CLF 01 Escoamento em Canais 1a parte
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CLF 01 Escoamento em Canais 1a parte
Disciplina: Camada Limite Fluidodinâmica Escoamento em Canais 1ª Parte Prof. Fernando Porto Introdução • Um túnel de vento supersônico é um túnel de vento que produz velocidades entre Mach = 1 e Mach = 5. Controle de pressão Bocal supersônico Câmara equalizadora Seção de teste Modelo Garganta sônica Bocal de saída Tanque de alta pressão Escape Difusor Grade de alinhamento Suporte Esquema de túnel de vento intermitente • Um túnel de vento supersônico tem uma grande demanda de energia, de modo que a maioria são projetados para intermitente em vez de operação contínua. • Túneis de vento intermitentes operam normalmente através do emprego de gás estocado em alta pressão. • A pressão requerida para um regime supersônico em Mach 4, a relação entre pressões é da ordem de 10. • Devido a possibilidade de ocorrência de condensação de humidade ou mesmo de presença de gás liquefeito no fluxo, normalmente um túnel de vento supersônico utiliza a ar ou gás desumidificado, podendo também haver uma instalação de pré-aquecimento. • Um túnel de vento capaz de operação contínua em tempo “prolongado” é o “NASA Ames 6x6 foot” ilustrado a seguir. 1- painel de controle 2- seção de teste 3- espirais de resfriamento 4- torre de resfriamento 5- compressor 6- motores 7- tanque de ar seco 8- bombas de vácuo e compressores Desenho ilustrativo do projeto do NASA Ames 6x6 foot, anterior à sua construção no início da década de 1960. vi Figura A Túnel de vento supersônico da NASA, Ames 6x6 foot, iniciando operação. Figura B Modelo instalado para testes na seção 6x6 pés do túnel de vento. Figura C • O túnel de vento mostrado na figura A apresenta um bocal convergente-divergente à esquerda da seção de teste (rotulado com o número 2) projetado para suavemente acelerar o fluxo de ar para velocidades supersônicas. • A direita da seção de teste, encontra-se um difusor convergente-divergente projetado para desacelerar o fluxo supersônico para subsônico de modo a minimizar a perda de pressão total. • Na figura C, um modelo é mostrado montado na seção de teste do mesmo túnel de vento. • Esta parte do estudo do fluxo compressível é voltada para o estudo de bocais e difusores convergentes e divergentes, elementos vitais de túneis de vento de alta velocidade, mostrando como eles funcionam e como estimar as características do fluxo através destes e de outros dutos. Uma foto Schleiren de um modelo do bombardeiro XB-70 Valkyrie em um túnel de vento supersônico, com os wingtips na posição elevada (ver detalhe acima). Equações Básicas para Escoamento Compressível Unidimensional • Consideraremos aqui que o escoamento pode ser afetado por uma ampla variedade de fenômenos: variação de área, atrito e transferência de calor. • Para iniciar a montar as equações, usaremos o volume de controle abaixo: fluxo Rx : componente em x da força superficial de atrito e pressão sobre os lados do canal. fluxo Propriedades nas faces T : temperatura p : pressão : massa específica A : área V : velocidade Propriedades na face 1 do CV Propriedades na face 2 do CV a) Equação da continuidade VC: volume de controle SC: superfície de controle 4.12 = 0 (escoamento em regime permanente) Consideraremos o escoamento como unidimensional : 13.1a constante b) Equação da quantidade de movimento 4.18a = 0 (escoamento em regime permanente) = 0 (sem atuação de forças além do atrito superficial) As forças de superfícies são as forças de atrito: 13.1b c) Primeira Lei da Termodinâmica 4.56 = 0 (regime permanente) = 0 (trabalho nulo) Sabendo que: = 0 (desprezando efeito da gravidade) temos 131c d) Segunda Lei da Termodinâmica = 0 (regime permanente) 4.58 VC SC SC • ou SC • simplificando 13.1d SC e) Equação de Estado • As equações de estado são relações entre propriedades termodinâmicas. Qualquer propriedade pode ser expressa como uma função de duas outras propriedades independentes quaisquer. • Por exemplo, poderíamos escrever h = h (s,p), = (s,p), e assim por diante. • São relações importantes para escoamentos incompressíveis: 13.1e 13.1f 13.1g constante SC Obs.: somente para gás ideal Obs.: somente para gás ideal com Cp constante • Este conjunto de equações será agora simplificado para cada um dos fenômenos que podem afetar o escoamento: • • • • Escoamento com área variável. Choque normal. Escoamento em um canal com atrito. Escoamento em um canal com aquecimento ou resfriamento. Escoamento Isentrópico sob Variação de Área A primeira situação a ser vista é um escoamento modificado somente pela variação de área, não considerando transferência de calor, atrito ou choques. Assim, a equação 13.1d, da segunda lei da termodinâmica se torna nula: Transferência de calor = 0 =0 13.1d O que indica que S2 – S1 tem valor nulo (o fluxo de massa continua a existir!), significando que este fluxo é isentrópico. Se o fluxo é isentrópico, a equação 12.11a ou b (ou 13.1g, pois são a mesma!) também se torna nula: 2 1 = . 2 1 + . 2 =0 12.11b 1 Obs.: ln(1) = 0 Se este produto é igual a 1, então T2/T1 e v2/v1 devem ser iguais, de valor +1, pois cv e R não são iguais a zero. Assim, podemos aceitar o algebrismo abaixo : Pois R/cv = (cp – cv)/cv = k – 1. Deste modo inferimos que Obs.: este desenvolvimento discorda do apresentado no livro texto, embora chegue no mesmo resultado. Lembrando que v = 1/ : Similarmente, para as equações 12.11b e 12.11c, tem-se Deste modo, o conjunto básico de equações torna-se: constante =0 s2 – s1 = 0 SC Obs.: somente para gás ideal Uma consequência importante deste conjunto de equações é que Ou seja, se a velocidade do escoamento cresce, a temperatura do gás cai, e vice-versa. Isto é importante porque, para estudarmos os bocais e difusores convergentes / divergentes, é necessário um entendimento de como a velocidade e a pressão variam a medida que a área de escoamento varia. Entretanto, somente este conjunto de equações não é suficiente. Um conjunto de equações importante para esta análise é este a seguir, cujo desenvolvimento pode ser visto no livro texto: Eq. 13.4 Eq. 13.5 Eq. 13.6 Embora ainda não possa ser usada para cálculos, pois não estabelecemos até aqui como variam pressão e velocidade em acordo com a variação de área, as informações que podem ser obtidas são essenciais. Três possibilidades são analisadas a seguir: M < 1, M > 1 e M =1, respectivamente escoamento subsônico, supersônico e sônico. Escoamento Subsônico, M < 1 + Para M < 1: Eq. 13.6 Se dA negativo (A decrescente): dV Bocal Canal convergente Se dA positivo (A crescente): Subsônico M<1 Bocal dA < 0 dV > 0 Fluxo dV negativo (V decrescente) Difusor Canal divergente Regime do fluxo positivo (V crescente) Difusor dA > 0 dV < 0 Fluxo Escoamento Subsônico, M < 1 + Para M < 1: Eq. 13.5 dA negativo e dV positivo dp negativo dA positivo e dV negativo dp positivo Bocal dA < 0 dp < 0 Regime do fluxo Subsônico M<1 Difusor dA > 0 dp > 0 Fluxo Fluxo Canal convergente Canal divergente Escoamento Supersônico, M > 1 Para M > 1: Eq. 13.6 Se dA positivo (A crescente): dV positivo (V crescente) Bocal Canal divergente Se dA negativo (A decrescente): Canal convergente Supersônico M>1 Fluxo negativo (V decrescente) Difusor Bocal dA < 0 dV < 0 Regime do fluxo dV Difusor dA > 0 dV > 0 Fluxo Escoamento Supersônico, M > 1 Para M > 1: Eq. 13.5 dA positivo e dV positivo dp negativo dA negativo e dV negativo dp positivo Bocal dA < 0 dp > 0 Regime do fluxo Supersônico M>1 Fluxo Canal divergente Difusor dA > 0 dp < 0 Fluxo Canal convergente Bocal dp < 0 dV > 0 Regime do Fluxo Subsônico M<1 Fluxo Fluxo Bocal subsônico Canal convergente Supersônico M>1 Difusor dp > 0 dV < 0 Fluxo Bocal supersônico Canal divergente Bocal: o fluxo é acelerado Difusor subsônico Canal divergente Fluxo Difusor supersônico Canal convergente Difusor: o fluxo é desacelerado Bocal supersônico Canal divergente Por este motivo o bocal do motor de um lançador espacial tem um canal divergente na saída: para acelerar o fluxo (motor principal de ônibus espacial). Escoamento Sônico, M = 1 Isto não é realista!!!! Para M = 1: Eq. 13.6 É necessário lembrar que estas equações são adequadas para fluxos isentrópicos. Na verdade, a desaceleração do escoamento supersônico para subsônico não pode ocorrer isentropicamente na prática, visto que uma onda de choque irá se formar e causar aumento na entropia. Já no caso de aceleração de subsônico para supersônico, este modelamento é mais próximo do comportamento real do escoamento. Próximos assuntos • Condições críticas e de estagnação de referência para escoamento isentrópico de um gás ideal. • Exercício resolvido. • Escoamento isentrópico em um bocal convergente. • Exercício resolvido. Bibliografia JOHN D. ANDERSON, JR Modern Compressible Flow: With Historical Perspective. McGraw-Hill Series in Aeronautical and Aerospace Engineering, 2002. ISBN-10: 0072424435 ISBN-13: 978-0072424430 Bibliografia Robert W. Fox, Alan T. McDonald Introdução à Mecânica dos Fluidos. Rio de Janeiro RJ, 4ª.Ed.; Editora Afijada. ISBN-10: 8521610785 ISBN-13: 978-8521610786