Associação das Famílias dos Diplomatas Portugueses

Transcrição

Associação das Famílias dos Diplomatas Portugueses
1
Associação das
Famílias dos
Diplomatas
Portugueses
Editorial
1-2
Visitas Culturais
5-6
Correio dos
Associados
8-12
EUFASA
3-4
Vida Associativa
7
Bazar 2010 / 11
13-16
Boletim nº 2
2011
Editorial
Caros Associados,
Nesta altura do ano em que muitos de nós se preparam para
celebrar o encontro com as famílias, filhos, netos, pais e amigos,
que vivem, muitas vezes, a distâncias do tamanho de oceanos,
gostava de vos enviar uma palavra de amizade desejando-vos
umas óptimas férias antes do recomeço dos nossos trabalhos,
em Setembro.
Estes últimos três meses passaram a correr, com as actividades previstas e os
nossos esforços concentrados, sobretudo, no problema que surgiu no início do
ano e que diz respeito aos complementos de reforma das nossas associadas
viúvas, que viram esse complemento desaparecer subitamente, deixando as suas
pensões desesperadamente reduzidas. Continuamos a tentar encontrar uma
solução.
A EUFASA decorreu lindamente, com o profissionalismo da Paula e da Veronika e
a presença da nossa Embaixatriz em Budapeste, a Maria Luís Jorge Mendes, que
prometeu continuar o trabalho proposto nas reuniões. Tenho a certeza que o
fará.
A entrega dos donativos aos representantes das Associações contempladas este
ano, numa recepção oferecida pela Ex.ma Senhora Dra. Maria Cavaco Silva, no
Palácio de Belém, foi também um dos momentos altos da vida da Associação.
O programa cultural, conduzido pelas Embaixatrizes Conceição Côrte-Real e
Isabel Monteiro, cumpriu as visitas programadas, sempre tão interessantes e
bem organizadas.
2
A nossa associada Filomena Cunha Alves trouxe à sede da AFDP um grupo de 32
alunos americanos, estudantes de Português da Northeastern University, de
Boston. Momentos antes foram recebidos no Protocolo, donde vinham
encantados com o Palácio. A ideia de virem à Associação foi mostrar a esses
alunos o local onde se passam todos os trabalhos relativos às famílias dos
diplomatas portugueses. Fizeram imensas perguntas, beberam Coca-Cola e
depois… levaram os copos para a cozinha!
A Marina Quinteiro contactou a Dra. Aida Baptista para organizar um curso de
Português para estrangeiros dirigido ao Corpo Diplomático acreditado em
Portugal e aos cônjuges estrangeiros casados com diplomatas portugueses. A
ideia foi muito bem aceite quando a apresentámos na reunião de preparação
para o Bazar de 2011 realizada na Associação.
Alguns momentos bem passados na sede da Associação, como o almoço de
despedida à Dra. Marta Amado com os nossos agradecimentos pela simpatia e
apoio que nos deu nestes últimos anos, em que foi nossa Presidente Honorária.
Também fizemos duas reuniões com as Embaixatrizes estrangeiras, em que
estiveram presentes as associadas que no último Bazar estiveram à frente dos
vários pelouros e que deram as explicações e respostas adequadas às perguntas
que lhes foram feitas.
Correndo o risco de ser demasiado longo, não quero acabar sem agradecer a
todas as associadas e amigas que quiseram aceitar a minha proposta para
fazerem parte da nova direcção e que têm sido incansáveis e uma ajuda preciosa
para que o trabalho continue o melhor que sabemos e podemos.
Um abraço amigo,
Ana da Rocha Páris
Presidente
Junte-se a nós!
http://www.acdp.pt/ficha_inscricao1.pdf
A AFDP é uma rede útil de contactos para aconselhamento e apoio ao longo da carreira.
Aqui poderá conhecer pessoas com experiências e um modo de vida parecido com o seu e
que estão prontas para ajudar a responder às suas dúvidas, sejam elas relacionadas com a
(re)instalação, escolaridade dos filhos, (re)ingresso no mercado de trabalho, sem esquecer a
situação mais específica dos Foreign Born Spouses, dos reformados e dos divorciados.
A Associação está disponível para ajudar na preparação para posto, fornecendo post reports
e organizando conferências. Também quando regressam a Lisboa depois de postos no
estrangeiro podem os associados contar com a Associação que fornece todo o tipo de
informações úteis.
Ainda no intuito de promovermos o contacto entre os associados, organizamos regularmente
actividades culturais, nas quais são convidados a participar também membros do Corpo
Diplomático acreditado em Lisboa. Trata-se aqui de visitas a exposições ou locais de
interesse, ou ainda de Encontros com personalidades da vida pública portuguesa realizadas
em diferentes Embaixadas estrangeiras.
Podem ser membros efectivos os cônjuges e companheiros ou unidos de facto de
diplomatas portugueses de carreira, seja qual for a situação do diplomata. O mesmo se aplica
aos viúvos, ex-cônjuges ou ex-unidos de facto. É possível ainda tornarem-se associados
aqueles cujos cônjuges, companheiros ou unidos de facto tenham temporariamente estatuto
diplomático, enquanto durarem essas funções.
3
Novo sistema de apoio
para diplomatas recém-chegados a posto
No futuro os diplomatas dos países da EU poderão ser recebidos em posto por
um “Oficial de Ligação Europeu” ou “Coordenador”. A ideia é prestar assistência e
informações a cônjuges e famílias de diplomatas no estrangeiro em matérias de
rotina diária (por exemplo, onde fazer as compras, como encontrar empregados
domésticos, escolas, babysitters, médicos), à semelhança dos sistemas de apoio
que existem já para os diplomatas americanos, franceses e britânicos.
Um grupo de trabalho dirigido pela
Alemanha, com a participação de
Portugal e da Bélgica, lançou ideias
para este novo sistema de apoio desde
2010 a 2011 e apresentou o projecto na
Conferência Anual da EUFASA em
Budapeste a 2 e 3 de Maio de 2011. A
proposta foi acolhida com entusiasmo,
especialmente pelos países europeus
mais pequenos que têm pouco – ou
mesmo nenhum – apoio e informações
quando vão para posto.
A organização prática do chamado “Sistema de Coordenação Europeu” ainda
precisa de ser afinado, mas os princípios básicos já estão acordados: nas capitais
europeias, a Associação local de Famílias dos Diplomatas será encarregada de
receber diplomatas europeus recém-chegados enquanto que nos países fora da
EU haverá um sistema rotativo (por ordem alfabética) que assegurará que todos
os anos um país europeu assuma a responsabilidade de acolher os outros
diplomatas europeus.
Já arrancaram uma série de projectos-piloto, em Dublin, Buenos Aires,
Hamburgo, Abu Dhabi, bem como em Budapeste, onde a Embaixatriz portuguesa
Maria Luís Jorge Mendes assumirá a direcção com o apoio da Associação local de
diplomatas húngaros.
Em Lisboa, a nossa AFDP organizará um encontro de boas-vindas para os novos
diplomatas estrangeiros colocados em Lisboa, em Setembro. Também a partir
desse mês haverá a possibilidade de participar em aulas de Português nas
instalações da nossa Associação. O nosso programa de eventos culturais
continuará aberto ao Corpo Diplomático estrangeiro.
Veronika Scherk Arsénio
4
Contactos com o sector privado
para criação de oportunidades de emprego
para cônjuges de diplomatas
O emprego continua a ser uma das principais preocupações para os cônjuges e
parceiros de funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Na Conferência
Anual da EUFASA, em Budapeste, a questão do emprego esteve mais uma vez
em cima da mesa, desta vez, com ênfase especial nos contactos com o sector
privado.
Este grupo de trabalho liderado por Portugal
focou “as melhores práticas” para a obtenção de
emprego no sector privado. A Associação das
Famílias dos Diplomatas Franceses, por exemplo,
tem parcerias com a “Gallimard”, editora de
guias turísticos e com a agência de viagens
“Terre Entière”, com vista à contratação de
cônjuges de diplomatas no estrangeiro. A
Associação suíça tem uma parceria com a
agência de emprego “Adecco” para ajudar os
cônjuges a encontrarem trabalho em posto.
Também se discutiu a utilidade das redes
empresariais e profissionais, por exemplo, o
grupo “International Business and Professional
Women” e a “European Professional Network”,
que promove eventos mensais em todas as
grandes cidades, incluindo Lisboa.
Veronika Scherk Arsénio
Outros assuntos abordados na Conferência Anual
da EUFASA em Budapeste a 2 e 3 de Maio de 2011
•
•
•
•
O estatuto legal do cônjuge/parceiro em caso de separação ou divórcio;
O estatuto legal de parceiros do mesmo sexo;
Princípios reguladores das transferências;
A criação de uma base de dados mundial de escolas para crianças com
necessidades especiais e com deficiências.
Poderá consultar os relatórios completos em www.eufasa.com
5
VISITAS CULTURAIS
Aqueduto das Águas Livres
e ao Reservatório
da Mãe- d’Água
7 de Abril
Matar saudades e recordar faz bem! É incrível como
a pessoa com o avançar da idade, observa o mesmo
objecto ou a mesma situação de maneiras
diferentes. Lembro-me de ter ido pela primeira vez
visitar o Aqueduto das Águas Livres, pela mão do
meu Pai, então Administrador da Companhia das Águas, de soquetes brancas.
Nesse dia o que mais me impressionou foi a altura! Só a altura! Que bom estar
com os pés bem assentes no chão ao lado dos pombos, das gaivotas, das
andorinhas e dos pardais a voarem.
Depois, muitos anos mais tarde, o que mais me impressionou foi a deslumbrante
vista sobre Lisboa, cidade linda e mágica banhada pelo rio prateado e sereno que
é o nosso Tejo.
E o que foi que me impressionou desta vez que fui com as Embaixatrizes
estrangeiras e colegas? A maravilha da arquitectura pré-pombalina de Carlos
Mardel, com aquele estonteante arco central ogival, o maior do Mundo e que
resistiu ao terramoto de 1755!
Estou de tal maneira ligada a este magnífico monumento nacional e tinha ficado
tão deslumbrada com a visita no início dos anos 90, que me lancei na aventura
de repetir a experiência no passado dia 7 de Abril.
A palavra Embaixatriz abre de facto algumas portas.
Para acolher o grupo, simpaticamente composto por colegas de dentro e de fora,
estava a Dra Bárbara Bruno, coordenadora do serviço pedagógico, e 2 guias
novas, giras e simpáticas.
O programa foi exaustivo!
Com um sol radioso e quente quanto basta começámos cá fora, num pequeno e
simpático jardim mesmo ali no meio de Campolide, por ouvir a história da
construção do Aqueduto terminado em 1744.
Entrámos então no Aqueduto propriamente dito e percorremos alguns metros de
galeria, com o seu canal condutor agora seco. Abriu-se então uma porta num dos
seus muitos lanternins e estávamos ao ar livre num dos dois corredores que
levam a Monsanto... Ficámos conquistadas pela vista extraordinária sobre Lisboa.
Andámos até ao fim, até Monsanto, e ai cruzámos ciclistas e grupos de amantes
da Natureza. Fomos ver os dois primeiros respiradores que parecem pequenas
abóbadas lindas só por si e que permitiam a oxigenação da água. Foi só na altura
de regressarmos para o Aqueduto que me apercebi do pânico da Embaixatriz da
Suécia. A Jane tem medo das alturas a um tal ponto que queria regressar a pé
por Monsanto e Benfica!!!
Nunca me esquecerei deste episódio que me fez lembrar a Laila, mulher do
actual Presidente da Liga Árabe, quando, nos anos 80, visitámos o Grand
Canyon, nos EUA, e tivemos que percorrer um trilho muito estreito durante quiló-
6
VISITAS CULTURAIS
metros para subirmos do leito do Colorado até ao cimo do desfiladeiro e ela ficou
todo o tempo a caminhar de costas para o abismo e agarrada às paredes
rochosas! Mais tout est bien qui fini bien! Chegámos todas sãs e salvas ao
princípio do nosso passeio.....
Fomos então a pé pelas ruas de Lisboa, até às Amoreiras e ao seu acolhedor
jardim para irmos ate à Mãe d' Água. Espaço único pela sua sobriedade e a sua
grandeza que nos transmite calma e paz de espírito graças à "música" de fundo
da água da sua cascada.
Por vezes despejam a cisterna para realizarem exposições (quase sempre muito
interessantes) e isso torna o espaço ainda mais imponente e majestoso. Subimos
ao terraço para ter outra vista diferente, mas igualmente fantástica, sobre
Lisboa.
Acabámos a visita percorrendo mais uns metros do aqueduto, desta vez sobre o
jardim e o arco da Rua das Amoreiras.
Foi uma manhã muito bem passada e um programa glorioso e espero ter feito
crescer água nas bocas das ausentes e que este artigo as faça querer conhecer,
com amigos ou visitantes estrangeiros, este monumento pouco visitado, mas
único!
Isabel Monteiro
Palácio Nacional da Ajuda
19 de Maio
No dia 19 de Maio a Associação promoveu uma visita cultural ao Palácio Nacional
da Ajuda, na sequência da palestra proferida pela Senhora Conservadora Dra.
Isabel Silveira Godinho na Embaixada da Alemanha no dia 22 de Março. O tema
da palestra tinha sido “A Rainha D. Maria Pia” e na sequência dela justificava-se a
visita guiada pela própria Conservadora, que a explicações histórico-artísticas
juntou pequenas “estórias” sobre a Família Real. Além disso desvelou ainda
segredos do restauro das pinturas ocultadas por posteriores obras e já em vias
de serem patentes ao público. A visita despertou o maior interesse nas 27
senhoras que nela tomaram parte.
Maria da Conceição Côrte-Real
QUOTAS
Lembramos que está a pagamento a quota de 2011:
€30,00 (Portugal); €40,00 (estrangeiro); €5,00 (associados viúvos).
O pagamento por ser feito por cheque à ordem de AFDP ou por
transferência bancária identificada com o nome do associado
(NIB: 0035 0391 00000 481 630 06).
7
VIDA ASSOCIATIVA
Almoço de despedida da Dr.ª Marta Amado
A Dr.ª Marta Amado, na qualidade de
mulher do Ministro dos Negócios
Estrangeiros, apoiou nos últimos 6
anos de forma exemplar a AFDP. O que
começou por ser uma representação
institucional
transformou-se
numa
relação
de
amizade
e
de
reconhecimento pelo trabalho da nossa
associação, em benefício das famílias
dos diplomatas portugueses.
Com a mudança do Ministro
Negócios Estrangeiros cessa a
colaboração,
mas
continua
relação de amizade que ficou
visível no almoço de despedida
organizámos
nas
instalações
Associação
na
Calçada
Necessidades.
dos
sua
uma
bem
que
da
das
Foi um almoço muito agradável onde
se
provaram
as
especialidades
trazidas muito amavelmente por todas
as que colaboraram na organização.
E, por que este momento tinha que ser
assinalado, oferecemos à Dr.ª Marta
Amado um colar com um pendente e
um anel a condizer.
Este almoço, como todas as actividades
propostas pela Associação, nasceu de
uma ideia que, uma vez associada à
vontade e colaboração de todos os
associados, se conseguiu concretizar.
Contamos com todos os cônjuges de
Diplomatas na AFDP. Não só para
almoços, chás, visitas culturais, palestras, cursos, bazares, enfim, todas as
actividades visíveis da Associação. Contamos também com todos para o trabalho
de bastidores.
É com a partilha de experiências que damos continuidade às conquistas do
passado e planeamos as futuras. Quanto maior for a nossa Associação mais forte
é a nossa representação. Se ainda não é nossa/o associada/o, contacte-nos!
Cristina Lopes Ramos
8
CORREIO DOS ASSOCIADOS
Bordéus é uma surpresa muito agradável
Depois de quatro intensos anos de Bruxelas,
metemo-nos no carro e rumámos a novo posto,
novos hábitos e pela primeira vez nesta vida
diplomática a uma “não” capital. Animados com
a perspectiva de um posto completamente
diferente dos que tínhamos feito até então,
deixámos a Bélgica com os seus cinzentos e
chuvosos 9º e chegámos a Bordéus com uns
ensolarados 28º. Só este facto já nos deu
ânimo suplementar para enfrentar todas as
dificuldades que sabíamos que teríamos na
procura de casa. Já tínhamos sido avisados que não havia mercado de aluguer de
casas no centro de Bordéus, mas, para dizer a verdade, não acreditámos que
fosse tão real como se revelou. Bordéus é uma cidade em que praticamente tudo
funciona no centro, incluindo o consulado. Sendo uma cidade antiga, com ruas
estreitas, o trânsito é infernal sendo, por isso, importantíssimo conseguir casa o
mais perto possível, senão do próprio centro, pelo menos de uma linha de
“tram”/eléctrico; caso contrário corre-se o risco de demorar cerca de 1h30 para
entrar e outro tanto para sair, da cidade......
Mas deixemo-nos de considerações sobre o
mercado imobiliário de Bordéus, já descrito no
post-report,
e
foquemo-nos
na
parte
“divertida” da coisa.
No primeiro mês e dada a escassa marcação
de visitas a casas, aproveitei para me perder
em Bordéus.....
E Bordéus é uma surpresa muito agradável....
As ruas do centro histórico são todas iguais, mas com pormenores tão diferentes,
a começar pelas caras nos frontões das casas...
Estas caras são isso mesmo, esculturas de
caras, todas diferentes, que foram esculpidas
por cima das portas e janelas de quase todas
as casas de pedra, tão características desta
cidade. Cada passeata é uma visita de
estudo. Depois de cada rua há sempre uma
praça com algum pormenor diferente da
anterior, uma fonte, um edifício..... e quando
achamos que já podemos voltar para casa
metemo-nos por outra rua, e lá está mais
uma “si jolie différence”....
9
CORREIO DOS ASSOCIADOS
Torna-se quase um vício descobrir recantos.... principalmente quando entramos
ou saímos por uma das 6 portas da cidade, cada uma construída segundo a
arquitectura típica de uma determinada época.
Há o Jardim Público, lindo e bem cuidado, com os seus lagos com patos e
gansos, os seus parques infantis, o Jardim Botânico e o Museu de História
Natural – infelizmente fechado para obras –, rodeado de espectaculares edifícios
antigos com os seus jardinzinhos privados; um centro de vida e de actividade,
para onde o “bordelais” foge ao primeiro sinal de sol.
Há a Place Quinconces, supostamente o maior terreiro para feiras e exposições
existente no meio de uma cidade, em toda a Europa, onde há sempre uma feira
de diversões, um circo ou uma “brocante” (brocante é uma venda de um misto
de antiguidades e velharias, onde se descobrem verdadeiros tesouros - outro
hábito que rapidamente se pode tornar um vício).
E depois há o Garona, o rio, com a ponte da Aquitânia, (que tanto faz lembrar a
ponte sobre o Tejo) e a Ponte de Pedra, um verdadeiro tesouro medieval.
Quantas vezes me sentei, de costas para ele, em frente à Praça da Bolsa a
admirar os edifícios plantados em pequenas ruelas a lembrar tanto os bairros
antigos de Lisboa. Pois é, ainda não vos disse, mas em muitas coisas, Bordéus é
parecida com a nossa Lisboa antiga, as pessoas são comunicativas, a beira rio
está muito bem aproveitada, com as suas feirinhas, lojas, percurso de bicicleta,
brasseries e bistrots. E até alguns pormenores do refinamento gastronómico local
– o bacalhau e a lampreia, por exemplo – são cozinhados de maneira muito
similar à nossa.
Não dá o papel para descrever
todas as pequenas cidades e
vilas, “chateaux” e pequenos
palacetes, vinhas e vinhedos,
bosques e praias, que há nesta
região. Espero ter tempo, para
visitar pelo menos alguns destes
tesouros.
De tudo o que vi nestes 6 meses
só me resta dizer-lhes que
Bordéus é um posto a descobrir,
acreditem. Eu ainda tenho muito
para percorrer, e aprender, sobre
esta região linda. De preferência
acompanhada de um copo de bom
vinho tinto.........
Luísa Leão Rocha
10
CORREIO DOS ASSOCIADOS
Cartas Modernas
Sentada na sua escrivaninha, a Avó Lina escrevia umas breves linhas. Com
a caligrafia possível foi rabiscando as letras que contam novidades. Sem muito
esmero nas palavras mas saudades no coração, esta idosa dava alento à caneta
e vida à folha amarelecida pelo tempo. Dobrar, inserir no envelope, colar o selo
com a seiva humana era um ritual que fazia daquela carta algo muito genuíno.
Seguia-se a caminhada aos correios da localidade e a conversa breve com a já
conhecida funcionária. Finalmente a missiva estava no bom caminho e
aguardava-se a resposta ansiosa, na volta do correio.
Agora é diferente. A neta Laura já não está para essas formalidades. As
missivas dos novos tempos são mais rápidas e informais. Sentada diante daquela
janela cada vez mais indiscreta, Laura abre o “facebook” e num ápice está em
contacto com 60 amigos e desconhecidos. A caligrafia é impessoal e a escrita
brada aos céus. As palavras calorosas da carta da avó transformam-se em
códigos encriptados que só uma geração como esta consegue descodificar. O
tempo escrito com uma só ponta é ultrapassado pelas dez pontas dos dedos de
Laura. “Enter” e a resposta é quase imediata.
A volta do correio trouxe à avó a fotografia da irmã. O “enter” da Laura
mostrou no imediato o vídeo de toda a família emigrada, festejando o casamento
dos parentes.
Mas há mais. Quando cansada está do “facebook”,
Laura abre o “gmail”, o “sapo”, o “yahoo”, o “wikipédia” e
pesquisa, navega, comunica, inventa, sem se dar conta do
seu tempo. E o telefone também abre horizontes e já
ninguém sabe viver sem ele. Os avisos de mensagens e
toques no telefone de Laura são constantes e a avó pasmase com este novo tempo.
Mas o progresso é isto mesmo. São estas pequenas
teclas que agora exploro que me permitem divulgar o que
penso. E permitem também aos outros ler e sentir, sem esforço, aquilo que
divulgo. Foi utilizando estas novas tecnologias que criei o meu blog “Vivências
Contadas”, palavras que escrevo com prazer e que permitem à família e amigos
saber o que vivo por este mundo.
Este é igualmente o exemplo deste boletim onde se escrevem estas linhas
que agora lêem. O papel é poupado e a eficácia conseguida. A importância e
relevância desta tecnologia é inquestionável. O boletim das Famílias dos
Diplomatas Portugueses está melhor, mais apetecível. Ele representa informação,
divulgação, apoio e orientação às famílias que fora e dentro de Portugal se
tentam integrar e enquadrar. È um trabalho formidável facilmente divulgável à
distancia de um simples “clic”.
Hoje a parafernália de motores que existem na internet facilitam a nossa
vida mas também nos emudecem, nos enclausuram e nos transportam para
realidades muitas vezes desconhecidas. O ritual da carta dava prazer mas são
hoje as teclas que nos arrancam sorrisos e emoções. A todas as gerações.
Carla Sofia Domingues
11
CORREIO DOS ASSOCIADOS
À mesa da Belle Époque
A Gastronomia diz muito sobre um povo. É uma riqueza cultural que a maioria
dos governos inclui na sua política económica. Assim se explica que seja a AICEP
a preocupar-se com a divulgação internacional da nossa gastronomia e não o
Instituto Camões.
Nestas nossas andanças pelo mundo, temos descoberto
algumas “exquisitezes” – se me permitem aportuguesar o
castelhano – que, nalguns casos são mesmo aquilo que o
português inspira: desde os “gusanos de maguey” (as
lagartas da planta da tequila mexicana) aos “chapulines”
(grilos fritos que os aztecas acreditavam possuírem
propriedades afrodisíacas), passando por umas larvas
gordas que o Programa Alimentar Mundial das Nações
Unidas subsidia a criação em África, tal é a quantidade de
proteínas que contém.
Aqui na Argentina ainda não nos deparamos com nenhuma raridade – no sentido
espanhol de “raro”, esquisito em português -, mas com várias delícias que em
“castellano” se traduzem num só adjectivo: “exquisito” que significa “de sabor
excepcional”. Eis as confusões que podem ocasionar duas línguas tão próximas.
Assim, além de uma carne deliciosa de fama mundial, já desfrutámos de um
cordeiro patagónico assado “em cruz” durante horas sobre o fogo (o “chivito” é
completamente aberto e colocado num espeto, na vertical, a secar ao lume). Não
leva qualquer tempero, mas é absolutamente divinal. E uma “merluza negra” dos
mares antárcticos, uma pescada de carne branca e suculenta. Saborosíssima!
Este segundo parágrafo, melhorou substancialmente o paladar dos meus amigos,
certo? E vai continuar a melhorar, pois esta semana fiz uma incursão pelas
pastelarias de Buenos Aires. Por isso, recuemos até à Buenos Aires do princípio
do século XX, ao glamour da Belle Époque e dos emigrantes que fugiram às
crises europeias, uma época que aqui se prolongou até à II Guerra Mundial.
No princípio do século passado, a medicina ainda era bastante embrionária, a
alimentação era praticamente a única defesa contra as doenças. Buenos Aires
tinha sofrido muitíssimo com um surto de peste no final do século XIX e as
pessoas comiam porque era importante comer. Não havia preocupações
dietéticas como poderão ver pelas delícias que descobri. A gordura ainda é
formosura e sinal de bem-estar social e saúde. E não se pense que era só a
classe alta que acorria aos belíssimos cafés da época.
A Confiteria La Ideal era o local de encontro das
“señoritas” após a saída do trabalho, era o local por
excelência das despedidas de solteiras e a sua
orquestra feminina era reputadíssima. Muitos destes
locais já não existem, mas alguns ainda sobrevivem,
adaptaram as suas delícias aos gostos do momento,
mas mantém algumas iguarias de outros tempos.
O Café Tortoni anda hoje é uma referência destes estabelecimentos. Com um
interior Art Nouveau belíssimo, é paragem obrigatória para qualquer turista que
pode inclusivamente desfrutar de um show de tango na sua adega enquanto se
12
CORREIO DOS ASSOCIADOS
delicia com um “leche merengada” (um gelado de nata com claras em castelo e
canela), no Verão ou um chocolate com churros, no Inverno.
Mas os mais famosos chefs pasteleiros que fizeram as
delícias desta época foram os italianos Constantini Rossi e
Cayetano Brenna, os mestres do glamour culinário, que
souberam adaptar as técnicas europeias ao “dulce de
leche” local criando sabores e visões maravilhosas. Eram
os pasteleiros da Confiteria del Molino (ver fotografia).
Hoje, ainda podemos ver a imponente fachada Art
Nouveau encimada por um moinho, fechou nos finais dos
anos 90. O seu interior, podemos vê-lo no teledisco de
Madonna, de 1994, “Love don’t live here anymore”. Eu
que acredito que o amor é eterno, acredito que os
sentimentos que aí nasceram ainda vivem. Os amores
dos Tangos que Carlos Gardel aí compôs. As confidências de Jean Mermoz – o
piloto aviador francês responsável por levar o correio à Europa e que tão bem
inspirou o seu amigo Antoine de Saint Exupéry em “O
Principezinho”. As alegrias das vitórias de Irineo
Leguisamo – o famoso jockey da época – e que
inspiraram os nossos chefs a criarem a “Torta Leguisamo”
para celebrar um seu aniversário e que se transformou
num clássico da pastelaria argentina. Uma mistura de
pão-de-ló, massa folhada, merengue, “marrons glacés”,
doce de leite e um extraordinário creme de manteiga com
amêndoas ... Ah! Como dizia alguém “se temos de morrer, que seja por um
magnífico creme de manteiga e não por umas natas com ar”, como é o caso do
chantilly.
O princípio do século XX foi também a época da fundação de Mar del Plata como
estância de veraneio. Os ilustres “bonaerenses” que se entretinham nos belos
cafés de Buenos Aires, descem à praia e na ida ou no regresso era obrigatório
parar em Balcarce, uma pequena povoação a cerca de 30Km daquela estância.
Aí, na pastelaria com o mesmo nome, o chef criara um
manjar dos deuses: a Torta Balcarce (ver fotografia). Um
pão-de-ló de baunilha, recheado com um creme de requeijão,
nozes e castanhas envoltos em natas com muito ar! E doce
de leite, claro. Uma perdição! Com pelo menos 1500 calorias
por fatia! A decoração deste bolo tinha, na época, a
particularidade de obrigar o chef a fazer um show quase de
circo: o bolo é marcado a fogo. Isto é, o ferro em brasa ao
entrar em contacto com o açúcar em pó prende fogo. Devia
ser uma visão! Hoje, Balcarce é uma marca registada, e o
bolo pode comprar-se congelado ou em gelado, sempre
marcado a fogo. A pastelaria, em Balcarce, foi remodelada e chama-se “Como
Antes”, e ainda é paragem obrigatória.
Façam o vosso roteiro!
Manuela Caramujo
13
ABCD
Associação do Bazar
do Corpo Diplomático
Instituições que beneficiaram dos 70 mil euros
angariados no Bazar de 2010
Aldeias de Crianças SOS – Guarda: Donativo de €7.749,00 destinado à
remodelação do piso envolvente da piscina utilizada por crianças de toda a
região.
Árvore da Vida – Porto: Donativo de €1.995,00 para aquisição de cadeira de
rodas para o Didi, que tem 5 anos e sofre de paralisia cerebral.
Associação Criança e Vida – Porto: Donativo de €4.500,00 para compra de
mobiliário para instalar uma biblioteca/mediateca.
Banco do Bebé – Associação de Ajuda ao Recém-Nascido – Lisboa:
Donativo de €3.500,00 destinado a medicamentos (duas mensalidades de
farmácia).
Casa de Protecção e Amparo de Santo António – Lisboa: Donativo de €3.000
– Contribuição para o projecto “cozinhar o futuro” que permitirá angariar fundos
para a casa de acolhimento e creche.
Centro de Acolhimento de Crianças em Risco da Santa Casa da
Misericórdia de Vila Nova da Barquinha; Donativo de €5.210,00 para a
compra de 10 camas, 10 camiseiros, 2 roupeiros, 6 mesas-de-cabeceira e 2
mesas de refeitório.
Centro de Acolhimento e Protecção a Vitimas do Tráfico de Seres
Humanos: Donativo de €2.000,00 para apoio económico às pessoas acolhidas.
Centro de Bem-Estar Social de Arronches: Donativo de €4.513,94 –
Equipamento para a nova sala que receberá 10 crianças dos 12 aos 24 meses.
Centro Comunitário Paroquial da Ramada – Odivelas: Donativo de €2.000,00
para a aquisição de cadeiras ergonómicas.
CLASSIFICADOS
CLASSIFICADOS
Explicações de Matemática
e Físico-Química
Apartamento T4 (3 suites)
Eduardo Nobre,
aluno do 2.º ano de Economia
da Universidade Nova de Lisboa
€10,00 / hora
Remodelado, 175m2,
arrecadação e garagem,
a 5 minutos das Amoreiras
e do Liceu Francês
Contacto: 91 735 53 29
Contacto: 93 286 10 74
VENDE-SE
14
ABCD
Associação do Bazar
do Corpo Diplomático
Centro de Promoção Juvenil – Lisboa: Donativo de €6.322,31 – Reposição do
mobiliário do refeitório.
Centro Social Paroquial de Cadima – Cantanhede: Donativo de €2.105,00 –
Contribuição para equipamento do parque infantil, compra de um cavalo e um
pato com mola elicoidal, sua montagem e instalação.
Centro Social Paroquial de S. Vicente de Paulo: Donativo de €5.790,00 para
aquisição de instrumentos musicais no âmbito do projecto Escola de Música, que
visa combater a exclusão social valorizando as crianças.
Instituto de Apoio à Criança – Centro de Acolhimento de Emergência
Temporário O Caminho – Ponta Delgada: Donativo de €7.450,00 para a
aquisição de 4 armários, 16 cadeiras, 1 frigorífico, 2 mesas redondas e 5
computadores portáteis.
Ponto de Apoio à Vida – Casa de Santa Isabel – Lisboa: Donativo de
€7.329,42 – Participação nas obras de reabilitação – pavimentos.
Santa Casa da Misericórdia do Vale de Besteiros, Lar Convívio Jovem –
Tondela: Donativo de €1.000,00 – Contribuição para obras de readaptação do
lar.
Nuno Miguel Andrade Faustino – Celorico da Beira: Donativo de €1.250,00 –
Um ano de fraldas para este menino deficiente.
Refúgio Aboim Ascensão – Faro: Donativo de €5.000,00 para manutenção do
lar.
15
ABCD
Associação do Bazar
do Corpo Diplomático
Já estamos a preparar o Bazar de 2011!
Apesar de o Bazar estar agendado para os dias 2 e 3 de Dezembro no Centro de
Congressos de Lisboa, à Junqueira, o trabalho de preparação já começou!
Para que os dois dias em que se realiza o Bazar sejam um sucesso, o trabalho
preparatório é indispensável. É com meses de antecedência que começamos o
contacto com as várias representações diplomáticas, para que possamos saber o
número de participantes. O espaço é atribuído de acordo com a quantidade e o
tipo de produtos que pretendem vender no Bazar.
A AFDP organizou um “morning-coffee”, com representantes dos países que já
confirmaram a sua presença.
Nesta reunião, que teve lugar na nossa Associação, sugerimos que durante as
férias de Verão fosse feita uma prospecção de produtos que possam ser
interessantes para o Bazar, bem como prémios a serem sorteados na Tômbola. A
venda de rifas tem sido uma excelente contribuição para as receitas do Bazar,
graças aos fabulosos prémios que tem sorteado: desde viagens à Índia, cruzeiros
à Turquia, fins-de-semana em hotéis, peças de arte, jóias, até jantares para dois
em diversos restaurantes de Lisboa.
16
ABCD
Associação do Bazar
do Corpo Diplomático
Aproveitámos a ocasião para nos despedirmos de quem parte e saudarmos quem
ficou com o testemunho que garante a continuidade da participação no Bazar.
Relembramos que o Bazar Internacional do Corpo Diplomático, além de divulgar
o artesanato e as especialidades gastronómicas dos países representados,
através da sua venda, consegue angariar fundos de ajuda a instituições
portuguesas de solidariedade social.
Cristina Lopes Ramos
FICHA TÉCNICA
CONTACTOS
Direcção
AFDP
Calçada das Necessidades n.º3
1350-213 Lisboa Portugal
Ana da Rocha Páris
Paula Duarte Lopes
Ana Conceição
Ana Pessoa e Costa
Célia Crispim
Tel.: (+351) 213952936
Fax: (+351) 213971433
E-mail:[email protected]
Site :www.acdp.pt
Edição
Cristina Lopes Ramos
Leonor Pereira Coutinho
Horário:
Segunda a Quinta, das 9 às 13h
Secretariado:
Leonor Pereira Coutinho
CURSO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA ESTRANGEIROS
A AFDP está a organizar um curso de Português para cônjuges estrangeiros
de diplomatas portugueses e cônjuges de diplomatas estrangeiros.
O curso terá início no mês de Outubro, e estará estruturado em dois níveis
(elementar e intermédio) com um número máximo de 12 alunos por nível. O
preço é de €50,00 por mês, com duas horas por semana.
Realizar-se-á nas
Portugueses, na
segundas-feiras:
e das
instalações da Associação das Famílias dos Diplomatas
Calçada da Necessidades, 3 – 1350-213 Lisboa, às
das 10.30 às 12.30, para o nível elementar;
13.30 às 15.30 para o nível intermédio.
Para solicitar a ficha de pré-inscrição, é favor contactar a AFDP entre
segunda e quinta-feira, das 9h às 13h. ([email protected]; Tel.: 213
952 936; Fax: 213 971 433).

Documentos relacionados

Associação das Famílias dos Diplomatas Portugueses

Associação das Famílias dos Diplomatas Portugueses mas segundo várias opiniões, este ainda pode ser melhorado. O stand internacional também foi uma inovação e contou com a colaboração da Embaixada da Suíça, que nos deu relógios Swatch, com a Embaix...

Leia mais

(Publica\347\343o1 \(S\363 de leitura\))

(Publica\347\343o1 \(S\363 de leitura\)) resultantes de acidentes. Uma compensação dos bens perdidos deve ser garantida e não meramente oferecida caso a caso. É necessária uma política bem definida e detalhada com respeito a seguros. Fora...

Leia mais

visitas culturais - associação das famílias dos diplomatas portugueses

visitas culturais - associação das famílias dos diplomatas portugueses congéneres, etc.), que ajudem e facilitem a procura e a maneira mais correcta de se dirigirem às empresas. Portugal participa, pelo segundo ano consecutivo, no grupo de trabalho “European support s...

Leia mais

visitas culturais - associação das famílias dos diplomatas portugueses

visitas culturais - associação das famílias dos diplomatas portugueses mostrar a coragem dos seus compatriotas que arregaçaram as mangas e salvaram vidas, trabalhando dia e noite, sem nunca desistirem! E nós, em Portugal? Com um país em dificuldades e os portugueses s...

Leia mais