Chloroform Chloroform

Transcrição

Chloroform Chloroform
Chloroform
Capitulo
Capitulo 01
01
As pedras frias faziam silêncio naquela madrugada, com exceção do barulho da água que
caía e os passos de metal. O subterrâneo do castelo era um local sujo e gélido. Estava conectado
ao canal da cidadela, por isso, era também um local úmido e pouco agradável. Poucas pessoas
andavam por aquelas bandas, exceto os soldados que faziam a ronda noturna. Mas eles estavam
cansados e tensos, uma terrível guerra civil mudara suas rotinas. E naquela fatídica noite, eram
apenas dois.
- Ah, não agüento mais! - reclamou um deles, chamando a atenção do outro que se virou
para ouvir – Nós estamos aqui em baixo tomando conta desse lugar lodoso enquanto a batalha
está a todo o vapor lá em cima!
- Mas do que está reclamando? Lá em cima não é o nosso lugar; deveria estar contente de
servir para algo mais além de sujar o pátio do castelo com suas tripas! – rebateu – E a propósito,
não estamos aqui à toa. Esse canal, há alguns anos, foi o motivo da queda do Reino de Avinash.
Conta-se que existia uma passagem secreta que conectava a floresta do Leste a esta fortaleza.
Essa passagem foi usada para que o próprio Lorde Guorthigern penetrasse nas defesas de
Avinash e derrubasse seus inimigos, instaurando assim o Império de Savassa que conhecemos
hoje.
O outro soldado ficou em silêncio.
- E é por isso, meu ignorante colega, que nós temos que guardar esse “lugar lodoso” com
nossas vidas.
- Sei... – resmungou o outro – Mas me responde uma coisa então, “sabichão”. Se é tão
importante para a segurança do castelo... então, porque exatamente colocaram só duas pessoas
aqui?!
- Hãm... bem... Muito provavelmente, deve ser porque o Imperador não quer chamar a
atenção... E também... porque não tinha mais ninguém para vir pra cá...
O outro resmungou, mas tinham trabalho a fazer. Sem muito mais o que conversar, os dois
voltaram para suas devidas posições, em silêncio, mal sabendo que estavam sendo observados.
No alto, alguém se escondia nas sombras.
Vinte metros acima, acontecia uma verdadeira matança.
A chuva forte limpava o sangue dos que caíam ao chão, levando embora o cheiro de morte
que predominava próximo aos pesados portões do castelo. De ambos os lados lutavam homens
com couraças metálicas que lhes protegiam o corpo.
- ABAIXO O TIRANISMO DE MEGGION GUORTHIGERN! – berrou um dos invasores,
instigando seus companheiros à coragem. Contudo, essa bravura não o impediu de ser
trespassado pelo fio de uma espada reluzente.
O dono da espada exibia uma calma tão aterrorizante que muitos de seus inimigos fugiram
de sua presença. Alguns poucos se atreviam a dar-lhe combate, mas encontravam o mesmo fim.
- Capitão Pieter! – gritou um dos soldados imperiais vindo a seu encontro – A ala principal foi
contida, mas alguns dissidentes conseguiram invadir a Catedral. Quais são suas ordens, senhor?
O capitão ficou em silêncio por alguns segundos. Deu um leve sorriso antes de prosseguir.
- Como o esperado. Esses hereges receberão o castigo que merecem por intervenção
divina.
Dentro dos muros do castelo, três jovens subiam as escadas com muita pressa. Duas delas
usavam vestidos bem simples e parecidos, com um lenço na cabeça. O uniforme da criadagem.
Mas a terceira estava com sua figura escondida sob um pesado e escuro manto. As três entraram
num quarto espaçoso, ouvindo apenas o barulho da chuva lá fora.
- Elora, você é louca?! Se nos pegam aqui futicando as coisas da Imperatriz, vamos perder
as cabeças no próximo fim de semana! – disse uma das criadas, correndo atrás da misteriosa
garota.
- Se nos descobrirem. Se.
- Isso não está certo. – continuou a outra criada, agora olhando para os lados, cada vez
mais desesperada – Você vai acabar arranjando encrenca para todas nós, inclusive para o seu
padrinho!
- Muita calma, vocês duas. Eu já disse que só preciso conferir uma coisa antes de voltarmos
para a capela. Só quero olhar.
- Então seja rápida, por favor!
A moça se dirigiu até um baú muito bem lustrado e o abriu, concentrada. Revirou papéis até
achar um caderno com pedras incrustadas em sua capa.
Um sorriso surgiu em seu rosto escondido.
Enquanto se mantinha ocupada, uma das servas parecia um tanto inquieta. Olhou para o
corredor, como se esperasse por alguém.
Uma das velas dos corredores tremeluziu. Uma sombra estranha se aproximou.
- Cama real, esquerda, direita, esquerda. Quarta janela. Segunda gaveta. – sussurrou a empregada,
como que para o vento.
A sombra desapareceu.
- Como eu bem imaginava... – resmungou a jovem encapuzada com desgosto para a
pequena tranca que se encontrava na capa – Ela deve manter a chave consigo... – murmurou
perdida em pensamentos.
- Elora!
A jovem voltou à realidade com um suspiro de decepção.
- Está bem, vamos. – disse por fim, guardando tudo como tinha encontrado. Como se nada
estivesse passado por ali.
Apenas uma sombra.
Enquanto
caminhava
pelo
campo
de
batalha,
o
capitão
das
tropas
analisava
minuciosamente o resultado da empreitada: os invasores estavam completamente dominados. Ele
se dirigiu até um homem na casa dos cinqüenta anos, com barba longa e cabelos grisalhos, mas
que nem de longe poderia ser chamado de idoso. Tinha o físico invejável e cheio de presença,
jamais passando despercebido pelas pessoas ao redor. Assim como os outros soldados, também
havia se envolvido nas lutas e limpava a lâmina da própria espada nas vestes de um soldado
morto.
- Noventa e três é um número demasiadamente alto para uma invasão como essa. – disse
pensativo com uma voz potente, enquanto o capitão às suas costas se ajoelhava em reverência –
Concorda, Pieter?
- Os moradores da cidade devem ter dado suporte a isso, Majestade. Acredito que
abrigaram os dissidentes aos poucos para não chamarem a atenção, até o momento oportuno para
o ataque.
- Como sempre lendo meus pensamentos. – e se virou para encará-lo.
O Imperador era um homem glorioso. Mesmo Pieter, com sua tenez morena e olhos
dourados, físico forte e intimidador, não se comparava à figura majestosa de Meggion Guorthigern.
O governador de Savassa exibia um semblante de sabedoria e altivez que fazia jus ao seu cargo
de poder.
- Se bem o conheço, já terá tomado as devidas providências com os capturados.
- Sim, Majestade. Assim que forem todos reunidos, serão levados a interrogatório. Como o
senhor suspeitava, a Catedral foi o segundo ponto mais visado. A gaiola funcionou perfeitamente.
- Bom. Muito bom.
Na mais alta torre, o quarto do Imperador se destacava dos demais cômodos por uma
grande sacada. E ninguém notaria a presença de um estranho que escalava as paredes de pedra
da grande construção. Com vestimentas escuras, estava completamente camuflado na escuridão
da noite. Chegou até a sacada com um movimento gracioso de um profissional. Deslizou para o
interior do aposento olhando furtivamente ao arredor, se aproximando da cama de carvalho pesado
no centro do cômodo.
Esquerda, direita, esquerda.
Utilizou menos de um minuto para localizar e manusear o dispositivo debaixo da cama, que
com o soar de um clique, revelou uma passagem secreta na parede da mobília. Uma longa
escadaria se projetava para além da escuridão. E sem mais delongas, começou a subir os
degraus.
- Mas pelo Sagrado Criador! O que pensam que estão fazendo?!
O sacerdote da grande Catedral estava com os nervos à flor da pele com todo aquele
alvoroço na capela.
De fato, estava uma verdadeira confusão. Eram soldados imperiais correndo de um lado
para o outro, cercando seus oponentes como lobos correndo atrás de ovelhas. Uma grande jaula
dividia a catedral em duas áreas e cerca de vinte cabeças se encontravam na parte de dentro das
grades. Os poucos homens que escaparam da emboscada não se entregaram facilmente e
travavam um violento combate.
- Esta é a Casa de Yenros! Não é lugar para confrontos! – continuava o clérigo a reclamar,
ainda de roupão.
- Volte a dormir, reverendo. Isso logo acabará. – chegou a voz de Pieter a seus ouvidos,
fazendo o senhor de idade virar para trás.
- Capitão Pieter! O que significa essa bagunça em um lugar tão sagrado?! – reclamou o
velho andando com passos duros até o capitão – Esta deveria ser uma casa onde há paz de
espírito, e não guerras e derramamento de sangue!
- A igreja não é teto neutro onde os inimigos do império podem vir se esconder.
- Yenros não faz acepção de pessoas!
- Deixe o seu deus fora desse assunto. Isso não é uma questão de religião. – o sacerdote
congelou onde estava. Atrás de Pieter, entrou o Imperador Meggion.
O Grande Rei se aproximou dos dois sem sequer encará-los. Em vez disso, correu o olhar
pela sua armada e o cerco que formava ao redor dos dissidentes. Estes começavam a entregar
suas armas de guerra ao passo que muitos outros jaziam mortos no chão.
- Er... Majestade... – recomeçou o pároco, mas visivelmente acuado pela áurea de
intimidação que Guorthigern emanava – Por que...?
- Existe mais de um meio de se infiltrar no castelo. – respondeu o Imperador antes que o
sacerdote completasse a pergunta – Eu mesmo não tenho pleno conhecimento de todos os
caminhos secretos que existem para este fim. Esta catedral estava aqui antes mesmo da primeira
parede da fortaleza ser levantada. Alguém deve ter espalhado o boato de que ela possuía uma das
conexões. Mas é claro, essa notícia é falsa. Isso só induz a possibilidade de um traidor entre eles.
– e se virou para Pieter – Ele ainda deve estar vivo. Descubra quem é e sobre ordens de quem foi
iniciado esta invasão.
- Sim senhor. – e se afastou, dando ordens a seus subalternos para reunir todos os
prisioneiros daquele combate.
O imperador se virou para sair quando voltou o olhar para o clérigo, intrigado.
- Por que está usando pijamas de coelhos, homem?
- E-eu... hãm...
- Hm. Esqueça. Melhor não responder.
O caminho era estreito e apertado, e as escadarias não pareciam ter fim. Quando elas
finalmente terminaram, um espaço amplo encheu a visão do homem de negro. Existia um grande
salão acima do quarto do Imperador.
Iluminada apenas pela fraca luz do luar, o barulho agora era de um chuvisco que poderia
parar a qualquer momento. Diferentemente de qualquer cômodo organizado e aconchegante, este
era completamente entulhado com peças finas de várias épocas e lugares, banhado a ouro e prata.
O homem não se incomodou nem um pouco com aqueles objetos valiosos. Sua missão ali tinha
alta prioridade.
Quarta janela.
O sujeito camuflado contou as aberturas a partir de sua chegada e seguiu até um grande
armário de madeira nobre que se encontrava na parede oposta.
Segunda gaveta.
Abriu a porta com cuidado, como se esperasse por alguma armadilha. Olhou ao redor. Era
um simples armário para roupas. Esmeradamente trabalhado, era verdade, mas ainda assim,
apenas um armário. Puxou a segunda gaveta e uma caixa metálica iluminou seus olhos. Tocou a
caixa delicadamente com a ponta dos dedos, quase num ato de reverência, e trouxe-a para perto
de si.
Quando o peso da caixa finalmente pousou em suas mãos, escutou algo que o fez olhar
instintivamente para trás, num pulo.
Largou a caixa com rapidez, fazendo um estrondoroso barulho.
- Finalmente. Eu pensei que iria apodrecer aqui em cima de tanto esperar.
A voz vinha da escuridão, mas se aproximava. O som de passos metálicos revelou um
guerreiro que logo fora iluminado pelo lampejo de um relâmpago. Estalou os dedos, e os
candelabros próximos das janelas se acenderam. O intruso de preto colocou a mão direita
furtivamente para trás, enquanto a esquerda subiu para alcançar a espada da bainha presa ás
suas costas.
- De onde você veio? – continuou a voz por baixo do elmo - Não me parece ter vindo dos
Reinos do Norte. E essa sua espada... Eu nunca vi nada parecido.
O invasor continuou em silêncio.
- Você não é muito de falar, não é? Hmpf... Não importa. Assim que eu o levar à presença
do Imperador, você terá que lhe dar algumas respostas, obrigatoriamente. – e retirou a própria
arma, se preparando para o iminente duelo.
- Trinta e nove prisioneiros capturados, Majestade! – gritou um dos soldados.
Lorde Guorthigern andava com os braços para trás, analisando o rosto de cada um dos
rebeldes, agora sem elmos, dispostos em uma longa fileira. Seus cabelos e barba estavam
encharcados pela chuva e ele não parecia nada satisfeito.
Parou de frente a um rapaz muito jovem que o encarava com ousadia.
- Você não está com medo. – afirmou o homem com quase o dobro do tamanho do moleque
– Seus olhos me dizem que não teme à morte. É por isso que veio. Seus pais estão mortos e não
lhe resta mais nada a não ser a oportunidade de se juntar a um exército suicida como este, fingindo
que isso vingará seus parentes. – o jovem passou de irado a aterrorizado no momento que o
imperador terminou a frase. O homem corpulento se aproximou ainda mais e sussurrou – Vou lhe
contar um segredo. Nós temos muito em comum. Mas a singela diferença é que eu lhe concederei uma escolha...
Pieter observava de longe enquanto seu chefe conversava aos sussurros com um dos
prisioneiros. Deu um suspiro discreto. Ele já sabia o que estava para vir. Olhou para o alto
pensativo, e viu uma coisa incomum. Levou uma das mãos à testa para impedir a chuva de cair
diretamente em seus olhos. E viu.
- Algo errado, capitão? – perguntou em tom baixo um dos soldados imperiais ao seu lado.
- Um pássaro...
Seus olhos não estavam focados diretamente no animal. Eles percorreram o céu negro até
se deparar com uma torre, e no alto, algumas janelas tremeluzindo as chamas das luminárias com
movimentos rápidos. Movimentos de um combate.
Naquela mesma torre, o homem em metal e o estranho se atracavam.
O imperial avançou com ataques disciplinados e ligeiros em direção ao outro, que apenas se
defendia com sua lâmina, usando uma série de movimentos desconhecidos, que mais se
encaixariam em artes marciais misturados a alguma coisa a mais, com saltos e acrobacias
estranhas.
- Por que está fugindo de mim?! Lute como um homem! – reclamou o guardião ao ver que
seu oponente se concentrava em movimentos evasivos – Por acaso tem medo de ser torturado? E
o que é que você esconde debaixo dessa máscara?
O homem pulou uma, duas, três vezes. E o guerreiro continuou investindo. O outro,
perdendo espaço para seus saltos espetaculares, apoiou o pé na parede e por um momento,
literalmente subiu por ela como uma lagartixa, usando-a de suporte para pular sobre os obstáculos
que apareciam no caminho.
- Isso já está me irritando.
Em seu salto seguinte, invasor aterrissou em cima de um armário muito alto, olhando para
seu perseguidor com superioridade. Havia algo em sua mão que chamou a atenção do outro, pois
brilhava com a intensidade de uma lua cheia no céu.
- O que é isso? – indagou o imperial com surpresa - Sua mãe nunca lhe ensinou a não
mexer nas coisas dos outros?
O ladrão olhou para a janela.
- Não...! Nem se atreva...!
Tarde demais.
Com um pulo, o estranho se atirou em direção à janela, mas o soldado não deixaria sua
presa escapar. Correu em direção a ele. Entretanto, sabia que não chegaria a tempo.
Então aconteceu.
O guerreiro estendeu a mão direita empurrando um peso invisível com ela, e em questão de
segundos, uma onda de choque fez tudo à sua frente ser arremessado com uma violência
assustadora, apagando todas as velas. Peças frágeis e finas, o invasor e até mesmo mobílias
inteiras se juntaram a um só barulho de coisas caindo e se espatifando no chão. Sem conseguir
terminar o caminho, o objeto que estava nas mãos do homem de preto foi lançado para frente,
caindo no parapeito da janela.
Por muito pouco não fora lançado lá em baixo.
Pieter olhou para seu chefe ocupado e se dirigiu até a entrada do castelo, com passos
decididos. Dois soldados o acompanharam no trajeto.
- Olhem bem para esse jovem guerreiro, que assim como vocês, tomou a tola decisão de
invadir minha fortaleza nesta chuvosa noite. – disse Meggion Guorthigern com sua voz de trovão,
chamando a atenção de todos os cativos – Vocês todos possuem a coragem necessária que um
soberano admira e que desejaria para seu próprio exército. Mas nesta fatídica noite, eu não
concederei misericórdia àqueles que desejam destruir as leis e constituições estabelecidas nesse
Império! Por isso, o destino dos traidores estará nas mãos desse rapaz, que logo se arrependerá
de ter cruzado as linhas que separam a vingança da justiça, tendo de suportar o peso de suas
escolhas. – todos os olhares se dirigiram para o garoto, que assim como seus colegas, ficaram
cheios de terror – Cabe a esse jovem decidir quem perderá a cabeça pela manhã: se até o nascer
do sol ele não denunciar os mandantes desse ataque, todo o povoado será sacrificado até que o
real culpado seja identificado.
“Entretanto, delatando seus líderes, serão os corpos decapitados de seus companheiros que
apodrecerão em praça pública, para darem o exemplo de como as Leis do Império agem sobre
traidores.”
Vendo seu futuro prisioneiro nocauteado ao chão, o imperial voltou sua atenção para o item
roubado, caído ao parapeito da janela. Foi ao seu encontro e o segurou com uma das mãos.
- Eu não me lembro de ter visto isso por aqui antes. – murmurou – Por que alguém iria
querer roubar esse...
Não terminou a frase. Fora atingido pelas costas pelo adversário, que avançou sobre ele
com a velocidade e força de um touro enfurecido. Essa brutalidade fez o guerreiro de metal bater
com a cabeça na parede e perder a noção do espaço à sua volta. Puxou a espada para se
defender do golpe furtivo da lâmina inimiga, mas desorientado, tudo o que conseguiu foi fazer as
lâminas se chocarem com força, a ponto de sua espada quicar e ser atirada longe, junto a seu
elmo. Caiu mais uma vez, desacordado.
O invasor estava a ponto de desferir o golpe de misericórdia, mas um clarão de relâmpago
iluminou o cenário mais uma vez, revelando o rosto jovem do guerreiro.
E o assombro do ladrão foi tamanho, que por um segundo a voz lhe falhou.
- Não... Você não! – a voz saiu fraca, como um pedido de desculpas retraído. Recuou alguns
passos, se sentindo enjoado.
- PARE AÍ MESMO!
Olhou para trás e viu três soldados entrando na sala, correndo até ele. Rapidamente
recobrou as forças, sem tempo a perder. Puxou o objeto cintilante da mão do jovem desacordado e
pulou no parapeito da janela, atirando o item longe. Estava a ponto de pular, mas os imperiais o
puxaram pelas pernas bem a tempo, trazendo-o de volta para dentro.
O capitão Pieter correu até a janela, em busca do tesouro lançado. Foi surpreendido por
uma ave que lançou vôo com rapidez, carregando a relíquia entre as garras para bem longe. O
estranho começou a rir como um louco. Pieter se voltou a ele e puxou o capuz, revelando um rapaz
de cabelos bem negros e curtos, rindo como uma criança.
- Quem te mandou até aqui? – perguntou o oficial sem um pingo de paciência.
- Não importa mais. – e o encarou com muita ousadia – Depois dessa noite, tudo o que você
conhece está prestes a mudar. A Era dos Humanos está prestes a ruir. E depois da noite
tenebrosa, os verdadeiros donos deste mundo se levantarão como Deuses.
“E o Império conhecerá seu novo Rei.”
Copyright © Giovana Panoeiro, 2011

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