamento comercial clássico, baseado em objectivos de volume de vendas, que trabalha as politicas base do marketing-mix. De uma forma geral, concretiza-se com a definição de objectivos de quota de mercado a atingir, de volume de vendas, de posicionamento pretendido (ver capitulo 9), da táctica a colocar em funcionamento. Este tipo de actuação deve dirigir-se sempre a cada marca ou actividade de uma empresa. De uma forma prática e simples, a função essencial do marketing operacional é criar volume de negócios, utilizando os meios mais eficazes e atendendo aos menores custos possíveis. Desta forma, actuar assim implica directamente na rentabilidade da empresa a curto prazo. É muito importante que este seja um nível trabalhado com muito dinamismo e próactividade de forma a qualquer produto independentemente da sua qualidade ou design: > ter um preço adequado ao seu mercado; > estar disponível nos locais de venda para o seu público-alvo; > apoiar-se em acções de comunicação destinadas a promover/divulgar a sua existência e valorizar as suas qualidades distintivas. Como se pode constatar, esta é a parte mais visível e espectacular do marketing onde a comunicação assume um lugar de destaque. O marketing operacional é o braço comercial da empresa, sem o qual qualquer plano estratégico por melhor que seja, não conseguirá maximizar resultados. No entanto, é necessária uma sólida estratégia para que a parte operacional seja rentável. Ser dinâmico sem reflectir estrategicamente é um risco para uma empresa, porque a pode fazer correr muito mas na direcção errada. Marketing estratégico Baseia-se na análise das necessidades dos consumidores. problema que é suposto que o produto forneça. A função do marketing estratégico é a de ajudar a empresa a analisar mercados, identificar necessidades dos consumidores e procurar esses mercados de referência onde a empresa pode trabalhar. A este nível podem ser detectadas oportunidades de produtos e/ou mercados que é necessário avaliar. Também tem de ser avaliada a concorrência pois a empresa tem de se focalizar na sua competitividade que pode ser alcançada através de vantagens concorrenciais, quer seja através de elementos distintivos do produto ou em vantagens ao nível produtivo (custos). A função do marketing estratégico é orientar a empresa para as oportunidades existentes ou criar oportunidades que sejam atractivas, adaptadas às capacidades das empresas (recursos e saber-fazer) e que ofereçam potencial ao nível do seu crescimento e da rendibilidade. Apesar de ser complementar ao marketing operacional, o marketing estratégico apresenta funções diferentes mas sempre com o mesmo objectivo, a satisfação das necessidades dos consumidores. Enquanto o marketing operacional trabalha essencialmente o marketing-mix, o marketing estratégico focaliza-se na escolha de produtos e mercados na qual a empresa detém vantagem competitiva, e na previsão da procura para cada um deles. O marketing operacional de seguida propõe objectivos a atingir tendo em consideração as expectativas estratégicas e o orçamento necessário para os alcançar. Tem de se ter sempre em mente que não é apenas um produto que o consumidor procura, mas sim a solução de um #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 9 Os 3 Pilares da Estratégia O processo de definição de uma estratégia é algo complexo e que exige reflexão demorada, seguindo uma série de critérios, que começa sempre pela definição dos 3 grandes pilares em que qualquer estratégia assenta: QUEM? O QUÊ? COMO? 1. QUEM serão os nossos clientes? A QUEM quero vender? 2. O QUE posso vender a esses clientes? QUE produtos quero e posso trabalhar? Muitos especialistas defendem que as respostas bem pensadas, debatidas e amadurecidas a estas 3 perguntas formam a base da estratégia de qualquer empresa. Naturalmente que as respostas a estas questões são sempre condicionadas pela opinião do empresário sobre o negócio em que ele está ou acha que está. Se o empresário acha que está a trabalhar no negócio do calçado tradicional, então ele dará respostas diferentes às 3 questões e definirá uma estratégia também diferente da estratégia do empresário que acha que está no negócio da moda. O primeiro, provavelmente, continuará a vender sapatos e só sapatos, eventualmente diversificando estilos de calçado que produz e/ou vende, enquanto que o segundo poderá provavelmente decidir acrescentar outros produtos aos seus sapatos e vender peças de vestuário, cintos, chapéus, cachecóis ou outros artigos de moda que combinem com os sapatos e sejam pensados e desenvolvidos para o seu QUEM. Para facilitar essa reflexão sobre os 3 pilares da estratégia, recomenda-se que empresário e a sua equipa utilizem uma ficha simples com o formato que abaixo se sugere, adaptando-a como bem entenderam, às suas necessidades. QUEM? O QUÊ? COMO? © Michael Flippo - Fotolia 3. COMO posso vender e entregar o meu O QUÊ ao meu QUEM de forma eficiente? 10 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 11 O que é o mercado? ca, na decisão da compra e no seu consumo. Embora não comprem fica claro que a empresa também se deve preocupar com eles, pois podem influenciar a compra. Um local construído por milhões de pessoas, todas diferentes uma das outras e que têm necessidades diferentes entre si. É o local onde é necessário oferecer bens ou serviços que satisfaçam as necessidades dos diferentes públicos. Distribuidores – são os grossistas, armazenistas, centrais de compras, retalhistas, entre outros. A sua influência também é grande quer pela escolha de produtos ou marcas que vendem, quer pela sua divulgação e promoção, ou ainda pela posição que assumem de conselheiros face ao cliente. Nestes públicos, podemos encontrar: Análise de mercado Clientes finais (actuais ou potenciais) – são os que consomem e por isso exercem uma influência mais directa sobre as vendas de produtos O mercado é um espaço heterogéneo onde milhões de pessoas se encontram, quer para vender, quer para comprar. Compradores – são os que compram mas normalmente não consomem nem utilizam os produtos. São muito importantes porque são os que tomam as decisões de compra. Assim sendo a empresa deve tê-los em conta quando definir as acções de marketing. Influenciadores – são terceiros que exercem influência e que se assumem como prescritores ou conselheiros, na escolha de um determinado produto ou mar- As empresas têm de estar permanentemente atentas ao mercado e analisá-lo constantemente. Existem várias formas de o fazer, umas mais complexas do que outras. A uma PME recomenda-se que utilize processos simples e intuitivos. No planeamento da abordagem a um mercado será sempre importante efectuar uma análise detalhada a esse mercado e a todos os que nele operam. Procura do produto da empresa Qual é a procura actual do meu produto nesse mercado? A evolução previsível da procura é de crescimento, estagnação ou declínio? Que volume de vendas ou quota de mercado posso conseguir nos 3 primeiros anos, nesse mercado? Clientes (Consumidores e Compradores) Quem compra o meu produto? Onde estão esse clientes? Quando compram o produto? Onde compram o produto? Que tipos de produto compram? Porquê compram o produto? Para quem compram o produto? Como é que compram o produto? Existem influenciadores da compra? Quem são e onde estão? Concorrência Directa e Indirecta poderão entrar em breve) Qual a tendência de evolução da concorrência no mercado? Barreiras à Entrada / Proteccionismo Existem barreiras aduaneiras? (taxas aduaneiras altas) Existem barreiras técnicas? (certificações de produto) Existe corrupção generalizada no mercado? (alfandegária, governamental, etc.) Existem barreiras culturais? (regionalismos, rivalidades, etc.) Existe qualquer outro tipo de barreira que dificulte os negócios nesse mercado? Estas são algumas das questões que qualquer empresário deve ponderar quando está a analisar mercados para preparar a sua abordagem. Eventualmente outras questões farão sentido dependendo do tipo de negócio da empresa, mas estas são as questões genéricas que vale a pena reflectir e pesquisar. Existem Concorrentes locais a operar no mercado? Quem são? Que dimensão têm? Existem Concorrentes estrangeiros no mercado? Quem são? Que dimensão têm? Existem produtos substitutos no mercado? Quais? Quem os vende? Quem são os concorrentes potenciais? (os que ainda não estão no mercado mas © arquivo CTCP O mercado é a sociedade. São conjuntos de pessoas, de públicos. Um local físico ou virtual, onde se fornecem bens ou serviços e se processam trocas comerciais entre os públicos que podem ser indivíduos, empresas ou instituições. Estudos de mercado “Imagine-se a andar nas montanhas. Chega a um cruzamento e tem de decidir se deve ir para a esquerda ou para a direita. © patrick fauvel - Fotolia A sua decisão deve ser tomada tendo por base a melhor informação disponível no momento: por onde passou até chegar ao cruzamento, qual das alternativas lhe parece mais viável, o que pode ver mais adiante e por aí fora. Pode, no entanto, optar pela decisão errada e acabar por cair num precipício. Fazendo uma retrospectiva você concluirá que o seu infortúnio se deveu à falta de informação de que dispunha na altura. Um bom mapa, por exemplo, teria suprido essa falha. Assim acontece nos negócios. A informação é necessária para aumentar as suas hipóteses de tomar as melhores decisões e os estudos de mercado são um dos «mapas» disponíveis para quem toma decisões nos negócios. É óbvio que isto não lhe dá a certeza de chegar sempre à conclusão ou objectivo fixado, uma vez que ao «mapa» pode faltar informação ou estar desactualizado.” in ‘Como fazer Estudos de Mercado’ de Paul Hague e Peter Jackson. HAGUE, Paul N. e JACKSON, Peter, Como Fazer Estudos de Mercado, Edições Cetop, Mem Martins, 1990 As PMEs tal como os grandes grupos económicos necessitam de estudar o mercado, já que esses estudos são os mapas que ajudam a empresa a tomar melhores decisões e assim, não se perder nos mercados. Podemos pensar os estudos de mercado de 2 formas: > comprando estudos a empresas especialistas; > desenvolvendo os próprios estudos de mercado. A compra de estudos garante, em princípio, resultados mais fiáveis e eficazes. No entanto, se uma PME não os puder comprar, poderá fazer os seus próprios estudos internamente, através da pesquisa e recolha de informação. Ao efectuar este tipo de pesquisas, a empresa tem de decidir que tipo de informação é relevante para responder ao seu objectivo e como poderá fazê-lo. Algumas formas que ajudam as PMEs a desenvolver os seus estudos são: 1. Saber exactamente qual o seu objectivo ou problema. O que quer vender? Quem é a sua concorrência? Quais os gostos do seu consumidor? Que preços se praticam para o seu produto? 2. Recolher informação A informação pode ser recolhida através de 2 formas, uma mais cara e trabalhosa e outra menos cara mas requer igualmente investimento de tempo. Ambas serão necessárias para a correcta tomada de decisões. a) Primária É original e será recolhida especificamente para o objectivo proposto inicialmente. É mais cara e requer mais tempo, mas é mais focalizada no problema a decidir do que secundária. Existem muitas formas de se recolher este tipo de informação, como sejam: a1. Entrevistas Telefónicas – ideal para recolher informação quando a amostra está muito dispersa geograficamente. Têm de ser bem estruturadas, mas tendem a ter pouca profundidade. Poderemos considerar como vantagens: > mais baratas do que as entrevistas pessoais; > podem ser geograficamente dispersas; > podem ser aplicadas de uma forma relativamente barata. Poderemos considerar como desvantagens: > possibilidade de o entrevistado desligar; > entrevistas tendem a ser curtas; > não se podem utilizar ajudas visuais; > não se podem avaliar comportamentos nem linguagens corporais. Pessoais – são realizadas entre duas pessoas. Podem ser realizadas de uma forma mais rígida para por exemplo, facilitar a comparação de dados quantitativos, ou mais exploratórias, para se poder aprofundar mais informação. #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 15 Poderemos considerar como vantagens: > permitirem aceder a mais informação; > poder-se utilizar imagens e produtos; > a linguagem corporal pode enfatizar respostas; > os entrevistados podem ser observados ao mesmo tempo. Poderemos considerar como desvantagens: > podem ser caras; > requer tempo para preparar e moderar; > alguns entrevistados dão respostas tendenciosas quando são confrontados em entrevistas pessoais. Nota: Com qualquer um destes tipos de pesquisa é necessário ter muita atenção relativamente à utilização de dados pessoais. A CNPD – Comissão Nacional de Protecção de Dados é o organismo que tem como atribuição genérica controlar e fiscalizar o processamento de dados pessoais. Existe legislação que protege a cada indivíduo e que tem de ser cumprida por toda e qualquer pessoa ou organização que utilize dados pessoais ou de empresas. Utilizando o correio - tradicionalmente, sempre se enviaram inquéritos por correio e provavelmente continuar-se-á a utilizar este meio, embora tenha vindo a decrescer nos últimos anos, devido ao uso crescente da internet. Também aqui se podem adquirir bases de a2. Inquéritos a3. Clientes -mistério Pessoais - assumem um formato muito semelhante ao das entrevistas pessoais acima mencionadas. Forma de recolha de informação utilizada no comércio a retalho, em que fornecedores da loja ou a gerência da própria loja, enviam clientes-mistério que simulam interesse em comprar de forma a recolher o máximo de informação possível sobre o funcionamento da referida loja. A informação recolhida sobre o serviço ao cliente e a experiência que este obteve, passa a ser objecto de estudo. #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP a4. Focus Group © Feng Yu - Fotolia Utilizando a internet - efectuados através de sites e do envio de e-mails, que podem ser potenciados com algum tipo de oferta; Informação de utilizadores quando se registam em sites como membros ou utilizadores. Poderemos considerar como vantagens: > relativamente económico; > utilização de ferramentas visuais (gráficos e imagens); > podem-se adquirir bases de dados de consumidores que respondam às necessidades do estudo. 16 dados específicas, para que a acção seja mais eficaz. As taxas de retorno são geralmente reduzidas, pelo que no limite após o envio pode ser necessário insistir para que haja respostas. Poderemos considerar como desvantagens: > é necessário ter conhecimento de softwares para aplicar questionários e métodos de processar informação; > pode eventualmente dissuadir utilizadores de visitarem o site. Esta técnica consiste em reunir um grupo seleccionado de entrevistados numa mesma sala. Trata-se de uma entrevista de grupo para aferir hábitos de consumo, gostos e necessidades relativamente a um determinado produto. Deve ser efectuada por entrevistadores muito experientes para que se consiga informação importante e aprofundada. a5. Testes de Produto Aqui trabalha-se ao nível da reacção e do comportamento do consumidor quando confrontado com um determinado produto. Haverá um observador que está atento a todos os pormenores: como segura o produto, como é feita a leitura do produto, quanto tempo o consumidor despende com o produto, entre outras coisas. b) Secundária (desk research) Este tipo de informação é de recolha mais simples, rápida, fácil e económica. É importante usar-se de objectividade neste caso, para que não haja o risco de dispersão com a consequente perda de tempo. Para realizar este tipo de recolha poderse-á recorrer a: > Associações empresariais; > Câmaras de comércio; > Revistas nacionais e internacionais sobre o sector; > Internet – sites de associações, empresas, marcas, portais temáticos, directórios de empresas, índices de expositores em feiras do sector, entre outros; > Contactos informais; > Pesquisas de marketing já existentes; > Estudos de informação estatística (CENSUS); > Outras ferramentas pertinentes, que criativamente consiga descobrir. Será interessante referir que para além das ferramentas acima referidas, as análises SWOT e PESTA que adiante se explicarão no capítulo 7 quando feitas com detalhe poderão constituir uma boa fonte de informação adicional sobre os mercados. #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 17 Segmentação O que é? É a capacidade de se poder dividir o mercado em vários subconjuntos, designados por segmentos de mercado. Estes segmentos devem ser homogéneos do ponto de vista das necessidades, dos comportamentos e das motivações de compra. A empresa pode decidir trabalhar de forma indiferenciada todos os segmentos com o mesmo produto usando assim uma segmentação de massas. Não é nada recomendável para o negócio do calçado este tipo de segmentação. Usa-se principalmente para produtos indiferenciados (detergentes, arroz, fósforos). A empresa pode também decidir trabalhar apenas um nicho de mercado concentrando toda a sua actividade nesse segmento com um único programa de marketing (conjunto de 4 Ps). Neste caso aplica-se um modelo de segmentação única. se entre si. Dependem ainda do tipo do tipo de negócio. Existem 2 tipos de ambientes onde os negócios acontecem: B2C business-to-consumer são os negócios de consumo final que as empresas dirigem aos consumidores; B2B – businessto-business são os negócios de bens industriais e mercadorias que as empresas transaccionam entre si. B2C – Business-to-Consumer São 4 as classes de critérios de segmentação que podem ser usados neste ambiente. 1 – Critérios demográficos, geográficos, sociais e económicos São directos e de fácil aplicação. Procedem à divisão, por exemplo: Demograficamente: sexo, idade, dimen- são e composição da família; Geograficamente: países, regiões, cidades, clima e categoria da área habitada (urbana ou rural); Socialmente: profissão, religião habilitações académicas e classe social; Economicamente: rendimento económico. 2 – Critérios de personalidade e de estilo de vida Estes critérios são menos fáceis de observar e de medir do que os anteriores e são utilizados com menor frequência. 18 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP Assim como analisa também atitudes, opiniões e tipos de consumo 3 – Critérios de comportamento em relação ao produto De uma segmentação focalizada no consumidor, passamos agora para outra focalizada no produto. Aqui pode-se analisar entre outras coisas: Referem-se às características gerais e estáveis dos consumidores, mas a um nível mais profundo. Analisam a personalidade do consumidor: autoritário ou benevolente; emo- © Suprijono Suharjoto - Fotolia A empresa pode ainda decidir servir vários segmentos em simultâneo. Cada segmento pode constituir um mercado potencialmente distinto, e por isso se recomenda que a empresa desenvolva um marketing-mix (4Ps) específico e adaptado a cada segmento. Cabe à empresa decidir se se quer dirigir à totalidade do mercado ou concentrar-se num ou mais segmentos do seu mercado de referência. Para se alcançarem esses subconjuntos a empresa pode usar uma série de critérios que variam consoante o produto, país, empresa, podendo ainda combinar- tivo ou reflectido; se tem atitude positiva ou negativa; se demonstra interesse ou desinteresse; se é dinâmico ou passivo, entre outros. > A posição do consumidor face ao produto: se o consumidor é novo, potencial, habitual, ocasional e qual o seu grau de fidelização. Este tipo de análise permite diferenciar as atitudes e os comportamentos face ao produto. > Papel dos consumidores: analisar se os compradores são ou não os consumidores e perceber se existem prescritores que exerçam influência na compra. > Quantidades consumidas: diferentes níveis de quantidade consumida indicam diferentes necessidades por parte dos consumidores > Situações específicas ou eventos: é situacional. Tem a ver com necessidades específicas e pontuais (ex. casamentos, baptizados, comunhões…) > Hábitos de utilização: aqui analisa-se o modo de utilização do produto: Quando usa? Porque usa? Frequência de uso; usa por gosto ou necessidade. #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 19 Estes critérios focalizam-se em algo intangível, mas que vai provocar a compra. É o benefício que cada consumidor retira da utilização do produto. O mesmo produto pode ser comprado por pessoas diferentes que tenham atitudes psicológicas diferentes. Por exemplo, uma máquina fotográfica pode ser utilizada por amadores para recordar momentos ou por artistas para criar arte ou por profissionais para fazer fotografia de moda. B2B – Business-to-Business São 5 as classes de critérios de segmentação que podem ser usados neste ambiente. 1 – Variáveis Macro > Tipo de indústria/ sector de actividade; > Dimensão da empresa; > Localização. 2 – Variáveis Operacionais >Tecnologia; > Cliente que já usou/ cliente que nunca usou; > Capacidades do cliente (operacionais, técnicas e financeiras). 3 – Abordagens de compra > Organização do centro de decisão (empresas que tomam decisões rápidas ou mais lentas); > Politicas de compra (frequência; nível burocrático); > Critérios de compra (critérios para tomar decisões de compra, por exemplo: local de fabrico). 20 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 4 – Factores Situacionais > Urgência (necessidade de serviço urgente ou não); > Aplicação específica (aplicação especifica que a empresa vai dar ao produto. Estou a lídar directamente com fábrica, agente, armazenista? Decisão a este nível – directo ou indirecto); > Tamanho de encomenda (encomenda mínima). Cada empresa decidirá quais os critérios que deve considerar num processo de segmentação B2B para definir o tipo de cliente que pretende abordar. Ficam aqui exemplos dos critérios de segmentação B2B e B2C que qualquer empresa pode trabalhar. A questão reside agora na sua escolha. No entanto, deve-se ter sempre em atenção: a sua pertinên- cia face ao mercado em questão; capacidade de se poder facilmente medir, de forma a se dimensionar o segmento, verificar a pertinência do critério e para que se possam analisar detalhadamente as características de cada segmento; e o seu valor operativo, ou seja a capacidade que detêm para passarem informação que ajude o gestor de marketing a adaptar as suas políticas de marketing. 5 – Características Pessoais > Motivação do comprador; > Relação comprador-vendedor (relação profissional, de amizade, cordial, conflituosa); > Percepção do risco (carácter inovador e de abertura a novas experiências por parte do comprador). Naturalmente, que nem sempre é possível ou faz sentido fazer o trabalho de segmentação tão detalhado e usando todas as classes de critérios mencionadas. © Andres Rodriguez - Fotolia 4 – Critérios de atitude psicológica em relação ao produto Análise SWOT e PESTA SWOT © Tjall - Fotolia A análise SWOT é uma ferramenta de marketing usada para avaliar uma empresa e a sua relação com o mercado. Esta análise é feita numa das primeiras fases do planeamento e ajuda a empresa a se conhecer melhor e se concentrar nas questões fundamentais. Consiste num exercício de reflexão com o objectivo de identificar e listar os principais Pontos Fortes e Pontos Fracos da empresa, sobretudo em relação à sua concorrência. Ambos são factores internos à empresa e por ela controláveis, sendo que os Pontos Fortes devem ser potenciados e os Pontos Fracos devem ser melhorados, atenuados ou mesmo eliminados. 22 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP A análise SWOT consiste também na reflexão, identificação e listagem das principais Oportunidades e Ameaças, que são factores externos à empresa e que esta não pode controlar. É importante que a empresa faça a identificação destes factores para se preparar de forma a poder reforçar os Pontos Fortes, corrigir e/ou eliminar Pontos Fracos, aproveitar Oportunidades e defender-se das Ameaças. Assim, os Pontos Fortes detectados são a vantagem competitiva da empresa, aquilo que a diferencia dos seus concorrentes e faz com que os clientes sejam e continuem a ser clientes. A empresa deverá tomar medidas para manter e reforçar esses Pontos Fortes. Assim, a empresa deverá estar permanentemente atenta a tudo o que se passa lá fora. O empresário e sua equipa devem pesquisar e ler regularmente informação sobre o mercado e o negócio, que lhes permita detectar Oportunidades e aproveitálas antes dos seus concorrentes. Nesse exercício de reflexão é muito importante que a empresa seja honesta e não tenha vergonha de admitir e listar os seus Pontos Fracos, pois só assim os poderá corrigir ou eliminar. Muitas empresas, durante a análise SWOT, tentam ignorar e/ ou esconder as suas próprias Fraquezas e só identificam as Forças que possuem, ainda que por vezes o façam sem querer. No entanto, esta posição não lhes permitirá corrigir e melhorar os pontos menos positivos na empresa. Um Ponto Fraco pode ser, por exemplo: > não possuir competências de marketing; > ter produtos banais e indiferenciados; > ter reputação negativa no mercado; > ter problemas financeiros ; > não possuir colaboradores competentes ou especializados; > ter custos altos de produção/operação; > ou qualquer outro aspecto negativo que a empresa não domine ou faça mal. Uma Ameaça pode ser, por exemplo: > um novo concorrente no mercado; > guerras de preços com a concorrência; > lançamento de um produto concorrente; > sazonalidade de um negócio; > uma nova lei ou imposto que prejudica o nosso produto; > clima excepcionalmente adverso ao consumo do nosso produto; > ou qualquer outro aspecto menos positivo que exista lá fora, no mercado e que possa dificultar a actividade da empresa. De igual forma, a empresa deve estar atenta não só às Oportunidades que pode aproveitar, mas também às Ameaças que possam existir, para preparar a sua defesa e não ser surpreendida por esses eventos desagradáveis ou até mesmo perigosos. Um Ponto Forte poder ser, por exemplo: > possuir uma boa força de vendas; > possuir um produto inovador ou diferente; > ter uma boa localização da empresa; > ter facilidade de acesso ao crédito; > ser financeiramente forte; > ter boa carteira de clientes; > ter equipamentos tecnologicamente avançados; > dominar qualquer outro aspecto que permita acrescentar valor ao seu produto ou serviço. Assim, os Pontos Fracos são o “calcanhar de Aquiles” da empresa e que impedem o negócio de crescer e se desenvolver. A empresa deverá tomar medidas para combater e corrigir esses Pontos Fracos. Uma Oportunidade pode ser, por exemplo: > um novo mercado em desenvolvimento; > a possibilidade de fazer uma aliança estratégica com um concorrente ou outro parceiro; > abordar novos segmentos de mercado; >o desaparecimento de um concorrente num determinado mercado; > uma lei que favorece o consumo de um produto; > o aproveitamento de um novo canal de distribuição do produto, como a Internet; > ou qualquer outro aspecto interessante e positivo que a empresa detecte no mercado e possa ajudar o negócio a se desenvolver. Assim, a empresa deverá tomar medidas que lhe permitam defender-se das Ameaças que possa detectar, para que elas não tenham um impacto forte no seu negócio e não lhe causem grande prejuízo. A análise SWOT tem a desvantagem de ser algo subjectiva, pelo facto de resultar de reflexões e opiniões pessoais. Por isso, deve ser usada apenas como guia de orientação no planeamento do negócio e da abordagem ao mercado. Para minimizar essa subjectividade, será recomendável: > ser realista na identificação das forças e fraquezas da empresa; > tentar distinguir entre onde a empresa está hoje e onde prevê que esteja no futuro; > ser conciso e específico evitando ambiguidades; #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 23 > fazer comparações entre a empresa e os concorrentes mais directos; > fazer uma análise SWOT curta e simples, evitando complexidades e desenvolvimentos detalhados. O resultado da análise deverá ser registado em tópicos breves numa tabela com a seguinte forma: Pontos Fortes > > Pontos Fracos > > Oportunidades Ameaças > > > > Por fim, quando todos os factores relevantes forem identificados, devem ser transformados em objectivos de marketing. Este é o verdadeiro propósito da Análise SWOT, ou seja, definir que medidas tomar para: > reforçar os pontos fortes; > corrigir ou eliminar os pontos fracos; > aproveitar as oportunidades; > defender-se das ameaças. PESTA Depois de efectuada a Análise SWOT é muito importante que a empresa reflicta e pondere também sobre o ambiente que a rodeia. Aliás, a análise dos factores externos que poderão ter impacto no negócio da empresa, deve ser feita continuamente e considerada em todos os aspectos do planeamento. 24 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP A envolvente de marketing da empresa inclui: O ambiente interno (o interior da empresa); > recursos humanos, materiais e financeiros. O micro-ambiente (o exterior próximo da empresa): > clientes, agentes, distribuidores, fornecedores, concorrência. O macro-ambiente (o exterior um pouco mais distante da empresa): > factores politico-legais, económicos, socio-culturais, tecnológicos e ambientais. A análise PESTA concentra-se no macroambiente. Vejamos em detalhe esses factores externos: Factores Politico-Legais Se a estrutura política e legal tem forte influência sobre a regulamentação do negócio e/ou sobre o poder de compra dos consumidores, dever-se-ão ponderar questões como: > O ambiente político é estável? > As políticas governamentais podem influenciar as leis que regulam ou tributam o negócio? > Existem posições do governo sobre ética nos negócios? > Quais são as políticas económicas do governo? > O governo tem opinião sobre questões culturais e religiosas? > O negócio é afectado por acordos comerciais internacionais? (UE, NAFTA, ASEAN, MERCOSUL, entre outros). Factores Económicos Devem também ser pensados e considerados aspectos de ordem económica que possam influenciar o negócio no curto e longo prazo, tais como: > Taxas de juro; > O nível de inflação e taxa de emprego; > As previsões do PIB per capita no longo prazo; > Nível de acesso ao crédito; > Outros factores económicos que possam ser relevantes para o negócio da empresa, entre outros…. Factores Sócio-culturais Os factores sociais e culturais variam consoante os países e os negócios. Alguns dos factores que devem ser ponderados são os seguintes: > Qual a religião dominante? > Que atitude têm os consumidores perante produtos estrangeiros? > Os estilos de vida das populações têm influência no consumo do nosso produto? > O nosso produto é dirigido a homens, a mulheres, jovens, crianças ou é indiferenciado? > Qual a esperança média de vida das populações? As populações mais idosas em geral vivem desafogadamente? > As populações em geral são sensíveis a produtos ecológicos? > Os nossos concorrentes têm tecnologia igual, melhor ou pior que a nossa? > A tecnologia permite maior rapidez e eficácia na distribuição e promoção dos nossos produtos? > Em geral o impacto das novas tecnologias no negócio da empresa é particularmente positivo, negativo ou indiferente? Factores Ambientais O clima e a consciência ecológica das populações são factores que podem influenciar de forma significativa o negócio da empresa e a adesão aos seus produtos. Convém ponderar questões como as seguintes: > O clima predominante afecta de alguma forma o consumo do produto e o negócio em geral?; > Existe uma consciência ecológica enraizada no mercado?; > O produto é “amigo do ambiente” ou pode ser modificado nesse sentido?; > Faz sentido desenvolver produtos com componentes ecológicas para conquistar mais facilmente uma posição no mercado e conseguir diferenciar-se da concorrência? Os factores acima descritos devem ser contínua e criativamente observados e explorados de forma a retirar o máximo de informação possível do mercado. Factores Tecnológicos As tecnologias e o seu desenvolvimento podem ser uma vantagem competitiva importante. Os seguintes aspectos, entre outros, devem ser pensados: > A tecnologia permite baixar os custos de produção e manter ou aumentar a qualidade dos produtos? #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 25 Comportamentos de consumo Qualquer empresa está dependente do seu maior capital, o cliente (consumidor). De uma forma geral, o comportamento do consumidor pode ser explicado tendo em consideração 3 abordagens distintas: > ao nível das necessidades e motivações; > ao nível das atitudes; > ao nível das características do indivíduo. Seguidamente, poderemos ver como cada uma destas abordagens actua ao nível do comportamento de consumo. 1. As necessidades e motivações Todo o indivíduo tem necessidades físicas e psíquicas. Tendo em consideração essa afirmação, Abraham Maslow, reconhecido psicólogo Americano de ascendência Russa, hierarquizou as necessidades humanas numa pirâmide, que ficou conhecida como Pirâmide de Maslow. Na sua lógica de pensamento, as necessidades não satisfeitas são as que explicam o comportamento dos indivíduos, orientando-os para tudo o que os pode satisfazer. Desafios mais complexos, trabalho criativo, autonoAuto mia, participação nas decisões. realização Auto estima © Danilo Giagnoli - Fotolia Afecto social Ser gostado, reconhecimento, promoções, responsabilidade por resultados. Bom clima, respeito, aceitação, interacção com os colegas, superiores e clientes. Segurança Amparo legal, orientação precisa, segurança no trabalho, estabilidade, remuneração. Fisiológicas Alimentação, moradia, conforto físico, descanso, lazer. #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 27 Já no que se refere às motivações, pode dizer-se que são estímulos ou desejos que impelem o indivíduo a praticar algo. Podem ser primárias ou secundárias. sua posição social e de comunicar a sua personalidade. São um meio de ele se apresentar aos outros e de mostrar a imagem que tem de si próprio. 2. As atitudes Estilos de Vida São modos de pensar ou de sentir em relação a um objectivo. São tendências ou predisposições do indivíduo para avaliar um objecto e reagir perante ele. São crenças, sentimentos e tendências para agir. São padrões de vida dos indivíduos expressos por actividades, interesses e opiniões. São correntes socio-culturais que agrupam tipos de consumidores com comportamentos estereotipados que terão também reflexo no consumo. Os estudos dos estilos de vida normalmente são agrupados segundo os seguintes critérios: 2. Interesse O consumidor sente-se motivado a procurar informações sobre o novo produto/ serviço; gos, vizinhos, colegas de trabalho, grupos religiosos, pares em associações e colectividades, assim como o papel que o consumidor tem na sociedade e o seu status, influenciam os comportamentos de compra. 3. Avaliação As atitudes apresentam 3 componentes: Atitudes cognitivas: Crenças (Atenção > Conhecimento); Atitudes afectivas: Sentimentos (Avaliação > Preferência); Atitudes comportamentais: Tendências para agir (Convicção > Compra). 3. As características dos indivíduos As próprias características dos indivíduos também afectam o seu comportamento, como sejam: Personalidade Comporta tudo aquilo que diferencia os indivíduos na forma de reagir a uma mesma situação: > de forma calma ou nervosa; > tímida ou audaciosa; > hesitante ou segura. E de acordo com a sua personalidade e atitude perante os outros, os indivíduos podem ainda ser: positivos, agressivos, desligados… De uma forma geral, estas são as 3 abordagens que influenciam o comportamento do consumidor e às quais deve ser dada especial atenção. Numa fase posterior, para o cliente potencial se tornar consumidor regular de um produto/ serviço, existe todo um processo mental o que leva a tomar conhecimento desses novos produtos/ serviços, os experimentar e depois decidir se adopta ou rejeita. A este processo dá-se o nome de adopção e apresenta 5 etapas: 1. Consciencialização 28 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 4. Experimentação O consumidor experimenta o novo produto para poder melhor avaliar o seu valor; 5. Adopção / Rejeição > identificação pessoal (idade, sexo, rendimento, profissão); > comportamentos; > atitudes; > motivações e aspirações; > sensações e emoções. Imagem de si próprio Certos comportamentos de consumo revelam um meio do indivíduo exprimir a O consumidor entra na fase de ponderar se deverá experimentar o novo produto/ serviço; O consumidor toma conhecimento do novo produto, mas não tem informação sobre ele; O consumidor decide usar regularmente o novo produto ou então rejeita-o. Para que melhor compreendamos como funciona a mente dos consumidores, é importante dizer que é razoavelmente comum o consumidor decidir terminar o processo em qualquer uma das 5 fases e não o concluir. No entanto, existem 4 factores determinantes no comportamento de compra: > Factores Culturais; > Factores Sociais; > Factores Pessoais: > Factores Psicológicos. Factores culturais Valores, princípios, percepções, nacionalidade, religião, região geográfica e classe social são factores muito importantes na construção das decisões de compra. Factores pessoais A idade, profissão, circunstâncias económicas, estilo de vida, personalidade e a imagem que o consumidor tem de si próprio são factores de ordem pessoal que também determinam as decisões de compra. Factores psicológicos A motivação, percepção, aprendizagem, crenças e atitudes são factores psicológicos que influenciam os comportamentos de compra. No que toca ao comportamento do consumidor, interessa destacar que num processo de compra, existe um factor de grande importância para o consumidor – o valor que ele atribui ao produto. Definição de valor do ponto de vista do cliente É a diferença entre o valor total para o cliente e o custo total para o cliente. O valor total é o conjunto de benefícios que o cliente espera obter com o consumo de um produto ou serviço. O custo total é o conjunto de custos que os consumidores esperam incorrer para avaliar, obter, utilizar e descartar um produto ou serviço. Factores sociais Grupos de referência como família, ami- #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 29 © Danilo Giagnoli - Fotolia Um Produto pode ser um Bem Tangível, um Serviço ou uma Ideia, ou ainda combinações dessas coisas. As fases do processo de compra O processo começa sempre com uma necessidade: > Fisiológica; > Psicológica; > Sociológica. Um atributo é uma característica física ou psicológica de um produto, uma característica tangível ou intangível, característica essa que, pelo facto de existir, satisfaz uma ou várias necessidades dos consumidores. E normalmente as necessidades humanas são uma combinação complexa dos 3 tipos acima mencionados. O preço, a cor, o design, o tamanho, são atributos de uma aparelhagem de som, mas a qualidade do som, o status e prestígio que a marca confere ao seu dono, também são atributos que o cliente considera no momento da compra. Por exemplo, quando compramos um casaco o nosso comportamento pode ser motivado pela satisfação da necessidade física de nos abrigarmos do frio e simultaneamente pela necessidade sociológica de estarmos na moda e parecermos bem vestidos aos olhos dos outros. Necessidades fisiológicas: Necessidades psicológicas: Necessidades sociológicas: > Alimentação; > Descanso: > Abrigo e conforto; > Estímulo dos sentidos; > Procriação. > Auto estima; > Novidade; > Excitação; > Protecção do Ego; > Consistência Cognitiva (comprar produtos que reflectem nossa personalidade e com os quais nos identificamos). > Aceitação; > Pertença; > PoderStatus. As necessidades dos consumidores podem estar em 3 estados diferentes: Insatisfação consciente necessidades não estão satisfeitas e a pessoa tem consciência disso; Insatisfação inconsciente necessidades não estão satisfeitas e o consumidor não tem consciência disso; 30 Resumindo: #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP Satisfação necessidades estão satisfeitas. O objectivo da actividade de marketing é o de fazer com que as necessidades dos consumidores passem sempre ao estado de insatisfação consciente. tado de Insatisfação Consciente, ela pode ser : tolerável ou intolerável. As acções de marketing devem ser exercidas sobre o consumidor para que ele ache a necessidade intolerável e sinta vontade de a satisfazer. Para que o consumidor escolha um produto, é fundamental que ele tenha os atributos que satisfazem as suas necessidades. Sem esses atributos que o consumidor valoriza, as acções de marketing serão pouco ou nada eficazes. Depois de uma empresa seleccionar o segmento de mercado que quer abordar, é importante perceber quais os atributos que os consumidores desse segmento valorizam nesse tipo de produto, estudar e perceber o comportamento de consumo dessas pessoas e adaptar o produto aos gostos e necessidades desses consumidores, consoante a sua personalidade, o seu estilo de vida, as suas características geográficas, demográficas, psicográficas, entre outras e preparar acções de marketing para convencer o cliente a preferir o seu produto em vez do da concorrência. O que são os atributos de um produto? Convém esclarecer que na perspectiva de marketing, um Produto pode ser uma de 3 coisas ou combinações de 2 ou 3 dessas coisas. Quando uma necessidade está nesse es- #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 31 Marketing Mix Como podemos conseguir esses objectivos? Não existem fórmulas mágicas que permitam garantir o sucesso nos negócios. No entanto, existem tácticas e técnicas de marketing que ajudam a planear de forma mais eficaz a abordagem da empresa ao mercado. Price (Preço) - é o preço pelo qual a empresa vende esse produto. Place (Distribuição) - é o lugar onde esse produto é vendido e a forma como a empresa faz chegar o produto até ao seu cliente. Promotion (Promoção) - é a forma como a empresa comunica ao mercado esse produto e o promove junto dos potenciais clientes. PRODUTO O maior ou menor sucesso dependerá depois da empresa, do mercado que vai abordar, da conjuntura existente e também da capacidade de cada empresa em saber utilizar e aplicar de forma correcta e eficaz essas ferramentas de marketing. A principal técnica de marketing consiste em trabalhar correctamente as 4 variáveis do Marketing-Mix e em conseguir adequá-las ao mercado que se pretende abordar, fazendo com que essas variáveis estejam em permanente interacção e sintonia com o mercado. As 4 variáveis do Marketing-mix são conhecidas como os 4 Ps: > Product; > Price; > Place; > Promotion. Product (Produto) - é um bem, ideia ou serviço que a empresa vende. 32 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP PREÇO MERCADO DISTRIBUIÇÃO PROMOÇÃO Os profissionais de marketing da empresa deverão ir ao mercado, falar com clientes, observar consumidores, analisar concorrência e sua oferta e tentar perceber o que o mercado quer e precisa em termos de produto, de preço, de canais de distribuição e de promoção ou comunicação. Depois, deverão voltar para a empresa e desenvolver ou adequar essas 4 variáveis, com base em toda a informação recolhida, de forma a se diferenciarem da concorrência e prepararem uma oferta que o mercado valorize e esteja disposto a comprar. Seguidamente, vamos analisar cada uma das variáveis do marketing-mix através dos seus pontos-chave: Produto Preço Nível de qualidade | Características físicas e funcionais | Marca | Design | Embalagem | Linhas de produtos | Ciclo de Vida do Produto | Serviços associados ao bem tangível. Nível de preços | Política de Descontos | Condições de Crédito | Condições de Pagamento Cada um destes aspectos do Produto deve ser pensado pela empresa de forma a se adequarem aos gostos e necessidades dos clientes/consumidores existentes no mercado. O preço é a quantidade de dinheiro ou espécie que se troca pela propriedade de um produto ou serviço. Mas o preço é mais do que isso. Preço é VALOR. e pelo qual está disposto a pagar. O preço não deve ser apenas uma expressão matemática. Deve ser o equilíbrio de percepção entre o valor que o cliente atribui, percebe ou retira do produto e aquilo que o cliente está disposto a pagar. Distribuição É essencialmente o valor percebido pelo cliente para um determinado produto. É o valor que o cliente atribui ao produto Canal de Distribuição adequado | Logística de Distribuição | Estratégias de Distribuição. A variável distribuição consiste na escolha dos locais onde o produto será vendido e essa decisão pode ser tomada com base em 3 estratégias distintas, a saber: A distribuição intensiva coloca o produto à venda na maior quantidade possível de pontos de distribuição. A distribuição exclusiva coloca o produto em poucos pontos de venda seleccionados com o objectivo de controlar a cadeia de distribuição. © Yuri Arcurs - Fotolia Vimos já que Marketing é a actividade que nos ajuda a estudar, analisar e trabalhar correctamente o mercado para mais facilmente conseguirmos sucessos. #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 33 A distribuição selectiva coloca o produto num único canal de distribuição estando presente de forma intensa nesse canal. A variável distribuição envolve ainda todos os processos logísticos para fazer chegar o produto desde o fornecedor ou fabricante até ao consumidor final, como por exemplo: procedimentos de armazenagem e gestão de stocks, processamento e preparação de encomendas, transportes de mercadorias, sistemas de informação, entre outros. O grande objectivo da Distribuição é o de ter o produto certo, no local certo, no momento certo, ao menor custo possível. Trata-se de uma variável importante do Marketing-Mix porque põe o produto em contacto com o cliente. É difícil de trabalhar e deve ser bem pensada, pois envolve terceiros, com interesses diferentes dos da empresa. Por esse motivo muitas vezes se decide investir nos seus próprios canais e controlar a Distribuição dos seus produtos. Que estratégia de promoção utilizar? Push (de produto) ou Pull (de mercado)? Promoção Mix promocional | Meios acima e abaixo da linha a utilizar | Estratégia de promoção Push ou Pull | Mensagens Publicitárias | Avaliação de resultados. Esta variável do Marketing-Mix consiste em definir e trabalhar a política de comunicação do produto ao mercado. Para poder vender mais e melhor o seu produto, a empresa tem de comunicar que possui esse produto e o promover junto dos potenciais clientes. Existem 2 grandes tipos de Promoção do produto e da própria empresa. A Promoção Acima da Linha que envolve toda a comunicação visível nos meios de grande alcance como a televisão, imprensa ou rádio. Push significa promover o produto nos distribuidores e apoiá-los na sua promoção junto dos clientes deles. Pull significa promover o produto ou a marca junto do consumidor final fazendo com que ele pressione os distribuidores a comprarem na origem. A adopção de uma ou de outra, por parte da empresa, dependerá também da estratégia de distribuição que for decidida. Actualmente, Dr. Jagdish Sheth, professor indiano da Emory University em Atlanta, EUA, apresenta uma nova interpretação que vem complementar o modelo inicial. > Promoção TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO > Publicity Acima da linha > Merchandising Abaixo da linha > Relações Públicas > Força de Vendas > Marketinhg Directo > Patrocínio e Mecenato > Internet 34 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP Nesta nova perspectiva, o mercado, não quer os 4 Ps mas sim os 4 As. Ou seja, aquilo que os clientes querem é ANSWERS (Respostas) e não Produtos. O que os clientes querem é AFFORDABILITY (Possibilidade de comprar) e não Preço. Aquilo que os clientes querem é AVAILABILITY (Disponibilidade e Conveniência) e não Canais de Distribuição. O que os clientes querem é AWARENESS (Notoriedade da marca e/ou da empresa) e não Promoção. PLACE A Promoção Abaixo da Linha que inclui toda a comunicação que não é utilizada pelos meios de grande alcance, como material de ponto de venda, internet, promoções entre outros. AVAILABILITY PRODUCT > Publicidade Segundo este autor, os 4 Ps fazem sentido, mas são claramente uma abordagem do ponto de vista da empresa fornecedora. A empresa deve desenvolver produtos, deve apresentar preços, escolher canais de distribuição e planear campanhas de promoção. AFFORDABILITY ANSWER PRICE AWARENESS Adaptação do modelo do Dr. Jagdish Sheth Emory University Atlanta - EUA PROMOTION As duas abordagens acima referidas apresentam uma óptica mais abrangente e transversal a toda a problemática do mix de marketing. #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 35 A marca e o posicionamento A marca é um elemento fundamental que diferencia empresas, produtos e serviços. A sua importância num mercado cada vez mais competitivo, dinâmico e exigente, é inquestionável. Uma marca pode ser um nome, um logótipo ou a sua combinação. Serve para identificar produtos ou serviços e os diferenciar perante a concorrência. Quando a sua imagem é rica pode transmitir numerosas indicações num espaço mínimo. A marca cria valor económico tanto para quem a detém como para quem consome. É um capital da empresa mas requer trabalho. Não basta ter uma marca, é necessário dar-lhe uma determinada personalidade, geri-la, deixá-la crescer, adaptá-la às necessidades do mercado e trabalhá-la para que seja uma mais-valia constante para as empresas. A marca pode ser vista também como uma declaração de propriedade, um instrumento legal, tal como a patente ou o copyright. Um factor importante na implementação de uma marca é o investimento necessário para a explorar, para que se desenvolva de forma correcta e verdadeiramente acrescente valor ao negócio da empresa. Alguns dos factores chave de sucesso a ter em atenção, são: > Legibilidade, facilidade de pronunciar e memorizar, tendo em conta as diferentes línguas dos países passíveis de lançamento de produtos; > Capacidade evocadora, ou seja, capacidade da marca trazer a si uma característica fundamental do produto, favorecendo assim a memorização e aceitação; tais como, sugerirem os benefícios e qualidades do produto, serem fáceis de pronunciar, reconhecer e lembrar, serem inconfundíveis e não apresentarem significados ou conotações negativas. Uma marca é, na sua essência, a forma de identificar uma empresa ou um produtor, quer seja através de um nome, tratando-se de uma marca comercial, quer de um logótipo ou de qualquer outro símbolo. “O estabelecimento de uma marca é a arte e a essência do marketing” Kotler (2000, p. 426), ou seja, é uma forma da empresa transmitir uma série específica de atributos, benefícios e serviços aos consumidores. > Capacidade distintiva manifestada pela originalidade A marca pode adquirir seis níveis de significado: > Possibilidade de ser declinável em sub-marcas; 1. Atributos que uma marca consegue trazer à mente do consumidor; > Disponibilidade de registo e utilização. 2. Benefícios que se revelam na tradução dos atributos, tanto ao nível funcional como emocional; Reforçando esta ideia, os melhores nomes de marcas devem considerar várias características, 3. Os valores da empresa que são transmitidos pela marca; © Thomas Bedenk - Fotolia 36 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 37 © Pavel Losevsky - Fotolia 4. A marca como elemento representativo da cultura de uma empresa; 5. A marca como portador de uma certa personalidade; 6. A marca remete para um tipo de consumidor que compra ou utiliza o produto. Os valores, cultura e personalidade, são responsáveis pela definição da essência da marca (Kotler, 2000). O capital da marca Após vários anos, onde se avaliava o capital das empresas em função dos seus imóveis e terrenos, e mais tarde em função dos seus activos materiais, máquinas e fábricas, concluiu-se que o principal activo de uma empresa é constituído pelas suas marcas. Em muitos casos o consumidor compra a marca e não apenas o produto. A marca é a sua referência. O capital da marca expressa o poder que esta pode adquirir, que é naturalmente variável, e está relacionado, entre outros factores, com aspectos como notoriedade, reputação, qualidade percepcionada e valor bolsista. Uma marca poderá ser vista da seguinte forma: > Quando visto como um activo num balanço, que é passível de ser vendido – o valor da marca; > Quando relacionado com o diferencial de preço que o consumidor se disponibiliza a pagar – a força da marca; 38 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP > Quando se relaciona com o conjunto de percepções, cognitivas e afectivas, que os consumidores possuem a respeito de uma marca – a imagem da marca. A força da marca Este conceito, refere-se ao grau de fixação ou de fidelidade dos consumidores relativamente a uma marca. Existem cinco tipos de indicadores da força de uma marca: > Fraca sensibilidade ao preço: quando há uma subida dos preços, uma marca forte resiste melhor a essa subida do que as concorrentes; > Diferencial de preço aceitável: capacidade de uma marca forte em fazer o mercado aceitar um preço de venda superior ao da concorrência; > Taxa de exclusividade da marca: relaciona-se com a atitude dos consumidores, em reservarem a uma marca, um determinado grau de aquisição numa categoria de produto, evitando a compra de diversas marcas da mesma categoria; > Taxa de fidelidade no tempo: refere-se ao grau de probabilidade do consumidor repetir a aquisição da mesma marca na ocasião de compra seguinte; > Medidas de atitude positiva: certos indicadores de atitude podem, também, ser reveladores da força de uma marca, tais como, grau de familiaridade, grau de estima, grau de preferência, taxa de intenção de compra, entre outros. A identidade da marca O significado de identidade da marca pode ser transportado, de um modo figurativo, para a realidade, quando comparado com a identidade de cada indivíduo. Cada pessoa tem uma identidade própria, que constitui um bilhete de identidade que a identifica como única. Nas marcas a identidade funciona de maneira semelhante. Para que se possa proceder a uma boa gestão da marca, é necessário e indispensável definir a sua identidade. Esta revela-se através de um conjunto de sinais, de mensagens, de produtos que são originados por um único emissor, que se diferencia perante as restantes. Neste sentido, a identidade da marca facilita uma orientação e um significado, podendo a sua definição ser determinada, considerando os factores que lhe são característicos, e que a diferenciam das restantes, permitindo-lhe estabilidade a longo prazo. Num ponto de vista estratégico, a identidade da marca está relacionada com o projecto, com o conceito, e é a forma como os gestores de marketing desejam que a marca seja percebida. Tendo em conta o paralelismo inicialmente apresentado, a marca pode também traçar o seu bilhete de identidade e consequentemente a sua identidade, bastando para isso, responder a quatro questões essenciais: #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 39 O que faz a sua diferença? O que faz a sua permanência? O que faz o seu valor? O que faz o seu reconhecimento? Se a estratégia da marca for bem delineada, vão ser estes os factores, que conduzirão a marca para o seu aspecto formal e exterior, ou seja, para a sua abordagem gráfica. A identidade da marca assume-se como a linha orientadora de toda a comunicação, sendo que a sua correcta definição leva a uma gestão mais eficiente e eficaz da marca. O conceito de identidade resulta, por um lado, da crescente necessidade de comunicar, e por outro, das pressões a que a marca está sujeita, em termos de concorrência, nomeadamente através de produtos/serviços de características muito próximas. Por seu lado, a diversificação da oferta também contribui para a construção da identidade da marca, pois produtos novos estão, constantemente a penetrar em mercados novos com novos alvos. Desta forma, a identidade de uma marca vai facultar a diferenciação, tendo em conta a oferta na qual ela se insere. O conhecimento mais profundo, permite também, efectuar, com rigor, uma análise das pretensões e potencialidades futuras de uma marca. 40 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP Posicionamento O posicionamento é o lugar que uma marca quer ocupar na mente dos consumidores e a ideia pela qual quer ser conhecida e lembrada. O desenvolvimento de um posicionamento é necessário para qualquer marca, sendo que se deve assumir como diferente, tendo em conta a sua oferta de mercado. O posicionamento de uma marca pode ocorrer segundo duas circunstâncias: 1. Quando se trata de uma marca nova, o seu posicionamento será efectuado apenas de acordo com as necessidades do público-alvo; 2. Quando se trata de uma marca já existente, o seu posicionamento decorre da análise dos concorrentes, no sentido de determinar uma solução diferenciada. Assim sendo, resulta na criação de uma proposta de valor adequada ao mercado razão pela qual o produto/serviço é adquirido pelos consumidores. Neste sentido, a empresa deve ter em atenção a quantidade de atributos que promove junto dos seus consumidores-alvo. Pode-se promover apenas um atributo específico, ou aumentar a fasquia, utilizando dois ou três atributos, sendo que esta situação se pode tornar arriscada. O aumento do número de afirmações relativamente às marcas pode originar, para a empresa, o risco de perder tanto o seu posicionamento, como a sua própria credibilidade. Independentemente do número de atributos promovidos, o posicionamento pode ser descrito através de três pontos: o público-alvo, a categoria de produto e a mais-valia da marca (atributo). Podem ser descritos diferentes tipos de posicionamento que, embora alternativos, não se excluem mutuamente: > Posicionamento pelos benefícios – baseia-se na associação de uma marca a um benefício ou atributo esperado pelo consumidor e ignorado pela concorrência, criando um novo segmento de mercado; > Posicionamento pelo preço/ qualidade – a marca é promovida através da associação do preço à qualidade; > Posicionamento pelo tipo de uso – a posição da marca pode ser mais facilmente comunicada através da associação do seu produto ao uso correspondente; > Posicionamento pelo tipo de utilizador – a marca é posicionada no segmento alvo recorrendo a pessoas com as quais esses consumidores se identifiquem; > Posicionamento pela categoria de produto – a marca é posicionada porque atinge um estatuto predominante na categoria de produto em que se enquadra; Independentemente do tipo de posicionamento que possa ser escolhido, ainda existe uma outra análise a fazer, já que podem ser considerados, o posicionamento pretendido e o posicionamento alcançado. Assim, pode-se concluir que a formulação de um posicionamento tem de resumir a identidade da marca e ser comunicado a um público-alvo específico, tendo sempre em consideração uma vantagem, tangível ou não, sobre a concorrência. Tendo em conta tudo o que foi referido anteriormente, de uma forma natural, pode-se constatar que o posicionamento assume um papel bastante importante na estratégia global de marketing da empresa. Mas isto não quer dizer que um posicionamento seja interminável. Por mais forte e sólido que seja um posicionamento, não é suficiente para durar eternamente. Assim, as empresas têm necessidade de reposicionarem as suas marcas, embora esta decisão deva ser bem ponderada, tendo em conta que é difícil alterar as percepções dos consumidores relativamente a uma marca, principalmente quando a comunicação no passado foi um sucesso. Quando existe essa necessidade, e para que o novo posicionamento seja aceitável e credível, é importante que a sua relação com o anterior seja lógica e natural, e que a alteração se efectue de uma forma gradual. > Posicionamento simbólico – o posicionamento da marca acontece recorrendo a símbolos culturais; > Posicionamento pela concorrência – o aspecto recorrente do posicionamento é a referência explícita à concorrência (Castro, 2002, p. 175-183). #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 41 Plano de Marketing O que é e para que serve? Um Plano de Marketing é um documento, normalmente em formato de relatório, que deverá ser feito uma vez por ano pela empresa, descrevendo com detalhe as decisões estratégicas (o que fazer) e as decisões de execução (como fazer) em relação: > ao lançamento e/ou à venda de um produto; > à implantação de uma marca; > à actividade de uma empresa; > ao funcionamento de um departamento ou de uma unidade de negócio. O Plano de Marketing é fundamental para ajudar o empresário a melhor organizar o seu negócio. Ajuda o empresário, as suas equipas, enfim, toda a empresa a concentrar-se nos processos de negócio, ou seja, naquilo que querem conseguir e na forma como o pretendem fazer. Por esse motivo, o Plano de Marketing deverá ser equilibrado, rigoroso, razoavelmente detalhado e abrangente mas também suficientemente conciso para que possa ser lido e consultado, tantas vezes quantas as necessárias, durante o ano, por todas as pessoas com responsabilidades na empresa ou fora dela. © Sly - Fotolia.com Há muitas maneiras de estruturar planos de marketing no detalhe, mas genericamente todas elas procuram trabalhar as seguintes 5 etapas: 1. ANÁLISES 2. OBJECTIVOS 3. ESTRATÉGIAS 4. TÁCTICAS 5. CONTROLOS Etapa 1- Analisar a Situação Actual Interna e Externa (Diagnóstico) Esta etapa representa a fase exploratória do plano de marketing em que a empresa deve efectuar um diagnóstico da sua situação actual, tanto da própria organização como de tudo que a rodeia. Envolvente externa da empresa > As leis e as normas; > Politica; > Desenvolvimento actual da tecnologia; > As condições económicas; > Aspectos sócio-culturais; > Tendências da procura; > Disponibilidade de meios; > Interesses dos diversos intervenientes no negócio; > Acções da Concorrência no mercado. Envolvente interna - Factores tais como os recursos e a experiência da empresa > Temos os recursos materiais, humanos e financeiros suficientes e adequados? > A nossa empresa está bem organizada e localizada? Que infra-estruturas temos? > Que pessoas? Temos dinheiro? Temos crédito? > Os nossos produtos estão bem adaptados ao mercado? A nossa marca (se houver)? > Os nossos sistemas de informação funcionam bem e dão respostas? > A nossa organização formal é eficaz? > Quais são os nosso pontos fortes? E os nossos pontos fracos? > Como podemos melhorar os primeiros e corrigir os segundos? #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 43 É importante que estas análises sejam efectuadas de forma isenta. A Análise SWOT e a Análise PESTA são ferramentas para diagnóstico interno e externo já apresentadas em capítulo anterior. Etapa 2 – Definir Objectivos de Marketing Os objectivos de marketing devem ser um conjunto razoavelmente equilibrado de indicadores estratégicos, operacionais e financeiros. Um objectivo estratégico está relacionado, por exemplo, com o lançamento de um novo produto, de uma marca, a abertura de uma filial, a internacionalização do negócio, uma parceria, enfim algo que permita a boa execução da estratégia da empresa. 44 A empresa tem de ter também o cuidado de que os objectivos sejam: quantitativos e qualitativos. Os objectivos quantitativos estão normalmente relacionados com o desempenho da empresa em termos de rentabilidade, quota de mercado, vendas, entre outros. Os objectivos qualitativos são normalmente relacionados com: imagem da empresa ou da marca, posicionamento, notoriedade, reconhecimento, nível de satisfação dos clientes, entre outros. Em qualquer dos casos, a definição dos objectivos deve obedecer à regra SMART: Specific Seja específico acerca do que pretende conseguir Um objectivo operacional refere-se, à própria operação da empresa, ao seu dia-a-dia, por exemplo, aos volumes de vendas e de facturação, à reorganização de fábricas ou armazéns, à redução de ineficiências, de taxas de defeito ou reclamações, entre outras acções da operação quotidiana da empresa. Measurable Defina e quantifique objectivos que possam ser mensuráveis Achievable Pense bem se não está a exagerar… defina objectivos ao seu alcance. Um objectivo financeiro tem naturalmente a ver com operações de investimento, de endividamento, da sua recuperação e seu pagamento, entre outras acções relacionadas com a gestão financeira do negócio. Realistic Tem os recursos necessários para conseguir o objectivo? (pessoas, dinheiro, máquinas, materiais, tempo,…) #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP Timed Defina quando pretende atingir o objectivo (Num mês? Em 6 meses?) Etapa 3 – Decidir as estratégias de marketing O posicionamento já foi explicado com detalhe no capítulo anterior. As estratégias de marketing fundamentais que qualquer empresa deve decidir e trabalhar são a segmentação do mercado e o posicionamento da marca ou da própria empresa. Convém ainda recordar, que esta estratégia de marketing tem por objectivo identificar e diferenciar a marca e deverá ser por isso mesmo simples, pertinente, credível e original. Qual o segmento de clientes que queremos conquistar? E como o abordaremos? Como nos devemos posicionar junto desse segmento? Porquê este segmento e não outro qualquer? Etapa 4 – Desenvolver as tácticas de Marketing Nesta etapa, a empresa deve converter a sua estratégia num Mix de Marketing, ou seja, nos famosos 4 Ps que constituem as tácticas de marketing. Segmentação Esta etapa consiste em descrever qual o perfil dos clientes que se pretende conquistar e é um exercício que ajudará a empresa a concentrar-se no que é realmente importante. Pense no Marketing-mix a adoptar. É como fazer um bolo. Você tem ovos, açúcar, manteiga e farinha. Se alterar a quantidade de cada um ingrediente, influenciará o tipo de bolo que vai obter. Se quiser que fique mais doce, adicione-lhe açúcar! O mercado é composto por uma grande diversidade de públicos com diferentes necessidades, hábitos, gostos e até exigências, sendo praticamente impossível a uma empresa conseguir satisfazer em simultâneo e por inteiro. Será então necessário que se defina o segmento ou segmentos de mercado que a empresa pode servir bem. Posicionamento Esta é uma fase fundamental em qualquer estratégia de marketing e implica que a empresa conheça bem os consumidores e as necessidades deles, mas também os seus concorrentes. #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 45 Preço > Nível de qualidade; > Características físicas e funcionais; > Marca; > Design; > Embalagem; > Linhas e gamas de produtos; > Ciclo de Vida do Produto; > Serviços associados ao produto. > Que estratégias de fixação de preços? > Que Política de Descontos? > Que Condições de Crédito? > Que método de Pagamento? Place / Distribuição Promoção > Onde vai vender o seu produto? > Qual o Canal de Distribuição adequado? > Vai vender directamente ao retalho? > Ou através de Agentes ou de Distribuidores? > Que Logística de Distribuição é necessária? > Qual a estratégia de Distribuição adequada? > Vai usar estratégias Pull ou Push? > Quais são os objectivos da comunicação? > O que vai comunicar? Quais as vantagens? > Para quem? Onde está? > Que meios vai utilizar para comunicar eficazmente com o seu público-alvo? Etapa 5 – Adoptar Indicadores de Controlo Não existe planeamento sem controlo, o controlo é fundamental. Durante a execução do plano é provável que as acções nem sempre decorram conforme inicialmente programado. Surgirão desvios que importa controlar e corrigir. A empresa deverá preparar e adoptar uma série de indicadores que lhe permita efectuar um controlo eficaz de: > Custos de funcionamento do negócio; > Orçamentos mensais; > Níveis de vendas e situações de cobranças; > Quotas de mercado; 46 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP > Entre vários outros indicadores. No final de um plano de marketing deve escrever-se um pequeno resumo do plano que deve ser colocado no início do documento. Este Sumário Executivo serve sobretudo para dar uma ideia sobre o conteúdo do plano, sem obrigar à sua leitura integral. Toda a informação de apoio deve aparecer num Anexo no final do plano. Convém recordar que um plano de marketing deverá ser submetido à apreciação da administração/gerência da empresa e só entrará em vigor depois da sua aprovação. © James Thew - Fotolia.com Produto Desmistificação O Marketing não é publicidade © James Steidl - Fotolia.com Depois de tudo o que foi apresentado anteriormente, percebe-se que marketing não é publicidade. A publicidade é apenas uma das ferramentas que pode ser utilizada pela empresa na sua política de promoção ou comunicação. No entanto, esta associação foi ganhando força pelo facto da publicidade ser a face mais visível de todo o trabalho de marketing que uma empresa desenvolve. O Marketing não é vendas Qual a principal diferença entre Marketing e vendas? Vender é a arte de sabermos chegar junto do cliente e conquistá-lo. Marketing é a arte de fazer com que o cliente venha ao nosso encontro. Basicamente, marketing é estratégia e a venda é acção. Ambas devem andar de mãos dadas, pois completam-se e fazem-se falta mutuamente. A actividade de marketing, quando bem feita, prepara o terreno para a equipa de vendas poder conseguir resultados mais rapidamente e de melhor qualidade. Ambas as equipas devem trabalhar em conjunto para se ajudarem mutuamente e para que a empresa possa somar sucessos. 48 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 49 © sculpies - Fotolia.com Conclusão Parece ficar claro que a função do Marketing nas empresas, independentemente da sua dimensão, do tipo de negócio e mesmo da existência ou não de marca, apresenta um papel muito importante nas organizações com visão de negócio porque as ajuda a concentrarem atenções no mercado e perceber o que devem desenvolver, produzir e vender. Marketing não é só um departamento, é sobretudo uma forma de gestão permanentemente preocupada com o cliente e interessada em desenvolver e adaptar produtos para melhor o servir. É importante que todos na empresa, independentemente da sua função, entendam esta perspectiva e assumam a sua quota parte de responsabilidade nesse contexto. Se a empresa não tiver recursos humanos capazes e suficientes para trabalhar estas questões, é importante que recorra a serviços de especialistas que ajudem a perceber melhor o marketing e a construir o seu negócio com uma visão diferente, focada nas necessidades dos clientes. O marketing não é um custo, mas sim um investimento que o ajuda a direccionar mais eficazmente as suas decisões. Este guia pretende mostrar-lhe a actividade de marketing no seu todo e a importância que ela assume nas empresas, desmistificando desta forma, ideias pré-concebidas que dificultem a sua evolução. Um empresário com experiência na fileira do calçado, facilmente se apercebe das mudanças que foram acontecendo nos últimos anos no mercado, no que toca ao produto e ao preço, a formas de vender e distribuir, de comunicar de divulgar esses produtos e ainda no que toca às necessidades dos clientes. Bibliografia Estes fenómenos permitem perceber melhor todo este universo do marketing. Helfer, J. P. e Orsoni, J. (1996). Marketing. Lisboa, Edições Silabo. Kotler, P. (2000). Administração de Marketing: Edição do Novo Milénio. São Paulo, Prentice Hall. Lambin, J. J. (2000). Marketing Estratégico. Lisboa, McGraw-Hill. Castro, J. P. (2002). Comunicação de Marketing. Lisboa, Edições Sílabo. Cardoso, P. R. (2000). Estratégia Criativa Publicitária: Fundamentos e Métodos. Porto, Edições Universidade Fernando Pessoa. Coelho, Castro e Correia, Vítor (1998). Manual de Introdução ao Marketing, Ed. Prefácio. HAGUE, Paul N. e JACKSON, Peter (1990). Como Fazer Estudos de Mercado. Mem Martins, Edições Cetop. Marketing Teacher. [Em linha]. Disponível em: http://www.marketingteacher.com Know This?.com. [Em linha]. Disponível em: http://www.knowthis.com/principles-of-marketing-tutorials/howto-write-a-marketing-plan/ 50 #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP #1 Marketing Guia do Empresário . CTCP 51