Conto Autor: Santo Só Cinzas de Pompéia Ao alvorecer
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Conto Autor: Santo Só Cinzas de Pompéia Ao alvorecer
Conto Autor: Santo Só Cinzas de Pompéia Ao alvorecer, em seu recanto de praia preferido, Clemente estava absorto em pensamentos. Desde que enviuvara e o filho adolescente fora estudar em Roma, sentia-se solitário. O filho estava com parentes, porém, precisava adquirir um lugar próprio para morar. Já não tinha o mesmo prazer de antes em manter longas conversas com amigos. Clemente perdera a disposição para discutir, sempre as mesmas banalidades, com pessoas a quem nada interessava além do trivial. Atualmente, ele preferia ler e reler os livros que conseguia. Mantendo o olhar perdido sobre o mar, Clemente cogitava sobre como sua pessoa seria lembrada após a morte. Provavelmente, de modo algum. Em poucos anos, tudo o que fora e o que fizera estaria esquecido, desaparecendo do mesmo modo como as ondas se desfazem ao quebrar na praia. Interrompendo essas reflexões, Lucrécio se aproximou sem se fazer anunciar. Ele vinha acompanhado pelo jovem Cipião. -Olá mestre. Desculpe-me perturbá-lo em suas meditações. –Falou Lucrécio. -Tenho prazer em vê-lo. É raro encontrar alguém por aqui a estas horas. –Disse Clemente. -Sabíamos que deveria estar por aqui e viemos procurá-lo para transmitir uma mensagem importante da parte de nossa clã. Como deve saber, tivemos uma reunião ontem. Lastimamos, ultimamente, contar pouco com a sua presença. -Já participei de muitas reuniões. Penso que seja tempo de descansar e deixar para os mais jovens as decisões. -Você não é tão velho e os seus conselhos nos fazem falta. Agora, de modo especial, estamos com dificuldades e necessitamos da sua contribuição. Gostaríamos que nos ouvisse com tranqüilidade. -Estou indo para casa. Aceitam me acompanhar em um primeiro lanche? Poderão contar sobre os últimos acontecimentos e o que pretendem de mim. -Como preferir. Andar a pé nos fará bem. Dirigiram-se para o interior da muralha de Pompéia e seguiram pela rua empedrada, caminhando entre as casas da parte central da cidade. Algumas fachadas mostravam rachaduras e escoras nas paredes. Em quase todos os muros liam-se frases exaltando candidatos, declarando alianças, ou fazendo depreciações. Muitas inscrições exibiam expressões obscenas. Subiram com passos lentos uma ladeira que levava a uma zona de mansões importantes. Passando em frente a uma terma de banhos que funcionava como bordel, um homem visivelmente embriagado saiu do seu interior e os confrontou. Capengando da perna esquerda, abraçou o jovem Cipião, gritando, entre outros impropérios, ser capaz de penetrar homens e mulheres. Ciprião o afastou, socando e empurrando violentamente. Houve reação e os dois se atracaram em luta corporal. O bêbado foi jogado ao solo e praguejou, exclamando: -Ninguém trata assim um soldado romano. -É por soldados como você que Roma tem fracassos. –Redarguiu Cipião, exaltado. Clemente e Lucrécio foram seguindo em frente, sem dar importância ao fato. Cipião, apresentando uma inchação roxa no rosto, correu para se colocar ao lado deles. Ainda transtornado, comentou: -Nossa cidade está invadida por esta ralé romana. Caminharam um pouco mais, até atingir o cimo da colina. A casa de Clemente estava localizada em um lugar central entre mansões suntuosas. Ela se distinguia por seu aspecto menos luxuoso do que as das cercanias, porém, sugerindo conforto. A convite de Clemente, eles atravessaram o jardim e se assentaram comodamente em num grande átrio. Uma escrava com bom aspecto os serviu, oferecendo sopa de verduras, pão, queijo e vinho. -Sua casa se distingue pela localização privilegiada e bom gosto. –Comentou Lucrécio. -Eu a construí logo após o terremoto. Na ocasião, esta área estava despovoada. Hoje, eu não poderia adquirir um terreno como este. -Por que não? Consta que que você seja um homem rico. –Observou Cipião. -Tenho empregado os meus recursos em viagens e na minha biblioteca. –Disse Clemente, apontando para uma estante cheia de pergaminhos. Em seguida, concluiu com um sorriso: -A vantagem é que esse tesouro não estimula a ação de ladrões. Não é fácil encontrar quem esteja disposto a pagar por livros o quanto eles valem. -Não os desmereço, mas, não os valorizo tanto quanto você. O que encontra nos livros que não possa saber por sua própria experiência? –Perguntou Lucrécio. -O que um homem pode viver sempre será limitado. É preciso obter conhecimento, também, através da experiência de outros. Eu gosto de conversar e sei que as pessoas falam coisas que não ousam escrever. Entretanto, o que está escrito foi mais bem pensado. Ademais, como eu poderia tomar conhecimento sobre o que pessoas distantes, ou que viveram antes da nossa época, aprenderam? -Os livros que eu li falam de uma realidade que não é a nossa. –Insistiu Lucrécio. -O que existe agora advém de algo que aconteceu antes, às vezes, longe daqui. A nossa realidade não é um fato isolado. Ela se relaciona com tudo o mais. Saber o que se passa em outros lugares e como os fatos aconteceram antes nos permite prever como possam de desenrolar no futuro. -Não acredito em previsões. Com todos os seus estudos, o que aprendeu sobre como agir no dia a dia? –Interveio Cipião. -Entre outras coisas, a não entrar em luta com bêbados. –Respondeu Clemente, rindo. Cipião se deu conta de que se expressara de forma impertinente. Parecendo envergonhado, murmurou apenas: -Ele me atacou. Gostaria de saber por que tantos romanos vêm para cá. -Há cerca de cento e sessenta anos, o monarca romano Sulla sufocou as revoltas existentes em Campânia. A cidade de Pompéia foi a que mais resistiu. Em recompensa aos seus soldados, Sulla distribuiu entre eles as propriedades dos vencidos. Muitos desses soldados não se adaptaram e, em pouco tempo, voltaram para as suas províncias. Lentamente, alguns moradores originais daqui recuperaram suas terras e, hoje, estão orgulhosos em possuir a cidadania romana. O clima da nossa região favorece o lazer e, atualmente, muitos soldados aposentados preferem vir morar aqui. Com a estada de Nero em Campânia, há pouco mais de dez anos, cresceu o interesse da elite romana em passar suas férias em nossas cidades e construir aqui suas casas de veraneio. Os habitantes locais, em geral, ficam satisfeitos com o dinheiro trazido por pessoas abastadas. Elas gastam com luxo e modos libertinos, mais do que podem exibir na própria Roma. –Explicou Clemente. -A maioria das pessoas daqui pouco se importa em saber o que ocorre em Roma. –Comentou Lucrécio. -Você tem razão. Muitos dos nossos cidadãos desconhecem a própria história e o que acontece ao seu redor, mesmo recentemente. Tivemos Calígula, morto assassinado, depois, Cláudio e, em seguida, Nero que, também, foi assassinado. Em seguida, sucederam-se seis Imperadores em apenas dois anos. Seguiu-se Vespasiano que permaneceu no governo por dez anos e, agora, assumiu Tito Flavio. Entretanto, as nossas famílias ainda se dividem entre as que são a favor de Nero e as que são contra. –Continuou Clemente. -O nosso azar é estamos próximos à Roma. Eu gostaria que todos os romanos se danassem. –Protestou Cipião. -O que Roma atingiu não foi por acaso. A cidade nasceu formada por emigrados de Ática, cidade de origem grega, junto com outros egressos de cidades diversas. Rômulo iniciou uma monarquia e criou um embrião de senado. Com a derrubada do rei Lúcio Tarquínio Soberbo, implantou-se a República. Foi então que se deu a grande expansão. Roma inovou, agregando inimigos vencidos com aceitação dos seus costumes e deuses. Também, foi a primeira a permitir que alguns escravos conquistassem liberdade, embora, nem por isso, eles sejam bem tratados. Ocorreram greves de plebeus que conduziram à criação dos Tribunos da Plebe, a eles sendo atribuídos alguns poderes. O tribuno Tibério Graco se colocou contra os abusos de senadores e foi assassinado. O clima criado criou condições para que o general romano Júlio Cesar avançasse sobre a cidade, submetendo o senado e impondo o que chamou principado. Ele acabou assassinado pelos senadores, mas, deu origem a uma seqüência de imperadores aos quais ficou submisso o senado. A história mostra que os impérios crescem por terem obtido algo efetivamente superior aos demais estados. Todavia, acabam perdendo a capacidade para ser inclusivos e dar lugar a acordos construtivos, com o que sobrevém o retrocesso. Roma cairá um dia. -Acredita que a história sempre se repete? –Indagou Lucrécio. -Mudam as culturas, mas, a natureza humana não. Quando os cidadãos são capazes de se unir de modo mais construtivo e inovar, superam seus vizinhos. Isso lhes exige a aceitação de algumas mudanças de hábitos e a perda de liberdade que seja necessária para a organização. Com o tempo, os dirigentes passam a usar seu poder mais em proveito próprio do que em favor dos dirigidos. Então, as conquistas se perdem. Com uma expressão de descrença, Lucrécio insistiu: -Sendo assim, quanto imagina que o Império Romano irá durar? -Quem pode saber? O Império Macedônio durou pouco. Alexandre foi extraordinário, mas, seu poder era pessoal e, com sua morte, a união se desfez. Roma venceu pelas armas e se sustenta pelo que ofereceu: pacificação, direito, artes, arquitetura e o mais. Entretanto, a excessiva soberba da sua nobreza sugere início da decadência. -Não vejo vantagem em estarmos submetidos a Roma. Campânia não tem, ao menos, direito a um senador. O nosso território é fértil e, sem tantas taxas, poderíamos progredir, até, mais do que outras regiões. –Interpôs Cipião. -Se ficássemos isolados, não sendo Roma, outra potência nos invadiria. Há necessidade de haver governo, mas, quem constrói e faz a diferença são os cidadãos. –Disse Clemente. -Você trata bem os escravos que cultivam as suas terras. Alguns perguntam por que não os liberta. Há quem diga que servos produzem melhor. –Inquiriu, incisivo, Cipião. Balançando a cabeça, Clemente respondeu: -Não desejo ser visto como um radical. Libertei alguns escravos, mas, a maioria prefere continuar comigo nessa condição. antes que aquela de alguns servos que vivem por aí. -Ainda bem que pense assim. Sem escravos não pode haver progresso. –Afirmou Cipião. Clemente avaliou o quanto seu julgamento distava do pensamento da maioria dos seus pares, concluindo que nada adiantaria contestar. -O que pensa da seita introduzida por alguns judeus que nega os nossos deuses? Ouvi dizer que está causando grande preocupação em Roma. Alguns defendem que ela deixe de ser perseguida. -Prosseguiu indagando Cipião. -Você se refere à seita do cristianismo? Os judeus sustentam que só existe um único Deus. Entretanto, creio que as elites se preocupem mais com as exigências da doutrina cristã com respeito ao tratamento que cada um deve dar às outras pessoas do que com a falta de reverência aos nossos deuses. Como outras promessas ela, até, pode ser adotada pelos reis. O difícil é assumir o que prega. Provavelmente, em pouco tempo, estará desfigurada. * A um sinal de Clemente, a escrava trouxe uvas em uma travessa de prata. Ele adotou um tom de voz menos professoral para perguntar: -O que pretendiam me dizer, com respeito à reunião que foi realizada ontem? -Lucrécio ostentou uma postura mais formal, impostou a voz e falou: -Viemos em nome da nossa família e outras associadas para lhe fazer um convite. Desejamos que seja candidato a Magistrado. Estamos certos de que poderá se eleger. Depois de ter uma expressão de falsa surpresa e fazer uma pausa, Clemente respondeu: -Vocês são meus amigos e sei que têm satisfação em me trazer tão honroso convite. Peço que me perdoem por não aceitar. Há tempos atrás, ficaria entusiasmado por poder tentar contribuir com a nossa cidade. Atualmente, eu não tenho tal ilusão. Penso que alguém com ardor mais jovem poderá servir melhor. -Houve um grande debate entre as famílias associadas e se chegou à conclusão de que não haveria ninguém melhor para o cargo. Seria uma contribuição importante da sua parte. -O que houve com os outros candidatos? –Clemente perguntou. -Não se obteve acordo para nenhum outro nome entre os grupos associados. Sallus, patriarca da família mais forte depois da nossa e difícil de conciliar, é muito atuante e competente. Até, aceitaríamos apoiar o nome dele, mas, ele alega ter problemas de saúde e não quer concorrer. Consentiria endossar alguém da nossa clã, desde que o nome indicado fosse o seu. Está disposto a lhe oferecer a filha em casamento, se você aceitar. Clemente riu, colocou a mão sobre o ombro de Lucrécio e falou: -Isso, sim, é surpreendente. Consta que a jovem seja muito bonita e, por certo, tem um bom dote. Deve haver muitos pretendentes. Sallus está, mesmo, interessado em obter esse acordo. -Os nossos adversários estão se unindo e, sem uma composição da nossa parte, iremos perder. Você não ignora o que isso significaria. -Ainda há tempo para outras composições. Eu detesto parecer insensível, mas, atualmente, o meu projeto de vida está voltado em outra direção. -Sabemos que não tem necessidade dessa honraria. Pediram-me para formular o convite com o objetivo de que eu o pudesse convencer. O que impede a sua aceitação? -No início, um cargo de comando causa grande satisfação. Os amigos festejam, os bajuladores se aproximam e tudo é festa. Porém, logo, os compromissos e a vaidade se tornam amarras. Um dirigente é obrigado a tomar decisões pessoais. Quem é favorecido julga nada haver obtido, além do que lhe era devido, enquanto, quem tem seu pleito rejeitado permanece ofendido, convencido de que há uma hostilidade pessoal contra ele. -Entretanto, sempre se está melhor contando com dirigentes sábios. -Para essa finalidade, não é o meu caso. Eu teria que lidar com desavenças políticas, disputa sobre terras, comércio, escravos, crimes e outros conflitos. Há pessoas mais habilitadas para esse tipo de tarefa do que eu. Penso ter maior utilidade como professor. É uma função mais conforme com o meu temperamento e na qual, talvez, eu possa produzir algum saldo positivo. As minhas leituras me impelem a ter uma visão de longo prazo. -O que eu poderei dizer para Sallus? –Perguntou Lucrécio. Clemente tomou um cálice de vinho, brindou e respondeu com expressão divertida: -Não sei o que Sallus pretende. Ele não demonstrava gostar de mim tanto assim. Diga que aceito casar com a filha, desde que seja ele o candidato. Veja a reação dele e, depois, conte-me o que observou. -Se é o que deseja, assim será feito. Conquanto eu diga, também, que você precisa de tempo para pensar sobre o convite que lhe apresentamos. Como amigo, peço que analise toda situação e reconsidere sua decisão com respeito a ser o nosso candidato a Magistrado. Voltaremos outro dia para saber a resposta. -Terei prazer em receber vossa visita, se eu não estiver viajando. -Você está temeroso, como os demais, com respeito aos tremores de terra que estamos tendo? –Indagou Lucrécio. -O terremoto que tivemos, há dezessete anos, destruiu grande parte da cidade e matou muita gente. Embora os pequenos tremores atuais causem intranqüilidade, não desejo me incluir entre os alarmistas. Ocorre que estou precisando visitar meu filho em Roma. -Nossos construtores aprenderam com aquele terremoto. As novas edificações, tais como a desta casa, incorporaram cuidados que devem garantir a sua resistência. Aquela desgraça não voltará a ocorrer. -Espero que você esteja certo. * Em Roma, Clemente concluiu a negociação para compra da pequena casa escolhida por seu filho. Era modesta, porém, estava bem localizada com relação às suas necessidades. Apesar do prazer em morar com o filho, Clemente estava em Roma há pouco mais de um mês, aproximava-se o fim do verão e ele se preparava para voltar. Precisava assumir seu compromisso como professor e com a administração do cultivo das suas terras. Eis que, abruptamente, Roma foi assombrada pela notícia da destruição de Pompéia. Clemente, após um choque que custou assimilar, procurou mais informações com detalhes sobre o terrível acontecimento. Não se tratara, apenas, de um mais um grande terremoto. Do outro lado da baía de Napoli, podiam se ouvir os estrondos das explosões. Da boca do Vesúvio jorrava fogo, lava e uma chuva de pedras e cinzas, com tal força que foi capaz de desintegrar toda a parte superior do vulcão. Os surtos contínuos de erupção duraram todo o dia. Pompéia, assim como Herculano e as regiões vizinhas, estava totalmente destruída. Tudo desapareceu debaixo de uma camada de rochas e cinzas que cobriram, até, as mais altas cúpulas. Ninguém, estando lá, pôde se salvar. Não havia possibilidade, sequer, de ser tentada alguma reconstrução da cidade. Uma profunda amargura se abateu sobre Clemente. Seus parentes, amigos, escravos e servos, assim como, sua casa, seus pertences e suas terras, estavam definitivamente desaparecidos. Até os livros que tanto amava foram irremediavelmente incinerados. Logo, deu-se conta de quanto, em Roma, sua situação era diferente da que gozava em Pompéia. Lá, era conhecido e respeitado por todos. Podia, mesmo, desdenhar um convite para ser Magistrado. Era bizarro se dar conta de que a curiosidade que alimentava sobre como se iriam resolver várias situações em Pompéia perdera qualquer sentido. Pouco antes de viajar, recebera um recado de Sallus dizendo que, quando voltasse, ele desejava conversar. Nunca saberia o que Sallus lhe pretendia propor. Era triste e surpreendente pensar sobre tantas histórias subitamente interrompidas. A casa era pequena, mas, agradável. Sem queixas quanto ao seu conforto, Clemente se ressentia em que, embora sendo cidadão romano e defensor das virtudes de Roma, era visto como um plebeu, exilado e desconhecido. Aparentemente, o drama de Pompéia pouco comovera o povo da grande capital. Sua fama como local de devassidão teria alguma influência sobre isso? O comportamento da nobreza de Roma, ainda mais, lhe causava exasperação. Embora, atualmente, o Imperador Tito Flávio houvesse conseguido alguma estabilidade, era evidente o contraste do mau exemplo dado pelos senadores com a austeridade havida na antiga República, quando se construiu o magnífico Império. Era irritante testemunhar a sua arrogância, contrariando tudo o que, no entender de Clemente, devia representar uma verdadeira elite. Entretanto, a vida continuava e era preciso seguir em frente. Afinal, mortes isoladas eram acontecimentos constantes nas famílias. Apenas, tudo ocorrera em escala gigantesca. Clemente era forçado a admitir, junto com o filho, não ser justo viver amargurado. Ele escapara da destruição horrífica por sorte extraordinária. Embora sem as mesmas láureas, encontrara novos amigos e quem apreciasse as suas aulas. O filho progredia bem e ele podia auxiliá-lo em seus estudos. Com o tempo, acomodou-se, passando a se sentir suficientemente confortável com a nova situação. O conhecimento há muito adquirido lhe permitia compreender que a vaidade é uma ilusão descabida e a glória um sonho passageiro. FIM