Associação das Famílias dos Diplomatas Portugueses
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1 Associação das Famílias dos Diplomatas Portugueses Editorial 1-2 Visitas Culturais 5-6 Correio dos Associados 8-12 EUFASA 3-4 Vida Associativa 7 Bazar 2010 / 11 13-16 Boletim nº 2 2011 Editorial Caros Associados, Nesta altura do ano em que muitos de nós se preparam para celebrar o encontro com as famílias, filhos, netos, pais e amigos, que vivem, muitas vezes, a distâncias do tamanho de oceanos, gostava de vos enviar uma palavra de amizade desejando-vos umas óptimas férias antes do recomeço dos nossos trabalhos, em Setembro. Estes últimos três meses passaram a correr, com as actividades previstas e os nossos esforços concentrados, sobretudo, no problema que surgiu no início do ano e que diz respeito aos complementos de reforma das nossas associadas viúvas, que viram esse complemento desaparecer subitamente, deixando as suas pensões desesperadamente reduzidas. Continuamos a tentar encontrar uma solução. A EUFASA decorreu lindamente, com o profissionalismo da Paula e da Veronika e a presença da nossa Embaixatriz em Budapeste, a Maria Luís Jorge Mendes, que prometeu continuar o trabalho proposto nas reuniões. Tenho a certeza que o fará. A entrega dos donativos aos representantes das Associações contempladas este ano, numa recepção oferecida pela Ex.ma Senhora Dra. Maria Cavaco Silva, no Palácio de Belém, foi também um dos momentos altos da vida da Associação. O programa cultural, conduzido pelas Embaixatrizes Conceição Côrte-Real e Isabel Monteiro, cumpriu as visitas programadas, sempre tão interessantes e bem organizadas. 2 A nossa associada Filomena Cunha Alves trouxe à sede da AFDP um grupo de 32 alunos americanos, estudantes de Português da Northeastern University, de Boston. Momentos antes foram recebidos no Protocolo, donde vinham encantados com o Palácio. A ideia de virem à Associação foi mostrar a esses alunos o local onde se passam todos os trabalhos relativos às famílias dos diplomatas portugueses. Fizeram imensas perguntas, beberam Coca-Cola e depois… levaram os copos para a cozinha! A Marina Quinteiro contactou a Dra. Aida Baptista para organizar um curso de Português para estrangeiros dirigido ao Corpo Diplomático acreditado em Portugal e aos cônjuges estrangeiros casados com diplomatas portugueses. A ideia foi muito bem aceite quando a apresentámos na reunião de preparação para o Bazar de 2011 realizada na Associação. Alguns momentos bem passados na sede da Associação, como o almoço de despedida à Dra. Marta Amado com os nossos agradecimentos pela simpatia e apoio que nos deu nestes últimos anos, em que foi nossa Presidente Honorária. Também fizemos duas reuniões com as Embaixatrizes estrangeiras, em que estiveram presentes as associadas que no último Bazar estiveram à frente dos vários pelouros e que deram as explicações e respostas adequadas às perguntas que lhes foram feitas. Correndo o risco de ser demasiado longo, não quero acabar sem agradecer a todas as associadas e amigas que quiseram aceitar a minha proposta para fazerem parte da nova direcção e que têm sido incansáveis e uma ajuda preciosa para que o trabalho continue o melhor que sabemos e podemos. Um abraço amigo, Ana da Rocha Páris Presidente Junte-se a nós! http://www.acdp.pt/ficha_inscricao1.pdf A AFDP é uma rede útil de contactos para aconselhamento e apoio ao longo da carreira. Aqui poderá conhecer pessoas com experiências e um modo de vida parecido com o seu e que estão prontas para ajudar a responder às suas dúvidas, sejam elas relacionadas com a (re)instalação, escolaridade dos filhos, (re)ingresso no mercado de trabalho, sem esquecer a situação mais específica dos Foreign Born Spouses, dos reformados e dos divorciados. A Associação está disponível para ajudar na preparação para posto, fornecendo post reports e organizando conferências. Também quando regressam a Lisboa depois de postos no estrangeiro podem os associados contar com a Associação que fornece todo o tipo de informações úteis. Ainda no intuito de promovermos o contacto entre os associados, organizamos regularmente actividades culturais, nas quais são convidados a participar também membros do Corpo Diplomático acreditado em Lisboa. Trata-se aqui de visitas a exposições ou locais de interesse, ou ainda de Encontros com personalidades da vida pública portuguesa realizadas em diferentes Embaixadas estrangeiras. Podem ser membros efectivos os cônjuges e companheiros ou unidos de facto de diplomatas portugueses de carreira, seja qual for a situação do diplomata. O mesmo se aplica aos viúvos, ex-cônjuges ou ex-unidos de facto. É possível ainda tornarem-se associados aqueles cujos cônjuges, companheiros ou unidos de facto tenham temporariamente estatuto diplomático, enquanto durarem essas funções. 3 Novo sistema de apoio para diplomatas recém-chegados a posto No futuro os diplomatas dos países da EU poderão ser recebidos em posto por um “Oficial de Ligação Europeu” ou “Coordenador”. A ideia é prestar assistência e informações a cônjuges e famílias de diplomatas no estrangeiro em matérias de rotina diária (por exemplo, onde fazer as compras, como encontrar empregados domésticos, escolas, babysitters, médicos), à semelhança dos sistemas de apoio que existem já para os diplomatas americanos, franceses e britânicos. Um grupo de trabalho dirigido pela Alemanha, com a participação de Portugal e da Bélgica, lançou ideias para este novo sistema de apoio desde 2010 a 2011 e apresentou o projecto na Conferência Anual da EUFASA em Budapeste a 2 e 3 de Maio de 2011. A proposta foi acolhida com entusiasmo, especialmente pelos países europeus mais pequenos que têm pouco – ou mesmo nenhum – apoio e informações quando vão para posto. A organização prática do chamado “Sistema de Coordenação Europeu” ainda precisa de ser afinado, mas os princípios básicos já estão acordados: nas capitais europeias, a Associação local de Famílias dos Diplomatas será encarregada de receber diplomatas europeus recém-chegados enquanto que nos países fora da EU haverá um sistema rotativo (por ordem alfabética) que assegurará que todos os anos um país europeu assuma a responsabilidade de acolher os outros diplomatas europeus. Já arrancaram uma série de projectos-piloto, em Dublin, Buenos Aires, Hamburgo, Abu Dhabi, bem como em Budapeste, onde a Embaixatriz portuguesa Maria Luís Jorge Mendes assumirá a direcção com o apoio da Associação local de diplomatas húngaros. Em Lisboa, a nossa AFDP organizará um encontro de boas-vindas para os novos diplomatas estrangeiros colocados em Lisboa, em Setembro. Também a partir desse mês haverá a possibilidade de participar em aulas de Português nas instalações da nossa Associação. O nosso programa de eventos culturais continuará aberto ao Corpo Diplomático estrangeiro. Veronika Scherk Arsénio 4 Contactos com o sector privado para criação de oportunidades de emprego para cônjuges de diplomatas O emprego continua a ser uma das principais preocupações para os cônjuges e parceiros de funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Na Conferência Anual da EUFASA, em Budapeste, a questão do emprego esteve mais uma vez em cima da mesa, desta vez, com ênfase especial nos contactos com o sector privado. Este grupo de trabalho liderado por Portugal focou “as melhores práticas” para a obtenção de emprego no sector privado. A Associação das Famílias dos Diplomatas Franceses, por exemplo, tem parcerias com a “Gallimard”, editora de guias turísticos e com a agência de viagens “Terre Entière”, com vista à contratação de cônjuges de diplomatas no estrangeiro. A Associação suíça tem uma parceria com a agência de emprego “Adecco” para ajudar os cônjuges a encontrarem trabalho em posto. Também se discutiu a utilidade das redes empresariais e profissionais, por exemplo, o grupo “International Business and Professional Women” e a “European Professional Network”, que promove eventos mensais em todas as grandes cidades, incluindo Lisboa. Veronika Scherk Arsénio Outros assuntos abordados na Conferência Anual da EUFASA em Budapeste a 2 e 3 de Maio de 2011 • • • • O estatuto legal do cônjuge/parceiro em caso de separação ou divórcio; O estatuto legal de parceiros do mesmo sexo; Princípios reguladores das transferências; A criação de uma base de dados mundial de escolas para crianças com necessidades especiais e com deficiências. Poderá consultar os relatórios completos em www.eufasa.com 5 VISITAS CULTURAIS Aqueduto das Águas Livres e ao Reservatório da Mãe- d’Água 7 de Abril Matar saudades e recordar faz bem! É incrível como a pessoa com o avançar da idade, observa o mesmo objecto ou a mesma situação de maneiras diferentes. Lembro-me de ter ido pela primeira vez visitar o Aqueduto das Águas Livres, pela mão do meu Pai, então Administrador da Companhia das Águas, de soquetes brancas. Nesse dia o que mais me impressionou foi a altura! Só a altura! Que bom estar com os pés bem assentes no chão ao lado dos pombos, das gaivotas, das andorinhas e dos pardais a voarem. Depois, muitos anos mais tarde, o que mais me impressionou foi a deslumbrante vista sobre Lisboa, cidade linda e mágica banhada pelo rio prateado e sereno que é o nosso Tejo. E o que foi que me impressionou desta vez que fui com as Embaixatrizes estrangeiras e colegas? A maravilha da arquitectura pré-pombalina de Carlos Mardel, com aquele estonteante arco central ogival, o maior do Mundo e que resistiu ao terramoto de 1755! Estou de tal maneira ligada a este magnífico monumento nacional e tinha ficado tão deslumbrada com a visita no início dos anos 90, que me lancei na aventura de repetir a experiência no passado dia 7 de Abril. A palavra Embaixatriz abre de facto algumas portas. Para acolher o grupo, simpaticamente composto por colegas de dentro e de fora, estava a Dra Bárbara Bruno, coordenadora do serviço pedagógico, e 2 guias novas, giras e simpáticas. O programa foi exaustivo! Com um sol radioso e quente quanto basta começámos cá fora, num pequeno e simpático jardim mesmo ali no meio de Campolide, por ouvir a história da construção do Aqueduto terminado em 1744. Entrámos então no Aqueduto propriamente dito e percorremos alguns metros de galeria, com o seu canal condutor agora seco. Abriu-se então uma porta num dos seus muitos lanternins e estávamos ao ar livre num dos dois corredores que levam a Monsanto... Ficámos conquistadas pela vista extraordinária sobre Lisboa. Andámos até ao fim, até Monsanto, e ai cruzámos ciclistas e grupos de amantes da Natureza. Fomos ver os dois primeiros respiradores que parecem pequenas abóbadas lindas só por si e que permitiam a oxigenação da água. Foi só na altura de regressarmos para o Aqueduto que me apercebi do pânico da Embaixatriz da Suécia. A Jane tem medo das alturas a um tal ponto que queria regressar a pé por Monsanto e Benfica!!! Nunca me esquecerei deste episódio que me fez lembrar a Laila, mulher do actual Presidente da Liga Árabe, quando, nos anos 80, visitámos o Grand Canyon, nos EUA, e tivemos que percorrer um trilho muito estreito durante quiló- 6 VISITAS CULTURAIS metros para subirmos do leito do Colorado até ao cimo do desfiladeiro e ela ficou todo o tempo a caminhar de costas para o abismo e agarrada às paredes rochosas! Mais tout est bien qui fini bien! Chegámos todas sãs e salvas ao princípio do nosso passeio..... Fomos então a pé pelas ruas de Lisboa, até às Amoreiras e ao seu acolhedor jardim para irmos ate à Mãe d' Água. Espaço único pela sua sobriedade e a sua grandeza que nos transmite calma e paz de espírito graças à "música" de fundo da água da sua cascada. Por vezes despejam a cisterna para realizarem exposições (quase sempre muito interessantes) e isso torna o espaço ainda mais imponente e majestoso. Subimos ao terraço para ter outra vista diferente, mas igualmente fantástica, sobre Lisboa. Acabámos a visita percorrendo mais uns metros do aqueduto, desta vez sobre o jardim e o arco da Rua das Amoreiras. Foi uma manhã muito bem passada e um programa glorioso e espero ter feito crescer água nas bocas das ausentes e que este artigo as faça querer conhecer, com amigos ou visitantes estrangeiros, este monumento pouco visitado, mas único! Isabel Monteiro Palácio Nacional da Ajuda 19 de Maio No dia 19 de Maio a Associação promoveu uma visita cultural ao Palácio Nacional da Ajuda, na sequência da palestra proferida pela Senhora Conservadora Dra. Isabel Silveira Godinho na Embaixada da Alemanha no dia 22 de Março. O tema da palestra tinha sido “A Rainha D. Maria Pia” e na sequência dela justificava-se a visita guiada pela própria Conservadora, que a explicações histórico-artísticas juntou pequenas “estórias” sobre a Família Real. Além disso desvelou ainda segredos do restauro das pinturas ocultadas por posteriores obras e já em vias de serem patentes ao público. A visita despertou o maior interesse nas 27 senhoras que nela tomaram parte. Maria da Conceição Côrte-Real QUOTAS Lembramos que está a pagamento a quota de 2011: €30,00 (Portugal); €40,00 (estrangeiro); €5,00 (associados viúvos). O pagamento por ser feito por cheque à ordem de AFDP ou por transferência bancária identificada com o nome do associado (NIB: 0035 0391 00000 481 630 06). 7 VIDA ASSOCIATIVA Almoço de despedida da Dr.ª Marta Amado A Dr.ª Marta Amado, na qualidade de mulher do Ministro dos Negócios Estrangeiros, apoiou nos últimos 6 anos de forma exemplar a AFDP. O que começou por ser uma representação institucional transformou-se numa relação de amizade e de reconhecimento pelo trabalho da nossa associação, em benefício das famílias dos diplomatas portugueses. Com a mudança do Ministro Negócios Estrangeiros cessa a colaboração, mas continua relação de amizade que ficou visível no almoço de despedida organizámos nas instalações Associação na Calçada Necessidades. dos sua uma bem que da das Foi um almoço muito agradável onde se provaram as especialidades trazidas muito amavelmente por todas as que colaboraram na organização. E, por que este momento tinha que ser assinalado, oferecemos à Dr.ª Marta Amado um colar com um pendente e um anel a condizer. Este almoço, como todas as actividades propostas pela Associação, nasceu de uma ideia que, uma vez associada à vontade e colaboração de todos os associados, se conseguiu concretizar. Contamos com todos os cônjuges de Diplomatas na AFDP. Não só para almoços, chás, visitas culturais, palestras, cursos, bazares, enfim, todas as actividades visíveis da Associação. Contamos também com todos para o trabalho de bastidores. É com a partilha de experiências que damos continuidade às conquistas do passado e planeamos as futuras. Quanto maior for a nossa Associação mais forte é a nossa representação. Se ainda não é nossa/o associada/o, contacte-nos! Cristina Lopes Ramos 8 CORREIO DOS ASSOCIADOS Bordéus é uma surpresa muito agradável Depois de quatro intensos anos de Bruxelas, metemo-nos no carro e rumámos a novo posto, novos hábitos e pela primeira vez nesta vida diplomática a uma “não” capital. Animados com a perspectiva de um posto completamente diferente dos que tínhamos feito até então, deixámos a Bélgica com os seus cinzentos e chuvosos 9º e chegámos a Bordéus com uns ensolarados 28º. Só este facto já nos deu ânimo suplementar para enfrentar todas as dificuldades que sabíamos que teríamos na procura de casa. Já tínhamos sido avisados que não havia mercado de aluguer de casas no centro de Bordéus, mas, para dizer a verdade, não acreditámos que fosse tão real como se revelou. Bordéus é uma cidade em que praticamente tudo funciona no centro, incluindo o consulado. Sendo uma cidade antiga, com ruas estreitas, o trânsito é infernal sendo, por isso, importantíssimo conseguir casa o mais perto possível, senão do próprio centro, pelo menos de uma linha de “tram”/eléctrico; caso contrário corre-se o risco de demorar cerca de 1h30 para entrar e outro tanto para sair, da cidade...... Mas deixemo-nos de considerações sobre o mercado imobiliário de Bordéus, já descrito no post-report, e foquemo-nos na parte “divertida” da coisa. No primeiro mês e dada a escassa marcação de visitas a casas, aproveitei para me perder em Bordéus..... E Bordéus é uma surpresa muito agradável.... As ruas do centro histórico são todas iguais, mas com pormenores tão diferentes, a começar pelas caras nos frontões das casas... Estas caras são isso mesmo, esculturas de caras, todas diferentes, que foram esculpidas por cima das portas e janelas de quase todas as casas de pedra, tão características desta cidade. Cada passeata é uma visita de estudo. Depois de cada rua há sempre uma praça com algum pormenor diferente da anterior, uma fonte, um edifício..... e quando achamos que já podemos voltar para casa metemo-nos por outra rua, e lá está mais uma “si jolie différence”.... 9 CORREIO DOS ASSOCIADOS Torna-se quase um vício descobrir recantos.... principalmente quando entramos ou saímos por uma das 6 portas da cidade, cada uma construída segundo a arquitectura típica de uma determinada época. Há o Jardim Público, lindo e bem cuidado, com os seus lagos com patos e gansos, os seus parques infantis, o Jardim Botânico e o Museu de História Natural – infelizmente fechado para obras –, rodeado de espectaculares edifícios antigos com os seus jardinzinhos privados; um centro de vida e de actividade, para onde o “bordelais” foge ao primeiro sinal de sol. Há a Place Quinconces, supostamente o maior terreiro para feiras e exposições existente no meio de uma cidade, em toda a Europa, onde há sempre uma feira de diversões, um circo ou uma “brocante” (brocante é uma venda de um misto de antiguidades e velharias, onde se descobrem verdadeiros tesouros - outro hábito que rapidamente se pode tornar um vício). E depois há o Garona, o rio, com a ponte da Aquitânia, (que tanto faz lembrar a ponte sobre o Tejo) e a Ponte de Pedra, um verdadeiro tesouro medieval. Quantas vezes me sentei, de costas para ele, em frente à Praça da Bolsa a admirar os edifícios plantados em pequenas ruelas a lembrar tanto os bairros antigos de Lisboa. Pois é, ainda não vos disse, mas em muitas coisas, Bordéus é parecida com a nossa Lisboa antiga, as pessoas são comunicativas, a beira rio está muito bem aproveitada, com as suas feirinhas, lojas, percurso de bicicleta, brasseries e bistrots. E até alguns pormenores do refinamento gastronómico local – o bacalhau e a lampreia, por exemplo – são cozinhados de maneira muito similar à nossa. Não dá o papel para descrever todas as pequenas cidades e vilas, “chateaux” e pequenos palacetes, vinhas e vinhedos, bosques e praias, que há nesta região. Espero ter tempo, para visitar pelo menos alguns destes tesouros. De tudo o que vi nestes 6 meses só me resta dizer-lhes que Bordéus é um posto a descobrir, acreditem. Eu ainda tenho muito para percorrer, e aprender, sobre esta região linda. De preferência acompanhada de um copo de bom vinho tinto......... Luísa Leão Rocha 10 CORREIO DOS ASSOCIADOS Cartas Modernas Sentada na sua escrivaninha, a Avó Lina escrevia umas breves linhas. Com a caligrafia possível foi rabiscando as letras que contam novidades. Sem muito esmero nas palavras mas saudades no coração, esta idosa dava alento à caneta e vida à folha amarelecida pelo tempo. Dobrar, inserir no envelope, colar o selo com a seiva humana era um ritual que fazia daquela carta algo muito genuíno. Seguia-se a caminhada aos correios da localidade e a conversa breve com a já conhecida funcionária. Finalmente a missiva estava no bom caminho e aguardava-se a resposta ansiosa, na volta do correio. Agora é diferente. A neta Laura já não está para essas formalidades. As missivas dos novos tempos são mais rápidas e informais. Sentada diante daquela janela cada vez mais indiscreta, Laura abre o “facebook” e num ápice está em contacto com 60 amigos e desconhecidos. A caligrafia é impessoal e a escrita brada aos céus. As palavras calorosas da carta da avó transformam-se em códigos encriptados que só uma geração como esta consegue descodificar. O tempo escrito com uma só ponta é ultrapassado pelas dez pontas dos dedos de Laura. “Enter” e a resposta é quase imediata. A volta do correio trouxe à avó a fotografia da irmã. O “enter” da Laura mostrou no imediato o vídeo de toda a família emigrada, festejando o casamento dos parentes. Mas há mais. Quando cansada está do “facebook”, Laura abre o “gmail”, o “sapo”, o “yahoo”, o “wikipédia” e pesquisa, navega, comunica, inventa, sem se dar conta do seu tempo. E o telefone também abre horizontes e já ninguém sabe viver sem ele. Os avisos de mensagens e toques no telefone de Laura são constantes e a avó pasmase com este novo tempo. Mas o progresso é isto mesmo. São estas pequenas teclas que agora exploro que me permitem divulgar o que penso. E permitem também aos outros ler e sentir, sem esforço, aquilo que divulgo. Foi utilizando estas novas tecnologias que criei o meu blog “Vivências Contadas”, palavras que escrevo com prazer e que permitem à família e amigos saber o que vivo por este mundo. Este é igualmente o exemplo deste boletim onde se escrevem estas linhas que agora lêem. O papel é poupado e a eficácia conseguida. A importância e relevância desta tecnologia é inquestionável. O boletim das Famílias dos Diplomatas Portugueses está melhor, mais apetecível. Ele representa informação, divulgação, apoio e orientação às famílias que fora e dentro de Portugal se tentam integrar e enquadrar. È um trabalho formidável facilmente divulgável à distancia de um simples “clic”. Hoje a parafernália de motores que existem na internet facilitam a nossa vida mas também nos emudecem, nos enclausuram e nos transportam para realidades muitas vezes desconhecidas. O ritual da carta dava prazer mas são hoje as teclas que nos arrancam sorrisos e emoções. A todas as gerações. Carla Sofia Domingues 11 CORREIO DOS ASSOCIADOS À mesa da Belle Époque A Gastronomia diz muito sobre um povo. É uma riqueza cultural que a maioria dos governos inclui na sua política económica. Assim se explica que seja a AICEP a preocupar-se com a divulgação internacional da nossa gastronomia e não o Instituto Camões. Nestas nossas andanças pelo mundo, temos descoberto algumas “exquisitezes” – se me permitem aportuguesar o castelhano – que, nalguns casos são mesmo aquilo que o português inspira: desde os “gusanos de maguey” (as lagartas da planta da tequila mexicana) aos “chapulines” (grilos fritos que os aztecas acreditavam possuírem propriedades afrodisíacas), passando por umas larvas gordas que o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas subsidia a criação em África, tal é a quantidade de proteínas que contém. Aqui na Argentina ainda não nos deparamos com nenhuma raridade – no sentido espanhol de “raro”, esquisito em português -, mas com várias delícias que em “castellano” se traduzem num só adjectivo: “exquisito” que significa “de sabor excepcional”. Eis as confusões que podem ocasionar duas línguas tão próximas. Assim, além de uma carne deliciosa de fama mundial, já desfrutámos de um cordeiro patagónico assado “em cruz” durante horas sobre o fogo (o “chivito” é completamente aberto e colocado num espeto, na vertical, a secar ao lume). Não leva qualquer tempero, mas é absolutamente divinal. E uma “merluza negra” dos mares antárcticos, uma pescada de carne branca e suculenta. Saborosíssima! Este segundo parágrafo, melhorou substancialmente o paladar dos meus amigos, certo? E vai continuar a melhorar, pois esta semana fiz uma incursão pelas pastelarias de Buenos Aires. Por isso, recuemos até à Buenos Aires do princípio do século XX, ao glamour da Belle Époque e dos emigrantes que fugiram às crises europeias, uma época que aqui se prolongou até à II Guerra Mundial. No princípio do século passado, a medicina ainda era bastante embrionária, a alimentação era praticamente a única defesa contra as doenças. Buenos Aires tinha sofrido muitíssimo com um surto de peste no final do século XIX e as pessoas comiam porque era importante comer. Não havia preocupações dietéticas como poderão ver pelas delícias que descobri. A gordura ainda é formosura e sinal de bem-estar social e saúde. E não se pense que era só a classe alta que acorria aos belíssimos cafés da época. A Confiteria La Ideal era o local de encontro das “señoritas” após a saída do trabalho, era o local por excelência das despedidas de solteiras e a sua orquestra feminina era reputadíssima. Muitos destes locais já não existem, mas alguns ainda sobrevivem, adaptaram as suas delícias aos gostos do momento, mas mantém algumas iguarias de outros tempos. O Café Tortoni anda hoje é uma referência destes estabelecimentos. Com um interior Art Nouveau belíssimo, é paragem obrigatória para qualquer turista que pode inclusivamente desfrutar de um show de tango na sua adega enquanto se 12 CORREIO DOS ASSOCIADOS delicia com um “leche merengada” (um gelado de nata com claras em castelo e canela), no Verão ou um chocolate com churros, no Inverno. Mas os mais famosos chefs pasteleiros que fizeram as delícias desta época foram os italianos Constantini Rossi e Cayetano Brenna, os mestres do glamour culinário, que souberam adaptar as técnicas europeias ao “dulce de leche” local criando sabores e visões maravilhosas. Eram os pasteleiros da Confiteria del Molino (ver fotografia). Hoje, ainda podemos ver a imponente fachada Art Nouveau encimada por um moinho, fechou nos finais dos anos 90. O seu interior, podemos vê-lo no teledisco de Madonna, de 1994, “Love don’t live here anymore”. Eu que acredito que o amor é eterno, acredito que os sentimentos que aí nasceram ainda vivem. Os amores dos Tangos que Carlos Gardel aí compôs. As confidências de Jean Mermoz – o piloto aviador francês responsável por levar o correio à Europa e que tão bem inspirou o seu amigo Antoine de Saint Exupéry em “O Principezinho”. As alegrias das vitórias de Irineo Leguisamo – o famoso jockey da época – e que inspiraram os nossos chefs a criarem a “Torta Leguisamo” para celebrar um seu aniversário e que se transformou num clássico da pastelaria argentina. Uma mistura de pão-de-ló, massa folhada, merengue, “marrons glacés”, doce de leite e um extraordinário creme de manteiga com amêndoas ... Ah! Como dizia alguém “se temos de morrer, que seja por um magnífico creme de manteiga e não por umas natas com ar”, como é o caso do chantilly. O princípio do século XX foi também a época da fundação de Mar del Plata como estância de veraneio. Os ilustres “bonaerenses” que se entretinham nos belos cafés de Buenos Aires, descem à praia e na ida ou no regresso era obrigatório parar em Balcarce, uma pequena povoação a cerca de 30Km daquela estância. Aí, na pastelaria com o mesmo nome, o chef criara um manjar dos deuses: a Torta Balcarce (ver fotografia). Um pão-de-ló de baunilha, recheado com um creme de requeijão, nozes e castanhas envoltos em natas com muito ar! E doce de leite, claro. Uma perdição! Com pelo menos 1500 calorias por fatia! A decoração deste bolo tinha, na época, a particularidade de obrigar o chef a fazer um show quase de circo: o bolo é marcado a fogo. Isto é, o ferro em brasa ao entrar em contacto com o açúcar em pó prende fogo. Devia ser uma visão! Hoje, Balcarce é uma marca registada, e o bolo pode comprar-se congelado ou em gelado, sempre marcado a fogo. A pastelaria, em Balcarce, foi remodelada e chama-se “Como Antes”, e ainda é paragem obrigatória. Façam o vosso roteiro! Manuela Caramujo 13 ABCD Associação do Bazar do Corpo Diplomático Instituições que beneficiaram dos 70 mil euros angariados no Bazar de 2010 Aldeias de Crianças SOS – Guarda: Donativo de €7.749,00 destinado à remodelação do piso envolvente da piscina utilizada por crianças de toda a região. Árvore da Vida – Porto: Donativo de €1.995,00 para aquisição de cadeira de rodas para o Didi, que tem 5 anos e sofre de paralisia cerebral. Associação Criança e Vida – Porto: Donativo de €4.500,00 para compra de mobiliário para instalar uma biblioteca/mediateca. Banco do Bebé – Associação de Ajuda ao Recém-Nascido – Lisboa: Donativo de €3.500,00 destinado a medicamentos (duas mensalidades de farmácia). Casa de Protecção e Amparo de Santo António – Lisboa: Donativo de €3.000 – Contribuição para o projecto “cozinhar o futuro” que permitirá angariar fundos para a casa de acolhimento e creche. Centro de Acolhimento de Crianças em Risco da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova da Barquinha; Donativo de €5.210,00 para a compra de 10 camas, 10 camiseiros, 2 roupeiros, 6 mesas-de-cabeceira e 2 mesas de refeitório. Centro de Acolhimento e Protecção a Vitimas do Tráfico de Seres Humanos: Donativo de €2.000,00 para apoio económico às pessoas acolhidas. Centro de Bem-Estar Social de Arronches: Donativo de €4.513,94 – Equipamento para a nova sala que receberá 10 crianças dos 12 aos 24 meses. Centro Comunitário Paroquial da Ramada – Odivelas: Donativo de €2.000,00 para a aquisição de cadeiras ergonómicas. CLASSIFICADOS CLASSIFICADOS Explicações de Matemática e Físico-Química Apartamento T4 (3 suites) Eduardo Nobre, aluno do 2.º ano de Economia da Universidade Nova de Lisboa €10,00 / hora Remodelado, 175m2, arrecadação e garagem, a 5 minutos das Amoreiras e do Liceu Francês Contacto: 91 735 53 29 Contacto: 93 286 10 74 VENDE-SE 14 ABCD Associação do Bazar do Corpo Diplomático Centro de Promoção Juvenil – Lisboa: Donativo de €6.322,31 – Reposição do mobiliário do refeitório. Centro Social Paroquial de Cadima – Cantanhede: Donativo de €2.105,00 – Contribuição para equipamento do parque infantil, compra de um cavalo e um pato com mola elicoidal, sua montagem e instalação. Centro Social Paroquial de S. Vicente de Paulo: Donativo de €5.790,00 para aquisição de instrumentos musicais no âmbito do projecto Escola de Música, que visa combater a exclusão social valorizando as crianças. Instituto de Apoio à Criança – Centro de Acolhimento de Emergência Temporário O Caminho – Ponta Delgada: Donativo de €7.450,00 para a aquisição de 4 armários, 16 cadeiras, 1 frigorífico, 2 mesas redondas e 5 computadores portáteis. Ponto de Apoio à Vida – Casa de Santa Isabel – Lisboa: Donativo de €7.329,42 – Participação nas obras de reabilitação – pavimentos. Santa Casa da Misericórdia do Vale de Besteiros, Lar Convívio Jovem – Tondela: Donativo de €1.000,00 – Contribuição para obras de readaptação do lar. Nuno Miguel Andrade Faustino – Celorico da Beira: Donativo de €1.250,00 – Um ano de fraldas para este menino deficiente. Refúgio Aboim Ascensão – Faro: Donativo de €5.000,00 para manutenção do lar. 15 ABCD Associação do Bazar do Corpo Diplomático Já estamos a preparar o Bazar de 2011! Apesar de o Bazar estar agendado para os dias 2 e 3 de Dezembro no Centro de Congressos de Lisboa, à Junqueira, o trabalho de preparação já começou! Para que os dois dias em que se realiza o Bazar sejam um sucesso, o trabalho preparatório é indispensável. É com meses de antecedência que começamos o contacto com as várias representações diplomáticas, para que possamos saber o número de participantes. O espaço é atribuído de acordo com a quantidade e o tipo de produtos que pretendem vender no Bazar. A AFDP organizou um “morning-coffee”, com representantes dos países que já confirmaram a sua presença. Nesta reunião, que teve lugar na nossa Associação, sugerimos que durante as férias de Verão fosse feita uma prospecção de produtos que possam ser interessantes para o Bazar, bem como prémios a serem sorteados na Tômbola. A venda de rifas tem sido uma excelente contribuição para as receitas do Bazar, graças aos fabulosos prémios que tem sorteado: desde viagens à Índia, cruzeiros à Turquia, fins-de-semana em hotéis, peças de arte, jóias, até jantares para dois em diversos restaurantes de Lisboa. 16 ABCD Associação do Bazar do Corpo Diplomático Aproveitámos a ocasião para nos despedirmos de quem parte e saudarmos quem ficou com o testemunho que garante a continuidade da participação no Bazar. Relembramos que o Bazar Internacional do Corpo Diplomático, além de divulgar o artesanato e as especialidades gastronómicas dos países representados, através da sua venda, consegue angariar fundos de ajuda a instituições portuguesas de solidariedade social. Cristina Lopes Ramos FICHA TÉCNICA CONTACTOS Direcção AFDP Calçada das Necessidades n.º3 1350-213 Lisboa Portugal Ana da Rocha Páris Paula Duarte Lopes Ana Conceição Ana Pessoa e Costa Célia Crispim Tel.: (+351) 213952936 Fax: (+351) 213971433 E-mail:[email protected] Site :www.acdp.pt Edição Cristina Lopes Ramos Leonor Pereira Coutinho Horário: Segunda a Quinta, das 9 às 13h Secretariado: Leonor Pereira Coutinho CURSO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA ESTRANGEIROS A AFDP está a organizar um curso de Português para cônjuges estrangeiros de diplomatas portugueses e cônjuges de diplomatas estrangeiros. O curso terá início no mês de Outubro, e estará estruturado em dois níveis (elementar e intermédio) com um número máximo de 12 alunos por nível. O preço é de €50,00 por mês, com duas horas por semana. Realizar-se-á nas Portugueses, na segundas-feiras: e das instalações da Associação das Famílias dos Diplomatas Calçada da Necessidades, 3 – 1350-213 Lisboa, às das 10.30 às 12.30, para o nível elementar; 13.30 às 15.30 para o nível intermédio. Para solicitar a ficha de pré-inscrição, é favor contactar a AFDP entre segunda e quinta-feira, das 9h às 13h. ([email protected]; Tel.: 213 952 936; Fax: 213 971 433).
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