Escolas rurais no Brasil o retrato de Córrego do Ouro – GO

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Escolas rurais no Brasil o retrato de Córrego do Ouro – GO
Escolas rurais no Brasil o retrato de Córrego do Ouro – GO1
Levi dos Santos2, Dejane Paulino3, Gloria Dark Martins4, Kenia de Andrade5,
Edison Fernando Pompermayer6, Itamar Pereira de Oliveira7
Resumo: Esta pesquisa tem como proposta verificar a oferta do Ensino Fundamental para Crianças da Zona
Rural no Município de Córrego do Ouro, discursando teoricamente sobre como está o ensino na zona rural,
abordando ainda o povoado de Carmolândia-GO, tendo como foco principal as leis educacionais vigentes, bem
como autores renomados como: Bof (2006), Campos (2004), Freitas (1980), Fernandez (1999), Nepomuceno
(1994), Nagle (2001), Ribeiro (2001), Romanelli (1993), Saviani (2000) e autoras Correligionarias Santana e
Silva (2002) e pesquisa de campo, com a pretensão de diagnosticar as condições atuais dos alunos da zona
rural, suas famílias, coordenadores e professores, sem, contudo esgotar o assunto. Este estudo tem ainda a
intenção de despertar o interesse de pesquisadores e políticos, para os problemas da educação do campo,
existentes já na formação da base da educação rural no Brasil, colaborando para a existência das dificuldades
percebidas aqui como resultado deste estudo, na importância deste tipo de pesquisa para o ensino rural
brasileiro.
Palavras chave: Dificuldades. Educação Rural. Ensino. Escola.
Abstract: This research proposal is to check the quantity of elementary school to Children in Rural Area in the
City of Córrego do Ouro, and theoretically discuss how the education in rural areas is still approaching the town
of Carmolândia-Go, focusing on the main current education laws, as well as renowned authors such as: Bof
(2006), Campos (2004), Freitas (1980), Fernandez (1999), Nepomuceno (1994), Nagle (2001), Ribeiro (2001),
Romanelli (1993), Saviani (2000) and the authors from Córrego do Ouro Santana and Silva (2002). As field
research with the intention of diagnosing the current conditions of rural students their families, coordinators and
teachers were consulted without putting end the subject. This study also intends to awaken the interest of
researchers and policy makers to the problems of rural education, which are already in the formation of basic
rural education in Brazil, adding to the existence of the difficulties perceived here as a result of this study, the
importance his type of research for teaching rural areas. This study also intends to awake the interest of
researchers and policy makers to the problems of rural education, which are already in the formation of basic
rural education in Brazil, adding to the existence of the difficulties perceived here as a result of this study, the
importance of this type of research for teaching rural areas.
Key-Words: Difficulties.Rural Education. School. Teaching.
1
Artigo produzido para conclusão do curso de Direito da Faculdade Montes Belos (FMB).
Acadêmico do curso de Direito da FMB.
3
Acadêmica do curso de Direito da FMB.
4
Acadêmica do curso de Direito da FMB.
5
Acadêmica do curso de Direito da FMB.
6
Professor orientador da FMB.
7
Professor orientador da FMB.
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Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 3, Maio 2012
2
L. Santos et al.
1.0. Introdução
Escolas rurais no Brasil o retrato de Córrego do Ouro - GO
específica dos profissionais que provêm o ensino
nas escolas do campo e tendo em vista a
“Ninguém nasce educador ou marcado para ser
educador; a gente se faz educador; a gente se
forma como educador, permanentemente na
prática”.
Paulo Freire
imprescindível valorização das especificidades do
ambiente rural em relação ao ambiente urbano, bem
como a diversidade cultural e social que os
distingue, esta pesquisa se propõe a identificar os
saberes dos docentes das Escolas Rurais do
Nos últimos anos o Brasil tem buscado cada
Município de Córrego do Ouro - GO, buscando
vez mais consolidar-se no cenário mundial como
compreender como estes saberes são articulados às
grande produtor e exportador de produtos do
suas práticas pedagógicas. Bem como verificar o
agronegócio. A valorização do campo como setor
papel destas escolas rurais na formação histórica,
econômico proeminente não gerou, no entanto,
social e ambiental da comunidade de Carmolândia-
preocupação com a melhoria do ensino rural de
GO entrevendo assim analisar suas ações. Para
acordo com os dados do SAEB (2004).
tanto, tal investigação poderá aguçar a promoção de
Desta forma, juntamente com a constatação
discussões, estimularem a atualização profissional e
do SAEB (2004) e ainda com a experiência em
o processo de formação continuada, e ainda instigar
escolas rurais teve-se por base a inspiração para este
a busca de instrumentos teóricos a cerca da história
trabalho, cujo objetivo é investigar a problemática
e da sociedade, analisando o paradigma da escola
que envolve essa modalidade educacional. Pois,
rural, desde os jesuítas e seus valores para a
entende-se que a escola rural deveria ser um grande
sociedade brasileira especialmente a comunidade
campo de pesquisas científicas fornecedor de novas
campesina.
tecnologias e técnicas de manejo, bem como
ambiente privilegiado de capacitação de mão-deobra especializada, já que a grande riqueza do país
2.0. Um breve olhar histórico sobre a educação
rural no Brasil
está na zona rural. Entretanto a visão de muitos a
respeito do ensino rural entra em contraste com os
Sabe-se que a educação rural no Brasil
dados fornecidos pelo MEC/INEP de 2000 a 2006
sempre foi deixada em segundo plano, apesar da
os quais indicam que “foram desativados 23.174.00
grande maioria das pessoas viverem no campo.
estabelecimentos de ensino no campo, um dado
Uma das explicações para este descaso encontra-se
incômodo para um país que necessita desenvolver
no fato de que muitas pessoas de condições
especialmente nessa área”.
melhores que o restante da população mandava seus
Sendo assim, cientes da contribuição da
filhos estudarem fora do país ou pagavam um
prática da Educação ambiental nas escolas rurais,
professor particular para seus filhos. Aqueles,
levando em conta a necessidade de capacitação
entretanto, que não contavam com uma situação
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financeira semelhante, recebia pouca instrução, isso
exclusivamente na população analfabeta, pois
porque para os fazendeiros o ensino era visto como
crescia a necessidade de mão-de-obra qualificada
forma de ascensão social,não cabendo aos filhos de
para o trabalho, daí a mudança de mentalidade.
trabalhadores esse direito.
Pois, sabe-se que, antes da década de 30 a
escolarização era apenas para os homens públicos e
O entusiasmo pela educação e o otimismo
pedagógico, que tão bem caracterizam a década
de 1920, começaram por ser, no decênio
anterior, uma atitude que se desenvolveu nas
correntes de idéias e movimentos políticosociais e que consistia em atribuir importância
cada vez maior ao tema da instrução, nos seus
diversos níveis e tipos. [...] (NAGLE, 2001, p.
135).
Ao falar de otimismo pedagógico, Nagle
deixa claro que se tratava de uma situação
característica da realidade urbana, uma vez que a
sociedade brasileira da década de 20 enfrentava
sérios problemas, dentre eles o analfabetismo e o
desafio de estender a educação primária, como
obrigatória e de responsabilidade pública, em um
contexto de crescimento industrial.
Sobre o papel da educação nessa época:
ricos.
A respeito dessa mudança de mentalidade:
Apenas na década final da Primeira República a
situação vai ser alterada com o aparecimento do
“técnico” em escolarização, a nova categoria
profissional; este é que vai daí por diante tratar,
com quase exclusividade dos assuntos
educacionais.
[...]. De qualquer modo, a estratégia de luta se
altera e, com isso, o antigo ideario que
supervalorizava a escolarização dá lugar a um
conjunto de princípios relacionados com as
questões de ordem política, econômica e social.
Nesse conjunto, o tema da escolarização ocupa
um lugar sem muito desataque e, ao mesmo
tempo, se apresenta muito restrito quanto ao seu
conteúdo (NAGLE, 2001, p. 136).
Assim a história do ensino rural no Brasil
Speyer (1983, p. 19) pondera que “a sociedade
brasileira nasce no meio rural: é neste meio que ela
surge e se organiza”. Entretanto este mesmo
[...] a escolarização é tida como um dos
elementos do subsistema cultural, portanto, um
elemento que deve ser analisado e julgado em
combinação com os demais elementos da
cultura brasileira, e com as condições da
existência social definidas na exposição dos
setores político, econômico e social. Aceitandose a idéia de que a sociedade brasileira do tempo
passa de uma “sociedade fechada” para uma
“sociedade
aberta”,
torna-se
necessário
identificar o papel que a escolarização
desempenhou, no sentido de favorecer ou
dificultar a passagem (NAGLE, 2001, p. 133).
ambiente rural recebe poucos investimentos e dia
após dia se testemunha o fechamento de escolas ou
seu funcionamento em situações de decadência.
Sendo assim, ao longo das décadas, a
história da educação no Brasil tem mostrado que
esteve a serviço do poder dominante, e aos filhos de
camponeses restava apenas à educação em classes
multisseriadas, onde os alunos estudavam todos
Neste instante a educação toma outra
juntos, mesmo que cursando séries diferentes. Hoje
dimensão após a década de 30, uma vez que o
ainda existem locais com práticas e metodologias
modelo vigente agroexportador passava por um
semelhantes.
processo de transformação, fato este ligado à
industrialização. O problema já não se centralizava
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a redução dos salários dos professores e o
fechamento de diversas escolas.
2.1. A educação rural em Goiás
A educação em Goiás inicia-se no mesmo
Percebe-se assim, claramente que em Goiás
período em que a mineração do ouro na região foi
a educação não era prioridade, pois, um Estado que
impulsionada no século XVII. Uma vez que a
pensa que conter gastos públicos é reduzir salários
mesma também não era prioridade dos governantes,
dos professores, que já ganhava pouco ou fechar
pois o interesse girava em torno da exploração do
escolas é mesmo uma despautério. Desta forma, é
metal em solo goiano bem como o de outros
visível que a educação da classe popular ou
minérios.
educação nacional não era considerada como algo
Na capitania de Goiás os padres representavam
a parte mais culta da sociedade. Os primeiros
professores públicos chegam nessa região
somente em 1788, sendo três professores de
primeiras letras para Vila Boa (cidade de
Goiás), Meia Ponte (Pirenópolis) e Pilar, dois de
latinidade e um de retórica. A primeira escola
aqui fundada data de 1787, estava localizada na
atual cidade de Pirenópolis. A segunda escola
foi criada em Santa Luzia, atual cidade de
Luziânia. No final da primeira década do século
XIX, em todo território goiano, existiam apenas
quatorze professores, sendo a maioria presentes
na capital Vila Boa (PALACIN, et al. 1995, p.
134).
Assim a educação em Goiás não foi
diferente do resto do país, isso porque inicialmente
estava voltada para a educação religiosa. E quando
essa não era dada pelos padres religiosos, era
importante, já que os filhos dos grandes fazendeiros
estudavam fora.
Em relação à educação nas fazendas em
Goiás:
A fazenda Dumbazinho recebeu instruções para
que os meninos aprendessem a indústria pastoril
e a catequeses, para que depois que voltassem as
suas aldeias, ensinasse aos seus irmãos os
conhecimentos industriais, além de servirem de
interpretes entre os cristãos e suas tribos. [...]
Para facilitar a catequese, criaram-se os
aldeamentos no século XVIII, com o objetivo,
dentre outros, de programar as escolas para
ensinar a ler e escrever, aprender a religião e a
língua dos portugueses.
As meninas aprenderiam a fiar, tecer e coser, já
os meninos ocupariam de ofícios como o de
carpinteiro e ferreiro e cuidados com a lavoura e
pecuária, destinados também aos adultos
(VALDEZ, 2002, p. 59).
ministrada por professores sem qualificação e o
governo não
colaborava para sua melhoria,
reduzindo os salários dos professores.
Percebe-se pela fala da autora que, a
implantação da educação rural em Goiás tinha
duplo sentido, ou seja, tanto servia a educação
Nessa linha de pensamento Palacin et al.
(1995, p. 134) continua enfatizando como era vista
a educação em Goiás dizendo:
voltada ao catolicismo quanto aos interesses dos
grandes fazendeiros. Sem contar que a educação era
voltada para as funções menos importante, visto
que, nesse século a educação era vista como algo
Para piorar ainda mais a educação em Goiás, no
início do século XIX, em decorrência da política
governamental de contenção de gastos públicos,
o então governador da capitania Francisco de
Assis Mascarenhas, o Conde de Palma, ordenou
desnecessário para os filhos das classes pobre.
Conclui-se assim que, a educação rural em
Goiás não teve como em outros estados, uma
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grande importância, já que, a falta de investimentos
A cidade de Córrego do Ouro está localizada
e a vontade política sempre prevaleceram em
a 162 quilômetros de Goiânia, e de acordo com o
relação ao assunto. Como já foi colocado na
censo de 2010, conta com aproximadamente 2.632
introdução, estudar a educação rural é o foco
habitantes. Situada próxima aos municípios de
principal deste trabalho, mas não a educação no
Buriti de Goiás, Fazenda Nova, Sanclerlândia, São
âmbito geral, mas sim, a educação rural em
Luís de Montes Belos e Mossâmedes, Córrego do
Carmolândia que é um povoado da cidade de
Ouro concentrando cerca de 50% de sua população
Córrego do Ouro.
na zona rural e integra a microrregião de Iporá,
como se pode observar no mapa abaixo:
3.0. História e educação em Córrego do ouro GO
Figura 1 - Localização geográfica da cidade de Córrego do Ouro.
improvisaram uma igreja, e daí em diante foram
Suas origens remontam ao período de 1934
que contaram com os esforços do Padre Alexandre
Pereira. Suas excelentes terras e a construção de
uma ponte sobre o Rio Fartura favoreceram a vinda
de várias famílias com vistas à agropecuária. Para
acelerar o desenvolvimento urbano, foi efetuada a
doação de uma gleba para a formação do
patrimônio,por
Benedito
Cordeiro
de
Paula,
Benedito Cordeira da Silva, Benedito Abadia
Monteiro, Antônio Jacó de Araújo, Augusto e Ivo
Pires
de
Faria. Em
torno de
um
surgindo às primeiras moradias, com predominância
de elementos ligados à agricultura e à pecuária.
Crescendo gradativamente, em seis de outubro de
1948 o povoado passou a distrito da Cidade de
Goiás, pela Lei Municipal nº 6 da Câmara
Municipal de Goiás. A autonomia foi concedida
pela Lei Estadual nº 776, de 24 de setembro de
1953, instalando-se o município em 1º de janeiro de
1954, desmembrando-se da Cidade de Goiás. Seu
nome está ligado ao córrego de igual nomenclatura,
rancho,
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que banha o município e o acréscimo “ouro”
local”. Ao final dos anos cinqüenta, foi eleito o
relembra o metal de dali era extraído.
senhor João Camilo do Couto, o qual governou até
1961. Neste mesmo ano, José Ferreira Morato
Com a transformação de Córrego do Ouro em
distrito, a comunidade passou a viver um
período de euforia. O progresso precisava
acontecer. O povoado aumentava, com o
surgimento do comércio e das escolas. [...] na
alma do povo havia a vontade de progredir e
começaram a surgir, então, as primeiras idéias
de emancipação. Córrego do Ouro precisava
marcar presença entre os municípios goianos. E
foi com esse espírito que o povo se mobilizou
para a luta em prol da independência do
município. Em 1950, Córrego do Ouro já
contava com uma população aproximadamente
nove mil habitantes [...] (SANTANA & SILVA,
2002, p. 41).
assumiu a prefeitura, e logo de início assinou um
Foram anos de busca incessante pela
filhos a ler a escrever, visando com isso à
emancipação do distrito, marcados por diversas
manutenção dos negócios da família, ou seja,
manifestações e lutas para que o distrito passasse à
assinar o nome e a se ocupar com a contabilidade
condição de município. Tal fato se concretizou com
dos negócios familiares. Desta forma, a educação
a Lei nº. 776/53, conforme recorte do Diário Oficial
formal era privilégio dos filhos de quem tinha mais,
do Estado nº. 6.971, de 12/11/1953:
isso porque o Estado não assumia a educação, e os
convênio entre a prefeitura e o DERGO. Além
disso, construíram as escolas das regiões de Cana
Brava, Cedro e Espírito Santo e o cemitério
municipal.
Sabe-se que desde os primórdios da
humanidade, sempre houve a idéia de uma
educação para a elite e para as classes mais baixas.
E os pais se preocupavam apenas em ensinar os
pais que tivesse vontade de ensinar um pouco mais,
Lei nº. 776/53, cria o município de Córrego do
Ouro e dá outras providencias. A Assembléia
Legislativa do Estado de Goiás decreta e eu
promulgo a seguinte Lei:
Art. 1º - fica desmembrado do município de
Goiás e eleva à categoria de município, o atual
distrito de Córrego do Ouro.
Art. 2º - o município de Córrego do Ouro
constituirá Termo de Comarca de Goiás.
Art. 3º a sede do município será a atual Vila do
Córrego do Ouro, a que se confere o título de
cidade.
Assim,
em
1955
o
senhor
Belmiro
Alexandrino da Costa foi eleito como prefeito da
cidade, administrando-a até 1959. Nesse período, a
cidade cresceu bastante, como relata Santana e
Silva (2002, p. 51), “diversas repartições públicas
foram criadas, entre elas uma agência postal
telegráfica, e instalaram-se as sedes da Prefeitura,
da Câmara Municipal, da coletoria e da Delegacia
pagavam professores para trabalharem dentro da
sua própria casa. E em Córrego do Ouro não era
diferente. Segundo Santana & Silva (2002, p. 81),
“o primeiro professor particular a chegar à região
foi o Sr. Domingos [...] que ministrava as aulas na
casa de Alexandre Jacob para os filhos destes”.
É importante ressaltar que, a construção de
escolas em alguns locais incentivava a procura pelas
mesmas, pois a visão do então prefeito era difundir
o ensino o que não era muito comum em Goiás.
Percebe-se que, sua visão era voltada para uma
educação rural, pois ao construir as escolas nesses
locais além de educar, deixava claro que as pessoas
não precisariam sair do seu local para levar os filhos
para a cidade de Córrego do Ouro. Pode ser que
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esse seja o motivo da grande maioria da população
Essa escola permanece funcionando devido a
até hoje concentrar-se na zona rural. Percebe-se que
questões políticas, pois a família do Sr. Clarimundo
a visão do então prefeito era bastante inovadora, já
o fundador da escola atua constantemente na
que tinha a preocupação que não era comum em
política local.
Goiás, preocupar-se com a educação para ajudar as
pessoas ficarem no local onde viviam.
As comunidades vizinhas à cidade de
Córrego do Ouro começaram a se preocupar
O Povoado de Carmolândia foi escolhido
também com a educação de seus filhos e fundaram
para o estudo, por querer conhecer um pouco mais
outras escolas na zona rural. Mas foi na gestão de
sobre a educação local, já que sempre foi
José Ferreira Morato, que foi criada a Escola
incentivada pelos prefeitos no decorrer da história.
Municipal Bananal, situada à esquerda da rodovia
A partir da emancipação do município, que data de
Córrego do Ouro – Fazenda Nova e teve início das
1954 foram oficializadas as escolas municipais. As
suas atividades em 1966. No entanto, não existe
escolas citadas a seguir estão todas inseridas no
registro da mesma, pois um incêndio queimou toda
município de Córrego do Ouro.
documentação referente a essa escola.
A Escola Municipal Boa Vista foi construída
A Escola Municipal Lageado foi fundada em
no mandato do prefeito Belmiro Alexandrino da
1967 e teve como seu primeiro professor o Sr. João
Costa, situada às margens do córrego Confusão, na
Evaristo Sobrinho e fica a margem do Córrego
Fazenda de João Moitinha, a mesma iniciou suas
Lageado. Todas as escolas citadas acima foram
atividades em abril de 1954 e teve como primeiro
fechadas no ano de 2001, primeiramente por
professor Constantino Veloso dos Santos.
incentivo do então prefeito da cidade de Córrego do
A Escola Simão Vaz, situada na fazenda de
Ouro e também porque já não havia tantos alunos
mesmo nome do Sr. Augustinho Simão Vaz, foi
na região, já que, a maioria das pessoas se
fundada em 1954, sendo que esse local onde situava
deslocava para a cidade ou então para outro país, ou
a escola se tornou um pequeno povoado, mas
seja, a causa maior é o êxodo rural. A causa do
mesmo sendo dentro de um povoado a escola não
abandono da zona rural e o deslocamento para a
resistiu e fechou.
cidade de Córrego do Ouro e também para outras
A Escola Reunida Cedro, foi fundada em
cidades vizinhas é uma das conseqüências do êxodo
1962, e ficava localizada na Fazenda Cedro,
rural, pois além do incentivo do então prefeito em
pertencente
retirar as crianças das escolas rurais e levá-las para
à
família
Pereira,
fazenda
de
propriedade do Senhor Divino Pereira.
A Escola Estadual de Carmolândia foi
a cidade temos também os movimentos que
ocorreram no país nos séculos XIX e XX. Essa
fundada em 1964 e está localizada no povoado de
retirada das crianças incentivou os pais a mudarem
Carmolândia, sendo que a mesma é a única que
para as cidades para não ver seus filhos usarem
permanece funcionando até hoje e com 85 alunos.
transporte escolar mal conservado e também
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percorrerem grandes distancia para chegarem às
isso ocasiona um problema muito grande que o país
escolas dos centros urbanos.
tem enfrentado desde a década de 70, o êxodo rural
“A educação no meio rural”:
[...] a educação rural oferecida tem sido
criticamente analisada como um instrumento de
reprodução e expansão da estrutura agrária.
Argumenta-se que a educação oferecida à
população do meio rural é uma educação em
que predomina uma concepção „urbana‟ de vida
e desenvolvimento, em que não há uma
valorização da cultura, do modo de vida, dos
valores e concepções do homem e mulher do
campo, como se a vida e a cultura do campo
estivesse condenada a extinção ou fosse de
inferior qualidade (BOF, 2006, p. 75).
que já foi discutido anteriormente.
4. 0.
A oferta do ensino fundamental para
crianças da zona rural no município de
Córrego do ouro.
Para que uma escola seja considerada rural
não basta apenas localizar-se em um espaço
geográfico diferenciado do urbano. Deve antes
apresentar outras características, o que levou o
Desta forma, percebe-se que, a educação
oferecida na zona rural e na zona urbana no
IBGE a definir esta modalidade de escola da
seguinte maneira:
município de Córrego do Ouro, corrobora a fala da
autora, pois, os conteúdos ministrados na escola são
os mesmos trabalhados em qualquer parte do país,
ou seja, a matriz curricular já vem pronta e os
professores colocam-nas em prática.
O art. 28 da LDB 9394/96:
[...] pouco dessa legislação foi colocada em
prática. Embora tenha colaborado para que as
constituições dos Estados determinassem a
adaptação dos currículos e calendários as
características e necessidades das regiões, pouco
deles especificaram e programaram com mais
detalhes sua política de educação na área rural,
dissociada de uma visão urbana de educação
(BOF, 2006, p. 74).
As escolas do campo são aquelas que têm sua
sede no espaço geográfico classificado pelo
IBGE como rural, assim como as identificadas
com o campo, mesmo tendo sua sede em áreas
consideradas urbanas. Essas últimas são assim
consideradas porque atendem a populações de
municípios cuja produção econômica, social e
cultural está majoritariamente vinculada ao
campo (BRASIL, 2007, p. 27).
De acordo com a classificação do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a
escola de Carmolândia, que fica no município de
Córrego do Ouro se enquadra como rural, pois além
de estar inserida num povoado, atende às crianças
advindas do campo. O estabelecimento em questão
Por isso é importante que cada professor
tenha consciência de que, cada grupo de alunos é
diferente e deve ser respeitada, e acima de tudo
deve-se ter atenção redobrada com os alunos
advindos da zona rural, para que eles não tenham
uma visão distorcida do seu meio e leve-os a
atende 85alunos, utiliza os serviços de pessoas com
formações diversificadas, entre elas: pedagogia,
letras, história, normal superior, e nível médio,
como magistério, pré-formação e contabilidade,
além de contar com duas merendeiras que também
fazem o serviço geral.
buscarem as cidades e saírem do meio onde vive,
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Como já foi apresentado em nossa pesquisa,
A
diferenciação
que
caracteriza
a
um dos grandes problemas da educação do campo
organização do corpo docente de Carmolândia faz
concentra-se na formação dos professores. De
com que os profissionais desta escola se adaptem
acordo com Bof (2006, p. 35) “O nível de
mais rapidamente às orientações da LDB
escolaridade dos professores revela, mais uma vez,
9394/96, que determina que os professores devam
a condição de carência da zona rural”. No ensino
ter o ensino superior completo ou em fase de
fundamental de 1ª a 4ª série, apenas 9% apresentam
conclusão até o ano de 2010 para estarem em sala
formação superior, enquanto na zona urbana esse
de aula.
contingente representa 38% dos docentes.
Na Escola Municipal de Carmolândia a
situação apresenta-se de forma diferenciada, já que
90% dos professores possuem nível superior, com
exceção de alguns que trabalham fora da área de
formação. No Ensino Fundamental, todos os
profissionais são formados em pedagogia. Percebe-
De modo geral, o universo da educação no
meio rural é ainda bastante marcado pela
presença das escolas isoladas multisseriadas que
possuem um único professor (a) para duas, três
e até quatro séries diferentes. Em 2002, 62% das
escolas primárias brasileiras e 74% das classes
de 1ª a 4ª séries estavam localizadas em áreas
rurais e 95% das escolas com apenas uma sala
de
aula
(aproximadamente
60
mil)
encontravam-se no meio rural (BOF, 2006,
p.71).
se que, essa formação ocorre pelo fato do povoado
de Carmolândia ficar próximo à cidade de São Luís,
Todavia, a descrição de Bof para a maioria
que é considerada uma cidade universitária, pois
das escolas brasileiras não se aplica totalmente na
além da Universidade Estadual de Goiás oferecer os
escola de Carmolândia, objeto da pesquisa, pois a
–
mesma, apesar de possuir salas multisseriadas
Laticínios,
agrega no máximo duas turmas na mesma sala, e as
Parcelada em História, Parcelada em Educação
outras de um total de oito são utilizadas apenas por
Física; a cidade conta também com a FMB –
uma turma. A afirmação de Bof quanto ao tipo de
Faculdade Montes Belos, a qual oferece diversos
educação ministrada no meio rural está em
cursos,
Contabilidade,
desacordo com a escola pesquisada, isso porque a
Enfermagem,
escola tem salas individuais e ainda mais, tem salas
Farmácia, Fisioterapia, cursos técnicos em Gestão
que atendem no máximo cinco alunos, isso devido
Ambiental, Tecnologia em Alimentos entre outros.
aos pais não aceitarem que os filhos sejam
Em Sanclerlândia, cidade vizinha à Córrego do
transportados para a cidade de Córrego do Ouro, já
Ouro, tem - se a UEG com os cursos de
que muitos moram longe da cidade e tem que passar
Administração e Licenciatura em Informática.
por um longo percurso de ônibus e estradas ruins
Pensa-se que daí vem o grande número de pessoas
para chegarem à escola, e, além disso, existem na
diplomadas.
escola pesquisada vários professores preparados e
cursos
de
Pedagogia,
português/inglês,
Direito,
Pedagogia
Zootecnia,
Tecnologia
em
Administração,
regular
e
parcelada,
Letras
formados para atender a clientela.
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Escolas rurais no Brasil o retrato de Córrego do Ouro - GO
A maioria dos alunos advém de classe
Carmolândia para estudarem. Só que podemos
econômica de poder aquisitivo baixo sendo
verificar divergências na fala do MEC e na
composta de filhos de moradores de fazenda, sítio,
realidade vivida pelo município pesquisado, já que
chácara e povoado. Para atender a demanda local a
a escola é bastante adequada para receber as
escola funciona com os turnos matutinos e
crianças.
vespertinos. Desta forma, muitas dificuldades são
enfrentadas pelos alunos no trajeto de suas casas até
4.1
A escola da zona rural: o olhar dos
a escola. Segundo a coordenadora da Escola
coordenadores, educadores, educandos e
Municipal de Carmolândia, Célia Maria Rosa
pais de alunos.
Cavalcante Prudente, um dos principais problemas
está relacionado ao transporte escolar. Geralmente
A fim de analisar como o ensino rural está
utilizam-se ônibus, os quais devidos às más
sendo ministrado no município de
condições das estradas quebram com freqüência e
Córrego do Ouro com o propósito de verificar até
precisam de constantes reparos.
que ponto a educação do campo relaciona-se com a
Tal situação repete-se em diversas regiões
urbana, realizou - se uma pesquisa de campo com a
do país, e tem constituído tema de discussão em
coordenadora do estabelecimento, professores que
congressos e seminários brasileiros, como o
atuam na escola rural, bem como com alunos e seus
verificado pelo Ministério da Educação e Cultura
pais.
(MEC 2004):
Segundo
a
coordenadora
da
Escola
Municipal de Carmolândia, Célia Maria Rosa
No ano de 2004 ocorreu a II Conferência
Nacional por uma Educação do Campo
(IICNEC) organizada por Movimentos Sociais,
Movimento Sindical e Organizações Sociais de
Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo e da
Educação; das Universidades, ONGs e de
Centros Familiares de Formação por
Alternância. Na Conferência discutiu-se sobre o
campo e a educação, em especial a preocupação
com crianças e adolescentes que estão fora da
escola ou que estão em escolas inadequadas ou
que precisam ir à cidade para estudar e que a
cada dia se descobrem sem alternativas sociais
dignas de trabalho e permanência no campo.
Cavalcanti Prudente, em resposta a entrevista,
enfatizou que não são necessárias alterações no
calendário escolar, já que os alunos são crianças
pequenas e não trabalham na colheita e nem na
plantação das lavouras, também porque os pais dão
prioridades aos estudos dos filhos. O calendário
escolar é desenvolvido a partir da rede estadual com
o intuito do uso do transporte escolar atender todos
os alunos, já que a grande maioria usa o transporte
Percebe-se assim
que, as
dificuldades
para chegar até a escola. As atividades escolares são
verificadas na Conferência Nacional, ocorrem
de acordo com o meio que vivem sem perder de
igualmente na cidade de Córrego do Ouro, já que
vista o mundo lá fora, já as comemorações da
diversas crianças e adolescentes precisam se
escola
deslocar tanto para Córrego do Ouro quanto para
comemorativas
são
em
geral
do
focalizando
calendário
as
local
datas
e
as
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apresentações são de acordo com o meio em que as
as condições são restritas, fazendo com que as
crianças vivem, ou seja, o meio rural. Não existem
famílias migrem para os centros urbanos. Mas, em
estratégias
a
relação aos conteúdos trabalhados na zona rural, ele
atração/fascínio envolvendo a zona rural ou zona
revela serem os mesmos trabalhados na zona
urbana, pois ao trabalhar conforme a matriz
urbana, pois o currículo que seguem é o mesmo em
curricular advindo da rede estadual, a mesma dá
todas as escolas.
diferenciadas
oportunidade
de
para
flexibilizar
minimizar
os
conteúdos,
João Vieira da Mota tem 2º grau completo
adaptando-os ao meio em que a criança está
em Contabilidade e é também técnico em
inserida. A escola trabalha com alunos, cujos pais
Bovinocultura de Leite – UEG – Unu de São Luís
são preocupados com o desenvolvimento dos
de Montes Belos. Foi professor de português e
mesmos. Desta forma, alguns pontos que segundo
ciências, no período de 2005 a 2011 das turmas de
ela os pais vêem ser bom na escola de Carmolândia
6º ao 9º Ano, na Escola de Carmolândia, e
estão relacionados com o baixo número de alunos
argumenta
proporcionando um atendimento individualizado,
conhecimento e muita vontade de aprender. Ele
professores formados e alguns até pós-graduados e
atribui
conteúdos de acordo com os parâmetros e o meio
enfrentadas pelos pais dos alunos, que, no seu ponto
(zona rural). Daí o porquê da escola sobreviver por
de vista, motiva-os a se esforçar mais, tendo sempre
tantos anos e ser diferente.
em vista uma melhoria de vida, o que na maioria
Para Weder Alves da Silva, professor de
que
essas
os
alunos
características
têm
às
um
bom
dificuldades
das vezes significa para eles os valores da sociedade
português do sexto (6º) ao nono (9º) ano, da
urbana. De acordo com o entrevistado, os conteúdos
Escola Municipal de Carmolândia, formado em
ministrados
Letras
Universidade
diferenciando-se apenas a forma com que estes são
Estadual de Goiás - Unu - Jussara, a questão que
trabalhados. Esta metodologia diferenciada tem por
envolve a aprendizagem dos alunos da zona rural
objetivo não incentivar a busca pela zona urbana,
não se diferencia dos demais alunos advindos da
mas mesmo assim ela está presente, pensa-se que
zona urbana, devido à escola contar com salas de
daí venha o desejo incessante pelo meio urbano
aula com um número reduzido de alunos em relação
presente nos alunos advindos do meio rural, já que
à
processo
essa visão urbana de educação traz embutida a
ensino/aprendizagem. O interesse dos alunos da
contraposição entre o campo e a cidade. Um dos
zona rural em permanecer no campo é pequeno,
corolários deste pensamento é o tônico presente
principalmente se analisar a própria condição
entre os alunos que os leva a pensar numa educação
escolar que na maioria das vezes obriga esses
que privilegie tudo que está fora do local onde se
alunos a procurar novas oportunidades na zona
vive, cujo resultado final é o êxodo rural.
-
cidade,
português/inglês
o
que
pela
facilita
o
são
os
mesmos
da
cidade,
urbana, já que a visão elitista é presente. No campo
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Escolas rurais no Brasil o retrato de Córrego do Ouro - GO
Zilda Lopes de Araújo é formada em
Desta forma, fica evidente que a educação
Pedagogia e Pós - graduada em Língua Portuguesa
oferecida na zona rural deixa clara a visão urbana
pela UEG, Unu de Jussara, trabalha com o 5º ano
de educação. Seja por falta de adequação curricular
em Carmolândia. Enfatiza que os alunos pensam e
buscando fixar as pessoas do campo na terra como
agem da mesma forma que os alunos da zona
os próprios professores dizem fazer, ou pela falta de
urbana, apenas a escola da zona rural não tem os
incentivos, federal, estadual ou municipal de fixar o
mesmos recursos tecnológicos, como a informática,
homem na terra. Os professores deixam claro que a
que as escolas da zona urbana. No entanto, os
educação oferecida na zona rural de Córrego do
alunos são bastante esforçados e gostam de viver no
Ouro é algo diferenciado, pois todos os professores
campo. Os conteúdos ministrados são os mesmos,
que trabalham na escola pesquisada enfatizam que a
pois é entregue aos professores no início do ano
adaptação curricular é fundamental para a mudança
uma Matriz Curricular pronta e a escola deve segui-
de mentalidade dos alunos, mesmo que muitos não
la. Mas, é visível pela sua fala que ela faz
permanecem no campo, tem uma visão voltada para
adaptações em relação à forma de trabalhar,
a zona rural e muitos apesar de saírem à procura de
aproveitando o meio que as crianças vivem.
emprego nos grandes centros, outros em busca de
Percebe-se
escolas, voltam para o meio rural, outros fazem
a
preocupação
da
mesma
em
contextualizar a aprendizagem dos alunos, pois ao
fazer adaptações na Matriz Curricular se torna uma
facilitadora da aprendizagem.
cursos voltados para a área rural.
Para
não
finalizar,
sobre
o
trabalho
pedagógico dos professores no campo:
Veiguima Prudente de Oliveira e Silva
formada em Pedagogia pela UEG de São Luís de
Montes Belos é professora de geografia das turmas
de 6º ao 9º Ano, diz que os alunos com os quais
trabalha são oriundos das fazendas e do povoado, e
normalmente são muito educados e prestativos. Para
a educadora, a aprendizagem deles não deixa a
desejar em relação às escolas da zona urbana. Em se
tratando de conteúdos trabalhados, na zona rural,
ela opta pelo concreto. Mas, ela enfatiza que os
conteúdos são os mesmos, apenas faz adaptações na
Assim, por mais que se fale das possibilidades
de levar uma educação adequada para o meio
rural, concluímos que a educação brasileira, se
consideradas as necessidades e aspirações do
povo do meio rural, nunca se preocupou com
estes aspectos de modo explícitos. [...] o
planejamento educacional vem negligenciando a
educação no meio rural e, quando a atende,
impõe uma educação igual à planejada para as
zonas urbanas. Esta distância entre a teoria e a
prática tem como conseqüência duas tendências:
de um lado, um elevado índice de evasão dos
que não se interessam pela educação oferecida
e, de outro, um processo crescente de êxodo
rural, pois aqueles que ficam no processo só
poderão continuar os seus estudos ou realizar-se
profissionalmente
nos
centros
urbanos
(SPEYER, 1983, p. 72).
hora de trabalhar. Destaca ainda, que quando os
alunos vão crescendo, eles mesmos tomam a
O que se pode perceber é que existem
decisão de ir para a zona urbana, seja em busca de
políticas públicas voltadas para a fixação dos
estudos ou de trabalho.
mesmos no campo, mas que, quando colocadas em
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prática não privilegiam a questão educacional.
geograficamente nos moldes do ensino rural, na
Como os próprios professores descreveram os
prática transmite valores urbanos. E já que se
conteúdos não diferem daqueles ministrados na
analisa o olhar que os educadores têm a este
zona urbana, a matriz curricular não é construída
respeito julga - se relevante e oportuno ouvir as
coletivamente e já vêm elaborados pelos meios
diversas falas do principal objeto de estudos: os
oficiais, e assim os profissionais repassam esses
educandos da Escola Municipal de Carmolândia da
conteúdos, buscando contextualizá-los. Isso tudo
zona rural. Os entrevistados pertencem à faixa
leva os alunos a ter uma grande vontade de migrar
etária de cinco a 14 anos. A escolha dos mesmos
para as cidades já que esses são os valores
justifica-se pela facilidade que demonstraram em
privilegiados pela educação que recebem.
expor suas idéias. Verifica - se de perto a realidade
dessas crianças, que por falta de escolas no campo
[...] a educação rural oferecida tem sido
criticamente analisada como um instrumento de
reprodução e expansão da estrutura agrária.
Argumenta-se que a educação oferecida à
população do meio rural é uma educação em
que predomina uma concepção „urbana‟ de vida
e desenvolvimento, em que não há uma
valorização da cultura, do modo de vida, dos
valores e concepções do homem e mulher do
campo, como se a vida e a cultura do campo
estivesse condenada a extinção ou fosse de
inferior qualidade (BOF, 2006, p. 72).
capaz de proporciona-lhes o desenvolvimento e a
continuidade dos estudos, acabam se expondo a
todo tipo de dificuldades para chegar a uma escola
na cidade. E isso dificulta muito a aprendizagem,
como já foi colocado anteriormente. Desta forma,
em resposta ao questionamento obtiveram-se as
seguintes respostas: Edson da Silva Junior, aluno da
Desta forma, percebe-se que, a educação
escola em Carmolândia do 1º ano, de cinco anos,
oferecida na zona rural e na zona urbana no
disse que anda mais ou menos 30 minutos a pé para
município de Córrego do Ouro, corrobora a fala da
pegar o ônibus e quando chega à escola está
autora, pois, os conteúdos ministrados na escola são
empoeirado e muito cansado mas no entanto gosta
os mesmos trabalhados em qualquer parte do país,
de estudar e da sua professora.
Elder Junior Pereira Duarte, aluno também
ou seja, a matriz curricular já vem pronta e os
professores colocam-nas em prática.
da escola em Carmolândia, do 2º ano e de oito anos
Tendo em vista tal problemática, tem – se
de idade, diz que ele e a irmã vão de moto com o
optado também por analisar o ponto de vista do
avô ou de bicicleta. Afirma levar mais ou menos 20
corpo discente da escola pesquisada e avaliar o que
minutos de bicicleta, ou 5 minutos de moto e que
consideram a respeito da educação que recebem.
gosta muito de estudar, mas preferiria que a escola
A zona rural do município de Córrego do
tivesse
computadores
para
eles
aprenderem
Ouro, como foi dito, conta com cerca de 200
informática e não precisar ir à cidade, deixando
crianças que na sua grande maioria usa o sistema de
claro gostar do meio que vivem.
transporte escolar para chegar às salas de aulas, e
Jéssica Gregório Nunes, aluna da escola em
receber uma educação, que embora se enquadre
Carmolândia, do 1º ano, de apenas seis anos gasta
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cerca de 15 minutos para pegar o ônibus que os leva
Rafael Pereira de Sousa, aluno da Escola
para a escola. Diz que gosta muito de ir à escola,
Municipal de Carmolândia do 8º ano (14 anos),
pois lá vêem filmes, vão ao laboratório de
anda mais ou menos 30 minutos para chegar onde
informática
os
pega o ônibus, muitas vezes perde aula porque o
computadores, mas o que ela mais gosta é de estar
veículo quebra ou não conta com o petróleo
na escola, devido aos professores e aos colegas.
suficiente para levá-los. Tal problema, segundo ele,
da
cidade
aprender
a
usar
Layane Cris Victoria de Almeida, aluna do
4º ano (nove anos), mora no povoado de
dificulta muito a aprendizagem, pois de vez em
quando não consegue chegar à escola.
Carmolândia e não anda muito para chegar à escola.
Gilmagda Silva de Paula, aluna da Escola de
Gosta muito de estudar, das professoras e dos
Carmolândia do 8º ano (13 anos), vai à escola de
colegas, e acima de tudo de aprender sempre mais.
moto e não usa transporte escolar, no entanto gosta
Fanuel Carlos Alves Martins, aluno da
muito dos conteúdos ensinados e dos colegas e
escola Carmolândia do 8º ano (13 anos), vai à
professores. Para ela a escola está ótima, pois
escola dirigindo a moto da família. Tanto ele quanto
aprende muito nela.
a irmã Kássia Karlla (11 anos) gostam muito da
Segundo as falas dos alunos a educação em
escola de Carmolândia, comentam que a escola não
Carmolândia é eficiente, pois são unânimes em
dispõe de laboratório de computação, e tem por isso
afirmar que gostam da escola e dos professores. É
de serem levados a cada quinzena à escola de
perceptível que os relacionamentos estabelecidos ali
Córrego do Ouro, para terem aulas de informática.
e a prática pedagógica é diferenciada da realidade
Quanto aos conteúdos que aprendem na escola do
de outros municípios, citados pelo
povoado, consideram não haver diferença em
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Instituto
relação aos da zona urbana, se comparados às
É recorrente nas respostas dos educandos em
informações que troca com os outros colegas e
relação ao tipo de transporte utilizado por eles que,
amigos da Escola Municipal Ana Morato.
uns andam a pé, outros de moto, ou até mesmo de
Vanderlúcia do Carmo, aluna da escola de
bicicleta para chegarem à escola. Outro ponto
Carmolândia do 9º ano (14 anos), também usa a
bastante enfatizado é o sentimento que nutrem em
moto como transporte para chegar até a escola, mas
relação à escola, aos professores e ao ensino
quando o pai não pode levá-la, usa sua bicicleta ou
ministrado, mostrando que a escola tem alunos que
vai até mesmo a pé. A adolescente diz que gosta
gostam de permanecer ali e, quando tem que deixá-
muito da escola, pois sempre estudou ali, mas como
la por algum motivo, seja por falta de alunos, ou por
são poucos alunos, diz que de agosto em diante vão
não ter as séries do Ensino Médio, se sentem
para Córrego de Ouro terminar os estudos lá na
bastante apreensivos. Outra problemática suscitada
Escola Municipal Ana Morato e acha que é uma
é a do transporte escolar, além de ser precário ainda
pena, pois gosta muito da escola e dos professores.
tem alguns problemas em relação às verbas para
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abastecimento do mesmo e além das estradas serem
ali eram só parentes e que hoje há muitas mudanças,
ruins nos meses chuvosos e nos mesmos de poeira,
principalmente em relação à obrigatoriedade de
trazendo transtornos para os educandos, tais como:
possuírem graduação bem como os concursos, o
doenças, chegarem empoeirados e cansados na
que prima pela qualificação dos profissionais.
escola e isso, segundo os próprios educandos,
dificultam bastante à aprendizagem.
Assim a educação na zona rural tem passado
por várias transformações ao longo das décadas,
Após a realização da pesquisa de campo
mas ainda predomina uma concepção urbana de
com professores e alunos fez-se oportuno analisar a
vida e desenvolvimento. Esta concepção de vida é
fala dos pais de alunos que estudam na escola
evidente em várias circunstâncias, principalmente
pesquisada, isso para verificar a visão dos mesmos
na mídia, nos anúncios de jornais e revistas. Na
em relação à educação oferecida aos seus filhos. Em
educação em Carmolândia também não é diferente,
resposta à entrevista com pais de alunos que
principalmente em alguns eventos realizados na
estudam na escola da zona rural de Carmolândia
escola, tais como: festas, brincadeiras, o próprio
foram encontradas as seguintes colocações:
PPP (Práticas de Pesquisa Pedagógica) da escola. O
Sirleia Ferreira de Jesus Vieira, mãe de dois
Programa Curricular que já vem pronto e a escola
alunos na Escola Municipal de Carmolândia, diz
tem que executar, mas com ressalva, pois isso é
que fica muito preocupada com o transporte escolar,
mostrado no próprio documento da escola. Mas,
pois muitas vezes o seu filho não tem como ir à
também é importante frisar que a valorização da
escola porque a moto não está disponível. Com
cultura está presente no modo de vida do homem do
relação ao ensino considera-o de boa qualidade,
campo, na forma de vestir, de falar, enfim em
sem contar que pode morar na zona rural e o filho
muitos momentos, mas também existem aqueles
estudar perto. Para ela, o lugar onde vivem é muito
momentos que a visão de vida ideal é a da vida na
bom, pois tem a oportunidade de ter uma vida
cidade, principalmente quando os próprios alunos
melhor na fazenda e o filho estudar com professores
falam das novas tecnologias, computador, dando
qualificados.
tanta importância em ir à cidade de Córrego do
Carlos José Alves da Silva, pai de aluno da
escola de Carmolândia, considera que a escola da
Ouro, aprender a usar o computador ou fazer
pesquisa no mesmo.
fazenda é bem melhor, porque as crianças têm a
oportunidade de estarem mais próximas dos pais, do
5.0.
Considerações gerais
local onde nasceram acima de tudo. Ele diz que
gosta muito da escola, apesar de não ter estudado
O objetivo proposto nesta pesquisa foi
nela, mas cresceu aqui junto com seus familiares.
analisar a educação na zona rural de Córrego do
Gosta da escola porque foi seu avô quem a fundou e
Ouro partindo do que está nas legislações vigentes
diz que no começo os professores que trabalhavam
para a educação na zona rural e indo para uma
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pesquisa de campo. Para que esse trabalho fosse
razão da ineficiência do poder público, isso está
concretizado, foi necessária a realização de
enraizado nas decisões tomadas com base no
pesquisas em livros, sites oficiais e também uma
oportunismo, interesses políticos de cada época e
pesquisa de campo. Outro ponto que também
em pequenas crendices.
mereceu a atenção nessa pesquisa foi em relação ao
É assim que, no estudo da organização escolar
brasileira, atentando-se para sua contradição
interna e para seus elementos mediadores,
partiu-se da constatação do fato de ter a
sociedade brasileira, desde sua origem, uma
vinculação com o sistema econômico, político e
social capitalista mundial (RIBEIRO, 2001, p.
14).
currículo escolar da zona rural, isso foi possível
graças à análise da matriz curricular de história e
geografia, observando até que ponto, o mesmo
trabalha voltado para a visão urbana de educação e
desenvolvimento, ou se este está voltado para a
educação rural, valorizando o cotidiano dos alunos
Isso até hoje tem sua marca alojada na
da zona rural, bem como de suas famílias e
educação brasileira de norte a sul e os problemas
professores no município.
com o ensino rural no Município de Córrego do
Todo esse estudo só pode ser concretizado
Ouro é apenas uma extensão desta realidade.
por meio de recorte teórico onde se utilizou de
Percebe-se que, o ensino rural no município está em
autores renomados bem como de autoras naturais de
decadência, apenas não ruiu devido aos interesses
Córrego do Ouro Santana e Silva, que muito
políticos locais. No entanto foram detectados ainda
contribuíram para se chegar até aqui, ou seja, no
outros problemas que exigem certa urgência a busca
final dessa pesquisa. Para a realização dessa
de soluções. Problemas esses que são: alunos que
pesquisa adotou-se a abordagem qualitativa por
saem de casa muito cedo e percorrem longas
perceber que é uma forma mais precisa apresentar
distâncias a pé e às vezes sozinhas até o ponto de
as respostas à problemática, onde se observou os
ônibus e retornam muito tarde para casa, falta de
dados analisados, apresentando o significado que as
tecnologia que para os alunos é muito importante, e
pessoas dão às coisas relacionadas à educação no
apresenta
mundo contemporâneo. A metodologia utilizada foi
contextualização, mesmo
à bibliográfica onde se usou autores renomados e as
entrevistas percebe-se a preocupação tanto dos
legislações, que, foi de grande importância, pois
professores quanto dos coordenadores em trabalhar
enriqueceu muito os conhecimentos e pesquisa de
contextualizando os conteúdos ao cotidiano da zona
campo, onde foi possível entender como é a oferta
rural entende se, que ainda assim, fica a desejar,
educacional no município pesquisado.
visto que, o currículo é o mesmo trabalhado na zona
deficiência
em
termos
que por meio
de
das
Após o estudo de teóricos que trata da
urbana, isso é também importante, pois, a
educação rural ao longo dos tempos no Brasil e em
LDB9394/96 (BRASIL, 1996) no seu art. 28 prevê
Goiás, é possível concluir que a educação rural no
que não se pode mudar o currículo, porém deve ser
Brasil já tem nas suas raízes mais remotas parte da
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adequado a cada realidade sem prejuízo para o
os prefeitos buscaram fechar as escolas da zona
educando.
rural deixando apenas a de Carmolândia. Posto que,
Assim, como em outras localidades o
tais confirmações ao serem apresentadas não
sistema de transporte escolar apesar de precário,
esgotam de nenhuma forma o assunto, pelo
resolve parcialmente essa ausência da escola no
contrário desperta o interesse, pelo menos para os
campo para atender aos filhos dos trabalhadores
historiadores, de se aprofundar em tais questões tão
rurais, sitiantes e pequenos proprietários de terra, a
importantes para o desenvolvimento do município e
problemática é que esse transporte não apenas em
a nação. Colaborando para a existência das
Córrego do Ouro é deficitário, mas em todos os
dificuldades percebidas aqui como resultado deste
municípios,
dificuldades
estudo, encontram - se crianças maltratadas com o
tanto para as crianças quanto para os pais, que veem
excessivo esforço diário para chegar à escola, baixo
seus filhos saírem todos os dias, percorrendo
rendimento escolar, pais preocupados com a
grandes distancias para buscar uma aprendizagem.
situação dos filhos e professores sem saber muito
ocasionando enormes
Desta forma, conclui-se que, tanto as
que fazer.
crianças como os pais das mesmas segundo os
relatos na pesquisa de campo, apresentam um
6.0. Referências bibliográficas
fascínio pela cidade em detrimento ao campo,
motivados talvez pelo fato do ensino não for
contextualizado, conseqüentemente não há uma real
valorização dos espaços campo/cidade não dando a
essas crianças a capacidade de uma escolha
consciente. Isso também aconteceu na percepção de
alguns pais, porém com uma motivação diferente,
muitos confessaram o desejo de se estabelecer na
cidade para facilitar os estudos dos filhos por
entender que as escolas urbanas são melhores que
as escolas rurais.
Sendo assim, conclui se que a educação
rural no Brasil tem nas suas raízes mais remotas
parte da razão de sua ineficiência, estampando nos
processos paliativos e nas tomadas de decisões com
base no oportunismo e interesses de pequenos
grupos políticos, nesse caso não apenas locais, mas
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