São Jerónimo, exegeta ao serviço da reflexão mariológica (347-419)

Transcrição

São Jerónimo, exegeta ao serviço da reflexão mariológica (347-419)
São Jerónimo, exegeta ao serviço da reflexão
mariológica (347-419)
Jerónimo, estudante romano, pede o baptismo aos 19 anos e, desde esse momento, a integridade do seu
carácter não concebe outro tipo de vida que não a de consagração a Deus. Mas onde e como? À procura da
sua vocação, começa a viajar. Primeiro, passa dois anos no deserto de Chalcis na Síria: um pequeno estágio
de eremitismo ascético e contemplativo, na meditação amorosa das Escrituras, é a melhor formação para
servir ao Senhor. Mas Jerónimo precisa de acção. Por isso, dirige-se a Antioquia, famosa pela sua escola
exegética. Aí aprende grego e hebraico e abraça o sacerdócio. Passando por Constantinopla, descobre a
exegese de Orígines e fica sob a alçada de São Gregório de Nazianze (Nazianze, antiga cidade das
Capadócia em Turquia).
Consagrado à leitura da Bíblia, é o fundador da exegese e o autor da Vulgata (1)
Mas, ainda indeciso sobre o seu futuro, volta para Roma, onde a sua grande cultura faz dele o secretário do
Papa Dâmaso. Teve também muito sucesso junto dos laicos: um pequeno grupo de mulheres cristãs, suas
admiradoras incondicionais, de quem é padre espiritual, reúne-se à sua volta. Com a morte de São Dâmaso,
vê-se obrigado a abandonar Roma, onde o seu carácter fogoso lhe valera muitos inimigos. As suas
“Senhoras” seguem-no até Belém, onde funda, para elas, um pequeno mosteiro. Aí encontrou o lugar da sua
vocação. Consagra-se ao estudo da Bíblia, que traduz em latim (“a Vulgata”), sem deixar de entrar em
confronto com numerosas personalidades e de se intrometer em todas as querelas da época.
São Jerónimo, um dos primeiros grandes defensores da virgindade perpétua de Maria (2)
Grande defensor da virgindade perpétua da Virgem Maria, Jerónimo foi, não só um dos primeiros grandes
promotores da teologia mariana, como também do papel e da vocação da mulher dentro da Igreja. É, entre
outras, autor desta fórmula bem conhecida: “ A morte veio-nos por Eva; a vida, por Maria”. Foi dos
primeiros a ousar elogiar a virgindade cristã e feminina, numa época em que pensar que as mulheres podiam
querer permanecer virgens era causa de escândalo.
Os costumes hebraicos exaltavam sobretudo a maternidade; os pagãos, por seu lado, negavam à mulher a
personalidade jurídica, passando da tutela do pai para a do marido. Guardar o celibato era estar contra o
poder do pai da família que dispunha das filhas à sua vontade. A igualdade entre o homem e a mulher não
fazia, nessa época, qualquer sentido. Jerónimo não fez menos do que formular um verdadeiro tratado da
virgindade que iria ser a primeira regra das freiras sem claustro; fiel ao seu ideal de asceta, Jerónimo
incentiva a escolher esta via a algumas mulheres da sociedade romana, cujo nome será inseparável do seu:
Marcela e Paula.
Jerónimo foi escolhido como um dos 33 Doutores da Igreja
Ficou conhecido, na história, como um dos feitios mais difíceis de toda a comunhão dos santos. Mas a sua
afectividade algo excessiva torna-o mais próximo de nós. Acusamo-lo de ter sido irascível e vindicativo.
Admiramo-lo pelo seu amor a Cristo e à Palavra de Deus. Com efeito, a Igreja fez dele um dos 33 Doutores,
ou seja, uma referência doutrinal de primeiro plano para o Magistério Católico.
(Fonte Internet : www.nominis.cef.fr)
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(1) A Vulgata é a Bíblia em latim, traduzida por São Jerónimo. Esta tradução latina da Bíblia é o texto de
referência da Igreja latina.
(2) Ler: Maria sempre virgem, de São Jerónimo