sistema especialista direcionado a acadêmicos de dança

Transcrição

sistema especialista direcionado a acadêmicos de dança
SISTEMA ESPECIALISTA DIRECIONADO A
ACADÊMICOS DE DANÇA RECUPERADOS DE
LESÕES
Adriana Rebouças Carreira1
Carmem Lúcia Meira Arce2
RESUMO: Este trabalho mostra a implementação de um sistema especialista direcionado a
acadêmicos de dança recuperados de lesões apresentadas nos membros inferiores. O sistema
será desenvolvido a partir da organização do conhecimento de especialistas em prescrição de
atividades de preparação e manutenção física e dança, sendo uma ferramenta com o princípio
de facilitar e auxiliar o trabalho de maîtres, professores e coreógrafos, que lidam com
bailarinos diariamente na preparação de aulas técnicas que favoreçam a readaptação articular
ou muscular após a ocorrência de uma lesão.
Palavras-chave: Sistema especialista – prescrição de atividades físicas – lesões - dança
ABSTRACT: This work shows the implementation of a specialist system directed to
academics of dance recovered from injuries presented in the inferior members. The system
will be developed from the organization of the knowledge of specialists in lapsing of
preparation and physical maintenance activities and dance, and will be a tool with the
principle to facilitate and to assist maîtres, teachers and choreographers work, daily dealing
with dancers in the preparation of technical lessons that favor the articulate or muscular
readapting after the occurrence of an injury.
Key-words: Special system – lapsing of physical activities – injuries – dance
1 INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos observou-se a evolução da ciência ligada à informática. Com isso,
muitas técnicas foram desenvolvidas para responder a necessidades específicas em trabalhos
que requerem inteligência humana. Para tornar possível a tarefa de resolver problemas de
maneira inteligente, os cientistas da Inteligência Artificial (IA) desenvolveram programas que
detêm conhecimento sobre áreas bem específicas. Estes são os Sistemas Especialistas (SE).
1
Bacharel em Sistemas de Informação pela Universidade Luterana do Brasil, Centro Universitário Luterano de Manaus,
cursando Especialização em Projeto e Administração de Banco de Dados pelo Centro Universitário do Norte, aluna de
Graduação em Dança pela Universidade do Estado do Amazonas, Escola Superior de Artes e Turismo E-mail:
[email protected]
2
Graduada em Licenciatura Plena em Educação física pela Universidade Federal do Amazonas, Especialização em Teoria e
Metodologia de Prescrição de Atividade Física pela Universidade Federal do Amazonas, cursando Especialização em
Educação na área de Psicomotricidade pela Universidade Gama Filho, Professora do curso de Dança da Universidade do
Estado do Amazonas E-mail: [email protected]
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
Os SE, segundo Rich e Knight (1993), solucionam problemas que normalmente são
elucidados por “especialistas” humanos, acessando uma Base de Conhecimentos (BC) do
domínio da aplicação que precisa ser criada do modo mais eficiente possível.
A proposta deste trabalho é a criação de um SE direcionado à prescrição de atividades
físicas para manutenção de bailarinos que obtiveram lesões nos membros inferiores e
encontram-se recuperados e aptos a executar atividades de dança. Porém, faz-se necessário
consultar um especialista como o ortopedista ou fisioterapeuta, na ocorrência ou reincidência
de uma lesão, para que estes especialistas acompanhem e orientem a melhor forma de
tratamento para a lesão em questão.
Outro ponto importante citado por Hall (1993) é a grande incidência de lesões que são
ocasionadas devido ao emprego errôneo de técnicas de treinamento3, principalmente porque
os movimentos de dança trabalham rotações e posições que são antinaturais, e que alteram a
biomecânica do corpo refletindo na estrutura corporal, podendo aumentar a predisposição às
lesões características em bailarinos.
O treinamento realizado sem orientação adequada de maîtres, professores e
coreógrafos4, pode ocasionar lesões que levarão o bailarino ao declínio ou até mesmo ao
afastamento definitivo das suas atividades físicas. Portanto, se faz necessária à utilização de
um SE que facilite e auxilie na preparação da prescrição de atividades técnicas a serem
empregadas durante as aulas de dança.
2. A DANÇA
Leal (1998) relata que desde os primórdios da evolução do mundo o ser humano
necessita movimentar-se, movimento este que segundo Ferreira (2000) “é uma série de
atividades em prol de determinado fim”. Ao fazer uma associação entre essas duas
informações chegar-se-á a conclusão de que a dança assim como outras atividades essenciais
para o homem são compostas de movimentos. Com esse preceito, Garcia e Haas (2003)
conceituam dança como uma arte que significa expressão gestual e facial através de
movimentos corporais, emoções sentidas a partir de determinado estado de espírito.
Desde que o homem surgiu que, mesmo de forma rudimentar, ele dança. Seja
para o seu deus, seja para atrair a chuva, para saudar o sol ou espantar os maus
3
Treinamento: No decorrer desse trabalho será chamado de “treinamento” toda e qualquer atividade física referente às aulas
técnicas e ensaios coreográficos executado por acadêmicos de dança.
4
Os termos maîtres, professores e coreógrafos, em uma visão geral está relacionado aos ministrantes de atividades físicas
(aulas e ensaios) assim como responsáveis de dirigir a dança como um todo.
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
fluidos: o homem dança. Dança e consegue satisfazer à necessidade de seu
organismo, mesmo que não tenha consciência disso (LEAL, 1998, p.13).
Batalha (2000, p. 5) também fala que a dança é uma manifestação associada à natureza
do homem, presente em acontecimentos como: morte, guerra, paz, celebrações e rituais, e tem
estabelecido íntima relação com as emoções e sentimentos humanos, antecedendo como
forma de comunicação à própria linguagem.
De acordo com Bertoni (1992) os primeiros registros desta forma de expressão,
realizada pelo homem, datam do paleolítico superior, seu significado vem da palavra TAN,
que em sânscrito significa tensão.
2.1 QUALIDADE FÍSICA NA DANÇA
A qualidade física é um fator fundamental quando se fala de dança, pois está
relacionada diretamente com o desempenho do bailarino, tornando os movimentos utilizados
mais aprimorados.
[...] o interesse do artista pelo seu próprio corpo e orientar os professores de
Educação Física a trabalhar com esse profissional, formulando projetos de
preparação física com objetivos de melhora de performance, [...] que prima pela
qualidade de vida, seja para resultados atléticos, artísticos ou para manutenção da
saúde, canalizando-se as energias positivamente, com prazer na realização das
atividades diárias, realizando exercícios aeróbicos como toda a linha de trabalho e
adquirindo condicionamento físico (LEAL, 1998, p. 14).
A preparação física na dança é trabalhada durante as aulas técnicas, para
desenvolvimento de força, flexibilidade, resistência física, entre outros, mas alguns alunos,
com intuito de aprimorar seu condicionamento físico ou a técnica da dança, procuram por
escolas e academias para treinamento extra-classe, fato que o equipara ao perfil de um atleta,
com músculos mais definidos e um potencial físico mais elevado.
Apesar de alunos possuírem uma carga horária de exercícios físicos muito intensos,
podendo chegar a 8 horas diárias, algumas vezes até mais, é necessário muito cuidado com
excesso de exercícios, pois essa prática, ao invés de ser benéfica, pode desencadear o desgaste
físico e consecutivamente a predisposição a lesões, principalmente nos membros inferiores
que são muito utilizados na dança, em movimentos de sustentação, impulsão e equilíbrio
conforme cita Leal (1998, p.15).
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
2.2 O TRABALHO ANTINATURAL DA DANÇA
O trabalho técnico da dança, principalmente na dança clássica, que é vista como base
para execução de vários movimentos de outros tipos de dança, possui características próprias
afim de uma perfeita execução do movimento desejado. Muitas vezes, por falta de
conhecimento anatômico e cinesiológico, o bailarino acaba desenvolvendo hábitos que o
prejudicam não só esteticamente, mas com o passar do tempo predispõe-se a traumatismos
articulares e musculares.
É importante que todo bailarino, que usa o corpo como instrumento de
trabalho, tenha consciência do seu alinhamento esquelético e dos locais de
assimetria, bem como das suas próprias restrições de movimento, a fim de que possa
fazer o melhor proveito do seu físico, sem se exceder na tentativa de vencer
obstáculos (SAMPAIO, 2001, p.32).
Os diversos movimentos realizados por bailarinos originam-se de um movimento
básico dos membros inferiores chamado de en dehors que significa para fora de acordo com
Rosay (1980), Sampaio (2001, p. 47) descreve como uma rotação externa do fêmur na fossa
do acetábulo, observando-se principalmente o alinhamento entre o quadril, joelho e pés
rotacionados para fora. Os joelhos devem estar completamente estendidos e os pés firmes ao
solo aplicando a mesma pressão no calcâneo, tarso, metatarso e falanges. A Figura 1 mostra
como é visto o en dehors.
Figura 1: En dehors.
Fonte: Aula de dança clássica III – Aluna da UEA
Figura 2: Posição Anatômica – En dedans.
Fonte Aula de dança clássica III – Aluna da UEA
Conforme observado, o en dehors provoca diversas alterações nos membros inferiores,
quando equiparadas à posição anatômica natural, também conhecidas na dança clássica como
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
en dedans que significa ‘para dentro’, de acordo com Rosay (1980) a principal diferença está
justamente nos quadris, joelhos e pés, que na posição anatômica natural estão voltados para
frente, já no en dehors estão voltados para as laterais. Como mostram as Figuras 1 e 2.
2.3 PRESCRIÇÃO DE ATIVIDADES FÍSICA
Para prescrever atividades físicas de maneira adequada e segura é necessário
inicialmente, conhecer as condições de saúde e do estado geral do cliente, os níveis
de condicionamento físico inicial, idade, sexo, percentual de gordura, motivação,
disponibilidade e objetivos são fatores determinantes para uma prescrição
individualizada e intransferível (NOVAES e VIANNA, 1998, p. 34).
É importante antes de prescrever atividades físicas ter à disposição informações
médicas para assim avaliar de forma coerente o aluno, principalmente os que são recémrecuperados de uma lesão.
É necessário nessa avaliação conhecer as qualidades físicas do aluno, assim como
identificar as limitações que ele terá no reinício da prática da dança para que não ocorra
reincidência lesionar, estabelecendo atividades progressivas de acordo com o avanço na
readaptação corporal do mesmo.
A avaliação física deve ser periódica e sucessiva, utilizando critérios rigorosos, para
assim fornecer dados quantitativos e qualitativos que indiquem, através de análises e
comparações, a real situação em que se encontra o avaliado, utilizando na dança a anamnese
para coleta desses dados.
A Dança, quando analisada sob o enfoque da atividade física, também requer que
todos estes critérios sejam levados em consideração, pois o bailarino pode ser visto também
como um praticante constante da atividade físico-corporal.
Destarte, á muitos métodos de prescrição de atividades física que podem ser aplicados
á dança que de acordo com o tipo de resultado desejado; conforme Hall (1993) estes são:
a) Método Estático - Consiste na execução lenta e controlada do movimento até ao limite
da amplitude;
b) Método Balístico - Os exercícios executam-se de forma rápida, sendo sua velocidade
que contribui para o estiramento;
c) Método de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) - Este método utiliza os
reflexos miotático (proprioceptivos) em nosso benefício, utilizando-os como
facilitadores do desenvolvimento da flexibilidade.
O reflexo miotático é ativado
quando o músculo estende-se além do seu limite, contraindo o músculo, acarretando a
diminuição da velocidade de execução pelo aumento do gasto energético.
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
Vantagens e
Desvantagens
Métodos
Estático
*
*
*
Risco de Lesão
Disp.Energético
Aquecimento
Eficácia
Balístico
***
***
***
*
FNP
**
**
**
**
(***) Alta (**) Média (*) Baixa
Figura 3: Vantagens e Desvantagens por Métodos
Fonte: Hall (1993)
Como pode ser observado na figura 3, Hall (1993) demonstra que o método estático
possui um pequeno risco de lesão com ausência de disperdicio energético, justamente pela
pequena quantidade de aquecimento, resultando em uma eficácia muito baixa. O método
balístico tem um alto grau de predisposição à lesão, gasto muito alto de energia, e
consecutivamente um alto grau de aquecimento muscular, resultando em uma eficácia baixa.
O método FNP possui um risco mediano de lesões que ainda pode ser reduzido de acordo com
os tipos de exercícios aplicados no aluno, tem um desperdício energético coerente ao
aquecimento e resultando em uma boa eficácia. Portanto, este é o método mais adaptável à
realidade de bailarinos lesionados.
2.4 LESÕES FREQÜENTES NA DANÇA
Há diversos fatores que podem ocasionar lesões em bailarinos, sejam eles fatores do
biótipo (características herdados + caracteres adquiridos), ou fatores como aplicação errônea
da atividade física, a participação de exercícios com os músculos fadigados, o treinamento da
flexibilidade sem um aquecimento muscular, entre outros.
Nesse sentido, há diversos trabalhos que relatam os tipos de lesões mais freqüentes na
dança. Arce (2003), por exemplo, descreveu as principais lesões nos membros inferiores
adquiridos através da prática da dança, estas serão descritas abaixo:
a) Estiramentos – São lesões traumáticas que acontece quando o músculo é esticado ou
alongado demais. Podem ocorrer também por violentas contrações, pelo uso excessivo
do músculo, fadiga muscular, condições climáticas e a falta de aquecimento ou
alongamento antes da prática de exercícios físicos;
b) Distensão - Ocorre da mesma forma que o estiramento provocando dor e inchaço. A
intensidade da dor e do inchaço varia de acordo com a gravidade da lesão. Pode ser
causado por quedas, torções de membros, excesso de esforço e através da prática de
exercícios estando lesionado.
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
c) Luxações – É a perda da relação anatômica normal, ou seja, quando um osso sai do
seu lugar, pode ser causado por torções violentas, saltos, movimentos balísticos, ou até
mesmo em pessoas que possuem hipermobilidade (alto grau de mobilidade) ou
hiperlasidão (alto grau de flexibilidade);
d) Contusões – Pancadas traumáticas sobre tecidos moles, ocorre por choque com outros
bailarinos, queda ou colisão;
e) Entorses – É decorrente de movimentos bruscos que ultrapassam os limites normais da
mobilidade articular. Ocorre pela perda de equilíbrio no uso da sapatilha de ponta,
após a execução de giros no ar exatamente no momento em que volta ao solo ou
devido à prática de exercícios em superfícies inadequadas.
f) Hematomas - É o rompimento de vasos subcutâneos (logo abaixo da pele), O sangue,
então, extravasa esse vaso rompido e aloja-se naquela região, dando uma coloração
arroxeada à pele. Ocorre pela colisão do bailarino com o solo ou com outro bailarino e
também pelo emprego errôneo de técnicas de dança.
g) Tendinite – É a inflamação nos tendões ou em toda sua estrutura envolvente, causada
por esforços prolongados e repetitivos, sobrecarga, desequilíbrios musculares e fadiga,
alterações nos exercícios ou rotinas funcionais, desidratação, alimentação incorreta, ou
a combinação de vários desses fatores.
h) Bursite – Inflamação nas bursas ocorre por fricção excessiva, repetitiva ou
traumatismos diretos causados pela fricção de sapatilhas, pela flexão excessiva do
joelho ou pela contusão direta.
i) Artrite - Lesão que resulta em pequenas fissuras e desgaste da articulação, ocorre pelo
tratamento ou reabilitação inadequada de uma lesão, na descida ao solo após a
execução de saltos.
Além dos citados há neuromas, joanetes, calos, fraturas, osteítes, aneurismas, entre
outros. A maioria das lesões pode apresentar-se em três níveis de gravidade: leve, moderado
ou grave, tendo influência direta no período de afastamento do bailarino, na prática de
atividades físicas e no tipo de exercício que o mesmo será submetido em seu retorno.
Devido à necessidade de ferramentas que auxiliem e dinamizem o trabalho dos
profissionais da área de dança que recebem bailarinos recém saídos de uma lesão em suas
aulas, à criação de um software especialmente desenvolvido para o auxilio na prescrição de
um programa de exercícios técnicos em dança, viria a facilitar e agilizar todo o processo de
retorno do bailarino ás perfeitas condições físicas ideais para a continuação de seu trabalho.
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
Nesse artigo, todas as lesões supracitadas poderão ou não entrar na lista diagnóstica do
software, mas para isto, deverão ser validadas através da aplicação de questionário, visto que
a freqüência das mesmas pode ser alterada com o decorrer dos anos e com o tipo de
treinamento aplicado na atualidade.
3 SISTEMAS ESPECIALISTAS (SE)
A inteligência humana está aliada a sua capacidade de interagir com o meio através
de habilidades não cognitivas (sentidos) e conotativas (ação), ou seja, se movimentar,
reconhecer sons (fala) e imagens, se expressar, etc. Existe um esforço, principalmente no
campo da robótica, no sentido de implementar essas habilidades nas máquinas inteligentes, de
modo a propiciar uma maior interação com o meio e desenvolver padrões de inteligência
envolvidos na aquisição do conhecimento, reconhecimento, aprendizado, etc (FERNANDES,
2003).
De acordo com Bronzino (apud FERNANDES, 2003, p.12), na década de 70, houve
uma revolução na era computacional dando início aos sistemas especialistas. A intenção era
criar programas de computador que pudessem em alguns sentidos “pensar”, isto é, resolver
problemas de maneira inteligente se fosse seguida pelo homem.
Segundo Kandel (apud FERNANDES, 2003, p.11), os sistemas especialistas podem
ser caracterizados como sistemas que reproduzem o conhecimento de um especialista
adquirido ao longo de anos de trabalho, devendo ser construídos com o auxilio de um
especialista humano, o qual fornecerá a base de informações através de seu conhecimento e
experiências adquiridas que, conforme Fernandes (apud FERNANDES, 2003, p.11), tem a
capacidade de resolver problemas difíceis, explicar os resultados obtidos, aprender,
reestruturar o conhecimento e determinar as suas características relevantes.
[...] é importante que os programas de computador solucionem problemas por
formas que a maioria das pessoas não consiga entender. Este procedimento é
adequado se o nível de interação entre o computador e seus usuários humanos é
“entra o problema, sai à solução”. Mas estamos cada vez mais construindo
programas que requerem uma interação intermediária com as pessoas, tanto para
proporcionar informações adicionais ao programa quanto para proporcionar mais
confiança ao usuário (RICH e KNIGHT, 1993, P. 64).
Dessa forma, pode-se afirmar que os SE são ferramentas que facilitam o trabalho do
especialista humano, visto que não há perda ou esquecimento de informações, o tempo de
resposta é menor, a quantidade de erros diminui em razão da inferência de informações no
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
sistema oriundas do especialista que, por ser humano, podem estar equivocadas. Não há
interferência de fatores orgânicos como: stress, ausência de atenção, problemas emocionais ou
patológicos, entre outros, facilitando também o trabalho de pessoas da área específica do SE,
dando suporte em tomadas de decisões.
Pode-se dizer que os atributos fundamentais em um SE, segundo Castilho (apud
FERNANDES, 2003, p.11), são:
a) O sistema tem separado o conhecimento específico do especialista e a
metodologia de solução de problemas;
b) A transferência interativa de conhecimentos pode minimizar o tempo necessário
para transferir o conhecimento do especialista para a base de conhecimento;
c) A estratégia de controle pode ser simples e transparente ao usuário, isto é, o
usuário capaz de compreender e prever os efeitos de adição, alteração, e exclusão
de itens na base do conhecimento.
Os SE, de acordo com Sabbatini (apud FERNANDES, 2003, p.11), possuem um
conjunto facilidades que proporcionam maior flexibilidade e eficiência:
a) Possibilidade para construção de regras;
b) Tomada lógica de decisões sob imprecisão ou na ausência de informações.
Basicamente em um programa tradicional, o método de busca é baseado no
conhecimento anteriormente codificado no sistema. Quando surge novo conhecimento, é
necessário reescrever o código. Já os sistemas especialistas podem manipular as regras e usálas sem modificar a estratégia da busca.
Há também diversos benefícios na utilização de um SE: velocidade na determinação
de problemas; a decisão está fundamentada em uma base de conhecimento; segurança exige
pequeno número de pessoas para interagir com o sistema; estabilidade dependência
decrescente de pessoas específicas; flexibilidade; integração de ferramentas; evita
interpretação humana de regras operacionais (FERNANDES, 2003, p.12).
Os SE são executados a partir da entrada de características de um problema, fazendo
análises e comparações até chegar à solução mais viável para elucidá-lo. Essa manipulação da
informação só é possível devido à arquitetura de desenvolvimento dos SE ser composta por
uma base de conhecimento, construída a partir de informações oriundas de especialistas, além
de conjuntos de métodos para manipulação deste conhecimento; e mecanismos de inferência,
como as regras de produção, que produzem novos fatos a partir das regras da base de
conhecimento.
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
4 O SISTEMA
4.1 METODOLOGIAS
O processo de desenvolvimento de software requer diversas etapas fundamentais para
dar maior credibilidade e consistência ao sistema a ser desenvolvido. Normalmente, a
implementação de um sistema especialista passa pelas seguintes etapas:
• Extração e representação de conhecimentos;
• Projeto e desenvolvimento do sistema;
• Elaboração e teste de protótipo;
• Implementação e teste do sistema.
Porém, o panorama de métodos da web engloba um conjunto de tarefas técnicas que
habilitam um engenheiro web entender, caracterizar e então construir uma Web Application
(WebApp) de alta qualidade. Seus métodos podem ser caracterizados da seguinte maneira de
acordo com Pressman (2006):
a) Métodos de Comunicação: Definem a abordagem usada para facilitar a comunicação
entre os engenheiros web e todos os outros interessados na WebApp, por exemplo,
usuários finais, clientes de negócio. As técnicas de comunicação são particularmente
importantes durante a coleta de requisitos e sempre que um incremento precisa ser
avaliado. Para formalizar essa coleta de requisitos, nesse trabalho foi utilizado o
método científico e indutivo, fazendo uso de técnicas como: coleta de dados através de
pesquisa de campo com aplicação de questionário contendo perguntas fechadas e de
múltipla escolha, observação ativa e sistemática, levantamento bibliográfico e análise
dos resultados. A amostragem foi realizada na Universidade do Estado do Amazonas
(UEA).
b) Métodos de análise de requisitos: Fornecem uma base para o entendimento do
conteúdo a ser entregue por uma WebApp, a função a ser fornecida para a usuário final
e os modos de interação que cada classe de usuários irá requerer à medida que a
navegação pela WebApp ocorre.
c) Métodos de projeto: Abrangem uma série de técnicas de projeto que cuidam do
conteúdo, arquitetura da aplicação e da informação, projeto da interface e estrutura de
navegação pela WebApp.
d) Métodos de teste: Incorporam revisões técnicas formais do conteúdo e modelo de
projeto e uma ampla variedade de técnicas de teste que tratam de tópicos no nível de
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
componente e arquitetural, teste de navegação, testes de usabilidade, testes de
segurança e testes de configuração.
Essa abordagem de desenvolvimento de SE fez uso da combinação de três ferramentas
que é o Personal Home Page (PHP), Apache e MySQL, além do sistema operacional
Windows, mais conhecidos como WAMP (Windows+Apache+MySQL+PHP) e ainda a
utilização de conceitos da engenharia de software para entendimento do processo como um
todo. Para isso, foi utilizado o modelo de ciclo de vida Interativo Incremental conforme a
Figura 4.
Funcionali dade e características do software
Incremento 1
Comunicação
Entrega do
1º In cremen to
Planejamen to
Mod elagem (Análise, Pro jeto)
Incremento N
Con strução (Cons trução, Teste)
Entrega d o
Nº Incremento
Implantação (Entrega, Feedback)
Temp o deco rrido do projeto
Figura 4: Modelo de ciclo de vida Interativo Incremental
O modelo incremental combina elementos do modelo em cascata aplicado de maneira
interativa, de forma que o primeiro incremento chamado de núcleo do produto é entregue com
as principais funcionalidades do sistema e progressivamente de acordo com a necessidade do
cliente são desenvolvidas funcionalidades extras gerando novas versões do sistema.
4.2 ARQUITETURA WEBAPP
A arquitetura WebApp descreve uma infra-estrutura que possibilita um sistema ou
aplicação baseado na web atingir seus objetivos de negócio. Pressman (2006) sugere uma
arquitetura em três camadas que desacopla a interface da navegação do comportamento da
aplicação e argumenta que manter a interface, aplicação e navegação separadas simplifica a
implementação e aumenta o reuso.
Pressman (2006) cita a arquitetura Model-View-Controller (MVC) que é uma
arquitetura básica com três camadas possivelmente abstratas: O modelo: contém todo o
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
conteúdo e lógica de processamento específicos da aplicação, incluindo todos os objetos de
conteúdo, acesso a dados /fontes de informação externa, e toda funcionalidade de
processamento especifica da aplicação. A visão contém todas as funções específicas da
interface e permite a apresentaçao do conteúdo, acesso a dados/fontes de informação externos
e toda a funcionalidade de processamento requerida pelo usuário final. O controlador gera o
acesso ao modelo e a visão e coordena o fluxo de dados entre eles.
Em uma WebApp, a visão é atualizada pelo controlador com dados do modelo baseado
na entrada do usuário, uma representação esquemática da arquitetura MVC é mostrada na
Figura 5.
N AVEGA DOR
Requisição ou
dados do usuário
Controlador
Gera requisições d e usuário
Seleciona co mport amento do mo delo
Seleciona resposta de vis ão
Seleção de Visão
So licitação de
co mportam ent o
(m udança de estado)
Modelo
Encapsula funcion alidad e
Encapsula o bjetos de co nteúdo
Inco rpora t odos o s estad os da WebA pp
Cliente
Da dos do m odelo
Dados HT ML
Vis ão
Prepara d ados d o mode lo
Requer at ualizações do modelo
Ap resent a visão selecionada pelo
co ntrolad or
So licitaçã o de
at ualizaçã o
Serv idor
Figura 5: Arquitetura MVC
4.3 FERRAMENTAS PARA DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA
ESPECIALISTA
De acordo com Fedeli, Polloni e Peres (2003), as linguagens orientadas a objeto (OO)
surgiram em razão da necessidade gerada pelas novas técnicas de análise apontadas pelos
estudos da engenharia de software, com a finalidade de orientar e organizar processos.
Ao desenvolver um SE a partir de uma linguagem de programação OO, há liberdade
em desenvolver as diversas partes do sistema, como a interface com o usuário e o motor de
inferência. Nesse caso, há uma velocidade final de execução maior em função da otimização
do uso da máquina e do fato de se usar o mínimo de funções necessárias ao problema em
questão. A desvantagem seria a dificuldade futura de manutenção, que dependeria da
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
qualidade do programador, assim como da documentação a ser gerada. (CAMPOS E SAITA,
2004).
Atualmente o compartilhamento da informação, dado que o conhecimento é uma
informação de alta relevância, as aplicações desenvolvidas para web têm diversas vantagens
em relação às outras, como o maior alcance de conhecimento. Visando esse conceito, foram
definidas para implementação do SE as ferramentas a seguir.
4.3.1 PHP
Segundo Niederauer (2005), PHP é uma das linguagens de programação mais utilizadas
na web para criação de páginas de dinâmicas. Suas principais características são:
a) Gratuita e com código aberto: O arquivo de instalação pode ser encontrado
gratuitamente na internet e seu código fonte é aberto;
b) Embutido no HTML: O Hyper Text Markup Language (HTML) e o PHP podem ser
misturados, podendo escrever um trecho em HTML e outro em PHP, assim como
pode-se utilizar o Java Script;
c) Baseado no servidor: Quando é acessada uma página PHP através do navegador, todo
código é executado no servidor e o navegador exibe somente a página processada sem
consumir recursos do computador;
d) Banco de dados: diversos bancos de dados são suportados pelo PHP, ou seja, o PHP
possui código que executa funções de cada um, entre eles temos o MySQL,
PostgreSQL, SQLite, InterBase, Oracle, SQL Server, entre outros que oferecem
suporte à linguagem Structured Query Language (SQL);
e) Portabilidade: Pode se utilizar uma diversidade de plataformas tanto proprietária
quanto livre como Windows, Linux, Unix.
4.3.2 JAVA SCRIPT
A linguagem Javascript foi desenvolvida pela Netscape e originalmente se chamava
LiveScript, e posteriormente chamada Javascript para mostrar a proximidade da linguagem
como Java. Com a linguagem de script para construção de páginas da web utilizando recursos
dinâmicos pode-se criar efeitos especiais, controlar os dados digitados em um formulário e
criar algumas animações.
4.3.3 APACHE
O Apache é um dos servidores mais conhecidos do mundo, tendo sua primeira versão
oficial lançada em 1995. Possui diversas características que o impulsionou a ser um dos mais
utilizados: é um software gratuito que pode ser estudado, alterado e utilizado tanto com
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
plataformas Windows como Linux, além de executar códigos de diversas linguagens como
PHP, Shell, entre outros. Pode atuar como servidor File Transfer Protocol (FTP) e Hyper Text
Transfer Protocol (HTTP).
4.3.4 MYSQL
De acordo com Niederauer (2005), O MySQL é um sistema de gerenciamento de
Banco de Dados relacional que utiliza a linguagem padrão SQL, sendo largamente utilizada
em aplicações para a internet, tornando-se o mais popular entre os Banco de Dados (BD) com
código fonte aberto. Tem como destaque suas características de velocidade, escalabilidade, e
confiabilidade.
As vantagens do MySQL são: Número ilimitado de utilização por usuários
simultâneos; capacidade de manipulação de tabelas com mais de 50.000.000 de registros; alta
velocidade de execução de comandos; fácil e eficiente controle de privilégios de usuários.
Portanto, o MySQL forma com o PHP uma excelente dupla para desenvolvimento páginas
web dinâmicas, tanto para websites pequenos como para grandes portais.
4.3.5 JUDE
Jude é uma das melhores ferramentas cases Unified Modeling Language (UML)
gratuitas, possui características encontradas apenas em ferramentas proprietárias. Além de um
bom desempenho, possui opções de transformar o diagrama em código Java e essa
característica facilita a interpretação do desenvolvedor para qualquer outro tipo de linguagem.
4.3.6 DBDESIGNER
É uma ferramenta livre que serve para modelagem de dados, principalmente a criação
do modelo de entidade e relacionamento, tendo ainda a vantagem de gerar a partir do modelo
o código SQL.
4.3.7 SMARTDRAW
É uma ferramenta proprietária mais foi utilizada no decorrer deste trabalho a versão
Trial ou seja; uma versão para testes, esta ferramenta serve para fazer gráficos, diagramas,
organogramas, fluxogramas, entre outros, possuindo uma infinidade de elementos gráficos
bastante úteis para criação de modelos, arquiteturas e estruturas de softwares.
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
CONCLUSÃO
O SE foi desenvolvido como uma ferramenta para apoio à tomada de decisão para
prescrição de atividades de preparação e manutenção física de acadêmicos de dança que
encontram-se recuperados de lesões nos membros inferiores.
A utilização dos Sistemas Especialistas em áreas específicas elucida muitos
problemas, como: o alto grau de bailarinos que praticam exercícios inadequados após a
ocorrência de lesões; demora da aplicação da anamnese, que é um questionário para
levantamento da situação atual do aluno; assim como a prescrição manual de atividades
físicas, entre outros.
Existem muitas maneiras de se desenvolver um sistema especialista, entre elas a
utilização de linguagens declarativas apropriadas para calcular predicados como o Prolog,
existindo ainda ambientes de SE como o Expert Sinta, onde o desenvolvedor cria somente a
base de conhecimento e o Sinta cria todo o mecanismo de inferência, interface e tratamento
dos dados da base de conhecimentos.
A abordagem de desenvolvimento desse sistema especialista foi baseada na
combinação WAMP (Windows+Apache+MySQL+PHP) e em conceitos da engenharia de
software. Essa combinação é uma forma muito eficaz para se desenvolver sistemas
direcionados para web. O desenvolvimento partiu do principio de utilização de formulários
independentes que através de associações calculam uma atividade física, para chegar a essa
maturidade do sistema foi necessário analisar por diversas vezes as interações acrescentando,
modificando ou excluindo requisitos quando necessário. Para isso, foi de extrema avalia o uso
do método interativo incremental, que gerou a primeira versão do SE aqui proposto.
É importante salientar que o desenvolvimento de um sistema especialista sem o apoio
de ferramentas direcionadas a esse fim ou ambientes já prontos para inserção de base de
conhecimentos é bastante dificultoso, mas tem um resultado bastante gratificante não só pelo
aprendizado, mas pelo resultado obtido.
O SE desenvolvido ainda passará por uma fase de implantação e testes de aceitação
dentro de uma instituição de ensino. Essa é uma etapa bastante importante e trará informações
necessárias para geração de novas versões do sistema.
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARCE, Carmem Lúcia Meira. Lesões nos membros inferiores em bailarinos da cidade de
Manaus. Manaus: UFAM, 2003. Dissertação de especialização em prescrição de atividades
físicas, Universidade Federal do Amazonas, 2003.
BATALHA, Celina. Competências definidoras do professor de dança. Rio de Janeiro:
Papel Virtual, 2000.
BERTONI, Íris Gomes. A dança e a evolução: O dança em seu contexto teórico,
programação didática. São Paulo: Tanz do Brasil, 1992.
CAMPOS, Mario Massa de; SAITO, Kaku. Sistemas inteligentes em controle e automação
de processos. Rio de janeiro: editora ciência moderna, 2004.
FEDELI, Ricardo Daniel; POLLONI, Enrico G. Franco; PERES, Fernando Eduardo.
Introdução à ciência da computação. São Paulo: Thomson Learning, 2003.
FERNANDES, Ana Maria da Rocha. Inteligência artificial: noções gerais. Santa Catarina:
Visual Books, 2003.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. O Minidicionário da língua portuguesa. 4 ed.
Rio de Janeiro: Nova fronteira, 2000.
GARCIA, Ângela.; HAAS, Aline Nogueira. Ritmo e dança. Canoas: editora da ULBRA,
2003.
HALL, Susan .J. Biomecânica básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.
LEAL, Márcia. A preparação física na dança. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.
NIEDERAUER, Juliano. Integrando PHP 5 com MySQL: Guia de consulta rápida. São
Paulo, Novatec editora. 2005.
NOVAES, Jefferson.; VIANNA, Jéferson M. Personal training e condicionamento físico
em academia. Rio de Janeiro: Shape, 1998.
PRESSMAN, Roger S. Engenharia de software. Sesta edição. São Paulo: McGraw-Hill,
2006.
RICH, Elaine.; KNIGHT, Kevin. Inteligência artificial. 2 .ed. São Paulo: Makron Books,
1993.
ROSAY, Madaleine. Dicionário de Dança. Rio de Janeiro: Editorial Nordica Ltda, 1980.
SAMPAIO, Flávio. Ballet essencial. 3 ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001.
Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.

Documentos relacionados