História da antiga bebida francesa é rica em
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História da antiga bebida francesa é rica em
Domingo, 15/Setembro/2013 Bazar* Correio 15 À MESA GIÁCOMO MANCINI [email protected] FOTOS DE GIÁCOMO MANCINI Detalhes do charmoso centro da cidade de Chateauneuf, na França; tonéis de carvalho onde o vinho ganha aromas e sabores; série de rótulos do Chateauneuf-du-Pape CHATEAUNEUF. UMA CIDADE, UM VINHO Um castelo no alto do morro, onde papas da Igreja Católica passavam as férias de Verão. Uma uva chamada grenache. Um vinho denominado Chateauneuf-du-Pape. A história de um dos vinhos mais antigos da França é rica em detalhes e até em falsificações. O castelo foi construído sobre um monte rochoso de onde é possível observar o Vale do Rhône. Para garantir o abastecimento de vinho dos papas foram plantadas parreiras nas encostas. Desde o final da era pré-cristã, os romanos já vinham produzindo vinho na região, mas foi por causa do castelo papal que o vinho ganhou qualidade, passando a ser conhecido como vin du pape (vinho do papa). Isso por volta de 1300. Nada menos que 700 anos de história. Bem, os papas voltaram para Roma, mas a produção vinícola continuou enraizada em Chateauneuf. No Século 19, o esforço dos vinicultores em ter uma produção de qualidade já tinha garantido a fama dos vinhos de Chateauneuf. E muitos exibiam, orgulhosos, o brasão com a coroa papal e as chaves de São Pedro. A fama levou à falsificação e à fraude. Em 1936, foi aprovada a lei que garantiu aos Chateauneuf-du-Pape a Appellation d’Origine Contrôlée (AOC). Foi a primeira região vinícola da França a ganhar o certificado. Nos anos 1990, o que já era bom ficou melhor. Robert Parker se apaixonou pelos Chateauneuf e os preços dispararam, porque a oferta ficou bem menor do que a procura. A cidade, pequena, tem dezenas de lojas de vinhos. E vinícolas muito, muito antigas. Uma delas é a Famille Quiot. Em 1748, Antoine Quiot comprou um pequeno lote de vinhas. Hoje, já na 13ª geração, a Domaine du Vieux Lazaret tem cem hectares onde produz pelo menos uma dezenas de vinhos. Mas o principal é Chateauneuf-du-Pape Vieux Lazaret. Com a ajuda do enólogo Juan Magliarella e do comerciante Frederik Bellot, consegui visitar a vinícola num dia quente na Provence. A simpatia de Pauline, nossa anfitriã, tornou o passeio ainda mais divertido e informativo. Primeiro, o contato com os vinhedos, a menos de dois quilômetros da vinícola. As uvas ainda estavam em fase de maturação. As parreiras são plantadas no meio de pedras redondas, geralmente seixos de rio, que retêm o calor e servem de isolante térmico natural. O vento Mistral se encarrega de impedir a ação de pragas. Depois, acompanhamos a produção do vinho, passando pelas pipas, pelas adegas com os tonéis de carvalho onde o vinho ganha aromas e sabores e, é claro, pela degustação. Provamos de quatro safras do Chateauneuf. Quanto mais velha a safra mais complexo o vinho. Os Chateauneuf, principalmente os tintos, são capazes de suportar guarda de 15 a 20 anos. Ou até mais. Não são raros bons Chateauneufs com 25 ou até 30 anos, no auge de sabores e aromas. Quando novos, têm aromas de frutas, com coloração rubi. Quando mais velhos, a cor fica mais próxima do marrom e o gosto mostra notas de café e azeitonas pretas. Aliás, os produtores dizem que vinhos são como música. Dependem de várias notas musicais para ter harmonia. A AOC dos Chateauneuf permite que os produtores usem até 13 uvas na assemblage do vinho. Mas a maioria usa a grenache como base principal, mais syrah, mourvèdre e cinsault, para garantir equilíbrio, História da antiga bebida francesa é rica em detalhes e até em falsificações classe e harmonia. Nos vinhos brancos, o assemblage é feito grenache, clairette, bourboulenc e roussanne. Depois da degustação, fomos andar pelas ruas estreitas e charmosas da ville. Do Chateauneuf dos Papas restam ruínas. Boa parte das casas mais antigas foi transformada em lojas de vinho. Lugares perfeitos para caves de guarda e degustação. Os papas voltaram para Roma. E os Chateauneuf-du-Pape ganharam o mundo. Merecidamente. RECEITA GUISADO DE CORDEIRO COM VINHO TINTO (Você não precisa abrir um Chateauneuf-du-Pape) Ingredientes 500 g de picanha de cordeiro Azeite de oliva 1 cebola 2 talos de salsão em pedaços 2 cenoura em pedaços 500 ml de vinho tinto 250 ml de caldo de carne Farinha de trigo Alecrim, sálvia, tomilho, pimentado-reino Preparo Retire a gordura das picanhas de cordeiro. Corte em pedaços de 2 centímetros. Tempere com sal, pimenta e as ervas. Refogue aos poucos os pedaços de cordeiro até dourar. Reserve. Na mesma panela, refogue a cebola, o salsão e a cenoura. Junte o cordeiro. Espalhe por cima um pouco de farinha de trigo. Misture bem e junte o vinho e o caldo de carne. Acerte o tempero. Tampe a panela e deixe cozinhar em fogo baixo por 1 hora e meia ou até o molho ficar bem consistente. Sirva com arroz branco ou uma batata dauphinoise.
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