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#1 ESBOÇO DE IDEIAS - Antes do começo - O que é igreja? - No que implica ser igreja? - O que se vê hoje? - Seguindo a Cristo - O modo digno #2 ANTES DO COMEÇO Quando eu comecei a trabalhar, recentemente, sabia exatamente aquilo que eu seria na empresa: estagiário. Estava no meu contrato. Era exatamente isso que me definia na empresa e, com isso, sabia exatamente o que eu faria: picotar papéis, grampear folhas e, no tempo livre, servir o café. Brincadeira a parte, a função é definida por aquilo que se é, ou seja, a nossa identidade revela aquilo que devemos fazer e a forma com a qual devemos nos comportar. Um soldado age como soldado e não pode se comportar como um general, pois ele é um soldado. Um #3 estagiário não pode se comportar como o diretor executivo da empresa, porque é um estagiário. Quando o trabalho de alguém não condiz com sua posição ou ele está sendo explorado, ou negligente. Quando Paulo diz em Efésios 4:1 “Rogo-vos, pois, eu, prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados” ele não está apenas alertando a igreja de Éfeso à boa maneira como ela deve andar. Paulo clama. Paulo implora pra que a igreja seja igreja. Pra que seu estilo de vida seja digno do propósito pelo qual existe. Para que a vida dos santos esteja em conformidade, em equilíbrio, em pé de igualdade com a visão e missão de existir da igreja. Olhando para a vocação da igreja, Paulo deseja que a igreja de Éfeso cumpra o seu papel. A idéia da palavra digno, αξιως (axios) no grego, é a ideia de ter o mesmo peso, como uma balança de pratos equilibrada, onde se encontra quem a igreja de Éfeso foi convocada para ser, como peso de referência, e quem a #4 igreja de fato é no outro prato. Em Filipenses 1:27, Paulo diz à igreja de Filipos: “Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo […]” Mais uma vez ele utiliza a palavra “digno” (axios) colocando na balança a vida da igreja e os valores do evangelho. Assim surge uma grande dúvida entre os santos: “O que é a igreja?”. No que se baseia a identidade dela? Qual o propósito pelo qual ela existe? Quando a igreja conhece o que ela é, seu propósito, ações e metas são naturalmente direcionadas para o viver em conformidade com aquilo que Deus estabeleceu. Qualquer coisa que fuja do propósito da igreja deve ser cautelosamente ponderada, pois pode-se estar diante de uma esquizofrenia espiritual, uma perigosa crise de identidade. #5 O QUE É IGREJA? Antes de abordar no que consiste ser igreja, devemos estabelecer o que não é a igreja, pois dessa forma conseguimos combater rapidamente alguns equívocos a respeito dela. A igreja não é um lugar. O que chamamos de templo é muito mais uma embalagem da igreja do que seu conteúdo propriamente dito. A igreja não é um clube. Não deve-se pensar que a igreja é um grande clube gospel que está aberto aos finais de semana para que o membro se sinta salvo, amado, feliz e satisfeito. #6 A igreja não é uma empresa. Nunca podemos achar que o impacto efetivo da igreja deve ser medido por um modelo gerencial, pelos lucros nas contribuições, pelo crescimento exponensial de seus membros, muito menos pela quantidade de metas e ações planejadas e alcançadas. A igreja não é um show. Engana-se quem diz: “hoje me senti bem na igreja”. Não existe consumidores na igreja. A igreja não é uma instituição filantrópica. O propósito da igreja não é somente satisfazer as necessidades materiais do mundo. A igreja é εκκλησια (eclésia). Na Bíblia essa palavra, eclésia, aparece pela primeira vez em Mt 16:16-18 na confissão de Pedro: “Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que te revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és #7 Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” Existe muita discussão a respeito de qual é essa tal pedra sobre a qual Jesus edificaria sua igreja. Entretanto algumas coisas são claras na expressão “[Eu] edificarei a minha igreja”. Primeiro, Cristo é quem edifica a Igreja. Ele deve ser quem define o que é igreja, ele teve a idéia e portanto é ele quem deve estabelecer as diretrizes. Toda a responsabilidade de fazê-la ser igreja está contida nas mãos do “Cristo, Filho do Deus vivo”. Em segundo lugar está a palavra edificarei, οικοδομος (oikodomos), que nos dá a idéia de estabelecimento, fundação, crescimento. Ou seja, a igreja está em constante mudança, como uma casa em construção. Pra quem já vivenciou uma construção sabe que as vezes quando os pedreiros resolvem sair do que está na planta é necessário quebrar tudo que está errado e começar novamente. Da mesma forma que em uma casa em construção, a igreja é dinâmica, estabelecida sob o fundamento dos apóstolos e supervisionada de perto por #8 Cristo, o qual não hesita em quebrar tudo para reformar o que está errado. A história da igreja está escrita pra comprovar isso. Em terceiro lugar, a igreja não é do pastor X ou do reverendo Y. Não é da denominação Z ou W. Não é do Apóstolo Zé nem do Bispo Fulano. “edificarei a minha igreja” a igreja é do Senhor Jesus. Ele é a autoridade, ele estabelece as diretrizes e é para Cristo que a igreja existe. Ele é o cabeça da igreja, seu próprio corpo. De fato em Cl 1:18, bem como em Ef 1:22-23, a igreja é colocada como Corpo de Cristo, o qual é o cabeça desse corpo, que é composto por partes, membros, pessoas que confessam a mesma convicção, a mesma identidade em Cristo e a mesma confiança em Deus e na obra de Seu Filho, o qual não é apenas o cabeça, mas dono do corpo. O que antes existia físicoencarnado entre nós, hoje se manifesta através da igreja, o Corpo de Cristo. Igreja, eclésia no grego, é a reunião dos cidadãos chamados para fora de suas casas, convocados para um propósito. Quando vejo essa definição eu lembro dos #9 discípulos de Jesus, chamados não somente para fora de suas casas, mas para fora de suas próprias vidas. “Sigam-me, e eu vos farei pescadores de homens.” Mt 4:19 Jesus os chama a segui-lo e novamente trás pra si a iniciativa de dar propósito e edificar a vida daqueles pescadores. Jesus os transformaria em pescadores de homens. Aí estava o primeiro chamado da sua igreja e o início do trabalho de edificação: chamar e capacitar os incapacitados para fazer aquilo que Jesus estabeleceu como importante, pescar homens. Ser igreja implica em seguir a Cristo, responder ao chamado, à convocação daquele que é o cabeça, o líder, o Rei da igreja. Se a igreja tem que ouvir atentamente alguém, esse alguém é Cristo: fundador e edificador. Essa é a igreja de Cristo. Esse é o Corpo de Cristo. Seguidores do Rei chamados para fora de suas próprias vidas. #10 NO QUE IMPLICA SER IGREJA? Espero que tenha ficado claro que igreja à parte de Cristo é qualquer coisa menos igreja. Um grupo que não tem em Cristo identidade e base não pode ser chamado de igreja. Mas qual o propósito dela? O que envolve o ser igreja? Quais os valores e atitudes que são esperados? Nada melhor que o próprio Cristo para estabelecer parâmetros à igreja, afinal é dele e existe por causa dele. #11 OS VALORES DA IGREJA Talvez um dos trechos mais interessantes da bíblia seja o sermão do monte, um dos techos, porém, menos observados. Seria por causa da complexidade de se entender o que Jesus ensinava ou por não se querer aceitar o grau de compromisso e a profundidade dos valores requeridos pelo Rei? Iniciando no capítulo 5 de Mateus, Jesus estabelece as diretrizes, edifica valores, o que há de importante, o que é de sucesso, quem são os bem-aventurados. Os interlocutores se encontram divididos: Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a ensiná-los, dizendo: Mt 5:1-2 Jesus queria ensinar aos seus discípulos, então ele sobe ao monte. Existe uma divisão clara da multidão e dos chamados. Os valores que viriam a seguir não se aplicavam a todo o mundo, senão para os seus pupilos, os que foram convocados para segui-lo, a sua igreja. Inicia-se #12 então as bem-aventuranças, que marcam muito mais do que promessas para um viver piedoso; marcam os valores de um Reino Eterno. Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Os discípulos de Cristo se encontram na pobreza (Lc 6:20), trocam o que é material pelo imaterial, renunciam o que é volátil pelo que é eterno. Não o fazem para barganhar com Deus, mas porque possuem, em Cristo, tudo (Ef 1:3). Os seguidores de Jesus abrem mão da própria segurança financeira (política e religiosa também) para ganhar um tesouro eterno, o Reino dos céus. Esse é o primeiro valor da igreja, abrir mão das coisas terrenas, por amor a Cristo. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. O chamado de Cristo ao discipulado separa os que renunciam essa felicidade terrena e sofrem, daqueles que vivem a alegria do mundo. Sofrem e choram não porque querem experimentar das alegrias terrenas (do kosmos), mas porque não desfrutar da alegria do mundo é des- #13 frutar de suas aflições (cf. Jo 16:33). A recompensa, porém, está no consolo divino de providenciar uma Paz que excede todo entendimento e na esperança futura. A igreja, portanto, não sintoniza com a alegria do mundo, mas prova daquele que é a fonte de deleite e consolo no momento de aflição. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Os discípulos de Cristo talvez tenham todos os motivos para reivindicar direitos pelas aflições que sofrem. Mas, ao contrário de lutarem por isso, suportam com paciência a injustiça, silenciam-se diante da ofensa e sofrem perante a perseguição. No Reino de Deus é rico quem renuncia todo direito próprio e age com mansidão, por amor a Cristo. Bem-aventurado os que tem fome e sede de justiça, porque serão fartos. O reconhecimento do próprio pecado leva os seguidores de Cristo a desejar justificação. Ao olhar a pecaminosidade do mundo também clamam por justiça. Nesse caso o discípulo de Cristo confia no Senhor, #14 renunciando a autojustificação e o próprio padrão de verdade. Assim recebem justificação por meio de Cristo e verão a justiça de Deus em tempo oportuno na vida do ímpio tanto na condenação como na salvação. No Reino são satisfeitos os que renunciam a própria tentativa e o próprio conceito de justiça. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Muitas coisas estão em jogo na atitude de agir com misericórdia. Os seguidores de Cristo sabem disso e se dispõem a renunciar a própria dignidade e honra para servir os aflitos, oprimidos e pecadores. Sua atitude não está condicionada com qualquer promessa, senão com algo que tem sustentado sua própria existência: a misericórdia do Senhor. Porque a Sua misericórdia é melhor que a vida e se renova a cada manhã (Sl 63:3, Lm 3:22-23), o servo do Reino renuncia sua própria dignidade e honra para viver em comunhão com marginalizados e pecadores. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. #15 Pureza e inocência marcam o coração de um seguidor de Cristo. Não se encontra nele a perfeição, mas a marca do arrependimento constante e da confissão. Muito mais do que sacrifícios, um coração contrito diante de Deus é agradável (Sl 51:16-17). No Reino, feliz é aquele que renuncia a própria imagem para reconhecer a própria indignidade diante da magestade de Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. Só existe uma coisa importante para um discípulo pacificador: a paz. Qualquer outra coisa é facilmente deixada de lado em prol da paz. Um seguidor de Cristo tem, nele, paz com Deus e com esse combustível sofre e é injuriado, pois prefere sair perdendo do que deixar de desfrutar desse valor que é próprio do Reino de Deus. Os seguidores do Rei renunciam ao ódio, à violência e à revolta, por amor à paz, por amor a Cristo. Essa é uma marca tão visivelmente divina, que os Seus discípulos “serão chamados filhos de Deus”. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. #16 Quando alguém se identifica com esses valores, quando se segue a Jesus na renúncia de propriedade, felicidade, justiça, honra e poder, não haverá reconhecimento por parte do mundo, mas rejeição. Se o próprio Cristo foi rejeitado, certamente seus seguidores o serão (Lc 10:3). Nisto está o sucesso dos seus discípulos: sofrer pelos valores, pela justiça do Reino. A igreja de Cristo se encontra no sofrimento e na renúncia. A igreja dos bem-aventurados é a igreja do Crucificado. Não existe identificação com o mundo, mas conflito constante de valores. A igreja de Cristo é a igreja dos mártires, a igreja dos que sofrem por amor a Cristo. Da mesma forma que o corpo de Cristo foi pendurado no madeiro, o corpo de Cristo, a igreja, espera o mesmo fim. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; Tertuliano afirmou: “O sangue dos Cristão é a semente do Cristianismo”. Um discípulo, que se encontra na renúncia e no sofrimento, espera seu prêmio, se alegra no sofrimento, pois sua identidade trancende ao mundo material. Corpos desfigurados, queimados, divididos, #17 decapitados, torturados escutarão do próprio Senhor Jesus: “bem-aventurado, bem-aventurado!”. Esses são os valores da Igreja dos bem-aventurados, da Igreja dos perseguidos, da Igreja dos divididos ao meio, da Igreja do Crucificado da Igreja de Cristo. OS PROPÓSITOS DA IGREJA Continuando em Mateus 5 podemos observar o propósito fundamental da igreja: Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; Mt 5:13-14 #18 Eu, particularmente sou um fã do sal. Sei que ele pode fazer mal por causa do sódio, mas mesmo assim, gosto de tudo mais pro lado do salgado. Quão triste é uma comida sem sal. O sal faz toda a diferença. A igreja é o sal da terra. Jesus não diz que ela deve ser sal, mas que ela já é sal. Seus discípulos uma vez chamados se tornaram sal. Toda a terra, então se preserva pela igreja de Cristo, todos os povos sentem a diferença, a sede que ela causa. E causa, não porque faz algo, mas porque Cristo a definiu com esse propósito. Ser igreja é ser sal da terra. Vós sois a Luz do mundo. Da mesma forma que o sal, Cristo não diz que a igreja deve ser a luz, mas a igreja é a luz. A visibilidade da igreja é algo inerente a ela. Ser igreja não é viver na invisibilidade no mundo, pelo contrário, a Igreja de Cristo é a Igreja visível e não pode ser diferente, pois esse é o propósito pelo qual Cristo chamou seus discípulos: “não se pode esconder uma cidade[…]”, não se pode esconder a igreja. #19 “Os seguidores são a Igreja Visível e o seu discipulado é a ação visível pelo qual eles se destacam no mundo, ou não são discípulos.” Dietrich Bonhoeffer Os seguidores de Cristo devem ser visivelmente diferentes, afinal pra que serve um grupo de pessoas que vive como o mundo? Pra que serve um crente que vive como pagão? Assim como o sal salga e a luz ilumina a igreja deve ser igreja. Se o sal não salga, ele não é sal, se a luz não ilumina, ela não é luz. Da mesma forma, se a igreja não se comporta segundo os valores e propósitos de igreja de Cristo, ela é qualquer coisa menos igreja. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. Mt 5:16 #20 O resultado prático da existência da igreja é o resplandecer da glória de Deus. Esta é a razão de existir da igreja: que na sua simples existência no mundo, os seus valores e ações sejam visíveis e demonstrem a glória de Deus aos homens e que eles, impactados, louvem a glória de Deus ou fujam de sua presença. “ a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo;” Ef 1:12 A igreja é chamada para boas obras (Ef 2:10), para o louvor da glória de Deus. Eis um bom termômetro para definir a igreja: Impacto no mundo. Ser igreja é impactar para a Salvação ou para a condenação (2Co 2:15-16). De maneira mais prática, podemos passear pelas escrituras para observar algumas dessas boas obras inerentes à igreja. #21 SEPARADOS DO MUNDO A Igreja de Cristo foi chamada para ser santa e a ideia de santidade é de exclusivamente separada, destinada para alguma ação ou propósito. Pedro cita o que Deus estabeleceu com Israel. “Sede santos, porque eu sou santo.” 1Pe 1:16 A santidade do Seu povo possibilitava a presença Santíssima do SENHOR. O benefício da santidade da Igreja não é de Deus, mas do seu próprio povo. O discípulo de Cristo abstém-se de uma série de práticas e pecados, outrora comuns, para viver na plena comunhão com Deus. “Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, […],” Ef 4:17 Viver de maneira inculpável e pura diante de Deus é o propósito do Seu povo, da sua Igreja. Sua marca não mais é o pecado, mas a obediencia. A Igreja de Cristo #22 odeia o pecado para poder viver em intimidade com o Deus Santo. CHAMADOS PARA IMITAR O PAI E O IRMÃO “Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados,” Ef 5:1 A intimidade com Deus, fruto de uma vida em santidade, leva o discípulo de Cristo a conhecê-lo. Não consiste em um simples conhecimento teórico, mas relacional, prático. Quanto mais se conhece a Deus, mais compreende-se a profundidade do próprio pecado. E é nessa dinâmica que se procura imitar a Deus. Como filhos íntimos e amados, seus seguidores imitamno, a autoridade máxima, o referencial supremo, o bom Pai, que ama seus filhos. Qual é o filho que, amado por seu pai, não hesita em imitá-lo e resolve fazer a barba, usar os sapatos maiores que o pé e a gravata com um nó cego? A igreja imita o Pai, pois o ama e o conhece. #23 Além de imitar o Pai, um filho sempre imita o irmão mais velho. Cristo, o irmão mais velho dos chamados por Deus, também é imitado pela igreja. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. Rm 8:29 Imitar a Cristo é propósito da igreja. Um discípulo é o pupilo, aquele que está aprendendo com o mestre. Não existe discípulo que não está na vida de aprendizado e de imitação do mestre. Da mesma forma, discípulos de Cristo são os imitadores de Cristo. A igreja é a reunião dos pupilos de Cristo. CHAMADOS PARA A UNIDADE As vezes acordo e me sinto estranho, sinto como se tiraram meu braço. Na verdade apenas dormi em cima dele e perdi a sensibilidade. Penso na dificuldade que seria viver sem um braço, ou qualquer outra parte! #24 Se a igreja se divide, o corpo de Cristo sofre, se a inimizade ou panelinhas existem nos seguidores de Jesus, o corpo perde a plenitude da sua atuação. O corpo de Cristo foi instituido para estar unido. A igreja foi chamada para estar unida: esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; Ef 4:3-4 Esse corpo, bem ajustado renuncia às próprias capacidades, aos próprios desejos para manter a unidade. Viver em unidade, ao contrário do que muitos pensam, é muito mais do que evitar divisão. Unidade é reconhecer, no outro membro do corpo, um alvo a ser servido. O corpo cuida do próprio corpo, a igreja cuida de seus constituintes, suporta em oração, supre as necessidades físicas e espirituais, se importa, ama. O amor sacrificial é a massa que une o corpo, é a fonte de unidade da igreja é a manifestação visível da marca dos seguidores de Cristo. #25 “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” Jo 13:35 A igreja de Cristo se preocupa menos com a própria vida para o bem do corpo. Isso é Unidade: multiplicar, em humildade, o amor sacrificial. CHAMADOS PARA PESCAR HOMENS Durante alguns poucos anos, Jesus treinou e andou junto com seus discípulos para que eles se tornassem pescadores de homens. Ele não os chamou para construir um templo, nem para se reunirem semanalmente e muito menos para fazerem eventos e projetos para entretenimento. Ele os convidou para pescar homens. Pescar é muito interessante. Confesso que não sou muito chegado na pesca. Não tenho paciência, não tenho jeito e não gosto do peixe vivo se debatendo. Acho eles muito mais atrativos e saborosos com shoyu em algum restaurante japonês, no qual eu posso comer (e gastar #26 pouco de preferência). Mas pescar é interessante. Existem algumas características que devemos ter quando vamos pescar: Ir onde estão os peixes. Usar uma boa isca Esperar Esperar mais um pouco Saber que as vezes por mais preparo que se tenha, o peixe não virá. (sou profissional nessa parte!) Da mesma forma, os pescadores de homens devem ir onde os homens estão. Ou seja, esperar que pessoas venham até nossos templos num culto de domingo é esperar que uma bandeja de sashimi pule para dentro do barco, pode acontecer, mas isso não é pescaria. Usar uma boa isca não significa vender a vida com Deus como algo cheio de benefícios e nenhum custo. Não significa enganar a pessoa revestindo um anzol que corta e machuca com uma minhoca suculenta. A salvação sempre foi por causa da Graça de Deus, mas Cristo exige tudo dos seus discípulos. #27 “Duro é este discurso, quem o pode ouvir?” Jo 6:60 Os valores e requisitos para seguir a Cristo não são atrativos e, na verdade, Cristo nunca desejou que o fossem. O próprio evangelho, sem filtros é suficiente. Pra alguns será atrativo e para outros, repulsivo (Mt 19:22 – jovem rico). A resposta de uma pessoa ao evangelho não deve ser proporcional aos benefícios de seguir a Cristo, mas à Sua importância. Usar uma boa isca, portanto, não é perverter o conteúdo do evangelho, mas é preocupar-se com a sua transmissão. Não se trata aqui de método de evangelização, mas falar a mesma língua. Tenho trabalhado com adolescentes há alguns anos e transmitir a Verdade para aqueles jovens muitas vezes implica em evitar palavras, tão corriqueiras no meio evangélico, como graça, apóstolos, fariseus, beneplácito e tantas outras que até pra quem já faz parte do ambiente eclesiástico é um tanto incerta. A igreja deve usar a isca certa para o peixe certo, mas nunca deixar de mostrar o anzol. #28 Espera. Século XXI é o século da velocidade. Se o computador demorar mais do que um minuto para ligar, reclamamos. Pescar homens é demorado e a igreja de Cristo sabe disso e por isso espera. Não se preocupa com número de homens pescados, pois confia na soberania de Deus, que atrai o homem, convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8). E nessa espera, a igreja de Cristo não se frustra quando o peixe não é fisgado, pois confia no Senhor. As vezes o peixe come toda a isca, mas não quer morder o anzol. As vezes, caminha-se durante meses, anos, com uma pessoa e no final ela escolhe o pecado, o mundo e a própria vida. A igreja de Cristo é, acima de tudo, a igreja dos pescadores de homens, chamados, capacidados e enviados por Cristo. CHAMADOS PARA DISCIPULAR Quando Cristo chamou seus discipulos, ele não somente convidou-os à seguir e aprender, mas ele os chamou para um treinamento. Cristo faria com eles aquilo #29 o que eles deveriam reproduzir logo em seguida. Durante seu ministério, Cristo dedicou grande parte do tempo para treinar 12 homens para ser discipuladores e, então, quando ele ascenderia aos céus disse: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando todas as coisas que eu vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século. Mt 28:19-20 O papel de um discípulo de Cristo é discipular. Discipulado não é um estudo bíblico; é muito mais que isso. Jesus vivia com os doze, dormia, comia todas as refeições. Onde Jesus estava, eles estavam também observando as atitudes de Cristo em cada situação comum, ou incomum da vida. Discipulado é andar junto, é deixar alguém fazer parte de sua vida e fazer parte da vida da pessoa. É vida na vida. É se importar com ela, ouvir, aconselhar. É rir junto, chorar também. É treiná-la a ser discipuladora. #30 O discípulo discipula. Ele existe pra isso, ele foi treinado pra isso. E por mais incapacitado que ele seja, sabe e reconhece que Cristo estará com ele até o final dos tempos! (É uma promessa!) Ainda que lhe custe tempo, gastos, gasolina, paciência, o discípulo discipula. Não o faz porque é cômodo, mas faz pois reconhece quem é Cristo, compreende o versículo 18 de Mateus 28. “Toda autoridade me foi dada nos céus e na terra.” Porque o Senhor Jesus tem TODA autoridade, o discípulo discipula. As vezes encontro pessoas que dizem não fazerem discípulos porque não conseguem fazer, não sabem como fazer, ou não entendem o propósito de fazer. O discípulo de Cristo faz por simples obediência, chama três ou quatro pessoas e convida: Siga-me. E Cristo os fará pescadores de homens #31 O PROPÓSITO DA IGREJA Em suma, o propósito do corpo de Cristo é ser o corpo de Cristo. Parece tosca essa frase, mas a igreja de Cristo compreende que ser corpo de Cristo implica em viver em unidade. Ser membro do corpo é imitar e ter as mesmas características de Cristo. Ser corpo é estar vivo e viver segundo propósitos, prioridades e valores do próprio Cristo. E, por último, ser corpo de Cristo é sofrer a mesma injustiça e a mesma morte que Cristo. Ser Corpo de Cristo é viver a vida de Cristo e não se surpreender com a mesma sentença. #32 XXI O QUE VEMOS HOJE? Valores e propósitos pulam das escrituras e nos fazem pensar. É isso o que vemos hoje? É isso o que encontramos no dia-a-dia daquilo que chamamos de igreja? É isso que vemos na nossa própria vida? O que encontramos hoje? Me entristeço ao pensar nisso. Fruto de um lar cristão, aprendi na igreja como ser cristão, antes mesmo de ser um. Vivi na hipocrisia de querer ser aceito pelas palavras da minha oração e pelas minhas boas atitudes. Entretanto, aprendi a caminhar com Deus em intimidade, compreendi sobre quem Ele é, experimentei #33 da Sua graça, do Seu perdão, vi claramente o Seu agir na minha vida, e por meio dela, fora da igreja em uma missão, um ministério paraeclesiástico simples em seu propósito: evangelizar e discipular adolescentes. Me entristeço porque vejo, nas igrejas, adolescentes como eu era: salvos em sua hipocrisia. Algo está errado. O que era um só corpo se tornou vários corpos e denominações. A unidade está esquartejada, sofre de uma doença autoimune: orgulho. Onde existia uma vontade se vê a vontade de cada um. O que tinha um só Espírito não se vê nada, afinal, ninguém sabe quem é o Espírito Santo. Onde havia seguidores hoje se encontram consumidores. Onde existia o livre guiar do Espírito se vê a busca por interesses próprios. Quanto aos valores, troca-se o consolo de Cristo pelo consolo das riquezas. Troca-se mansidão por uma “boa” causa. Troca-se desejo de justiça pela delícia do pecado. Troca-se a paz por brigas e discussões inúteis. Troca-se o sucesso celeste pelo sucesso terreno. Troca-se o que é eterno pelo vapor. #34 Onde está a igreja Visível? Tudo que se vê é o anonimato gospel de viver conforme o padrão do mundo. Agentes duplos! Ultrassecretos! Sal e Luz? Existe diferença? Tudo o que se encontra é insipidez e escuridão no dia-a-dia de cada um. O que o mundo diz a respeito da igreja? Não há nada o que dizer, pois a glória de Deus não resplandece nas vidas dos membros. Santidade, imagem de Cristo? Tudo o que se vê é a plasticidade de uma suposta vida com Deus. Vive-se sem propósitos. Vive-se sem valores práticos. Sepúlcros caiados! Está na hora de acordar! Alguns chamam de avivamento eu chamo de acordar para a eternidade! #35 ACORDE PRA ETERNIDADE Francis Schaeffer foi cirúrgico no diagnóstico da nossa igreja: “Aqui está o grande disastre evangélico – a falha do mundo evangélico pra se manter na verdade como verdade. Existe apenas uma palavra pra isso – a chamada, acomodação: a igreja evangélica tem se acomodado ao espírito mundano dessa era.” Para simplificar, o que se vê hoje nas igrejas é acomodação. Ninguém está disposto a fazer nada fora de sua zona de conforto. Na própria vida, ninguém está disposto a mudar velhos hábitos, pecados, jeitos de falar e de se vestir. Quanto aos outros, ninguém se importa. Só ajudam-se em momentos de extrema dificuldade se não for muito custo, afinal, já possuo muitos problemas. Quanto a Deus, ninguém está afim de muita obediência. Compromisso existe apenas até onde se é conveniente. Jesus presenciou isso na sua vida e obra. Como uma pessoa extremamente impressionante, todos queriam estar perto de Jesus! Afinal ele fazia prodígios, #36 multiplicava pães e peixes, ninguém tinha fome perto de Jesus e só de tocá-lo pessoas eram curadas. Chegaram até a tentar proclamá-lo Rei! Queriam estar perto de Jesus o suficiente pra receber todas bençãos e coisas maravilhosas que ele proporcionava, mas não queriam chegar tão perto, de forma a adquirirem qualquer compromisso. Esses eram os fãs de Jesus. Os fãs são diferentes dos seguidores. Esses foram chamados e escolheram abandonar tudo para seguir a Cristo. Andavam com ele, comiam com ele, aprendiam, eram repreendidos e viam de perto quem era Jesus. Quando os fãs abandonaram a Jesus os seguidores mostraram ser diferentes. À vista disso muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele. Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós retirarvos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus. Jo 6:66-69 #37 Hoje existem pessoas que torcem por Jesus. Gostam dele, são fãs! Possuem bandeiras, adesivos, tatuagem, boné, camisetas, tem um peixe no carro, status no Facebook, mas não querem compromisso. Afinal, pra que ser um soldado quando se pode aproveitar a viagem? Cantam-se louvores ao vento e vangloriam-se por uma religiosidade inútil, sem profundidade e sem fruto. “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim” Mt 15:8 Ir ao culto todo domingo virou sinônimo de intimidade com Deus. Mas não se vê fruto. Se além de reverência, houvesse sinceridade entre palavras e o coração, os cultos seriam muito mais silenciosos. Graça de Deus se tornou muito mais um talismã do que fonte de Vida. Deus se tornou muito mais um gênio da lâmpada do que o poderoso chefão. Cristo se tornou muito mais um passe grátis pra eternidade do que Senhor e Rei. O Espírito se tornou muito mais uma surpresinha que vem no “Mc Lanche Feliz da Salvação” do que o próprio Deus. Fé se tornou muito mais orar uma oração #38 do que convicção e certeza prática. Cristianismo, portanto, resume-se, hoje, muito mais a um adesivo de peixe do que seguir a Cristo. Particularmente, acho interessante o símbolo do peixe ΙΧΤΥΣ (ICTUS). Um anagrama que significa Jesus Cristo Filho de Deus Salvador. Uma marca dos mártires Cristãos. Um símbolo que antes estava estampado em lápides e túmulos, hoje embeleza parachoques de carros de luxo. Carros de valores monetários que missionários nem sonham em ter. Nossos gastos revelam nossas prioridades, nossas prioridades revelam quem somos: seguidores ou fãs. Mateus 7 ilustra bem a existência e o futuro dos fãs. Gente que chegará na eternidade diante de Cristo e falará “Senhor, Senhor” e ele responderá “Eu nunca te conheci”. O que me preocupa nessa passagem é a palavra “muitos” (“muitos naquele dia dirão: Senhor, Senhor…”). Existem muitas pessoas que estão na igreja que acham que serão aprovadas por Deus, mas estão sendo enganadas pela própria religiosidade! Isso é preocupante! #39 O corpo de Cristo se infestou de Fãs Admiradores entusiastas Observadores de longe Alérgicos a compromisso Aversos a sacrifício #40 SEGUINDO A CRISTO Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua Cruz e siga-me Lc 9:23 quer vir. Querer é o primeiro passo para se tornar um seguidor de Cristo. Qualquer um pode segui-lo. Jesus não estabelece pré-requisitos. É um convite aberto: Você quer me seguir? Você quer estar do meu lado? É o seu desejo isso? Existem implicações, “pós-requisitos”. negue-se a si mesmo. A primeira implicação. Não se trata de dizer não pra tudo que se é, mas dizer sim, com #41 prioridade, a tudo que Cristo espera de nós. Um seguidor de Cristo não está no centro da sua própria vida. Um seguidor não vive em função de sua própria agenda. Um seguidor não planeja ao redor de suas próprias vontades. Ao contrário, vive na renúncia de sua própria vida terrena, conforto, vontades, desejos, profissão, tudo, pra fazer prioritariamente a vontade de Cristo. Para o jovem rico, Cristo pediu para abandonar suas riquezas. Para Nicodemos, sua religiosidade. Para outros a família e a moradia. Você estaria disposto a renunciar qualquer coisa por Cristo? O que te prende? tome diariamente sua cruz. Eis o slogan de Cristo: Venha e morra Que marketing! Tenho certeza que algum publicitário teria umas boas dicas para Jesus se orientar melhor no mercado. Talvez soaria melhor algo como Venha e receba bençãos! Mas a verdade é que a marca e o fim de um seguidor de Cristo beiram muito mais a morte do que qualquer benefício terreno. Se o próprio mestre não foi #42 poupado, muito menos seus pupilos o serão. Como disse Dietrich Bonhoeffer em seu livro Discipulado: “Quando Cristo chama um homem, ele o convida para vir e morrer” É um convite ao sacrifício diário. Morrer para si mesmo, diariamente, e viver a vida de Cristo. Morrer para a própria vida (como os missionários e mártires) pela causa de Deus. Se o martírio cristão fosse exemplo de sucesso ensinado nas casas e igrejas, meninos cresceriam querendo ser missionários e não jogadores de futebol! Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Gl 2:20a Paulo está dizendo que seu corpo não existe mais para viver a própria vida, senão a vida de Cristo. O propósito de existir do apóstolo é a causa do Reino. E ainda que essa escolha implique em perseguição ou espada, ele escolhe viver para Cristo. Isso é carregar a Cruz. Sempre ouço alguém falando de carregar a cruz para qualquer problema natural da vida. Por exemplo, #43 alguém está doente e diz: “Estou carregando a minha cruz”. Por mais triste e doloroso que seja o sofrimento, carregar a cruz é o custo natural de se viver segundo os valores e propósitos de um seguidor de Cristo. Se Cristo diz que devemos discipular, fazê-lo em meio ao sofrimento é carregar a cruz. Escolher obedecer a Deus em troca de perder o emprego, dinheiro, imagem, reputação ou até mesmo a vida é carregar a Cruz. e quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Mt 10:38 Novamente a palavra digno (axios). Aquele que não toma a sua cruz não tem o mesmo peso, a mesma dimensão de um seguidor de Jesus. Não significa que tomar a cruz é um requisito para segui-lo, senão que a característica esperada para um seguidor de Cristo é responder ao Seu chamado com fé, expressa pela obediência total ao Senhor até o fim, seja ele qual for. Obediência é a expressão natural da fé que temos em Cristo, mas infelizmente não é automática. Miserável homem que sou! (Rm 7:24). #44 Portanto, a marca de um seguidor não é caracterizada pelas músicas que se canta, não é evidenciada pela linguagem que se usa, pelas bíblias que se carrega, pelo conhecimento que se professa, por um peixe no carro, nem mesmo um status no Facebook. Renúncia completa, entrega total, obediência fiel e esperança na eternidade são expressões dignas de um seguidor, o qual segue o mestre de perto e não se lamenta pelas implicações, pois está convicto que Jesus é Senhor, digno de tudo e promete aos seus seguidores nada menos do que um relacionamento pessoal e eternidade ao Seu lado. Siga-me Esse é o convite de Jesus Um chamado para morrer Um chamado para viver Sem reservas Sem lamento #45 O MODO DIGNO Rogo-vos, pois, eu, prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados Ef 4:1 Paulo estava preso. Não que ele teria feito algo para merecer isso, mas ele era um seguidor de Jesus. Ele não vivia mais pra si próprio, mas vivia para os valores e propósitos do corpo de Cristo. Sabia que ele não era o centro da salvação, senão o escravo, o prisioneiro daquele que é o centro do Universo: Jesus, o Cristo. Esse é o modo digno. Não existe um plano “B”. Cristo não estabeleceu dois estilos de vida para o cristão. #46 Ou se é um seguidor, ou não. Ou se entrega a Cristo tudo, ou nada. Não adianta alguém querer chamar Jesus de Senhor se não está a fim de ser seu escravo. Quando alguém se encontra com Jesus ou se ajoelha e se prostra ou foge correndo. Pare um minuto para pensar nisso. A parábola do tesouro escondido em Mateus 13 é a minha predileta. Um homem encontra um tesouro em um campo. Ele olha pra esse tesouro e percebe que é algo fantástico! Ele nunca viu nada igual! Aquele tesouro é mais valioso do que tudo o que ele tem. Então ele vai, vende tudo. A família, os amigos devem ter dito: Você está louco! Vai vender tudo pra comprar aquele campo? Que disperdício! Mas ele sabia onde estava investindo: Encontrei um tesouro, algo digno de vender tudo o que tenho. Então Cristo chama pescadores: Sigam-me, e eu vos farei pescadores de homens. Mt 4:19 #47 Largaram, então, suas redes e o seguiram, como que dizendo: Encontramos o Rei, digno de se abandonar tudo o que temos A minha oração é que reconheçamos a autoridade de Cristo, que possamos aceitar o custo da nossa salvação, o custo que involve ser igreja, o custo que se espera de um seguidor. Somos salvos exclusivamente pela fé, mas fomos salvos para praticar aquilo que Cristo preparou para nós desde a eternidade passada (Ef 2:8-10). Que possamos nos prostrar diante de Cristo, fonte de tudo o que precisamos, alegria, amor, paz, bençãos espirituais. Que nosso propósito de vida seja conhecer a vontade de Deus e obedecê-la, pelo simples fato dEle ser digno de nossa obediência. Obediência é o simples transbordar de uma vida que tem em Cristo satisfação e deleite. É pra isso que fomos criados: para nos deleitarmos em Deus, essa é a adoração genuína. A tarefa é árdua, o caminho é duro, não há volta. Seguir a Cristo é difícil, mas por meio dEle, ainda que em meio a lágrimas, a colheita é garantida, a alegria é farta e a #48 duração é eterna (Sl 126:5-6). Dependa do Espírito Santo de Deus e da Sua graça para ser transformado. Não desista! Não se acomode! Corra a corrida, combata o bom combate, guarde a fé até a eternidade! A Graça não é de graça porque não tem custo. A Graça é de graça porque foi dada, Mas não foi dada sem custo. Quem recebe de graça não pagou o preço. O preço é a Cruz. O preço foi pago por quem dá, E quem dá espera um custo: O custo de receber a Graça de graça E pagar um preço: O preço é a Cruz A Cruz é o início. A Cruz é o fim. #AcordePraEternidade #49 ANTES DA ÚLTIMA PÁGINA A motivação desse texto é antiga e remete a muitos meses de aprendizado, leitura e lutas. Integridade teológica é a coisa mais difícil de se ter. Enxergar a incongruência entre o conhecimento teórico e a própria vida é muito ruim, mas necessária. Ser incomodado a sair do conforto nunca é prazeroso, mas quem não sai do conforto, na minha opinião, não vê o agir de Deus. Não deixe de ler alguns dos livros a seguir (Esse texto é uma digestão de meses de leitura), mas, principalmente, se enxarque da Palavra e busque ajuda de Deus, pois é da sua vontade transformar-nos e nos fazer seguidores, pupilos de Cristo, plenamento humanos, santos, pescadores de homens. Sigam-me e eu vos farei pescadores de homens. Mt 4:19 Acorde Pra Eternidade e Receba o tesouro da Vida Por um caminho sem volta #50 Confira: www.facebook.com/AcordePraEternidade Bonhoeffer, Dietrich; “Discipulado” Platt, David; “Radical” Platt, David; “Follow Me” (traduzido, finalmente, por Siga-me) Idleman, Kyle; “not a fan” Piper, John; “don’t waste your life” Piper, John; “Pense” Stott, John; “O Discípulo Radical” Swindoll, Charles, R.; “Church Awakening” (traduzido como “Igreja desviada”). Chan Francis; “O Deus esquecido” Chan, Francis; “Apagando o inferno” DeYoung, Kevin; “The hole in our holiness” (traduzido como “Brecha em nossa Santidade”)