os impactos tecnológicos na sociedade ocidental

TEMA 2
OS IMPACTOS TECNOLÓGICOS
NA SOCIEDADE OCIDENTAL
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Iniciando nosso diálogo
Prezado aluno,
Todos experimentamos a alucinante aventura de viver no século XXI em uma das
maiores megalópoles do planeta, a região metropolitana de São Paulo, com todas as vantagens e
problemas decorrentes. No entanto convido você a fazer uma experiência de pensamento. Imagine-se vivendo em outro momento do passado, na cidade de São Paulo. Em geral, idealiza-se um ambiente romântico, no qual as coisas acontecem mais lentamente, sem poluição atmosférica, sonora
e o estresse dos tempos atuais. Com mais tempo livre para viver e dedicar a tarefas diversas do
trabalho. Tendemos a valorizar aquilo de que sentimos falta atualmente.
Mas você, cidadão do século XXI, se adaptaria àquele ambiente? Nos últimos séculos, aconteceram descobertas e criaram-se tecnologias que alteraram profundamente o modo de vida. Tecnologias que impactaram a medicina, as comunicações, os transportes, o trabalho, o lazer etc. e que
transformaram o mundo, sob certos aspectos, em um lugar melhor para se viver e paradoxalmente,
sob outro ponto de vista, em lugar pior. Em conjunto, essas alterações tornaram o mundo menor no
sentido de podermos nos deslocar e nos comunicar de maneira muito rápida, uma aldeia global. Parece natural que essas mudanças também tenham produzido impactos na educação. É justamente
isso que iremos abordar neste tema.
OBJETIVOS
Esperamos que, ao final deste tema, você possa:
• Formar um panorama das modificações no modo de vida induzidas pela tecnologia;
• Identificar a influência das tecnologias de informação e comunicação na sociedade;
• Entender a necessidade de modificar os processos educacionais, incorporando as tecnologias.
Vamos iniciar nosso aprendizado!
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2.1 - MUDANÇAS TECNOLÓGICAS E SUAS INFLUÊNCIAS
Em comparação com outras espécies, os seres humanos são frágeis, somos primatas sem
pelos suficientes para proteção, sem garras e presas, sem habilidades para deslocamentos rápidos
tanto no solo, como na água e muito menos em árvores como outros primatas. Essa aparente fragilidade é compensada pela presença de um cérebro relativamente grande, pela existência de um polegar opositor que permite movimentos precisos e por, evolutivamente, termos nos tornado bípedes,
deixando os membros superiores livres. Essas características conduziram ao desenvolvimento, pelo
homem pré-histórico, de técnicas inicialmente relacionadas à sobrevivência, através do desenvolvimento de ferramentas para caça e uso do fogo, a primeira forma de energia utilizada pelo homem.
A história da técnica e da tecnologia pauta-se pela utilização de recursos naturais e de energia, seguindo uma progressão das ferramentas e das fontes de energia simples às ferramentas e às
fontes de energia complexas. Os processos mais antigos, tais como a arte rupestre e a raspagem
das pedras e as técnicas como a pedra lascada e a roda, são meios simples para a conversão de
materiais brutos em produtos úteis. A técnica de manter o fogo aceso e, posteriormente, a geração
do fogo contribuíram para o domínio do ser humano sobre outros animais e sobre a natureza em
geral.
Essa forma de geração de energia permitiu a exploração de outros recursos naturais como
a argila, utilizada para a confecção de artefatos para armazenamento de água e alimentos e, mais
tarde, a fusão e a forja de metais para a construção de armas e outros utensílios. Grupos humanos
atravessaram, com sucesso, as idades da pedra e dos metais.
A agricultura e a domesticação de animais contribuíram para uma maior probabilidade de
sucesso na obtenção de alimento e para a mudança de um modo de vida nômade para um modo
de vida sedentário com todos os benefícios e problemas decorrentes dessa mudança. A invenção
da escrita possibilitou o registro do modo de vida, bem como a transmissão de informações entre
gerações distanciadas no tempo (uma peculiaridade da espécie humana), fornecendo as bases para
a educação como a conhecemos hoje.
À medida que novas técnicas eram criadas, as condições de sobrevivência tornaram-se melhores e a população mundial prosseguiu aumentando, gerando novas situações que demandaram
novas soluções. Como exemplo, temos a criação de cidades e todos os problemas decorrentes, tais
como: utilização de energia, necessidade de alimento, geração de resíduos e conflitos sociais.
Uma população crescente implicou em uma necessidade de maior produção de alimentos,
em particular, de grãos, como milho, trigo etc., que podiam ser usados na produção de farinha e
pães. O processamento de grãos em farinha em escala maior conduziu à criação de moinhos movidos, inicialmente, por tração animal e, posteriormente, substituídos por novas formas de energia:
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• Hidráulica: utilização de água corrente para mover rodas que, através de engrenagens, transmitiam o movimento;
• Eólica: captação dos ventos para movimentar rodas e pás (como nas modernas
turbinas eólicas). Esse movimento era transmitido, através do uso de engrenagens,
para pedras pesadas na formas de cones (mós), as quais, por meio de movimentos
circulares, esmagavam os grãos dos cereais.
Técnicas para conservação de alimentos também foram criadas através da defumação e do
uso de sal e especiarias (A geladeira, essencial atualmente, só foi inventada em meados do século
XIX). A transição para novas formas de energia possibilitou uma maior chance de sobrevivência e,
simultaneamente, promoveu um impacto crescente na utilização dos recursos naturais e induzindo
a conflitos bélicos decorrentes da disputa por novos territórios e por recursos naturais. Aliás, as
guerras, à parte todo o aspecto dramático, são ocasiões que contribuem para o desenvolvimento
tecnológico devido à necessidade de se encontrar soluções para problemas urgentes. A invenção do
radar e sonar para detectar, respectivamente aviões e submarinos inimigos é um exemplo. A tecnologia desenvolvida para o sonar veio a ser aplicada posteriormente na medicina através dos exames
e terapias com ultrassom.
As construções também evoluíram através da utilização de novos materiais: madeira, pedra,
argila, cimento, concreto armado (tão prezado pelo arquiteto Oscar Niemeyer), vidro etc. e de técnicas de engenharia: arcos, estruturas e colagem de pedras, sistemas de abastecimento de água e de
esgotos etc.
A agricultura se beneficiou de sistemas de irrigação e drenagem desenvolvidos por culturas tão distantes como a egípcia, a inca e a chinesa, entre outras.
O advento da ciência, por volta do século XVII, permitiu o desenvolvimento da tecnologia
que levou à utilização de novas formas de energia. Primeiramente, a energia térmica da máquina a
vapor que usava como combustível o carvão e, posteriormente, o motor à combustão que utilizava
combustíveis fósseis, como os derivados de petróleo. O desenvolvimento científico permitiu produzir
a tecnologia para a geração e transmissão de eletricidade. Isso revolucionou o modo de vida nas
cidades, permitindo uma iluminação artificial muito mais eficiente e limpa. A eletricidade também permitiu, através da invenção do computador, o armazenamento e o processamento de informação de
forma célere.
Naturalmente, há aspectos negativos relacionados ao desenvolvimento tecnológico como,
por exemplo, as diversas formas de poluição.
A sociedade globalizada do século XXI estrutura-se e caracteriza-se por:
• Sistemas de transporte e de comunicação;
• Indústrias que produzem bens descartáveis;
• Agricultura cuja produção deve sustentar cerca de 7 bilhões de seres humanos;
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• Medicina abarrotada de especialidades que permitem o aumento da expectativa de
vida;
• Sistema de educação em constante evolução;
• Indústria do entretenimento;
• Emergência dos problemas ambientais globais;
• Frágil estabilidade política pautada em ideais democráticos.
Nesse contexto de prosperidade para uma grande parte da humanidade, pelo menos aquela
que escreve a história, emerge uma questão intrigante: quanto tempo este período se sustentará?
Essa questão aparenta ser descabida, afinal vivemos a época mais próspera e interessante
da história da humanidade. No entanto, a própria história nos ensina que tudo ocorre em ciclos e
que as civilizações, em algum momento, acabam por desaparecer por algum motivo, sejam questões relacionadas a guerras, desastres naturais, extinção de recursos naturais, destruição do meio
ambiente etc.
É curioso observar que o mundo atual é extremamente tecnológico, as pessoas dependem
cada vez mais de equipamentos e de sistemas baseados na tecnologia, as crianças parecem possuir as regras para lidar com a tecnologia nos genes. Apesar disso tudo, a ciência, da qual a tecnologia depende, ainda é vista como uma área inacessível, difícil de entender, coisa para gênios.
Carl Sagan, um famoso divulgador científico dos anos 1980, em seu livro O Mundo Assombrado Pelos Demônios: a ciência vista como uma vela no escuro, de 1997, ano de sua morte, cita
um livro publicado por Thomas Ady, em Londres no ano de 1656, A Candle in the Dark, na época da
caça às bruxas, na qual qualquer coisa fora do comum era motivo para queimar mulheres na fogueira, condenadas por bruxaria. À primeira vista pode parecer um absurdo condenar alguém por feitiçaria, pois a ciência parece apresentar respostas para questões que pareciam mistérios insolúveis.
Se nos permitirmos pensar somente alguns momentos, perceberemos que continuamos a acreditar
em coisas que aliviam nossas dúvidas, mesmo que não sejam racionais, por exemplo, horóscopos,
terapias alternativas cremes milagrosos etc. Apesar de vivermos em um mundo permeado por tecnologia derivada de conhecimentos científicos e usufruindo dessa tecnologia, continuamos a acreditar
em coisas irracionais. Isso ocorre principalmente em momentos de crises, pessoais ou coletivas, nos
quais hábitos de pensamento de eras passadas emergem e procuram se apoderar do controle.
Segundo Sagan, a ciência é uma tentativa de compreender o mundo. Longe de ser um instrumento perfeito de conhecimento é, talvez, o mais bem sucedido no sentido de esclarecer questões
cujas respostas eram anteriormente consideradas fora do âmbito humano.
2.2 - AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
A sociedade humana passou por diversos períodos relacionados à introdução de tecnologias
que alteraram a maneira de sobreviver, produzir ferramentas, obter alimentos, realizar deslocamen-
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tos, utilizar energia, comunicar-se, produzir bens, processar informações, transmitir informações etc.
Essas novas maneiras de fazer as coisas e essas novas coisas que passaram a ser feitas
provocaram sucessivas modificações na sociedade. Determinadas modificações alteraram de maneira tão drástica os processos sociais que são denominadas revoluções, ou seja, as revoluções
alteram os próprios fundamentos sobre os quais a sociedade se estrutura.
Foi assim com a revolução devido à introdução da agricultura e da domesticação de animais,
que transformou sociedades humanas caçadoras e coletoras, portanto nômades, em sociedades
que produziam seu próprio alimento e que podiam ser relativamente mais sedentárias definindo,
desse modo, o conceito de propriedade.
No século XV, ocorre a revolução mercantilista, na qual se procura, através das chamadas
grandes navegações a vela, novas rotas de comércio, novos mercados consumidores e novas fontes
de matéria-prima. Essa revolução modifica a sociedade, criando uma nova classe social - a burguesia - com novos anseios econômicos, culturais e sociais e impulsionando o crescimento de uma
sociedade escravista.
A revolução industrial do século XVIII na Inglaterra ocorreu devido à incorporação, no processo de entendimento da natureza, do método científico introduzido no século anterior por Galileu
(O papa João Paulo II reconheceu o erro pela condenação de Galileu Galilei somente em 1992.),
entre outros. O método científico proporcionou o desenvolvimento do que se denomina hoje por tecnologia. Na época, houve a substituição das energias eólica, hidráulica, animal e humana, que eram
utilizadas, por exemplo, nos moinhos de grãos pela energia proveniente da queima de combustíveis
(carvão) que era usada para transformar água em vapor e movimentar máquinas, as quais, por sua
vez, foram responsáveis por um novo modo de produção de bens materiais. A partir da revolução industrial os trabalhadores não eram mais responsáveis pela produção completa de um produto (como
ocorre na produção artesanal), mas ficavam responsáveis por operar máquinas que realizavam apenas uma etapa do processo. Isso provocou certa alienação em relação à finalidade do trabalho.
Além disso, a necessidade de mão-de-obra ocasionou um êxodo no sentido das áreas rurais
para as cidades, as quais se expandiram, gerando problemas estruturais decorrentes dessa expansão: saneamento básico precário, ausência de moradias dignas, poluição, violência etc.
O século XIX caracterizou-se pela consolidação de uma série de descobertas científicas em
diversas áreas, desde a termodinâmica (Joule, Watt e outros) e o eletromagnetismo (Faraday, Maxwell e outros) até a evolução das espécies (Darwin). Essas descobertas permitiram, em um contexto mais amplo, a discussão acerca da posição do ser humano na natureza e, em um contexto mais
prático, à consolidação das novas tecnologias da época.
O início do século XX assistiu ao confronto das ideias de Sigmund Freud, o fundador da psicanálise e Carl Gustav Yung, fundador da psicologia analítica, acerca da psique humana. Não cabe
aqui discutir o embate de suas ideias. Deixemos apenas um ditado do meio psicanalítico que permite
distinguir suas perspectivas, “Um homem caminha por uma estrada e encontra dois outros homens.
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O primeiro lhe pergunta de onde ele vem, o segundo, para onde ele vai. Esses dois homens são
Freud e Jung.”
A virada para o século XX coincidiu com uma quebra de paradigma científico no qual a física
clássica foi “substituída” pela chamada física moderna que incorpora as ideias da mecânica quântica
e da teoria da relatividade. Essas ideias produziram grandes alterações, em escala cosmológica,
nos modelos científicos sobre o universo e, concomitantemente, em escala submicroscópica, nos
modelos acerca da estrutura da matéria, os modelos atômicos e moleculares. Essas alterações
ocorrem inicialmente no campo científico e, posteriormente, no campo tecnológico, conduzindo:
• ao desenvolvimento de dispositivos eletrônicos, como as válvulas e os transistores;
• à descoberta dos raios X;
• à invenção do avião;
• à invenção do rádio e da televisão;
• à criação de novos materiais;
• ao desenvolvimento do radar, da bomba atômica, do telefone, da Internet, da ressonância magnética nuclear etc.
Essas tecnologias ramificaram-se em diferentes áreas: comunicação, medicina, transporte,
área militar etc. É interessante observar que a velocidade com a qual as tecnologias se desenvolvem
e se tornam disponíveis cresce de uma maneira absolutamente não-linear.
A cada momento desenvolvem-se novas tecnologias que são colocadas à disposição do
cidadão comum e, em muitas situações, incorporadas à sua rotina. Atualmente massificou-se:
• O uso de cartões de débito e crédito em substituição ao papel moeda e ao cheque;
• O pagamento de contas por meio de caixas automáticos;
• A declaração de renda por meio da Internet;
• A substituição do correio tradicional pelo correio eletrônico (e-mail);
• As compras on-line;
• O acesso a serviços públicos pela Internet;
• A utilização do telefone móvel como item praticamente essencial;
• O voto eletrônico (tecnologia brasileira) etc.
Estamos imersos em um período de transição do fluxo de produtos para o fluxo de informações.
Temos o privilégio de vivenciar uma revolução que pode ser denominada de revolução da
informação, na qual praticamente não há barreiras para o trânsito da informação devido às tecnologias de comunicação que transformaram o planeta em uma aldeia global em que é possível
deslocar-se fisicamente de maneira muito rápida e, virtualmente mais rápido ainda. De certa forma,
houve uma transformação de pensamento e mentalidade do local para o global. Os problemas e as
suas soluções deixaram de ser locais, em pequena escala, e tornaram-se globais, abrangendo todo
o planeta.
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Há uma sincronicidade dessa situação tecnológica com a situação ambiental, provocada em
parte pela tecnologia. Enfrentamos o problema do aquecimento global e das mudanças climáticas
causados pela queima de combustíveis fósseis a partir da revolução industrial. Esse é um problema
globalizado para o qual as soluções deverão ser encontradas e praticadas em conjunto por todas as
civilizações do planeta (o protocolo de Kyoto é uma dessas tentativas).
A tecnologia provoca mudanças de conceitos antigos e substitui outros. Discutem-se, atualmente, os conceitos de desenvolvimento sustentável e de globalização. Vivenciamos o aquecimento do planeta e as crises de desaquecimento da economia mundial, induzidas por problemas
locais em determinados países com alguns países da comunidade européia.
Um cidadão comum do século XIX podia passar a vida toda restrito a uma área territorial
bastante limitada e com uma quantidade de informação pequena quando comparada ao século XXI.
Atualmente, nas sociedades economicamente mais desenvolvidas, uma vida com as características citadas é antes uma questão de opção pessoal constantemente bombardeada por pressões
sócio-econômicas.
Produzimos e consumimos informação. Estamos imersos em um oceano de informação.
Nesse contexto, emergem várias questões:
• Como filtrar, selecionar e relacionar as informações para gerar conhecimento? Ou
seja, qual é a finalidade da educação na sociedade da informação e qual é o papel do
professor nesse processo?
• Os métodos tradicionais de ensino continuam válidos numa sociedade em transformação?
• Como as tecnologias podem ser incorporadas ao processo educacional?
2.3 - A EDUCAÇÃO E AS TECNOLOGIAS
Na história da humanidade observa-se, com o advento dos alfabetos, a transição da comunicação oral para a comunicação escrita. Isto permitiu o registro de fatos e ideias para disponibilização
a futuras gerações. Esse fato, por sinal, indignou o famoso filósofo Sócrates que, apreciador da linguagem oral, temia que a nova tecnologia da escrita desestimulasse o questionamento, o diálogo,
a defesa de ideias, a retórica e a memória. A ideia registrada em Fedro (370 a.C.), um livro escrito
pelo seu discípulo Platão, de que “a escrita daria aos discípulos não a verdade, mas a aparência da
verdade”.
A invenção da prensa móvel por Gutenberg viabilizou a transição da escrita a mão (um das
atividades dos antigos monges nos mosteiros era a transcrição manual de livros) para a transcrição
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impressa, o que permitiu a reprodução de obras em grande escala. O advento das mídias virtuais
abre as portas para outra revolução.
“As tecnologias evoluem em quatro direções fundamentais:
Do analógico para o digital (digitalização)
Do físico para o virtual (virtualização)
Do fixo para o móvel (mobilidade)
Do massivo para o individual (personalização)”
Carly Fiorina, ex-presidente da HPackard
Os primeiros instrumentos eletro-eletrônicos utilizavam tecnologia analógica, isto é, os sinais
eram utilizados e armazenados no seu formato original. Por exemplo, nas obsoletas fitas de áudio ou
vídeo, o sinal do som ou das imagens era armazenado diretamente. Já a tecnologia digital, codifica
os sinais em números (dígitos) e os utiliza e armazena nesse formato, como nos Cds ou DVDs. Isto
é o que se denomona digitalização. Como exemplo temos a recente implantação da TV digital no
Brasil. O mundo contemporâneo tende a ser digital: as imagens, os livros etc.
A digitalização flexibiliza o armazenamento de informação. Não é mais necessário armazenar a informação fisicamente em pastas e arquivos na forma impressa em papel. A informação pode
ser armazenada virtualmente. É claro que é necessário um equipamento físico para armazenar os
arquivos digitais, no entanto a capacidade de armazenamento é imensamente maior além de facilitar
a duplicação. A pouco tempo, as copiadoras próximas a universidades eram um negócio próspero,
pois havia a necessidade de copiar apostilas e material didático. Atualmente esse material é disponibilizado no formato digital (em arquivos no formato PDF, por exemplo) que pode ser armazenado em
um pen-drive ou em um servidor na rede (a denominada navegação em nuvem, por Steve Jobs) e
não é preciso nem mesmo imprimí-lo, basta acessá-lo através de um PC ou de um tablet. Somando-se a essas modificações a tecnologia evoluiu de forma a tornar os equipamentos menores e com
autonomia energética, isto é, eles podem funcionar por meio de baterias e, consequentemente, ser
transportados. Essa mobilidade é claramente observada com a recente popularização dos celulares
e atualmente com a febre dos tablets. A pouco mais de 2 décadas, o telefone era de uso coletivo
assim como o PC, mais recentemente.
Outra consequência da evolução das tecnologias foi a personalização dos equipamentos.
O fato de podermos levá-los conosco torna seu uso individual. Isso ocorre presentemente com os
tablets.
Concomitantente a essas evoluções observa-se a convergência tecnológica. Outrora havia
o celular, a câmera fotográfica digital, a filmadora digital, o mp3, o notebook etc. Testemunhamos o
surgimento de aparelhos que integram essas tecnologias. Os smartphones mais modernos permitem acessar a Internet, ler livros digitais, trocar e-mails, usar um navegador gps (sistema de posicionamento global), fotografar, filmar, jogar além, é claro de fazer ligações telefônicas. Tudo isso em um
aparelho que pesa algumas centenas de gramas e que pode ser colocado no bolso da camisa.
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Os tablets como o Ipad, lançado em janeiro de 2010 por Steve Jobs, o fundador da Apple,
com outras ideias como a computação em nuvem iram impactar a nossa memória, nossa comunicação, nosso conhecimento e a maneira como se produz e se consome cultura.
Apesar da mente visionária e revolucionária e interessante atentar para um de seus pensamentos:
“Nascemos, vivemos por um momento breve e morremos. Tem sido
assim há muito tempo. A tecnologia não está mudando muito este cenário.”
Steve Jobs
As tecnologias não substituem o professor, apenas alteram a maneira pela qual a relação pedagógica ocorre. O professor que acumulava as funções de transmissor e organizador da informação
assume, com a incorporação de novas tecnologias na escola, uma função mais nobre, transformando-se em um estimulador da curiosidade do aluno na procura da informação e, posteriormente, coordenando a apresentação dos resultados, contextualizando-os e criticando-os, de modo a fomentar
a transformação de informação em conhecimento.
A relação pedagógica é influenciada pelas tecnologias de comunicação, mas não em sua essência. O ato de educar visa, como uma de suas dimensões fundamentais, a busca por uma lógica
no caos de informações disponíveis através de organização, sistematização, comparação, avaliação
e contextualização. Posteriormente, é primordial questionar essa compreensão através da criação
de uma tensão para superá-la. Nesse processo, é preciso equilibrar organização e inovação; sistematização e superação.
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RECAPITULANDO
Fizemos uma descrição da breve (em termos cosmológicos) história humana no planeta
Terra. Partimos do surgimento dos primeiros hominídeos e descrevemos sua evolução temporal e
expansão espacial propiciadas por descobertas e desenvolvimento de técnicas e tecnologias. Analisamos os impactos positivos e negativos dessas tecnologias nas sociedades humanas culminando
nas tecnologias de informação e comunicação (TIC’s) que possibilitaram o advento da revolução na
informação. Concomitantemente discutimos os conceitos de desenvolvimento sustentável e globalização que são questionados pela nossa aldeia global. Em seguida focamos nossa discussão nas
influências da tecnologia na educação.
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