Que atire a primeira bomba - Revista Cristã de Espiritismo
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Que atire a primeira bomba - Revista Cristã de Espiritismo
ACONTECE ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ QUE ATIRE A todas as fotos foram tiradas da internet ○ J Nós, espíritas, cientes dos fatos, apenas lamentamos. Mas quando sairemos da lamentação para começarmos agir? Waldir Fragatte Revista Cristã de Espiritismo · 44 á percorri pelas páginas da bíblia inúmeras vezes.Uma das passagens que mais tocou meu coração, foi a de uma mulher adúltera que estava prestes a ser apedrejada, quando Nosso Mestre interveio: “Aquele que não tiver pecado que atire a primeira pedra.” Vão-se anos, em que, pela primeira vez, tive o prazer da leitura bíblica e, graças a esse episódio que me tocou profundamente, busquei cada vez mais os ensinamentos de Jesus. Mas o ser humano, além da busca dos conhecimentos espirituais, ainda necessita de regras duras para coibir abusos, selvageria e violência de um ser humano contra outro. Hoje, a frase se modificaria de forma contundente: “Aquele que não tiver pecado, que atire a primeira bomba.” Ontem à noite, resolvi folhear os jornais, o que já havia feito pela manhã como de costume. Lá estava uma notícia que passou despercebida: “OTAN intensifica os ataques em território Sérvio.” Penso que, de tantas notícias sobre os ataques que vêm acontecendo há quase dois meses, involuntariamente virei a página por já ter me informado o suficiente sobre esse embate entre Davi e Golias. Culpei-me. O massacre dos Kosovares de origem Albaneza, mortos por Sérvios, estão em todos os noticiários diariamente, avançando até pela madrugada. Ninguém pode alegar ignorância sobre esses fatos. Eles estão em nosso cotidiano. Corpos mutilados, queimados, estão estampados na fotografia do jornal bem a minha frente e eu, inconscientemente viro a página para as notícias do esporte. Será que endureci meu coração? Bem... talvez me reconforte o princípio de que eles passem por um resgate espiritual, uma mácula deixada no passado, que os levem a esse sofrimento coletivo. Guerras sempre se fizeram presentes na história da humanidade. Com o tempo, tudo se esquece. E nós, aceitamos passivos. Boris Yeltsin, presidente da Rússia, já se preocupa com o rearmamento nuclear pelo temor de uma “guerra mundial”, enquanto estamos estáticos ou fingindo não perceber o que está acontecendo. Nós aqui, quando cientes de todos os fatos, apenas lamentamos. Mas até quando ficaremos a lamentar que seres humanos, nossos irmãos, sejam dizimados apenas por opção étnica? Quando alguns de nós buscamos na Doutrina Espírita o ápice das revelações de espíritos por Deus designados, para que os ensinamentos nos cheguem ao seu devido tempo, fal- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ PRIMEIRA BOMBA... ta-nos a compreensão de fatos que nos margeiam, pois ainda o tempo de novas revelações não nos é permitido. Guerra, não se explica. Menos ainda, se justifica. Por mais que busco nas escritas e nos meus ensinamentos, não consigo aceitar o fato de seres humanos que incorporam o espírito da matança no mesmo instante em que vestem uma farda militar, fuzilam sem piedade seus semelhantes a mando de outro semelhante que toma de poderes para ditar regras e atos que ele mesmo não vai cumprir. Apenas observa à distância. Um instrumento usado para que acontecimentos que farão parte da história da humanidade cumpra rigorosamente seu papel. Considerando esse raciocínio, nós espíritas, insistiríamos na tertúlia até a exaustão. Quando essa prostração se desse, ainda em diálogos, cederíamos para que não houvesse perdas humanas, por amar nossos irmãos como amamos a nós mesmos. Esse seria o verdadeiro início e o exercício da mediunidade que todos temos. Em I Corintios cap. 12, vemos: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados. Portanto vos quero fazer com- preender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo. Ora há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de mistérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Porém, a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência. E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro pelo mesmo Espírito, os dons de curar. E a outro a operação de maravilhas: e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” Como vemos, todos temos nossa parte para desenvolver ao máximo de nossas forças. Uma dádiva que nos foi deixada para que, com perseverança, enveredemos pelos caminhos da retidão e conseqüente perfeição. Fatos como a guerra, mesmo que civil, não podem passar despercebidos por qualquer de nossos irmãos. Ao atentar para aqueles que iniciam à mediunidade devem ser destacados esses acontecimentos para que não se atenham apenas às suas reformas, evitando assim, complexo narcisista. Um médium, pára-raio dos acontecimentos, deve estar sempre vigilante. Nossos irmãos que buscam conhecimentos de seus dons espirituais, os ensinamentos sobre a mediunidade, vigilância sobre seus atos, podem, assim como eu, estarem alheios ou ainda sentirem-se impotentes para acreditar que possam fazer algo em benefício da humanidade. Partindo do preceito de que “a união faz a força”, penso que se todos nós elevássemos o nosso pensamento e tivéssemos a pretensão de um mundo melhor, o fardo de todos seria aliviado. Os problemas do mundo são tantos e tão abrangentes que apenas um homem, um médium, sente-se impotente para fazer uma oração pela paz e conforto de nossos companheiros de jornada. Convoco-o a acreditar no que dita o seu coração. Certamente, para o fim dessas mazelas, iniciará comigo a oração que Nosso Divino Mestre nos ensinou: Tente... você consegue. Eu começo, e você continua. “ Pai Nosso que estais no céu... 45 · Revista Cristã de Espiritismo