A íntegra da revista Financeiro está disponível em arquivo pdf, cuja

Transcrição

A íntegra da revista Financeiro está disponível em arquivo pdf, cuja
Um Brasil melhor
para as futuras gerações
edição
95
Dezembro/
Janeiro 2016
Joaquim
Barbosa
10º SIAC expõe as dificuldades
do País, mas mostra que ainda há
soluções para dias mais seguros
Delfim
Netto
Eduardo
Giannetti
da Fonseca
James
Conrad
Monica de Bolle
“A desordem no Brasil é grande demais para que qualquer agente
se anime com ‘ativos baratos’ e com ‘o país em liquidação’ ”
Fotos: luciano Piva
conteúdofinanceiro
13 Pesquisa ACREFI / TNS
James Conrad,
5 Editorial
8 10o SIAC
Érico Ferreira
presidente da ACREFI
“O meu sonho é que
acabássemos de vez
com a corrupção”
10 Giannetti da Fonseca
economista
“Toda crise, enquanto se
desenrola, é a pior
que o país já passou”
CEO da TNS, mostra o que pensam os
empresários sobre o futuro do Brasil
8
17 Prêmio Equilibrista (MG)
Aquiles Leonardo Diniz,
diretor do Banco Intermedium e
vice-presidente da ACREFI
18 Entrevista do mês
Monica Baumgarten
de Bolle,
10
pesquisadora do Peterson Institute
for International Economic
11 Delfim Netto
12 Joaquim Barbosa
ex-presidente do STF
“Os brasileiros vão passar por
humilhação quando começarem
os julgamentos, nos Estados
Unidos, dos envolvidos
na corrupção na
Petrobras e da Fifa”
11
12
Foto: Divulgação
ex-ministro da Fazenda
“O Brasil não tem
defeito de nascença.
Ele tem defeito
de administração”
18
janeiro 2016 financeiro
3
conteúdofinanceiro
Foto: Luciano Piva
24 Atendimento ao cidadão
Ouvidoria como instrumento
de gestão de riscos
30 Justiça
1º Summit Jurídico ACREFI
38 Painel Cetip
40 Literatura
24
Ignácio de Loyola Brandão
conquista mais um Jabuti
42 Adega
Carlos Cabral sugere vinhos que
combinam com cada momento
de celebração
Escreva o seu e-mail,
faça seu comentário:
[email protected]
47 Informe Fractal
Fotos: Divulgação
Artigos
23 Aquiles Leonardo Diniz
ACREFI e Banco Intermedium
28 Denise Campos de Toledo
Jornalista e comentarista de economia
42
4 financeiro janeiro 2016
Volvo S90
44
Foto: Shutterstock
40
44 Supermáquinas
34 Mauro Melo
Credilink
36 Rodrigo Romero
G100 Américas
50 Nicola Tingas
ACREFI
Estado mínimo
editorial
já!
Foto: Mário Bock
2
de verdade, para valer. Sua
015 ficará tristemente
abrangência não se limitaria
marcado com um dos
às estatais “puras”, ou seja,
anos mais conturbados
as que são 100% controladas
da História do Brasil. A prepelo Estado, mas alcançaria
visão era de que o período
também as que têm particifosse repleto de dificuldades,
pação estatal, as de economas ninguém conseguiria
mia mista e as autarquias.
antever a avalanche de notíDe onde vem essa ideia?
cias negativas que dominou
Simples: de uma constatao ano, ainda mais tendo em
ção prática. Os segmentos e
vista que se iniciava um novo
empresas em que o Estado
mandato presidencial, em
está presente são comprovaque costumam se renovar as
damente ineficientes e trazem
esperanças de mudanças na
muitos custos indiretos à ecodireção positiva. Não foi o
nomia (e, por extensão, a todos
que aconteceu, como sabeÉrico Sodré Quirino Ferreira: os segmentos da população
mos, e para piorar as perspresidente da ACREFI brasileira).
pectivas também não são
Se o Brasil não tiver mais
nada animadoras para 2016,
estatais teremos um País melhor. A privatização
nem no campo político nem no econômico.
Claro que nada disso autoriza a adoção de que aconteceu nos anos 1990, ainda que tímida,
uma postura conformista. Nós, brasileiros, temos deixou vários exemplos dessa verdade. Veja-se
um histórico de conviver com dificuldades e, por o caso da telefonia: os resultados positivos da
maiores que elas sejam, sempre encontramos privatização desse setor foram imediatos e persaídas para vencer esses períodos em que obs- sistem até hoje.
Na mesma linha, poderíamos privatizar
táculos se interpõem à nossa caminhada diária,
áreas prioritárias para o desenvolvimento do
sempre voltada na direção de um futuro melhor.
Não vamos desistir de ter um Brasil melhor País, que permanecem estagnadas sob a pesada
para as gerações futuras. É por isso que a ACREFI mão do Estado. Na educação, por exemplo, por
adotou, no seu seminário internacional (o 10º que não deixar o setor sob a gerência de grandes
SIAC) realizado em novembro, o tema “O Brasil grupos que têm reconhecido expertise sobre o
que nós sonhamos”. Por maiores que sejam as assunto? A saúde, outra área tão deficitária até
adversidades, nós, brasileiros, não podemos nos aqui, também poderia passar para a batuta de
curvar a elas. É preciso ter uma visão acurada companhias de sabida competência, que já mosdo cenário que enfrentamos e buscar saídas para traram na prática sua capacidade de administrar
com competência esse setor.
que a turbulência não se eternize.
Exemplos dos benefícios da privatização,
Nesse sentido, insistimos neste ano com a
proposta de o Brasil adotar o “Pacto da Alvorada”, enfim, não faltam. E o momento que o Brasil
em que representantes dos mais importantes enfrenta exige propostas que tenham como
segmentos da sociedade brasileira se disponham marca ousadias desse tipo. Vamos, então, ser
a sentar em torno de uma mesa e chegar a con- ousados, com os pés no chão, mas tendo a
necessária coragem. Sem isso, estaremos consensos que permitam levar o País para a frente.
Da mesma forma, apresentamos também denados a repetir indefinidamente as lamendurante o SIAC, de forma reduzida, uma pro- tações de que o Brasil, apesar de todo seu
posta que é de vital importância para o futuro potencial, não consegue sair do lugar ou, pior,
do Brasil. Trata-se de adotar como prioridade, começa a regredir – o que é inadmissível para
com a máxima rapidez possível, um amplo pro- quem, como nós, sabe que temos tudo para ser
grama de privatização. Seria uma privatização uma das nações líderes do planeta. f
janeiro 2016 financeiro
5
expediente
ISSN 1809-8843
Publicação da acrefi – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento
Rua Líbero Badaró, 425 – 28°andar – São Paulo – SP
Tel: (11) 3107-7177 fax: (11) 3106-6082 – www.acrefi.org.br
Presidente
Érico Sodré Quirino Ferreira
Vice-presidentes
Aquiles Leonardo Diniz, Décio Carbonari de Almeida, Élcio Antonio Azevedo, Felicitas Renner, José Luiz Acar Pedro,
Leonardo Marcondes Dadalto, Mauro Roberto Vasconcellos Gouvêa e Rubens Buttion
Diretor Tesoureiro
José Garcia Neto
Diretores regionais
Carlos Alberto Samogim, Edmar Casalatina, Eliseu Colman, Leonardo Bortolini, Luis Eduardo da Costa Carvalho, Marcos Rosa e Paulo Henrique P. Guimarães
Diretores executivos
Alexandre Teixeira, Gabriel José Gama Ferreira e João dos Santos Caritá Júnior
Montadoras
Edson Fróes Castilho, Edson Tadashi Ueda, Eduardo Tavares Nobre Varella, Gunnar Alejo Ramos Murillo, Joelcyr Carmello Filho e Nelson Dias de Aguiar
Diretores conselheiros
José Carlos Alves, Ricardo Janini e Roberto Jabali
Conselho consultivo
Alkindar de Toledo, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon (membros natos); Alarico Assumpção Júnior, Alencar Burti, Décio Carbonari de Almeida, Gilson
Finkelsztain, Ilídio Gonçalves dos Santos, Luiz Tavarez e Miguel José Ribeiro de Oliveira (membros)
Conselho fiscal
Domingos Spina e Sérgio Darcy (efetivos) e Geraldo Lima Wandalsen (suplente)
Diretor superintendente
Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho)
Controller
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Editor assistente
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Fotografia
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6 financeiro janeiro 2016
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janeiro 2016 financeiro
7
Foto: Mário Bock
“O meu sonho
é que acabássemos de
vez com a corrupção”
Érico Ferreira
A
o abrir o 10º SIAC, Érico Ferreira, presidente da
ACREFI, disse que ainda sustenta, diante da ineficiência do governo, a utopia de que um dia as estatais,
as autarquias e as empresas de economia mista sejam privatizadas e afirmou também que o Brasil só será um país de primeiro mundo quando a educação se tornar a nossa verdadeira
prioridade.
Todo mundo tem um sonho. Diante dessa aspiração natural
do ser humano, a ACREFI estabeleceu como proposta do 10º
SIAC (Seminário Internacional ACREFI) o tema “O Brasil que nós
sonhamos”. Realizado no dia 11 de novembro, no Teatro Cetip,
em São Paulo, o evento reuniu este ano um público recorde,
com mais de 650 pessoas, que, gratuitamente, acompanharam
8 financeiro janeiro 2016
as palestras do economista Eduardo Giannetti da Fonseca, do
ex-ministro Antônio Delfim Netto, do ex-presidente do Supremo
Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, além da apresentação dos
resultados da pesquisa sobre a percepção do brasileiro a respeito de aspectos políticos e econômicos que envolvem o País,
conduzida por James Conrad, CEO da TNS Brasil. Apresentado
pelo terceiro ano consecutivo pela jornalista Christiane Pelajo, o
10º SIAC foi patrocinado pela Cetip e pelo CNSeg, com apoio do
Bradesco e da Credilink e o apoio institucional do Poupa Brasil.
Antes de passar a palavra aos convidados, Érico Ferreira
tomou a liberdade de compartilhar com a plateia do 10º SIAC
a sua aspiração pessoal: “O meu sonho é que acabássemos de
vez com a corrupção. Para isso – já que se trata de um sonho –,
sustento a utopia de que privatizássemos tudo, as estatais, as
autarquias e as empresas de economia mista”, sugeriu Ferreira. “A iniciativa privada é muito mais eficiente do que o governo. Além disso, acabaria com o emprego estável dos funcionários públicos, pois não são capazes de gerir as necessidades
básicas que o governo deveria garantir aos cidadãos: educação, segurança e saúde”, afirmou o presidente da ACREFI.
Para finalizar, Érico Ferreira repetiu uma frase que tem
manifestado há algum tempo: “O Brasil só será um país de primeiro mundo quando a educação se tornar a nossa verdadeira
prioridade nacional”. Convidamos você para assistir às palestras completas do 10º SIAC no link: www.acrefi.org.br/tvacrefi/
videoteca.asp.
Foto: luciano Piva
seminário
Érico Ferreira:
presidente da ACREFI
janeiro 2016 financeiro 9
Fotos: Mário Bock
seminário
“Toda crise,
enquanto se
desenrola, é a
pior que o país já
passou, pelo fato
de que não se sabe
até onde ela vai
chegar”
Eduardo Giannetti da Fonseca
D
estacado para tratar do tema “O Desafio da Produtividade com Inclusão Social” no 10º SIAC, o economista
Eduardo Giannetti da Fonseca disse que a aprovação das
medidas do ajuste fiscal não é suficiente para resolver os problemas econômicos enfrentados pelo País. “Se o ministro Joaquim
Levy conseguir aprovar o ajuste fiscal teremos, na melhor das
hipóteses e por um ano, a dívida parando de crescer”, afirmou
Giannetti. O economista destacou também que “há alguma coisa
errada nas finanças públicas brasileiras” e esses problemas, especialmente de gestão dos recursos, estão em evidência agora. “E
como querem resolver? Jogando para o nosso bolso. A sociedade
civil não pode tolerar esse avanço em cima dos nossos recursos”,
disse Giannetti, referindo-se às propostas de aumento de impostos, como o retorno da CPMF.
Para ele, a saída apresentada pelo governo para aumentar a
arrecadação e fechar as contas de 2016 dá apenas uma “sobrevida
para um modelo que se esgotou e está falido”. Por isso, Giannetti
avalia que é preciso repensar o tamanho e as funções do Estado no
Brasil, uma vez que, segundo ele, o modelo em vigor há quase três
décadas não atende sequer às necessidades básicas da população,
como educação, saneamento, saúde pública e segurança.
“O ciclo de expansão fiscal de 1988 chegou ao limite. Vamos
10 financeiro janeiro 2016
ter que rever o pacto federativo no Brasil”, aponta o economista,
para quem o dinheiro público deve ser gasto o mais perto possível de onde ele é arrecadado. “Cerca de 44% da renda nacional
transita pelo setor público e a capacidade de investimento é irrisória”, garantiu Gianetti.
A despeito das críticas ao momento atual político e econômico, Giannetti avalia que o Brasil, provavelmente, não está tão ruim
quanto os indicadores de confiança detectados pelas pesquisas de
opinião apontam. “Toda crise, enquanto se desenrola, é a pior que
o país já passou, pelo fato de que não se sabe até onde ela vai chegar”, explicou o economista, lembrando que em outros momentos
históricos, como o do impeachment de Fernando Collor e a crise
mundial de 2009, quando o pessimismo também era proeminente.
Giannetti também criticou a eficácia da interferência do governo
na qualidade de vida da população. “Nós temos Estado demais. E não
é porque ele está transferindo renda para quem precisa”, avaliou. O
economista lembrou ainda que apenas 0,5% do PIB (Produto Interno
Bruto) é direcionado ao Programa Bolsa Família, enquanto o subsídio
para empresários que se beneficiam do acesso ao BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é de 0,6%. “O
Bolsa BNDES é maior que o Bolsa Família”, observou o economista,
antes de concluir sua exposição no 10º SIAC.
“O Brasil não
tem defeito de
nascença. Ele
tem defeito de
administração”
Antônio Delfim Netto
Fotos: luciano Piva
N
ão há quem não pare para ouvir os comentários afiados
do professor Antônio Delfim Netto. Ao participar pela
segunda vez do SIAC, o ex-ministro da Fazenda afirmou
na 10ª edição do evento organizado pela ACREFI que a atual crise
econômica não é culpa do país. “O Brasil não tem nenhum defeito
de nascença. Ele tem defeito de administração. Uma das principais causas do desacerto da economia é o completo abandono
da produção de bens manufaturados direcionados à exportação.
Esse é um problema que enfrentamos há 50 anos, mas que só
se tornou mais evidente agora, com a queda progressiva do PIB.”
Delfim destacou que um dos principais desafios do País é elevar a sua produtividade. De acordo com o ex-ministro, é preciso,
ao mesmo tempo, fortalecer a infraestrutura e qualificar a força
de trabalho. “Todo o crescimento deve vir do aumento da produtividade do trabalhador”, disse. Ele defendeu também que o Brasil
explore melhor a sua “economia de escala”, aproveitando o grande potencial das exportações.
De acordo com o ex-ministro da Fazenda, a despeito da boa
performance das exportações gerada pelo agronegócio, um dos
maiores desafios do Brasil é aumentar a produção e a exportação de produtos de alta tecnologia, que impactam positivamente
a balança comercial porque são comercializados a preços mais
elevados. Nesse campo, o país vem perdendo espaço para outros
emergentes, como a Índia, por exemplo. A venda para o exterior
desses bens, que em 2000 representou 10% do volume exportado, caiu para 5% em 2010.
Ao longo dos últimos 20 anos, segundo Delfim, a indústria
nacional perdeu cerca de US$ 412 bilhões por causa do câmbio.
Segundo ele, a taxa de câmbio valorizada dificultou que a indústria brasileira tivesse competitividade para exportar e provocou,
ainda, uma maior entrada de produtos importados no País. “O
câmbio não é tudo, mas o câmbio e suas circunstâncias são bastante coisa”, afirmou.
Delfim disse que no passado havia um crescimento “mais ou
menos uniforme” entre o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria,
serviços e agricultura, mas que a partir dos anos de 1985 e 1986
começou a ser notado um distanciamento. “A indústria murchou.
Com a valorização da moeda a partir de 2006 e 2007, houve uma
separação muito grande entre a indústria e o PIB, com a demanda
sendo suprida pela importação. Foi um problema de avaliação. O
governo achava que faltava demanda, mas o que estava faltando
era demanda para a indústria nacional”, afirmou Delfim.
Além disso, o poder executivo do Brasil perdeu completamente o protagonismo. “Eles não têm condições de sugerir ao
Congresso Nacional as mudanças estruturais necessárias para
enfrentar os problemas de curto prazo”, garantiu o ex-ministro.
“Precisamos ainda resolver as questões fundamentais, como:
seminário
a adoção de regras para a Previdência compatíveis com a realidade que vive o País; a desindexação do salário mínimo; a
livre negociação salarial entre empresários e trabalhadores; as
reformas do PIS/Cofins e do ICMS; maior controle do Bolsa Família; e trabalhar com um orçamento de base zero”, finalizou o
ex-ministro da Fazenda.
janeiro 2016 financeiro
11
seminário
Fotos: luciano Piva
A
Joaquim Barbosa
“O Brasil e os
brasileiros vão passar
por uma verdadeira
humilhação assim
que começarem
os primeiros
julgamentos, nos
Estados Unidos,
de envolvidos
nos esquemas
de corrupção na
Petrobras e da Fifa”
12 financeiro janeiro 2016
“Ética na Política e nos Negócios” foi o tema abordado pelo ministro Joaquim Barbosa, ex-presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), durante o 10º SIAC.
Por quase uma hora, o jurista reconheceu o excesso de processos trabalhistas, muitos dos quais poderiam ser evitados por
meio de acordos entre as partes. “O problema é que, no Brasil,
a Justiça é barata”, afirmou Barbosa. “E os advogados escrevem páginas e páginas nos processos.”
O ex-presidente do STF lamentou também o fato de o Brasil
ainda titubear em práticas de combate à corrupção. “O Brasil
e os brasileiros vão passar por uma verdadeira humilhação
assim que começarem os primeiros julgamentos, pela Justiça
dos Estados Unidos, de envolvidos nos esquemas de corrupção
na Petrobras e da Fifa.
Barbosa lamentou o fato de o Brasil ser signatário da OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em um acordo para evitar corrupção entre empresas e, segundo ele, o governo brasileiro ainda titubear nessas práticas.
“A tolerância à corrupção pode causar danos aos investidores.
A falta de ética pode ser deletéria na formação de preços,
encarecendo-os, desde o mais simples aos supérfluos”, exemplificou o magistrado. Quanto ao Brasil, Barbosa afirmou que
ainda há uma preocupação generalizada com a confusão que
se faz no País entre o público e o privado. Para ele, a chave para
solucionar o problema é ampliar os mecanismos de controle e
de transparência.
Urnas seguras
Ao responder algumas perguntas da plateia do SIAC, Barbosa classificou como “lenda urbana” as suposições de que
houve fraude nas urnas eletrônicas na reeleição da Presidente da República, Dilma Rousseff, em 2014. “Isso não passa de
lenda urbana”, afirmou. “A mesma urna que elegeu a senhora
Dilma Rousseff também elege o senhor Aécio Neves, Geraldo
Alckmin e os demais parlamentares por todo o País”, declarou
o ex-ministro do STF, acrescentando que ele próprio serviu à
Justiça Eleitoral por três anos e nunca presenciou um ato fraudulento em qualquer urna eletrônica. De acordo com Joaquim
Barbosa, os questionamentos feitos às urnas eletrônicas ocorrem mais na internet e são irresponsáveis.
Na visão do ex-presidente do STF, a urna eletrônica foi um
grande avanço da Justiça Eleitoral e evita manipulação dos
resultados. Para ele, o que há no Brasil, no âmbito eleitoral,
é uma preocupação generalizada com a forma de financiamento das campanhas eleitorais. Segundo Barbosa, nenhuma
empresa contribui com campanhas eleitorais por altruísmo,
“há sempre interesse por trás”. Ele elogiou a extinção do financiamento do privado de campanha, decisão tomada pelo
STF em setembro.
pesquisa
U
m horizonte muito nebuloso e de pouca visibilidade. Essa
previsão, típica de dias carrancudos, representa bem os
resultados do levantamento realizado pela ACREFI, em
parceria com a TNS Brasil, a partir da opinião de mil empresários
a respeito da situação econômica do país. De acordo com a pesquisa, divulgada durante o 10º SIAC, a conjuntura do Brasil, para
66% dos entrevistados pelo estudo nacional, deve piorar.
Segundo James Conrad, CEO da TNS Brasil, que apresentou os
dados à plateia do 10º SIAC, a oferta de crédito, para 68% dos entrevistados, também deve piorar. Ainda, para 72% dos ouvidos, o
consumo das famílias deve ser reduzido. “A preocupação em relação ao futuro atingiu 66% dos executivos consultados, sendo que
somente 18% veem algum sinal de otimismo”, informou Conrad.
A mesma pesquisa revelou ainda que apenas 11% acreditam
que a presidente Dilma Rousseff vai obter êxito no combate à inflação. E 6% esperam em que ela irá conseguir promover uma
reforma política. Em 2014, o número que marcava a crença de
que a presidente conseguiria combater a inflação era 46% e o que
marcava a crença no sucesso na reforma política era 43%. A reforma política é a principal prioridade para 27% dos entrevistados. O combate à inflação era prioridade para 24%. Para 22%, a
prioridade é a retomada do crescimento.
Para mil entrevistados
em pesquisa nacional,
realizada pela ACREFI/
TNS Brasil, a situação
econômica do país deve
piorar nos próximos meses
Fotos: luciano Piva
Pensando na situação do Brasil em 2015 como avalia ...
O que
pensam os
empresários
sobre o futuro
do Brasil
Sentimento em relação ao futuro
A preocupação em relação ao futuro atingiu também 66%, sendo que
somente 18% veem algum sinal de otimismo.
James Conrad, CEO da TNS Brasil
janeiro 2016 financeiro 13
pesquisa
Em função das últimas medidas econômicas, você acha que o
Brasil caminha na direção certa ou errada?
O cenário econômico é outra variável que desperta reflexão: 69%
acreditam que o Brasil trafega na direção errada, sendo que somente
14% acredita que o país está no rumo certo.
Pensando na situação do Brasil em 2015 como avalia ...
Acha que a Presidente conseguirá resolver essa prioridade?
Quando questionados se a Presidente Dilma Rousseff conseguirá
resolver essas prioridades, em comparação com 2014, os indicativos
mostraram pessimismo. No atual levantamento, apenas 11%
acreditam que ela terá êxito no combate à inflação e 6% em uma
reforma política - em 2014 o número marcava que 46% de crença no
combate à inflação e 43% em uma possível reforma política.
Qual frase melhor descreve seu sentimento para 2015 com
relação a dinheiro e gastos?
A reforma política é a principal prioridade para os
brasileiros, com 27% das respostas. O combate à inflação,
com 24%, além do crescimento econômico apontado
por 22% dos ouvidos, também está na lista das maiores
preocupações dos brasileiros.
Você tem dívidas?
66% dos ouvidos apontaram ter dívidas e, o cartão de crédito, lidera
a lista com 73%. Em seguida, os carnês (31%), financiamento de
carro (21%), imobiliário (15%), CDC (14), leasing (4%) e outros (17%).
14 financeiro janeiro 2016
84% dos ouvidos pretendem economizar mais em 2015 e, 13% dos
entrevistados, não pretendem mudar seu padrão de gasto.
Você está seguro quanto a manter seu emprego
nos próximos meses?
Gráfico 1 Quando o tema
é emprego,
a pesquisa
revelou que 36%
dos ouvidos
não estavam
empregados.
28% não se
Você acha que o desemprego vai
sentem seguros
aumentar nos próximos meses?
em relação aos
Gráfico 2 seus postos de
trabalho e, 36%,
diz ter segurança
(gráfico 1), mas
86% acredita que
o desemprego
vai aumentar
(gráfico 2). f
10 SIAC NA mídia
o
Seminário Internacional da Acrefi reúne, em São Paulo,
650 convidados e provoca ampla cobertura da grande imprensa.
Mais de 140 matérias nos principais veículos de comunicação do País
janeiro 2016 financeiro 15
mídia
16 financeiro janeiro 2016
premiação
Especialista
em desafios
Concedido
anualmente pelo
IBEF, o Prêmio O
Equilibrista reconhece
os executivos de
finanças que mais se
destacaram.
Em 2015, entre os
eleitos: Aquiles
Leonardo Diniz, diretor
executivo do Banco
Intermedium e vicepresidente da ACREFI
Foto: Divulgação
E
m um período de tantas incertezas
econômicas, as decisões dos executivos financeiros tornam-se essenciais para superar os desafios enfrentados
pelas empresas. É para homenagear essa
importante categoria que o IBEF (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças)
criou há 30 anos o Prêmio O Equilibrista,
troféu idealizado pelo artista plástico Osni
Branco, que simboliza a intuição do profissional em perceber, com nitidez, que caminhos seguir. A premiação é concedida nas
onze seccionais regionais do IBEF: Campinas (SP), Ceará, Distrito Federal, Espírito
Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco,
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e São Paulo (capital).
Em Minas Gerais, o executivo financeiro eleito este ano para ganhar o Prêmio O Equilibrista foi Aquiles Leonardo
Diniz, diretor executivo do Banco Intermedium e vice-presidente da ACREFI. Ao
discursar na cerimônia de homenagem
dia 24 de novembro, em Belo Horizonte,
Diniz ressaltou que o brasileiro vive sempre envolvido por forte emoção.
“Nossa vida parece uma montanha-russa, em que o carrinho sobe, sobe e
de repente despenca lá do alto. Assim é o
Brasil, quando se imagina que tudo pode
explodir, o país dá uma reviravolta e continua de pé. Nesse momento, enfrenta-
acontecerá antes de 2018. Até lá, devemos
apertar o cinto e fazer o dever de casa. O
nosso desafio é chegar ao alto da montanha e lá permanecer”, enfatizou Diniz.
“Não se pode negar a enorme conquista social obtida no País, sobretudo
nos últimos anos, afetando positivamente
milhões de brasileiros. A busca por esses
avanços custou muito caro ao País e não
podemos nos permitir, de maneira alguma, retroceder nesta conquista”, lembrou
o executivo eleito pelo IBEF (MG). “É verdade que tem faltado aos nossos governantes o equilíbrio necessário, em momentos
adversos, para conduzir, com parcimônia,
os destinos do Brasil. A grande virtude
consiste em saber encontrar o meio-termo entre os dois extremos. Temos que
Aquiles Leonardo Diniz, ladeado por Gilson de Oliveira Carvalho e
Carlos Alberto Teixeira de Oliveira, membro e presidente,
respectivamente, do Conselho de Administração do IBEF (MG)
mos outra forte descida e o nosso carrinho
segue, perigosamente, sem freios. Precisamos retomar o controle antes que seja
tarde, ou enquadramos o Estado brasileiro, cortando despesas, ou, cada dia mais, a
economia nacional será sufocada pelos impostos. Há esperança de que dias melhores
virão. Na minha modesta opinião, isso não
compreender que somente por meio de
um pacto político-econômico, amplo e suprapartidário, seremos capazes de reverter o atual quadro de desequilíbrio em que
nos encontramos, em busca de um projeto
eficaz para a nação brasileira”, reforçou o
diretor executivo do Banco Intermedium e
vice-presidente da ACREFI. f
janeiro 2016 financeiro 17
entrevistadomês
Fotos: Divulgação
“Há tanto o que
fazer para consertar
as contas públicas:
desvincular despesas e
receitas, quebrar regras
de indexação, acabar
com a nefasta indexação
do salário mínimo, que
torna os gastos do governo
insustentáveis”
18 financeiro janeiro 2016
Por Gustavo Girotto
e Theo Carnier
M
onica Baumgarten de Bolle,
pesquisadora do Peterson
Institute for International
Economics (PIIE), em Washington,
desde março de 2015, é uma das
economistas brasileiras mais precisas da nova geração. Sempre muito
assertivos, seus comentários não
transitam na linha do otimismo exagerado ou do pessimismo excessivo. Suas análises trazem doses
equilibradas de realismo. Por isso,
suas opiniões são acolhidas com
muito respeito e credibilidade nos
meios financeiros e institucionais.
Sobre o atual momento da economia nacional, diz: “a inflação brasileira é, antes de tudo, sintomática no
que compete ao desarranjo fiscal e
à alta dos juros que hoje pode gerar
efeitos perversos, com a péssima
dinâmica da dívida pública e um
aumento da percepção de risco do
País gerando desvalorização cambial e mais pressão inflacionária”.
Professora-adjunta da School of
Advanced International Studies at
Johns Hopkins University e professora licenciada de Macroeconomia
da PUC-RJ, Monica diagnostica que
estamos presos a uma armadilha
inflacionária, com uma economia
que se reindexa rapidamente, tornando a inflação ainda mais resistente. A seguir, leia a íntegra de sua
entrevista, concedida com exclusividade à Financeiro.
janeiro 2016 financeiro 19
RF – Em evento recente, o ex-ministro da Fazenda Delfim
Netto disse que o Brasil é atraente não só pelo seu potencial,
mas porque é a Disneylândia
dos juros. Você acha que o Brasil poderá crescer via investimento por estar depreciado?
Monica – Acho que a crise de
confiança que se instaurou no
País impede que sejamos Disneylândia de qualquer coisa.
Agora, com o processo de impeachment e os desdobramentos incertos que isso haverá de
provocar, o Brasil ficou ainda
mais ‘impalatável’, tanto para
os investidores domésticos,
quanto para os estrangeiros.
Infelizmente, a desordem é
grande demais para que qualquer agente se anime com “ativos baratos”, com “o país em
liquidação”, ou mesmo com os
juros altos apontados, corretamente, pelo ex-ministro Delfim.
Revista Financeiro – A alta dos juros, defendida por alguns economistas para combater a inflação, tem efeito prático?
Monica de Bolle – Nas atuais circunstâncias,
isto é, com a pior recessão desde 1990 no horizonte, aumentar os juros não parece recomendável, ainda que as expectativas de inflação estejam
completamente desancoradas. O problema da
inflação no Brasil não é a política monetária supostamente frouxa, que demandaria uma alta dos
juros. A inflação brasileira é, antes de tudo, sintomática no que compete ao desarranjo fiscal. Temo
inclusive que, diante de um possível quadro de
dominância fiscal, a alta dos juros hoje possa gerar efeitos perversos. Com a péssima dinâmica da
dívida pública, juros mais elevados poderão provocar um aumento da percepção de risco do País,
gerando desvalorização cambial e mais pressão
inflacionária – isso é algo que os economistas chamam de “tight money paradox”, ou o “paradoxo da
insuficiência de moeda”, traduzido livremente.
20 financeiro janeiro 2016
RF – Acredita que o Brasil vai
continuar a ter inflação acima
do centro da meta nos próximos anos?
Monica – Sem um ajuste fiscal profundo, que conserte
nossos problemas estruturais de curto e médio
prazos, a única saída que resta é corroer a dívida
pela via inflacionária. Portanto, não vejo chances
de a inflação voltar para perto da meta antes que
medidas fortes de ajuste sejam adotadas – isso só
terá chances de ocorrer quando o ambiente político permitir. Portanto, estamos presos a uma armadilha inflacionária, com uma economia que se
reindexa rapidamente, tornando a inflação ainda
mais resistente.
RF – A Copa do Mundo custou R$ 30 bilhões e
já gastamos duas Copas do Mundo só para tentar segurar o câmbio, sem sucesso. Essa alta não
pressiona mais ainda a inflação?
Monica – Como disse anteriormente, o problema
inflacionário brasileiro são a política fiscal fora de
controle e a dinâmica perversa da dívida pública.
Antes que esses problemas sejam enfrentados
com seriedade pela classe política, pelo governo, e
pela sociedade, caminhamos para o caos.
entrevistadomês
RF – A indústria já sinaliza com a possibilidade
de repassar o reajuste cambial para o consumidor. Qual é o efeito na economia?
Monica – Acho difícil que hoje, com a economia
em frangalhos, a indústria consiga repassar parte significativa da desvalorização. Mas, por certo
haverá de repassar uma parte, o que acentua os
dilemas de política econômica do governo.
RF – Qual é a contribuição da política fiscal para
a inflação?
Monica – A política fiscal é a doença; a inflação,
o sintoma.
RF – Qual seria o impacto sobre o Brasil em uma
curva de desaceleração mais acentuada da economia da China e a elevação dos juros dos Estados Unidos?
Monica – Com a devastação econômica brasileira,
qualquer choque externo é amplificado. Veja, nossos problemas foram criados por este governo que
aí está, mas isso não significa que não possam se
tornar piores com a concretização de quadros externos mais hostis.
RF – Você acredita que a aprovação da CPMF para
ajustar contas e sair da recessão é um caminho?
Monica – Não. A CPMF e um tapa-buraco, forma
“Não vejo chances
de a inflação voltar para
perto da meta antes
que medidas fortes de
ajuste sejam adotadas
– isso só terá chances
de ocorrer quando
o ambiente político
permitir”
de adiar os problemas orçamentários que mais dia,
menos dia, teremos de enfrentar. Há tanto o que fazer para consertar as contas públicas: desvincular
despesas e receitas, quebrar regras de indexação,
acabar com a nefasta indexação do salário mínimo
que torna os gastos do governo insustentáveis…
Trata-se de uma agenda difícil, tanto do ponto de
vista político, quando do ponto de vista de uma sociedade que não parece disposta a encarar a dura
realidade: nosso estado de bem-estar social é um
modelo falido, o País não aguenta. Mas, quem quer
perder benefícios? E qual o político que dirá para a
sociedade que é isso o que precisa ser feito?
RF – Caso a situação da economia se agrave ainda
mais, poderemos ter um impeachment ou uma troca do ministro da Fazenda?
Monica – Estamos prestes a testar essas hipóteses…
RF – Há uma onda de pessimismo no Brasil. O que
você acha que detonou isso?
Monica – Só em duas palavras? Incompetência
RF – A hipótese da dominância fiscal, que você
levantou há pouco tempo, está se concretizando?
Monica – Acredito que sim, mas dominância fiscal é difícil de medir e de diagnosticar com precisão, por isso muitos economistas no País estão a
debatê-la. Acho esse debate saudável, ainda que
muitos discordem do diagnóstico que apresentei.
O fato é que, enquanto o ajuste fiscal não sai, a
dominância fiscal vai se apresentando cada vez
mais claramente, mesmo para os céticos, mesmo
para aqueles que preferem chamá-la de “dominância política” – é preciso entender que política
e política fiscal são dois lados da mesma moeda.
Portanto, aqueles que gostam do “novo” jargão,
isto é, a tal da “dominância política” como contraponto à dominância fiscal, não entenderam a
natureza do problema.
obstinada.
RF – Caso estivesse no Ministério da Fazenda, o que
faria para mudar essa curva negativa de expectativa?
Monica – Nada muda sem que haja normalização
política no país. Nenhum economista faz milagre na
Fazenda com um sistema político que parece prestes a implodir.
RF – O impeachment seria bom para a economia
nacional?
Monica – Bom? Não entendo essa linha de raciocínio. Bom seria a legitimidade política de um governo, seja ele qual for, com algum senso de coesão da
classe política. Como se alcança isso hoje no Brasil?
Nem os cientistas políticos sabem responder. Afinal,
a Lava-Jato está aí para mostrar como ‘cupinizaram’
nossas instituições. f
janeiro 2016 financeiro 21
artigo
Aquiles Leonardo Diniz
Artigo enviado em 27/11/2015
Quando teremos
o Brasil de volta?
I
nfelizmente, a perspectiva
por melhores resultados na
economia brasileira, em curto
prazo, não é das melhores. Com
os sequenciais rebaixamentos da
nota do Brasil pelas agências internacionais
de classificação de risco, com perda do selo
de “bom pagador” e, consequentemente a
perda do grau de investimento, nota-se que o
país caminha rumo ao perigoso nível de grau
especulativo, em que a credibilidade é quase
zero e os investimentos escassos. Os números não são nada animadores e quanto mais
tempo o entendimento demorar, pondo fim à
crise política, mais doloroso e amargo será o
enfrentamento da crise econômica.
O que esperar, quando nem mesmo o Ministério da Fazenda consegue estimar um prazo viável para se concretizar o ajuste fiscal em
curso? Se nas palavras do ministro Joaquim
Levy, “o Brasil só voltará a crescer quando a
questão fiscal for resolvida”, por que então
convivemos com tamanha incerteza e lentidão? Simplesmente, porque as contas públicas não fecham devido ao enorme rombo. O
corte estimado de bilhões nas despesas para
2016 ainda é considerado pouco para reverter
o enorme défice orçamentário do governo federal. O Congresso Nacional legisla em causa
própria, adiando a apreciação do ajuste fiscal e
estendendo o quanto pode a crise política.
Até quando esperar pelo necessário entendimento político, em prol do País, que reverta de fato o conturbado cenário existente
entre o Legislativo e o Executivo? O ano está
chegando ao fim e, agora, a tentativa dos economistas é tentar salvar 2016, evitando contabilizar prejuízos ainda maiores do que os
registrados em 2015. Como o governo jamais
concede alguma coisa sem tirar outra é certo
que haverá aumento da já insustentável carga
tributária. A inflação sem controle, o desem-
Aquiles Leonardo Diniz:
diretor executivo do Banco
Intermedium e vice-presidente da ACREFI
prego crescente, a diminuição do poder de
compra, a alta dos juros, a recessão e o encolhimento acelerado do PIB registrando queda
recorde dos últimos vinte anos.
Queremos de volta o Brasil que deu certo,
senão em todos, pelo menos em muitos segmentos. Um país de crescimento sustentável
e economia pujante. Houve uma época, não
muito distante, em que a inflação chegou a
5.000% ao ano. Mas, não faz muito tempo, o
Brasil adquiriu nível de maturidade suficiente
para se fixar de vez no ranking das maiores
economias do mundo. Onde está o Brasil de
crescimento de 7,5% ao ano? De grau elevado de investimento conquistado por todas as
agências em 2008?
O que podemos dizer de concreto à nossa juventude, que deveria estar naturalmente ingressando no mercado de trabalho? Um
enorme contingente de jovens abandona os
estudos e já não consegue mais encontrar ocupação, pois o pleno emprego deixou de existir.
Vivenciamos hoje as mesmas incertezas anteriores ao Plano Real, dos governos Sarney e
Collor, de descontrole do orçamento doméstico
devido com o aumento das despesas mensais.
O governo precisa, sobretudo, manter o
equilíbrio orçamentário e o controle do endividamento, a fim de dizimar as incertezas,
retomando a confiança dos brasileiros e dos
investidores. É preciso arrumar a casa para
voltar a crescer, adotando posturas que
comprovadamente deram certo no passado,
abandonando de uma vez por todas o uso de
medidas descabidas como a “contabilidade
criativa” e a falta de transparência na adoção
de políticas públicas, contemplando alguns
setores específicos em detrimento de outros
que beneficiam a população como um todo.
Diante de tantas incertezas, não seria premeditado dizer que 2018 será o ano da nossa
redenção. f
janeiro 2016 financeiro 23
atendimentoaocidadão
Fotos: Luciano Piva
Sua excelência,
o cliente
Seminário sobre ouvidoria, promovido pela ACREFI, revela
evolução no relacionamento das pessoas com as instituições
financeiras e aponta caminhos para melhorar a qualidade das
informações e os pontos de contato com o cidadão
Fotos: Mário Bock
N
ão é de hoje que o sistema financeiro nacional se preocupa
com as questões que envolvem
a proteção do consumidor de produtos de
bancários. Atenta às demandas crescentes que passam pelas áreas de ouvidoria,
a ACREFI organizou dia 27 de novembro,
em São Paulo, um seminário para discutir em profundidade o tema. Participaram
do painel: Sergio Odilon dos Anjos, sócio
diretor da consultoria Comportamental;
Salete Doniani, ouvidora do Citibank; Denis Muniz da Silva Carvalho, executivo do
Departamento de Atendimento Institucional do Banco Central; Vitor Morais de
Andrade, presidente da Abrarec (Associação Brasileira das Relações Empresa
Cliente); e a comentarista de economia
Denise Campos de Toledo, que condensou sua explanação no evento a respeito
24 financeiro janeiro 2016
Sergio Odilon dos Anjos: sócio diretor
da consultoria Comportamental
da conjuntura econômica em artigo publicado na página 28.
Como ex-executivo do Banco Central,
o consultor Sergio Odilon dos Anjos abriu
o seminário falando que há 15 anos a regulação envolvendo o consumidor de produtos financeiros é intensamente debatida pelas autoridades monetárias do País.
O primeiro passo efetivo aconteceu ainda
em 2001, quando o BC estabeleceu a resolução 2.878, que exigia que as instituições financeiras criassem áreas de atendimento ao cliente para que as relações
contratuais fossem mais transparentes,
pedidos de informações e de dúvidas tivessem soluções rápidas e eficientes. Daí
para a frente, as demandas evoluíram por
parte dos clientes e os debates se intensificaram no Congresso Nacional. Até que
em 2007, o BC estrutura a sua própria
tegração de áreas, sem que as ouvidorias
perdessem sua característica essencial de
autonomia, independência, imparcialidade
para identificar riscos e resolver problemas”, acrescenta o sócio diretor da consultoria Comportamental.
Mas o que vem pela frente? Segundo Sergio Odilon, espera-se que as ouvidorias das instituições financeiras se
aproximem ainda mais dos órgãos e das
entidades que atuam na defesa do consumidor, que os problemas internos sejam
resolvidos de maneira mais célere, os
programas de capacitação e de certificação ganhem mais espaço, o diálogo com
os clientes abra espaço para soluções alcançadas por meio de arbitragem ou de
mediação, sem esquecer da uma aproximação desejável do órgão regulador.
Por parte das instituições financeiras,
Salete Doniani, ouvidora do conglomerado
do Citibank, mostrou que, desde 2007 até
hoje, a cultura do atendimento ao cliente
nos bancos evoluiu, ganhou eficiência e
maior assertividade. “Um bom exemplo
de progresso foram os prazos estipulados
para gerar respostas consistentes às queixas do consumidor. Há oito anos, o período
ouvidoria, responsável por atender às
solicitações da sociedade relacionadas
aos serviços prestados pela autoridade
monetária.
“Esse movimento provocou uma onda
positiva por parte das instituições financeiras, que estabeleceram compliance
baseado nos 25 princípios de Basileia,
avaliaram risco operacional associado a
produtos e serviços, redobraram a atenção direcionada ao foco regulatório, investiram em informações mais consistentes e
uniformes, além ampliar a transparência e
valorizar, efetivamente, o relacionamento
com o cliente”, explica Sergio Odilon.
“Em contrapartida, essa mudança de
postura levou as instituições financeiras a
trabalharem com mais estratégia organizacional, participação ativa e fundamental
da alta diretoria, com maior sinergia e in-
Salete Doniani:
ouvidora do conglomerado Citibank
janeiro 2016 financeiro 25
estipulado era de 30 dias, esse prazo caiu,
em 2010, para 15 dias e atualmente está
em 10 dias. O serviço também passou a
ser melhor divulgado, os problemas e as
soluções ganharam domínio público e os
relatórios com os resultados alcançados
podem ser consultados nos sites das instituições financeiras”, avaliou Salete.
Recentemente, o empenho das ouvidorias está concentrado na efetividade do
tratamento das causas raízes das demandas. Isso porque ao trabalhar a partir da
causa raiz dos problemas e das dúvidas
geradas pelos clientes, a ouvidoria tem
a chance de transformar uma queixa em
uma oportunidade. “Dessa forma, somos
capazes de antecipar problemas que podem impactar a experiência do cliente e
agilizar soluções”, conta Salete Doniani.
Essa dinâmica deve ser trabalhada em
três fases: Eficiência, com foco na melhoria contínua dos meios; Eficácia, com ênfase nas metas a serem atingidas; e Efetividade, que avalia os resultados a partir
da percepção dos clientes. Esse processo
permanente de aprendizado, acrescido
da plena transparência das ações, pode
Vitor Morais de Andrade:
presidente da Abrarec
26 financeiro janeiro 2016
Fotos: Luciano Piva
atendimentoaocidadão
Denis Muniz da Silva Carvalho:
executivo do Departamento de
Atendimento Institucional do BC
resultar em uma experiência positiva do
cliente e, consequentemente, valoriza a
imagem da instituição financeira.
O papel das ouvidorias ganha ainda
mais relevância e peso a partir do exemplo do Banco Central que, nos últimos 15
anos, tem aperfeiçoado seu relacionamento com a sociedade e melhorado a
qualidade da informação repassada ao
cidadão. Além disso, cabe ao BC supervisionar as entidades e cobrar que o atendimento dedicado aos clientes seja cada vez
melhor. De acordo com Denis Muniz da
Silva Carvalho, executivo do Departamento de Atendimento Institucional do BC,
o banco atua e monitora o mercado por
meio de quatro canais de relacionamento
(internet, pessoal, carta ou telefone) que
reúnem as queixas que, eventualmente,
não sejam resolvidas pelas instituições
financeiras públicas ou privadas. Esses
registros são encaminhados pelo BC ao
alvo das reclamações, que tem dez dias
para responder ao cidadão. A partir desse
fluxo, o BC presta conta à sociedade com
a publicação mensal do Ranking de Instituições por Índice de Reclamações. Suas
informações são também compartilhadas
com a Secretaria Nacional do Consumidor
(Senacon), órgão do Ministério da Justiça;
os PROCONs e o Ministério Público.
É preciso lembrar ainda que o BC
e Conselho Monetário Nacional, assim
como nas provas de atletismo, elevou a
régua das exigências sobre as instituições financeiras quanto à qualidade na
contratação e na prestação do serviço.
Isso pode ser traduzido em mais transparência, com informações qualificadas
e completas, que esclareçam plenamente
as dúvidas e as reclamações dos clientes.
No entanto, o BC recomenda que o primeiro canal de contato das pessoas deve ser
a ouvidoria das instituições financeiras.
Por falar em atingir patamares mais
altos, Vitor Morais de Andrade, presidente da Abrarec (Associação Brasileira das
Relações Empresa Cliente), lembra que
quando os clientes têm um problema desejam resolvê-lo imediatamente. “Eles
recorrem a todo mundo, ouvidoria, órgão
regulador, PROCON, instituições privadas
de defesa do consumidor, redes sociais.
Não estão dispostos a esperar os dez dias
propostos aos bancos”, pontua Andrade.
“Não adianta ter inúmeros canais de
relacionamento com os clientes, ouvidoria,
redes sociais e call center, se não forem
eficientes e se não existir uma intercomunicação adequada. As empresas que estão
à frente no atendimento ao cliente são
aquelas que aprenderam a usar a tecnologia a seu favor, gerando resultados práticos e eficientes, claramente, perceptíveis
às pessoas. “O cliente deve sentir-se seguro ao acionar um dos pontos de contato
de uma empresa. A sensação de descaso
ou de indefinição contamina a relação e
prejudica a imagem corporativa, provocando falta de confiança e credibilidade”, argumenta o presidente da Abrarec. As instituições bancárias já evoluíram muito nos
últimos 15 anos, mas ainda há espaço para
aperfeiçoar e estreitar o relacionamento
com os clientes. f
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artigo
Denise Campos de Toledo
Foto: Luciano Piva
A
Denise Campos de Toledo:
jornalista, comentarista de
economia da Rádio Jovem
Pan e do Jornal da Gazeta
e editora do site www.
economiaemfoco.com.br
28 financeiro janeiro 2016
travessamos 2015 acompanhando um jogo político dos mais pesados e desprezíveis que já tivemos no País. Os confrontos entre Governo
e Congresso criaram uma instabilidade
muito grande, que afetou demais o andamento da economia. Ninguém imaginava
que a correção de rota da política econômica seria fácil. Mas os embates políticos
deixaram tudo mais difícil, com alterações
de medidas que poderiam ajudar no reequilíbrio das finanças públicas, pautas
bomba, atrasos.... E agora temos pela
frente a possibilidade de um processo de
impeachment. Seja qual for o resultado,
poderemos ter, finalmente, um desfecho
para a crise política.
Se Dilma resistir poderá ter mais
espaço para trabalhar, ainda que não
se possa esperar muito das estratégias
apresentadas até agora. A crise vai prosseguir, mas pode ficar mais amena. Quem
sabe o governo não avança com medidas
que possam dar algum fôlego à atividade econômica, como a aceleração das
concessões das áreas de infraestrutura,
principalmente, transportes, e de estímulo às exportações, que já devem ser favorecidas pela alta do dólar registrada em
2015? Se ocorrer mesmo o impeachment,
podemos ter um choque de confiança.
Não que um novo governo vá fazer mágica – a crise que enfrentamos hoje não
será revertida facilmente. Mas a novidade pode ser vista como a oportunidade de
um governo de coalizão, que tenha maior
apoio político, para implementar as medidas necessárias para recolocar a economia numa rota de crescimento.
Enfim, por mais que seja demorado e
difícil, o processo de impeachment pode
estabelecer um desfecho para o embate
político e permitir que a economia flua
dentro da normalidade. Não tem país que
consiga funcionar direito sob a ameaça
de impeachment de sua presidente e
com tantos entraves políticos, como tivemos em 2015.
Agora, que ninguém espere uma saída rápida para a crise. A recessão vai
continuar. A retração do PIB, que em
2015, deve ficar perto dos 4%, em 2016
pode chegar a 2,6%... 8%. A inflação vai
continuar pressionada. As projeções
para o fechamento de 2016 já rodam acima do teto da meta, que é de 6,5%. Os vários setores continuam sofrendo queda
de atividade. E o desemprego vai avançar mais. Não tem como ser diferente.
Com a economia fraca como está, as empresas ainda farão mais ajustes nas despesas com mão de obra. A expectativa,
muito negativa, é que a taxa de desemprego possa chegar a 12% nos primeiros
meses do ano, o que é péssimo até do
ponto de vista social. Fator que pode ter
influência inclusive nas discussões referentes ao processo de impeachment. O
agravamento da crise econômica pode
derrubar ainda mais a popularidade da
presidente, como já vem ocorrendo. E um
governo menos popular fica mais frágil.
Agora é aguardar os próximos lances
da batalha. E tomara que haja mesmo
um desfecho para a crise política, nos
vários aspectos, para que o País possa
caminhar com maior tranquilidade, ainda que num ambiente recessivo. Quem
sabe não começamos 2016 com alguma
luz no fim do túnel? f
Artigo enviado em 9/10/2015
Artigo enviado em 4/12/2015
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justiça
Data venia
No 1o Summit Jurídico da ACREFI, especialistas do
Direito abordam questões relacionadas ao IPVA
em ações de alienação fiduciária, o novo Código
de Processo Civil e os cuidados que devemos
adotar para evitar problemas no ambiente digital
E
m seus 22 eventos realizados este
ano, a ACREFI acrescentou um
módulo com uma nova temática: o
1º Summit Jurídico. A edição de estreia,
organizada no dia 26 de novembro, em
São Paulo, reuniu Marcelo Cavassani e
Adriana Serrano Cavassani, do Tesheiner
Cavassani e Giacomazi Advogados, que
falaram sobre o IPVA em ações de alienação fiduciária; Arnaldo Laudísio, sócio do Arnaldo Laudísio Advogados, que
abordou alguns aspectos que envolvem o
30 financeiro janeiro 2016
novo Código de Processo Civil; e Leandro
Bissoli, sócio-diretor do Patricia Peck Pinheiro Advogados, que tratou dos cuidados acerca do Direito Digital.
Para explicar os diversos aspectos que
envolvem a cobrança do IPVA nos casos
dos veículos financiados com alienação
fiduciária, Marcelo Cavassani mostrou,
primeiramente, que o tema carece de uma
legislação nacional específica, abrindo espaço para a guerra fiscal entre os Estados,
quando estabelece alíquotas diferencia-
Fotos: Lucinao Piva
das, gera incerteza quando define o proprietário como credor fiduciário e ainda
deixa dúvida sobre as regras que tratam
do domicílio do sujeito passivo, que ultrapassam os limites de seu território. “Os
acordos oferecidos pelos Estado acontecem no atacado, sem levar em conta casos
específicos, como a depreciação do veículo, e o envolvimento com roubo ou acidente”, exemplificou Marcelo Cavassani.
Diante de tantas imprecisões e abusos, que provocam inevitáveis ações no
Judiciário, principalmente por parte de
bancos prejudicados por falta de uma
legislação nacional apropriada, Adriana
Serrano Cavassani apresentou aos convidados do 1º Summit Jurídico da ACREFI
diversas jurisprudências e pareceres de
tributaristas que têm norteado a Justiça
nos últimos tempos (informações dispo-
Marcelo Cavassani e Adriana Serrano Cavassani:
diretores do Tesheiner Cavassani e Giacomazi Advogados
janeiro 2016 financeiro 31
Fotos: Luciano Piva
justiça
Arnaldo Laudísio:
sócio do Arnaldo Laudísio Advogados
níveis no link www.acrefi.org.br/artigos/
coletanea.asp) e resultado em alento aos
que se julgam prejudicados.
Terminada a explanação pormenorizada dos advogados Marcelo Cavassani
e Adriana Serrano Cavassani, o colega
Arnaldo Laudísio começou a abordar um
outro tema igualmente importante: as alterações mais expressivas do novo Código
de Processo Civil (CPC), que entrará em
vigor em 17 de março de 2016, um ano
após a sanção da Presidente Dilma. Antes
de entrar na pauta, Laudísio lembrou uma
pesquisa divulgada, recentemente, pelo
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que
revela que no ano passado foram protocolados, nos 90 tribunais de primeira instância da Justiça Federal, mais de 29 milhões
de novos processos. De cada 100 ações
em tramitação nos tribunais brasileiros,
apenas 28,6 são julgadas no mesmo exercício. Mesmo que o Judiciário fosse paralisado, sem ingresso de novas demandas,
seriam necessários 36 meses para zerar
o estoque de processos. Segundo Laudísio, com o novo CPC, essa morosidade da
Justiça deve melhorar, mas não resolverá
plenamente o problema, pois o funil continuará muito pequeno. “O Judiciário não
é a solução mais célere para resolver as
questões”, afirmou o advogado.
É por isso que o novo CPC prioriza a
32 financeiro janeiro 2016
conciliação e a mediação como requisitos
essenciais para resolução de conflitos e
determina que o primeiro ato de um processo seja uma audiência de conciliação.
No entanto, Laudísio propôs uma reflexão:
“Imaginem como ficarão, em muito pouco
tempo, as pautas das varas de conciliação? As demandas podem se tornar longas, mesmo com a possibilidade das audiências de conciliação acontecerem por
meio eletrônico, obrigando o Judiciário a
criar células externas para promover os
acordos”, contextualizou o palestrante do
1º Summit Jurídico da ACREFI.
Entre os pontos que podem ser considerados positivos do novo CPC, apontados
por Laudísio, está o uso efetivo e sistemático dos instrumentos digitais, como o
exemplo de sucesso já adotado pelo Fórum
Leandro Bissoli: sócio-diretor do
Patricia Peck Pinheiro Advogados
do Rio de Janeiro: um totem que permite
ao usuário tirar dúvidas sobre seus processos e até mesmo realizar acordo, evitando
assim a propositura de ação judicial. Além
disso, o novo CPC exige que as empresas
públicas e privadas mantenham cadastros
digitais para que recebam on-line eventuais citações e intimações. “São mudanças
que precisarão ser testadas na prática,
mas certamente criam uma nova cultura
nos meios jurídicos”, ponderou Laudísio.
Após o coffee break do evento, Antonio
Augusto de Almeida Leite, o Pancho, passou
a palavra ao terceiro palestrante da manhã:
Leandro Bissoli, especialista em Direito Digital. Ele começou dizendo que não há diferença entre o mundo real e o digital, que
não há como desconectar uma coisa da outra. “É preciso estar ciente de que quando
estamos conectados a um videogame, uma
rede social, usando um home theater, um
smartphone ou consultado o trânsito pelo
Wise as nossas informações estão sendo
compartilhadas. Afinal, é preciso lembrar
que essa estrutura é paga por alguém”,
lembrou Bissoli.
Para chamar a atenção dos convidados da ACREFI, Bissoli lembrou que a
internet e os aplicativos estão mudando,
sem que nem todos percebam, a nossa
forma de nos relacionarmos. “Antigamente, quando um parente morava no exterior, a família se reunia para falar com
ele uma vez por semana porque o custo
da ligação internacional era estratosférico. Hoje, com o WhatsApp, a gente nem
chega a sentir saudades quando alguém
viaja”, compara o sócio do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados.
De acordo com o especialista em Direito Digital, o bom senso sempre deve prevalecer no ambiente digital, pois mesmo
as informações excluídas do seu computador ou celular permanecem, de uma forma ou de outra, armazenadas. Não resolve
apagar o arquivo, no caso de uma investigação. “As empresas provedoras de conexões e de aplicativos são responsáveis,
cada vez mais, pelo processo de inclusão
social e digital, de modo ético e seguro. A
jurisprudência brasileira já aponta as responsabilidades dos agentes envolvidos na
cadeia da informação. Devemos nos empenhar em garantir procedimentos de autenticação dos usuários, visando proporcionar maior segurança jurídica em toda
relação realizada por meio da internet ou
de seus milhares de aplicativos”, considerou Bissoli. Ou seja, aproveite os benefícios oferecidos pelos meios digitais, mas
não se esqueça de que cada passo traz o
registro do seu “DNA”. f
artigo
Mauro Melo
S
im, encerramos
um ano que não
pegou o mercado de surpresa. A economia já demonstrava,
em 2014, que teríamos
um 2015 difícil. Vários
setores da economia
foram pressionados
pela alta do dólar e
pelo impacto de uma
recessão.
Contudo,
devemos lembrar que
essa é, e sempre foi,
a premissa da nossa
Mauro Melo:
nação. Nada por aqui,
diretor-presidente da Credilink
desde a época de Cabral, foi muito fácil.
Porém, somos um país muito jovem. Estamos
falando de 500 anos, e, com todas as dificuldades
apresentadas, sabemos como agir em momentos
de dificuldades. Somos modelo em tecnologia e em
cadastro bancário. Nossos moldes são vistos como
exemplos, pois, convivemos com dificuldades, por
isso, nunca somos pegos de surpresa.
Se por um lado tivemos que driblar a crise
durante o ano todo, por outro fomos favorecidos
com as nossas exportações. Essas demonstraram
vigor com a alta do dólar. Dizem as escrituras,
que só aprendemos com o sofrimento. No entanto, continuo acreditando firmemente, fortemente e
fielmente em nossa Nação. Temos um país com dimensões continentais, com mais de duzentos milhões de habitantes que falam um mesmo idioma.
São benefícios que favorecem a criação de inúmeras oportunidades, mas que também não nos isentam das dificuldades.
Não podemos esquecer ainda que estamos en-
34 financeiro janeiro 2016
volvidos por uma onda coletiva de pessimismo. Isso,
porém, não nos permite desistir. No caso da Credilink, o nosso banco de dados recebeu o maior volume
de consultas, motivadas por crédito ou débitos, em
todos esses anos de atuação da empresa. O clima
de incerteza não nos pode deixar abater. Afinal, a luz
forte que tem incidido nos fatos trouxe à tona até as
sujeiras, aparentemente, menos significativas.
A cada ano, aprendemos lidar melhor com as
intempéries que se nos apresentam e só evoluímos
diante das dificuldades. Acabamos, quando se fala
em crédito, a filtrar e qualificar aqueles que têm
disposição de assumir dívidas, pois a cada dia os
nossos cadastros estão mais refinados. Como os
Estados são muito grandes, com um perfil populacional bastante diferenciado, não devemos e não
podemos trabalhar com um modelo único de cadastro. Temos ciência de que necessitamos ampliar conhecimento sobre o perfil de cada consumidor, por
Estado e região.
Minha experiência diz, sim, que devemos inovar
em todos os setores de prestação de serviços, tanto na hora de oferecer o crédito como no momento
de cobrar o débito. Os modelos hoje apresentados
ainda se mostram ineficazes e sem novidades. Devemos nos preocupar com as informações obtidas
para evitar fraudes e gerar um cadastro confiável,
preservando o sigilo, a autenticidade e a segurança
do consumidor. Se visamos investir em qualidade
na prestação de serviço no setor crédito, com certeza, o caminho se torna mais fácil no futuro, sempre
de olho na mitigação da inadimplência.
É preciso atualizar o manual de orientação, as
regras não podem pender à direita nem à esquerda,
mas manterem-se equilibradas ao centro, no fio da
navalha. Essa é uma tarefa árdua, que impõe inteligência, somada às ferramentas de inovação. Que
venha 2016! f
Artigo enviado em 26/11/2015
O ano é novo, mas
os problemas são velhos
artigo
Rodrigo Romero
Revisão
O
G100, Núcleo de Estudos Internacional – que
no Brasil é composto
de 100 membros (acionistas,
presidentes e CEOs) efetivos e
nomeados, mais 20 membros
(economistas-chefes e especialistas financeiros) – reforça que
a recessão se aprofunda à medida que não se encaminham soluções na área política, que suportem medidas de ajustes econômicos. Não há no horizonte de
curto prazo perspectivas de superação dos problemas
atuais, postergando, para o próximo ano, as dificuldades atuais, amplificadas pelo imobilismo decisório.
O crescimento negativo do PIB, estimado na casa
de 3,0%, aponta para uma contração que dificilmente será revertida antes de 2018. As previsões para
o próximo ano falam apenas em uma leve redução
dessa contração econômica para algo como 2,1%.
Resultados positivos, só para 2018.
Essa situação não se traduz em perda do grau de
investimentos por que na comparação com países da
América Latina, o Brasil ainda apresenta relativa estabilidade, embora se reconheça que a capacidade do
governo central em atingir um entendimento político
mínimo está comprometida até 2017. Conquanto a economia brasileira seja grande e diversificada,
ostentando nível confortável de reservas internacionais, a piora é gradual e a dívida ativa deverá alcançar 70% do PIB, já no próximo
ano. Para cada dólar de dívida, o Brasil tem
4 dólares em reservas. Considerados países
como Paraguai e Turquia, a situação brasileira ainda é favorável. O rebaixamento virá se
a degradação do quadro econômico permanecer sem expectativas de reversão futura.
Rodrigo Romero:
fundador e presidente
do G100 Américas –
Núcleos de Estudos
do Desenvolvimento
Empresarial e Econômico
O mau desempenho da
economia pode ser explicado
pela conjunção de fatores,
como: expectativas negativas de empresas e consumidores, pelo acirramento da
inflação, pela rápida e forte
desvalorização cambial, pelos juros reais elevados e pela incapacidade política de apresentar proposta convincente para levar
a cabo um acerto compreensivo e sustentável para
o atual desajuste fiscal.
Do lado empresarial, continua ruim o desempenho da indústria, sobretudo a de transformação e a
da construção. Serviços também apresentam resultados cadentes. As fontes de maior dinamismo estão
atreladas à agropecuária, à indústria extrativa mineral e a alguns poucos produtos de exportação.
Entre investidores, o País tem ganhado maior
conforto, sobretudo por não apresentar riscos de
rupturas. Rupturas andam na contramão das decisões de investimentos internacionais. Internamente, o crédito se contraiu junto com a queda da
demanda. A concessão do crédito perdeu força,
enquanto os esforços nessa área foram dirigidos
para a cobrança dos ativos que “estão na rua” e
para a renegociação das dívidas em atraso. Todos
buscam mitigar suas perdas.
Do lado da demanda, a queda no investimento fixo e no consumo das famílias são elementos
preocupantes. Remanesce a expectativa de que as
exportações líquidas possam aportar algum dinamismo à economia nacional, mesmo que modesto.
Para o câmbio, é de se esperar a continuidade
do processo de “desvalorização controlada”, sempre acuada pela eventual alta dos juros norte-americanos. Portanto, a
Segundo as pesquisas realizadas com os membros Brasil,
expectativa de volatiatualmente temos os seguintes indicadores:
lidade alta ameaça as
empresas com dívidas indexadas ao dólar, com instrumentos
de proteção não contratados. f
36 financeiro janeiro 2016
Artigo enviado em 16/11/2015
do quadro político e econômico brasileiro
painelcetip
Financiamentos de veículos somam 407 mil
unidades em outubro
O
s financiamentos de veículos no Brasil somaram 406.594
unidades em outubro, sendo 177.431 novas e 229.163
usadas. O volume representa queda de 29,8% em relação
a outubro de 2014. Já considerando o acumulado do ano, as vendas financiadas de veículos atingiram 4.441.283 unidades, recuo
de 15,1% na comparação com o ano passado. Os números levam
em consideração automóveis de passeio, comerciais leves, motos e pesados. O levantamento é da Unidade de Financiamentos
da Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base
integrada de informações que reúne o cadastro das restrições
financeiras de veículos dados como garantia em operações de
crédito em todo o Brasil. O SNG impede que o processo de financiamento de veículos seja suscetível a fraudes sistêmicas.
Volume de financiamento de veículos (out/2015)
Em outubro, foram financiados 229.163 unidades usadas,
queda de 23% ante o mesmo período de 2014. Já as vendas a
crédito de novos somaram 177.431 unidades, queda de 37% na
mesma base de comparação. No acumulado do ano, o menor
recuo dos usados também é percebido. De janeiro a outubro,
foram financiados 2.469.389 veículos usados, volume 6,9% inferior na comparação com o mesmo período de 2014, enquanto os
novos somaram 1.971.894 unidades, queda de 23,5%.
38 financeiro janeiro 2016
Volume de financiamento de veículos por categoria
No ano, vendas financiadas
de automóveis leves novos acumulam queda de 26,3%
A queda menos acentuada dos usados é verificada em todas as categorias de veículos. Os financiamentos de automóveis leves novos somaram 108.651 unidades em outubro, baixa de 39,9% em relação ao mesmo período de 2014.
Já os usados totalizaram 210.088 unidades, queda de
22,8% na mesma base de comparação. No acumulado do ano,
os carros novos totalizaram 1.209.963 unidades, recuo de
26,3%, enquanto os usados atingiram 2.265.455 unidades, volume 6,7% inferior.
A melhor performance dos autos leves usados, em relação aos
novos, está sendo impulsionada pelas vendas financiadas dos carros de 4 a 8 anos de uso. No acumulado do ano, foram negociadas
1,2 milhão de unidades.
O volume representa uma queda de 2% na comparação com
o mesmo período de 2014 - percentual menor do que o verificado
nas outras faixas etárias, como a queda de 12,4% nos financiamentos de carros com até 3 anos.
Modalidades de financiamento de veículos (out/2015)
Financiamento por tempo de uso (jan a out/2015)
Já em relação ao prazo médio de financiamento por tempo de
uso, em outubro, o levantamento aponta que ficou praticamente
estável, na comparação com o mesmo período de 2014, em todas
as categorias. Os automóveis leves novos apresentaram um prazo médio de 37 meses, enquanto o prazo para os de quatro a oito
anos de uso ficou em 42,7 meses. f
Entre as modalidades de financiamento de veículos, considerando autos leves, motos e pesados, o consórcio apresentou a menor queda no acumulado do ano.
Os dados consideram as aquisições de veículos por cotas contempladas, mas não quitadas de consórcio. Foram vendidas 711,5
mil unidades por meio de cotas de consórcio, queda de 2,7% em
relação ao mesmo período do ano passado.
Esse desempenho foi impulsionado principalmente pelos automóveis leves usados, que somaram 215,4 mil unidades comercializadas por meio do consórcio de janeiro a outubro, volume 17,9%
maior do que o verificado no mesmo período do ano passado.
Prazo médio de financiamento por tempo de uso ((out/2015)
janeiro 2016 financeiro 39
literatura
Mais um
Jabuti
J
á faz tempo que os moradores
de Araraquara não comemoram
um título importante da Ferroviária, tradicional time de futebol do
interior paulista. No entanto, a população extravasa seu orgulho com as
premiações de seu principal embaixador: o escritor Ignácio de Loyola
Brandão. Seu efeito mais recente foi
a conquista do Jabuti 2015, a mais
prestigiada premiação nacional na
área da literatura, com o livro “Os
olhos cegos dos cavalos loucos” (Editora Moderna), na categoria Juvenil. É
a segunda vez que o autor araraquarense leva o Jabuti; a primeira foi em
2008, com título “O menino que vendia palavras”, vencedor na categoria
Livro do Ano de Ficção.
Assim como acontece em boa parte da sua obra literária, em “Os olhos
cegos dos cavalos loucos”, Loyola encanta o leitor, mais uma vez, com uma
história íntima que envolve seu cotidiano. O livro revive um fato ocorrido
quando o autor tinha apenas 9 anos
de idade e que o marcou profundamente. De forma simples e delicada, o
escritor emociona ao revelar um episódio sobre sua relação com o avô e
um carrossel feito por ele artesanalmente. A narrativa valoriza os laços
familiares e reações que provocam
culpa e arrependimento.
“Meu avô era marceneiro em Matão, no interior paulista, e certa vez,
resolveu construir um carrossel. Ele
trabalhou por meses nesse carrossel,
pesquisando, desenhando e quando ficou pronto, percorria as cidades
40 financeiro janeiro 2016
Com seu livro “Os olhos cegos
dos cavalos loucos”, publicado
pela Editora Moderna, o autor
Ignácio de Loyola Brandão
conquista seu segundo
Prêmio Jabuti e emociona os
leitores com um relato pessoal
com seu avô, que valoriza
os laços familiares e aborda
reações que envolvem culpa e
arrependimento
da região com aquilo e era uma festa total, até que um dia, o carrossel
pegou fogo e ficou completamente
destruído; a única coisa que sobrou
foram as bolinhas de gude que eram
os olhos dos cavalos”, conta Loyola.
De acordo com Loyola, as bolinhas
ficaram guardadas por muitos anos
Foto: Divulgação
em uma caixinha, em uma das prateleiras da marcenaria, até que ele
as encontrou. Com o mistério de não
poder abrir a caixinha e com a fala
da avó, que dizia que aquilo eram “os
olhos dos cavalos”, Loyola encontrou
as bolinhas de gude e perdeu uma
delas em jogos com os amigos. “Meu
avô, quando viu que as bolinhas não
estavam mais na caixa, ficou decepcionadíssimo. Ele entrou em depressão. Minha avó dizia que ele poderia
morrer e eu achava que eu era o culpado. Imagina uma criança de 9 anos
pensando que pode ser culpado pela
possível morte do avô?”, resumiu o
autor, em recente bate-papo com os
leitores, em Poços de Caldas (MG).
“Toda vez que eu conto essa história,
eu me emociono. Na medida que eu
relato, meu avô está me ouvindo e
me perdoando”, confidenciou.
Segundo Loyola, “Os olhos cegos
dos cavalos loucos” passou por 20
versões até ganhar sua composição
definitiva, em 2013. Embora tenha
ganhado o Prêmio Jabuti na categoria Juvenil, o autor prefere não segmentar o seu trabalho, sugere tratá-lo apenas como literatura. Ele diz
também que a crítica ainda despreza
a literatura infanto-juvenil, mas que
ela é tão séria quanto a que é direcionada ao público adulto.
Assim como seu conterrâneo
Dudu, craque que desfilou sua simplicidade e elegância nos gramados
da Ferroviária, antes de ingressar na
Academia de Futebol do Palmeiras,
nos anos de 1960 e 1970, ao lado de
Ademir da Guia, Djalma Santos, Luís
Pereira, Leivinha, César Maluco e
Leão, Loyola encanta, com a mesma
leveza e desenvoltura, como romancista, contista, autor infantil, dramaturgo, jornalista ou roteirista de cinema. “A literatura para mim é uma
coisa muito grande, essencial. Um dia
perguntei a um professor: “o que é a
vida?” E ele: “Vivendo você vai aprender”. Assim, escrevendo, todos esses
anos venho tentando descobrir o que
é a vida, qual o seu sentido. Como não
consigo — como todos escritores fazem a mesma pergunta e escrevem
por isso — continuo escrevendo. Um
dia descobrirei? Da mesma maneira,
leio e vivo. Porque talvez a leitura e a
vida me tragam a resposta.”
Não se pode deixar de registrar
que Araraquara tem um outro filho
da terra que também já conquistou o
Jabuti, em 2013, na categoria Poesia:
Ademir Assunção, com o livro “A voz
do ventríloquo”. f
Título: “Os olhos cegos dos cavalos loucos”
Autor: Ignácio de Loyola Brandão
Editora: Moderna
Ilustração: Alexandre Rampazo
Páginas: 64
Preço sugerido: R$ 44,00
janeiro 2016 financeiro 41
adega
Carlos Cabral*
Tim-tim
Fotos: Divulgação
S
42 financeiro janeiro 2016
e conselho fosse bom, a gente não
dava, vendia! Essa frase popular
cabe para algumas situações, mas
neste caso julgo importante visto que na
grande maioria muitos passam dos limites
nesta época de festas e de férias. A regra é
comemorar e celebrar. Nesse particular das classes A plus até a Y menos,
todos fogem às regras comportamentais e partem para o exagero.
Assim sendo, seguem alguns conselhos de ordem prática em que os
vinhos estão sempre presentes.
À chegada dos convidados, um aperitivo moderno e prático: o Portonic, que
consiste em uma dose de vinho do Porto
White ou Dry White (o Chip Dry da Taylor’s
é uma boa escolha), uma rodela de limão,
cubos de gelo, além de completar
o copo long drink com a água tônica de sua preferência. Se começar
com vinho a sua jornada de degustação, não
misture com destilados
como uísque, por exemplo. Se preferir outro tipo
de vinho para a entrada,
vá de champanhe ou espumante – aqui, a escolha
é múltipla, mas tiro certo é
escolher no caso de champanhe um Veuve Clicquot
ou um Moët Chandon. No
caso dos espumantes brasileiros, recomendo os elaborados por Mario Geisse,
Salton, Miolo, Aurora ou
o rosé da linha Club des
Sommeliers, agradável aos
olhos e na boca. Se a família e os amigos são chegados a espumantes mais leves e doces, a linha desses
vinhos elaborados com a
uva Moscatel no Vale do Rio
São Francisco, no Nordeste
do Brasil, não podem faltar.
Na mesa, saboreando as
entradas leves ou os pratos
à base de peixes e frutos do
mar, nada melhor que um
vinho branco das uvas Chardonnay ou Sauvignon Blanc.
Aí, também o número de
opções vai dos bons rótulos
brasileiros, passando pelos
vinhos chilenos e neozelandeses. Agora, na hora das
carnes, das massas e dos
pratos mais elaborados, um
bom vinho tinto se impõe.
Todos sabem que os aperitivos, os vinhos brancos e
os espumantes devem ser
bebidos bem gelados, e para
estas festas de verão, os
tintos também devem ser,
obrigatoriamente,
refrescados e até
gelados em certos
casos. Com temperaturas muito altas,
degustar
vinhos
tintos à temperatura ambiente é um
risco muito grande.
A comida e a bebida
não descerão bem e
a digestão será sempre prejudicada, além
de coibir o vinho de
revelar toda sua exuberância.
Vinhos tintos jovens são os ideais
para os dias quentes. Cabernet Sauvignon com aromas
de vegetais pronun-
Foto: Shutterstock
ciados e gosto de frutas vermelhas maduras caem bem, assim como os tintos de
Merlot e Malbec. Já se for um Carménère
jovem, o ideal é reservá-lo para que seja
degustado com carnes gordas, como o
tradicional pernil de porco. No caso das
massas, a decisão fica por conta do molho com o qual serão servidas. Para os
brancos à base de requeijão simples, um
vinho branco da uva Pinot Grigio cai bem.
Se for um molho de frutos do mar, um
bom Chardonnay, com estágio em madeira e com mais de dois anos de idade, sustenta bem o sabor da harmonização. Se o
tradicional molho de tomate reina sobre a
massa, o velho e bom Chianti da Toscana
tem tudo para dar certo.
Para as sobremesas geladas, à base
de frutas ou massas, um espumante nacional meio doce ou doce é a pedida. Tortas com frutas frescas e cremes, uma
colheita tardia, sul-americano, é o reco-
mendado; e para as tortas à base de frutas secas e os tradicionais bolos de Natal
com passas e demais frutas, um bom cálice de Porto Tawny, colheita ou com idade
de 10 anos, encerra bem toda a refeição.
Experimente degustar o hoje famoso chocotone derramando sobre uma fatia um
pouco de Porto Ruby, ligeiramente refrescado. Sem exageros, com muita calma à
mesa, sem tempo para se levantar, coloque a conversa em ordem e viva bons
momentos com sua família sempre brindando a esperança de um 2016 melhor! f
*Carlos Cabral: enófilo,
estuda o universo dos vinhos
desde 1969. Fundou, em
1980, a Sociedade Brasileira
dos Amigos do Vinho (Sbav)
e atualmente é consultor
nacional de vinhos do Grupo
Pão de Açúcar
janeiro 2016 financeiro 43
Fotos: Divulgação
supermáquinas
Solte o volante
e relaxe...
Foto: Divulgação
Q
uem dirige um Volvo tem a sensação de
ser abraçado pelo carro, tal é a segurança oferecida pela marca sueca. Essa percepção promete ser ainda maior com o novo S90,
que será lançado em janeiro, no Salão de Detroit.
Sua principal inovação é o pilot assist, instrumento
semiautônomo, que permite ao motorista largar o
volante sem que o veículo saia da faixa da estrada,
em velocidades de até 130 km/h. Por meio de uma
câmera, que monitora a via, o sistema aciona os
freios, automaticamente, ao detectar à frente objetos, pedestres, ciclistas ou animais grandes, como
cavalos e bois, durante o dia ou à noite.
44 financeiro janeiro 2016
Concorrente direto dos premiums BMW Série
7 e Mercedes-Benz Classe S, o S90 é a primeira
experiência da Volvo no segmento de carros sedãs
de luxo. Seus faróis full-led têm iluminação que
forma a letra T deitada e as lanternas lembram a
letra C, contorno incomum nos sedãs. No interior,
os comandos são acionados a partir de uma tela
multimídia console central. A expectativa é que o
novo S90 pode chegar ao Brasil no segundo semestre de 2016, ou talvez em 2017. f
janeiro 2016 financeiro 45
Informefractal
Panorama
de crédito e consumo para as classes C e D
O
atual cenário de contração macroeconômica que o País
atravessa, com o reflexo na diminuição da renda individual
e das famílias, demanda ajustes tanto nas despesas dos
consumidores quanto na cadeia produtiva e de crédito. Esforços
cada vez maiores de planejamento de ambos os lados tornam-se
essenciais, dada a incerteza acerca do momento da retomada da atividade econômica e os índices de confiança em persistente declínio.
Para contribuir com um planejamento mais assertivo e informado, a Fractal entrevistou 3.118 pessoas com renda individual
de até R$ 1.500 mensais, nas principais regiões metropolitanas
do País. A pesquisa analisou detalhadamente informações como
a forma com a qual os entrevistados utilizam o sistema financeiro nacional, a posse de serviços e produtos financeiros, o comprometimento de renda com as despesas recorrentes e esporádicas, formas de pagamento de contas, contração de produtos,
itens de posse e decisões sobre consumo e crédito em cenários
de expansão e retração de renda.
Ao considerar as despesas mensais em momentos de crise,
foi solicitado que cada entrevistado listasse, de forma hierarquizada, os cinco principais itens de corte. A figura 1 representa a
incidência de respostas para o primeiro item de despesa a ser cortado,
sem considerar qualquer nível de
quebra. As despesas com vestuário,
viagens de recreação, restaurante/
bar/cantina, cosméticos e reparos
na casa aparecem como maior frequência, ao passo que despesas reRodrigo Neman:
lacionadas à educação e saúde são
advisor da Fractal
aquelas menos citadas.
Analytics
Modelos preditivos vêm sendo
construídos pela Fractal para analisar a relevância dos dados sociodemográficos e psicográficos
nos hábitos de consumo e priorização de despesas. Entre as
regiões metropolitanas foram encontradas diferenças estatisticamente significativas. No Recife, em Porto Alegre e em Campinas observou-se acentuada redução nos gastos de vestuário.
Em Belo Horizonte a priorização de corte foi para as viagens
de recreação. Salvador, Curitiba, Rio e São Paulo apresentaram
maior diversificação das despesas com prioridade de corte.
Figura 1: Despesas mensais com maior propensão a corte em momentos de crise.
janeiro 2016 financeiro 47
Informefractal
Figura 3: Intenção de investimentos e gastos por faixa de renda individual
em caso de melhoria do nível de renda familiar.
A pesquisa, para antecipar os eventuais padrões de consumo
em um cenário hipotético de retomada do crescimento econômico
e aumento de renda familiar, levantou de forma hierárquica os
três principais itens que receberiam os recursos adicionais. A figura 3 mostra as diferenças dos itens de prioridade 1 por faixa de
renda. Reforma do imóvel, aplicação financeira, educação e compra de imóvel para sair do aluguel figuram como os principais
interesses. À medida que a renda individual aumenta, a aplicação
financeira e a compra do imóvel para sair do aluguel ganham relevância, ao passo que a educação perde relevância.
Do mesmo jeito que há variações sobre os itens entre as faixas de renda individual, modelos preditivos mostram que o fato
de o respondente possuir ou não casa própria muda de forma
mais contundente as opções de investimento e gasto. A figura 4
mostra que respondentes com casa própria almejam com maior
frequência o acesso à educação própria e dos filhos, a reforma do
imóvel, viagens e férias e investir em negócio próprio.
Os dados apresentados tratam de um nível introdutório de
descobrimento a respeito das primeiras prioridades de cortes de
despesas e retomada de gastos e investimentos, para diferentes
grupos entrevistados. Os modelos de aferição mais sofisticados
demonstram correlações e padrões entre os três primeiros itens
de corte e os três primeiros itens de gastos e investimentos.
Decisões de planejamento da cadeia produtiva e de crédito têm
demandado modelos preditivos com maior número de variáveis
acerca do contexto de vida de grupos homogêneos entrevistados
e a respectiva estimação do tamanho da população desses grupos nas regiões pesquisadas.
Figura 4: Intenção de investimentos e gastos para os grupos que em que a família possui ou
não casa própria em caso de melhoria do nível de renda familiar.
Sem casa própria
Com casa própria
48 financeiro janeiro 2016
artigopalavrafinal
A
economia brasileira ainda
está sob impacto da forte
retração de seu produto
(PIB), da inflação elevada e do desemprego ainda crescente; afora outras deficiências macroeconômicas,
políticas e sociais. As expectativas
sobre o desempenho econômico em
2016 são ainda sombrias, esperando-se uma queda do PIB entre 3% e
4% (estimativa mínima e máxima de
Nicola Tingas:
mercado financeiro neste momento),
economista-chefe
após uma contração estimada próxida ACREFI
ma a 3,8% em 2015, e estagnação em
2014 quando o PIB registrou apenas 0,1%.
O PIB do 3º trimestre de 2015, divulgado pelo
IBGE no início de dezembro, evidenciou que estamos atravessando a mais profunda e prolongada
recessão em décadas. Na marcação estatística, o
PIB do período contraiu 2,5% em quatro trimestres,
sendo que foi de 1,8% a contração do “Consumo das
Famílias” e de 11,2% a contração do “Investimento”
(Formação Bruta de Capital Fixa).
Um agravante desse quadro é a expectativa
da continuidade das demissões no início de 2016,
necessária para ajuste do “tamanho” das empresas ao menor mercado e maiores custos, o que
deverá gerar um pico de desemprego em 2016 da
ordem de 11 a 12% da “taxa de desocupação da
força de trabalho”, seguindo a já elevada taxa de
8,9% indicada pela PNAD Contínua do IBGE, relativa ao 3º trimestre de 2015. Afora isso, há perda
de poder aquisitivo e aumento de custos na economia decorrentes da elevada inflação, próxima
a 10,5% em doze meses. Um cenário ruim para o
início do ano de 2016.
Assim, os desafios de travessia da conjuntura
adversa persistem em 2016. O que pode melhorar
ou salvar parte do ano de 2016? Algo poderá ser
revertido, se houver resgate de alguma “liderança
política” e um “acordo de poder”, a indicação de um
“plano de resgate econômico” crível e viável; sendo essas etapas necessárias para restaurar gradativamente a “confiança” dos agentes econômicos e a recuperação da capacidade de crescimento
da economia. f
Evolução PIB e componentes selecionados
Taxa (%) acumulada em quatro trimestres sobre mesmo período anterior
50 financeiro janeiro 2016
Texto escrito em 1/12/2015
Foto: Mário Bock
Desafios persistem
em 2016
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