1 Nome Título Afiliação e e-mail Amaral, Diana Travado Arsénio
Transcrição
1 Nome Título Afiliação e e-mail Amaral, Diana Travado Arsénio
1 Nome Amaral, Diana Travado Arsénio, Maraisa Magalhaes Augusto, Maria Celeste Brito, Ana Maria Cardoso, Walcir Título Interrogativas-Wh e Fases: Comparando as análises de Periferia Esquerda para o PE e para os Dialectos do Nordeste de Itália Universidade de Lisboa (Pt) Faculdade de Letras [email protected] Gerundivas no Portugues Europeu e Brasileiro: uma análise contrastante. Universidade de Lisboa (Pt) Faculdade de Letras [email protected] Périplos lexicais e contrastes semânticos decorrentes de situações de contacto entre línguas Grammar variation in prepositional and non-prepositional dative constructions: the case of Portuguese Word-final [u]-deletion in Faialense Portuguese (Azores): A sociolinguistic approach Contente, Maria G. Dhondt, Ulrique Mendes, Amália Estrela, Antónia Floripi, Simone Jacobs, Bart Kajita, Angela Satomi Lejeune Pierre Afiliação e e-mail Just how ambiguous are on and a gente?’: a corpus-based study within the framework of grammaticalization Universiteit Utrecht (Nl) [email protected] FLUP, Universidade do Porto (Pt) Concordia University, Montreal,Quebec (Can) Concordia University Montreal,Quebec (Can) [email protected] Universiteit Gent (Be) [email protected] Estudo contrastivo das construções pronominais em português europeu e nas variedades africanas do português Centro de Linguística da Universidade de Lisboa Av. Prof. Gama Pinto, 2 1649-003 Lisboa (Pt) [email protected] Sistema possessivo do Português em mudança (Br) [email protected] Papiamentu’s Afro-Portuguese origins: Linguistic and historical connections with Upper Guinea Portuguese Creole. Semi-illiterate writings: phonological similarities between 18th century Portuguese and modern Brazilian Portuguese Ficar et Rester: continuité et rupture Ludwig-MaximiliansUniversität München [email protected] (Br) [email protected] Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Alameda da Universidade 1600-214 Lisboa (Pt) [email protected] 2 Marques, Isabelle Simões Migrations et contacts linguistiques dans la littérature portugaise contemporaine Université Paris 8 (Fr) Universidade Nova de Lisboa (Pt) [email protected] Lo-Cicero, Minh Ha Le portugais et le français en contact Linguistique contrastive : la morphosyntaxe Universidade da Madeira (Pt) [email protected] Mota, Maria Antónia Coelho da Variation linguistique en portugais et contact de langues Centro de Linguística da Universidade de Lisboa (Pt) [email protected] Osório, Paulo Pereira, Maria Emília Pacheco Lopes Rauber, Andréia Schurt Marian Schoenmakers Klein Gunnewiek Vanderschueren, Clara Venâncio, Fernando O Galego e o Português: do diassistema linguístico à formação de duas línguas Universidade da Beira Interior (Pt) [email protected] Um novo marcador textual: polissemia e gramaticalização de onde Universidade do Minho, Braga (Pt) Instituto de Letras e Ciências Humanas [email protected] Síntese de estudos sobre vogais orais do português europeu e brasileiro Universidade do Minho, Braga (Pt) [email protected] First language attrition? The case of syntactic subjects in Portuguese. O uso de traduções na investigação linguística Aplicação às orações iniciadas com para Os anéis de soturno Sobre galeguismos e lusismos em espanhol Universiteit Utrecht (Nl) Portugese Taal en Cultuur [email protected] Universidade de Gand (Be) [email protected] Universiteit Amsterdam (Nl) Europese Studies [email protected] 3 Amaral, D. Travado Interrogativas-Wh, Periferia Esquerda e Fases: Comparando as análises para o PE e para os Dialectos do Nordeste de Itália Com o Split-CP (Rizzi’97), várias propostas apresentam projecções funcionais (FP) derivando ordens e interpretações diferentes. Qual o limite de FPs e operações disponíveis? Parto de Ambar96/01, que distingue interrogativas-Wh-puras de int-Wh-não-puras, apresentando duas classes de FPs discursivas: common ground (AssertiveP, EvaluativeP), universe of discourse (TopP, FocP). Considero que a LP se divide em informação nova e informação pressuposta,originando duas fases: CP1–[WhP[Wh’[FocusP[Foc’[XP CP2–XP[EvaluativeP[Eval’[AssertiveP[Ass’[XP. Existem análises onde os sintagmas-Wh sobem para FocP(Rizzi’97), reforçando a hipótese CP1.Quando projecta CP2, o falante tem mais informação. Obenauer ’04/06 propõe três FPs para as int-Wh-não-puras: surprise/disapproval >rethorical >can´t-find-the-value-for-x. Nas CfvQs, o falante não encontra um valor para a variável; nas RQs,não pede informação; nas SDQs, expressa a sua atitude face ao conteúdo proposicional(1)-(3): (1) Ande l’ à-tu catà?(Cfv) (2) Cossa a-lo fat par ti?, Quando Mario à-lo magnà patate?(RQ) (3) Chi à-tu invidá?!, Cossa inviti-to chi?!, *Che varde-tu?!, Cossa varde-tu (che)?!(SDQ) (4) L’à-tu catá ande?(Int-Wh-pura) As int-wh-não-puras: i) têm comportamentos semelhantes, exceptuando o contraste nas RQs quanto à posição sujeito (2); ii) o s-wh ocorre em posição inicial,contrastando com int-Wh-puras (4); iii) exibem ISV com adjacência entre verbo e sintagma-wh; iv) che não ocorre em posição inicial,sendo substituido por cossa (3). PE apresenta a mesma posição do sintagma-Wh: (7) Onde (diabo/raio) pus as chaves?,*Pus as chaves onde (diabo/raio)? (CfvQ) (8) Quem gosta de cair?,*Gosta de cair quem? (RQ) (9) O que estás tu (para aí) a fazer?,*Estás tu a fazer o quê? (SDQ) Relaciono as CfvQs com as int-Wh puras.Considero Iº o elemento desambiguador: Tempo é relevante pois o modo irrealis torna-as mais aceitáveis: Onde estarão as chaves? A flexão é crucial pois diferentes pessoas verbais verificam traços diferentes. Divido as CfvQs em:i)endereçadas ao ouvinte com resposta desejada, não projectando AssP; ii) endereçadas ao próprio com resposta não esperada,projectando AssP. As RQs projectam AssP(existe uma asserção). As SDQs activam AssP(atitude do falante) e EvalP(avaliação). As SDQs aproximam-se das exclamativas-Wh: activam AssP, EvalP. Segundo Obenauer, não existirão int-Wh-não-puras com Wh-in-situ,mas em PE existem:Estás para aí a fazer o quê?.Considero duas hipóteses: ou admitimos um AC, ou admitimos uma FP mais alta. Considero que o CP1 é pied-piped pelo elemento que sobe para CP2. Temos de distinguir int-Wh com pedido para identificar a variável (int-Wh-pura, CfvQ) e sem pedido para identificar a variável (SDQ, RQ). 4 O primeiro external merge é semelhante a todas as construções-Wh: CP1 projecta-CP2 não obrigatoriamente.Nas int-Wh-não-puras,o traço é eliminado, CP2 não acede a CP1, não recuperando a interpretação interrogativa.Com a existência de duas fases, essa informação deixaria de ser visível. As CfvQs não podem sair de CP1, porque activariam uma nova fase perdendo o valor interrogativo. Referências bibliográficas Ambar, Manuela (1985b) "Sobre a Estrutura dos Constituintes Interrogativos". Actas do I Encontro da Associação Portuguesa de Linguística. APL, 1986, 247-262. Ambar, Manuela (2001) "Wh-asymmetries". In Asymmetry in Grammar, Volume 1: Syntax and semantics, John Benjamins (Publisher). Linguistik Aktuell, 209-249. Ambar & Veloso(1999)“On the nature of Wh-phrases, Word Order and Wh-in situ”,RLLT,221. Amsterdam. Munaro, Poletto & Pollock (2001) “Eppur si muove! On comparing French and Bellunese Wh-movement”, Linguistic Variation Yearbook, vol. 1. Obenauer, H. G. (2004) “Nonstandard Wh-questions and alternative checkers in Pagotto”, Lohnstein and Trissler, eds., Syntax and Semantics of the Left Periphery, Interface Explorations. Berlin, N-Y. Obenauer, H. G. (2006) “Special Interrogatives – Left Periphery, Wh-Doubling and (Apparently) Optional Elements”, Doetjes and Gonzalves, eds., RLLT 2004, Amsterdam/Philadelphia. Polleto, C. & J-Y Pollock (2004a) “On the Left Periphery of some Romance Whquestions”, Rizzi, ed., The Structure of CP and IP, Oxford University Press. Rizzi, L. (1997) “The fine structure of the left periphery”. In Liliane Haegeman (ed.) Elements of Grammar: Handbook of Generative Syntax. 281-337. Dordrecht: Kluwer. Speas, Peggy & Carol Terry (2001) “Configurational properties of point of view roles”. In Asymmetry in Grammar, Volume 1: Syntax and semantics, John Benjamins (Publisher). Linguistik Aktuell, 315-344. 5 Arsénio, M. Magalhaes Gerundivas no PE e no PB: uma análise contrastante Baseados em Lobo (2003) e em Pires (2006), a presente comunicação contrasta as construções gerundivas no Português Europeu (PE) e no Brasileiro (PB). Com as análises disponíveis, observamos que, a partir de estruturas canónicas em PE e PB (1), poderíamos ter outras estruturas gerundivas: estruturas que no inglês são comuns usar ing (2a), em Português, há oscilações entre construções com gerúndio e com a+infinitivo (2b). As adverbiais (4), comuns na tradição, não apresentam mudanças em PE e PB e são projecções de CP, sendo periféricas; já as gerundivas da margem direita, a que denominamos orações pequenas em adjunção, projectam pelo menos até TPmesmo que defectivo - e estão integradas à matriz (2b), (5) e (6). Tais construções, sintacticamente, são demonstradas por Pires em (3) e adaptáveis ao Português. Estão na interface sintaxe-semântica. (1) Eu estou a falar vs. Eu estou falando (PE e PB respectivamente) (2) a) I prefer John swimming. Pires (2006:10) b) Eu prefiro o João nadando/ a nadar ( do que esquiando/ a esquiar) PB/PE respectivamente. (3) [TP I [T´ [vP I preferj [VP prefer [TP John [T`John swimming]]… (4) Terminando a aula, fomos jantar. Com a análise dos dados, postulamos dois tipos para as orações pequenas: (i) predicam sobre o mesmo sujeito da matriz; são estruturas de controlo– PRO (5); (ii) predicam sobre o objeto (6): (5) a) O João saiu cantando/ a cantar. (PB/PE, respectivamente) b) Ela estuda falando/ Ela discute gritando. (PB) c) Ele voltou a falar vs. Ele voltou falando. (PB/PE) d) *Ele ia a morrer. (PB /PE) (6) a) A Maria ouviu o João cantando/ a cantar. (PB/ PE, respectivamente) b) O Zé viu a mãe morrendo. (Lobo 2006:246) (PB/PE) c) Ele quer a filha estudando/a estudar. (PB/ PE) d) Ela gosta de ouvir a Maria cantando/a cantar. (PB/PE) Entretanto, a permuta gerúndio/ a + infinitivo nem sempre é regular, pois (5c) possuem mudança de sentido e (5d) é agramatical. Esta comutação não foi explorada para as duas variações, Lobo (2003) aborda a variação no PE mas não menciona o PB, além disso prediz que todas as “predicativas” são comutáveis por a+infinitivo no PE. Pires (2006) enfoca mais o inglês. O objetivo central é contrastar gerundivas no PE/PB, bem como oscilações no PE: gerúndio/ a+infinitivo; já que os falantes têm em mente que a+infinitivo é comutável pelo gerúndio e vice-versa, o que nem sempre é possível. 6 Augusto, M. Celeste Périplos lexicais e contrastes semânticos decorrentes de situações de contacto entre línguas O léxico de uma língua, melhor do que a sua morfologia ou a sua sintaxe, sintetiza a história linguística e cultural da comunidade que o utiliza e espelha a sua doxa. Basta haver contacto entre dois falantes de línguas diferentes para, eventualmente, se dar a passagem de uma unidade lexical de um idioma para o outro. Esse segmento manterá o seu conteúdo semântico ou poderá vir a adquirir matizes mais ou menos afastados do primeiro sentido. Frequentemente verifica-se também que uma língua ao longo da sua história foi servindo de elo entre outras línguas; foi o que aconteceu com o português no contacto havido entre os europeus e os falantes dos continentes africano, asiático e americano, sobretudo nos séculos XVI, XVII e XVIII. As causas que motivam o trânsito lexical são várias e de diferente ordem. Tendo em consideração, principalmente, situações de interacção sociocultural e políticoeconómica propomo-nos : 1- destacar o circuito lexical e possível variação semântica de algumas unidades lexicais do português para outras línguas e vice-versa 2- verificar a função desempenhada pelo português no processo de migração lexical havido entre algumas línguas europeias e línguas de outros continentes Para concretizar o objectivo proposto será constituído e sujeito a análise um pequeno elenco de unidades lexicais coligidas em diversas fontes de tipo linguístico e não linguístico. 7 Brito, A. M. Grammar variation in prepositional and non-prepositional dative constructions: the case of Portuguese Goal: The goal of the talk is to analyse the double object construction (DOC) and other related phenomena in a non-European variety of Portuguese, Mozambique Portuguese (MP). Introduction: the DOC is absent in European Portuguese but it is present in nonEuropean varieties of Portuguese, in particular Mozambique Portuguese (MP) (1): (1) Entregou o emissário a carta. (Gonçalves, P. 1996, p. 314). ‘(pro) gave the emissary the letter’ Such a construction exists in English (2) and in Bantu languages, associated to an applicative morpheme: (2) John gave Mary a book. In some languages there is an alternation with a prepositional construction, as in (3): (3) John gave a book to Mary. Analysis: The analysis that I propose is largely based on Ramchand 2008, who develops Larson 1988, Hale & Keyser 1993, Kratzer 1993, a. o., with an additional hypothesis that comes from Kayne 1984 and Pesetsky 1995. According to Ramchand, in DOC, one of the verbal functional categories (ResultP) has a null preposition as the head, associated to the semantics of possession, and being able to assign the structural Case (accusative) to the “possessed” object and being able to license a semantic relation of “Holder” in the specifier position. In the construction with an explicit preposition, the ResultP has as its head the preposition (to, a), which assigns dative Case to its complement and which is associated to localisation (transfer); this does not exclude another prepositional projection as complement of ResultP, PP, with a head of the type para / for, with a sense of purpose. However, Ramchand’s proposal that null prepositions may assign case must be revised, because if this was so nothing would prevent some (active) sentences without prepositions with normally prepositional verbs like obedecer / desobedecer and many others: (4) * As crianças obedeceram / desobedeceram o pai. (the children obeyed the father) ‘Children obeyed their father’ In these circumstances, Ramchand’s framework must be articulated with Kayne’s idea according to which null prepositions do not assign case by themselves: in DOC the NP inside the PP with a null head receives objective case from the verb through the null preposition. In languages where there is no DOC and where there are full prepositions, these ones assign oblique case to their complements. This proposal is supported by other data referred by Gonçalves 1996 that characterize MP: (i) a tendency for the transitivization of (prepositional) verbs: (5) Os bandos batiam sempre as pessoas (= nas pessoas) (Groups always beat people) (ii) In apparent contradiction with this, the tendency for the use of lhe with transitive verbs, like in (6): (6) O António tinha um padre que lhe educava. (Antony had a priest that educated him-apparently dative) that I will analyse as an objective case assigned by the V through a null preposition, not as a dative. 8 Contente, M.G. & W. Cardoso Word-final [u]-deletion in Faialense Portuguese (Azores): A sociolinguistic approach Using Labovian, sociolinguistic methodology for data collection and analysis, this paper examines the variable phenomenon of word-final [u] deletion (e.g., (gat/u/ => gat_ ‘cat’; u-deletion henceforth) in the variety of Portuguese spoken in the Horta, Feteira and Capelo regions of Faial, in the archipelago of the Azores. This linguistic variable is considered a marker (Labov, 1972) and, as such, is a potent carrier of social information (e.g., Silva, 2005; Bulhões & Cardoso, 2007). In this study, native speakers of Faialense Portuguese (FP) currently living in Montreal (Canada) completed a series of audio-recorded interviews that followed standard sociolinguistic protocols to obtain a wide range of stylistic variation. The interviews included reading lists of words and sentences aloud, picture naming, and a free-style informal conversation with one the investigators, a native speaker of FP. The statistical results (via Goldvarb X) indicate that FP speakers are more likely to delete word-final [u] when engaged in less formal tasks (e.g., in free-style interviews), as is commonly attested in the sociolinguistic literature for stigmatized phenomena such as udeletion. Surprisingly, the results also indicate that gender plays a significant role in determining the outcome of this variable phenomenon: women tend to delete more often than men, a pattern that is most commonly found when the novel form is a more prestigious variant (e.g., Smith 1979, Coates, 1993). In the context of FP speakers living in Montreal, we interpret these results to mean that women hold a stronger group affiliation to their mother tongue than men. Other factors that played a significant role in u-deletion include linguistic variables such as the following phonological environment, and the stress status of the u-final syllable. References Bulhoes, Elizabeth, & Cardoso, Walcir (2006) “Variable (u)-deletion in São Miguel Portuguese” in Proceedings of the Atlantic Provinces Linguistic Association (APLA). Coates, Jennifer (1993) Women, men, and language: A sociolinguistic account of gender differences in language, London: Longman. Labov, William (1972) Sociolinguistic Patterns, Philadelphia, PA: University of Pennsylvania. Silva, David J. (2005) “Vowel shifting as a marker of social identity in the Portuguese dialect of nordeste Sao Miguel (Azores)” in Luso Brazilian Review, 42: 1-20. Silva, David J. (2007) 'Traços fonéticos sobreviventes no falar micalense de algums imigrantes açoreanos em greater Boston”. Actas do colóquio da lusofonia. São Miguel, Açores. Smith, Phillip (1979) ‘Sex markers in speech’. In K. R. Scherer & H. Giles (eds.), Social markers in speech. Cambridge: Cambridge University Press. 109-146. 9 Dhondt, U. ‘Just how ambiguous are on and a gente?’: a corpus-based study within the framework of grammaticalization. Our study 1 aims at a contrastive analysis of the grammaticalization process of two indefinita: on and a gente. On and its Portuguese equivalent a gente distinguish themselves from other pronouns by their vast referential polysemy (e.g. Blanche-Benveniste 2003; dos Santos Lopes 2003; Flottum 2007; Narjoux 2002; Zilles 2005). Even though the use of these indefinita is often dissuaded because of their so-called ambiguity, there are surprisingly few misunderstandings as to their referents, as though some implicit rules for their interpretation existed. Their polysemous nature led to the typology we established for both on and a gente in a prior morphosyntactic, semantic and discursive study (D’Hondt 2003, 2006). So far, a gente seems to have been less receptive to semantic widening than its French equivalent, even though its referential range is growing. It is our hypothesis that the polysemy of on and a gente can be explained throughout the grammaticalization process (Wischer 2002; Hopper 1993). Both pronomina have known the same evolution from generic noun to pronoun (Haspelmath 1997). Having its origin in the Latin noun homo, on has been subject to grammaticalization on all levels, it has been lexicalized (cf. le qu’en dira-t-on, un ondit) as well as pragmaticalized (cf. comme on dit, on dirait (que)). For a gente the process is less developed, cf its vague pronominal value and its very recent reduction to a’ente (Zilles 2005). The fact that a gente has not reached the final stage of grammaticalization, can – at least partly – explain its less developed semanticism. Our approach is a corpus-based one using a number of synchronic corpora, both in French and in Portuguese. We have recourse to written as well as to oral data and examine various language registers. This corpus material will be beneficial to an analysis of structural as well as semantic-pragmatic features. To examine the integration of a gente in the pronominal system accurately, the Portuguese component will be completed with a contrastive chapter on European versus Brazilian Portuguese. In the broader framework of our PhD dissertation, we expect to find that on and a gente are situated in a different stage on the grammaticalization axis. Furthermore, we believe that there will be a divergence between Brazilian and European Portuguese. From that perspective a more thorough and contrastive analysis will enable us to predict which pathways a gente will follow. References Blanche-Benveniste C., Le double jeu du pronom on, in P. Hadermann, A. Van Slijcke et M. Berre (éds), La syntaxe raisonnée. Mélanges de linguistique générale et française offerts à Annie Boone à l’occasion de son 60e anniversaire, pp. 43-56, (Louvain-la-Neuve: De Boeck-Duculot, 2003) 1 Our study takes place within the framework of the Grammaticalization and (Inter)Subjectification Project - InterUniversity Attraction Poles - under the working title: "Etude contrastive des phénomènes de grammaticalisation et de pragmaticalisation de quelques indéfinis et marqueurs discursifs français et portugais.” 10 D’Hondt U., Analyse morphosyntaxique, sémantique et discursive du pronom “on”, (master thesis, Universiteit Gent, 2003) D’Hondt U., Quand “on” rencontre” a gente”. Analyse morphosyntaxique, sémantique et discursive de “on” et de “a gente” sous un angle comparatif, (post graduate thesis, Universiteit Gent, 2006) dos Santos Lopes C.R., A inserção de a gente no quadro pronominal do português, (Frankfurt am Main/Madrid: Vervuert/Iberoamericana, 2003) Flottum K., Jonasson K., Norén C., On : pronom à facettes, (Louvain-la-Neuve: De Boeck-Duculot, 2007) Haspelmath M., Indefinite pronouns, (Oxford: Clarendon press, 1997) Hopper P., Traugott E., Grammaticalization, (Cambridge: Cambridge University Press, 1993) Narjoux C., « On. Qui. On » ou des valeurs référentielles du pronom personnel indéfini dans Les Voyageurs de l’Impériale de Louis Aragon, in L’Information grammaticale 92, pp. 36-45, (2002) Wischer I., Diewald G., New reflections on grammaticalization, (Amsterdam: Benjamins, 2002) Zilles, M. S. A., The development of a new pronoun: The linguistic and social embedding of a gente in Brazilian Portuguese, in Language Variation and Change, 17, pp. 19-53, (Cambridge: Cambridge University Press, 2005) Zilles, M. S. A., Self-presentation in sociolinguistic interviews: Identities and language variation in Panambi, Brazil, in Journal of Sociolinguistics, 9/1, pp. 74-94, (Malden: Blackwell Publishing, 2005) 11 Floripi, S. Sistema possessivo do Português em mudança De acordo com Giorgi & Longobardi (1991), há uma distinção proposta entre dois tipos de pronomes possessivos (acompanhados ou não de artigos): em algumas línguas se comportam como adjetivos e em outras como determinantes. Mais especificamente, ao buscar uma análise tipológica do comportamento dos sintagmas possessivos entre as línguas românicas e eslavas, Schoorlemmer (1998) classifica dois tipos de línguas: tipo 1, como o italiano e tipo 2, como o francês. No que concerne ao estudo do português, Floripi (2008) sob uma perspectiva diacrónica, busca mapear a evolução nos padrões de colocação de artigos em textos portugueses dos séculos XVI a XIX. Os dados encontrados revelam que inicialmente o sintagma possessivo no passado assemelha-se a uma língua tipo francês, mas que passou por um processo de mudança, culminando no português europeu moderno. Entretanto esta gramática apresenta uma peculiaridade, pois segundo testes sintácticos realizados por Castro (2006), o português europeu de hoje não se enquadra como uma língua tipo francês, tampouco como tipo italiano. Além disso, os testes de Castro (2006) revelam uma semelhança entre o comportamento sintáctico do sintagma possessivo do português brasileiro e o português europeu moderno, distinguindo-se apenas quanto ao uso facultativo do artigo na variedade brasileira. Contudo actualmente verificamos o licenciamento de uma nova construção possessiva no português brasileiro, assemelhando-se às línguas do tipo italiano em que o artigo definido ocorre junto ao pronome possessivo pós-posto, conforme abaixo. (i) (ii) (iii) (iv) Il libro mio - italiano O livro meu – português brasileiro (não padrão) *O livro meu – português europeu O meu livro – português europeu e brasileiro (padrão) Portanto, este trabalho discute a inovação dessa construção do português brasileiro através de processos de mudança linguística que se aplicam actualmente no sistema de concordância da língua. Buscamos evidências para verificar se esta nova variedade do português enquadra-se em um sistema possessivo semelhante ao que ocorre no italiano em contraste ao que verificamos nas variedades cultas do português europeu e brasileiro. CASTRO, A. (2006) On Possessives in Portuguese. Ph.D. Dissertation, Universidade Nova de Lisboa. GIORGI, A. e LONGOBARDI, G. (1991) The syntax of Noun Phrases: Cambridge: Cambridge University Press. FLORIPI, S. (2008) Estudo da variação do determinante em sintagmas nominais possessivos na história do português. Tese de doutoramento. Universidade Estadual de Campinas. SCHOORLEMMER, M. (1998) Possessors, Articles and Definiteness. In: Possessors, Predicates and Movement in Determiner Phrase, Alexiadou & Wilder (eds), 56-86, John Benjamins Publishing. 12 Jacobs, B. Papiamentu’s Afro-Portuguese origins: Linguistic and historical connections with Upper Guinea Portuguese Creole. This paper is concerned with the Afro-Portuguese origins of Papiamentu (PA). With the purpose of clarifying these origins, I will focus on the linguistic relationship between PA and the Upper Guinea branch of Portuguese based Creole (UGC) as spoken on the Cape Verde Island of Santiago (SCV) and in Guiné-Bissau (GB) and I will provide a historical framework that accounts for this relationship. Lipski asserts that up to present “scholars are (...) evenly divided as to the Spanish vs. Portuguese origins of Papiamento” (2005 : 282). Typical of this division is that in 1996 Munteanu fervently painted PA as an originally Spanish creole, while in that same year Martinus, not any less passionately, defended PA’s Afro-Portuguese origins. Because of the controversy over its origins, it is safest to call PA an Iberian based creole language. However, Kramer (2004:100) rightly comments: “This lucky term doesn’t deprive us from the search for an explanation of the partially Spanish, partially Portuguese character of Papiamentu”. Quint (2000b) does so by exposing striking linguistic correspondences between PA and Cape Verdean Portuguese Creole as spoken in Santiago (SCV). He concludes that “le papiamento et le badiais [SCV] sont étroitement apparentés et ont une origine commune” (ibid:197). This claim, however, has been largely ignored in subsequent debate: Parkvall (2000:137), regarding PA’s origins, declares: “Relexification from an African PC [Portuguese Creole] does not strike me as particularly likely, simply because the shared features are rather limited in number”, while Lipski (2005 : 285) asserts that PA, “apart from some general similarities to Cape Verdean Creole, is not clearly related to any West African creole”. The paper has both a linguistic (section 1) and a historical component (section 2): in section 1, in reply to Lipski, I will show that the similarities between PA and UGC are not general, but in fact very specific. Moreover, contrary to Parkvall’s statement, I will present an overwhelming number of correspondences between the creoles in focus, many of which are to be found in the grammatical categories, as one would expect in the case of relexification. In section 2, drawing mainly on De Moraes (1993, 1995, 1997), Brooks (2003) and Green (2007), I will provide historical arguments that account for these correspondences and that have been insufficiently stressed in the literature on Papiamentu’s origins. 13 Kajita, A. Satomi Semi-illiterate writings: phonological similarities between 18th century Portuguese and modern Brazilian Portuguese It is widely known that the current variants of both European and Brazilian Portuguese (EP and BP) differ in many aspects; these differences are beyond vocabulary issues, and range from syntactic structures to stress location and overall prosody. Surely this has not always been the case, given that the first generations of colonizers were Portuguese expatriates who undoubtedly used to speak like their fellow compatriots. But however similar these two variants might have been in the past, at some point in history EP and BP started to grow apart. Although the goal of this work is not to set a date for linguistic change, the initial assumption is that by the end of the 17th and beginning of the 18th century, EP and BP were still quite alike. This is largely supported by many authors such as Teyssier (2001) and Castro (2006), who suggest that this linguistic divergence can be attested since the second half of the 18th century. Furthermore, these two authors also assume that EP might have undergone some prosodic changes throughout time that were not necessarily experienced by BP, and this gives some leeway to assume that 17th and 18th century EP was strikingly resemblant to modern BP. Taking all of this information into account, this work's proposal is to compare a few texts written by semi-illiterate adults – whether from an 18th century or a modern source – in search of evidence that may support the aforemetioned assumptions. For this particular task, the linguistic notion of inept hand (Marquilhas 2000) will be taken into consideration. As Marquilhas points out, adults who wanted to communicate with others despite of their incipient levels of writing skills left behind a trail: the Portuguese Inquisition Archives are full of denouncement letters, some of which were written by these inept hands. This source can be of great value to linguistic studies due to its closeness to orality. The present work will compare some writings of 18th century Portuguese inept hands to modern texts written by semi-illiterate Brazilian adults, and will demonstrate that both sets of texts indeed show some similarities in terms of oral representations. Among the analyzed phenomena are the elision and epenthesis of vowels in diphtongs, for example, and the metathesis of /r/. References CASTRO, I. (2006) Introdução à história do português. Lisboa: Colibri. MARQUILHAS, M.R.B. (2000) A faculdade das letras: leitura e escrita em Portugal no século XVII. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda. TEYSSIER, P. (2001) História da língua portuguesa. São Paulo: Martins Fontes. 14 Lejeune Pierre Ficar et Rester: continuité et rupture Par sa polysémie, le verbe ficar offre un terrain idéal d’analyse du jeu entre invariance et variation. En dehors de sa valeur de localisation permanente (Barcelona fica em Espanha), e indépendamment des multiples constructions dans lesquelles il entre (ficar cansado, ficar feito, ficar bem, ficar sem saber, ficar em casa, ficar a pensar,…), ficar présente au moins trois types de valeurs de base analysables, dans le cadre de la théorie des opérations prédicatives et énonciatives de A. Culioli, en termes d’interaction entre domaine aspecto-temporel et domaine notionnel. Nous voudrions tenter d’expliquer les convergences / divergences de conditions d’emploi de ficar et de rester à partir des hypothèses suivantes : 1º Rester marque que la valeur p d’une relation prédicative P, validée en-deçà d’une limite temporelle T, continue à l’être au-delà, en dépit de la construction subjective de la valeur complémentaire p’ (ex : Je reste favorable à ce projet - en dépit des objections soulevées ; Restez déjeuner avec nous - en dépit de votre projet initial de vous en aller ; Cette défaite m’est restée sur l’estomac - en dépit du temps qui aide à oublier). 2º Ficar marque qu’une relation prédicative P est validée à partir d’une limite temporelle T, sans que nécessairement elle le soit en-deçà de cette limite. Ce n’est que contextuellement que l’on sait si la limite temporelle implique : (a - valeur de continuité, en général la seule qui corresponde à la valeur centrale de rester mentionnée en 11) le maintien de la relation prédicative antérieure (ex : Os outros foram-se embora mas o João ficou); (b - valeur de sélection) le passage d’une relation validable - valeurs p et p’ possibles - à une relation validée p (ex : Este vestido fica-te bem) ou (c - valeur inchoative) le passage de la validation de la valeur p’ à celle de son complémentaire p (ex : Ficou combinada uma nova reunião). Une même expression contenant ficar peut revêtir deux valeurs différentes, l’interprète nécessitant un contexte parfois élargi pour sélectionner celle qui est pertinente. Ainsi ficar calado peut-il signifier continuar calado (a : ficou calado durante toda a reunião) ou deixar de falar (c : Quando não teve mais nada para dizer, ficou calado). De la même manière, Ficar em segundo lugar peut signifier Continuar no segundo lugar (a) ou Acabar a prova em segunda posição (b). 1 Semble échapper à cette valeur la construction (forme relictuelle d’un état de langue antérieur ?) en rester (tout) + Adj., qui fonctionne avec un paradigme très limité d’adjectifs tels que ébahi, interloqué ou con. Références ANDRADE, O. G. (2002) : Matizes do verbo português ficar e seus equivalentes em espanhol, Londrina, Editora UEL. FRANCKEL, J.-J. (1989) : Étude de quelques marqueurs aspectuels du français, Genève, Droz. 15 HERCULANO DE CARVALHO, J. G. (1984), «Ficar em casa / ficar pálido: gramaticalização e valores aspectuais », in Herculano de Carvalho, J. G. & SchmidtRadefeldt, J. (éd.), Estudos de linguística portuguesa, Coimbra. LEHMANN, C. (à paraître) : «A auxiliarização de ficar. Linhas gerais», in Pinto de Lima, J. & Sieberg, B. (éd.), Questions of language change, Lisboa, Colibri. RIBEIRO, R. M. P. (2007) : Construção gramatical: uma análise das resultativas do português com o verbo ficar, Thèse de doctorat en linguistique, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 16 Lo-Cicero, M. Ha Le portugais et le français en contact Linguistique contrastive : la morphosyntaxe Pourquoi mettre deux langues, voire plusieurs langues, en contact ? Cet objectif est tout d’abord source de richesses, non seulement linguistique mais aussi culturelle et sociale d’une manière générale. Le second objectif est, sans aucun doute, de « faciliter la traduction et l’enseignement/apprentissage des langues ». Par exemple, ne connaissant pas la langue de l’apprenant, il est toujours plus difficile de savoir d’où proviennent les fautes d’orthographe ou de grammaire car, on le sait bien, les diverses incidences (morphosyntaxiques, lexicales ou phonétiques, par exemple) sont provoquées par les interférences linguistiques de la langue maternelle. La traduction n’est pas une traduction simple, du mot à mot, une traduction littérale, un simple transcodage, sinon, elle serait soit du portugais « francisé » soit du français « lusitanisé ». Illustrons-le dans cet exemple : Français Je demande pardon aux enfants d’avoir dédié ce livre à une grande personne. (Le Petit Prince, Saint Exupéry, dédicace à Léon Werth) Portugais A. Peço desculpa às crianças de ter dedicado este livro a um adulto. (Tradução de Minh Ha LoCicero) B. As crianças que me perdoem por ter dedicado este livro a uma pessoa crescida. (Tradução de Joana Morais Varela) (O Principezinho, Saint Exupéry, dedicatória para Léon Werth) Exemple 1 Nous pouvons observer que la version A dans l’exemple 1 est correcte néanmoins « francisée » alors que la version B est bien meilleure et plus portugaise. La présente étude porte sur l’analyse linguistique du portugais et du français en nous basant sur la traduction des œuvres bilingues portugais – français. Elle identifiera les difficultés linguistiques auxquelles peut se heurter le traducteur du portugais en français ou l’étudiant portugais dans son apprentissage du français. Le portugais et le français sont des langues romanes. La proximité de celles-ci peut faciliter l’apprentissage – de l’une ou de l’autre – mais elle peut tout aussi bien engendrer une confusion linguistique. 17 Marques, I. Simões Migrations et contacts linguistiques dans la littérature portugaise contemporaine À partir d’un éventail de différentes œuvres littéraires portugaises 2 , nous nous proposons d’étudier les manifestations bilingues de ses personnages, tous immigrés en France. Nous nous attacherons tout particulièrement aux interférences et aux influences linguistiques présentes dans leurs discours, non seulement dans leur langue seconde (le français) mais aussi dans leur langue première (le portugais). Nous nous intéresserons aux répercussions que ces migrants ont subies en contact avec un autre pays et une autre langue. De plus, étant donné que notre corpus est littéraire, nous tenterons d’identifier les moyens par lesquels les auteurs recréent l’altérité dans la voix des personnages et quelles sont les fonctions et les valeurs de ce mimétisme langagier. Le thème de l’immigration, relativement abordé dans la littérature portugaise, nous semble avoir donné de façon plus rare la parole à ce type de personnage migrant en reproduisant son discours bilingue au sein d’une œuvre. En effet, le discours des personnages se caractérise à travers un langage unique, mélangeant et/ou alternant des éléments morphosyntaxiques, sémantiques et lexicaux des langues portugaise et française. Selon Grojean et Py (1991), il existe une restructuration de la compétence de la langue première quand les immigrés sont en contact prolongé avec la langue du pays d’accueil. La première langue des migrants est influencée par la seconde langue à tous les niveaux. Les études se rapportant au contact des langues renforcent l’hypothèse que ces changements ne sont pas idiosyncrasiques mais bien la marque constitutive de la communauté, les variations finissant par intégrer la langue des migrants. Les manifestations qui caractérisent ce que l’on peut appeler d’« interlangue des migrants », « immigrant speech » ou « dialecte de contact » (selon les différentes théories) sont d’ordre différent. L’individu bilingue dispose de deux systèmes morphosyntaxiques qu’il peut employer de façon alternée ou mélangée dans son discours. Le contexte de notre corpus se rapporte donc au contact des langues à travers la migration de ces personnages, migration qui s’opère à différents niveaux : géographique, social et linguistique. Considérant que leur production linguistique est très hybride, identité et altérité cohabitent dans leur discours. Nous appuierons notre analyse à partir d’études linguistiques et de concepts théoriques développés notamment par Weinreich (1968), Mackey (1976), Hamers & Blanc (1983), Fishman (1989), Milroy & Muysken (1995), Heine (2005) et Bhatia & Ritchie (2006). 2 CLÍMACO, Nita (1967): A salto. Lisboa: edição da autora. GONÇALVES, Olga (1978): Este verão o emigrante là-bas. Lisboa: Livraria Bertrand. NERY, Júlia (1984): Pouca terra… poucá terra…, Lisboa, Edições Rolim. LEHNING, Maria João (2003): D’acordo. Lisboa: Editorial Presença. FERREIRA, José Pardete (2007): Paris – ir e voltar. Lisboa: Prefácio. 18 Mendes, A. & A. Estrela Estudo contrastivo das construções pronominais em português europeu e nas variedades africanas do português Esta comunicação tem como objectivo apresentar um estudo contrastivo das construções pronominais em português europeu (PE) e nas cinco variedades africanas do português (VAP), com base nos dados do Corpus África, um corpus com 3 milhões de palavras, desenvolvido no Centro de Linguística da Universidade de Lisboa. As primeiras análises dos dados do corpus apontam as principais tendências registadas nas cinco variedades, no que respeita a factos linguísticos que apresentam desvios relativamente à norma-padrão do PE. Uma das tendências observadas com um conjunto limitado de lemas é o facto de verbos que ocorrem na forma pronominal em PE serem realizados como não pronominais nas VAP: “O Partido da Renovação Social (PRS) congratulou ontem com a nomeação de Aristides Gomes”; “a razão que levou as autoridades de Bissau a preocuparem com a doença”. Diversos tipos de construções pronominais mostram esta variação em relação ao PE, não só casos de verbos intrinsecamente pronominais, como construções reflexas e construções incoativas. Por outro lado, também foram levantados casos de verbos que ocorrem em construções não pronominais em PE e que são realizados, nas VAP, em construções com pronome clítico sem função de complemento. Uma análise mais aprofundada destes dois padrões opostos (queda de pronome clítico e pronominalização da construção verbal) no corpus África mostrou uma frequência muito superior dos casos de perda de pronome clítico nas cinco variedades. Para o estudo desta tendência nas VAP, é importante observar se a perda de pronome é comum aos vários tipos de construções pronominais ou se existem padrões sintácticos e/ou semânticos e, ainda, comparar esses dados com os contextos em que a construção verbal é pronominalizada nas VAP. Pretende-se obter uma perspectiva contrastiva mais detalhada destas construções nas VAP e em PE, embora tendo sempre em consideração que as VAP são variedades que ainda não atingiram uma fase estável, pelo que a sua análise apenas pode apontar tendências de evolução linguística. Referências Gonçalves, Perpétua, 1997, “Tipologia de Erros” in Stroud, Christopher e Perpétua Gonçalves (Orgs.), Panorama do Português Oral de Maputo, Volume 2 – A Construção de um Banco de “Erros”, Cadernos de Pesquisa 24. Maputo: INDE, pp. 37-70. Stroud, Christopher e Perpétua Gonçalves (Orgs.), 1997, Panorama do Português Oral de Maputo, Volume 2 – A Construção de um Banco de “ Erros”, Cadernos de Pesquisa nº 24, Maputo, INDE. 19 Mota, M.A. Coelho da Variation linguistique en portugais et contact de langues Le portugais est actuellement la 8è langue la plus parlée dans le monde. L’expansion portugaise de naguère et l’adoption plus récente du portugais comme langue officielle d’un certain nombre d’ex-colonies ont donné lieu à la formation de plusieurs variétés nationales (dont certaines sont toujours des L2), chacune d’entre elles présentant beaucoup de variation interne. Les contacts linguistiques qui se sont établis dans le passé et ceux qui ont lieu aujourd’hui (pour des raisons bien différentes) ouvrent un large champ de recherche dans tous les domaines de la grammaire. La comparaison entre les différentes variétés montre que certains traits des variétés non européennes s’expliquent par le maintien de traits de la grammaire portugaise du temps de la colonisation (dont beaucoup ont disparu du standard portugais contemporain) et que certains autres sont la conséquence du contact entre le portugais et les langues locales, souvent très nombreuses. Le portugais européen (PE), à son tour, bénéficie de l’introduction d’innovations venues des variétés non européennes. Les nombreuses recherches menées au Brésil sur le portugais brésilien (PB) et quelques travaux récents sur le portugais mozambicain (PM) rendent aujourd’hui possible l’approfondissement des études comparées entre le PE, le PB et le PM. L’intérêt porté aux variétés non européennes a, en quelque sorte, poussé les chercheurs portugais à revisiter le portugais contemporain dans ses variétés internes. A titre d’exemple, les études sur la non réalisation du –r final de mot en PB (e.g. PB : vou canta(r) – je vais chanter) ont donné lieu à des recherches comparées entre le PE et le PB qui ont montré que le phénomène ‘brésilien’ de la non réalisation de cette consonne se trouve également en PE. Après une brève présentation d’un certain nombre d’exemples de variation et de changement linguistique en portugais d’Europe et d’ailleurs, cet exposé se centrera sur l’accord sujet-verbe. A partir de données orales du PE, du PB et du PM, nous essaierons notamment de montrer que, face à certains types de variantes non standard (e.g. eles +PL come -PL – ils mangent), il faut avoir recours à la phonologie et à la phonétique pour aboutir à une explication satisfaisante. 20 Pereira, M.E. Pacheco Lopes Um novo marcador textual: polissemia e gramaticalização de onde A gramática tradicional classifica onde como advérbio de lugar. Ao nível normativo que a escolarização constitui, o emprego deste marcador para estruturar ou retomar informação textual prévia sofre sanção. Contudo, no registo oral, o último é o uso de que nos vamos apercebendo, inclusive em contexto formal académico. Também em registo escrito a mesma ocorrência fica exemplificada. Assim, fica documentada uma evolução semântico-pragmática já descrita, na bibliografia específica, para outros itens linguísticos que evidenciam sentidos polissémicos. Destes, os de estruturação textual – ou outro significado de raiz pragmática – constituem os mais recentes. Tal variação e mudança é dita corresponder ao fenómeno da gramaticalização. Procurarei descrever o mecanismo regular de evolução semântica à luz de atestações dos diferentes usos para tal revendo bibliografia teórica geral e estudos descritivos da mesma mudança por extensão categorial em português. Esta fase do estudo apenas visa descrever e instanciar o mecanismo semântico-pragmático. Porém, será apresentado o rationale de um estudo sociolinguístico a desenvolver. São particularmente relevantes estudos oriundos do Brasil acerca de fenómenos conexos, pelo que propiciam de descrição acerca da mudança categorial prefigurada. Referências Hopper, P. e Traugott, E. (1993) Grammaticalization. Cambridge, C.U.P. Silva, A. S. (1996) A semântica de deixar. Braga, U.C.P. 21 Rauber, Andréia Schurt Síntese de estudos sobre vogais orais do português europeu e brasileiro Esta comunicação visa (i) apresentar os resultados de alguns experimentos focados na medição acústica de 7 vogais orais (/i, e, , a, , o, u/) produzidas em posição tônica por portugueses e brasileiros, e (ii) comparar as principais diferenças em termos de qualidade espectral e duração existentes entre as populações investigadas nos dois países. As principais características das vogais alvo serão relatadas através da apresentação dos dados publicados por Delgado-Martins (1973) sobre os portugueses, e os de Moraes, Callou e Leite (1996) e Rauber (2008) sobre os brasileiros. Além disso, serão apresentados os resultados obtidos por Escudero, Boersma, Rauber e Bion (submitted) que compararam a produção das vogais alvo por um grupo de 20 portugueses de Lisboa e 20 brasileiros de São Paulo utilizando a mesma metodologia para coleta e análise dos dados dos dois dialetos. As principais diferenças encontradas por Escudero et al. quando comparadas as produções do português europeu (PE) e do brasileiro (PB) foram que a média da duração das vogais do PB é maior do que as do PE e as vogais médias baixas do PE são mais altas do que as do PB. Portanto, os dados indicam que (i) a fala dos portugueses é mais rápida do que a dos brasileiros, e (ii) o espaço vocálico inferior do PB é mais baixo do que o do PE, ou seja, a abertura mandibular dos brasileiros é maior do que a dos portugueses para produzir as vogais médias baixas. Referências Delgado-Martins, M. R. (1973). Análise acústica das vogais orais tônicas em português. Boletim de Filologia 22, 303–314; republished in Delgado-Martins, M. R. (2002), Fonética do Português: Trinta anos de investigação. Caminho, Lisbon, pp. 41–52. Escudero, P., Boersma, P., Rauber, A. S., & Bion, R. A. H. (submitted). A cross-dialect acoustic description of vowels: Brazilian and European Portuguese. Submitted to the Journal of the Acoustical Society of America. Moraes, J. A., Callou, D., & Leite, Y. (1996). O sistema vocálico do português do Brasil: Caracterização acústica. In M. Kato (Ed.), Gramática do Português falado (pp. 33-53). Campinas: Editora da Unicamp. Rauber, A. S. (2008). An acoustic description of Brazilian Portuguese oral vowels. Revista Diacrítica 22(1), 229-238. 22 Schoenmakers, M. First language attrition? The case of syntactic subjects in Portuguese. In this paper I will present and discuss some interesting data from a film-retelling task (Schoenmakers-Klein Gunnewiek 1989; 1998) on the use of overt subjects by L1speakers of European Portuguese in The Netherlands, who have achieved low/intermediate proficiency in Dutch, their L2. Contrary to Dutch, European Portuguese is a null subject language where discourse pragmatic factors (+/- topic shift, etc.) determine the choice between overt and null subjects. L1-speakers of European Portuguese with Dutch as L2 appear (a) to make more use of overt subjects in contexts where this is not required by discourse, and (b) to topicalize (locative, temporal) predicatives without stressing them. This is quite natural in Dutch, but sounds odd in European Portuguese. The goal of this paper is to explore how to analyse utterances under (a) and (b) in a qualitative way. The ultimate aim of this study is to establish whether a deviant use of overt subjects by L1-speakers of European Portuguese with Dutch as L2 can be an instance of first language attrition at the interface between syntax and pragmatics, as proposed by Tsimpli, Sorace, Heycock & Filiaci (2004). References Barbosa, Pilar, Maria Eugenia L. Duarte & Mary M. Kato (2006) Null subjects in European and Brazilian Portuguese. In: Journal of Portuguese Linguistics 4, 11-52. Schoenmakers-Klein Gunnewiek, Marian (1989) Structural aspects of the loss of Portuguese among migrants: A research outline. In: ITL. Review of Applied Linguistics, 83-84, 99-124. Schoenmakers-Klein Gunnewiek, Marian (1998) Taalverlies door taalcontact? Een onderzoek bij Portuguese migranten. Studies in Meertaligheid 10. Tilburg: Tilburg University Press. Tsimpli, Ianthi, Antonella Sorace, Carline Heycock & Francesca Filiaci (2004) First language attrition and syntactic subjects: A study of Greek and Italian near-native speakers of English. In: International Journal of Bilingualism, vol 8, no. 3, 257-277. 23 Vanderschueren, C. O uso de traduções na investigação linguística Aplicação às orações iniciadas com para Certos estudiosos vêem nas traduções um recurso metodológico que permite investigar fenómenos linguísticos numa dada língua, apesar da eventual interferência da línguafonte na língua-alvo. Nesta contribuição apresento brevemente algumas propostas para o uso de traduções como recurso metodológico na investigação linguística. Estes estudos limitam-se principalmente a investigações de cunho semântico-lexical (por exemplo Aijmer & Simon-Vandenbergen 2006, Dyvik 1998). No objectivo de estender a aplicação deste método ao âmbito da sintaxe, em particular o estudo do infinitivo português, analisei um corpus tradutivo de orações infinitivas e finitas introduzidas pela preposição para em espanhol e português, como nas frases seguintes: (1) ¡Haz tus deberes para que obtengas buenos resultados! (2) Vamos à escola para aprendermos algo. A concepção do corpus, à base de romances portugueses e espanhóis com as respectivas traduções existentes, permite comparar os resultados do corpus tradutivo com os resultados do corpus paralelo (isto é, os textos originais). Os resultados convergentes de ambos os tipos de corpora levam a algumas conclusões interessantes acerca do estatuto da flexão e do sujeito explícito nas orações subordinadas finitas e infinitas em português. Concretamente, a flexão serve para assegurar a continuidade temática com um participante da oração principal, ao passo que um sujeito explícito aparece prototipicamente na subordinada quando este não co-refere com nenhum elemento da principal. Referências Aijmer, K. & A.-M. Simon-Vandenbergen (2006): Pragmatic Markers in Contrast. Amsterdam, Elsevier. Dyvik, H.(1998): A translational basis for semantics. In: S. Johansson and S. Oksefjell (eds.), Corpora and Crosslinguistic Research: Theory, Method and Case Studies. Amsterdam, Rodopi: 51-86. Vesterinen, R. (2006): Subordinação adverbial – um estudo cognitivo sobre o infinitivo, o clítico SE e as formas verbais finitas em proposições adverbiais do Português europeu. Doctoral dissertation. URL: http:// urn.kb.se/resolve?urn=urn:nbn:se:su:diva-817 (13/05/2006). Stockholm University. 24 Venâncio, F. Os anéis de soturno Sobre galeguismos e lusismos em espanhol Tanto o português como o galego sofreram uma vasta influência do léxico castelhano. Esse influxo foi muito particularmente de tipo ‘cultista’. A influência galega e portuguesa sobre o léxico castelhano é de ordem inteiramente diferente. Não só o número de vocábulos é muito modesto, como estão praticamente ausentes os cultismos, e até os simples adjectivos. Isto é, enquanto o português e o galego absorveram o castelhano como ‘língua de cultura’, o castelhano encarou sempre aqueles como ‘línguas exóticas’. Estudam-se aqui as influências históricas e estáveis sobre o espanhol estandardizado. Não se falará, pois, nem de interferências fronteiriças (como na Extremadura ou Andaluzia) nem de interferências idiolectais (de galegos ou portugueses exprimindo-se em espanhol). Os estudos conhecidos (Sá Nogueira: 1945, Salvador: 1967, Gómez Capuz: 2004) e o Dicionário da Real Academia Española atestam largamente o carácter ‘exótico’ dos empréstimos. Mas a minha investigação, baseada nas datações mais actualizadas e na observação das frequências, permitiu detectar um certo número de ‘cultismos’ de origem portuguesa ou galega em castelhano. O adjectivo soturno é um deles e encerra uma história que pode ser exemplar neste tipo de contacto linguístico.