COBRAS E LAGARTOS NA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL: A
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COBRAS E LAGARTOS NA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL: A EXPERIÊNCIA DO SETOR DE HERPETOLOGIA DO MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL CAPÃO DA IMBUIA (CURITIBA) Vilmar Fernando Bueno Junior1 - PUCPR Julio Cesar de Moura-Leite 2 – PUCPR/MHNCI Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Museus de história natural são fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa biológica, educação e lazer. São espaços diferenciados que permitem a complementação dos assuntos abordados em sala de aula. O Museu de História Natural Capão da Imbuia (MHNCI) é administrado pela Prefeitura Municipal de Curitiba, sendo reconhecido nacional e internacionalmente no âmbito científico. Este museu abriga o acervo mais importante de répteis e anfíbios paranaenses. A reestruturação e a ampliação desse acervo têm sido acompanhadas por vários tipos de atividades educativas. O MHNCI propicia um ambiente favorável para a interação do seu corpo técnico e o público em geral. Especialistas em diferentes áreas da zoologia têm colaborado em atividades educativas ali realizadas. O Laboratório de Herpetologia vem participando ativamente desse processo, desenvolvendo palestras sobre diferentes assuntos, ministrando aulas em cursos de reciclagem para públicos bastante heterogêneos, treinando estagiários em atividades de rotina realizadas no museu, identificando répteis e anfíbios destinados à educação ambiental, apoiando atividades de educação ambiental realizados em âmbito escolar, fornecendo material biológico excedente da coleção científica e elaborando documentos de apoio a kits didáticos. Atualmente, o laboratório tem atuado na elaboração de mídias digitais focadas na divulgação da herpetologia. Para que o espaço do museu seja plenamente aproveitado, as condições de trabalho devem ser otimizadas. Há a necessidade de desenvolver novas estratégias e ferramentas que atraiam o interesse do público, respeitando a legislação e as condutas éticas necessárias em todas as esferas e etapas do processo. Um dos principais problemas enfrentados no ensino não formal e na divulgação de ciências em museus de história natural é a adequação da linguagem utilizada. O desenvolvimento de atividades de educação não formal é percebido como sendo muito complexo, havendo a necessidade de um 1 Acadêmico do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Escola de Saúde e Biociências da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). E-mail: [email protected]. 2 Doutor em Ciências Biológicas: Zoologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professor Titular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Biólogo do Museu de História Natural Capão da Imbuia, Prefeitura Municipal de Curitiba (MHNCI). E-mail: [email protected]. ISSN 2176-1396 1831 aprofundamento teórico sobre estratégias pedagógicas, para que a divulgação científica atinja seus objetivos. Palavras-chave: Educação não-formal. Anfíbios. Répteis. Introdução Museus são instituições que têm a finalidade de preservar os bens culturais e interpretá-las ao público (LEWIS, 2004). A Lei Federal nº 11.904 (BRASIL, 2009) define em seu Artigo Primeiro que: Consideram-se museus, para os efeitos desta lei, as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento. Os museus têm implícita em sua essência a necessidade de conservar objetos ou elementos de valor histórico ou científico, que por sua vez são fundamentais para pesquisa e educação, além do lazer (GIRALDY e BOUILHET, 1990). Os primeiros museus surgiram na Europa em finais do século XVI como jardins botânicos medicinais como apoio à formação de futuros médicos junto a faculdades apresentando, assim, acesso e uso restrito. Com o advento das grandes navegações, os museus europeus passaram a receber de naturalistas viajantes uma grande quantidade de peças de história natural tais como elementos da fauna, flora e cultura dos lugares visitados. No entanto, foi só a partir do século XVIII que a organização e classificação das coleções em museus passou a ser feita de forma mais racional, permitindo o acesso ao público em geral, que buscava nessas instituições instrução e sobretudo lazer (VEITENHEIMER-MENDES et al., 2009). Foi neste século que surgiram alguns importantes museus estabelecidos por órgãos públicos, tais como o Museu Britânico (1759) e o Museu do Louvre (1793), seguindo a ideia de democratização das coleções reais. Gradualmente, os museus passaram a ser considerados patrimônios públicos e não mais propriedades únicas dos poderosos (GIRALDY e BOUILHET, 1990; LEWIS, 2004). A partir do final do século XX, a incorporação de novas tecnologias educativas, museológicas e de comunicação determinou o aparecimento de um novo paradigma relacionado à exposição e utilização de acervos, particularmente em museus 1832 de ciências, com a incorporação de atividades interativas, como o manuseio de artefatos destinados ao ensino de ciências (MARANDINO, 2005). Como pode ser depreendido do acima exposto, desde seu surgimento, os museus têm uma relação estreita com o processo educativo. Eles apresentam-se como espaços diferenciados que acrescentam valores especiais à escola formal oferecendo, além de uma possibilidade a mais de entretenimento, um ambiente favorável à discussão e a possibilidade de utilização de modos alternativos de aprendizagem (BRÜNINGHAUS-KNUBEL, 2004; MARANDINO, 2005). Os museus promovem, através da educação não-formal, a complementação dos assuntos abordados em sala de aula, tornando o aprendizado mais efetivo (JACOBUCCI, 2008; VILELA e FERREIRA, 2012). Concomitantemente ao papel desempenhado na educação não formal mediante a utilização de acervos didáticos para a divulgação da ciência, os museus são também centros de pesquisa, responsáveis pela produção de conhecimento científico de qualidade. No que tange aos museus de história natural, estes devem ser vistos como grandes bancos de dados da biodiversidade, responsáveis por guardar, manter, conservar, documentar e pesquisar os seus acervos (VERTENHEIMER-MENDES et al., 2009). Nos museus de história natural são armazenadas coleções biológicas de interesse científico e didático, sejam estas botânicas, zoológicas ou microbiológicas. As coleções são testemunhos da biodiversidade e contam parte da nossa história natural (YOUNG, 2003). Deste modo, elas constituem uma base de dados imprescindível para estudos ecológicos, biogeográficos e taxonômicos, cujo desenvolvimento não somente propicia o desenvolvimento da ciência básica, mas também a sua aplicação no aprimoramento de estratégias e políticas de conservação da natureza (PRUDENTE, 2003). No Brasil, os primeiros museus surgiram ainda no século XIX. O surgimento do Museu Nacional, fundado em 1808 no Rio de Janeiro, do Museu Paraense Emílio Goeldi fundado em Belém em 1866 e do Museu Paulista em São Paulo no ano de 1894 foram fundamentais para estimular os estudos científicos realizados no país (JACOBUCCI, 2008). Acompanhando essa tendência, o Museu Paranaense foi inaugurado em Curitiba em 1876. Concebido como um espaço particular que acomodava artefatos indígenas e animais, também recebia eventos e premiações importantes na época, sendo considerado de grande valor para a sociedade (FERNANDES e NUNES, 1956). O Museu Paranaense apresenta uma conturbada história, formada por altos e baixos. Consolidado como um importante centro da 1833 pesquisa científica nacional na década de 1940, este museu passou por momentos difíceis e, após várias mudanças de cunho administrativo, teve suas coleções biológicas desmembradas do restante do acervo institucional no ano de 1963. Parte significativa desse acervo veio a compor o que é hoje o Museu de História Natural Capão da Imbuia (MHNCI). Especialmente a partir da década de 1980, quando o museu passou a ser administrado pela Prefeitura Municipal de Curitiba, pesquisadores contratados, colaboradores e estagiários se incumbiram de reorganizar e ampliar o acervo do museu, tornando-o assim reconhecido no cenário nacional e internacional (ABILHÔA et al., 2013). Dentre as várias coleções zoológicas ali existentes, destaca-se a coleção herpetológica, que abriga hoje milhares de exemplares de répteis e anfíbios. Essa coleção pode ser considerada o acervo mais importante no que diz respeito à herpetofauna paranaense, além de abrigar espécimes procedentes de várias regiões do Brasil e também de outros países (MOURA-LEITE, 1994). A reestruturação e a ampliação da coleção herpetológica têm sido acompanhadas por vários tipos de atividades de educação não formal, incluindo palestras, cursos e visitas orientadas, de maneira a divulgar tanto aspectos da evolução e da biologia de anfíbios e répteis, quanto o tipo de trabalho de pesquisa da biodiversidade desenvolvido no MHNCI. A despeito do reconhecimento nacional e internacional existente no âmbito da pesquisa científica, as iniciativas de cunho educativo são pouco conhecidas. Dessa maneira, este trabalho tem por objetivos divulgar as atividades de educação não formal realizadas ou apoiadas pelo Laboratório de Herpetologia no MHNCI e realizar uma reflexão sobre a efetividade do trabalho que está sendo desenvolvido no presente, de maneira a subsidiar um plano de ação que contemple a possibilidade de otimizar a divulgação de ciência a ser realizada no futuro. Desenvolvimento Um grande desafio com que se depara alguém que resolve estudar répteis e anfíbios é a herpetofobia manifestada pela maioria da população. O encontro fortuito de um desses animais geralmente origina reações irracionais de medo e repulsa, mesmo quando não é manifesta uma situação de perigo real. A associação desses animais ao perigo leva ao afastamento e, consequentemente, à mistificação. Na condição de animais ectotérmicos, répteis e anfíbios apresentam uma fisiologia muito diferente dos mamíferos (POUGH et al., 2008), o que determina comportamentos muitas vezes incompreensíveis para os seres 1834 humanos. Daí o fato de muitas vezes esses comportamentos serem mal interpretados. Particularmente preocupante é a veiculação de informações errôneas por educadores. Um bom indicador em relação a esse problema é a inadequação de boa parte do material veiculado em livros didáticos, especialmente no que diz respeito a serpentes e ao ofidismo, a casuística de acidentes com serpentes peçonhentas (GIOPPO, 1999; SANDRIN et al., 2005). Desta maneira, acredita-se que tão importante quanto a atuação científica seja o envolvimento dos pesquisadores em atividades educativas, seja de forma direta, participando pessoalmente e aproximando o cientista do público em geral, seja indiretamente, orientando educadores para este fim. O Museu de História Natural Capão da Imbuia tem, nos últimos anos, propiciado um ambiente favorável para a interação do seu corpo técnico e o público em geral. Este museu conta hoje com especialistas em diferentes áreas da zoologia colaborando nas atividades educativas ali realizadas. Dentro desse contexto, o Laboratório de Herpetologia do MHNCI vem participando ativamente de atividades de educação não formal, seja realizando cursos e palestras para públicos variados, seja atuando no treinamento de funcionários e estagiários envolvidos com o atendimento ao público visitante. Dentre as atividades que têm contado com a participação desse laboratório podem ser citadas: - A elaboração de palestras, enfocando diferentes aspectos relacionados ao estudo da biodiversidade. Estas têm sido realizadas com regularidade, atingindo públicos variados e abordando temas bastante diversos, desde os relacionados diretamente à herpetologia, tais como “História natural de répteis e anfíbios”, “Fauna de répteis do estado do Paraná”, “Répteis de Curitiba”, “Anfíbios de Curitiba”, “Evolução de répteis” e “Noções sobre ofidismo” até temas mais abrangentes como “Sustentabilidade e biodiversidade”, “Por que damos nomes às coisas? ”; e “Importância das coleções biológicas para o estudo da biodiversidade”. Muitas dessas palestras atendem à demanda de pedidos de instituições de ensino de Curitiba e também de outros municípios. Deve ser citada de forma particular a iniciativa intitulada “Noite no Museu”, destinada a alunos de cursos em nível técnico pósmédio e superior (graduação e pós-graduação) da área biológica, em que alunos de diferentes escolas e universidades têm a oportunidade de visitar as dependências do museu que normalmente encontram-se fora da área de visitação, tais como o Laboratório de Taxidermia (onde são preparados animais que serão incorporados ao acervo expositivo da instituição) e os 1835 laboratórios de pesquisa, onde são catalogadas e conservadas as coleções científicas de animais, destinadas exclusivamente à pesquisa; - A participação docente em cursos de reciclagem de funcionários da Prefeitura Municipal de Curitiba. Estes cursos abrangem um público bastante heterogêneo, com diferentes níveis de escolaridade, que envolve desde pessoas interessadas em obter informações sobre animais ocorrentes no município até aqueles que trabalham ou eventualmente trabalharão com animais, como é o caso dos tratadores do Zoológico de Curitiba, auxiliares técnicos e estagiários envolvidos em atividades de educação ambiental, guarda municipal e fiscais dos parques municipais. As atividades docentes também envolvem cursos de reciclagem para professores da rede municipal de ensino; - O treinamento de estagiários na área de Ciências Biológicas em atividades de rotina realizadas junto ao acervo científico do laboratório de herpetologia, tais como preparação, tombamento, manutenção e identificação de répteis e anfíbios, segundo as técnicas tradicionalmente utilizadas em coleções internacionais (SCROCCHI e KRETZSHMAR, 1996; LEMA e ARAUJO, 1985; PISANI e VILLA, 1974; FRANCO, 2002). O processo de fixação e condicionamento de répteis e anfíbios utilizado nas diferentes instituições demanda treinamento técnico esmerado e consiste normalmente na fixação dos exemplares com solução de formol a 10% e armazenamento dos exemplares em álcool a 70% (MARTINS, 1994; SCROCCHI e KRETZSHMAR, 1996). Ademais, deve ser lembrado que, atualmente, a retirada de amostras de DNA de tecido hepático ou cardíaco dos animais em preparação é imprescindível e muito importante para o desenvolvimento de estudos sistemáticos, filogenéticos e biogeográficos (BUENO-SILVA, 2012). Em acervos herpetológicos, os frascos contendo os animais são geralmente arranjados segundo sua taxonomia, em nível de grandes grupos (anfíbios, jacarés, quelônios, serpentes e lagartos) e depois ordenados por família, gênero e espécie (SCROCCHI e KRETZSHMAR, 1996); - A identificação de exemplares de répteis e anfíbios, bem como de partes anatômicas, vestígios ou fotografias desses animais, que comporão acervos destinados à educação ambiental realizada no próprio museu e em outras instituições. Deve ser lembrado que a identificação desses exemplares demanda atualização constante uma vez que, frente ao aumento do conhecimento sobre esses animais, têm sido muito frequentes as mudanças de nomes em níveis de família, gênero e espécie, o que demanda apoio da literatura especializada e comparação com exemplares mantidos no acervo (CURCIO et al., 2010); 1836 - O apoio a atividades de educação ambiental realizados em âmbito escolar, pelo fornecimento de material biológico excedente da coleção científica para o setor expositivo do museu; nesse setor, são elaborados kits didáticos que são emprestados a professores e alunos. Dentre o material didático preparado com auxílio do Laboratório de Herpetologia, podem ser citados os kits “Animais peçonhentos” e “Serpentes de Curitiba”. A procura por esse material é intensa e contínua e aumenta em determinadas épocas em função da comemoração de datas emblemáticas, tais como o Dia do Meio Ambiente. A demanda de material determina que os acervos didáticos do museu tenham de ser constantemente repostos. Para este tipo de atividade, normalmente são destinados espécimes sem dados de procedência e, desta maneira, pouco úteis para fins científicos; - A elaboração de documentos de apoio a estes kits didáticos, contendo informações sobre a identificação das espécies em nível de família, gênero e espécie, bem como aspectos da história natural (reprodução, alimentação e comportamento) e, no caso das serpentes, grau de periculosidade (MOURA-LEITE e RUBIO, 2012). No caso de espécies introduzidas, são também veiculadas informações sobre o potencial impacto gerado sobre espécies nativas, especialmente no caso de espécies invasoras; - Atualmente, o laboratório tem mostrado especial interesse na elaboração de mídias digitais focadas na divulgação da herpetologia e no auxílio à identificação de animais peçonhentos. Segundo Pereira et al. (2011), a comunicação digital representa uma possibilidade de promover mudanças significativas nas relações de produção e transmissão de conteúdo, com o potencial efetivo para favorecer a participação, a cooperação e a autonomia intelectual. O primeiro produto que se encontra em fase de conclusão é uma ferramenta digital para a identificação de serpentes ocorrentes no município de Curitiba, que se pretende disponibilizar para a população através da internet. Este produto é o resultado de um projeto desenvolvido dentro do Laboratório de Herpetologia do Museu e vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) da PUCPR. Considerações Finais Museus de História Natural constituem espaços ideais para o desenvolvimento de atividades educativas não formais. Para que esse espaço seja plenamente aproveitado, as condições de trabalho devem ser otimizadas. Segundo Jacobucci (2008), o museu deve ser um 1837 “lugar de encantamento, de descoberta, de vivências únicas e agradáveis”. Para que isso realmente ocorra, há a necessidade de desenvolver novas estratégias e ferramentas que atraiam o interesse do público. Por outro lado, toda e qualquer atividade ali desenvolvida deve seguir o estatuto internacional de museus, bem como obedecer à legislação em âmbito nacional, estadual e, no caso do MHNCI, municipal. Ademais, devem ser respeitadas as condutas éticas necessárias em todas as esferas e etapas do processo. Para tanto, devem ser seguidos padrões de prática profissional elevados, que satisfaçam exigências locais particulares e especializadas, desde a gestão do museu até a aquisição e manutenção do acervo (LEWIS, 2004). Um dos principais problemas enfrentados no ensino não formal e na divulgação de ciências em museus de história natural é a adequação da linguagem utilizada. Segundo Marandino (2004), de acordo com as críticas desenvolvidas por pesquisadores como Michel Caillot, estratégias de ensino desenvolvidas por Yves Chevalard e relacionadas à teoria da transposição didática entre o museu e a escola, ainda que muito populares, seriam discutíveis ou mesmo questionáveis para o ensino e divulgação da ciência fora do universo da matemática. A autora aborda de forma crítica a avaliação da recontextualização desenvolvida por Basil Bernstein, baseada em regras distributivas (ou seja, a produção do discurso: o que pode ser transmitido e sob que condições, bem como que é responsável pela transmissão), regras recontextualizadoras (como se dá a transmissão: o discurso pedagógico se apropria de outros discursos de forma seletiva, transformando-os em um novo discurso) e regras avaliativas (se e como ocorre a aquisição do conhecimento, mediante o uso de avaliação contínua). Depreende-se que o desenvolvimento de atividades de educação não formal é muito mais complexo do que pode parecer a princípio, e que há a necessidade de um aprofundamento teórico sobre estratégias pedagógicas, para que o processo de subsídio às atividades de ensino formal desenvolvidas na escola e as atividades de divulgação científica sejam realizadas a contento e atinjam seus nobres objetivos. REFERÊNCIAS ABILHÔA, Vinícius; STRAUBE, Fernando Costa; CORDEIRO, Adelinyr Azevedo de Moura. Museu de História Natural Capão da Imbuia: sinopse histórica. Curitiba: COMFAUNA. 2013. 80p. BRASIL. Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009. Brasília 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11904.htm>. Acesso em: 25.ago.2014. 1838 BRÜNINGHAUS-KNUBEL, Cornelia. Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas. In: Conselho Internacional de Museus (ICOM). Como gerir um museu: manual prático. Paris: ICOM/UNESCO, 2004. p.129-145. BUENO-SILVA, Marlus. 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