Proposta de Implantação de Pequena Empresa Têxtil com uso de
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Proposta de Implantação de Pequena Empresa Têxtil com uso de
38 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE PEQUENA EMPRESA TÊXTIL COM USO DE PRODUTO RECICLADO DE PET EM FRANCA-SP. REZENDE, Michelle Pereira de 1 MELO JÚNIOR, Tadeu Artur de 2 CARLONI, Alessandro Ramos 3 RESUMO Embora o município de Franca seja polo tradicional no setor calçadista, tem sido constatada diversificação de mercado nas últimas duas décadas na cidade, dirigida para produção de malharia, confecção de roupas e artigos de moda íntima. Os materiais têxteis usados na região são tradicionais, não havendo produção expressiva com uso de reciclados. O Polietileno Tereftalato (PET) é um termoplástico fabricado a partir de resinas sintéticas com inúmeras aplicações industriais, com possibilidade de transformação pós-uso. O presente trabalho tem como objetivo propor a implantação de uma pequena empresa têxtil que recicla PET em Franca-SP, demonstrando sua viabilidade. Foram usados os métodos de levantamento bibliográfico sobre características do processo de produção de tecidos e reuso de garrafas PET no setor têxtil, incluindo dados sobre reciclagem desse material, além de pesquisa mercadológica sobre a implantação de corporação com essa finalidade. Além disso, foi realizada simulação de modelo de negócio, usando CANVAS. Como principal resultado obtido, será apresentada proposta de implantação de uma pequena empresa produtora de tecido a partir de PET para a região de Franca-SP, usando planilhas baseadas em dados reais do mercado. Assim, o Canvas permite mostrar que a empresa tem modelo de receita ajustado, com clientes e parceiros estratégicos definidos, atendendo ao objetivo de satisfazer as necessidades dos clientes de forma sustentável, econômica e social. PALAVRAS CHAVE: Canvas. Franca. Indústria Têxtil. PolietilenoTereftalato (PET). Reciclagem. 1 Graduada em Tecnologia de Gestão da Produção Industrial pela FATEC – Faculdade de Tecnologia de Franca. E-mail: [email protected]. 2 Mestre em Ciências pela UNESP e Docente no Curso de Gestão da Produção Industrial da FATEC – Faculdade de Tecnologia de Franca. .E-mail: [email protected]. 3 Mestre em Desenvolvimento Regional pela Uni-FACEF, Especialista em Controladoria e Finanças e em Políticas Estratégicas, Engenheiro de Produção e Docente do Curso de Gestão da Produção Industrial da FATEC – Faculdade de Tecnologia de Franca-SP. E-mail: [email protected]. http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 39 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) ABSTRACT Franca municipality, São Paulo state, is known like a traditional placeto the footwear sector. However, it hasmarked by a market diversification occurred in the last two decades, starting to produce knitting, making clothing and underwear, but there are no significant production of recycled materials. Polyethylene terephthalate (PET) is a thermoplastic synthetic resin with numerous industrial applications, including the possibility of post-use processing.This paper aims at proposing the deployment of a small company textile manufacturing in Franca, SP, using PET. The methods employed in this study were bibliographic surveys and study, presenting recycling and characteristics of Polyethylene Terephthalate (PET) and the production process fabric applied to the PET bottle. Therefore, we will be presented proposal for deployment of a small company producing tissue from PET for the region of Franca, SP, using spreadsheets based on real market data. The Canvas business model allows to the company to adjust a revenue model, including customers and strategic partners defined, presenting the goal to attend a satisfying client needs associeted to a sustainable, economic and social order. KEYWORDS: Canvas. Textilemanufacturing. Franca. Polyethylene Terephthalate (PET).Recycling. INTRODUÇÃO A indústria têxtil representa um dos mais importantes setores produtivos no mundo, tendo passado por significativas mudanças ao longo tempo, tais como,elevação da produção resultando em aumento doscustos e de equipamentos,intensificação do capital e de padrão de concorrência no mercado globalizado. Entretanto, ainda mantém características de uso de mão-de-obra pouco especializada e com baixa remuneração. Nas últimas décadas, foi notado um crescimento significativo da participação dos países em desenvolvimento,principalmente do sudeste asiático, no mercado têxtil mundial. Esse fator acirrou ainda mais a competitividade, tendo em vista inclusão de fatores como preço final reduzido e capacidade de produção em larga escala por unidade de tempo. No Brasil, esse segmento passou por diversas etapas, alternando momentos de grande crescimento e recessão, desde a sua implantação noinício do processo de industrialização do país, entre o final do século XIX e a segunda metade do século passado. http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 40 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) Esse segmento tem passado por alterações importantes, na forma de atuação no mercado no estado de São Paulo. O município de Franca, SP, tradicional polo calçadista, está diversificando seu comércio, aumentando consideravelmente o número de empresas no setor têxtil, especialmente na confecção de roupas e artigos de moda íntima. A indústria têxtil, em seu processo de produção gera alguns resíduos, que são responsáveis pela poluição dos corpos de água da região em que atua. Ela requer grandes quantidades de água em seu processamento a úmido. Por outro lado, existe uma tendência crescente do uso intensivo de pesquisas para o desenvolvimento de uso ou mescla de novos materiais e estruturas têxteis, além da personalização através de maior interação com usuário, revelando maiores expectativas de versatilidade de vestuário nos mercados interno e externo. Dessa forma, estudos e projetos que tem como objetivo usar materiais que promovam sustentabilidade nesse segmentosão de alta relevância, podendo contribuir com sistemas de gestão ambiental e produção de artigos que geram menor impacto no ambiente. Uma das formas de promover produção de modo sustentável, aliado ao aumento na inclusão social de ações empregadasno setor têxtil, tem sido a manufatura de tecidos reciclados a partir da garrafa PET (Politereftalato de Etileno), que temaumentado nos últimos anos. O presente artigo tem por objetivo descrever aspectos associados com a implantação de uma pequena empresa têxtil que recicla PET em Franca-SP. Os métodos empregados nesse trabalho foram pesquisas usando fontes primárias e secundárias através de levantamento bibliográfico, focando nos temas de produção têxtil, reciclagem e características do processo de produção do tecido sendo a partir da garrafa PET, adicionalmente sendo realizada análise qualiquantitativa e pesquisa mercadológica sobre a implantação de corporação com essa finalidade. Além disso, foi realizada simulação de modelo de negócio, usando CANVAS, método que permite definição estabelecer uma proposta de valor adequada a segmento de clientes específicos, procurando resolução de um problema através de formato inovador e bem estruturado. http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 41 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) É apresentada proposta de implantação de uma pequena empresa produtora de tecido a partir de PET para a região de Franca, SP, usando planilhas baseadas em dados reais do mercado. 1. PROCESSOS E MATERIAIS DA PRODUÇÃO TÊXTIL O processo de produção têxtil tem início com a seleção e obtenção de matéria prima. Esta sofre as primeiras transformações pelos processos de fiação, tecelagem plana ou malharia, finalizando na etapa do acabamento (IMMICHI, 2006; MONTEIRO, 2013). Trata-se de um conjunto de processos complexos, envolvendo outras atividades, como se pode observar na figura 1. Figura 1 - Fluxograma simplificado do Processo Têxtil, representando atividades diversas. Fonte: Lidoro (2008). Segundo Pezzolo (2007), as primeiras fibras têxteis cultivadas pelo homem na Antiguidade foram linho e algodão, considerando produtos de origem vegetal, e lã e seda, de origem animal. Já Monteiro (2013), relata que as fibras naturais são obtidas pela transformação desses produtos de origem natural. As fibras artificiais são obtidas por intermédio da celulose natural. As sintéticas resultam de subprodutos do petróleo. Entre as artificiais, inclui-se o http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 42 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) acetato e viscose, entre as sintéticas podemoscitar o poliéster, poliamida (nylon), acrílico, elastano (lycra) e propileno (VASCONCELOS, 2006). Como é derivado da celulose (polpa de madeira), possui características semelhantes às do algodão: é forte, modela-se facilmente, e é macio. Essa fibra apresenta uma excelente absorção. Por isso, é confortável e pode ser tingida com facilidade. Diferentes substâncias químicas e processos são utilizados na produção dos tipos deraiom, que incluem: raiom de acetato, raiom de cupramônio e raiom de viscose, mais conhecido como viscose. Lyocell e Modal são desenvolvidos a partir do raiom (UDALE, 2009). O mesmo autor afirma que os tecidos sintéticos não têm boa absorvência, o que significa que secam rapidamente, mas são difíceis de tingir. O tingimento na etapa de produção da fibra cria um tecido que não desbota. Os produtos transformados constituem a matéria prima que segue, para a tecelagem ou malharia. Na tecelagem, os tecidos resultam de processos técnicos distintos (VASCONCELOS, 2006). Após estes processos, há necessidade de aperfeiçoamento dos fios e tecidos. São feitos o tingimento e estampagem, técnicas utilizadas para dar a coloração desejada, textura e acabamento final ao tecido (COSTA; ROCHA, 2009). Após a tecelagem e a tintura, o tecido pode ser submetido a diferentes tratamentos que modificam sua aparência ou lhe acrescentam novas propriedades. Além de acabamentos finais físicos, como pré-encolhimento, prensagem permanente (permanente-press), flanelagem (felpagem), lixagem (lixamento) e escovagem (escovamento), existem outros, responsáveis por diferenças consideráveis (PEZZOLO, 2007). 1.1. Produção Têxtil no Brasil Nosso país atualmente possui razoável taxa de produção têxtil, mas baixa representatividade de exportação, representando índice inferior a 1% do total mundial (IMPORT, 2012). O mercado interno é de grande relevância, sendo que na última década do século XX, destacou-se o segmento de confecções. Entre 1990 e 2007, uma pesquisa realizada detectou aumento no consumo de vestuário da ordem de 8,3 http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 43 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) Kg/habitante/ano em 1990, para 11,6 Kg/habitante/ano em 2007, sendo atualmente da ordem de aproximadamente 15 Kg/habitante/ano (STEIN, 1979). A região Sudeste, com base de dados de 1999, é a que mais se destaca naprodução e nas indústrias têxteis, seguida das regiões Sul e Nordeste. No Nordeste estão concentrados os investimentos intensivos emescala, no Sul se reúnem os produtores de cama, mesa e banho e malhas, de médio e pequeno porte, e no Sudeste fica a produção de artificiais e sintéticos, desde os grandes produtores de matérias-primas (viscose,poliéster, náilon, elastano, entre outros) até pequenas e médias tecelagens, malharias e confecções (DIAS, 1999). Existem aproximadamente 18 polos têxteis importantes na região Sudeste, destacando-se os de Americana, Santa Bárbara, Nova Odessa e Sumaré (São Paulo), formados em grande parte por pequenas e médias empresas responsáveis por 85% da produção nacional de tecidos artificiais e sintéticos, e Nova Friburgo (Rio de Janeiro), dedicado á produção de lingerie, entre outros (GORINI, 2000, p. 34). Além disso, Passos, município que fica situado no sul de Minas Gerais e próximo a Franca, SP, tem sido local de importantes rodadas de negócios associadas com distribuição e venda de material têxtil. A produção paulista é concentrada nas regiões da Grande São Paulo e de Campinas, que responderam por 77,5% do valor adicionado do setor no Estado em 1994. Além delas, têm alguma expressão na indústria têxtil apenas as regiões de Jundiaí, São José dos Campos, Sorocaba e Itapetininga (SPDESIGN, 2014). A região de Americana (SP) corresponde a um importante centro de produção de tecidos planos e artigos têxteis em geral, onde se encontra instalado um aglomerado de empresas têxteis especializadas. Caracteriza-se por possuir todas as etapas da cadeia produtiva, com firmas que atuam nos segmentos iniciais, como a fiação, até firmas que atuam no acabamento de tecidos e confecção de roupas (DIAS, 1999). A seguir serão apresentadas características da produção têxtil na região de Franca, SP. 1.2. Produção Têxtil na Região de Franca-SP O município de Franca, SP, possui destaque recente nesse segmentotendo partido para produção de malharia, confecção de roupas e especialmente em moda http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 44 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) íntima, que tem ampliado a produção desde a década de 1980 (COMÉRCIO DA FRANCA, 2007). No setor têxtil, localizamos também algumas etapas do setor calçadista,lembrando o fato de que a cidade é reconhecida nacionalmente como a capital do calçado masculino (BEORDO, 2012). Existem na cidade ligada, à indústria de transformação, 3371 estabelecimentos do subsetor indústria de calçados e 302 na indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos, que em primeiro de janeiro de 2012, mantinha 21.512 empregos formais do primeiro subsetor e 1.338 (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2012). Os segmentos de atuação detectados foram além da fabricação de lingerie, produzindo outros tipos de confecção, como: uniformes, calças, camisetas e roupas em geral. Os primeiros empreendedores da moda íntima local iniciaram suas atividades no final da década de 1980. A iniciativa partiu de mulheres que usaram o conhecimento que tinham a partir do setor calçadista para a produção, como forma de opção para composição da renda familiar (BEORDO, 2012). As empresas, normalmente são pequenas e médias, nasceram dentro deresidências e como trabalho familiar, mas vem se expandindo. As pioneiras, dentre as empresas que se destacam atualmente, são: a Frelith, que começou as atividades em 1989, a Loik, atuando no mercado desde 1992 e a Larulp desde 1996. Elas já respondem inclusive por exportações para a Europa, China e Estados Unidos (BEORDO, 2012). A seguir serão descritas características sobre o produto conhecido como PET, descrevendo de forma sumarizada, aspectos sobre sua reciclagem. 2. POLIETILENO TEREFTALATO (PET) O PET foi descoberto em 1928, nos laboratórios da DuPont, pela equipe do Dr. Carothers. Ele já havia desenvolvido o náilon 6.6, uma poliamida, e procurava novos polímeros para a produção de fibras, para substituir a seda GUELBERT et al., 2007). No começo, uma grande quantidade de poliésteres com baixa massa molecular e sem nenhuma propriedade comercial foi desenvolvido. Com o http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 45 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) prosseguimento da pesquisa foi possível adquirir de polímeros que, quando solidificados, podiam ser estirados muitas vezes o seu comprimento e se tornavam transparentes, brilhantes e resistentes à tração (WIEBECK; HARADA, 2005). Nos anos 50 esse poliéster foi usado na indústria têxtil da DuPont. Apenas nos anos 60, o PET foi utilizado como matéria prima para a embalagem, para preservação de alimentos. Em 1962, surgiu o primeiro poliéster pneumático utilizado pela Goodyear. Apenas nos anos 70, o processo de injeção e sopro permitiu a introdução do PET na execução de garrafas, inovando o mercado de embalagens, principalmente o segmento de bebidas (GUELBERT et al., 2007). O mesmo autor completa que o PET chegou ao Brasil em 1988, sendo utilizado apenas na indústria têxtil. A partir de 1993 passou expandir no mercado de embalagens, especialmente para os refrigerantes. O PET tem algumas vantagens em relação aos demais termoplásticos, que justificam sua grande e crescente utilização, são: excelente estabilidade térmica, facilidade de processamento, alta resistência química, alta estabilidade hidrolítica (devido à presença de anéis aromáticos), propriedades mecânicas atrativas a altas temperaturas, propriedades de barreira a gases, leveza, aparência nobre (brilho e transparência) e baixo custo de produção (ROSU et al., 1996; GARCIA, 2007; ROMÃO et al., 2009;ODIAN, 2004 apud SOARES, 2010, p.12). Por isso, o PET é uns dos melhores e mais resistentes plásticos para fabricação de garrafas e embalagens para refrigerantes, águas, sucos, óleos comestíveis, medicamentos, cosméticos, produtos de higiene e limpeza, destilados, isotônicos, cervejas, entre outros como embalagem final, chapas e cabos para escova de dente. De acordo com a ABIPET (2005), as transformadoras brasileiras, são empresas de grande porte (45%) ou de médio (35%). As fibras têxteis são o principal destino do PET reciclado no Brasil, na ordem de 38% segundo a ABIPET (2012). Nos Estados Unidos, o índice é ainda mais alto: 54,6% do PET reciclado foram empregados pelo setor têxtil (NAPCOR, 2005). Outra parcela considerável é destinada à moldagem de autopeças, embalagens para alimentos, produtos de limpeza, tubos, fitas de arquear e carpetes (ABIPET, 2012). http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 46 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38 8-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) O 9º Censo enso realizado pela ABIPET (2012) (2012) evidencia a evolução da reciclagem de PET no Brasil. Entre os anos de a 2012, a produção que era inicialmente em 2005 de , atingiu em 2007 231.000 toneladas,saltando para 331.000 toneladas e, 2012, conforme mostra a Figura 2. x 1000 ton 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 0 50 100 150 200 250 300 350 Figura 2 - Evolução da Reciclagem de PET no Brasil entre os anos de 2005 e 2012. Unidades dadas em milhares de toneladas recicladas. Fonte: ABIPET (2012). 3. PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE EMPRESA TÊXTIL COM USO DE MATERIAL AL RECICLADO DE PET EM FRANCA-SP. FRANCA Nesta esta estapa da pesquisa será apresentada a proposta de implantação de uma empresa de pequeno porte de produtos reciclados a partir de PET, no município de Franca - SP. 3.1. Estrutura fundamental da empresa X. Para Thompson e Strickland (2000), as diretrizes organizacionais são formadas ormadas pela missão, visão e objetivos da empresa. A missão é a identidade da empresa, como a sua razão de existir. Uma visão bem definida auxilia na formação http:/ http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 47 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) de estratégias mais coerentes. Os objetivos deve ser especifico alcançável, flexível e mensurável. Hoje, as empresas não podem mais trabalhar isoladamente, sendo assim através da atual tecnologia, seus clientes, fornecedores, parceiros de negócios e colaboradores ficaram mais ligados. Com base nesses dados foi criada uma estrutura fundamental relacionada a esses fatores, conforme segue: - Missão: Ser referência em reciclagem de material plástico, superando as expectativas dos clientes com qualidade perceptível, tecnologia avançada e elevado valor agregado; - Visão: Ser reconhecida como uma empresa de ponta no setor de transformação de garrafa PET para tecido. E também pela qualidade e excelência dos nossos produtos, serviços, colaboradores e administração; - Princípios e Valores: agregam os seguintes quesitos: Respeito ao meio ambiente; Responsabilidade Social; Integridade; Honestidade; Transparência; Satisfação do Cliente; Qualidade nos produtos; Melhoria contínua; Inovação; Planejamento e organização; Responsabilidade social. Desta forma, não só contribui para a preservação do meio ambiente, como conscientizamos a população do novo pensamento que deve ser adotado por todos para mantermos o nosso planeta vivo. Assim, esta proposta segue alguns princípios operacionais que foram definidos conforme segue para atingir a eficiência organizacional: - Metas: Atender às necessidades dos clientes, sendo o melhor e o maior fornecedor nacional na industrialização de tecidos reciclados, contribuindo na preservação do meio ambiente, assegurando a integridade das pessoas e patrimônios utilizados no nosso processo produtivo; - Publicidade e Marketing: A empresa também deve ter objetivos de comunicação bem definidos, o público que deseja atingir, a mensagem que deseja passar, as ofertas a serem promovidas e motivações a serem sugeridas aos clientes potenciais. No plano de marketing, é importante o conhecimentode elementos como: preço, produtos, serviço, ponto (localização) e promoção, inerentes ao sucesso da empresa; - Logística: O material deve ser disponibilizado para a indústria de transformação de forma economicamente acessível (qualidade, quantidade e http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 48 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) armazenamento). Devem-se escolher materiais ecologicamente eficientes e estabelecer processos que garantam a logística para a reciclagem; - Segurança no trabalho: Implantar um sistema de segurança e medicina do trabalho, propiciando aos colaboradores, senso critico para antevirem os problemas, para que não ocorram acidentes de trabalho, perdas de vida, incapacidades para o trabalho e afastamentos. O colaborador bem informado ganha qualidade de vida, sua relação com a família torna-se mais saudável, logo todos ganham; - Público Alvo: Pequenas médias e grandes que procuram colaborar com o meio ambiente fabricando seus produtos com material reciclado. A seguir, está representado na Figura 3, o organograma que resume a estrutura de funcionamento da empresa, a partir de administradores e setores específicos. Figura 3 - Organograma da empresa X. Fonte: Os autores. 3.2. Processo de Produção. O processo de produção têxtil a partir do PET (Politereftalato de Etileno) passa por algumas operações antes de misturar com as fibras e transformar em tecido, o processo requer certos cuidados de descontaminação para não causar http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 49 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) impactos ao meio ambiente e obter um material de alta qualidade (BASTIAN; ONISHI, 2009). Para facilitar a aquisição do material é importante pesquisar na região todos os órgãos governamentais ligados à área, sobre programas de coleta de onde se possa comprar o material, desenvolver parcerias com ONG's e Empresas privadas, desenvolver canais de compra de material em outras regiões além de desenvolver o própriomaterial. Normalmente as garrafas PET são recolhidas por catadores, e enviadas em fardos para a reciclagem (DIAS; SOUZA, 2006). Os fardos de garrafa entram na plataforma onde serão desfeitos. Após este procedimento as garrafas são colocadas na esteira de alimentação da peneira rotativa, onde é feita a primeira etapa de lavagem das garrafas (FARJADO et al., 2002). Os principais contaminantes do PET, listados pelo CEMPRE (2005) são: cola, outrosplásticos, em especial o PVC (Policloreto de Vinila), metais, areia e terra, além de ferrugem. São retirados os contaminantes maiores (e.g.pedras, tampas soltas, etc.). As garrafas passam então para a esteira de seleção, em que é monitorada a presença de outros materiais (e.g. PVC, PP, PE). Na etapa seguinte o material é introduzido em outro moinho até obter a granulometria adequada. O material é transportado pneumaticamente até o lavador, onde com adição de água é feito o enxágue, saindo diretamente para o secador. O material é retirado do secador por um transporte pneumático indo para o silo, passa por um detector de metais não ferrosos, estando pronto para ser enviado à indústria de transformação que resulta num produto chamado flocos (original: flakes) (BASTIAN; ONISHI, 2009). O mesmo autor completa que os flocos recebem uma fusão à temperatura de 300°C, além de uma filtragem para a retirada de impurezas. Teremos então os chips: (verdes de garrafas verdes); (cor natural de garrafa transparente), formados por grânulos milimétricos. Repete-se o processo, e o material derretido é passado por um equipamento que se transforma em filamentos (BASTIAN; ONISHI, 2009). Os pedaços de PET triturados (flakes) são derretidos até obter uma polpa macia, sendo transformado em um fio que pode ser tingido de várias cores (FARJADO et al., 2002). Desse ponto são enviados para uma bomba, passando por http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 50 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) micro furos, onde são lubrificados e reunidos em tambores com micro furos onde são determinados os títulos (espessura da fibra). O resultado é uma fibra cerca de 20% mais fina que a do algodão. Saindo dos tambores são reunidos e passam por um processo de estiragem, passando para o termo fixação, as fibras saem molhadas, passando em seguida por um secador. Depois de secas, as fibras passam pelo processo de carda. Nesta fase é feita a continuação da abertura e limpeza das fibras (BASTIAN; ONISHI, 2009). As fibras serão embaladasem fardos, prontas para suas diversas transformações. A fibra PET é fiada industrialmente e têm as cores originais brancas, verde, bege, ela pode ser misturada com algodão, linho e viscose para melhorar a leveza, maciez e conforto do tecido. Cerca de 40% de todo PET reciclável é destinado à indústria têxtil, porém o custo da reciclagem ainda é muito alto (BASTIAN; ONISHI, 2009). A Figura 4 ilustra os principais processos utilizadose mencionados anteriormente. Segundo Investnews (2004), a fibra PET é caracterizada pela alta durabilidade como todas as fibras sintéticas, boa resistência à abrasão, durabilidademecânica, elasticidade, sendo resistenteaos mesmos agentes químicos que as fibras de poliéster nas concentrações e tempo de exposição. Para melhorar oconforto dos artigos têxteis, por não ser absorvente atualmente a fibra PET é misturada a outras fibras mais absorventes; utilizada em malhas e tecidos formando brins e outros artigos, também sendo usada no vestuário em cortinas, carpetes e outros. Devem apresentar beleza, conforto, toque macio, caimento perfeito, alta resistência e durabilidade, que são propriedades importantes na indústria de tecidos (INVESTNEWS, 2004). O PET passa por vários processos para retirada de impurezas, antes de ser triturado, após a formação dos flocos é misturado com outras fibras, formando tecidos de alta qualidade e durabilidade (DIAS; SOUZA, 2006). Cada metro quadrado do tecido reciclado equivale a seis garrafas PET retiradas do ambiente, material que demoraria aproximadamente 100 anos para se decompor nas condições naturais (ABIPET, 2012). Segue a Figura 4 com os principais processos para industria têxtil. http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 51 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) Figura 5. Fluxograma do processo de produção. Fonte: Elaborado pelos autores. 3.3. Simulação de Custos para Implantação. Os custos para a implantação foram feitos com base de uma estimativa de valores. A tabela abaixo apresenta os valores assumidos para um investimento inicial no processo de implantação conforme a Tabela 1. O valor de máquinas e equipamentos, somando um total de setecentos e quarenta mil reais, poderia ser financiado pelo Banco BNDES, em quarenta e oito parcelas de dezenove mil, duzentos e cinquenta e dois reais e oitenta e seis centavos (BNDES, 2014). http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 52 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) Tabela 1 - Investimento inicial para compra de maquinário para empresa X. ITEM Maquinas e equipamentos Detalhamento Esteiras, moinho, Valor R$ tanques, Secador de R$150.000,00 fibras, silo, roscas. Máquina de lavagem de garrafas R$ 80.000,00 Máquina de Trituração R$120.000,00 Máquina de retorção de poliéster R$100.000,00 Máquina de navalhagem R$100.000,00 Máquina de prensa R$ 90.000,00 Enroladora R$100.000,00 Total R$740.000,00 Fonte: Elaborado pelos autores. Um importante componente para o processo de implantação é a avaliação dos custos fixos da empresa. Taxas mensais (como por exemplo, aluguel, contas de água, energia e telefonia) foram estimadas e apresentadas na Tabela 2. Tabela 2 - Custos fixos avaliados para instalação da empresa X. ITEM Detalhamento Barracão Aluguel Valor R$ R$5.000,00 Água R$13.000,00 Energia elétrica R$11.500,00 Telefone Fixo Plano Claro/Embratel R$ 349,90 Plano Claro R$ 99,00 Coleta de Lixo R$ 150,00 Gás Industrial R$ 120,00 Escritório de contabilidade R$ 2.000,00 R$ 504,00 Telefone Celular Matéria Prima (PET) 324kg Manutenções diversas Total R$ 500,00 R$33.222,90 Fonte: Elaborado pelos autores. http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 53 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) Os custos fixos apresentados na Tabela 2 são fontes importantes para planejamento do financeiro da empresa, controlando datas de pagamento para seu fluxo de caixa estar sempre positivo. A matéria prima encontra se dentro da cidade, de fácil acesso facilitando o custo e mão de obra. Além disso, no presente estudo, foram levantados dados de custos aditivos ou adicionais para o funcionamento administrativo e do processo de produção têxtil a partir do PET. Valores associados com atividades como processo de abertura da empresa, móveis e veículos a serem adquiridos e que serão patrimônio da empresa, são declarados na Tabela 3. Tabela 3 - Custos adicionais avaliados para instalação da empresa X. ITEM Documentação de abertura Veículos Moveis e utensílios Uniformes Material de escritório Equipamento de proteção Arquitetura e paisagismo Marmiteiro Fogão industrial Detalhamento Valor R$ CNPJ/I.E/Alvara de R$ 2.000,00 licenciamento/ Fiorino (20.900)/moto (3.500) R$24.400,00 Computadores (n=10)/ R$20.098,80 Impressoras(n=2)/ mesa de escritório(n=8) e cadeira (n=8)/ Telefones(n=10) / Fax (n=1)/mesa e cadeiras refeitório + bebedouros. Camiseta simples (n=20) R$ 680,00 Camiseta social(n=10) Folha de sulfite / Formulário R$ 850,00 continuo / grampeador / porta caneta / clips /grampo p/ grampeador / lápis /destaca texto / borracha / corretivo / extrator de grampo / calculadora / pastas diversas / apontador Protetor auditivo / óculos R$ 1300,00 respirador /capacete/ Vasos de Flores / Quadros R$ 1.500,00 Elétrico p/ 100 marmitas corpo R$ 1.499,00 em aço inoxidável 04 bocas c/ forno R$ 769,00 TotalR$ 53.096,80 Fonte: Elaborado pelos autores. http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 54 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) 3.4. Modelo de Negócio usando CANVAS. O CANVAS é uma ferramenta de modelagem de negócios ou projetos novos, inovadores ou já existentes. Vários modelos de negocio podem ter uma formulação inicial, sendo desenhados na plataforma CANVAS, em apenas algumas horas (OSTERWALDER et al., 2010). O mesmo autor complementa que o modelo de negócios CANVAS se baseia fundamentalmente em buscar atender às necessidades de mercado através da definição de segmentode clientes específicos que buscam o atendimento para um problema determinado através de solução com caráter inovador e bem estruturado (OSTERWALDER, 2005). O CANVAS foi proposto inicialmente por Alexander Osterwalder e Yves Pigneur, possuindo nove divisões ou blocos: Segmentos de Cliente, Propostas ou proposições de Valor, Canais de Distribuição, Relacionamentos com o Cliente, Atividades Chave, Recursos Chave, Parcerias Chave, Estrutura de Custo e Fluxos de Receita. Cada bloco do Canvas tem a hipótese do momento e seu dual, um par formado por atividade e critério de validação (MELLO et al., 2014). Esse modelo de negócios permite fácil associação e relação visual entre os nove blocos principais do seu negócio, estabelecidos em mapa visual, usando uma única página. O Canvas é realizado de forma colaborativa com opiniões de vários participantes, permitindo desenvolver a visão de empreendedorismo, além de usar ferramentas interativas como reuniões de brainstorming e métodosde imersão nos projetos (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). No presente projeto, para proporcionar melhor desempenho da empresa X, foram estruturados requisitos em noves blocos de extrema importância, seguindo a metodologia estabelecida e tradicionalmente utilizada (OSTERWALDERET et al., 2010). Foram inicialmente sugeridos e modelados dois blocos: segmento dos clientes e proposições de valor, conforme apresentado na Figura 6. O segmento de clientes foi criado a partir da fase inicial, denominada como “desenvolvimento de cliente”, sendo estrategicamente separado em dois grupos: lojistas, interessados no produto para venda a varejo; e indústrias locais que comprariam o produto final em maiores quantidades, com finalidade de revenda e/ou processamento secundário. http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 55 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) Figura 6 – Modelo Canvas de Negócio Fonte: Elaborado pelos Autores http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 56 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) Pode-se perceber que a proposta de valor foi baseada nos seguintes itens: sustentabilidade, contribuição social, inovação com aumento de qualidade, e satisfação do cliente. A seguir, foi trabalhado o bloco de construção de canais, descrevendo como a empresa se relaciona com os clientes, além de mostrar resumidamente como será a entrega do produto. Foram previstas ações usando a internet, através do uso de rede sociais, e site operando com informativos, podendo ter a capacidade de apresentar relatórios para empresas ou pessoas físicas cadastradas (Figura 6). Na etapa seguinte, foi trabalhado o modo de como a empresa se relaciona com o cliente, sendo previsto o uso dos seguintes métodos: serviço de atendimento ‘online’,e personalizado através de gerente para lojistas e indústrias. Finalmente, foram modelados três blocos também relevantes: recursos chave, bloco que descreve os mais importantes recursos para o modelo de negócio; atividades chave, que representa trabalhos mais importantes desempenhados para fazer o modelo de negócio funcionar; e a descrição das parcerias chave (fig. 6). Pode-se considerar que a presente proposta mostra um caráter inovador, quando compara a outros modelos de empresas têxteis existentes na região, principalmente ao se avaliar a forma de parceiros estrategicamente selecionados e na forma de atendimento e relação com os clientes. A inovaçãorepresenta alto grau de importânciapara a sobrevivência nos primeiros anos de uma organização (MELLO et al., 2014). Dessa forma, pode-se apontar que o uso do modelo CANVAS promove o entendimento dos arranjos complexos envolvendo a implantação de uma proposta de valor aplicada a segmento de clientes definido, aumentando as chances de sucesso do negócio. CONSIDERAÇÕES FINAIS A relevância da indústria têxtil é incontestável no mundo atual (COSTA; ROCHA, 2009). O aumento progressivo do mercado, refletido pela alta de consumo dos produtos nesse setor, é alavancado pela população dospaíses em desenvolvimento, onde o Brasil está inserido (GORINI, 2000). Apesar do município de Franca ser reconhecido nacionalmente como centrocalçadistado arranjo produtivo local, o forte desenvolvimento regional permitiu http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 57 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) aimplantação de negócios em novos segmentos, como por exemplo, logística, comércio, serviços, e principalmente, a indústria têxtil (COMÉRCIO DA FRANCA, 2007). Existem atualmente em Franca mais de 100 empresas apenas no segmento de lingeries, fornecendo empregabilidade e promovendo feiras e eventos. A produção de tecidos usando material reciclado representa um mercado promissor (DIAS; SOUZA, 2006). Existe também demanda para produtos têxteis na cadeia calçadista, tanto como forros como para cabedais construídos de forma alternativa, por exemplo, à base de pet, fibra de bambu, entre outros (DIAS, 1999). Diversos materiais podem ser combinados com o tecido reciclado de PET e a busca de produtos personalizados, como por exemplo, roupas compostas por tecidos inteligentes poderia permitir maiores benefícios no mercado têxtil em nosso país, resultando inclusive no incremento da taxa de exportação de tecidos, além de melhor diversificação para o mercado interno (DIAS; SOUZA, 2006). De acordo com o exposto, verifica-se que a implantação de uma pequena empresa no município de Franca, seria estratégica tanto para o estabelecimento de um bom modelo de negócios, com características de inovação, aumentando a conscientização da população em relação ao conceito de sustentabilidade. A presente proposta oferece benefícios a uma gama ampla de players, favorecendo a criação de novos postos de trabalho, associando-se com representantes de associações ligadas a coleta seletiva de materiais residuais secos e que podem ser reciclados. Dessa forma, atua primariamente nos princípios da sustentabilidade, reduzindo impactos ambientais,além de contribuir para a economia da cidade. O material reaproveitado sendo transformado em novos produtos atende aos quesitos da gestão ambiental, promovendo a logística reversa, reduzindo custos e uso de insumos, maximizando lucro no sistema produtivo. Além disso, empresas de confecções de roupas diversas poderiam apresentar novos produtos, usando novos conceitos e design, usando novas tecnologias, garantindo sustentabilidade e performance alternativas. A simulação de custos e inserção do projeto na plataforma CANVAS de modelo de negócios, mostra a viabilidade para a empresa X, além de demonstrar seu potencial objetivo em atender as necessidades dos clientes de forma sustentável, econômica e social. http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 58 REZENDE, M. P. et al. v. 06, nº 1, p. 38-59, JAN-JUN, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) O município de Franca poderia se tornar referência também pela confecção de produtos têxteis usando material reciclado. Para tanto, empresários e pesquisadores devem avaliar atentamente propostas como a apresentada nesse projeto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIPET. Associação Brasileira da Indústria de PET. Evolução da reciclagem de PET no Brasil: 2005 a 2012. Disponível em:<http://www.abipet.org.br>.Acesso em: 10/11/2013. BASTIAN, E, Y. ONISHI. Guia técnico ambiental da indústria têxtil. Elaboração Elza Y. Onishi,Bastian,Jorge Luiz Silva Rocco; colaboração Eduardo San Martin... [et al.]. - São Paulo:CETESB: SINDITÊXTIL, 2009. BEORDO, M. Tecendo caminhos: A identidade do micro empreendedor têxtil em Franca/SP. Franca, 2012. COMÉRCIO DA FRANCA. Fábricas de lingerie absorvem sapateiras. Franca, 308/2007. Disponível em: <http://www.gcn.net.br/jornal/index.php?codigo=19646>. Acesso em: 08/08/2014. COSTA, A. C. R.; ROCHA, É. R. P. 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