o Por Que Creio - Nuevo Tiempo Perú
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o Por Que Creio - Nuevo Tiempo Perú
Este m anual foi disponibilizado em sua versão digitai a fim de proporcionar acesso à pessoas com deficiência visual, possibilitando a leitura por meio de aplicativos T T S (Text to Speech), que convertem texto em voz hum ana. Para dispositivos móveis recomendamos Voxdox (www.voxdox.net). L E I N° 9.610, D E 19 D E F E V E R E IR O D E 1998.(Legislação de Direitos Autorais) Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: I - a reprodução: d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita m ediante o sistema Braille ou outro procedim ento em qualquer suporte para esses destinatários; http://w w w .planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm http://w w w 2.cam ara.leg.br/legin/fed/lei/1998/lei-9610-19-fevereiro-1998-365399norm aatualizada-pl.htm l POR QUE CREIO D o z e pesquisadores falam sobre ciência e religião Michelson*Borges Direitos de publicação reservados à CASA PUBLIC ADORA BRASILEIRA Rodovia SP 127 - km 106 Caixa Postal 34 - 18270-970 - Tatuí, SP Fone: (15) 3205-8800 - Fax: (15) 3205-8900 Atendimento ao cliente: (15) 3205-8888 www.cpb.com.br 31edição 2* impressão: 2 mi! exemplares Tiragem acumulada: 16 milheiros 2013 Editoração: Neila D. Oliveira e Zinaldo A. Santos Programação visual: M. J. Bienemann Revisão Técnica: Mareia O. Paula (Núcleo de Estudos das Origens) Capa: Eduardo 01s2ewski IMPRESSO NO BRASIL/ Printed in Brazil Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasilein do Livro, SP, Brasil) Por que creio : doze pesquisadores falam sobre ciência c religião / |entrevistados por] Michelson Borges. - 2. ed. - Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010. Bibliografia. 1. Criacioiiismo 2. Evolução - Aspectos religiosos 3. Fé e razão 4. Religião e ciência I. Borges, M ichelson. II. Título: Doze pesquisadores falam sobre ciência e religião. 04-0439 ____________________________________________ CDD-215 índices para catálogo sistemático: 1. Ciência e religião 215 2. Religiáo e ciência 215 Todos os direiros reservados. Proibida a reprodução total ou parc ial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora. Tiptlogu: Opttmt, U M - 7797/28 ) >> - ISBN 97S-85-345-0836-0 Dedicatória Para minha esposa, Débora, e minhas filhas, Ciovanna e Mareei la, presentes do Criador Sumário • Introdução.............................................. • Filosofia criacionista.............................. Ruy Carlos de Camargo Vieira 7 18 • Problemas do evolucionismo............... Mareia Oliveira de Paula 42 • A arqueologia e a Bíb lia....................... Paulo F. Bork 61 • A grande catástrofe................................ Nahor Neves de Souza Júnior 72 • O projetista cósmico.............................. 97 Urias Echterhoff Takatohi • Uma fonte confiável........................... Siegfried julio Schwantes 112 • Em defesa do criacionismo................. 120 Euler Pereira Bahia • A obra do grande artista..................... Queila de Souza Garcia 125 •Vestígios de D eus............................... 136 Rodrigo Pereira da Silva • O milagre da vida............................... 147 Roberto César de Azevedo • A origem das etn ia s........................... 162 Orlando Rubem Ritter 9 A caixa-preta de Darwin..................... 1 79 Michael j. Behe 9 Digitais do Criador............................. 190 Textos criacionistas de Micheison Borges 9 Conclusão - A terra dos planos............219 "Uma coisa é desejar ter a verdade do nosso lado, outra é desejar sinceramente estar do lado da verdade." Richard Wh ateiy In tr o d u ç ã o » De onde veio tudo isso? " Houve no passado a tendência de pensar que religião e ciência nâo poderiam coexistir, o que é um fato totalmente errôneo." - Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, astrônomo (para a revista Sinais dos TemposJ Qual foi a última vez que você se deteve para observar as estrelas, numa noite escura de céu lim po? Lembro-me de que, quando criança, frequen temente ficava fascinado ao contemplar a imensi dão da abóbada celeste. Os milhares de pontinhos cintilantes sugeriam muitas interrogações à minha mente infantil. Mas a pergunta que mais me intriga va era: "De onde veio tudo isso?" Sentia-me minús culo diante de tamanha grandiosidade, ao mesmo tempo em que o pensamento de que Alguém devia ter criado tudo aquilo me trazia conforto. Por Que Creio • O tempo passou e hoje já não disponho de tanto tempo para contemplar o céu. Mas o pen samento de que o Criador do Universo cuida de mim ainda me traz conforto nos bons e maus momentos. É bom ver as digitais do Projetista Cósmico em tudo o que olho. "Os céus decla ram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das Suas mãos" (Salmo 19:1 NVl). As in contáveis galáxias com bilhões de estrelas, as minúsculas moléculas - o macro e o micro proclamam que há um Deus que tudo mantém e nos ama incondicionalmente. Mas há quem duvide disso, adotando um modelo materialista conhecido como teoria da evolução. No entanto, uma analogia mostra que o mo delo evolucionista pode não ser a maneira mais lógica de se explicar a origem da vida: vamos supor que estejamos andando pelas dunas de areia de uma praia, após uma rápida chuva. A certa altura de nossa caminhada, deparamo-nos com uma mensagem recentemente escrita sobre a areia molhada: "No princípio, criou Deus os céus e a terra" (Gênesis 1:1). Ninguém, em sã consciência, diria que o surgimento de tai frase sobre a areia foi obra do acaso. Entretanto, para os evolucionistas, a incrível e complexa mensa gem química do código genético, por exemplo, ..— —----------►• ♦— * Os átomos se combinam quimicamente para formaras moléculas. O dióxido de carbono, por exemplo, é um gás cujas moléculas têm um átomo de carbono e dois átomos de oxigênio. Uma substância como essa, que consisto de mais de uma espécie de átomos, é uni composto químico ou substancia química. • Introdução surgiu por acaso! As partículas de areia não con têm, em si mesmas, nenhuma mensagem. Mas elas podem armazenar uma mensagem, quando escrita sobre elas por alguém que tenha capa cidade intelectual para escrever. De semelhante modo, os nucleotídeos do DNA não contêm, em si mesmos, mensagem nenhuma. Mas eles são o "alfabeto" que permite armazenar uma qua se infinitamente complexa mensagem química que regula todos os processos vitais que acon tecem no organismo. A única conclusão lógica possível é que essa mensagem, sob a forma de código químico, foi escrita por uma Inteligência Superior, exterior à matéria e transcendendo o material. O criacionismo - que defende a criação do Universo por Deus - está além dos limites da ciência natural e, por isso, muitas vezes é com pletamente rejeitado como não científico pelos evolucionistas. No entanto, são esses mesmos evolucionistas que, para sustentar seu pensa mento e filosofia materialistas, negam a própria ciência, contradizendo o que está claramente demonstrado como uma impossibilidade cien tífica - a saber, a origem do código sem um codificador. Portanto, quer olhemos através de uma lu neta ou de um microscópio, podemos ver as digitais do Criador. Basta abrir bem os olhos e perguntar - como fiz em meus tempos de crian ça: "D e onde veio tudo isso?" Por Que Creio • Ciência x ciência Em livro recentemente publicado em por tuguês, o presidente da Federação Mundial de Cientistas, Dr. Antonino Zichichi, faz afirma ções bastante corajosas e nada convencionais no mundo científico. Segundo ele, há flagran tes mistificações no edifício cultural moderno e que passam, muitas vezes, despercebidas do público em geral. Eis alguns exemplos: Faz-se com que todos creiam que ciência e fé são inimigas. Que ciência e técnica são a mesma coisa. Que o cientificismo nasceu no coração da ciência. Que a lógica matemática descobriu tudo e que, se a matemática não descobre o "Teorema de Deus", é porque Deus não existe. Que a ciên cia descobriu tudo e que, se não descobre Deus, é porque Deus não existe. Que não existem pro blemas de nenhum tipo na evolução biológica, mas certezas científicas. Que somos filhos do caos, sendo ele a última fronteira da ciência. fóra Zichichi, a verdade é bem diferente. E a maneira de se provar a incoerência das mistifi cações acima consiste em compreender exata mente o que é ciência. Foi Galileu Galilei quem lançou as bases da ciência experimental. A grandeza desse físico e astrônomo italiano, para quem "o Universo é um texto escrito em caracteres matemáticos", não reside tanto em suas extraordinárias descober tas astronômicas, mas na busca de verificar se o resultado de experiências era ou não contrário à • Introdução ^ validade de determinadas leis. Rara Galileu, as teorias* deveriam ser testadas e os experimentos repetidos a fim de serem validados como teorias consideradas verdadeiras. Graças a ele, pôde-se fazer separação entre o imanente (o físico) e o transcendente (metafísico). Como dizia um dos pais da física moderna, Niels Bohr, resumindo o pensamento galileano, "não existem teorias bonitas e teorias feias. Existem apenas teorias verdadeiras e teorias falsas". Por isso, Zichichi afirma: "Nem a matemá tica nem a ciência podem descobrir Deus pelo simples fato de que estas duas conquistas do intelecto humano agem no imanente e jamais poderiam chegar ao transcendente."** Uma teoria como a da evolução das espécies, com tantos "elos perdidos", desenvolvimentos milagrosos (olho, cérebro, DNA, etc.), extinções inexplicáveis e fenômenos irreprodutíveis, não é ciência galileana. "Eis por que", diz Zichichi, "a teoria que deseja colocar o homem na mes ma árvore genealógica dos símios está abaixo do nível mais baixo de credibilidade científica. [...] Se o homem do nosso tempo tivesse uma cultura * * Em ciência, uma teoria é simplesmente uma afirmação geral que se usa para tentar descrever ou explicar algo. fàra ser chamada de teoria, a declaração deve ser apoiada por fortes evidências, que, no entanto, ainda não constituem prova. (Hipótese é algo semelhante a uma teoria, sem ainda nenhuma evidência real encontrada para apoiá-la.) ** Antonino Zichichi, Por Que Acredito Naquele que Fez o Mundo, p. 16 (Editora Objetiva). o Por Que Creio • verdadeiramente moderna, deveria saber que a teoria evolucionista não faz parte da ciência galileana. Faltam-lhe os dois pilares que permitiriam a grande virada de 1600: a reprodução e o rigor. Em suma, discutir a existência de Deus, com base no que os evolucionístas descobriram até hoje, não tem nada que ver com a ciência. Com o obs curantismo moderno, sim."* Premissas Em 1916, cientistas norte-americanos partici param de uma pesquisa sobre suas crenças reli giosas. A mesma pesquisa foi repetida em 1996. Surpreendentemente, houve pouca mudança nesses 80 anos. Em ambos os casos, cerca de 40% dos cientistas disseram acreditar em um Deus pessoal, 45% disseram não acreditar nisso e 15% não responderam.** É curioso observar que em quase um século, com o tremendo avanço da ciência, a crença (ou a falta dela) dos cientis tas tenha permanecido inalterada. Isso demons tra que, a despeito de alguns tentarem passar a ideia de que a ciência provou a inexistência de Deus, as coisas não são bem assim. Do contrá rio, não haveria sequer um cientista crente, pois eles se pautam pelo método científico. Esse tipo de pesquisa deixa claro que, por mais que se queira ignorar a realidade, especialmente ' * * * /ò/d, p. 81 e 82. ** Ariel Roth, "Inteligent Design", Perspective Digest, v. 6, n° 3, 2001 . • Introdução no que diz respeito ao modelo da evolução, as premissas e a filosofia de vida dos pesquisado res influem diretamente em suas pesquisas. Bom exemplo é o do geólogo e pensador evolucionista da Universidade de Harvard, Stephen Jay Gould. Ele era marxista (faleceu em 2002) e é o autor da teoria do equilíbrio pontuado, que é quase uma transposição literal da ideia de revolução para o mundo natural. Por isso mesmo, embora Gould faça bastante sucesso como escritor, grande par te da comunidade científica rejeita suas ideias "evolucionistas marxistas". E a conclusão de José Luiz Goldfarb, presiden te da Sociedade Brasileira de História da Ciência, é a de que "nenhum cientista entra no laboratório sem uma visão de mundo mais complexa. O fato de a ciência funcionar em bases experimentais não significa que o cientista não tenha crenças ou pressupostos sobre a realidade7'.* Isso explica por que, entre os cientistas, há crentes e ateus (como entre a população em geral). Se a existência de Deus (ou Sua inexis tência) fosse algo demonstrável nos domínios da ciência (galileana), só haveria um grupo de cientistas: crentes ou descrentes. "Frequentemente [...] o processo de descober ta científica está carregado de emoção. Quando apresenta uma nova ideia, é provável que um cientista esteja pisando nas teorias de outros. Os que sustentam uma ideia mais antiga podem não * Revista Época, 27IM /99. Q Por Que Creio • a abandonar de bom grado. [...] É comum que alguma questão sutil, ou não tão sutil, ligada a crenças e valores, esteja subjacente ao debate. [...] Os cientistas são suscetíveis de emoções hu manas, [...] são influenciados pelo orgulho, cobi ça, beligerância, ciúme e ambição, assim como por sentimentos religiosos e nacionais; [...] eles estão sujeitos às mesmas frustrações, cegueiras e emoções triviais que o restante de nós; [...] eles são, na verdade, completamente humanos/'* Rara Zichichi, Deus transcende a lógica ma temática e a ciência. Por isso, " é inconcebível que possa ser descoberto pela lógica matemática ou pela ciência. A lógica matemática pode des cobrir tudo aquilo que faz parte da Matemática. E a ciência, tudo o que faz parte da ciência. [...] O ateu, na verdade, diz: "Por amor à lógica, não posso aceitar a existência de Deus/ Mas o rigor lógico não consegue demonstrar que Deus não existe"/* Quando a "ciência" opta por excluir o conceito de um Criador, deixa claro, com isso, que não é uma busca aberta da verdade, como tantas vezes parece querer ser. O matemático austríaco Kurt Gõdel já havia demonstrado que nenhum sistema de pensa mento, mesmo científico, pode ser legitimado por qualquer coisa dentro do próprio sistema. * Hal Hellman, Grandes Debates da Ciência (Ed. Unesp), p. 14, 16e 18. ** Antonino Zichichi, Porque Acredito Naquele que Fez o Mundo (Ed, Objetiva), p. 159, 162. Introduçõo © Faz-se necessário sair de dentro do sistema e contemplá-io de uma perspectiva mais ampla e diferente a fim de avaliá-lo, coisa que nenhum ser humano pode fazer, já que faz parte, está imerso nesse sistema. Assim, algumas perguntas se impõem: Como se pode sair de um sistema para uma estrutura de referência mais ampla quando o próprio sistema se arroga abranger toda a realidade? O que acontece quando atin gimos as margens do Universo? O que há além? Se houvesse uma estrutura de referência mais ampla a partir de onde julgá-lo (talvez Deus), então o próprio sistema não seria todo abran gente, como o materialismo científico muitas vezes alega. Na verdade, tudo ficaria mais claro (e lógico) se as pessoas admitissem, como fez Galileu, que tanto a natureza quanto as Escrituras Sagradas são obra do mesmo Autor e, embora utilizem linguagem diferente (mas apontem para o amor e o poder de Deus), não estão em contradição para o observador atento. "Não sabemos o que e quanto desconhecemos", escreveu o zoólogo Dr. Ariel Roth. "A verdade precisa ser buscada, e devia fazer sentido em todos os campos. De vido ao fato de ser tão ampla, a verdade abran ge toda a realidade; e nossos esforços para encontrá-la deveriam também ser amplos."* A proposta deste livro é buscar respostas, sob a ótica da ciência e da religião, para perguntas * Ariel A. Rolh, Origens (Casa Publicadora Brasileira), p. 51. Pof Que Creio • fundamentais como: De onde viemos? Fàra onde vamos? Por que estamos aqui? Ou, talvez, suscitar ainda mais perguntas que nos façam perceber hu mildemente que, como seres finitos, ainda estamos longe de compreender o Universo e seu Autor. Respondendo ao desafio Em agosto de 2001, a revista Galileu pu blicou um artigo intitulado "Criacionismo - a religião contra-ataca". No fim do texto, clara mente preconceituoso, há uma entrevista com a professora de história da ciência Vassiliki Betty Smocovits. Ela faz sérias afirmações: "É irritante ver esses 'especialistas autoproclamados' fazen do pronunciamentos sobre a estrutura e legiti midade da biologia evolutiva, quando eles não têm absolutamente nenhuma credencial, treina mento ou reconhecimento na área. f...] Quanto aos criacionistas modernos, eu acho que eles apelam para um certo sentimento anti-intelectual populista. [...] Para eles, os evolucionistas são um bando de dogmáticos, uma elite pedan te." Será mesmo essa a realidade? Não haverá nenhum pesquisador autorizado no campo do criacionismo? Este livro visa provar o contrário. A fé em uma inteligência superior, um Criador pessoal Todo-poderoso, é algo bas tante subjetivo; portanto, além dos domínios do laboratório e da demonstração concreta. Mas nem por isso incompatível com a ciência experimental. • Introduçõo ^ "A ciência sem a religião é manca; a religião sem a ciência é cega", disse Albert Einstein. E para demonstrar que é possível conciliar a fé em Deus com a pesquisa científica, este livro traz doze entrevistas com pesquisadores sérios, nas áreas de Biologia, Engenharia, Bioquímica, Arqueologia, Física, Geologia, Teologia e Mate mática - todos falando da razão que têm para acreditar no Criador do Universo. Com exceção do bioquímico Michael Behe, que é norte-ame ricano e não é criacionista, os demais são brasi leiros e criacionistas. Tenho o prazer de apresentá-los a você. Boa leitura! Michelson Borges [www.criacionismo.com.hr] • F ilo so fia ? CRIACIONISTA R u y Carlos d e Cam argo Vieira Adentramos um novo milênio mas a discus são em torno da ciência e da religião mostra-se longe de chegar ao fim. Vários livros abordando o assunto da origem da vida e do Universo têm sido publicados. Mais e mais pessoas têm-se conscientizado a respeito da com plexidade inegável do micro e do macrocosmo. Desde o m icroscópico átomo às gigantescas galáxias, um enorme campo de pesquisa se abre tanto a cientistas como a teólogos. Um desses pesquisadores apaixonado pelo assunto é o Dr. Ruy Carlos de Camargo Vieira. Ele nasceu em 1930, é natural de São Carlos, SP, e é engenheiro mecânico e eletricista, formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Dedicou-se à carreira docente, lecionando Mecânica dos Fluidos, de 54 a 56, no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Em julho de 1956, passou a lecionar Física Técnica (nome italiano dado Filosofia criacionista <3cadeira de Mecânica dos Fluidos, Transmissão de Calor e Aplicações Tecnológicas) na Universidade de São Paulo (U SP), Campus de São Carlos, onde fez a livre docência e se tornou catedrático. Em 1970, assumiu a chefia do departamento de Hidráulica e Saneamento naquela universi dade, fundando a pós-graduação que é conside rada a melhor da área no Brasil. Foi convidado, em 1972, a integrar a Comissão de Especialistas do Ensino de Engenharia do Ministério da Educação e Cultura, responsável pelas escolas de engenharia, currículos, formação de profes sores, reconhecimento de cursos, etc. Segundo o Dr. Ruy Vieira, após a aposenta doria (em 1986) é que ele começou a trabalhar "de verdade". Atualmente representa o MEC no Conselho da Agência Espacial Brasileira, participando de suas reuniões periódicas e empreendendo viagens por locais em que se desenvolvem atividades espaciais. De três em três meses participa, também, de reuniões na Sociedade Bíblica do Brasil, da qual é diretor-tesoureiro. Além dessas ocupações, durante meio período, o Dr. Ruy atua como consultor do PNUDE (Plano das Nações Unidas para o Desenvolvimento) junto à Secretaria de Educação Tecnológica do MEC. No outro meio período, dedica-se a traduções de livros e edita a Revista Criacionista (ex-Folha Criacionistaj, publicação da Sociedade Criacionista Brasileira (www.scb.org.br), da qual é presidente. Por Que Creio • Quais são as principais diferenças entre os modelos criacionista e evolucionista? O criacionismo parte do pressuposto de pla nejamento, desígnio e propósito no Universo. Ao passo que o evolucionismo parte de um princípio inteiramente oposto: o acaso. Segun do o evolucionismo, portanto, não há planeja mento na natureza, as coisas acontecem casual mente, aleatoriamente. Fundamentalmente, os modelos criacionista e evolucionista são duas posições filosóficas e não científicas, que têm a ver com pressupostos a respeito do Universo no qual estamos inseridos. O que é um modelo ou teoria? No estudo do Universo, há a necessidade de uma certa sistematização. Daí surge uma metodo logia para esse estudo e são feitas hipóteses. Existem certas teses pré-concebidas e as hipóteses, muitas vezes, são feitas para auxiliar a defesa dessas teses. E é aí que começa toda a estruturação da filosofia da ciência, pois para se trabalhar com ciência, há necessidade de certos parâmetros e a investigação do Universo se dá dentro desses parâmetros. Modelo é sempre algo estruturado mentalmen te para tentar reproduzir da maneira mais aproxi mada possível a "realidade" {que no campo da fi losofia é inatingível, pois nem tudo é mensurável). O que acontece é que muitas hipóteses acabam sendo assimiladas e divulgadas como verdades absolutas, "científicas", quando, de fato, não são. • Filosofia criacioflisfa ^ A primeira distinção que deve ser feita é entre a filosofia da ciência e a ciência propriamente dita. Um bom exemplo é o desenvolvimento da civiliza ção em torno de 4.000 a.C. Não hã absolutamente registros de nenhuma natureza que nos permitam tirar conclusões "científicas" a respeito desse de senvolvimento; só podemos criar hipóteses, que permanecem no campo das conjecturas. Por outro lado, quando podemos mensurar as três grandezas fundamentais (comprimento, tempo e massa), e as demais grandezas delas derivadas, podemos ter um conhecimento experimental das coisas: isso é ciência na mais pura acepção da palavra. A partir disso, devem-se utilizar hipóteses e construir mode los que devem então ser testados para verificar sua adequação ou não, permitindo, depois, a teorização daquilo que está sendo estudado. É possível harmonizar fé e ciência ? Essa pergunta constitui um aspecto específico do caso mais geral que tem que ver com a cres cente influência da ciência e da tecnologia mo dernas na vida diária em nossos dias, que, em seu extremo, leva à alegação de que o cristianismo em geral e a Bíblia em particular estão superados em face de numerosas "comprovações científicas" que desautorizam a crença nos seus ensinos básicos. Nesse sentido, diversos questionamentos são feitos usualmente, como os seguintes: (1) Pode um cristão hoje ainda ser cientista? Pode um cientista ser hoje ainda um cristão? Por Que Creio • (2) A ciência moderna já não demoliu a base da fé cristã? (3) A fidelidade ao cristianismo exige que sejam re jeitadas todas as teorias da ciência moderna? (4) Devemos viver considerando a ciência e a fé cristã como coisas inteiramente separadas entre si? (5) Teria a ciência comprovado a fé cristã, como alguns cristãos alegam? (6) O que dizer dos que afirmam que o desen volvimento científico atual exige que se in ventem uma nova ciência e uma nova teolo gia mais adequadas para o novo milênio? Questões como essas podem ser respondidas de forma satisfatória tanto para a autêntica fé cristã como para a ciência autêntica, desde que sejam levadas em conta as perspectivas corretas. Por isso, deve-se evitar a falsa dicotomia entre fé e razão. De fato, fé e razão constituem aspectos essenciais de todas as atividades humanas, aí in cluídas tanto a ciência como a teologia cristã. Ambas fazem suposições (fé) e, a partir delas, tiram conclusões (razão). A fé em ser o Universo algo racionalmente compreensível constitui uma hipótese da ciência. A fé nessa hipótese não so mente motiva os cientistas a pesquisar, mas re almente torna a pesquisa possível e eficaz. Essa mesma fé pode constituir uma conclusão razoá vel proveniente do ensino bíblico a respeito de o Universo ter sido criado por um Deus racio nal. Assim, ciência e fé não são conceitos que Filosofia criacionista se contrapõem. Blaise Pascal, filósofo naturalista cristão, afirmava que a ciência é a atividade de "acompanhar os pensamentos de Deus". Há vantagens na combinação entre a fé que provém das Escrituras e a ciência. Qualquer delas sozinha pode conceder-nos informa ções valiosas, como ilustrado nas extremidades da esquerda e da direita do diagrama acima. As riquezas de interpretação resultam quando ambas - ciência e Bíblia - se combinam, como ilustrado na porção central É possível ser evolucionista e crer na Palavra de Deus ao mesmo tempo ? Não. Evolucionismo e Bíblia não se har monizam, pois a Bíblia é essencialmente cria cionista. Qualquer tentativa de se harmonizar a evolução com a Palavra de Deus leva a difi culdades que se somam: as dificuldades que o criacionismo tem com as dificuldades próprias do evolucionismo. É muito pior querer fazer um híbrido. No entanto, tanto o híbrido quanto qualquer dos dois extremos são aceitos pela fé. Não há como se "comprovar" cientificamente qualquer um dos modelos, porque são filoso fias. Não são ciência. Q Por Que Creio • Mencione algumas incoerências que sur gem ao se tentar hibridizar o evolucionismo com a Bíblia. Essa "hibridização" do evolucionismo com a Bíblia, pensam alguns (às vezes designados como "concordistas"), seria possível na tentati va de conciliar a teoria evolucionista com a fé em um Deus Criador. Rara esses concordistas, a matéria criada por Deus teria a faculdade ine rente de evoluir, pois Deus a teria criado para e pela evolução. Pelo menos os seguintes pontos fundamentais podem ser destacados nessa tentativa concordista, quanto ao aspecto de incoerência resultante: No âmbito científico, já que a tese transfor mista não apresenta o caráter de "quase certe za" que se deseja atribuir a ela, seria temerário comprometer a fé, de qualquer modo, com um terreno tão inseguro. No âmbito religioso existe, na realidade, uma incompatibilidade evidente, pois os textos bíblicos sobre a Criação ensinam exatamente o contrário da noção básica do transformismo. A tentativa concordista exige a interpretação dos primeiros onze capítulos do livro de Gênesis como relatos simbólicos ou folclóricos, des caracterizando o significado histórico e literal das raízes fundamentais do cristianismo - uma Criação perfeita, uma queda subsequente e um plano para a salvação do ser humano, centrado na morte substitutiva de Cristo. A aceitação da • Filosofia criacionista posição concordista (como de qualquer outra posição baseada na concepção evolucionista) lança por terra a figura de Cristo como Salvador e Sua atuação como Redentor. Além disso, a concepção fundamental da te oria da evolução é a atuação do acaso, ao longo de extensos períodos de tempo, com a exclusão, a priori, das causas supra naturais (planejamento, desígnio, etc.) na origem e no desenvolvimento da vida. Envolve também a inclusão de proces sos sucessivos de tentativa e erro, incompatíveis com o poder, sabedoria e bondade de um Cria dor revelado na Bíblia como um Deus de amor. Com relação a este assunto, recomendamos a leitura do livro Em Busca das Origens: Evolução ou Criação, traduzido pela Sociedade Criacio nista Brasileira. Ele trata, entre outras coisas, das dificuldades da visão de mundo evolucionista, como também da impossibilidade de harmoni zação das duas visões extremas: evolucionista e criacionista. A Bíblia fala sobre ciência? A palavra ciência em nossa língua provém do latim scientia, que tem o sentido de "conheci mento", e "habilidade" ou "capacidade". Essa palavra em latim é derivada de sc/o (do verbo scire), que originalmente significava "decidir", e que no decorrer do tempo tomou a acepção de "saber". Podemos ver aí interessante paralelismo com o texto bíblico de Gênesis 2, versos 9 e 17, Por Que Creio • onde a árvore do conhecimento (ou ciência) do bem e do mal está intimamente relacionada com a capacidade de decisão ou o livre-arbítrio. Evidentemente os termos usados nos origi nais hebraico e grego da Bíblia com o sentido de "ciência", "conhecimento", nem sempre são traduzidos pela mesma palavra em português, pois existe liberdade para os tradutores escolhe rem os sinônimos que preferirem, logicamente sem prejuízo do sentido do texto original. Exem plo dessa liberdade é exatamente aquele que já mencionei - com relação à árvore da ciência (ou do conhecimento) do bem e do mal. Se escolhermos a tradução da Bíblia em por tuguês feita por João Ferreira de Almeida, co nhecida como Edição Revista e Atualizada no Brasil, e pesquisarmos a palavra ciência, encon traremos 12 passagens no Antigo Testamento, e seis no Novo Testamento, nas quais aparece a palavra ciência no singular ou no plural. No plural são quatro as passagens, todas no livro de Êxodo, referindo-se sempre às "ciências ocul tas" dos magos do Egito, expressão esta traduzi da em outras edições da Bíblia como "encanta mentos", "artes secretas", ou "artes mágicas". No singular, são traduzidas por "ciência" palavras que em outras traduções têm o sen tido de "conhecimento" e "sabedoria", desta cando-se particularmente em seis passagens do Novo Testamento a tradução da palavra grega gnosis (ou de palavra cognata) como "ciência", Filosofia criacionista Q no sentido de ''conhecimento". Nas traduções mais usuais em língua inglesa, a tradução de gnosis é knowledge (palavra derivada do verbo to know - "conhecer" - também proveniente da mesma raiz de gnosis). Diga-se, de passagem, que "conhecimento" e "conhecer" são palavras portuguesas também derivadas do grego gnosis, através da raiz latina gnos, que se encontra por exemplo no verbo gnosco, "conhecer". A palavra "ciência", com esse sentido de "conhecimento" e "sabedoria", encontra-se em quatro passagens do Antigo Testamento, além das seis passagens específicas do Novo Testa mento, sendo traduzida usualmente na língua inglesa por knowledge, e também por wisdom. Além dessas passagens, mais outras três asso ciam à ciência outros atributos, como sabedo ria, destreza e entendimento. Resta uma passagem, no Antigo Testamento, onde "ciência" vem associada mais diretamen te ao conceito moderno de ciência aplicada. Essa passagem se encontra no primeiro livro de Reis, capítulo 7, verso 14. Ali, fala-se de Hirão, artífice famoso que colaborou na construção dos palácios de Salomão, e do Templo de Jeru salém, e é dito que ele "era cheio de sabedoria (wisdom, em inglês), e de entendimento, e de ciência para fazer toda obra de bronze". Observa-se, portanto, que na Bíblia "ciência" tem um sentido peculiar (como se pode inferir das passagens que mencionei), nada tendo que ver © Por Que Creio • com o conceito atualmente associado à palavra em seu sentido mais usual. Na realidade, o próprio conceito moderno de "ciência" passou a corres ponder a uma acepção que aos poucos foi sendo formada no âmbito dos círculos eruditos, chegan do a caracterizar algo que apresenta um conteúdo inquestionável, uma verdade absoluta acessível somente aos iniciados, correspondendo à única visão de mundo aceitável da "filosofia natural". Mas é bom deixar claro que, onde a Bíblia fala sobre ciência (mesmo de acordo com a compreensão moderna da palavra), ela é exata. Os chamadospais da ciência moderna - Newton, Galileu, Kepler e outros - eram cristãos. isso não sugere que é perfeitamente possível conciliar a religião bíblica com a pesquisa científica? De fato, uma das grandes falácias propagadas pela doutrinação evolucionista é que o cristianis mo bíblico está em conflito com a ciência, e que portanto os cientistas não podem crer no que diz a Bíblia. Os evolucionistas fazem isso utilizando os meios de comunicação e principalmente livrostextos em todos os níveis escolares. Entretanto, mi lhares de grandes cientistas do passado e do pre sente foram e são cristãos que adotaram e adotam a Bíblia como revelação inspirada por Deus, per feitamente compatível com um Universo criado pelo próprio Deus e regido por leis estabelecidas por Ele mesmo, para dar estabilidade aos sistemas daquilo que chamamos de "natureza". • Filosofia criocionista © No contexto de sua pergunta, seria interes sante considerarmos algo mais a respeito tanto dos chamados "pais" da ciência moderna quan to dos que hoje dedicam a vida à pesquisa cien tífica, por isso chamados "cientistas" no senso estrito da palavra. Assim, pode-se dizer que, de maneira geral, o surgimento da ciência moderna está associado ao período da Renascença, embora suas raízes se aprofundem até a Antiguidade Clássica. De maneira mais específica, o início do que se pode chamar de "revolução científica" ocorreu a partir do movimento da Reforma Protestante, embora também anteriormente possam ser citados no seio da comunidade católica numerosos grandes cientistas. Mesmo que nesse alvorecer da ciência moderna houvesse um amplo espectro de opi niões teológicas e de interpretações da Bíblia, algo era comum a esses cientistas nos seus esforços para a organização das bases da ciência que en tão estavam lançando: ao procurarem explicação para os fenômenos observados na natureza, eram conduzidos pela firme convicção na existência de um Deus Criador, e também na necessidade absoluta de existir um planejamento inteligente com leis coerentes que poderiam ser inferidas me diante metodologias de pesquisa adequadas. Este é o testemunho da história da ciência, embora nem * Nota do entrevistador: Movimento artístico e científico dos séculos XV e XVI, que pretendia ser um retorno à Antiguidade Clássica. Por Que Creio • sempre seja devidamente destacado pelos meios de comunicação e pelos livros-textos escolares. Por outro lado, atualmente há entre os cientistas cada vez mais pessoas que passaram pelos cami nhos árduos de estudo e aprendizagem, subme tendo-se ao crivo da crítica de seus colegas mais experientes, até chegarem a ser reconhecidos como membros da "comunidade científica". Devido à for te ênfase dada no campo da ciência ao empirismo,* à lógica e ao rigor matemático, não surpreende que geralmente os cientistas também demonstrem em suas atitudes e comportamento pessoais caracte rísticas correspondentes a essa ênfase. Entretanto, a imagem que se faz do cientista como pessoa des provida de fé, em função dessas características, não corresponde à realidade, pois não obstante sua for mação e suas realizações e contribuições no campo da ciência, eles são pessoas comuns como quais quer outras, com suas necessidades emocionais e espirituais, não havendo nenhuma razão pela qual devam se sentir impedidas de exercer fé religiosa como qualquer outra pessoa. O próprio trabalho do cientista parte de pressuposições que ele procura comprovar mediante a utilização do método cien tífico, processo este que é absolutamente idêntico ao processo do desenvolvimento da fé no plano espiritual. Por esse motivo, também hoje nada há que se oponha à firme convicção dos cientistas na existência de um Deus Criador e na necessidade * N.E.: Empirismo é a crença de que o conhecimento é derivado da experiência dos sentidos. • Filosofia criacionista © absoluta de um planejamento inteligente, como "pano de fundo" para a condução de suas pesqui sas na procura de explicação para os fenômenos observados na natureza, apesar dos enganos pro pagados pela doutrinação evolucionista. Trata-se, na realidade, apenas de escolha entre um ou outro pano de fundo, ou na linguagem mais erudita da filosofia da ciência, entre duas estruturas conceitu ais igualmente válidas para a pesquisa da natureza. Sendo a ciência uma invenção humana, não é pretensão querer mensurar ou descobrir o abso luto (Deus) com algo humano e, portanto, finito? Realmente. Tanto na ciência como na teolo gia, penso que deve haver uma dose maior de humildade por parte de todas as pessoas que se envolvem na discussão a respeito da origem de todas as coisas. O sucesso da ciência experimental não es taria fazendo com que as questões que dizem respeito à ciência histórica acabem sendo acei tas sem questionamento? Creio que, inicialmente, seja oportuno expli citar os conceitos de "ciência experimental" e "ciência histórica". Quanto a essas definições, permito-me fazer referência à conceituação, talvez mais apropriada, de "ciência teórica" e "ciência histórica" que se encontra no livro pu blicado pela Sociedade Criacionista Brasileira, intitulado Evolução - Um Livro-Texto Crítico. Por Que Creio • Em síntese, a "ciência experimental" parado xalmente é a "ciência teórica", isto é, o proces so pelo qual se pesquisa experimentalmente se as previsões deduzidas a partir de uma teoria previamente estabelecida efetivamente corres pondem à realidade. Se essa comprovação não ocorrer, a teoria deverá ser modificada ou rejei tada. Conforme afirmou Einstein: ''Apenas uma teoria pode nos dizer quais experimentos são de interesse." Quando se procura esclarecer a história dos seres vivos atuais a partir de observações dire tas ou de análises experimentais, esbarra-se em uma dificuldade intransponível, pois informa ções a esse respeito só poderiam ser fornecidas por documentos históricos que são as testemu nhas e os vestígios imediatos ou indiretos do passado. Assim, a pesquisa da origem da vida e das espécies tem que ser considerada primor dialmente como ciência histórica. Neste caso, como também na ciência teóri ca, somente é possível dizer que uma teoria não está em contradição com os dados, mas nun ca que ela pode ser provada irrevogável mente como verdadeira. * * N.E.: Espécie é a unidade básica da classificação biológica. Os membros de uma espécie guardam semelhanças entre si, e geralmente podem se cruzar somente com outros membros da mesma espécie. Os biólogos utilizam o seguinte sistema hierárquico (cada categoria 6 uma subdivisão da que a ante cede): Reino, Filo (animais), Divisão (plantas), Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie. • Filosofia críacionistu Em face dessas observações, é muito difícil falar em "sucesso da ciência experimental". A esse respeito, deve-se lembrar também os escla recimentos deThomas Kuhn sobre a "estrutura das revoluções científicas",* no que diz respeito às precauções quanto a aceitar quaisquer teo rias sem o devido questionamento sobre seu campo de validade, dentro das limitações esta belecidas na sua estruturação. Talvez esta pergunta tenha que ver mais com o comportamento dos meios de comunicação e dos livros didáticos do que com a atitude dos cientistas que desenvolvem suas pesquisas com conhecimento das limitações inerentes ao pró prio método científico. O senhor vê evidência de planejamento no Universo? Sem dúvida. Desde o microcosmo até o macrocosmo; em tudo. Consideremos, por exem plo, a estrutura atômica, molecular e cristalina das substâncias. Como explicar o surgimento * N.E.: O livro de Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas (Ed. Perspectiva), trata de forma convincente das mudanças de paradigmas ao longo do tempo. Kuhn afirma que os pesquisa dores são treinados para ver o mundo de acordo com sua for mação científica. Um bom exemplo é mencionado nas páginas 75 e 76: Um átomo de hélio é ou não uma molécula? Para o químico, é uma molécula porque se comporta como tal do ponto de vista da teoria cinética dos gases. Para o físico, o hélio não é uma molécula porque não apresenta espectro molecular. E Kuhn conclui: "Suas experiências na resolução de problemas indicaram-lhes o que uma molécula deve ser." © Por Que Creio • dessas coisas por acaso? Moléculas orgânicas que têm a ver com a vida... Tudo isso indica que houve um planejamento. Se tudo fosse meio caótico, não haveria cristal, tudo seria amorfo. Não haveria átomos* específicos em uma ca deia da tabela periódica. (A própria existência de uma tabela periódica, onde se podem fazer previsões a respeito das características dos ele mentos, significa que há uma ordem, que é o contrário da desordem característica da aleatoriedade, do acaso. A ordem é característica de planejamento, desígnio.) Considerando a Terra, o sistema solar, a nossa e outras galáxias, vemos uma estrutura coerente e lógica a tal ponto de podermos estabelecer modelos que indicam planejamento. Tente fazer um modelo do comportamento da economia de certos países do chamado Terceiro Mundo, por exemplo. É algo extremamente difícil, pois há muitos fatores caóticos e aleatórios que aca bam interferindo, como a bolsa de Hong Kong, portarias do governo, ou mesmo uma geada em outro país; tudo isso influi. O próprio fato de poder existir ciência - que pres supõe que a determinadas causas vão corresponder * N.E.: Os átomos são os "blocos de construção" básicos com os quais tudo é feito. Consistem de uma "nuvem" de elétrons carregados negativamente rodeando um núcleo formado de prótons carregados positivamente, e em geral também de numerosos nêutrons sem carga elétrica. O átomo é uma partícula extremamente pequena, podendo ser "visto" apenas com microscópio eletrônico. • Filosofia criacionista determinados efeitos - já mostra planejamento no Universo. Senão, hoje largaríamos algum objeto eele cairia. Amanhã, subiria. Depois, iria para o lado; e assim por diante. Mas não. As coisas invariavelmente têm a tendência de cair, o que permitiu a Nevvton descobrir (pois já existia) a Lei da Gravidade. O conceito de uma criação divina transcen de a Bíblia, não é mesmo? O conceito de mundo ordenado, provindo de planejamento, propósito e desígnio realmente transcende o pensamento judaico-cristão, como se pode verificar nas breves citações muito bem documentadas transcritas do livro Depois do Di lúvio (SCB), de autoria de BiII Cooper: "É com um misto de surpresa que descobrimos exatamente que o conhecimento e a apreciação profundos de um Deus Criador eterno e todo-poderoso, a Sua paternidade de toda a humanidade, e Seus atributos infinitos, encontram-se nos escritos de vários historiadores no mundo antigo, bem como nos ensinamentos dos mais antigos filósofos. É de suma importância que nos familiarizemos com esta verdade ao começarmos nossas pesquisas sobre a Tabela das Nações e o conhecimento que aqueias nações, apesar de pagãs, tinham daqueles patriarcas e eventos tão familiares para nós através do relato do livro de Gênesis. * N.E.: A Tabela das Nações é um dos mais antigos documentos históricos do mundo, que compreende os capítulos 10 e 11 do livro de Gênesis. o Por Que Crew • "Tão profundos eram a concepção e o co nhecimento de Deus entre certos povos pagãos do mundo antigo, e em particular no mundo greco-romano, que até mesmo iniciou-se então a controvérsia (que deveria manter-se acesa du rante muitos séculos) entre os que propagavam e preservavam aquele conhecimento de Deus como Criador, e os que procuravam destruí-lo atribuindo a criação do Universo a forças pu ramente naturais. É deveras surpreendente a notável semelhança entre essa controvérsia no mundo pagão e a que hoje se alastra entre criacionistas e evolucionistas. [...] Primeiramente, entretanto, devemos compreender algo a res peito da profundidade da concepção filosófica pagã sobre a existência de um Deus verdadeiro. Deparamo-nos com essa concepção em lugares mais distantes entre si, e entre culturas tão di versas social e politicamente como as da Grécia e da China. Por exemplo, os escritos do taoista Lao-tsé floresceram na China do sexto século a.C. Desses escritos é extraída esta afirmação profunda relativa à existência e aos atributos de Deus: 'Antes do tempo, e durante todo o tem po, tem existido um Ser com existência própria, eterno, infinito, completo, onipresente... Para além deste Ser, antes do início, não havia nada/ "E claro que Lao-tsé possivelmente não teria retirado de alguma cópia do livro de Gênesis tal percepção a respeito de Deus. Entretanto, visto que também outros filósofos pagãos de diferentes Filosofia çriaáonista O culturas juntaram suas próprias convicções à do sábio chinês Lao-tsé (sem mesmo levarmos em conta todos aqueles que viveram anteriormente a ele), torna-se óbvio, imediatamente, que até mesmo aquela cópia de Gênesis não teria sido necessária. Fàrece que, contrariamente à maio ria das hipóteses da psicologia moderna sobre o assunto, o conhecimento de Deus é de fato inato ao ser humano. É uma percepção interior que bem pode ser despertada e aperfeiçoada me diante o recebimento da Raiavra de Deus, porém é certamente algo que existe muito independen temente do conhecimento das Escrituras. ... "Não sendo das Escrituras, que eram desco nhecidas desses povos, de onde seria? Não sen do de ensinamentos de missionários cristãos, que inexistiam então, de quem seria? Pois, imperfeito como pudesse ter sido o conceito de Deus en tre os povos pagãos da Antiguidade, na realida de ele era muito real, frequentemente profundo, e somente poderia ter-se fundamentado sobre um corpo de conhecimentos que houvesse sido preservado entre as raças antigas a partir de um determinado ponto na História. Isso se torna evidente ao nos depararmos com as famílias hu manas em dispersão a partir de um determina do local em direção a todo o globo. Entretanto, dificilmente poderá ser negado que o conceito de Deus fosse realmente profundo, e em muitos casos inspirador, como testifica este antigo tex to de Hierápolis, no Egito: 'Eu sou o criador de © Por Que Creio • tudo que existe ... que surgiu a partir de minha boca. Os céus e a terra não existiam, nem tinha sido criada a erva do campo nem as coisas que rastejam. Eu as fiz surgir do abismo primordial, a partir de um estado de não existência../ "Não seria demasiado insistir que o concei to egípcio da criação divina do Universo era tão arraigado, que em todo o Egito ele comandava todas as esferas de pensamento e ação política, educacional, filosófica, etc. Merece também ser considerado que, entre a vasta quantidade de li teratura recuperada do antigo Egito, não existe nenhum registro que sugira alguma vez ter sido desafiado esse ponto de vista. Em lugar algum em toda a longa história do Egito, nenhum filósofo surgiu preparado para propagar a noção de que o Universo tivesse vindo à existência pela atuação de forças e processos não divinos. Na realidade, houve outros tipos de heréticos e dissidentes, den tre os quais, de maneira notável, o faraó Akhenaton, que procurou persuadir todo o Egito de que havia somente uma divindade e não as muitas que os egípcios adoravam, o que, porém, não era um conceito ateísta ou materialista que negasse a po sição e a realidade de um Criador. Ao contrário, foi um esforço por parte de Akhenaton, apesar de finalmente não ter sido bem-sucedido, para varrer muito do entulho que naqueles dias encobriam a pureza do conceito de um tal Criador/' Evidentemente, a civilização greco-romana e posteriormente o pensamento medieval, nada • Filosofia criacionista O mais fizeram do que dar continuidade a essas antiquíssimas concepções, que entendo deriva rem de uma revelação divina dada ao ser hu mano em sua própria origem. Lamentavelmen te, o espaço é limitado para destacarmos outros interessantes aspectos relacionados com essa pergunta específica, mas recomendamos aos interessados a leitura do livro de Bill Cooper. O que é a Sociedade Criacionista Brasileira, da qual o senhor é presidente? Na minha carreira de docente universitário, como também no acompanhamento dos estudos de meus filhos no curso secundário e no preparo para o concurso vestibular, bem como na observa ção dos acontecimentos sociais, políticos, econô micos, científicos e tecnológicos, pude perceber como as doutrinas evolucionistas foram sendo in troduzidas nos livros-textos e assimiladas e divul gadas gradativamente pelos meios de comunica ção, passando mesmo a pautar o comportamento social em vários setores da atividade humana. Peia providência divina, chegaram às minhas mãos (isso há cerca de trinta anos) notícias sobre a existência de sociedades criacionistas no exterior, com intensa atividade de divulgação de literatura a respeito da controvérsia entre o criacionismo e o evolucionismo. Devido às circunstâncias que mencionei, interessei-me peta fundação de uma sociedade congênere no Brasil, já que era extrema mente escassa a literatura criacionista em língua Por Que Creio • portuguesa, e se fazia sentir bastante a sua falta. Assim, em 1972, foi fundada a Sociedade Criacionista Brasileira, tendo início a publicação do seu periódico - a Folha Criacionista (hoje Revista Criacionista) - que chegou a mais de 60 edições, ao longo desse período de três décadas. A continuidade desse trabalho durante tanto tempo foi um verdadeiro milagre, devendo-se agradecer a Deus o sucesso alcançado em ter mos de um enorme número de pessoas interes sadas que se beneficiaram, de uma forma ou de outra, com o trabalho realizado. Agradeci mentos devem também ser estendidos a muitas pessoas que colaboraram de diferentes formas para tornar realidade esse empreendimento. (Mais detalhes sobre a Sociedade Criacionis ta Brasileira e suas atividades podem ser encon trados na Internet, no site www.scb.org.br, ou pelo e-mail [email protected], ou ainda pela Caixa Postal 08743, CEP 70312-970, Brasília, DF.) Por que o senhor é criacionista? Entendo que tornar-se criacionista é uma con sequência lógica de tornar-se cristão. Ser cristão é aceitar Cristo como Salvador e, portanto, aceitar a revelação exposta na Bíblia, especialmente no que diz respeito ao relato da criação de um mun do perfeito, da provação e da queda subsequen tes, com todas as suas consequências deletérias. Não tive educação religiosa no lar, e dada a minha educação escolar até o nível universitário Filosofia criacionista Q ter sido centrada nos parâmetros agnósticos, e mesmo ateístas, vigentes em nosso país, não tive educação religiosa também nos bancos escola res. Dessa forma, só vim a conhecer o cristianis mo como experiência pessoal, pela providência de Deus, já no fim de meu curso de Engenharia. Evidentemente então ocorreram conflitos em mi nha mente entre o conhecimento adquirido até então e a nova perspectiva que se abria diante de mim, de um mundo criado, mantido e dirigido por um Deus que manifesta propósito, desígnio e planejamento em todas as Suas obras. Dou graças a Deus por ter conseguido su perar todas as barreiras que se interpuseram no caminho de minha conversão! Hoje posso as sociar de forma bastante coerente a imagem de um mundo perfeito criado por Deus, e a degra dação decorrente da entrada do pecado neste mundo, com princípios básicos da ciência que aprendi na minha carreira de estudante, e que posteriormente integraram o conteúdo de disci plinas que vim a ministrar como docente uni versitário. Por exemplo, a Primeira e a Segunda Lei da Termodinâmica, envolvendo considera ções filosóficas sobre o conceito de entropia, ordem e desordem, direcionalidade, decaimen to e degradação. Hoje, em todos os campos do conhecimento humano com os quais tive de me relacionar, vis lumbro a perfeita coerência da visão criacionista com os fatos e as evidências neles encontrados. • Probi rmas no ? EVOLUCIONISMO M areia O liveira de Paula A Dra. Mareia Oliveira de Paula é bióloga, forma da em licenciatura e bacharelado pela Universidade Federal de Minas Gerais (U FM G ), onde também concluiu seu mestrado em Ciências, com ênfase em Microbiologia. De 1989 a 1991, lecionou as disciplinas Genética, Evolução e Embriologia em várias universidades e faculdades particulares, em Minas Gerais. Em 1998, concluiu seu doutorado na USP (também na área de Microbiologia). Atualmente *, além de professora das discipli nas Genética l, Genética II e Evolução, é também coordenadora do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Adventista de São Paulo (U N ASP), campus São Paulo, e do Núcleo de Estudos das Origens (NEO ). O grupo desenvolve trabalho de divulgação de estudos criacionistas em igrejas, universidades , escolas, etc. A Dra. Mareia nasceu no dia 23 de maio de 1960, em São Paulo. Porém , morou a maior parte • Problemas do évolueionismo de sua vida em Minas Gerais, principalmente em Juiz de Fora e Belo Horizonte. Só voltou para São Paulo em 1991, para fazer o doutorado. O caderno "Mais!", do jornal Folha de S. Paulo (31/12/98), apresentou artigos sobre o evolucionismo, dizendo que essa teoria é um dos principais debates deste início de século. Por que> depois de quase um século e meio da formulação da teoria de Darwin, os evolucionistas ainda não chegaram a um consenso? Nenhuma das teorias atuais explica todos os pontos da evolução. Embora muitos experimen tos tenham sido feitos e muita coisa tenha sido discutida, não se tem uma teoria para explicar a origem da vida, de maneira clara. Temos que lembrar, também, que a ciência não é algo estático. Ela está sempre mudando. À medi da que se conhece mais, novas opiniões surgem. Além disso, grande parte dos cientistas considera a evolução um fato. Acreditam que são as teorias que mudam para explicar a evolução. E nós, criacionistas, contestamos isso porque evidências não são provas. E a evolução só dispõe de evidências. A ideia de um Criador não pode ser provada por experiências de laboratório. Mesmo assim, podemos considerar o criacionismo "científico"? Particularmente, não gosto da expressão "criacionismo científico" porque, na verdade, o criacionismo científico que existia há alguns © Por Que Creio • anos, talvez com poucas exceções, tentava ape nas contradizer o evolucionismo. Não era "cria cionismo" mas sim um "antievolucionismo". A ciência atual não aceita a presença do so brenatural e tenta explicar tudo pelos mecanis mos naturais. Os cientistas procuram explicar o comportamento do universo físico em termos de causas puramente físicas e materiais, sem invocar o sobrenatural. Visto que o criacionismo explica a origem de tudo como tendo sido criado por Deus, ou seja, aceita a ação do sobrenatural, não pode ser encaixado na definição moderna de ciência. Porém, vários cientistas criacionistas têm traba lhado em pesquisas científicas que, embora não provem que o mundo foi criado por Deus, mos tram evidências de alguns aspectos do criacionis mo (por exemplo, de um dilúvio universal). Mas por que não se pode invocar o sobrenatu ral para explicar a origem de tudo? Michael Behe, autor do livro A Caixa Preta de Darwin, diz que "a preocupação é que, se o sobrenatural fosse ad mitido como explicação, não haveria maneira de deter a tendência - seria invocado com frequência para explicar numerosas coisas que, na realidade, têm explicação natural. Trata-se de um medo ra zoável?" Ele continua dizendo: "A origem da vida e o aparecimento da vida são os alicerces físicos que resultaram em um mundo cheio de agentes conscientes. A priori, não há razão para pensar que esses eventos básicos devam ser explicados da mesma maneira que outros eventos físicos." • Problemas do evolucionismo ^ Um movimento que vem ganhando força nos últimos anos e que talvez possa ser chamado de uma versão atual do criacionismo científico é o do Planejamento Inteligente {Inteiligent Design, em inglês). Os adeptos desse movimento, formado por biólogos, bioquímicos e matemáticos, tentam mos trar a inconsistência do evolucionismo com base na biologia molecular. Para eles, a complexidade da vida requer a existência de um planejamento inteligente. Pórém, ao contrário dos criacionistas tradicionais, os adeptos da teoria do planejamen to inteligente geralmente não especulam sobre a existência de um Criador ou Suas intenções. O criacionismo também tem evidências da quilo que defende? Temos muitas evidências do planejamento do Universo e da vida. Mas isso não prova a existência de Deus. Até que ponto se pode pro var que Deus existe? Eu acredito que Deus não quer ser provado. As pessoas devem acreditar nEle pela fé. Os evolucionistas têm evidências que apoiam sua teoria, mas nós também temos evidências que apoiam o criacionismo. Quais são as maiores incoerências do evo lucionismo? Antes, deixe-me dizer que alguns criacionistas mal-informados acham que não existe nenhuma base para se acreditar na evolução, mas essas pes soas realmente não conhecem a ciência. É lógico o Por Que Creio • que a teoria da evolução faz algum sentido, por que, se ela fosse totalmente absurda, não haveria milhares de cientistas e uma boa parte da popu lação que a aceitariam. Existem várias evidências que apoiam o evoíucionismo, mas também mui tas outras que apoiam o criacionismo. Não dá para explicar, por exemplo, a origem dos sistemas vivos pela evolução. Isso não era um problema para os evolucionistas do século passado, como Darwin, que acreditavam que as células eram organismos muito simples. Mas, hoje em dia, cada vez mais os estudos de bio logia molecular e bioquímica estão mostrando que a célula e os sistemas celulares são altamen te complexos e o surgimento desses sistemas não pode ser explicado através de etapas sucessivas. E o problema da "complexidade irredutível". Muitos sistemas biológicos são considerados irredutível mente complexos, ou seja, efes de pendem de várias partes que têm que interagir. E essas partes não poderiam ter surgido de forma gradual simplesmente porque, se tirarmos uma delas, o todo não funciona mais. Isto é um golpe para a evolução darwiniana, que tenta explicar a evolução de sistemas complexos através de numerosas, sucessivas e ligeiras modificações. * Nota do entrevistador: As células são as unidades básicas com as quais os seres vivos são formados. Cada célula é formada de um núcleo central (que contém o D NA), organelas com funções específicas e uma membrana que a separa de outras células. Os biólogos estimam que o corpo humano contém aproximadamente cem trilhões de células. • Problemas do evolucionismo 9 E cada uma dessas lentas modificações deveria conferir vantagem ao organismo, ou então seria eliminada pela seleção natural.* Mencione um desses sistemas de complexi dade irredutível. Tomemos o exemplo da coagulação do san gue. A Hemofilia A é uma doença que impede a coagulação devido à falta de uma substância chamada Fator VIII da Coagulação. Portanto, se faltar somente essa substância na circulação sanguínea, e a pessoa não se tratar, ela irá mor rer. Então, como a coagulação, que é um pro cesso em cascata, onde um componente ativa o outro, poderia ter se desenvolvido a partir do nada, se quando falta uma única proteína, ele não funciona? Esses sistemas biológicos irredutível mente com plexos realmente indicam planejamento. Só que a ciência, em vez de estar comemorando a existên cia do Planejador, se calou diante dessas evidên cias. Por quê? Porque admitir Deus exige compro misso com Ele. E as pessoas querem fugir de um * N.E.: Seleção natural é o meio pelo qual a evolução, supos tamente, dá origem a novas espécies. De acordo com essa ideia, algumas plantas ou animais têm traços que os fazem mais aptos para competir por coisas como alimento e espaço para viver. Por causa disso, eles teriam maior probabilidade de sobrevivência, e então geneticamente transmitiriam essas características favoráveis para seus descendentes. No decorrer de muitas gerações, os melhoramentos ocasionados pelas "boas” mutações, favorecidos pela seleção natural, suposta mente levariam à formação de espécies inteiramente novas. © Por Que Creio • compromisso com o Criador. Se, ao contrário, sur gimos pela evolução, somos livres para fazer o que quisermos, sem dar satisfação para ninguém. Estrutura básica do olho humano. A, corte transversal; B, região da fóvea ampliada; C, parede do olho ampliada; D, bastonetes (a) e cones (b) da retina ampliados. Diante de tamanha comple xidade, torna-se compreensível o que Darwin escreveu: "Parece impossível ou absurdo, reconheço-o, supor que a [evolução] pu desse formar a visão" (A Origem das Espécies, p. 168). • Problemas do evolocionismo © A "explosão cambriana" não é outra evidên cia em favor do criacionismo? Há pelo menos dois problemas relaciona dos com esse assunto e que apoiam realmente o criacionismo. No princípio do período Cambriano* você tem praticamente todos os fi los re presentados. Se todos os organismos aparecem no começo do Cambriano, de onde eles evo luíram? Onde estão os ancestrais deles? Alguns dizem: "Ah, no Pré-Cambriano." Mas olhando para o Pré-Cambriano, não encontramos abso lutamente nada, a não ser bactérias, algas azuis (cianobactérias) e algas verdes, que são organis mos muito menos complexos do que os orga nismos encontrados nas camadas superiores da coluna geológica. E todo mundo sabe que, para uma bactéria dar origem a um trilobita, seria um salto absurdo, porque os trilobitas são seres altamente complexos. De onde eles evoluíram, então? Alguns poderiam dizer: "Evoluíram de animais mais simples." Mas por que nenhum deles se fossilizou? Esse é o "grande salto" que a evolução não explica. A falta de elos intermediários no registro paleontológico é outro grande problema para a evolução. Se o darwinismo é verdadeiro, onde estão os fósseis intermediários entre os grupos de organismos? Deveria haver, na coluna geológica, * N.E.: Posição na coluna geológica onde aparecem abruptam ente grandes quantidades e variedades de fósseis (voltaremos a este assunto na página 77). Por Que Creio • milhares de fósseis de organismos em transição, com características intermediárias entre dois gru pos, mas estes nunca foram encontrados. Como já disse, no início do período Cambriano são encontrados praticamente todos os filos animais. Graficamente, o que vemos ali está mais para um "gramado" do que para uma "arvore", como sugeriu Darwin. Isso cor responde à descrição bíblica da criação dos "tipos básicos" que depois sofreram algum tipo de microevolução e adaptações. Alguns evolucionistas alegam que não existem fósseis de animais no Pré-Cambriano porque estes eram espécies que não possuíam partes duras, passíveis de ser fossilizadas. Mas, mesmo que os ancestrais dos animais do Cambriano não possuíssem partes duras, eles deveriam ter deixado fósseis de pistas, pega das, perfurações, tubos e outros indícios de presença de animais (denominados icnofósseis). O registro fóssil do Fanerozoico é rico em impressões deixadas por animais de corpo mole. Só que no Pré-Cambriano não se en contra nada disso, absolutamente, exceto no finalzinho do Pré-Cambriano (Vendiano, onde começam a aparecer os icnofósseis). E, em certos locais, como no Grand Cannyon, as ca madas do Cambriano e do Pré-Cambriano são muito parecidas, exceto pelo fato de o Cam briano ser rico em fósseis e estes serem abso lutamente ausentes no Pré-Cambriano. • Problèmes do evolucionismo Alguns autores evolucionistas calculam que animais tão complexos como os trilobitas, que são artrópodes, devem ter levado pelo menos 1 bilhão de anos para evoluir a partir de seres unicelulares. Mas aparecem perfeitamente bem formados no início do Cambriano, sem indício algum de ancestrais no Pré-Cambriano. Esse é o "grande salto" que a evolução não explica. Por que o salto evolutivo das algas e bacté rias para os trilobitas é algo tão incrível assim? As bactérias e algas azuis (cianobactérias) são organismos denominados procariotas, porque não têm núcleo organizado e suas células não possuem organelas, além de outras diferenças. As algas verdes já são consideradas eucariotas, pois suas células possuem núcleo e organelas. Além disso, elas são multicelulares (compostas por muitas células), mas possuem clorofila e fazem fotossíntese, o que as distingue dos animais, que precisam de fonte de alimento externa. Trilobitas são animais (portanto, eucariotas), multicelu la res e extremamente complexos, pois possuem tecidos e sistemas de órgãos diferenciados, Eles são animais extintos, porém foram classificados como artrópodes, representados atualmente pe los insetos, aranhas, crustáceos e centopeias. São animais que possuem sistemas digestório, repro dutor e nervoso bem desenvolvidos. Possuem também olho composto, semelhante ao dos in setos, que é extremamente complexo. © Por Que Creio • Nenhum evolucionista acredita que uma bactéria ou protozoário poderia ter originado um trilobita. Seriam necessárias milhares de formas de transição entre estes organismos, pas sando por formas multicelulares simples, ver mes e anelídeos. O problema é que os fósseis desses intermediários não são encontrados. Trilobitas são animais multicelulares e extremamente complexos. Por que aparecem subitamente no registro fóssil? Seriam necessá rias milhares de formas de transição, passando por formas multi celulares simples, vermes e anelídeos até se chegar a esses artró podes. O problema é que os fósseis desses intermediários não são encontrados. • Problemas do evoluciomsmo E a falta de elos intermediários no registro fóssil é um grande problema para a evolução. Sim. Se o darwinismo é verdadeiro, onde estão os fósseis intermediários entre os grupos de orga nismos? Deveria haver, na coluna geológica, mi lhares de fósseis de organismos em transição, com características intermediárias entre dois grupos, mas poucos exemplos de organismos que pode riam ser realmente considerados como transição entre dois grupos foram encontrados. O próprio Archaeopterix, que era considerado transição en tre répteis e aves, possui penas verdadeiras e por isso deve ser considerado uma ave. Os terapsídeos, um grupo de répteis considerado transição en tre répteis e mamíferos, talvez seja um dos poucos bons exemplos. Até agora, nenhum evolucionista conseguiu me dar uma explicação convincente para essa ausência de fósseis de transição. James Gibson diz o seguinte sobre o assunto: "O registro fóssil mostra grupos separados em toda a sua extensão. Os grupos fósseis raramen te se unem em ancestral idade comum no registro fóssil, com exceção, talvez, de uns poucos exem plos nos níveis taxonômicos inferiores, tais como espécies e raças. Os grupos maiores, como filos e classes, mantêm suas identidades separadas em toda a coluna geológica. Isto apoia a teoria das múltiplas ancestral idades separadas. Apesar de se expl icar este fato como sendo devido a um registro fóssil incompleto, parece estranho que as maiores lacunas no registro fóssil devam ocorrer onde se o Por Que Creio • propõem as maiores quantidades de mudança. Por exemplo, existem muitos fósseis de moluscos e muitos fósseis de artrópodes, mas nenhum fóssil que seja um elo razoável entre estes dois grupos/'* A biologia molecular e a bioquímica têm sido uma "pedra no sapato" dos evolucionistas. Por quê A biologia molecular e a bioquímica estão mos trando cada vez mais a complexidade da célula. Antigamente, os cientistas consideravam os proto zoários (organismos unicelulares) muito simples, achando que eles poderiam ter surgido do nada. Isso era conhecido como geração espontânea. E era fácil acreditar na geração espontânea, pois se considerava que a célula era simples como um pedacinho de gelatina. Mas quando se começou a estudar as células em microscópios mais potentes, verificou-se que a única célula de um protozoário, por exemplo, é altamente complexa. Não dá para explicar a origem desses sistemas como vindo do nada. A teoria da evolução não consegue explicar nem a origem das moléculas biológicas. Até hoje não se conseguiu obter a síntese de uma única molécula de proteína sob as supostas condições da "terra primitiva", e nem uma molécula de D NA, que na célula é a molécula encarregada da pro dução das proteínas. Lipídios, da mesma forma. Até hoje, o máximo que se conseguiu produzir em laboratório, utilizando as supostas condições da * Anais do 3° Encontro Nacional de Criacionistas, UNASP, 2002. • Problemas do evolucionismo "terra primitiva", foram alguns aminoácidos, que são os componentes das proteínas. Mas mesmo que se conseguisse juntar aminoácidos para formar proteínas ou nucleotídeos para formar moléculas de D NA, isso não resolveria o problema, já que moléculas funcionais necessitam ter uma sequên cia precisa para que possam ter alguma função. Cálculos matemáticos mostram a impossibilidade de essas sequências precisas serem obtidas. Além disso, mesmo que fossem obtidas moléculas de proteína e de DNA funcionais, isso ai nda não seria vida. Precisaríamos colocar todas essas moléculas em uma célula, que tivesse uma membrana, e que conseguisse se reproduzir. As proteínas nas células são produzidas pelo DNA. E o DNA, para se duplicar, precisa de muitas proteínas e de enzimas. Aí vem aquela história do ovo e da galinha: "Quem surgiu pri meiro: o DNA ou a proteína?" Os evolucionistas criaram a hipótese do "mundo de RNA", ao descobrirem moléculas de RNA autocatalíticas, ou seja, capazes de se auto-reproduzir. Só que, na verdade, mesmo que isso tenha existido no passado, hoje em dia os sistemas biológicos não funcionam com esse RNA, e sim com DNAs. As proteínas são produzidas numa organela da cé lula chamada ribossomo, que, por sua vez, é for mado por dezenas de proteínas diferentes e mais alguns tipos de RNA (que também são produzi dos a partir do DNA). Então, para fabricarmos a "máquina" de produzir proteínas, teremos que Por Que Creio • ter muitas proteínas. Mesmo que elas tivessem surgido por acaso, no começo, como poderiam ter sido produzidas depois? Quando se começou a estudar as células em microscópios mais potentes, verificou-se que elas são altamente complexas. Não dá para explicar a origem desses sistemas como vindo do nada Louis Pasteur demonstrou a impossibilidade de vida surgir de matéria inorgânica. Por que> mesmo assim, a abiogênese ainda é defendida por muitos cientistas? No passado acreditava-se na abiogênese, isto é, que a vida podia surgir de não-vida. Muitos cientis tas, como Redi, Malpighi e outros, demonstraram essa impossibilidade. Mas, quando os micro-organismos foram descobertos, imaginava-se que, por serem organismos minúsculos e simples, estes po deriam surgir por geração espontânea (abiogênese). • Problemas do evolucionismo Coube a Spallanzani e a Pasteur demonstrar que mesmo esses seres minúsculos só podiam surgir da reprodução de outros seres. Pasteur deu então o golpe mortal na teoria da abiogênese. Porém, para um evolucionista, se a vida não se originou por fenômenos sobrenaturais, ela só pode ter se originado de matéria não-viva. Todo evolu cionista precisa então acreditar em algum tipo de abiogênese. A abiogênese atual não recebe mais esse nome, e sim outros nomes mais sofisticados, como "síntese pré-biótica em uma sopa primitiva" (ideia proposta por Oparin e Haldane). A origem da vida passa a ser então um fenômeno raríssimo, que demorou milhões de anos para acontecer e só ocorreu devido a uma sé rie de condições especiais que teriam existido na Ter ra primitiva, que não exis tem mais. Mas, no fundo, ainda é abiogênese. Pasteur demonstrou cientificamen te a impossibilidade da abiogênese O que a senhora acha da origem extrater restre, ou panspermia cósmica ? Existe essa pos sibilidade? Não é uma forma de jogar o proble ma para um campo de discussão inacessível? Há uma concordância entre os cosmologistas de que o sistema solar, incluindo a Terra, teria se © Por Que Creio • originado há cerca de 4,6 bilhões de anos. Nos primeiros 500 milhões de anos, nosso planeta teria sido castigado por imensos meteoros, o que impos sibilitaria a origem da vida. Os fósseis mais antigos encontrados são estromatólitos* datados de 3,5 bi lhões de anos. Essas estruturas são formadas por colônias de cianobactérias, muito semelhantes aos organismos atuais, que provavelmente já seriam capazes de realizar fotossíntese. A fotossíntese é um processo bioquímico extremamente comple xo, que nunca seria esperado nos primeiros seres vivos, que supostamente deveriam ser muito sim ples. Isso indica, portanto, que a vida deve ter se originado em períodos anteriores a 3,5 bilhões de anos, de acordo com a teoria da evolução. Há ou tros indícios também de atividade biológica há 3,8 bilhões de anos. O período disponível então para a origem da vida na Terra seria de cerca de 300 milhões de anos. Esse período, em termos evoluti vos, é extremamente curto para explicar a origem de células vivas. Outras hipóteses foram então pro curadas para explicar a vida na Terra. Uma delas, a panspermia cósmica, diz que a vida se originou em outros planetas, que apresentariam condições mais favoráveis, e deve ter sido trazida para a Terra através de meteoros. Realmente, essa hipótese não * N.E.: Estromatólitos são estruturas sedimentares que consistem de lâminas finas sucessivas. São, em geral, em forma de montículos, mas variam grandemente em forma e tamanho, indo de milímetros a metros. São produzidos por uma fina camada de micro organismos sobre sua superfície que captam e/ou precipitam os minerais que íormam as lâminas. • Problemas do evducunismo resolve o problema, pois ainda assim teria que ser explicada a origem da vida nesse outro planeta. No livro Viagem ao Sobrenatural (da Casa Publicadora Brasileira), o autor Roger Morneau diz que a teoria da evolução é uma arma eficaz nas mãos do inimigo de Deus. Por quê ? Porque desvia o pensamento de Deus como Criador. Rara os que creem em Deus e, ao mes mo tempo, aceitam a evolução (evolucionistas teístas), o Senhor não criou o homem de manei ra pessoal e não criou a Terra para ser habitada. Rara eles, Deus teria dado início à vida através da evolução. Só que isso elimina a credibilida de das Escrituras porque, se passarmos a con siderar o livro de Gênesis como uma alegoria, também poderemos considerar os demais livros da Bíblia como não verdadeiros. Então é impossível conciliar a teoria da evo lução com a doutrina da Criação... Algumas pessoas até tentam, mas não dá. Se você se torna um evolucionista teísta, tem que deixar de crer em grande parte da Bíblia. Você deixaria de crer no Gênesis, portanto não acredi taria no plano da salvação. E também questiona ria a existência de Satanás, porque iria achar que o mal está dentro do ser humano. Que sentido teria a volta de Cristo se o homem tem a capa cidade de melhorar? Será que as profecias estão se cumprindo mesmo? Não seriam linguagem Por Que Creio • figurada, poesia, etc.? Realmente, acho muito di fícil conciliar as duas coisas. Os evolucionistas teístas acham que conse guem fazer essa conciliação. O problema é que muitos deles não conhecem, não aceitam e não ieem a Bíblia. Na verdade, alguns até aceitam al gumas partes que lhes convêm, mas não aceitam a fàlavra de Deus como um todo, porque não dá para fazer isso e continuar sendo evolucionista. A senhora acha, então>que a experiência da conversão é fundamentaI para que se aceite a Bíblia e o criacionismo? Sem dúvida. Duvido que, algum dia, alguém consiga convencer um evolucionista a se tornar criacionista sem aceitar a Deus primeiro. Acre dito que um evolucionista se torna criacionista quando passa pela experiência da conversão, quando encontra e aceita a Deus. Aí, sim, ele vai tentar explicar a origem das coisas de uma outra maneira, porque saberá que Deus é o Criador. É lógico que, se apresentarmos respeitosa mente e de maneira lógica as incoerências da teoria da evolução, poderemos despertar na pessoa algumas interrogações que abrirão ca minho para a busca de Deus. A AROl IF.OI OGIA • E a B íblia ? Paulo F. Bork O arqueólogo brasileiro Paulo F. Bork nasceu na cidade de Cristina, M G , a 8 de janeiro de 1924. Logo após seu nascimento, os pais, Max e Helena B orkresolveram se mudar para São Paulo, a fim de prover educação cristã para Paulo e seus irmãos. De 1939 a 1942, Paulo Bork fez o curso primário no então Colégio Adventista Brasileiro (hoje UNASP, campus 1). Para auxiliar nas despesas escolares , Bork colportou' nas cidades de Assis (SP), Presidente Prudente (SP) e Joinville (SC). Em 1945 con cluiu o curso de Contabilidade , no CAB. No ano seguinte foi para os Estados Unidos, onde reside até hoje. Estudou no Emmanuel Missionary College, atual Universidade Andrews de 1946 a 1948. Nos dois anos seguintes estudou no Pacific Union College, onde bacharelou-se em * Nota do entrevistador: Colportagem é a venda de livros de cunho religioso e educacional. © Por Que Creio • Teologia. Obteve seu mestrado em História da Igreja no Seminário Teológico Adventista, que na época localizava-se em Takoma Park, Washington, D.C. Posteriormente fez outro mestrado, em Divindade, pela Universidade Andrews. Alcançou ainda o título de Doutor pela Califórnia Graduate School of Theology, em 1971. No campo da Arqueologia, o Dr. Bork fez cursos em várias universidades, como a Pacific School of Religion, da Califórnia, a Universidade Hebraica de Jerusalém e a Universidade de Londres, Inglaterra. Participou de diversas pes quisas e expedições ao redor do mundo. No ministério, destacam-se seus trabalhos como pastor da igreja alemã de Nova Iorque e diretor de Jovens na Greater NewYork Conference. Também foi pastor nas igrejas inglesa e portugue sa da Southern New England Conference. Foi professor de Bíblia na Academia de Loma Linda, de 1960 a 1967 e, em seguida, lecionou História e Arqueologia Hebraica na Faculdade de Teologia do Pacific Union College, até 1989. De 1987 a 1989 foi diretor da Faculdade de Teologia no Pacific Union College. Em 1989 obte ve a aposentadoria form alm as, desde então, continua em intensa atividade, viajando e minis trando palestras, bem como dando assistência à pesquisa no Centro de Pesquisas Ellen C. White, da Universidade de Loma Linda. Tem alguns livros publicados, como The World of Moses, em inglês e holandês, e A Viagem da • A arqueologia e a Bíblia Promessa, publicado pela Casa. O museu de arqueologia bíblica do UNASP, campus Engenheiro Coelho>SP, leva seu nome. Qual é o saldo sobre sua própria vida espiritual após anos e anos lidando com a Arqueologia A Arqueologia tem transformado minha vida. Já não leio a Bíblia do mesmo jeito que a lia an tes de trabalhar como arqueólogo. Meus pontos de vista foram mudados e minha fé na Bíblia se firmou. As pesquisas arqueológicas têm demons trado que Deus realmente inspirou as Escrituras. O senhor participou de várias expedições arqueológicas. Qual foi a que lhe deu mais sa tisfação? Por quê? Fiz escavações em Israel, Egito, lêmen, Jor dânia, Turquia e em outros lugares, mas em Is rael ocorreram as pesquisas mais significativas, pois lá se permitem mais escavações. São 20 es cavações cada ano. Trabalhei emTel Gezer, que foi um lugar filisteu, do tempo cananita. Fica mos vários anos lá e constatamos que, de fato, os filisteus tinham seus próprios deuses e sua própria maneira de adorar. Infelizmente, naque le tempo ofereciam sacrifícios não somente de animais mas de seres humanos também. Acha mos ossos queimados que, sem dúvida, foram de sacrifícios humanos. É interessante notar também que, segundo a Bíblia, aquela cidade foi tomada pelos egípcios, Por Que Creio • a pedido de Salomão, e doada ao rei por meio da princesa com quem ele havia se casado. Sa lomão construiu muros e portas para a cidade. E tudo isso foi encontrado. Sem as descobertas da Arqueologia, como seria hoje o nível de credibilidade da Bíblia? Sempre existirão aqueles que não creem na Bíblia e a criticam. Muitos não vão mudar sua forma de pensar, independentemente das evidên cias arqueológicas. Por outro lado, temos des coberto tantas evidências que iluminam a parte histórica da Bíblia que isso tem tornado muitos céticos em crentes. Sob o patrocínio do Museu Arqueológico de Jerusalém>foi realizado entre 1975 e 1978 um trabalho arqueológico para traçar e definir a localização dos muros e portões de Jerusalém. O que o senhor pode revelar sobre isso? Quando examinamos os muros, em primeiro lugar, chamaram-nos a atenção as rochas com que eram feitos. Algumas têm até dez metros de compri mento por um metro de altura e um metro e meio de largura, e pesam toneladas! Como é que consegui ram erguer aquelas pedras? Além disso, a Bíblia afir ma que aqueles muros foram destruídos em várias guerras. Isso também deve ter exigido muita força. Nosso trabalho consistiu em descobrir as pedras que foram usadas e derrubadas, para ver onde estava localizado o muro e de que altura ele era. • A arqueologia e a Bíblia Por que 1798 é um ano especial? O ano de 1798 inaugurou o tempo do fim, de acordo com as profecias. Nesse mesmo ano a Arqueologia teve seu início, tendo como marco a descoberta da Pedra de Roseta, uma das cha ves para a compreensão da Antiguidade. A partir de então, grande luz incidiu sobre as Escrituras. A Pedra de Roseta é um marco na Arqueologia, pois permitiu a deci fração dos hieróglifos egípcios e se constituiu numa das chaves para a compreensão da Antiguidade Poderia mencionar mais alguns exemplos de relatos bíblicos que foram confirmados por descobertas arqueológicas? No Egito foi encontrada escrita num muro a pa lavra "Israel". Essa inscrição data de mais ou me nos 1200 ou 1300 antes de Cristo. Os críticos sem pre disseram que Israel não existia naquele tempo. Agora está confirmado que realmente existia. * N.E.: A Pedra de Roseta foi encontrada por um soldado de Napoleão Bonaparte, em 1799, na região de Roseta, no delta do Rio Nilo. Graças a ela, o francês Champollion pôde decifrar os hieróglifos egípcios. © Por Que Creio • Outro exemplo: Moisés foi educado em toda a ciência do Egito, como nos diz a Bíblia; e foi edu cado como sacerdote, porque era dessa classe que vinham os faraós. Sendo sacerdote, ele tinha que aprender tudo sobre a medicina da época. Quan do lemos as receitas nos textos médicos do Egito, daquele tempo, encontramos ingredientes como estes: gordura de crocodilo, gordura de cobra, dente de burro moído, sangue de rato, etc. Estes eram os medicamentos usados no Egito. No entanto, o que Moisés escreveu na Bíblia? "Lavem as mãos, lavem o corpo, lavem a roupa." Hoje é comum se ouvir, nos Estados Unidos: "Se quiser evitar doenças, lave as mãos." As noções de medicina preventiva dos escritos mosaicos demonstram que a Bíblia é um documento antigo incomparável na área de saúde. No antigo Egito, a idade média do povo era de 35 anos. Mas Deus disse para Seu povo: "Eu quero que vocês tenham mais vida e vida com mais saúde." Por isso Ele deu, por meio de Moisés, todas as re comendações que estão na Bíblia. Apesar de toda a grandiosidade do Egito antigo, sua medicina nem se comparava à medicina preventiva dos hebreus • A arqueologia e a Bíblia Recentemente foi descoberta uma urna funerá ria que chamou muito a atenção da mídia. A caixa de pedra é um ossuário, usado no Israel antigo para conservar os ossos dos falecidos, e tem uma inscrição em aramaico: "Tiago, filho de José, irmão de Jesus". Alguns eruditos bíbli cos dizem que os nomes eram comuns na épo ca. A informação sobre a inscrição procede de André Lemair, um especialista francês em escri ta, e foi divulgada pela revista Bibfical Archaeology Review. Mas há muitos pesquisadores que creem que a inscrição poderia ser de fato autêntica, já que Lemair é um erudito de grande reputação. Ele autenticou o ossuário como de cerca do ano 60 d.C. Seria uma peça adicional de evidência que demonstra a autenticidade do Novo Testamento. Outra descoberta recente é uma pedra ori ginária do Mar Morto. É um bloco de pedra, do tamanho de um caderno escolar, com inscrições em fenício, onde se lê que o rei israelita Joás instruiu os sacerdotes a recolher dinheiro para pagar as reformas do primeiro Templo de Jerusa lém, construído por Salomão. O texto da pedra é similar à descrição do mesmo fato em 2 Reis. Os exames feitos no artefato indicaram a presença de salpicos de ouro fundido na superfície da pedra, que poderiam ter sido causados por um incêndio, como o que destruiu o Templo de Salomão, em 586 a.C. Evidências arqueológicas desse famoso templo nunca tinham sido encontradas. © Por Que Creio Há pessoas que indagam :" Como confiar num livro que já tem tantos séculos de existência? O que me garante que a Bíblia não foi alterada com o tempo por algum copista descuidadoCom o o senhor costuma responder a essa pergunta? Existem cópias de textos bíblicos do Novo Tes tamento que datam do primeiro século, e quando comparamos os escritos bíblicos daquele perío do com a Bíblia atual, as diferenças são insignifi cantes. Do Antigo Testamento há manuscritos de mais ou menos 200 anos antes de Cristo. Comparando-os também com os textos contemporâ neos, não se nota quase nenhuma diferença. O que os estudos revelaram sobre a civiliza ção maia, no México e na Guatem ala? Rassei muito tempo no Egito, trabalhando per to das pirâmides. Fui para a Mesopotâmia, e en contrei o mesmo tipo de construção, no território da antiga Babilônia. Já que no México e na Gua temala também existem pirâmides, resolvi ir lá para estudá-las. Vi que a arquitetura e a forma de Pirâmides précolombianas • A arqueologia e a Bíblia construção dos povos americanos eram as mesmas do Egito e da Mesopotâmia. Como é que esses povos se comunicaram há quatro mil anos? Creio que esse é um mistério que vou ter de esperar até chegar ao Céu para descobrir. Como professor de Arqueologia, qual foi a sua maior realização na vida? Como já disse, a Arqueologia me fez ver a fé de outra maneira. Minhas convicções foram confirmadas. E quando posso transmitir isso para meus alunos, para os membros da igreja e para outras pessoas, sinto-me plenamente rea lizado. É maravilhoso ajudar as pessoas a ver que podemos depender das Escrituras como a verdade em que podemos confiar. Poderia mencionar a experiência de alguém que passou a crer na Bíblia como resultado da análise de descobertas arqueológicas? Levei muitos estudantes para Israel. Lá fazía mos nosso trabalho arqueológico e tínhamos clas ses de estudo. Alguns desses alunos iam só para passear. Mas certa vez, depois de passarmos dois ou três meses lendo as Escrituras do ponto de vista histórico/arqueológico, alguns estudantes, consta tando que a Bíblia realmente é a verdade, chega ram a mim e disseram: "Queremos ser batizados." E assim, depois de devidamente preparados, nós os levamos ao rio Jordão, onde Jesus foi batizado, e lá realizamos o batismo. Pára mim, aquilo foi de Por Que Creio • grande significado. Foi uma das maiores recom pensas que tive como professor. Fale sobre as escavações em busca de Sodoma e Gomorra. Escavamos aquela região por vários anos e descobrimos coisas muito interessantes, que res paldam o relato bíblico. Existiam cinco cidades na parte leste do Mar Morto. Quando as escava mos, encontramos grande quantidade de cinzas. Em alguns lugares havia uma camada de um metro de cinzas. Não há outra maneira de expli car tamanha destruição e tanta cinza em um só local, a não ser pelo trágico relato de Gênesis. Anos antes, em 1924, o famoso arqueólogo William F. Albright, juntamente com M. Kyle, já haviam feito investigações profundas na região do Mar Morto, concluindo que seria ali a locali zação das duas cidades destruídas por Deus. Só que na época lhes faltavam equipamentos sofisti cados dos quais dispomos hoje. Em 1960, Ralph Barney explorou o fundo do Mar Morto com um sonar e encontrou várias árvores a certa profun didade. Isso demonstra que a água do Mar Morto submergiu uma vasta área fértil. Mas ele não en controu vestígios de civilização ali. Se aquele era o vale que encantou o sobrinho de Abraão, onde estariam as cidades? No lado oeste do Mar Mor to há restos de uma cidade que chama bastante a atenção. Esse sítio arqueológico foi batizado com o nome árabe de Bab eh dra. A cidade que • A arqueologia e a Bíblia O ali existiu data de mais ou menos 2200 a.C, e ali também há grande quantidade de cinzas. Em outras palavras, Bab eh dra foi destruí da pelo fogo. Nem seu cemitério escapou das chamas, pois parte das tumbas também contêm vestígios de fogo. Mas o que causou esse gran de incêndio? E importante frisar que não há na região presença de atividades vulcânicas. Além disso, quando os exércitos inimigos destruíam as cidades com fogo, geralmente poupavam seus cemitérios. Logo, há uma razoável possi bilidade de que essa região contenha de fato os restos do que um dia foi uma região visitada pelo juízo de Deus. Dos trabalhos que o senhor já escreveu; qual lhe deu mais satisfação e por quê? The World of Moses, livro sobre a vida e a época de Moisés, publicado em inglês e holan dês. Eu me encantei com o Egito. O país inteiro é um grande museu devido a seu clima seco, com poucas chuvas, o que preserva os vestígios históricos. Moisés foi para mim uma grande fonte de inspiração. Para saber mais: visite o blog www.arqueologiabiblica.blogspot.com •A GRANDE ? CATÁSTROFE Nahor Neves de Souza Júnior \\ Para os cientistas; não se deve buscar harmonia entre ciência e religião, principalmente quando o assunto é a origem da vida em nosso mundo. O geólogo Nahor Neves de Souza Júnior, em sua tese doutoral pela Universidade de São Paulo (USP), quebra a regra. Ele acha que a Bíblia tem razão quanto aos relatos do livro de Gênesis sobre a Criação e o Dilúvio. Em seu trabalho científico, ele apresenta uma posição contrária ao ensino evolucionista de que a coluna geológica pode ser demarcada por intervalos de milhões de anos. Sua afirmação é baseada em pesquisas feitas em rochas basálticas, muito comuns na região Sul do Brasil. Entre 1982 e 1995, o Dr. Nahor lecionou Geologia em duas das mais conceituadas universidades do País: Universidade do Estado de São Paulo (UNESP) e USP. A partir de 1995, tem desenvolvido suas atividades junto ao Centro Universitário Adventista (UNASP), como coordenador do Departamento • A grande catástrofe de Pós-Graduação; Pesquisa e Extensão, diretor da Faculdade de Engenharia Civil e professor de Geologia e Ciência e Religião. É autor do livro Uma Breve História da Terra, e tem apresentado palestras por todo o Brasil. Por que o senhor escoiheu ser um geólogo criacionista? Antes de me envolver com a Geologia/ minha visão do mundo fundamentava-se na Bíblia e na estrutura conceituai criacionista. Em minha forma ção, tanto em nível de educação familiar como de estudante do ensino fundamental e médio, sempre recebi instrução criacionista. Mas, como todo jo vem, procurei por mim mesmo entender a questão das origens. Assim, ao concluir o ensino médio, decidi cursar Geologia, onde prevalece o evolucionismo, e o criacionismo sequer é mencionado. Após cinco anos de estudos na faculdade, as minhas convicções criacionistas estavam fortalecidas. Como os colegas e professores da faculdade reagiam às suas convicções? A partir do segundo ano, fiquei frente a fren te com a evolução. Na ocasião, foram oferecidas disciplinas mais específicas como Paleontologia e Geologia Histórica. Tive de prestar exames em que tanto a origem das rochas como a origem do * Nota do entrevistador: Geologia á a ciência que estuda a Terra e suas formações rochosas. Alguns utilizam a expressão "ciên cias da Terra", que, naturalmente, tem o mesmo significado. ^ Por Que Creio • homem estavam em questão. Com base em mi nhas convicções e nos novos conhecimentos então adquiridos, escrevia duas respostas; prati camente eram duas provas. Primeiro, procurava responder às questões elaboradas no contexto requerido pelo professor, e em seguida colocava, numa segunda parte da folha, minhas considera ções. Apesar disso, nunca percebi perseguição ou coisa parecida. Sempre houve bom relacionamen to e respeito da parte dos colegas e professores. A Geologia pode comprovar o Dilúvio bíblico? A Bíblia fala de um dilúvio universal e eu di ria que temos muitas evidências de uma grande catástrofe. Verificamos sinais de eventos rápidos e sucessivos no estudo das rochas e dos fósseis. Minhas convicções se tornaram mais fortes quan do, como professor universitário e pesquisador da USP e UNESP, passei a analisar as rochas basálticas. No início das pesquisas com essas rochas, eu residia em Ilha Solteira, e nas proximidades existiam as obras de construção de grandes usi nas hidrelétricas, implantadas em áreas basálticas. Tive então a oportunidade de estudar de maneira detalhada afloramentos extensos de rochas basál ticas. E, ao analisar essas rochas, de origem vulcâ nica, não verifiquei evidências de longos espaços de tempo entre uma camada rochosa e outra; e ao mesmo tempo descobri que o resfriamento de alguns derrames de lava ocorreu em questão de semanas. Esses derrames em todo o Brasil e países • A grande catástrofe ^ adjacentes correspondem ao volume de 750.000 km3de material vulcânico. Fenômenos vulcânicos de abrangência e magnitude semelhantes ocorreram em outras regiões continentais (África, índia, EUA, etc.), inclusive nas vastas áreas oceânicas, afetando praticamente metade da superfície do globo ter restre. Interessante é notar que praticamente todos esses eventos vulcânicos se desenvolveram quase que simultaneamente, separados, quando muito, por pequenos intervalos de tempo. Isso para mim só pode evocar uma catástrofe, um grande dilúvio num passado não tão remoto como se imagina. O senhor teria outras evidências de um dilú vio universal? Tenho em minha coleção um fóssil* de peixe, um tipo muito comum no Brasil. Pertence a um peixe que morreu e foi soterrado de modo muito rápido. Os detalhes desse fóssil e de outros congê neres são incríveis. As estruturas minúsculas, em nível celular, são preservadas nesse peixe. Só que a composição química atual é diferente da original. Não é mais o tecido orgânico do peixe; na realidade todo o material original foi substituído por material inorgânico ou mineral. Isso é possível quando o ani mal é rapidamente soterrado. Se ele ficasse exposto algum tempo, teria desaparecido ou mesmo as * N.E.: Fóssil é o que restou de plantas, animais ou vida humana, em antigas formações rochosas. Esses restos podem incluir coisas tais como marcas de conchas do mar, madeira e ossos petrifica dos e até pegadas, conservadas na rocha. A evidência fóssil é extremamente importante para a controvérsia criação/evolução. © Por Que Creio • Cedida por Ariel A. Roth características de deterioração teriam ficado eviden tes no fóssil. O mesmo aconteceu com pequenos animais, insetos e até com os grandes dinossauros. São fortes as evidências de que inundações catastró ficas sepultaram rapidamente esses animais. Ossos de dinossauros numa camada de are nito da Formação Mor rison do Jurássico. Esses ossos estão localizados no Dinosaur National Monument:, perto de Jersen, Utah. Os ossos mais longos têm 1,5 a 2 metros de compri mento. Sua disposição desordenada sugere algum transporte antes da deposição final Existem registros paleontológicos do Dilúvio? Darwin procurou estabelecer passagens de tran sição entre as espécies. Segundo o modelo evolucionista, desde os primeiros organismos unicelulares até o homem decorreram bilhões de anos. Rara essa teoria, entre um peixe e um anfíbio, entre um anfíbio e um réptil, entre um réptil e um mamífero, haveria o que a paleontologia denomina de macro ou megaevolução. O problema é que se passaram quase 150 anos desde a publicação do livro de Darwin, A Origem das Espécies, e ainda não se encontrou, ao longo de toda a coluna geológica, o registro de fósseis dos seres intermediários. Os fatos nos mos tram exatamente o contrário - as semelhanças e as A grande catástrofe O diferenças entre os seres hoje fossilizados (do Cambriano ao Quaternário) praticamente são as mesmas observadas entre os seres atuais. Ou seja, os seres de transição ou foram misteriosamente ocultados ou teriam sido sobrenaturalmente selecionados e eliminados, ou ainda nunca existiram (esta parece ser a hipótese mais confiável). Explique o que é Cambriano. O período Cambriano corresponde ao início da era Raleozoica ou do abrangente éon Fanerozoico, posição na coluna geológica em que aparecem abruptamente grandes quantidades e variedades de fósseis ("explosão cambriana"). Nas rochas précambrianas os fósseis estão praticamente ausentes. F^ra nós criacionistas o dilúvio universal compre ende as camadas rochosas e respectivos fósseis do Cambriano ao Terciário. Assim, as rochas pré-cambrianas corresponderiam ao período Pré-Diluviano. Os raros fósseis pré-cambrianos podem ser interpre tados como seres vivos, da época do Dilúvio, que tinham hábitos subterrâneos. De que forma o modelo do Dilúvio esclare ce muitas dúvidas no campo da Geologia? Os dados disponíveis no campo da Geologia se ajustam com perfeição a um modelo de eventos * N.E.: Fanerozoico é a porção da coluna geológica do Cambriano até o presente. Trata-se daquela porção que contém abundân cia de fósseis e é dividida nas eras do Paleozoico, Mesozoico e Cenozóico. Por Que Creio • catastróficos e abrangentes, claramente compatíveis com os fenômenos geológicos globais defendidos pelos geocientistas do mundo inteiro, quais sejam: impactos de meteoritos; tectônica de placas; vulcanismo basáltico fissural; ação devastadora de grandes volumes de água; extinção em massa; vastos depósitos sedimentares e extensas camadas carboníferas. Interessante é notar que neste modelo (principal objeto de análise do meu livro Uma Breve História da Terra), os referidos eventos geológicos globais se encontram coerentemente interligados. Assim, é possível construir um modelo geológico unificador em que se destaca nitidamente uma grande catástrofe que alterou rápida e radicalmente a superfície da Terra em um passado recente. Poderia detalhar um pouco mais esses even tos geológicos? Atualmente, quase 200 crateras de impacto (astroblemas) já foram identificadas, ao longo de toda a coluna geológica e em toda a superfície da Terra. Estima-se que muitos dos correspondentes meteoritos teriam diâmetros superiores a 10 km, cujos impactos teriam provocado destruição em massa e alterado drasticamente a superfície da Terra. À semelhança dos efeitos de uma bomba atômica, a destruição se alastraria a uma veloci dade impressionante (segundos a poucas horas). O desencadeamento de determinadas ativida des geológicas globais, a repetição ou pulsos des ses mesmos fenômenos, certamente demandariam A grande catástrofe tremendas quantidades de energia. O suprimento e a liberação de fabulosas quantidades de energia, no âmbito da crosta terrestre, sugerem um estreito vínculo entre uma extraordinária "chuva meteorítica" na história da Terra e outros fenômenos geológicos, igualmente catastróficos, como a tectônica de placas. O termo tectônica, de origem grega (tektonike), significa "arranjo" ou "disposição". Portanto, a teoria da tectônica de placas procura expl icar a disposição e movimentação das placas litosféricas,* no espaço e no tempo. Na configuração original das referidas placas teria existido um continente único e gigan tesco (Protopangea), que poderia ter se fragmentado ao ser atingido pela chuva de meteoritos. Segundo essa hipótese, determinadas partes ou fragmentos desse megacontinente teriam se separado mutuamente, originando, a princípio, fendas enormes e, posteriormente, as atuais áreas oceânicas (em especial a do Atlântico e a do Ín dico). Ou seja, à medida que esses fragmentos ou placas tectônicas se separam, as fendas ou fissuras que as delimitam se alargam, ocorrendo simulta neamente seu preenchimento por lava vulcânica (basáltica). É provável que esse processo tenha ocorrido de maneira extraordinariamente rápida, relativamente à velocidade de afastamento obser vada hoje (taxas de poucos centímetros ao ano). O processo de abertura dessas enormes fen das (com milhares de quilômetros de extensão e i • -------* N.E.: "Delgada camada" periférica do globo terrestre frag mentada em várias partes. ^ Por Que Creio • dezenas de quilômetros de profundidade) teria propiciado a liberação de grandes volumes de magma ou Java {material rochoso fundido). Sabese, no entanto, que nas erupções vulcânicas, an tes da subida do material magmático, colossais quantidades de água podem ser liberadas. Consequentemente, a rápida ascensão des ses grandes volumes de água, a partir do manto superior, e seu catastrófico extravasamento, teria desencadeado a formação de gigantescas e des truidoras ondas. O efeito arrasador dessas ondas, somado àquelas produzidas pela colisão de me teoritos com a própria superfície dos mares préexistentes, teria provocado a remoção violenta e a rápida deposição (no prazo de dias, semanas e meses) de grandes quantidades de sedimentos, plantas e animais. Após, e mesmo durante a liberação de gran des volumes de água através das imensas fissu ras, extravasaram-se quantidades inimagináveis de lava basáltica, cobrindo praticamente metade da superfície da Terra. Esse abrangente fenômeno vulcânico se desenvolveu nas vastas bacias oce ânicas em expansão (zonas de afastamento de placas tectônicas), bem como em sete grandes províncias continentais. Na Província Fàraná (Formação Serra Geral), na porção meridional da América do Sul, se desen volveu a maior manifestação de energia vulcânica, * N.E.: Camada concêntrica do globo terrestre, imediatamente abaixo da crosta terrestre. • A grande catástrofe Q em áreas continentais, da história geológica. A es pessura máxima do pacote magmático {dezenas de derrames superpostos) se aproxima dos dois mil metros, se estendendo por uma área de 1.200.000 km2, totalizando um impressionante volume de 750.000 km1de material vulcânico. Evidências de campo sugerem que a duração desse fenômeno envolve semanas e não milhões de anos. Esses fenômenos geológicos globais seriam uma boa explicação para a abundância de fós seis no mundo>o que sugere morte catastrófica de inúmeros seres vivos marinhos e terrestres. Exatamente. Não é tarefa difícil compreen der a possibilidade de esses fenômenos geo lógicos estarem interligados e, evidentemente, terem provocado morte catastrófica e rápido so terramento, a curto (segundos a poucas horas) e a médio prazo (semanas e meses), de quantida des imensas de seres, hoje fossilizados. A própria Geologia convencional identifica várias extinções em massa, destacando-se as se guintes: alguma catástrofe (provável meteorito de 20 km de diâmetro) teria extinguido 95% de todas as espécies no Raleozoico Superior; e vários gru pos de animais, inclusive os dinossauros, foram drasticamente eliminados no fim do Mesozoico, como resultado do impacto de um gigantesco bó lido na Península deYucatán (México). As evidências de campo não justificam a ideia prevalecente de enormes períodos de tempo entre Por Que Creio • as referidas extinções em massa. Assim, as pro longadas lacunas entre as camadas sedimentares superpostas (com seu respectivo conteúdo fossilífero), defendidas pela geologia convencional, simplesmente não existem. Nenhum fenômeno geológico, presentemente observado, pode explicar de maneira coerente a existência de camadas geológicas extensas e ge neralizadas na superfície da crosta terrestre, por exemplo: Formação Botucatu (Brasil) - arenitos com espessura média de 100 m, estendendo-se por 1.500.000 km2; Formação Morrison (EUA) - camadas sedimentares, ricas em fósseis de di nossauros, com aproximadamente 100 m de es pessura, cobrindo cerca de 1.000.000 km2. Verifica-se ainda que a superposição das ca madas sedimentares se desenvolveu rapidamen te, o que pode ser evidenciado pelos seguintes fatores: a identificação de turbiditos (depósitos sedimentares que se espalham rápida e ampla mente em ambiente submarino) em inúmeras ro chas sedimentares, no mundo inteiro; os contatos plano-paralelos entre as rochas sedimentares em geral, estendendo-se lateralmente por grandes áreas e sem vestígios de erosão, paleossolos, ve getação, etc. Assim, as deposições dos espessos e extensos estratos sedimentares (que caracterizam a coluna geológica), associadas evidentemente aos cinco fenômenos geológicos globais que já mencionei, se desenvolveram de maneira rápida e contínua (dias, semanas e meses). • A grande catástrofe O carvão e o petróleo sugerem, também>um evento catastrófico no passado? Esses combustíveis fósseis extremamente im portantes para a economia mundial são resultan tes de colossais acumulações de matéria orgânica - plantas e seres planctônicos respectivamente transportadas e rapidamente soterradas. Posterior mente, esse material orgânico submetido a pro cessos naturais de transformação (fossilização), sob condições especiais de temperatura e pressão, originou as extensas e espessas camadas carboní feras e os vastos depósitos de petróleo. As espessas camadas de carvão apresentam fortes evidências que favorecem uma origem alóctone - quantidades fantásticas de material vegetal foram drasticamente removidas, trans portadas e depositadas, ou rapidamente soterra das, por grandes volumes de água, juntamente com extraordinárias quantidades de sedimentos. Assim, a "Teoria dos Pântanos'', ou seja, a super posição vertical de eventos lentos, de desenvolvi mento de vegetação, intercalados por soterramentos rápidos - origem autóctone-, carece de argumentos sólidos que possam justificá-la. Muito embora os processos de "incarbonização" (transformação de material vegetal em carvão) possam demandar pe ríodos relativamente maiores de tempo, a natureza das camadas carboníferas, bem como as caracte rísticas dos estratos sobre e subjacentes apontam para eventos rápidos e contínuos (episódios com duração equivalente a dias, semanas e meses). © Por Que Creio • Em seu livro Uma Breve História da Terra, o senhor propõe um modelo unificador. Poderia falar um pouco sobre isso? É na verdade um novo paradigma de tempo geológico, relativamente à geocronologia padrão, que valoriza períodos de milhões de anos. Nesse "novo enfoque", considera-se que os eventos geo lógicos globais e interligados, e as correspondentes extinções em massa, teriam produzido profundas modificações na crosta terrestre que se manifesta ram, inicialmente (antes da deposição dos estratos sedimentares), de maneira catastrófica e extraordi nariamente rápida (segundos a poucas horas). Por outro lado, após a deposição das cama das sedimentares (depois da ação devastadora e generalizada dos fenômenos geológicos glo bais), determinados processos provavelmente tenham se desenvolvido mais lentamente, como por exemplo a fossilização dos seres soterrados e a diagênese (consolidação) das rochas sedi mentares (poucos anos a centenas de anos). Parece-nos razoável, então, admitir que os períodos mais importantes para a geologia histó rica (durante a deposição dos estratos sedimen tares), passíveis de serem correlacionados com os dados de campo (aspectos estruturais e textu ra is das rochas sedimentares), correspondem a valores intermediários - dias, semanas e meses. Os sete fenômenos geológicos globais a que me referi não estão ocorrendo atualmente ("o presente não é a chave do passado"), muito menos podem • A grande catástrofe ser reproduzidos experimentalmente. Assim, neces sitamos de outra fonte de informação disponível, além dos dados fornecidos pela própria Geologia, que nos possibilite o desenvolvimento de um mo delo, onde os referidos eventos geológicos sejam ajustados consistentemente em uma determinada ordem cronológica, com breves períodos de tempo. A fonte alternativa de informação que procura mos está acessível não apenas àqueles mais privi legiados academicamente, mas a qualquer um que esteja em busca da verdade. A coerência verificada entre a provável duração dos fenômenos geológi cos globais e os intervalos de tempo mencionados na narrativa bíblica do Dilúvio (dias e meses), nos leva a valorizar esse relato (Gênesis 7 e 8) e a uti lizar sua sequência cronológica como a melhor alternativa disponível para substituir a geocronologia padrão. O modelo unificador, portanto, procura conci liar os fenômenos geológicos globais com o Dilúvio de Gênesis. O conjunto de todas essas informações nos permite reconstituir, em uma sequência lógica e consistente, a "breve história da Terra", possibili tando ainda uma coerente ligação da Grande Ca tástrofe com eventos pré e pós-catástrofe. Como poderíamos organizar essa breve his tória da Terra ? Em sete etapas, como seguem: 1. Período Pré-Dilúvio (1,7 x 103...? anos). Esse período corresponderia ao Pré-Cambriano. Por Que Creio • As características da superfície da Terra, nessa primeira fase da sua história, não estão bem de finidas em termos geológicos. Entretanto, é nes sa fase que identificamos a "época áurea" ou o "período edênico", quando a Terra era perfeita, pois não havia impactos meteoríticos e a estabi lidade geológica era total (ausência de fenôme nos vulcânicos, de terremotos, etc.). 2. Período das violentas tempestades (40 dias). É na interface entre o período anterior e este que se manifesta a mais importante descontinuidade ou discordância geológica. Não existe nenhuma justificativa para mudanças lentas e graduais do Pré-Cambriano para o Cambriano. É a partir des se momento (Gênesis 7:11) que os fenômenos geológicos globais e interdependentes começam a atuar repentinamente. É nesse instante que se inicia o Grande Cataclismo. Principia-se então a mortandade mais terrível e generalizada de toda a história da vida. Os primeiros soterramentos vitimam grande quantidade ("Explosão Cambriana") e variedade de invertebrados marinhos (braquiópodes, trilobitas, moluscos, etc.). 3. Período da transgressão marinha gene ralizada (110 dias). O início de uma invasão ou transgressão marinha generalizada pode ser detectado nas rochas sedimentares de todo o mundo, no espaço de tempo entre o Ordoviciano e o Devoniano. As águas prevalecem exces sivamente sobre a Terra até o fim do Raleozoico (Gênesis 7:17-24). • A grande catástrofe Os invertebrados marinhos continuam sen do rapidamente sepultados. As grandes massas de vegetação (samambaias, cavai inhas, pteridospermas, licopódios, etc.) são soterradas logo a seguir (Carbonífero e Permiano) para, pos teriormente, serem convertidas em espessas e extensas camadas de carvão. Peixes, anfíbios e répteis são também rapidamente soterrados. Nesse cenário dantesco de morte e destrui ção (Gênesis 7:21-23), não há como justificar longos períodos de tempo, nem mesmo con dições mínimas de estabilidade, onde os seres pudessem desenvolver-se naturalmente. 4. Período das grandes oscilações transgressivo-regressivas (74 dias). Muito embora as tem pestades tenham sido gradualmente atenuadas, durante o período anterior, até cessarem com pletamente no Permiano (Gênesis 8:2), a ação intensa e devastadora da água prossegue. Enor mes ondas destruidoras, mobilizadas por bóli dos impactantes, continuam o processo inin terrupto de rápido soterramento de seres ainda vivos e de outros já mortos (apenas flutuando). Além das plantas e animais mencionados, no vos tipos de plantas (coníferas, cicadáceas, etc.) e de animais (destacam-se os dinossauros) são sepultados nesse período, que corresponde aproximadamente ao Mesozoico. Nesses dois meses e meio de intensa atividade geológica, o vulcanismo basáltico fissural se ma nifesta de maneira extraordinária - os fragmentos Por Que Creio • do megacontinente ftmgea ou as placas tectônicas movimentam-se rápida e catastroficamente (afastamentos de vários quilômetros por dia), pro movendo a abertura de imensas fissuras e o extra vasamento de milhões de quilômetros cúbicos de lava incandescente. 5. Período da regressão marinha generali zada (90 dias). Nesse período, os fenômenos geológicos globais atuam com menor intensi dade. Entretanto, as condições reinantes ainda são catastróficas. Movimentos epirogenéticos positivos (levantamento de amplas áreas con tinentais), associados ao abaixamento dos lei tos oceânicos, resultam em expressivo recuo das águas (regressão marinha - Gênesis 8:3, 4). Em determinados locais, onde as placas tectônicas se colidem (movimentos compressivos), desenvolvem-se as grandes cordilheiras (Andes, Himalaia, etc.), no início do Terciário (Gêne sis 8:5). As águas, em movimentos enérgicos, ainda estão sobre a face da Terra (Gênesis 8:9), propiciando condições de rápido soterramento, especialmente de mamíferos e angiospermas. 6. Período semelhante ao atual (56 dias). Nes sa ocasião, os impactos meteoríticos são muito raros. Os fenômenos geológicos globais se de senvolvem de maneira bastante atenuada e res trita, de tal forma que em vastas regiões não mais se verifica a ação catastrófica das águas (Gênesis 8:13). No entanto, o ambiente ainda é hostil à vida - Noé, sua família e os demais ocupantes da A grande catástrofe m Arca devem ainda, pacientemente, esperar por quase dois meses. As atividades geológicas, em alguns locais, são suficientemente enérgicas para desenvolver processos de sedimentação e soterramento de muitos seres (invertebrados, peixes, anfíbios, rép teis, aves gigantescas, enormes mamíferos, etc.). Finalmente, o Grande Cataclismo chega ao seu termo (Gênesis 8:14-19). Em apenas um ano, quantas modificações ocorreram na superfí cie da Terra! O relato bíblico do Dilúvio fornece importantes dados que, conjugados com aque les obtidos em campo e analisados no contexto dos fenômenos geológicos globais, possibilitam a construção, mais completa possível, do quadro de maior interesse no campo das geociências. 7. Período Pós-Dilúvio (4,3 x W 1anos). De acordo com a geocronologia clássica ou conven cional, este período corresponde ao Quaternário, que se divide em duas épocas - Pleistoceno e Holoceno. Representaria então um cenário de vagarosa e gradual estabilização Pós-Dilúvio (efei tos secundários da Grande Catástrofe), em que determinados fenômenos geológicos ocorreram localmente. Por exemplo, nessa ocasião desen volveu-se no hemisfério norte A Crande Idade do Gelo ou a Glaciação Pleistocênica. A época seguinte, o Holoceno, refere-se ao tem po atual ou às condições geológicas e climáticas presenciadas no momento presente: sismos esporá dicos, eventuais manifestações vulcânicas pontuais Por Que Creto • (vulcanismo não fissura I) e o recrudesci mento da degeneração climática (resultante da ação antrópica irresponsável - Isaías 24:4-6). O senhor então considera possível a asso ciação entre ciência e religião? Certamente, em um primeiro instante, podese considerar um absurdo compatibilizar qual quer cronologia bíblica (no máximo, alguns milhares de anos) com a geocronologia padrão (intervalos de dezenas a centenas de milhões de anos). Entretanto, depois de 25 anos desenvol vendo atividades no campo da Geologia, estou convencido de que o relato bíblico do Dilúvio não só é coerente com os dados geológicos dis poníveis como também contém informações extremamente importantes para o melhor en tendimento da geologia histórica. Os terremotos, fenômenos vulcânicos e dis túrbios climáticos, observados atualmente, cons tituem ecos esporádicos, e extremamente ate nuados de um passado recente em que esses e outros eventos geológicos se manifestaram de maneira rápida e muito mais intensa. A impressionante congruência entre a cro nologia dos capítulos 7 e 8 do livro de Gênesis e a geocronologia fundamentada nos fenôme nos geológicos globais constitui apenas parte das muitas evidências de que a Bíblia é um livro singular, digno de respeito e merecedor de nos sa total confiança. A historicidade, coerência A grande catástrofe interna, imparcialidade, exatidão profética, e muitos outros atributos exclusivos das Sagradas Escrituras, deveriam nos estimular a conhecer em maior profundidade seu Autor, o Deus Cria dor (Gênesis 1:1). Na coluna geológica pode-se observar certa organização dos seres mais simples; abaixo>para os seres mais complexos; acima. Os evolucionistas acreditam que isso é uma evidência de evolu ção biológica. O que dizem os criacionistas? Nota-se mesmo certa organização dos fós seis na coluna geológica. Mas a associação de determinados fatores parece também explicar essa organização, sem a necessidade de se recorrer aos prolongados períodos de tempo preconizados pelo modelo evolucionista. Uma sugestão da distribuição geral de organismos antes do Dilúvio de Gênesis. A teoria do zoneamento ecológico propõe que a destruição gradual desses ambientes pelas águas em ascen são do Dilúvio produziria a sequência de fósseis agora encontrada na crosta terrestre. Q Por Que Creio • Os fatores principais - zoneamento paleoecológico, mobilidade diferenciada dos seres e flutuabiiidade seletiva - proveem uma explica ção bastante satisfatória. Qual é a idade da Terra? No meio geológico existe praticamente um consenso de que ela existe há 4,6 bilhões de anos. Ao princípio era como uma massa incan descente. Depois teria se esfriado, há mais ou menos 3 bilhões de anos, quando haveria situa ção ideal para o aparecimento da vida. O sur gimento do sistema solar, e consequentemente do planeta Terra, corresponderia, convencional mente, a um dos inumeráveis sub-produtos do Big Bang. A teoria cosmogônica mais popular é a do Big Bang, segundo a qual o Universo se originou a partir de uma grande explosão, há aproximadamente 15 bilhões de anos, dela sur gindo a matéria e suas partículas elementares; e daí alguns elementos mais pesados até existi rem todos os elementos químicos. E, finalmente, através de interações e colapsos gravitacionais, o surgimento de todo este Universo repleto de constelações, nebulosas e galáxias, que deixa assombrados os astrônomos e todos nós. * N.E.: Parece existir comportamentos distintos dos seres, quanto à capacidade de flutuação após a morte. Experimentos prelimi nares, com organismos recentes, indicam que as aves flutuam em média 76 dias, os mamíferos 56 dias, os répteis 32 dias e os anfíbios 5 dias. A grande catástrofe O que os cri acionistas pensam disso tudo? A idade da Terra e do Universo é assunto que tem gerado bastante discussão e estudos entre os criacionistas. É difícil explicar como uma explo são geraria tanta orga nização, como vemos [ no sistema soiar, por exemplo. A idade da Terra é assunto que ainda gera muita polêmica, mas há evidências de que não seja tão antiga como alguns propõem Os métodos usados para datar rochas são confiáveis? O principal deles, e talvez o mais utilizado, é o método da datação radiométrica. Ele indica que algumas rochas parecem ter realmente centenas de milhões de anos. Mas surgem várias perguntas: Esse método é plenamente confiável? Os vários métodos de datação radiométrica são compatíveis entre si? Será que se chega a resultados equivalentes e preci sos ao usar este ou aquele método? Eu diria que não. Poderíamos ainda afirmar que a taxa de desintegra ção radioativa dos elementos, como conhecemos hoje, sempre ocorreu com a mesma velocidade nas condições do passado? Eu diria que é precário afir mar, em termos científicos, que o que está ocorrendo hoje tenha ocorrido bilhões de anos atrás. ^ Por Que Creio • Existem evidências de que a Terra é jovemf No que diz respeito à vida, certamente sim. Já, quanto à idade da Terra, no seu aspecto físico ou inorgânico, ainda não temos elementos suficien tes nem conclusivos. No entanto, existem hipóte ses interessantes que defendem uma Terra jovem, destacando-se o modelo apresentado por Robert Gentry, incontestável perito mundial em halos ra dioativos. Os radiohalos correspondem a micros cópicas feições encontradas preferencialmente em biotita, um dos minerais essenciais das rochas graníticas. Essas minúsculas estruturas são origina das pela emissão de partículas-alfa, a partir de um pequeno grão de material radioativo. No seu tra jeto, essas partículas danificam a porção mineral circunjacente. Tendo em vista o contínuo processo de desintegração radioativa de "pai" para "filho", partículas-alfa com energias ou velocidades dife renciadas são produzidas, gerando então uma es trutura equivalente a várias esferas concêntricas, cujo centro conteria o referido grão radioativo. Segundo o próprio Gentry, sua maior descoberta foi verificar a surpreendente presença de radiohalos compostos exclusivamente por Polônio-218 (meiavida de 3,5 minutos), de origem primária, em gra nitos pré-cambrianos. A conclusão é imediata-os granitos "pré-cambrianos" foram formados "a frio" • • •—.----------* N.E.: Granito é uma rocha grosseiramente cristalina, que consiste de cristais claros e escuros que se entrelaçam, não em camadas; às vezes derivada do metamorfismo de rochas sedimentares, também de origem vulcânica a partir do lento resfriamento de magma. • A grande catástrofe de maneira praticamente instantânea. Considera-se ainda a possibilidade de, na semana da Criação, ter ocorrido uma aceleração das taxas de desintegração radioativa. Desta forma, as idades determinadas por radiometria estariam excessivamente majoradas. Como os críacionistas interpretam a origem de nosso planeta? De cinco maneiras diferentes, mas todas partindo de Gênesis 1:1: "No princípio criou Deus os céus e a terra." A primeira delas seria uma postura neutra, analisando apenas a criação como está na Bíblia, em seis dias literais. Fàra esses é irrelevante se a Terra inorgânica existia antes ou não. A segunda postura está ligada aos teólogos que, após estudo minucioso da Bíblia, assumem uma posição também neutra, considerando que é impossível saber a condição exata da Terra antes da semana da Criação. A terceira posição é a daqueles que usam o texto bíblico e alguns argumentos científicos para mostrar que a Criação foi feita em duas etapas. Uma etapa, con forme a geologia convenciona! apresenta, há 4,6 bilhões de anos; e outra, na semana da Criação, quando Deus teria modelado a Terra, criado a hi drosfera, a atmosfera, a biosfera e assim por diante. Mas também existem aqueles (a quarta possibilida de interpretativa) que imaginam um universo pre existente, provavelmente com bilhões de anos. E no que se refere à Terra, tanto no seu aspecto físico quanto orgânico, consideram-na um planeta "re cente". Finalmente, existeo ponto de vista de alguns © Por Que Creio • criacionistas que creem numa criação recente de todo o U niverso, inc Iuindo a Terra. Cite duas evidências de planejamento inte ligente no Universo. Conhecemos bem pouco do Universo que nos rodeia. A escala ao nível do sistema solar nos parece mais adequada para uma análise mais fidedigna, tendo em vista a expressiva quantidade de dados disponíveis (extraordiná rias imagens e fotos obtidas pelas naves espa ciais Mariner, Pioneer, Voyager, Galileu, etc.). Dos nove planetas, a Terra se destaca de ma neira excepcional por apresentar características únicas, todas elas favoráveis à vida - a distância do Sol, os tempos de rotação e translação, a com posição da atmosfera, a abundância de água, etc. A própria vida que se manifesta de maneira exu berante e variada em todos os ambientes, inclusive naqueles mais inóspitos (regiões polares, áreas de sérticas, planícies oceânicas abissais, etc.), parece apontar para algo muito além daquilo que o acaso e o tempo possam oferecer. Na verdade, o planeta Terra e a vida nele contida não podem ser mero produto da associação fortuita de várias situações altamente improváveis. A neces sidade de um projetista inteligente impõe-se, pelo menos, como exigência da própria razão humana. Este Grande Arquiteto e Planejador é o soberano e amorável Deus que você e eu, consciente ou incons cientemente, desejamos conhecer e adorar. O PROIETISTA# CÓSMICO f Urias EchterhoffTakatoni Urias EchterhoffTakatohi nasceu em Recife, PE, no dia 23 de agosto de 1949. Iniciou seu bacharelado no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e concluiu a licenciatura em Física na Organi zação Santamarense de Educação e Cultura (antigo nome da Universidade de Santo Amaro, UNISA). Fez mestrado e doutorado em Física também na USP. Foi professor de Física e Matemática no Instituto Educacional LuzWelI, em São Paulo; professor de Matemática e Educação Religiosa no Instituto Adventista Caxiense, em Duque de Caxias, RJ; profes sor de Física, Matemática e Química no Instituto Petropolitano Adventista de Ensino, em Petrópolis, RJ; professor de Matemática, Física e Linguagem de Programação no Ensino Médio do Centro Universi tário Adventista (UNASP), campus I, em São Pau lo; professor de Física, Cálculo Numérico, Matemá tica Aplicada e Ciência das Origens, para os cursos de Matemática e Biologia no UNASP, campus 1. Q Por Que Creio • É membro do Núcleo de Estudos das Origens (NEO ), sediado no UNASP, campus São Paulo, e tem feito palestras por todo o Brasil. Fale um pouco sobre seu tempo de acadê mico. Houve conflitos com sua visão criacionista? Como foram contornados? Fiz minha graduação em Física no Instituto de Física da USP, em São Fâulo, de 1968 a 1971. A Física estuda os fundamentos do funcionamento da natureza. Sua preocupação principal é enten der como as coisas funcionam e praticamente não se discutiam as questões filosóficas sobre a origem do espaço, do tempo e da matéria. Assim, não havia nenhum conflito. Lembro-me apenas de uma aula em que o professor Giorgio Moscati discutiu a questão da realidade das leis físicas como as conhecemos, expressando-se mais ou menos assim: "Não sabemos se as leis que de senvolvemos ou descobrimos correspondem exa tamente ao modo como Deus faz as coisas fun cionarem." Naquela ocasião um colega de classe se alarmou com a menção de Deus feita pelo professor, mas não houve nenhuma discussão. No mestrado, que cursei na mesma instituição^ de 1982 a 1988, realizei um trabalho de pesquisa que utiliza uma propriedade dos sólidos que pode ser utilizada em datação. Meu orientador pensou em utilizar esse fenômeno (da termoluminescência), que em geral é utilizado para datação arqueológica, para datar fósseis de peixes do Cretáceo. Como os • 0 projetista cósmico resultados aparentes não eram compatíveis nem com a cronologia geológica convencional nem com uma cronologia bíblica, conduzi o enfoque da pesquisa para o estudo das propriedades do material utilizado sem discutir a utilização dessas propriedades para uma tentativa de datação. Alguns acreditam que a teoria do Big Bang confirma que tudo teve um início. O que o senhor pensa disso ? A teoria do Big Bang, também chamada de Mo delo Padrão para a Origem do Universo, começou a ser desenvolvida com as descobertas em astrofí sica e desenvolvimentos da física teórica, a partir do início do século 20. Ao longo de todo o século 20 foram sendo acrescentadas peças ao modelo e modelos concorrentes foram sendo gradualmen te abandonados por não serem adequados para explicar os dados observacionais acumulados. Apesar de ter sido concebido num contexto cul tural naturalista/o modelo padrão resultou num quadro que afirma que o Universo teve um início (inclusive o espaço e o tempo em que ele existe). Esta conclusão foi mal recebida por vários cien tistas e filósofos, pois um modelo naturalista mais * Nota do entrevistador: A visão de mundo {ou cosmovisão) naturalista considera que o Universo observável é a realidade fundamental, existindo por si, tendo se desenvolvido sem a participação de uma divindade criadora. Somente o acaso e as leis naturais promovem todos os processos, inclusive a origem e evolução da vida a ponto de produzir seres pensantes que tomam tempo para discutir sua própria origem. Púr Que Creio • confortável deveria levar à ideia de que o Universo é estável, não apresentando indícios de um início. Se alguma coisa tem um início, a lógica pede que se procure uma causa para esse início, Muitos na turalistas viram nisto uma brecha para se discutir a existência de uma divindade que transcende o próprio Universo. Como exemplos de tentativas de fuga desta conclusão temos: Arthur S. Eddington: "Filosoficamente, a no ção de um início da ordem atual da natureza é repugnante para mim" ("The end of the world: from the standpoint of mathematical physics", Nature 127:450, 1931). Albert Einstein desenvolveu a teoria geral da relatividade. Suas equações mostravam que não é possível que o Universo seja estático. A alternativa para isto seria um Universo em expansão. Um Uni verso em expansão sugere que há algum tempo no passado todo o Universo estaria concentrado num ponto, e isto implica que teria um início. Fàra fugir dessa conclusão ele acrescentou em suas equações um termo conhecido como fator cosmológico, que permitiria um Universo estático. Somente alguns anos depois, quando Edwin Hubble anunciou sua descoberta de que o espectro da luz proveniente de galáxias distantes apresenta deslocamento para o vermelho proporcional à distância dessas galáxias, e que essa observação poderia ser interpretada como uma expansão do Universo, é que Einstein admitiu que o fator cosmológico era desnecessário. • O projetista cósmico Fred Hoyle, Hermann Bondi eThomas Gold propuseram a teoria de um Universo estável motivados pelo interesse de poder escapar de um início para o Cosmo. Apesar disso, o pró prio Hoyle deu uma grande contribuição para o modelo do Big Bang ao mostrar que a melhor explicação para a proporção de 1 átomo de hé lio para cada 10 de hidrogênio, observada no Universo, é uma origem densa e quente. A ideia de que tudo teve um início é com patível com textos bíblicos tais como: Gênesis 1:1 ("No princípio, criou Deus os céus e a ter ra"); Hebreus 11:3 ("Pela fé, entendemos que o Universo foi formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem"); e Provérbios 8:26 insinua um tempo em que não havia nem "o princípio do pó do mundo". O que se deve evitar é tentar encontrar algum paralelo entre a sequência de eventos propostos pelo Modelo fàdrão com a sequência de eventos da semana da Criação de Gênesis 1, que pode ser interpretado como descrevendo eventos criativos apenas na superfície do pfaneta Terra. O Modelo Radrão lida com situações extre mas no início do Universo, muitas das quais não podem ser verificadas experimentalmente, de forma que pode conter bastante especulação. O Modelo Padrão sugere que as condições iniciais do Universo, as constantes físicas e as relações entre os diferentes tipos de forças da Por Que Creio • natureza (força gravitacional, eletromagnéti ca, e as forças fraca e forte) devem ter sido muito bem afinadas para resultar no Universo que observamos, com a possibilidade de exis tir um planeta como o nosso, com seres vivos como nós. Pequenos desvios nessa afinação resultaria num universo completamente dife rente e incapaz de conter vida como a nossa. Esta conclusão sugere um início planejado e é compatível com uma visão de mundo teísta. Então, a existência de leis físicas que regem o Universo pode nos levar à conclusão de que houve lógica e planejamento em sua criação. A reação de diversas pessoas a respeito da existência de leis físicas e leis com estrutura ma temática pode ser vista nestes exemplos: "O alvo principal de todas as investigações do mundo externo deve ser descobrir a ordem racional e harmonia que foi dada a ele por Deus e que Ele nos revelou na linguagem da Matemática" (Johannes Kepler, 1571-1630); "As equações da Física têm uma simplicidade incrível, elegância e bele za. Isto em si é suficiente para provar para mim que deve haver um Deus responsável por essas leis e responsável pelo Universo" (Raul Davi es, 1984); "Nós sabemos que a natureza é descrita pela melhor de todas as matemáticas possíveis porque Deus a criou" (Alexander Pòlykov, 1986, "Scientists at the frontiers", Fortune, 13/10/86); "A enorme utilidade da Matemática é algo à beira do • 0 projetista cósmico misterioso, f...] Não há uma explicação racional para isto... O milagre da adequação da linguagem da Matemática para a formulação das leis da Físi ca é um dom maravilhoso que nem entendemos nem merecemos..." (Eugene Wigner, The Unreasonable Effectiveness of Mathematics in the Physical Sciences, 1960); "Você pode estranhar que eu considere a possibilidade de compreender o mundo como um milagre ou um mistério eterno. Bem, a priori deve-se esperar um mundo caótico, que não possa ser apreendido pelo pensamento de nenhuma forma... O tipo de ordem criada, por exemplo, pela teoria da gravitação de Newton é algo bem diferente. Mesmo que os axiomas da teoria tenham sido elaborados por um ser hu mano, o sucesso de tal empresa pressupõe uma ordem no mundo objetivo em um alto grau, que não se tem direito de esperar a priori. Este é o mi lagre que se torna cada vez mais persuasivo com o crescente desenvolvimento do conhecimento" (Albert Einstein, Letters a Maurice Solovine)* Note que Kepler (assim como outros pais da Física, nos séculos 16 e 17) acreditava que o Universo é ordenado de forma que suas leis podem ser expressas matematicamente, porque Deus assim o tinha feito. Alguns cientistas mo dernos como Polykov e Davies estão admitindo a mesma ideia. * Estas citações foram extraídas do capítulo 12 do livro Signs of Intelligcnce - Understanding Intelligent Design, de Walter L. Bradley {Brazos Press, Grand Rapids Michigan, 2001). Por Que Creio • Em contraste, Wigner e Einstein consideram esse fato um mistério ou "milagre". Esse modo de ver o fato sugere que Wigner e Einstein usa ram um pressuposto naturalista. Eles não soube ram explicar por que a natureza é assim. E como explicar fisicamente a origem da informação genética? Não há como. As leis físicas que regem o com portamento dos átomos não explicam a origem da informação contida nas estruturas dos seres vivos. A molécula do D NA, que contém infor mações sobre a maneira de construir as proteínas necessárias para o organismo, é formada por um arcabouço de fosfatos e desoxirriboses que não varia ao longo de toda a molécula. Ligadas a esse arcabouço, mas não ligadas entre si, encontramse quatro tipos de bases (A, G, C e T), que formam sequências que levam informação, assim como uma sequência de letras constitui uma sentença. A "leitura" dessas sequências é feita agrupandose as bases de três em três, de forma que, na rea lidade, temos um "alfabeto" de 4-1= 64 "letras". A origem da informação nesse tipo de estrutura não pode ser atribuída às leis físicas, assim como as leis físicas não explicam a origem da informação neste texto que você está lendo. Toda a nossa ex periência indica que informação desse tipo sem pre é o resultado da ação de seres inteligentes. Essa é uma forte evidência de que os seres vivos foram inteligentemente planejados. • 0 projetista cósmico Representação esquemática da estrutura do DNA. A espiral dupla é ilustrada à esquerda. Um nuclcotídeo seria a combinação de P, D e uma A, T, G ou C. informações genéticas do homem têm cerca de três bilhões de pares desses em cada célula. A , T , C e C represen tam as bases: adenina, timina, guanina e citosina, respectivamente. D representa um açúcar desoxirribose, c P é o grupamento de fos fato. Os dois conjuntos são unidos por pontes de hidrogênio (linhas interrompidas no diagrama da direita) formadas entre as bases. De que forma a Segunda Lei da Termodinâmica fere a base conceituai evolucionista? A Primeira Lei da Termodinâmica é a da conser vação da energia. Ela afirma que em qualquer tipo de transformação de energia sua quantidade total é a mesma desde que seja contabilizada toda energia que vem de fora do sistema e toda energia que sai do sistema. A Segunda Lei da Termodinâmica descreve como a energia flui. Sabemos por expe riência que o calor sempre flui espontaneamente de lugares com temperatura mais alta para lugares com temperatura mais baixa. Da mesma forma, a matéria flui de lugares onde a concentração é maior para lugares onde a concentração é menor. Em termodinâmica estudam-se sistemas que podem ser isolados ou não isolados, fechados ou Por Que Creio • abertos. Sistema é uma porção de matéria em es tudo. Num sistema isolado não há troca nem de matéria nem de energia com sistemas em volta. Num sistema fechado pode haver troca de energia com outros sistemas, mas não troca de matéria. Rara um determinado sistema, algumas quan tidades são definidas e medidas, tais como a quantidade de matéria contida, a energia interna e a entropia. Essas quantidades são denominadas extensivas. Outras quantidades, tais como tem peratura e pressão, também são definidas e me didas. Estas últimas são denominadas intensivas. A Segunda Lei da Termodinâmica afirma que um determinado sistema isolado evolui sempre no sentido de tornar máxima a sua entropia. Fica difícil explicar o significado disso sem as definições preci sas das relações entre as grandezas mencionadas. Rara ilustrar, suponha um sistema em que a temperatura em uma região é maior do que em outra. A entropia máxima será alcançada quando a temperatura em todo sistema for homogênea. Su ponha ainda um sistema composto por cristais de açúcar em um copo de água. A entropia máxima será alcançada quando o açúcar tiver se dissolvido e difundido pela água até sua concentração ficar homogênea. Sistemas isolados evoluem no sen tido de chegar ao equilíbrio termodinâmico. Isso corresponde ao estado de máxima entropia. Uma extrapolação dessa ideia da Segunda Lei da Termodinâmica é a observação de que se o Uni verso é tudo o que há (uma ideia naturalista), então • 0 projetista cósmico o Universo é um sistema fechado. Como tal, sua entropia deve estar aumentando, buscando seu máximo. Esse máximo seria atingido quando a tem peratura em todo o Universo estivesse homogênea. Nesta situação, nenhum processo poderia mais ocorrer. Seria a morte final de todo o Universo. Quando se considera o Universo como algo criado, o Criador está fora dele e o Universo não é mais um sistema fechado. Isso abre a perspec tiva de que o Criador possa fazer a manutenção deste sistema, evitando sua morte final. £ o que dizer da Termodinâmica em reiação à origem de sistemas vivos? Os seres vivos são sistemas termodinâmicos abertos. Termodinamicamente, de acordo com Peter M. Molton, a vida tem sido definida como "regiões de ordem que usam energia para man ter sua organização contra as forças desagregadoras da entropia". Entretanto, os seres vivos fazem essa tarefa adequadamente usando um complexo maquinário bioquímico. A formação desse maquinário a partir de suas peças, sem a interferência de um processo dirigido por uma inteligência, apresenta obstáculos intransponí veis. A Segunda Lei da Termodinâmica não ex clui essa possibilidade se estivermos tratando de sistemas abertos com fluxo livre de energia e matéria. No entanto, não se conhece nenhum mecanismo natural que dirija essa energia para produzir a complexidade específica necessária Por Que Creio • para a formação dos compostos e estruturas es senciais para a criação de um ser vivo. Rara mais detalhes, sugiro a leitura do livro The Mystery of Life's Origin: Reassessing Cur rent Theories, de Charles B. Thaxton, Walter L. Bradley e Roger L. Olsen. Os cientistas evolucionistas frequentemente fazem referência a milhões e bilhões de anos, baseados nos métodos de datação radioativos. Fale um pouco sobre esses métodos. A datação de eventos fora do alcance do regis tro histórico depende de fenômenos que possuam alguma regularidade, e de pressupostos sobre as condições iniciais e sobre os processos envolvidos. Vários fenômenos foram explorados, tais como: acúmulo de sedimentos e acúmulo de sal nos ma res. O problema com esses fenômenos é que a taxa de acúmulo pode não ser constante. Com a descoberta da radioatividade e da lei de desintegração radioativa, veio também a ideia de utilizar esse fenômeno para datação de rochas. Nesse caso, a taxa de desintegração é proporcional à quantidade do material radioativo presente, de forma que se pode prever como sua quantidade vai diminuir com o tempo. O tempo necessário para metade do material radioativo se desintegrar é cha mado de meia-vida e tem um valor determinado para cada isótopo radioativo. Um isótopo radioativo A, * N.E.: Que têm o mesmo número atômico, mas números de massa diferentes. O projetista cósmico mediante sua desintegração, resulta num outro isótopo B. Se numa dada rocha ou num cristal de uma rocha as quantidades de A e B forem conhecidas num dado instante, e se nem A nem B forem introdu zidos ou retirados do material, então as quantidades de A e B são uma função do tempo decorrido desde o instante inicial. Admite-se que se conhecem as quantidades iniciais de A e/ou B a partir de hipóteses de que, acima de uma determinada temperatura, todo B tenha escapado da rocha ou do cristal, ou que as quantidades de A e B ficaram homogêneas em todo o material se este ficou durante um tempo suficiente acima de uma determinada temperatura. Admite-se ainda que nem A nem B foram introdu zidos ou retirados do material, se depois de um evento que aqueceu a rocha, ela tenha se resfriado e ficado a uma temperatura suficientemente baixa para que os elementos químicos não se difundam no interior do material nem haja fluxo de água através dele, o que poderia dissolver ou depositar algum mineral trazido pela água. Assim, o método deve datar o último evento de aquecimento da rocha. Rochas sedimentares podem ser datadas se ficarem entre rochas ígneas que tenham se formado antes e depois da deposição da rocha sedimentar. Essa relação antes e depois é determinada pela posição relativa em que se encontram. Esses métodos são confiáveis? Tanto quanto se conhece, a taxa de desintegração de isótopos radioativos é constante e praticamente ^ Por Que Creio • não influenciada por variações ambientais comuns. Já a garantia de que se conhecem as quantidades dos isótopos A e B iniciais e de que o material se manteve fechado com respeito aos isótopos A e/ou B é mais incerta. F^ra quem crê numa existência curta da vida na Terra (há poucos milhares de anos), os resultados de datação de rochas sedimentares contendo fósseis, mesmo que de forma indireta, pe los métodos radioativos, constitui um problema. A esperança é que haja algum problema fundamental com esses métodos, ainda não descoberto. Em seus estudos na área da Física o senhor vê evidências de um planejamento inteligente no Universo? Pode apontar algumas? Ver evidência de planejamento inteligente de pende muitas vezes da nossa disposição para ver. O fato de que o Universo funciona por meio de leis regulares que podem ser expressas na linguagem da Matemática é evidência de que ele foi concebi do por planejamento inteligente. Entretanto, alguns admitem isso enquanto outros consideram isso um mistério ou um "milagre" (e milagre aqui tem o sentido de algo não esperado e inexplicável). Como mencionei antes, o Modelo Fàdrão para a Origem do Universo (popularmente conhecido como o modelo do Big Bang) sugere que várias constantes fundamentais da natureza e várias con dições iniciais precisam estar finamente ajustadas para resultar no Universo que observamos. Se o modelo está correto, estas são outras evidências de O projetista cósmico ^ planejamento inteligente. No entanto, há pessoas que procuram contornar essa necessidade de pla nejamento inteligente propondo esquemas como o princípio antrópico. Segundo esse princípio, to das as condições observadas no Universo têm os valores que têm porque, se assim não fosse, não estaríamos aqui para observá-las. Outros propõem ideias tais como: deve haver uma infinidade de universos e este em que moramos e observamos é o que "deu certo"; isto é, tem as características certas para resultar em seres pensantes como nós. Entretanto, se removemos essa indisposição para ver planejamento inteligente na natureza, podemos vê-lo em quase tudo. Na estrutura do Universo, na estrutura da matéria, nas condições físicas e químicas do planeta Terra, nos seres vi vos, no ser humano, etc. Basta estudar um pou co do funcionamento das coisas da natureza. Como Fàulo diz, na carta aos Romanos: "Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o Seu eter no poder como também a Sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidas por meio das coisas que foram criadas" (1:20). Pãra saber mais: leia o livro A Ciência Descobre Deus, do Dr. Ariel A. Roth (Casa). • U m a fonte ? CONFIÁVEL Siegfried Julio Schwantes O Dr. Schwantes nasceu em Poços de Caldas> Minas Gerais, em 24 de julho de 1915. Aos 11 anos foi para o Colégio Alemão, em Rio Claro, SP. Algum tempo depois, seus pais resolveram mudar-se para São Paulo», para favorecer a educação dos filhos. Schwantes prestou então o exame de admissão para o Ginásio do Estado, que era o estabelecimento pa drão para todo o Estado de São Paulo, na época. Os demais estudos foram feitos nos Estados Unidos: bacharelado em Física e Química no Pacific Union College, em 1938; mestrado em Teologia na antiga Potomac University (hoje Andrews University), em 1949; doutorado em Estudos Veterotestamentários na Johns Hopkins University em 1963. Este doutorado incluía estudos das línguas sem íticaso que fez com que no segundo ano Schwantes tivesse que estudar cinco línguas simultaneamente: hebraico, aramaico> árabe>egípcio antigo (inclusive a leitura de hieróglifos) e acádio (a língua-mãe do assírio e do babilónico). • Uma fonte confiável Desde o tempo em que foi professor de Ciências no antigo Colégio Adventista Brasileiro (hoje Centro Universitário Adventista, campus 1), durante cinco anos, sua vida foi dedicada ao ensino e à pesquisa. Foi diretor do Instituto Teo lógico Adventista (hoje IPAE) durante três anos e meio; professor no Spanish-American Seminary, durante um ano; oito anos como professor de Teologia, no Instituto Adventista de Ensino (hoje U N A SP); quatro anos lecionando Teologia, na Andrews University; cinco anos como diretor do Departamento de Teologia do Middle East College, Líbano; diretor do Departamento de Teologia no Collonges-sous-Salève (Seminário Adventista da França), durante seis anos e meio; professor de Teologia na Universidade de Montemorelos, México, durante um ano e meio, de onde saiu aposentado, em 1980. A seguir lecionou em vá rias faculdades, incluindo o Avon da le College, na Austrália, e o Adventist International Institute of Advanced Studies, nas Filipinas, até sua "apo sentadoria definitiva", em 1995. Suas principais obras publicadas são: Colunas do Caráter (publicado em 1957 pela Casa); A Short History of The Ancient Near East, publicado pela Baker Book House, em 1965; The Biblical Meaning of History, Pacific Press, 1970; O Des pontar de Uma Nova Era (Casa), Mais Perto de Deus (livro de meditações do ano de 1991); Estu dos em Arqueologia (IAE, 1983); além de artigos publicados em diversas revistas. Por Que Creio • Antes de falecer, em 2009, o Dr. Schwantes re sidia em Silver Spríng, Maryland, EUA. Ao longo de tantos anos como pesquisador da arqueologia bíblica e das línguas semíticas, o que mais lhe chamou a atenção quanto à confiabilidade das Escrituras? A Arqueologia não prova a Bíblia, mas de monstra que o quadro cultural e histórico da Bí blia corresponde à realidade. Se este quadro é fi dedigno, segue-se que a mensagem religiosa que ela comunica ao leitor é também digna de fé. A Arqueologia, projetando luz sobre a língua, histó ria e religião de povos contemporâneos de Israel, permite-nos compreender muitos termos técnicos e alusões históricas, que de outro modo nos es capariam. Como exemplo, podemos citar o termo Miqweh, de 1 Reis 10:28, que permaneceu obs curo até que o Dr. William F. Albright reconheceu nele uma referência a Qweh, nome antigo da Cili cia, de onde Salomão importava cavalos. Há quem acredite que o texto bíblico, ao ser traduzido>pode ter sido alterado de tal forma que já não se pode confiar integralmente em sua mensagem. Isso é assim? Não há perigo de que o texto bíblico tenha so frido seriamente ao ser traduzido de uma língua para outra. O Antigo Testamento, por exemplo, foi traduzido do hebraico para o grego entre 250 e 150 antes de Cristo, para benefício de congregações • Uma fonte confiável judaicas no Egito que não mais estavam familiari zadas com a língua materna. O Antigo Testamento resultante é conhecido como a Septuaginta. Há várias cópias da Septuaginta, e ela é citada por mui tos estudiosos, conhecidos como "pais da igreja", inclusive por escritores do Novo Testamento. Pois bem, essas citações podem ser comparadas com o texto hebraico, e verifica-se que as pequenas divergências não afetam nenhuma doutrina fun damental. Jerônimo traduziu o Antigo Testamento do hebraico para o latim, e o texto resultante, co nhecido como a Vulgata, foi a única Bíblia que a Europa conheceu durante a Idade Média. Longe de as traduções corromperem o texto bíblico, elas permitem comparar as várias traduções e constatar um elevado grau de respeito pelo texto original. Fale sobre os Manuscritos do Mar Morto. Os Manuscritos do Mar Morto, que começa ram a vir à luz em 1947, contêm além de livros próprios da seita dos essênios, dois manuscritos de Isaías e um comentário do livro de Habacuque, além de muitos fragmentos que resistiram à passagem do tempo. Os estudiosos têm aí a oportunidade de comparar os textos bíblicos tais quais eram no tempo de Cristo com os melhores textos do Antigo Testamento em hebraico, que chegaram até nós. De novo as diferenças são mí nimas, geralmente diferenças de ortografia, uso de sinônimos, e outras pequenas variantes, que não afetam nenhuma doutrina bíblica. Por Que Creio • A datação do material foi facilitada pelo fato de que muitas moedas foram ali achadas. Como de Vaux observou, "as datas são confirmadas [também] pela cerâmica em diferentes partes do edifício". Note que mil anos separam os textos bíblicos achados nas cavernas de Qumran dos melhores manuscritos do Antigo Testamento. Havia grande oportunidade para que erros fossem introduzidos no texto bíblico. A concordância dos textos atesta o esmero com que os copistas fizeram seu trabalho para preservar a pureza do texto do Antigo Testa mento que chegou até nós. Tomando como exemplo o Rolo A de Isaías, de todos o mais completo, pode-se afirmar que seu texto consonantal é praticamente idêntico ao texto de Isaías contido na Bíblia Hebraica, edita da por Jacob Ben Chayyim, em 1527. Podemos aceitar que os dias da Criação foram reaimente dias de 24 horas? O que a língua origi nal de Gênesis nos diz a respeito? A língua original de Gênesis só conhece um valor para o termo yom, que significa "dia''. Ne nhum texto bíblico apoia a ideia de que yom pos sa significar "época". Numa tentativa de evitar maiores problemas com o evolucionismo, algumas pessoas aplicam a teoria dos dias-eras ao relato de Gênesis 1. Fàra elas, os seis dias da Criação, na verdade, são longos períodos de tempo. Será que isso é possível? Antes de mais nada, é preciso deixar claro que o termo yom em • Uma fonte confiável ^ Gênesis 1 não se liga a nenhuma preposição; não é usado em uma relação construtiva; e não tem ne nhum indicador sintático que seria de se esperar para um uso extensivo não literal. Nas Escrituras, a palavra yom invariavelmente significa um período literal de 24 horas, quando precedida por um numeral, o que ocorre 150 vezes no Antigo Testamento. Obviamen te, no relato da Criação existe sempre um numeral precedendo aquela palavra - primeiro, segundo, terceiro... sétimo dia; e essa regra para a tradução de yom como um dia literal aplica-se neste caso. O que parece ser significativo, também, é a ênfase dada à sequência dos numerais 1 a 7, sem hiato algum ou interrupção temporal. Esse esquema de sete dias (seis dias de trabalho seguidos por um sétimo dia de repouso) interliga os dias da Criação como dias normais em uma sequência consecutiva e ininterrupta. O relato da Criação em Gênesis 1 não somente liga cada dia a um numeral sequencial, como também estabelece as fronteiras do tempo mediante a expressão "tarde e manhã" (versos 5,8, 13,19,31 ). A frase rítmica "e houve tarde e manhã" provê uma definição para o "dia" da Criação; e se o "dia" da Criação constitui-se de tarde e manhã, é, portanto, literal. O termo hebraico para "tarde" 'ereb - abrange toda a parte escura do dia (ver dia/ noite em Gênesis 1:14). O termo correspondente, "manhã" (em hebraico bqer) representa a parte clara do dia. "Tarde e manhã" é, portanto, uma expressão temporal que define cada dia da Criação como literal. Não pode significar nada mais. Por Que Creio • Outra espécie de evidência interna no Antigo Testamento para o significado dos dias resulta de duas passagens sobre o sábado no Pentateuco, que se referem aos dias da Criação. Elas informam ao leitor a respeito da maneira pela qual os dias da Criação são compreendidos por Deus. A primeira passagem faz parte do quarto mandamento do De cálogo, e está registrada em Êxodo 20:9-11: "Seis dias trabalharás [...], mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus [...] porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra [...] e ao sétimo dia descan sou; por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou." Estas palavras foram proferidas por Deus (verso 1). A ligação com a Criação transparece no vocabulário ("sétimo dia", "céus e terra", "des cansou", "abençoou", "santificou") e no esquema "seis mais um". Evidentemente as palavras usadas nos Dez Mandamentos deixam claro que o "dia" da Criação é literal, composto por 24 horas, e de monstram que o ciclo semanal é uma ordenança temporal da Criação. Argumentar em contrário é forçar o texto bíblico a dizer o que não diz. Forque o senhor considera o criacionismo uma filosofia mais aceitável que o evolucionismo? Porque não posso conceber que o Universo ma ravilhoso em que vivemos possa ter vindo à existên cia a partir do nada. Não posso conceber, tampou co, que o caos pudesse se transformar num cosmos sem a intervenção de um Deus infinitamente sábio e poderoso. "Os céus declaram a glória de Deus" • Uma fonte confiável ^ (Salmo 19:1). A entropia, um princípio básico da Física, sugere degradação e desordem crescentes, e não organização e harmonia. Nem o criacionismo, nem o evolucionismo podem ser verificados no laboratório, como exige a ciência. Ambos não passam de filosofias, e como filosofias só são aceitos pela fé. Se é questão de fé, prefiro aquela que requer menos credulidade. Rara mim, é mais crível que um Deus infinitamente sábio e onipotente trouxe este Universo à existência, do que crer que o Universo surgiu do caos espontaneamente. Para o senhor, quais sào as maiores evidências da existência do Criador Creio que seja justamente este Universo com toda a sua beleza e harmonia. O Big Bang pressu põe energia inicial que explode e se expande, para produzir o Universo tal qual existe hoje. De onde veio essa energia, se do nada, nada pode surgir? A complexidade irredutível observada mesmo em uma célula viva não poderia ter vindo à existência por um processo evolucionário, de incremento em incremento. A razão é que os mecanismos biológicos não funcionariam antes de todos os componentes estarem presentes e funcionando. Uma célula viva mais se parece com uma fábrica sofisticada do que com um glóbulo de proteína, como Darwin ima ginava. O desígnio evidente em toda natureza só pode ser produto de um Planejador infinitamente sábio e onipotente. E é a esse Planejador que eu adoro como meu Deus. • E m d efesa d o ? CRIACIONISMO I O professor Euler Pereira Bahia tem 48 anos e é matemático. Atuou vários anos como professor de Matemática no Ensino Superior, foi diretor da Faculdade Adventista de Ciências durante 9 anos, e é o fundador do Núcleo de Estudos das Origens, com sede no Centro Universitário Adventista (UNASP), campus São Paulo. Atualmente é o reitor do UNASP. Q ual deve ser a postura dos professores criacionistas ao abordar o criacionismo em escolas confessionais e não confessionais Entendo que esta deve ser, em primeiro lugar, inteligente. O professor deve conhecer as virtudes do modelo criacionista confrontado com o modelo evolucionista. A grande maioria dos estudantes tem algum tipo de formação religiosa que antecede sua formação escolar e sua iniciação nas ciências. Por essa razão, há, na maioria dos casos, abertura para • Em defesa do criocionismo uma abordagem integrativa entre fé e ciência. Se o professor for competente, seus alunos reconhecerão, respeitarão, e se curvarão às evidências apresentadas por ele, que são ricas, fortes e consistentes. É claro que o professor deve ser também sufi cientemente hábil para fazer uma leitura do con texto escolar e equilibrar os conteúdos e enfoques que serão mais bem recebidos pela escola e pelos estudantes. Quais são os principais desafios enfrentados pelos acadêmicos criacionistas e como enfrentá-los? Penso que são praticamente os mesmos em todos os tempos e lugares. Alteram-se as formas; porém, em essência, os maiores desafios são os de defrontarem-se com o estímulo à crença no erro como se este fosse a verdade; a tendência de mini mizar a autoridade da Ralavra de Deus e a ênfase em dar relevância à sabedoria humana em substi tuição ao conhecimento revelado. No entanto, é bom acentuar que os desafios são inversamente proporcionais ao preparo para enfrentá-los. Quem tem raízes profundas, subsiste a essas intempéries. Venham elas de onde vierem. Que fantástico de safio para pais e professores! Pode mencionar algum desafio de seu tempo de estudante? Obtive minha graduação em uma universida de católica. No terceiro ano do curso me deparei com as disciplinas relacionadas à Evolução. Meus Por Que Creio • professores, um casal de evolucionistas reconhe cidos, D rs. Osvaldo Frota Pessoa e Ariane Luna Pessoa, da UFRJ, logo perceberam que tinham na classe um aluno criacionista. Rara conquistar sua simpatia de modo a poder desenvolver algum diá logo construtivo, decidi que deveria ser o melhor aluno da classe na disciplina de Evolução. A es tratégia funcionou. Logo passei a ser reconhecido e a gozar do respeito e consideração por parte do casal. No ano seguinte veio a prova de fogo. Metade das aulas semanais seriam oferecidas aos sábados e, certamente, eu seria reprovado por frequência, pois, como adventista do sétimo dia, não assistiria às aulas no sábado.* Decidi reafirmar diante deles que preferia a reprovação a transigir com um prin cípio que tinha, particularmente, estreita relação com minhas convicções a respeito das origens. Eles ficaram de estudar o caso e apresentar uma resposta depois de alguns dias. Enquanto isso, orei muito. No dia do encontro marcado, eles me trouxeram uma sugestão. Disseram-me: "Nós o apreciamos muito. Se você mantiver o mesmo desempenho que tem tido até agora, nós lhe daremos a pre sença necessária para sua aprovação." E assim foi. Deus me abençoou e continuei sendo o aluno da confiança deles. Apenas dei a eles algum trabalho extra, pois quando as provas eram realizadas aos * Nota do entrevistador: Baseados em textos bíbl icos como Gênesis 2:2, 3; Êxodo 20:8-11; Mateus 5:17-18; Lucas 4:16, 23:44, 50-56; Atos 16:13; Ezequiel 20:20; Levítico 23:32, dentre outros, os adventistas reservam as horas entre o pôr do sol de sexta-feira e o pôr do sol de sábado para atividades religiosas e de cunho assistencial. • Em defesa do críacíonismo sábados, por solicitação da classe, eles tinham que elaborar uma prova exclusiva para mim. Qual é o melhor caminho/estratégia para o cris tão defender suas convicções frente a uma pessoa cética ou de formação unicamente científica? As convicções dos evolucionistas são construí das a partir da aceitação de pressuposições natura listas. Além disso, há toda uma lógica que estrutura o pensamento do evolucionista. Na concepção dele, essa lógica é soberana. Não se pode esperar que essa visão moldada segundo pressupostos, ainda que equivocados, seja destruída com argu mentação simplista ou com ataques pessoais. Além disso, é necessário entender que, para o evolucio nista de hoje, renunciar às suas "crenças" signifi ca praticamente a sua exclusão do estahlishment científico atual, o que não é algo desprezível. Por isso, defendo que a estratégia cristã deve ser a de coerência com os princípios gerais do cristianis mo; isto é, que o cristão tenha uma sólida base de conhecimentos bíblicos e científicos, para fun damentar as razões de suas convicções e a lógica criacionista. Além disso, que ao confrontar-se com um evolucionista tenha sempre em mente que seu propósito deve ser o de combater o modelo da evolução e não o evolucionista. O que é o NEO? É o Núcleo de Estudos das Origens, sediado e mantido pelo Centro Universitário Adventista de Por Que Creio • São Fbulo. É um grupo multidisciplinar de estu dos e produção acadêmica. Pretendemos fortale cer esse trabalho através da agregação de novos pesquisadores, e da oferta de condições para que desenvolvam mais produção científica mediante pesquisa de campo e experimental. (Contatos com o NEO podem ser feitos pela Cai xa Postal 12630, CEP 04744-970, São Raulo, SP) Que áreas da pesquisa científica oferecem maiores dificuldades para o criacionista? Particularmente, considero que, uma vez que os eventos históricos dos quais temos conhecimento são relativamente recentes, e levando-se em conta que os atos da Criação e do Dilúvio representaram intervenções diretas da Divindade no tempo, pareceme que as questões relativas à medição de tempo e de idades, sejam de fósseis, sejam das rochas, são ainda um campo que deve ser melhor conhecido, de modo a oferecer respostas mais precisas tanto para os criacionistas quanto para os evolucionistas. Que áreas oferecem mais respaldo às pre missas criacionistas? Vejo que certos tópicos da Matemática, da Física e, principalmente, os notáveis progressos da atuali dade na Bioquímica e na Biologia Molecular, são os grandes campos que apresentam argumentos que corroboram o modelo criacionista das origens. Rara saber mais: visite o site www.scb.org.br A OBRA DO GRANDE ARTISTA ? Queila de Souza Garcia Queila de Souza Carcia nasceu em Juiz de Fora, M G > em 1963. Graduou-se em Ciências Biológicas na Universidade Federal do Espírito Santo, em 1989. Concluiu o Mestrado em Biologia V e g e ta le m 1 9 9 2 e o Doutorado em C iê n c ia se m 1997, ambos na UNICAMP. Desde 1994 é professora de Fisiologia Vegetal na Universidade Federal de Minas Gerais; além disso , é orientadora de mestrado e doutora do nos cursos de pós-graduação em Biologia Vegetal e em EcologiaC on servação e Manejo de Vida Silvestre da U FM G. Tem vários artigos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais. Nesta entrevista, fala sobre as evidências de planejamento inteligente na natureza. Num artigo publicado na Revista Adventista/ a senhora menciona a semelhança morfológica Por Que Creio • entre os diferentes grupos de vertebrados. De que forma esse fato aponta para o Criador? O que identifica o autor de uma extensa obra literária, ou a obra de um artista plás tico, ou de um arquiteto? Não é exatamente a capacidade de criar obras distintas a par tir de um mesmo estilo ou padrão? Ou seja, mantendo características particulares que se tornam sua marca registrada e permitem sua identificação? Por exemplo, como é possível identificar a capacidade criativa de Michelangelo nas suas esculturas e pinturas feno menais ou a genialidade de Gaudi nas formas orgânicas da sua arquitetura? Se esses pro fissionais tivessem produzido obras comple tamente diferentes, sem nenhum caráter co mum, seria impossível identificá-los através de uma análise das suas criações. Desta for ma, penso que Deus, em Sua extraordinária sabedoria, é capaz de criar formas animais infinitamente diferentes, que habitam am bientes aquáticos, terrestres e aéreos, a partir de um único modelo. Com uma morfologia* padrão, os animais podem rastejar, pular, ca minhar, nadar e voar! Para o evolucionista isso é uma evidência de evolução, uma vez que a similaridade das estruturas aponta para um ancestral comum. Para mim, isso é uma evidência da identidade do Criador. * Nota do entrevistador: Morfologia é o estudo da forma, espe cialmente de um organismo ou suas partes. • A obra do grande artista f as similaridades também existem no âmbi to genético? Sim, a genética confirma que, em linguagem evolucionista, parte do genoma está "conserva do filogeneticamente", de bactérias (organismos mais simples) a mamíferos (seres mais comple xos, incluindo o homem). Isto quer dizer que não só as formas, mas também as informações genéticas, que produzem essa infinidade de se res diferentes, mantêm o mesmo padrão. O padrão celular é muito semelhante e al guns processos metabólicos, como a respira ção mitocondrial e a apoptose, são estritamente idênticos em plantas e animais. A respiração mitocondrial é um processo metabólico bas tante conhecido, no qual o oxigênio (O,) é consumido na quebra dos açúcares, liberando energia (ATP) e gás carbônico (CO J. A apoptose, também conhecida como morte celular progra mada, representa um mecanismo de eliminação seletiva de células, cuja sobrevivência poderia prejudicar o bem-estar do organismo. Consiste em um tipo de morte programada, desejável e necessária. É o caso da queda das pétalas das flores após a fecundação, das folhas das árvores no outono e da morte das células do xilema para a condução de água na planta. A apoptose em taxas acima das normais pode ser a causa de doenças neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer, e em taxas inferiores pode induzir o desenvolvimento de tumores malignos. Ror Que Creio • Na área da fisioiogia vegetala que a senho ra se dedica há mais de uma década e meia, existem evidências de planejamento inteligente? Cada processo biológico envolve grande nú mero de enzimas, funcionamento perfeito das membranas, reparação de organelas e progra mas celulares perfeitamente sincronizados. Todo o funcionamento de uma planta, suas estratégias adaptativas às condições ambientais a que ela está exposta, nos mostram um sistema extremamente bem planejado. Como as plantas não podem se deslocar, elas necessitam estar perfeitamente "sin tonizadas" com o ambiente em que vivem, princi palmente aquelas que habitam regiões em que as condições ambientais são extremas. Põr exemplo: as espécies arbóreas de regiões temperadas per dem suas folhas durante o outono. Isso acontece porque nessas regiões o inverno é extremamente rigoroso, sendo frequentes as geadas e nevascas durante esse período. Porém, como as plantas sa bem o momento exato de perder as folhas? Esse fato está relacionado com as mudanças na duração dos dias (fotoperíodo) ao longo do ano. As plantas são dotadas de um aparato fisiológico que percebe as alterações do fotoperíodo. À medida que o com primento dos dias vai diminuindo (do verão para o inverno), ocorrem alterações no balanço hormonal da planta que culminam em profundas mudanças no seu metabolismo. Essas alterações se iniciam quando as condições ambientais ainda são favo ráveis e desencadeiam a drenagem dos nutrientes • A obra do grande artista das folhas para o caule, com subsequente libera ção ou descarte das folhas no fim do outono. Esse procedimento é extremamente importante para a sobrevivência dessas plantas. As folhas são órgãos ricos em proteínas e nutrientes minerais. Se os nutrientes contidos nas folhas não fossem drenados, eles seriam perdidos, porque durante o inverno as folhas se congelariam e morreriam. Portanto, percebendo com antecedência as mudan ças nas condições ambientais, a planta se prepara para o inverno, estocando nutrientes para a forma ção de novas folhas, bem como para a floração e a frutificação, quando as condições se tornarem favoráveis na primavera seguinte. O que pensar, também, dos mecanismos antioxidantes, que sequestram radicais livres provenientes dos vários tipos de estresse? Os radicais livres em reações químicas intracelulares são responsáveis pela peroxidação dos lipídios das membranas celu lares. Esse processo tem como consequência direta a alteração da permeabilidade e de funções espe cíficas das membranas e, dependendo do grau da lesão, leva à morte da célula. Exemplos dos resulta dos dos danos fotoxidativos nos seres vivos são o en velhecimento e o desenvolvimento de alguns tipos de câncer. As plantas sintetizam suas próprias subs tâncias antioxidantes, que as protegem dos efeitos deletérios do estresse, como o excesso de radiação solar. Portanto, quando nos alimentamos de plantas ingerimos antioxidantes naturais, que tornam nossa vida mais saudável e com mais qualidade. Por Que Creio Todo o funcionamento de uma planta, suas estratégias adaptativas às condições ambientais a que ela está exposta, mostram uma perfeição inimaginável. É impossível aceitar que esses mecanismos ex tremamente complexos surgiram por acaso, com tamanha perfeição, sem nenhum planejamento! Se pedirmos que dois botânicos, um criacionista e outro evolucionista, analisem uma "sim ples" folha e expliquem a origem de seus • A obra do grande artista mecanismos bioquímicos, obteremos respostas diferentes. Por que isso ocorre f O botânico criacionista certamente se reporta aos mecanismos bioquímicos das plantas como processos criteriosamente planejados por Deus para que a vida seja harmônica e haja uma in teração entre os diferentes organismos vivos e o ambiente em que vivem. Afinal, a vida como a conhecemos seria impossível sem as plantas, uma vez que dependemos diretamente do oxi gênio liberado durante as reações fotoquímicas da fotossíntese. O evolucionista procura vestígios desses processos em seres menos complexos, vi sando encontrar uma ancestral idade que explique a origem deles. Essas divergências ocorrem porque as pessoas acreditam naquilo em que querem acreditar. Al guns acreditam na evolução por sua convicção plena; porém, a maioria não compreende bem os fundamentos da teoria e vai na "onda" do mundo científico - "se os cientistas estão dizen do, deve estar correto". Além disso, existe muito * N.E.: Esse é outro ponto falho e questionável da teoria da evolução. Ela tem algumas hipóteses para essa situação, como o equilíbrio pontuado, que serra determinado por grandes mudanças ambientais. Mas a verdade é que a explicação para essa questão é muito difícil, já que as plantas com flores, por exemplo, aparecem de repente, completamente formadas e em abundância no registro fóssil. Onde estão os fósseis dos estágios anteriores, os "elos perdi dos", que originaram as angiospermas? Darwin chamou a origem das plantas com flores de "um mistério abominável". Quase um século e meio depois, alguns dos mais destacados paleontólogos ainda chamam o problema de "abominável". ^ Por Que Creio • preconceito com a religião dentro do universo científico, com um pouco de razão, porque du rante séculos a religião foi usada como instru mento para impedir o avanço do conhecimento, uma vez que a igreja oficial se sentia ameaçada por ele. Lamentavelmente, a Bíblia também aca bou sendo considerada uma barreira para a ciên cia. Porém, a Bíblia não faz nenhuma referência negativa em relação à aquisição de conhecimen tos e, inclusive, menciona o avanço da ciência (Daniel 12:4). Quanto a esse conflito de ideias, que leva a conclusões tão antagônicas {criacionismo/evolucionismo), a Bíblia nos revela que "Deus esco lheu as coisas loucas do mundo para envergo nhar os sábios" (1 Coríntios 1:27), "para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus" (1 Coríntios 2:5). Como a senhora enfrentou as controvérsias em relação à sua posição criacionista durante o tempo de graduação e mesmo pós-graduação? Nunca tive problemas com minha posição criacionista na Universidade. Na graduação, ao iniciarmos a disciplina de Evolução, foi-nos comu nicado que seriam abordados apenas os aspectos da teoria da evolução e que não estariam abertas discussões sobre criacionismo e evolucionismo. Isso ocorreu porque na turma anterior havia uma aluna protestante, cujos questionamentos religio sos durante as aulas criaram um "clima pesado" A obra do grande artista entre ela e os colegas evolucionistas, prejudicando o andamento do curso. Os professores e colegas com os quais eu tinha mais intimidade conhe ciam minha posição criacionista e, geralmente com respeito, faziam perguntas sobre o assunto. Porém, uma vez que o criacionismo também não apresenta provas científicas, sempre procurei evitar os embates para explicar minha fé, porque acredi to que fé é uma questão pessoal e intransferível. Sob seu ponto de vista, por que alguns cris tãos deixam de ser criacionistas ao estudar a teoria da evolução? Conheço alguns casos, tanto entre meus co legas de faculdade como entre meus alunos. Penso que esse fato ocorre porque as igrejas, de maneira geral, tratam a evolução de uma forma simplista, fazendo com que a teoria pareça total mente sem sentido e ridícula. É bom que se diga que a teoria da evolução apresenta aspectos bastante complexos, com certa lógica e alguns pontos corretos, como as bases da seleção natu ral, da deriva genética e da especiação. Inclusi ve muitos criacionistas leigos pensam que Deus * N.E.: Especiação é o processo de formação de "novas espécies"; isto é, quando uma espécie se diferencia em duas. Geralmente acontece quando uma população de indivíduos da mesma espécie é dividida em duas por algum tipo de barreira (rio, montanha, etc.). Diz-se então que aconteceu um isolamento geográfico. Essas duas populações agora podem se diferenciar. Se, depois de algum tempo, elas não conseguirem mais cruzar entre si, considera-se que pertencem a duas espécies diferentes. Por Que Creio • criou as espécies estritamente da forma como elas se apresentam hoje e desconhecem o surgi mento de novas espécies devido, por exemplo, ao isolamento geográfico de populações. Creio que devido a essas particularidades, sen do necessário abordar o assunto na igreja, é dese jável que seja feito apenas por pessoas ponderadas, que tenham conhecimento do tema, para evitar si tuações constrangedoras e interpretações errôneas. Muitos jovens cristãos que ouviram falar de uma teoria "idiota", ao se depararem com esses conhe cimentos mais elaborados, se sentem fragilizados e alguns abandonam a fé. Por isso, creio que os jovens, antes de ser bombardeados com filosofias "antievolucionistas", devem ser orientados a ter uma relação pessoal com Deus e com Sua Pala vra, para que, quando se defrontarem com novos conhecimentos, sejam científicos ou filosóficos, saibam filtrá-los e mantenham inabalável sua fé no Criador. Esta é a única forma de não sermos enre dados pelas sutilezas que se nos apresentam dia riamente. Por que você é criacionista? Não sou criacionista por ser difícil explicar a origem da vida e a organização estrutural dos seres vivos e, desta forma, optei pelo caminho mais fácil. Sou criacionista porque creio na exis tência de Deus e tenho uma experiência pessoal com Ele, que fortalece minha fé. A experiência com Deus é imprescindível para que acredite- • A obra do grande artista mos incondicionalmente na criação em seis dias, na instituição do sábado como memorial da Criação e na necessidade absoluta de Jesus para a salvação. Não vejo nenhuma possibili dade de conciliar a teoria da evolução com a salvação em Cristo. Se evoluímos por acaso, do nada, por que Deus Se interessaria pelo ser hu mano, a ponto de enviar Seu Filho para morrer em seu lugar? E por que Jesus deveria morrer, se o homem não se distanciou de Deus e não existe lei moral nem pecado? Não sou criacionista militante e nunca senti a necessidade de estudar a evolução para com batê-la e assim reforçar minha fé na Criação. Porém, à medida que adquiro conhecimentos mais detalhados sobre a ecofisiologia das plan tas, através das minhas investigações científicas, percebo com mais clareza e intensidade a inte ligência e sabedoria do Criador. Dessa forma, posso afirmar que as informações sobre a biolo gia das espécies, que têm confundido tanto cien tistas quanto leigos, me tornam cada vez mais convicta da identidade do Criador, que deixou Sua marca registrada em toda a Sua obra. • V estígios de • Drus R odrigo Pereira da Silva Rodrigo Pereira da Silva nasceu em Belo Horizonte, M G , no ano de 1970. É bacharel em Teologia, licenciado em Filosofia e mestre em Teologia, pelo Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus. Especializado em Arqueologia (pela Universidade Hebraica de Jerusalém), participou de escavações em Cesareia Marítima e Shar Ha Golan). Em 2001 com pletou seu doutorado em Teologia do Novo Testamento pela Pontifícia Faculdade Católica de Teologia N. S. Assunção, em São Paulo. Foi professor de História e Ensino Religioso no Instituto Adventista de Ensino do Nordeste (IAENE) e no Centro Universitário Adventista (U N ASP), campus 2. Atualmente leciona Ética Filosofia e Antropologia no UNASP, campus 2. É autor dos livros Eles Criam em Deus e Escavando a Verdade (Casa), entre outros. • Vestígios de Deus ^ Qual é a importância da Arqueologia* para o conhecimento da Bíblia Evidentemente é impossível provar a existên cia de Deus através da pesquisa arqueológica. O papel dela se limita à verificação da autentici dade de fatos narrados na Bíblia, o que contribui com a expectativa de que, se a história descrita é real, a mensagem religiosa que a permeia também será. Por outro lado, se a Arqueologia apresentasse elementos que desmentem o relato escrito pelos profetas, então, automaticamente seria posta em dúvida a confiabilidade da doutrina transmitida. Wayne Jackson, em seu livro Biblical Studies in the Light of Archeoiogy, sistematizou em cin co pontos as contribuições da Arqueologia para o entendimento e confirmação da narrativa bíblica. Ele diz: "A ciência da Arqueologia tem sido uma grande benfeitora dos estudantes da Bíblia. Ela tem (1) ajudado na identificação dos lugares e no estabelecimento de datas; (2) contribuído para o melhor conhecimento de antigos costumes e obs curos idiomas; (3) trazido luz sobre o significado de numerosas palavras bíblicas; (4) aumentado nosso entendimento sobre certos pontos doutrinários do Novo Testamento; e (5) silenciado progressivamen te certos críticos que não aceitam a inspiração da Palavra de Deus." * Nota do entrevistador: A Arqueologia é o ramo da ciência que procura recuperar o ambiente histórico e a cultura dos povos antigos, através de escavações e do estudo de documentos deixados por esses povos. Por Que Creio • Por que é tão importante confirmar a histo ricidade de Gênesis? No que diz respeito à fenomenologia religiosa, entendo que o Gênesis é a mola mestra de toda cosmovisão do cristianismo, bem como do judaís mo e do islamismo, religiões que, juntas, perfazem quase a metade da população mundial. Falando especificamente da teologia cristã, especialistas em Novo Testamento dizem que a doutrina de Cristo está edificada sobre a revelação do Antigo Testa mento, que, por sua vez, repousa inteiramente so bre o relato de Gênesis. Se a história do Éden não aconteceu de fato, então a humanidade não come teu o chamado "pecado original" e não havia do que ser salva. Ou seja, a crença na morte expiatória de Cristo perde completamente seu significado. Portanto, a pergunta que a Teologia dirige ao arqueólogo é: Podem as escavações contribuir de alguma forma para a confirmação e aceitação do relato escriturístico? A resposta é sim, embora seja reconhecido que ainda não foram desco bertos nem 20% do grande tesouro arqueológi co que permanece oculto sob o solo de cidades como o Cairo, Jerusalém, Teerã, Bagdá e outras. É curioso perceber que a Bíblia é tão criticada, quando se sabe que outros documentos antigos, talvez nem tão confiáveis, são aceitos facilmente. Realmente. Desde o advento do método cientí fico e a consequente mudança nos modos de com preensão racional, muitos questionamentos têm • Vestígios de Deus ^ sido levantados quanto à validade histórica da nar rativa bíblica. Especialmente durante o lluminismo alemão (século 18), a força maior do método crítico histórico pesava sobre a falta de evidências fora da Bíblia que validassem a história descrita por ela. Uma vez que a Bíblia é um livro religioso, as sim argumentavam muitos pensadores, não faz nenhum sentido tomá-la ao pé da letra, reputando seu texto como genuína fonte de acontecimentos reais. É interessante, contudo, notar que esse prin cípio de avaliação crítica não foi empregado com o mesmo rigor sobre outros tipos de documentos antigos, muito embora vários deles também se pautassem por um background religioso. Heinrich Schliermann não pôde provar que Heitor e Raris de fato estiveram na cidade de Troia, mas suas alegações não foram tão criticadas quanto à teoria de Leonard Wooley, ao afirmar que o nome Abraão, encontrado nas ruínas de Ur, pudesse ser uma referência ao patriarca bíblico. Embora não seja possível confirmar cada inci dente descrito na Bíblia, é possível afirmar que os achados arqueológicos têm, desde o século 18, contribuído grandemente para a confirmação da história narrada pelos escritores canônicos. Até o fim de 1893, muitos eruditos não acre ditavam que Moisés pudesse de fato ter escrito os livros do Pentateuco. Por quê? A razão era muito simples. Segundo o pensa mento dos historiadores da época, não havia no Por Que Creio • tempo de Moisés uma organização formal de es crita alfabética que lhe possibilitasse escrever esses textos. A escrita alfabética e gramatical teria surgido por volta do século 8 a.C., o que impossibilita ria Moisés de ser o verdadeiro autor de Gênesis. Mas a descoberta de vastas bibliotecas préabraâmicas em Ereque, Lagash, Ur, Kish, Babilô nia e outras cidades demonstra que já pelo terceiro milênio antes de Cristo, os sistemas gráficos (tanto pictogrâmicos quanto cuneiformes) estavam em uso corrente, produzindo livros e anais que ecoam muito mais de perto a história bíblica do que os documen tos tardios, datados de 600 a.C. E foi providencial o fato de Moisés ter esco lhido uma escrita alfabética para redigir o Pentateuco, ao invés dos complicadíssimos hie róglifos egípcios, que só foram decifrados muitos séculos depois. Exatamente. Se não fosse assim, teríamos que esperar até o século 19 para ter a oportunidade de ler os livros que Moisés escreveu. Afinal, foi apenas depois que Champoliion conseguiu decifrar a Pedra de Roseta, que os especialistas se viram capacitados a ler inscrições hieroglíficas. Além do mais, a escrita ideogrâmica, especialmente a pictográfica, era bastante inspirada na mitologia pagã, que era recheada de sabor idolátrico. Se Moisés usasse aquela forma de escrever, incorre ria no risco de que alguns se inclinassem a adorar o texto, em vez do Deus que ali Se revela. ' ! : j • Vestígios de Deus Além da Bíblia, existem outros documentos que mencionam o D ilúvio? Sim. Já foram encontradas e decifradas mais de 40 versões antigas sobre o Dilúvio, que datam de até 2100 a.C. Gravadas em antigos códigos ainda preservados, essas versões contêm extraordinárias semelhanças com o texto de Gênesis. A mais fa mosa delas é o Épico de Gilgamesh (ou Gilgamés), encontrado na biblioteca de Nfnive e que hoje pertence ao acervo do Museu Britânico de Lon dres. Segundo especialistas, se somarmos as tradi ções orais e escritas que encontramos ao redor do mundo, fora as do Oriente Próximo, chega a mais de 100 o número de versões e relatos a respeito de um dilúvio universal que cobriu toda a Terra. Isso demonstra que Moisés não foi o criador da história diluviana, mas apenas o transmissor de um antigo fato que antecedeu seu próprio tempo. O décimo primeiro tablete do Epico de Gilgamesh, que con tém um relato de dilú vio notavelmente se melhante à história bíblica do Dilúvio. O tablete, que data do sétimo século a.C., foi descoberto em Nfnive Museu Britânico - Divulgação ^ Por Que Creio • E sobre o relato da Criação? Importantes documentos como o Enuma Elish, o êpico de Atrahasis e o Épico de Gilgamesh possuem fortes paralelos com a descrição bíblica da criação do mundo, a queda do ser humano e a vinda de um dilúvio sobre a Terra. Especialmente com rela ção ao Enuma Elish e o Gênesis, temos a seguinte relação de paralelos: (1) em ambos os livros a água está presente nos estágios iniciais da Criação; (2) no Enuma Elish, a luz emana dos deuses, enquanto no Gênesis é Yahweh quem a cria; (3) o firmamento é criado; (4) aparecem as terras secas; (5) as lumi nárias celestiais são estabelecidas; (6) o homem é criado no sexto dia, enquanto no Enuma Elish a Criação é descrita no tablete número 6; e (7) no Enuma Elish os deuses descansam após a Criação e a celebram, enquanto no Gênesis, Deus também "descansa" no sétimo dia e celebra a Criação. Por causa dessas similaridades, alguns histo riadores têm sugerido que o relato bíblico não passa de um plágio de documentos mais anti gos. Entretanto, as diferenças (que são muito mais significativas que as similaridades) fazem supor não uma cópia de material, mas antes uma referência múltipla aos mesmos eventos. K. A. Kitchen escreveu, em Ancient Orient and OldTestament "A suposição comum de que este relato [bíblico] é simplesmente uma versão simpli ficada de lendas babilónicas é um sofisma em suas bases metodológicas. No antigo Oriente Próximo, a regra é que relatos e tradições podem surgir (por • Vestígios de Deus acréscimo ou embelezamento) na elaboração de lendas, mas não o contrário. No antigo Oriente, as lendas não eram simplificadas para se tomar pseudohistória, como tem sido sugerido para o Gênesis." Muitos pesquisadores, como Levi Strauss, que consideram o relato da Criação um mero mito, admitiram que uma grande surpresa e perplexi dade surge do fato de que esses temas básicos para os mitos da Criação são mundialmente os mesmos em diferentes áreas do globo. A. G. Rooth analisou cerca de 300 mitos da Criação encontrados entre tribos indígenas norteamericanas e concluiu que, a despeito de certa variação de costumes e outros fatores culturais, os mais variados grupos concordavam em alguns temas principais. Por que essas similaridades de ideias míticas e imagens são abundantes em cul turas tão distantes umas das outras? A resposta, creio, não poderia ser outra senão a de que todas as tradições se encontram num mesmo evento real que, de fato, ocorreu em algum ponto da história antiga. Esse evento tem que ver com a criação di vina do planeta Terra e a conseguinte queda moral da humanidade, que então se coloca à espera da redenção prometida. Mas as "coincidências" não se restringem ao Oriente Próximo e às tradições indígenas norte-americanas... De fato. Antigos hinos pertencentes à mais remota tradição do povo Karen, da Birmânia, Por Que Creio • foram traduzidos de um primitivo dialeto sinotibetano para o inglês do fím do século 13. Uma das estrofes litúrgicas diz que um deus chama do l'wa deu ordens bem detalhadas, mas Umkaw-lee, o ser rebelde, enganou duas pessoas, fazendo-as comer o fruto da tentação. Por causa disso, os homens ficaram sujeitos à doença, en velhecimento e morte. No norte de Calcutá, na India, viviam dois milhões e meio de pessoas conhecidas como o povo Santhal. Sua antiquíssima tradição conta que um deus chamado Thakur Jiu criou o pri meiro homem chamado Haram e a primeira mulher, chamada Ayo. Eles foram colocados num jardim bonito, chamado Hihiri Pipiri. Ali, um ser malvado chamado Lita fez cerveja de arroz e ofereceu ao casal. Eles não deviam ter bebido, mas o fizeram e acabaram dormindo. Ao acordarem, descobriram que estavam nus. O estudioso Merryl Unger conclui que "es sas não são tradições peculiares aos povos e religiões semitas que se desenvolveram a par tir de características comuns. Elas são tradições comuns a todas as nações civilizadas da anti guidade. Seus elementos coincidentes apontam o tempo em que a humanidade ocupou o mes mo espaço e praticou a mesma fé. Suas seme lhanças se devem a uma mesma herança, onde cada grupo de homens manteve, de geração em geração, os históricos orais e escritos da história primeva da raça humana". O Gênesis, portanto, • Vestígios de Deus ^ se torna o elemento de convergência literária dessas semelhanças e esboça a forma original dessas tradições hoje espalhadas pelo mundo. Alguns podem supor que o relato bíblico ape nas ecoou uma coleção de lendas primitivas. Acho que isso seria bastante improvável. Pri meiro, pela própria universalidade que vemos em relação a esses relatos. O fato de se acha rem presentes em culturas tão diversas e distan ciadas pelo tempo e pela geografia, aponta mais para a transmissão de um antigo acontecimento do que para a interdependência de mitos. Em segundo lugar - e aqui vou direto ao relato bí blico -, é bastante estranho (do ponto de vista da interdependência histórica) que a Bíblia ape nas ecoasse outros mitos quando a mola mestra de sua teologia é o monoteísmo, que se choca frontalmente com a cosmovisão politeísta en contrada nos demais textos. Como suas pesquisas têm influenciado sua fé no Deus Criador do Universo? Louvo a Deus pelo dom da fé que Ele conce de aos seres humanos. Estou também certo de que sem fé é impossível agradá-Lo. Contudo, cada dia que passa, minhas pesquisas revelam que essa fé não está solta num mundo virtual de imaginações religiosas, sem nenhum contato com a realidade humana. Em outras palavras, há tantas evidências empíricas em relação ao For Que Creio • relato bíblico da Criação, que acho pertinente o binômio "fé racional". Há bastante lógica na fé e Deus é muito mais do que uma hipótese "razoável"; Ele é real e, no momento em que oro, quase dá para tocá-Lo. Quando participo de uma escavação arque ológica ou estudo documentos antigos deixados pela humanidade, o que mais vejo são os ras tros históricos de um Deus que caminhou entre nós. E como se o passado me dissesse: "Deus passou por aqui!" fara saber mais: leia o livro Escavando a Verdade, do Dr. Rodrigo Silva (Casa). O MILAGRE ♦ DA VIDA Î Roberto César de Azevedo Na opinião de Bill Gates, não há Windows xp que se compare em sofisticação a um só gene, mui to menos a um genoma completo. "Gene é o mais sofisticado programa que roda por aí", diz o dono da Microsoft. Poucos feitos científicos tiveram o im pacto do anúncio do sequenciamento do genoma humano, embora pouca gente entendesse realmen te do que se tratava e de suas consequências. Roberto César de Azevedo, diretor do Departa mento de Educação Adventista na América do Sul, fala nesta entrevista, dentre outras coisas, das mara vilhas do genoma. Ele é formado em Ciências Bioló gicas pela Universidade de São Paulo, onde também fez o Mestrado em Ciências da Comunicação. De 1964 a 1971, foi professor de Ciências e Biologia no Instituto Adventista de Ensino, hoje Centro Universitário Adventista (UNASP), cam pus São Paulo. Nos dois anos seguintes, trabalhou como assessor do Departamento de Educação da Por Que Creio • Associação Paulista da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Dirigiu a obra educacional na antiga União Sul-Brasileira, de 1972 a 1984, passando a atuar como diretor geral do Centro Universitário Adventista (os dois campi) nos cinco anos seguintes. É autor dos livros A Origem Superior das Espécies (Editora Universitária Adventista), O Enigma das Estátuas e O Tempo do Fim (Casa Publicadora Brasileira). Por que o evolucionismo ainda domina os meios científicos e de comunicação? A teoria da evolução ainda domina os meios científicos porque, durante as últimas gerações, foi ensinada como verdade científica, e os evolucionistas são um grupo militante e ideologicamente ativo. Além disso, os meios de comunicação utilizam, via de regra, como fonte de consulta, pesquisadores e pensadores evolucionistas, geral mente ateus, não abrindo espaço para a discussão da controvérsia criacionismo x evolucionismo. Para se expiicar o assunto Origens, qual seria o currículo (programa) ideal para as escolas ? O assunto das Origens, e os grandes temas biológicos controversos, devem estar disponíveis para todos os estudantes, desde as séries iniciais, e até o nível de pós-graduação {mestrado e dou torado), de maneira cíara, escrita por especialistas em criacionismo e evolucionismo, com base em evidências, ou fatos científicos comprovados. j • O milagre da vido A comparação entre os modelos deve ser ob jetiva e sintética. No caso específico da origem da vida, devem-se colocar lado a lado as duas propostas. Um exemplo: Como surgiu a vida? Posição evolucionista: Surgiu casualmente, por geração espontânea, a partir de substâncias químicas sem vida. A forma inicial era simples, incompleta, inferior, primitiva, sem características genéticas definidas. Posição criacionista: Surgiu de um ato criativo de um Deus inte ligente. As formas de vida iniciais eram com pletas, complexas, superiores, desenvolvidas plenamente, com características genéticas pró prias e definidas para cada espécie. A partir desse contraste entre modelos devem ser debatidas as evidências científicas, empíricas, de cada item, com a participação dos alunos. De idêntica maneira, em temas controversos, as posições devem ser claramente conhecidas. É o caso, por exemplo, da explicação de como efe tivamente surgiram os fósseis, as novas espécies, os seres humanos, etc. Quais o senhor acha são as maiores fragilidades da teoria da evolução? Creio que uma delas é a falta de evidência e a observação limitada e até descuidada em certos Por Que Creio • casos, embora haja pesquisadores evolucionistas criteriosos, é verdade. Os postulados são extre mamente frágeis, e são de modo geral opinativos. Representam a imaginação peculiar de seus auto res, que em geral extrapolam os fatos científicos e imaginam que seus postulados são críveis. Por exemplo, para substituir o Deus Planejador e Criador, os evolucionistas inven taram o mito do acaso cego. Atribui-se ao acaso a responsabilidade por planejamento, ordem e complexidade vistos no Universo, eliminandose a relação causa/efeito. Não seria uma fuga à realidade dos fatos? Ciência requer observação cuidadosa e relacionamento de causa e efeito. A crendice na geração espontânea é outro problema ao qual me referi há pouco. Apesar de Darwin ter lido os trabalhos de Rasteur, que demonstrou elegantemente que "vida só provém devida", em todos os livros de Ciências e Biologia aparece a anticientífica e medieval crendice da geração espontânea. Na verdade, isso é um aten tado à ciência, pois nunca houve demonstração a respeito. A atmosfera primitiva reducionista (sem oxigênio) e as famosas experiências de MillerUrey estão desacreditadas porque, a partir da década de 1980, surgiram evidências fortes de que a atmosfera primitiva possuía oxigênio. Outro problema: o testemunho fóssil mostra que o surgimento de cada espécie foi repenti no, e as espécies surgiram prontas, completas, funcionais e plenas. A explosão da vida no 0 milagre do vida Cambriano destrói o conceito da "árvore univer sal", porque repentinamente surge a maioria dos "Filos" animais, complexos e altamente especia lizados, Nada de elos intermediários. Não há uma "árvore" de espécies, mas uma "floresta", onde cada árvore é uma espécie-tronco ou espécie básica. O grande erro é ficar inventan do essas cadeias evolutivas. Se tomarmos cada espécie de per si e analisarmos os fósseis e as congêneres atuais, encontraremos de modo geral uma continuidade da mesma espécie. Assim, a familiar "árvore filogenética'" é uma invenção que não corresponde aos fatos. A genética atual, na verdade, mostra o contrário: a manutenção, a perpetuação das características do "gene-pool" das espécies. Comente o uniformismo* e os chamados elos perdidos. Com base no conceito do uniformismo geo lógico de Charles Lyell, Darwin inventou o uniformismo biológico de milhões de anos. Um processo lentíssimo, que foi imperceptível mente mudando as espécies. Mas os fatos desmen tem também o uniformismo. Os fósseis, para surgirem, necessitam de soterramento rápido e * Nota do entrevistador: Sob o ponto de vista uniformista, pretende-se explicar a origem, o desenvolvimento e mesmo o significado de todas as coisas e seres em termos estritos de leis naturais e de processos operando tanto hoje quanto no passado (assim, o presente seria a chave do passado). Também é conhe cido como atualismo. Por Que Creio • abundância de água. Catástrofes que Darwin não aceitava. Para ele, os fósseis seriam raríssimos. Mas o que se vê são grandes quantidades de fósseis, com a peculiaridade de se encontrarem cemitérios imensos de animais gigantescos, sepul tados conjuntamente sem a presença dos vegetais daquele ecossistema.* Ou como no caso da Forma ção Santana, onde há milhões de fósseis que evi denciam morte súbita e soterramento imediato. De outro lado, no Carbonífero, estão trilhões de toneladas de vegetais sepultados e compri midos em extensas camadas. Em geral com poucos animais de seu ecossistema. Catástrofe completa. Nada de uniformismo. Os geólogos, a partir dos trabalhos de Bretz, e aceitando a teoria da deriva continental de Wegener {um criacionista diluvionista), já perceberam que grandes catástrofes ocorre ram na história da Terra. O uniformismo, que se cristalizou na década de 1980, carece de embasamento científico. Portanto, os biólogos evolucionistas continuam a insistir num concei to totalmente superado e equivocado. E os chamados "elos perdidos"? Rara Darwin, deveria haver "incontáveis" elos perdidos ou fósseis de organismos de transição. No entanto, o que se percebe é jus tamente o oposto: a quase inexistência de tais * N.E.: Ecossistema é o conjunto de populações de organismos que vivem em determinado local, junlarnente com o ambiente inerte. • 0 milagre da vida fósseis. E os que são apontados como tais são altamente duvidosos, constituindo evidência frágil* e trazendo grande confusão, e em certos casos evidências de fraude. Vejamos o caso do elo réptil/ave. O Archaeopteryx é considerado o fóssil mais valioso do mundo. Está em todos os livros de Ciências e Biologia. Foram encontrados oito exemplares - os dois últimos em 1970 e 1987 - que aparentemente não possuem penas. Estranhamente, nos dois pri meiros as penas são similares às das aves moder nas, trazendo a suspeita de que seu descobridor, Karl Haberlein, teria "ajudado" a evolução e feito as impressões. Hoje o Archaeopteryx é considerado uma ave, não o elo de liga ção réptil/ave. /\ Archaeopteryx já foi con siderado o elo de transição entre os répteis e as aves. Hoje é tido como uma ave extinta que possuía características em comum com os répteis * N .E.: Bons exem plos são o Eusthenopteron e o Ichthyostega, que sugeririam a passagem de peixes para anfíbios, e o famoso Archaeopteryx, que seria a passagem dos répteis para as aves. H o je se sabe que são apenas organism os que apresentavam características em com um com outros organismos. U m exem plo atual seria o ornitorrinco: é mamífero, põe ovos, tem bico e não é uma forma de transição. Por Que Creio • Recentemente começou uma corrida para substituir esse "elo duvidoso". Escolheram o Protoarchaeopteryx, em 1998, seguido de um respeitoso silêncio. No ano seguinte, em novembro, surgiu o Archaeoraptor, amplamente divulgado por todo o mundo, inclusive com a ajuda da revista National Ceographic. No início do ano 2000 o paleontólogo chinês Xu Xing (apresentado pela revista como o descobridor do fóssil) anunciou pela agência Nova China que havia caído na armadilha de um grupo de contrabandistas, que inventaram o "elo evolucionário" para ganhar dinheiro à custa dos pesquisadores. E tem mais: os museus estão tirando a cadeia evolutiva do cavalo, também presente na maio ria dos livros didáticos de Ciências, porque confundiram um dos "elos" com uma anta. O peixe celacanto também se demonstrou uma falsa evidência. Sim. Thomas Huxley, o grande defensor de Darwin, escolheu o celacanto como o elo transicional de animal aquático para terrestre.Teria 400 milhões de anos. Só que em 1938 o celacanto foi redescoberto, vivol O celacanto trouxe desagra dáveis e contundentes desmentidos: (1) os peixes são marinhos, portanto não frequentavam lagoas ou riachos onde teriam começado o processo de passar do ambiente aquático para o terrestre; (2) vivem a 400 metros de profundidade e estão • 0 milagre da vida adaptados a ela. Não estão próximos da terra nem fazem passeios para "treinar as futuras patas"; (3) os peixes estão completamente adaptados para seu hábitat. Possuem cartilagem flexível, como os tubarões, e olhos adaptados à profundidade, com predominância de bastonetes com altíssimo grau de fotossensibilidade; (4) a bexiga natatória não tem nada a ver com animais terrestres. Nela há líquido oleoso, e isso novamente desmente Darwin, que afirmava categoricamente que "não tinha dúvidas" quanto ao "fato de que todos os vertebrados de pulmão descendam de um ances tral primitivo... com uma bexiga natatória"; (5) as nadadeiras jamais poderiam ser usadas para a locomoção terrestre - o peixe pesa 80 quilos. O peixe celacanto era tido como um elo transicionaI de animal aquá tico para terrestre, e era considerado extinto há vários milhões de anos, até que foi encontrado vivo, em 1938 Nos últimos anos têm sido publicados livros de pesquisadores evolucionistas criticando aspectos do evolucionismo (um bom exemplo é o livro A Caixa Preta de Darwirv do bioquí mico M ichael Behe*). A que se deve isso? De fato, o evolucionismo enfrenta pressão con siderável pela ausência de fatos científicos que o * N.E.: Leia a entrevista com Michael Behe nas páginas 179 a 189. ^ Por Que Creio • sustentem. Especialmente a partir da década de 1980, as grandes vigas de sustentação da teoria evolucionista começaram a demonstrar "fadiga de material", exatamente porque o volume de evidências contrárias cresceu intensamente. Além de Behe, têm surgido dezenas de autores, dentro e fora do paradigma evolutivo, questionando o evolucionismo. Alguns exem plos: Francis Crick {Life Itself. It's Origin and Nature), Michael Denton (Evolution: A Theory in Crisis), Francis Hitching (The Neck of the Giraffe: Where Darwin Went Wrong), Mae Wan Ho e Peter Sounders (Beyond Neo Darwinism: An Introduction to the New Evolutionary Paradigm); Soren Lovtrup (The Refutation of a Myth), Mark Ridley (The Problems of Evolution), Robert Shapiro (Origins: A Skeptic's Guide to the Creation of Life on Earth), Gordon Rattray Taylor (The Great Evolution Mistery), Phillip E. Johson (Darwin no Banco dos Réus e Defeating Darwinism), Scott M. Huse (The Collapse of Evolution), Jonathan Wells (Icons of Evolution - Science or Myth), Richard Milton (Shattering the Myths of Darwinism), e outros. O Projeto Genoma favorece, de alguma forma, a posição criacionista? Sem dúvida! Ele foi liderado por Francis Collins, ex-ateu, hoje cristão, que declarou * N.E.: Paradigma é um conceito amplo aceito como verdadeiro e que influencia a interpretação dos dados. • O milagre da vida publicamente, por ocasião do anúncio oficial do projeto, em 26 de junho de 2000, que o genoma humano é "o nosso livro de instruções, previamente conhecido somente por Deus". Para alguns, ficou evidente que o criacionismo estava de volta. O genoma humano é um código com três bilhões de letras, as quais preencheriam o equivalente a 200 catálogos telefônicos de 500 páginas cada um, em rigorosa ordem sequen cial, contendo todas as instruções para a forma ção de um ser humano, O tamanho de cada genoma humano é de aproximadamente 1,5 metro de comprimento, cuidadosamente enovelado e distribuído de modo planejado, ordenado e específico pelos 23 pares de cromossomos humanos. E isso em todos os 30 trilhões de células do ser humano. A informação genética necessária para especificar todas as características de cada um de nós está contida no DNA de forma codificada. Essas instruções serão seguidas desde o momento da fecundação. E se há um código, há um codificador, um Criador inte ligente, um tremendo arquiteto e um artista grandioso. É inconcebível a ideia de acaso cego, falta de ptano, intenção ou projeto, quando consideramos a complexidade do genoma. O Projeto Genoma (tanto humano, quanto de animais e plantas), na minha opi nião, aponta para o Criador. Por Que Creio • Por que o senhor é criacionista? Sou criacionista porque, ao estudar Biologia, observei claramente nos seres vivos os indícios, as evidências de um assombroso plano criativo. Em meu tempo de universidade, não conseguia entender como professores e alunos aceitavam tão facilmente as ideias evolucionistas. Então, resolvi estudar a fundo o assunto para entender as razões deles. Fiquei ainda mais assombrado com a fragilidade dos postulados evolucionis tas. Comecei a questionar meus professores, mas as respostas que recebia deles eram desca bidas e ilógicas para mim. Lembro-me de que, em 1987, a professora Nair Elias Ebling e o Dr. Admir Arrais lançaram o primeiro livro didático criacionista no Brasil, para o nível fundamental. Ambos, biólogos e professores de carreira, realizaram um trabalho pioneiro e difícil. Casualmente, acompanhei uma entrevista que deram ao jornal Folha de S. Paulo, e apoiei a iniciativa fazendo alguns comentários que foram publicados. Mas a reportagem se revelou uma armadi lha. Em vez de elogiar o livro, havia um ataque monstruoso de duas páginas, destruindo a reputação dos autores e desqualificando total mente o material. Pude perceber, então, o dogmatismo evolucionista e a grande ignorância do que é realmente o criacionismo. Chocou-me o tratamento desle al, desonesto e destrutivo daqueles que deveriam • O milagre da vida primar pela verdade científica e a informação clara e precisa. Lamentavelmente, a mídia pouco tem contribuído, nesse campo, nos últimos anos. A partir daquele momento, compreendi que muito deveria ser feito para ajudar as pessoas a perceber melhor, dentro desse tema controver so, o que é evidência e fato científico. Continuei estudando, A leitura exaustiva do livro A Origem das Espécies, de Darwin, e de dezenas de outros livros de grandes evolucionistas, ajudou ainda mais a cristalizar minha posi ção criacionista. Não conseguia entender como um autor com ideias tão confusas como Darwin tinha muito mais fama do que Mendel, o pai da Genética; Lineu, o pai da Sistemática; e o grande Fàsteur, com sua participação decisiva, sepultan do a crendice da geração espontânea. Todos eles - criacionistas - foram, de modo deliberado e consciente, relegados a um plano secundário. A conclusão mais decisiva de minhas pes quisas foi verificar que as evidências, os fatos, a observação acurada, a precisão - que consti tuem o cerne da ciência não apontam para o evolucionismo. Ao contrário, para um plano, projeto, inteligência, ordem e precisão. Como professor de Ciências, ficava e fico indignado quando os evolucionistas colocam conceitos inadequados, fraudes e meias verdades nos livros de Ciências e Biologia, mesmo depois de décadas de evidências opostas ao evolucio nismo. Um cientista tem o compromisso com a ^ Pof Que Creio • verdade, e ela pode ser gradativa. Mas quando se sabe que Haeckel fraudou os desenhos do embrião - e este apóstolo de Darwin confessou isso há um século - e hoje a mesma fraude é reproduzida nos livros-texto de nossos alunos, conclui-se que isso é propagar a fraude. Ou quan do sabemos que Rasteur provou que a geração espontânea é uma crendice popular, e o professor e o autor evolucionistas afirmam que, de alguma forma, há geração espontânea, isso é compactuar com o pensamento anticientífico. Devo acrescentar, porém, que ao me depa rar com essa controvérsia, isso me levou a ler e estudar com muito mais atenção e afinco o livro que o Criador colocou em nossas mãos: a Bíblia. Nela estão claramente delineados, de forma compacta, em poucas páginas, nosso iní cio e nossa nobre origem: somos criaturas do Deus todo-poderoso, o Criador dos bilhões de constelações e sistemas planetários. É só levan tar a cabeça e perguntar: Quem fez tudo isso? Falar que galáxias, estrelas, sistemas planetá rios, minerais, leis físicas e químicas são produto do acaso, significa a priori rejeitar a relação de causa e efeito. Mas os seres vivos constituem mila gre ainda mais surpreendente! Representam um nível mais elevado do projeto do Criador. Numa perspectiva geral, cada espécie de ser vivo é uma obra de arte e um núcleo infindável de sabedoria. Desde os unicelulares até os seres humanos, feitos à imagem e semelhança do Criador • O milogre da vida Pense agora na incrível máquina humana. Trilhões de células, com seu ultracomplexo código genético ao qual já me referi, cuidado samente projetadas e completamente inter-relacionadas. Sistema nervoso, sistema circulatório, músculos, aparelhos... Tudo bem "encaixado" e funcional - como pensar que os seres humanos não são obra de um plano inteligente? Esta imensa sala de aula chamada Universo estará à disposição daqueles que honrarem ao Criador neste planeta, os quais se tornarão Seus alunos na grande "universidade do futuro". Assim, a principal razão por que sou criacionista é que o Criador é, além de tudo o que foi dito, nosso Rai, nosso Mestre e Mantenedor do milagre da vida. Para saber mais: leia o livro História da Vida, de Michelson Borges (Casa). •A ORIGEM ? DAS ETNIAS Orlando Rubem Ritter O criacionismo defende que, após a Criação>, havia uma só língua, ou seja\, uma só estrutura linguís tica, com um vocabulário comum, como pode ser observado em Gênesis 11:1. Entretanto, essa língua comum foi um dos fatores utilizados pelo ser humano para violar uma das primeiras recomendações divinas: a de encher e dominar a Terra. De fato, opondo-se a esse claro desígnio de Deus, o ser humano começou a construir uma cidade e uma torre, "para não serem espalhados pela superfície da Terra". Foi essa, em parte, a razão pela qual o mesmo Deus que havia dado a linguagem aos homens deu origem a várias famílias linguísticas (Gênesis 11:7), em resultado do que a humanidade acabou se espalhando por todo o planeta. O ponto de vista criacionista, baseado no relato bíblico, explica assim não só a unidade, mas também a diversidade das línguas. É sobre isso que o professor Orlando Rubem Ritter fala nesta entrevista. Ritter é natural de Porto • A origem das etnias <6 Alegre, RS. Formado em Matemática pela USP, é também mestre em Educação pela Andrews University, nos Estados Unidos. Além de ter sido diretor de faculdades e fundador de escolas, foi professor de Matemática e Física por mais de 30 anos, e pro fessor de Ciência e Religião por mais de 40 anos. Na época da entrevista, ele era coordenador do curso de Pedagogia do Centro Universitário Adventista (UNASP), campus São Paulo. Fale um pouco sobre a variedade linguística e étnica* no mundo. A variedade é um fato marcante neste planeta. Enquanto alguns seres humanos foram capazes * Nota do entrevistador: Na verdade, cm nível genético, essa diferença acaba sendo mínima, o que está de acordo com a visão cri acionista. Note o que a revista Veja publicou, em sua edição de 5 de maio de 1999 (p. 113): "Pesquisas de cientistas da Universidade da Califórnia, campus de San D iego, indicam que a hum anidade por um tempo esteve às raias da extinção, e as razões apresentadas para tanto vão desde a provável queda de um meteoro que feria dizim ado muitas espécies de vida, a epidemias por doenças trazidas por grupos nômades, mudanças bruscas na temperatura, ele. [E por que não um d ilú vio global?] " O fato é que foi descoberto que 'a diversidade genética das pessoas, mesmo entre populações disíintas e de lugares muito distantes entre si, como a Am azônia c a Sibéria, é muito pequena. [...] Isso leva à conclusão de que 'os seres humanos descendem todos de um pequeno grupo de ancestrais'. D aí entra a explicação de que uma imensa mortandade teria ocorrido em algum ponto da pré-história, ninguém sabendo exatamente o que ocorreu. "'A variedade genética da humanidade hoje é muito pequena para uma arvore evolucionária que tem tantos elementos e ramificações',, afirmou o coordenador da pesquisa, D avi d W oodruff. [...] 'É com o se fôssemos todos clones de uma única matriz, com o na experiência com a ovelha D o lly.'" Por Que Creio • de pintar a Capela Sistina e compor belíssimas sinfonias, há tribos que ainda não sabem usar o fogo. t um grande contraste. No que diz respeito aos aspectos étnicos, ou raciais, e linguísticos, também há grande variedade. Só na Africa são mais de mil etnias. Os ramos linguísticos são cerca de cinco mil. Existe consenso com relação à origem comum de toda a humanidade, a partir de um casal original? Sim. E a Antropologia Descritiva (ou a Etnolo gia) que estuda as etnias humanas. A Linguística estuda as línguas. Conhecer a origem das etnias e das línguas é realmente algo empolgante. A origem comum da humanidade a partir de um par original é chamada monogenismo, e esse conceito também se aplica à origem das línguas. Para se ter uma ideia de como se deu a ori gem das etnias e das diversas línguas, podemos utilizar a Bíblia como fonte de hipóteses, sus tentadas, é claro, por evidências. O que a Bíblia fala sobre o primeiro homem? Adão, ou Adam, em aramaico, quer dizer "tor nar vermelho" ou "ficar vermelho", o que suge re que a pele dele tinha coloração avermelhada * N.E.: A Linguística Histórica surgiu no fim do século 18, com a descoberta feita na índia - por um juiz britânico que se inclinou ao estudo das línguas e suas relações - de que muitas línguas da Europa e do Oriente estavam reunidas como em uma família, à qual se deu o nome de indo-europeia. • A origem das etnias ^ (e é bom lembrar que ele foi feito da terra). Na tradição hindu, aparece o ancestral Adamu; e na tradição sumeriana, a mais antiga civilização pós-diluviana, aparece Adapa. Segundo essa tra dição, Adapa vivia num país em que não havia morte, o ar era puro e a água, limpa. Mas Adapa acabou perdendo o direito à imortalidade. Várias culturas possuem relatos que mostram uma ori gem comum para a humanidade, com Adão e Eva, no Jardim do Éden. Por que o mundo antediluviano não promo via muita variabilidade?* A humanidade primeva vivia em um mundo bem diferente. O apóstolo Pedro fala do "mundo * N.E.: A ação da seleção natural ocorrendo nos diferentes ambientes pós-diluvianos juntamente com o total isolamento geográfico a que as populações humanas estavam submetidas no passado, pode ser uma boa explicação para a origem das etnias humanas. Por exemplo, se após o Diluvio um grupo de indivíduos migrou para o sul da África, acabou se isolando totalmente dos grupos que viviam na Ásia, pois as viagens eram difíceis naquele tempo, e eles nunca mais voltaram a casar-se entre sí. Em lugares quentes, como a África, a pele negra apresenta vantagem em relação à pele branca ; então, os indivíduos que nasciam com pele mais escura levavam van tagem seletiva em relação aos indivíduos de pele mais clara. Com o passar de muitos anos e total isolamento reprodutivo (ou seja, estes indivíduos de pele mais escura não se casavam com os de pele clara, pois estavam isolados geograficamente), a pele gradualmente se tornou mais escura. Atualmente esta mos vendo o processo inverso acontecer: devido às facilidades de transporte, as barreiras geográficas estão sendo quebradas. Pessoas de etnias diferentes estão se casando e gradualmente estão desaparecendo as diferenças marcantes entre as "raças". © Por Que Creio • daquele tempo" ou "mundo de então" (2 Pedro 3:6), deixando clara a ideia de que o mundo antediluviano era bem diferente do nosso. Os criacionistas e os evolucionistas concordam em que havia um continente único, a Rangea, com clima e topografia diferentes dos atuais. Esses fatores, e outros, promoviam a relativa invariabilidade de então, situação que perdurou até o Dilúvio. As características dos filhos de Noé suge rem alguma coisa ao pesquisador? Noé tinha 480 anos quando Deus lhe ordenou que construísse a arca. Com 500 anos nasceu-lhe o primeiro filho: Jafé. Os dois seguintes nasceram com dois anos de diferença cada: Sem e Cão. Creio que as características diferenciadas entre eles seja uma possibilidade de explicação para a variação étnica verificada entre os humanos.* Jafé possivelmente tenha nascido com uma pele diferente da dos pais e um pouco mais cla ra, considerando-se as etnias que se originaram dele, ou seja, os caucasianos. Curiosamente, o significado do nome Sem é "nome". Isso mesmo. Nunca vi alguém chama do "Nome", mas o piano de Deus era que esse filho de Noé preservasse justamente o nome • • • — .... — .........- — - ■ ■ ■ ■ * N.E.: Essa diferença também poderia ser explicada pelas espo sas dos filhos de N oé. Elas poderiam ser bastante diferentes entre si, já que provavelm ente não tinham parentesco. Assim, entre os netos de Noé já poderia haver certa diferenciação. Mas certamente essas diferenças se acentuaram mais com o isolamento geográfico que ocorreu depois do D ilú vio. • A origem das etnias © da família e o nome de Deus. Sem originou os povos semitas que, de fato, contribuíram para manter viva a religião monoteísta. Cão significa "quente". Possivelmente sua ba gagem genética tenha sido remodelada por Deus para enfrentar as regiões mais quentes que haveria no mundo, após o Dilúvio. Mas é claro que tam bém devemos levar em conta o fato da adaptação biológica natural e o fator isolamento geográfico. Gênesis 9:19 diz que desses três homens Sem, Cão e Jafé- se povoou a Terra, originandose as etnias e as línguas. O mundo passou por grande fragmentação geográfica e mudanças climáticas e topográficas, o que favoreceu a variabilidade em diversos aspectos. As condições do mundo pós-diluviano podem ser uma explicação para a diversidade humana Por Que Creio • Por que o senhor acha que Deus promoveria essa diferenciação entre e/es ou teria dotado a humanidade com essa capacidade adaptativa? Vejo aqui a presciência de Deus em dotar a hu manidade renascente com características que lhes ajudariam a se adaptar melhor ao estranho mundo pós-diluviano. Além disso, era também uma forma de conter a maldade, isolando os povos. Coincidentemente com a visão bíblica, os etnólogos classificam as etnias a partir de três grandes "raças" e troncos linguísticos. Mas o centro de dispersão, segundo a Bíblia, fica na Ásia Menor, no Cáucaso, ou terra de Ararate, e não na África, como querem alguns. Aliás, na África, na última metade do século 20, foram encontrados fósseis de criaturas com aparência e características simiescas, como bai xa capacidade craniana, membros aptos para agarrar e segurar, mas com o andar ereto, den tes pequenos, etc., e foram chamados de australopitecíneos (Australopithecus africanus foi o nome de um dos primeiros encontrados). Por causa das marcas humanas e de acordo com teorias correntes, muitos foram levados a considerá-los como antepassados pré-humanos e a África, como o "berço da humanidade". Nes se contexto, causou muita sensação o achado de um esqueleto quase completo de australopiteco, que inclusive recebeu o nome de Lucy. Nos anos 1960 foram descobertos, num desfila deiro da África Oriental, fragmentos fósseis de uma • A origem das etnias criatura jovem com abóbada craniana maior que a dos australopitecos. Como nas vizinhanças desse local alguns anos antes haviam sido encontradas pedras lascadas de modo bastante rude, presumiu-se que tivessem sido produzidas por essa criatura, razão pela qual foi-lhe dado o nome de Homo habilis. Como era de se esperar, alguns viam nessa criatura um elo intermediário entre os gêneros Australopithecus e Homo. Contudo, após estudos posteriores e não pouca discussão, prevaleceu a tendência de considerá-la como um australopiteco, por causa de características tipicamente simiescas nas proporções corporais e na dentição. Não parece simples colocar os Australopithecus numa linha filogenética evolutiva indo de primatas extintos em direção ao homem. O peso das carac terísticas simiescas é muito grande e são observados diferentes graus de variabilidade nas diversas partes do corpo, não permitindo formar uma linha evolu tiva, mas sim uma disposição em mosaico dentro do grupo. Por isso, para muitos, parece prevalecer a ideia de considerar os Australopithecus apenas como um grupo diferente e peculiar de pri matas. Os traços peculiares dos três filhos de Noé podem ser identificados ainda hoje? Sem dúvida. Até hoje os povos semitas (des cendentes de Sem) podem ser reconhecidos pe los traços fisionômicos. As línguas que falam, apesar das variações, também podem ser iden tificadas através dos sons guturais fortes, como Por Que Creio • no árabe, e das raízes triliteras, compostas uni camente de consoantes (só mais tarde os massoretas acrescentaram vogais ao hebraico). Jafé deu origem aos povos indo-europeus, ou caucasianos, ou ainda arianos. Os Jafetitas, além de povoarem a Europa, imigraram para o vale do Rio Indo (índia), ocorrendo a miscigenação com os povos que lá já havia. Os hindus têm, portan to, ascendência jafetita e sua língua tem como base o sânscrito, que é uma língua jafetita. Dessa língua surgiu uma grande família que originou idiomas como o latim, o grego e o português, "a última flor do Lácio". São línguas agradáveis, "de cultura" e ampla flexão nominal e verbal, que permitem expressar ideias profundas, o que não ocorria com as línguas semíticas. Um dos sete filhos de Jafé, Gômer, originou os europeus; Javã originou os gregos; Magog, os po vos eslavos (russos); e Madai, os medo-persas. Cão, por sua vez, deu origem às etnias negroides, australoides e mongoloides - ou camíticas. Suas lín guas sofreram grande fragmentação. São silábicas e aglutinantes. Exemplo: Itatiaia, palavra indígena que significa pedra (ita) de muitas pontas. Do filho mais velho de Cão, Cush, surgiram os cushitas, que deram origem aos etíopes, sudaneses e núbios, ou seja, os negros. Ninrod, também filho de Cão, fundou Babei, onde houve a grande fragmenta ção linguística. Misrain originou os egípcios; e Canã, que quer dizer púrpura, deu origem aos cananitas. Quando os gregos entraram em contato com os • A origem das etnias cananitas, na costa mediterrânea, chamaram-nos de fenícios, que quer dizer justamente "púrpura". Fale um pouco mais sobre as características das três grandes etnias. Os semitas tinham propensão à religiosida de. Apegavam-se a Deus, ou a deuses. Como disse, o hebraico, por exemplo, é uma língua rígida, invariável, própria para transmitir verda des imutáveis. Cogitavam do mundo espiritual, característica que nossa cultura cristã herdou. Os jafetitas, por causa de sua linguagem e estrutura mental, tinham vocação intelectual. Suas línguas eram próprias para a literatura, a poesia e o canto. Buscavam a verdade, o que fizeram de fato os grandes filósofos. Já os povos camíticos foram os desbravadores do mundo. Preocupavam-se mais com o "aqui e agora", eram práticos. Desenvolveram tecnologia náutica e de outras naturezas. Veja o bumerangue dos aborígenes australianos, por exemplo. Uma maravilha da engenharia. Quando os outros po vos se lançaram a descobrir novos territórios, os descendentes de Cão já estavam lá. Tome como exemplo a América. Como se pode ver, todas essas etnias têm ca racterísticas positivas que ajudaram a humani dade, dc uma ou de outra forma. E o que dizer sobre os restos fossilizados de seres humanos com marcas divergentes das normalmente ^ Por Que Creio • apresentadas pelo homem atual (Homo sapiens) e encontrados no Vale de Neanderthal, na Alemanha, e posteriormente em muitos lugares da Europa? Foi um esqueleto completo, encontrado em 1908, na gruta Chapelle-aux-Saints, na França, que serviu de base para a descrição desse ho mem fóssil pelo paleontologista francês Marcelin. Conhecido como "homem das cavernas", o neandertal (Homo neanderthalensis) era baixo, atarracado, com cabeça volumosa (capacidade craniana igual à do homem moderno), face lon ga, ossos nasais enormes e desenvolvidos, osso frontal fugidio, arcadas superciliares salientes, órbitas enormes e arredondadas, e outras mar cas diversas, consideradas primitivas, que lhe davam um aspecto um tanto bestial. Deve ter sido dos primeiros habitantes da Europa, onde enfrentou as agruras de um clima hostil e condições ambientais extremamente adversas. A adaptação ao frio daquelas regiões, segundo a regra de Alien, teria resultado em criaturas humanas com cabeça grande, corpo atarracado e estatura baixa, como ainda hoje se pode observar nos esquimós e nos lapões. Por outro lado, segundo a mesma regra, a adap tação ao calor implicaria o desenvolvimento de criaturas com estatura elevada, membros longos e crânios pequenos, com capacidade variando entre 750 e 1.300 cm3, como pode ser verificado nos restos do chamado Homo erectus, encontrados na Ásia e na África (Homem de Java ou Pithecan- • A origem dos etnias tropus erectus, Homem de Pequim, Homem da Rodésia, etc.). Num contexto criacionista, parece certo considerar o Homo erectus uma variedade do Homo sapiens profundamente modificada. Não parece difícil concluir que imediatamente após o dilúvio universal tenha havido condições para o aumento da variabilidade em pequenas populações, especialmente se sujeitas a isolamento geográfico e a profundas e rápidas mudanças ambientais. Num contexto assim, haveria condições para a sobrevivência de eventuais aberrações decorrentes de genes mutantes que se espalhariam com mais facilidade graças à diminuição da competitividade resultante do pequeno número de indivíduos e do surgimento rápido de novas condições ambientais entrando em cena. É o que pode ter ocorrido com populações desgarradas logo após o Dilúvio. Pequenas po pulações enfrentando condições muito adversas tendem a sofrer acentuada variabilidade física, preservando, contudo, suas marcas culturais. Por outro lado, grandes populações tendem a sofrer menor variabilidade física em vista da pos sível eliminação de genes mutantes, podendo ao mesmo tempo, em semelhante contexto, desen volver maior variabilidade cultural, como se pode observar no estudo dos povos e etnias. À luz da visão criacionista, não parece tão di fícil explicar a tremenda diversidade física e cul tural humana, evidente não só na humanidade do passado, mas em pleno século 21. © Por Que Creio • Quais o senhor acha são as maiores evidên cias de que o homem foi criado por Deus? Há um grande número de atributos que con ferem ao homem um status singular que jamais poderia ter se desenvolvido gradualmente a partir de atributos animalescos. Tampouco po deriam existir num mundo sem significado ou propósito. Vejamos alguns: Capacidade para raciocínio abstrato e para o uso de linguagem complexa .* É significativa a * N.E.: Sobre o ponto de vista evolucionista, a própria evolução da linguagem não teria explicação sem a aceitação de uma convivên cia social de grupos de seres humanos cooperando entre si. Assim, não se pode adotar a hipótese da sobrevivência do mais apto por seleção natural, o que serve de alerta em relação à aplicação indis criminada dos conceitos biológicos darwinistas - questionados até mesmo no âmbito da própria Biologia - a outros setores da ciência. Outra dificuldade para o evolucionismo é explicar o surgimento da capacidade de raciocínio abstrato, que envolve a potencialidade cerebral para a compreensão e a utilização dos conceitos de concreto e abstrato. Max Muller, o eminente filólogo alemão, contemporâneo de Darwin, confrontando-o, criticou a teoria da evolução com as seguintes palavras: "E nosso dever advertir aos ilustres discípulos de Darwin que, antes de conseguirem uma verdadeira vitória, antes de poderem declarar que o homem descende de um animal mudo, devem cercar formalmente uma fortaleza que não se renderá por uns poucos tiros disparados ao acaso - a fortaleza da linguagem, que até o momento permanece inamovível exatamenle na fronleira entre o reino animal e o homem” (Linguagem e Antropologia, citado em Folha Criacionista nQ22, p. 46). Curiosamente, o que não se conseguiu na Biologia, no sentido de se construir uma árvore genealógica dos seres vivos (o que confirma a estrutura conceituai criacionista, segundo a qual os seres vivos foram criados independentemente, "cada um segundo a sua própria espécie"), está se conseguindo aos poucos na Linguística, já que os fatos apontam para uma árvore com muitos galhos e um tronco em comum (confirmando, também, • A origem das etnias ^ conclusão de linguistas de que as línguas pos suem uma subestrutura universal que compreen de a gramática, o vocabulário e, eventualmen te, a fonologia. Por isso, não existem "línguas primitivas" ou "pré-línguas", mesmo entre os povos considerados atrasados. Por outro lado, é reconhecida a existência de uma superestrutura não universal transmitida culturalmente, o que explica a existência de "línguas de cultura", mos trando que a língua que a pessoa fala e o modo como é falada influi na vida intelectual. Os seres humanos estão, portanto, pré-programados para a fala, o que é em si forte evidência de plane jamento. Capacidade de produzir cultura "cultivan do" a mente ao prover-lhe conhecimento e ao interagir com outros nos modos de pensar, crer, relacionar-se e comportar-se. Senso de história e temporalidade. E marca humana sui generis descobrir-se imerso no tem po, "datado", sentindo o presente, o hoje, sem a ele ficar preso, podendo atingir o ontem, o passado, e reconhecer o amanhã, o futuro. Senso de responsabilidade e dever. Tremen da é a peculiar capacidade humana de possuir a posição criacionista baseada no relato de Gênesis, e estando plenamente de acordo com as declarações do apóstolo Paulo, feitas no Areópago de Atenas, perante os mais ilustres sábios da época: "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo Ele Senhor do céu e da Terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas [...] de um só fez toda a raça humana para habitar sobre a face da Terra" (Atos 17:24 e 26). ^ Por Que Creio • e de poder desenvolver uma consciência que o dirige ao que é certo, de acordo com códigos morais que o homem pode conhecer, entender, cumprir e ele mesmo elaborar. Transcendência. O ser humano, embora consciente da realidade objetiva na qual se situa e imerso na matéria, é capaz de libertar-se da unidimensionalidade e do seu senso de finitude e transcender ao sobrenatural e ao espiritual. Capacidade de fazer escolhas livres. Outro grande atributo do ser humano que normalmen te possui o senso de que "existe" e não mera mente de que "vive" ou "acontece". Ele é capaz de defrontar escolhas e opções, refletir antes de agir, e depois de haver optado e já tendo agido, bem ou mal, sente ainda que poderia ter agido diferentemente. Apreciação da beleza e gratificação estética são outras marcas essencialmente humanas.* Ape nas um ser muito singular em toda a natureza se ria capaz de extasiar-se ante um amanhecer, ante uma noite estrelada ou na contemplação de uma paisagem calma. Somente o ser humano é ca paz de apreciar a beleza, que parece estar sendo * N.E.: É interessante ler o que Darwin escreveu a seu amigo norte-americano Asa Cray, em The Life and Letters o f Charles Darwin, v. 2, p. 296: "Lembro-me muito bem do tempo quando pensar no olho me dava calafrios, mas já superei esse estágio da doença, e agora pequenos particulares insignificantes de estrulura muitas vezes me deixam muito pouco à vontade. A visão de uma pena na cauda de um pavão, toda vez que a observo, me deixa doente!" A origem das etnias esbanjada, às vezes parece escondida e outras ve zes se encontra até perdida na bagagem genética dos seres vivos. Interessante... há a beleza que pa rece proposital mente existir para ser apreciada e há o ser humano que, de propósito, parece feito para apreciá-las, desde o ciciar da brisa mansa até os acordes de uma Nona Sinfonia. Por que apreciamos a beleza, desfrutamos a música, e temos essa grande indagação quanto à existência? Essas características mentais pare cem ir além do nível mecanicista e estar acima dos requisitos de sobrevivência esperados da seleção natural. Feitos incríveis da humanidade. É realmente notável perceber as culminâncias atingidas pela humanidade. Em todos os domínios do conhe cimento e das realizações, são notáveis as rea lizações humanas, alcançadas em decorrência da tremenda força do espírito humano, capaz de enfrentar obstáculos e desafios os mais di versos e atingir aituras quase inimagináveis. É impressionante o elenco de obras humanas, desde o busto de Nefertiti (rainha egípcia do 14a século a.C.), até a estátua de Moisés, esculpida por Michelangelo; desde a pintura da Capela Sistina, até os Girassóis deVan Gogh; desde a obra Les Misérables, de Victor Hugo, até Os Sertões, de Euclides da Cunha; desde o Salmo 19, de Davi, até a obra Kosmos, de Alexander von Humboldt; desde a Didática Máxima, de Johan Amos Commenius, até o livro Educação, de Ellen G. White. © Por Que Creio • Notáveis são no ser humano seus atributos racionais, morais, estéticos e espirituais, que, quando cultivados, permitem não só empreen der a busca da verdade, mas desenvolver o amor, a bondade, o desprendimento, como se obser va, por exemplo, nas vidas de Albert Schweitzer, Madre Tereza de Calcutá e tantos outros. Lamentavelmente, está sendo consumada a grande tragédia humana, que consiste na opção pelo acaso e na renúncia a uma origem nobre. A comunidade intelectual, e especialmente a comunidade científica, escolheu a visão natu ralista do mundo como cenário para a ciência, limitando assim o conhecimento e estreitando a visão de mundo. A visão naturalista, tanto quanto a visão criacionista, são emolduradas por pressuposições e atos de crença. A opção depende muito da formação, do contexto vivencial e da estrutura mental de cada um. É só pensar e escolher. Rara saber mais: leia o livro Origens, do Dr. Ariel A. Roth (Casa). A CAIXA-PRFTA» d e D a r w in • Divulgação Michael J. Behe Michael J. Behe nasceu em 1952 e cresceu em Harrisburg, Pennsylvania, EUA. Bacharelou-se em Química, em 1974, pela Universidade Drexel, em Philadelphia. Fez pós-graduação em Bioquímica, na Universidade da Pennsylvania, e obteve seu douto rado em 1978, sendo o tema de sua tese a anemia falsiforme. De 1978 a 1982 fez pós-doutorado sobre a estrutura do D NA, no National Institute of Health. Entre 1982e 1985 foi professor assistente de Quími ca no Queens College, na cidade de Nova Iorque. Em 1985 mudou-se para a Universidade Lehigh, onde atualmente é professor de Bioquímica. Em sua carreira profissional escreveu mais de 40 artigos técnicos e um livro, Darwin's Black Box: The Biochemical Challenge to Evolution (A Caixa-Preta de Darwin: O Desafio da Bioquímica à Teoria da Evolução, publicado no Brasil pela Jorge Zahar), no qual argumenta que os sistemas vivos, em nível molecular, são mais bem explicados como sendo o Por Que Creio • resultado de planejamento inteligente. Esse livro foi resenhado por mais de uma centena de periódicos, entre eles: The New York Times, Nature, Philosophy of Science e Christianity Today. Atualmente, o Dr. Behe e a esposa residem nas proximidades de Bethlehem, Fennsylvania, com seus oito filhos. Em seu livro A Caixa-Preta de Darwin o senhor descreve os sistemas de complexidade irredutível. O que são eles? Sistemas de complexidade irredutível são aqueles que necessitam de partes múltiplas para funcionar; se uma parte é removida, o sistema não funciona mais. Para Darwin e seus contemporâneos do século 19, a célula, por exemplo, era uma "caixa-preta". Era simplesmente muito pequena, e a ciência daquela época não dispunha de ferramentas para investigá-la. Os microscópios daquele tempo eram bem rudimentares e as pessoas podiam ver só os contornos da célula. Assim, muitos cientistas pensavam que a célula era bastante simples, como um pedacinho de gelatina microscópica. A partir daquela época, a ciência tem mostrado queacélulaéumsistemaextremamente complexo, que contém proteínas, ácidos nucleicos e diversos tipos de "máquinas miniaturizadas". No meu livro eu examino várias dessas "máquinas" e argumento que a seleção natural darwiniana não pode tê-las produzido justamente por causa do problema da complexidade irredutível. • A caixa-preta de Darwin ^ Acredito que tais sistemas são mais bem explicados como o resultado de um deliberado planejamento inteligente. Cheguei a essa conclusão por um tipo de argumento lógico indutivo: sempre que vemos tais sistemas no mundo real, no mundo macroscópico de nossa vida cotidiana, concluímos naturalmente que eles foram, de fato, projetados. Ninguém se depara com uma ratoeira e se pergunta se foi projetada ou não. Essa é uma das anaiogias usadas em seu livro. Explique melhor que relação o senhor estabelece entre uma ratoeira e os sistemas bioquímicos. Certo. Suponhamos que queiramos fabricar uma ratoeira. Na garagem, podemos ter uma tábua de madeira velha (para a plataforma ou base), a mola de um velho relógio de corda, uma peça de metal (para servir como martelo) na for ma de uma alavanca, uma agulha de cerzir para segurar a barra, e uma tampinha metálica de gar rafa, que julgamos poder usar como trava. Essas peças, no entanto, não poderiam formar uma ratoeira funcional sem modificações excessivas e, enquanto elas estivessem sendo feitas, as par tes não poderiam funcionar como ratoeira. Suas funções anteriores as teriam tornado impróprias para quase qualquer novo papel como parte de um sistema complexo. Assim, para que a ratoeira exista e funcione, é preciso que todas as suas partes funcionem perfeita mente, da mesma forma como deve ocorrer com os Por Que Creio • sistemas bioquímicos. Nada pode faltar e, por isso, não podem ter evoluído em etapas sucessivas. Poderia mencionar alguns desses sistemas irredutivelmente complexos? Os sistemas de complexidade biológica irredutível incluem o flagelo bacteriano, que é literalmenteummotorexternoquealgumasbactérias usam para nadar: tem hélice, eixo acionador, motor, uma parte fixa, um mancai e outras partes mais. Outro exemplo é o sistema de transporte intracelular, que é um sistema de "rodovias", "sinais de trânsito" e "vagões moleculares" que transportam carga por toda a célula. Por ter contestado o paradigma evolutivo, seu livro tem causado bastante polêmica nos meios científicos. O senhor já previa isso ? Quais foram os principais tipos de contestação? Com certeza, eu previa que meu livro causaria controvérsia. Os darwinistas têm replicado dizendo, principalmente, que explicarão os sistemas moleculares no futuro, talvez dentro de dez ou vinte anos. Para dizer o mínimo, sou bastante cético quanto a essa pretensão. A primeira reação da maioria dos críticos é dizer: "Isso é apenas criacionísmo levemente disfarçado." E em resenhas escritas por cientistas eles falam frequentemente sobre os primeiros capítulos de Gênesis e do "julgamento da Criação", de Arkansas, nenhum dos quais eu menciono no • A caixq-preta de Darwin livro. Assim, eles tentam condenar meu trabalho através do processo de associação. Eles também não veem que há uma distinção entre chegar a uma conclusão simplesmente pela observação do mundo físico, como se espera que um cientista faça, e chegar a uma conclusão baseado na Bíblia ou em convicções religiosas. Que influência o livro de Michael Denton (tvolution: A Theory in Crisis) teve em sua mudan ça de pensamento em relação ao evolucionismo? O livro de Michael Denton foi muito impor tante para meu ponto de vista. Ele foi o primeiro cientista, dos que eu li, que questionava a evo lução baseado estritamente na ciência. Era algo novo para mim e me mostrou que havia muitos problemas inexplicáveis no Darwinismo. A partir de então, procurei pesquisas que pudessem dizer como os sistemas bioquímicos foram gradualmente produzidos durante a evo lução. Descobri rapidamente que tais documen tos não existiam. Assim, com o passar do tempo, percebi que, de fato, esses sistemas só poderiam ser o resultado de um planejamento inteligente. Estive isolado durante algum tempo. Então li o livro Darwin on Trial, de Phillip Johnson, e gostei bastante. Vi num número da revista Science que havia uma resenha do livro de Johnson. Eu fiquei muito entusiasmado e pensei: "Isso é demais! Eles terão que discutir alguns desses assuntos, e verei o que eles têm a dizer sobre isso." Mas quando (^ ) Por Que Creio • li mais detidamente o texto, percebi que não era uma resenha, era simplesmente uma advertência dizendo: "Este livro é antievolucionista. Advirta seus estudantes, pois ele está confundindo o público/' Fiquei bastante desapontado, pois eles não discutiam o conteúdo do livro. Não era nem mesmo uma refutação. Pensei: não é assim que a ciência deve ser. Escrevi uma carta ao editor de Science, mos trando que eles deveriam discutir os assuntos envolvidos, e não apenas rejeitá-los. Science publi cou minha carta, Johnson a viu e me escreveu. Foi assim que nós começamos a nos corresponder. Desde então tenho sido convidado a algumas reuniões nas quais ele está envolvido, e essa é a maneira como eu me envolvi nessa comunidade de pessoas interessadas no assunto Intelligent Design (Planejamento ou Design Inteligente). No que seu livro difere de outros sobre evolucionismo ? O argumento em favor da evolução é melhor resumido no livro O Relojoeiro Cego, de Richard Dawkins. É uma leitura fascinante, e é interessan te notar como Dawkins e Denton usam exemplos semelhantes, mas chegam a conclusões completa mente diferentes. Denton usa uma analogia com o idioma inglês dizendo que frases são difíceis de se criar. Dawkins tem uma seção onde ele usa um computador para gerar uma frase, tentando mostrar com isso que a evolução é fácil. Percebi que esses • A caixa-preta de Darwin livros discutiam o problema num nível muito bási co, não apenas em relação à ciência, mas ao co nhecimento em geral. Quer dizer, como você sabe algo? Como você apoia uma teoria com evidência? E quais extrapolações são legítimas? Em meu livro, procurei aprofundar a questão. Em sua opinião, por que movimentos como o Intelligent Design (Planejamento ou Design Inteligente) têm crescido tanto? Porque o Intelligent Design incorpora o ceti cismo que muitas pessoas têm acerca do Darwinismo, e desafia a evolução em seu próprio terri tório, como uma teoria científica. Como sua mudança de foco>no que concer ne à evolução bioquímica, afetou sua forma de lecionar? Não afetou muito minha forma de lecionar, ex ceto pelo fato de que eu mostro aos alunos a natu reza intrincada dos sistemas bioquímicos e salien to que ninguém demonstrou como eles podem ser produzidos através de processos aleatórios. No fim de 1980, a Universidade Lehigh decidiu desenvolver um programa de seminários para ca louros. São cursos que têm o objetivo de fazer os novatos ficarem entusiasmados com a carreira que escolheram. Assim, a administração estava procu rando voluntários que sugerissem cursos. Eu criei um curso que chamei de "Argumentos populares sobre evolução", no qual lemos Denton e Dawkins. ^ Por Que Creio • Esse curso tem sido muito popular entre os estu dantes. A maioria deles entra para a universidade acreditando na teoria da evolução, mas muitos deles, quando terminam o curso, dizem que, em bora ainda acreditem na evolução, agora veem o assunto como muito mais complexo e problemáti co. Como professor é meu objetivo fazê-los pensar por si mesmos e não simplesmente confiar no que as pessoas dizem, como eu fiz uma vez. Pode-se aceitar a teoria do Intelligent Design como puramente científica, sem apelar para a religião? Sim, o Intelligent Design pode ser uma teoria puramente científica, porque está totalmente base ada em evidência física - a estrutura de sistemas celulares. Não se baseia em argumentos filosóficos, teológicos ou bíblicos, mas em evidência física. Uma analogia que eu gosto de traçar é com a Física: muitos físicos estavam infelizes com a ideia do Big Bang porque parecia ter implicações teológicas óbvias. Todavia, os físicos a aceitaram como uma teoria científica legítima e trabalharam sobre ela. Eu vejo o Intelligent Design do mesmo modo: pode ter implicações religiosas mas é uma teoria científica clara baseada apenas em obser vações de sistemas bioquímicos, e nós devería mos aceitá-la e trabalhar a partir dela. O senhor fez diversas pesquisas em publicações de divulgação científica como o Journal of \ • A catxa-preta de Darwín Molecular Evolution, em busca de explicações para os mecanismos da evolução biológica. O que concluiu? As publicações científicas não apresentam detalhes, modelos testáveis, nem evidências ex perimentais mostrando que os processos darwinianos poderiam desenvolver sistemas de com plexidade irredutível. Concluo que a evidência está faltando porque sistemas complexos não podem ser desenvolvidos por forças aleatórias, O Journal of M olecular Evolution tem apro ximadamente 25 anos e publicou mais de mil artigos desde sua primeira edição. Essa revista publica muitos artigos sobre comparações de sequências de moléculas de proteínas, DNA e outras, na tentativa de determinar uma ancestralidade comum. Assim, organismos que possuís sem sequências semelhantes de aminoácidos em determinada proteína, por exemplo, seriam des cendentes de um ancestral comum. Isso pode ser interessante, e pode ser uma questão legítima, mas comparar sequências simplesmente não lhe diz nada quanto a maneira pela qual essas com plexas máquinas moleculares surgiram. Assim, durante seus 25 anos de existência, o Journal of M olecular Evolution evitou completamente a questão de como esses sistemas extremamente complexos poderiam ter surgido. Lamentavelmente, a maioria dos cientis tas ignora completamente a evolução no seu funcionamento, e aqueles que pensam no Por Que Creio • assunto simplesmente procuram por asso ciações e não se preocupam com o Darwinismo em si. Extraordinariamente, isso tem muito pouco a ver com o trabalho cotidiano da ciência e serve basicamente como um su porte filosófico que, na minha opinião, está apenas inibindo a verdadeira pesquisa sobre a vida e seu desenvolvimento. Já que a ciência procura se caracterizar pela busca da verdade, por que é tão difícil por exemplo, publicar um artigo com opinião discordante do evolucionismo? Apesar da imagem popular, os cientistas são pessoas normais, com seus próprios pre conceitos. Se alguém pretende desafiar uma crença profundamente defendida, pode espe rar resistência. Em entrevista concedida a uma revista bra sileira de divulgação científica, a professora de história da ciência da Universidade da Flórida, Vassiliki Betty Smocovitis, disse, referindo-se aos criacionistas, que eles são "especialistas autoprodamados", sem credenciais científicas. O que o senhor pensa a respeito? Alguns criacionistas não têm credenciais, mas outros têm. Os que têm credenciais incon testáveis têm chamado a atenção para muitos problemas sérios no Darwinismo, os quais não se pode honestamente descartar. A caixa-preta de Darwin O senhor vislumbra algum tipo de mudança de paradigma no futuro? Quem deverá mudar mais: a igreja ou a ciência f A ciência muda à medida que mudam os da dos, embora leve tempo. Acredito que a ciência acabará se voltando ao Intelligent Design, pois é nessa direção que os dados apontam. Ao contrá rio da ciência, a essência da religião não muda. Vários cientistas, como o zoólogo adventista Dr. Ariel Roth, defendem uma integração entre fé e ciência. Como cientista cristão, o senhor acha possível conciliar a visão científica e a religiosaf Acredito que por fim a ciência e a religião convergirão para a mesma verdade, pois só exis te uma verdade. O que a Teologia tem a oferecer à ciência na busca da verdade? A Teologia pode mostrar à ciência que exis te algo mais além da matéria e do movimento, que o mundo é mais complicado do que muitos cientistas creem. A Teologia também pode sal vaguardar a ciência do orgulho que acompanha a tentativa de explicar todas as coisas. Para saber m ais: leia outras entrevistas na seção "Entrevistas", no blog www.criacionismo.com.br ♦ D ig ita is d o C riad o r Textos criacionistas de Michelson Borges Examinando a Criação O que você pensaria se eu lhe dissesse que as palavras deste texto surgiram aqui por acaso? Que, em algum momento, gotas de tinta acabaram caindo nesta folha e se agrupando - casualmente e ao longo do tempo - em letras, palavras e frases. Meio difícil de se aceitar, não? No entanto, é mais ou menos dessa maneira que os evolucionistas entendem (e tentam explicar) o surgimento do Universo e da vida neste planeta. Para eles (os evolucionistas) que defendem a origem de tudo sem a necessidade de um Criador, por processos naturais, tempo e acaso são os heróis da história. Dado tempo suficiente, dizem, até "milagres" acontecem. Por outro lado, há os criacionistas - aqueles que sustentam a ideia de que vida só provém de vida e que todo efeito de riva de uma causa (no caso, a energia, a matéria e a vida teriam provindo de Deus). • Digitais do Criador <8> É preciso deixar bem claro que tanto o criacionismo quanto o evolucionismo são apenas teorias e que, portanto, carecem de provas. Mas os meios de comunicação nem sempre mos tram as coisas dessa forma. Não posso provar por A mais B que Deus criou o Universo; mas também não posso provar que Ele não o criou. Portanto, tudo o que temos são evidências. O fato de muitos cientistas serem ateus ou ag nósticos acaba influenciando as pessoas. Mas esses profissionais se definem assim pelas convicções que nada têm que ver com a ciência. Querem, por isso, acreditar que o mundo natural que estudam é tudo o que existe e, sendo humanos, tentam per suadir a si mesmos de que a ciência lhes dá argu mentos para apoiar suas crenças pessoais. É preciso abrir a mente e o coração para ver as di gitais do Grande Projetista, como diz certa música: "Há no céu, no mar, na flor, Um detalhe de amor; Há também no entardecer A poesia do nascer! Na beleza natural Eu contemplo o digita! Dessa mão que me criou." Olhe atentamente o mundo ao seu redor: as plantas, as flores, os pássaros, as montanhas, as estrelas, o corpo humano... e você verá as digitais do Criador. Por Que Creio • Impressões microscópicas Talvez uma das melhores evidências de plane jamento na natureza venha de algo que se pode considerar a forma de vida mais primitiva: a bactéria. Muitos tipos de bactérias têm um sistema propulsor chamado "flagelo", que é uma estrutura móvel seme lhante a um chicote. Ao girar, o flagelo faz com que o organismo deslize pela água, impulsionado sobre o substrato no qual vive. Esse mecanismo apresenta detalhes incríveis, a começar pelo tamanho: é um aparato de menos de 25 nanômetros de diâmetro, algo como um bilionésimo de centímetro. O ser humano tem orgulho de sua criatividade na invenção da roda. O flagelo bacteriano é cons truído sobre o mesmo princípio da roda. Na ver dade, há uma série de rodas que giram sobre um eixo. E é a rotação dessas rodas - que giram numa superfície sem fricção a mais de 18 mil rotações por segundo - que faz com que o flagelo se mova. A indústria tem grande interesse nesse sistema ro tor bacteriano por causa de sua eficiência. Mas o que faz esse rotor funcionar? Um motor elétrico! A membrana celular na qual esse apara to está encaixado produz uma corrente elétrica ao bombear íons {principalmente de hidrogênio) pela membrana. Essa corrente elétrica é assimila da pelo rotor do flagelo e o faz girar. Além disso, a bactéria é capaz de controlar seu deslocamen to com velocidades variadas, podendo girar o flagelo mais devagar ou mais rápido. Digitais do Criador Design e engenharia. Os melhores enge nheiros não conseguiram desenvolver mecanis mos como o rotor bacteriano. "Tudo na bactéria parece dizer: engenharia, inteligência, planeja mento", afirma o Dr. Richard Lumsden, ex-pro fessor daTuIane University. Se entrássemos numa loja e víssemos uma máquina desse tipo, o que pensaríamos? Que as peças se juntaram por acaso, sem planejamen to, sem propósito ou sem um processo criativo? É claro que não! Teria sido construída pela Ge neral Electric ou por outra empresa. As bacté rias* não foram feitas pelo ser humano, mas são muito mais sofisticadas do que qualquer meca nismo que a humanidade já construiu. A máquina mais complexa do Universo "Não há prazer mais complexo que o de pen sar", já dizia o poeta e escritor argentino Jorge Luís Borges. De fato, o aparentemente simples processo do pensamento é algo de complexida de espantosa. Nosso corpo é controlado e co ordenado por trilhões de células nervosas, nove bilhões das quais situadas no córtex cerebral. Se elas fossem alinhadas ponta a ponta, sua exten são atingiria mais de 75 quilômetros! Tudo isso é coordenado por 120 trilhões de "caixas de co nexão". Esse intrincado sistema é compactado * Lembre-se de que, apesar de haver bactcrias nocivas, há lam bem as que são benéficas aos seres vivos. Por Que Creio • em um insondável complexo de caminhos neurais. A tarefa de contar cada terminação nervosa do cérebro à velocidade de uma por segundo levaria 32 milhões de anos! Impulsos nervosos se deslocam a velocidades altíssimas nas fibras nervosas para transmitir infor mações a cada ponto do corpo. O sistema é se melhante a uma nação moderna interconectada por bilhões de fios telefônicos. Essa imensa rede de comunicações recebe ou emite 100 milhões de impulsos eletroquímicos por segundo. Ela está conectada a cada milímetro quadrado da pele, a cada músculo, vaso sanguíneo, osso ou órgão. E tudo isso através da medula e do cérebro, que pesa cerca de 1,5 quilo e, no entanto, consome sozinho mais de 20% da energia requerida pelo corpo. Pense na batida inconsciente do coração, nas pálpebras piscando, na respiração contínua dos pulmões, nos alimentos sendo processados pe los intestinos, nas pernas que se movem. Tudo isso é organizado e dirigido pelo cérebro. Pense nas emoções, na atração sexual, no amor entre pais e filhos, nos sonhos e pensamentos. Eles também são produtos do cérebro. Sua missão mais elementar é recolher os estímulos externos, captados pelos sentidos, e transformá-los em impulsos elétricos que percorrem os neurônios. Toda essa informação é catalogada e arquivada na memória. É a ela que o cérebro recorre quan do precisa tomar decisões, comandar os movi mentos corporais e organizar o pensamento. • Digitais do Criador ^ Neste exato momento, seu sistema nervoso está processando uma série de informações ao mesmo tempo: a interpretação destas palavras, a textura do papel deste livro, os sons de fundo no ambien te, os odores, etc. E você quase nem percebe isso. O profundo e novo conhecimento sobre o cére bro, adquirido em grande escala nos anos recentes, mostra que esse órgão foi maravilhosamente proje tado, e capacitado além das maravilhas que a imagi nação ignorante lhe atribuía. Num questionamento bastante simplista, seria possível uma mera combi nação acidental de massa, energia, acaso e tempo produzir órgão tão maravilhoso e complexo? Por inspiração, há três mil anos, o rei Davi escreveu palavras que não podem ser superadas: "Pois Tu formaste o meu interior, Tu me teceste no seio de minha mãe. Graças Te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me for maste; as Tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem" (Salmo 139:13 e 14). As leis do Universo "Quando se percebe que as leis da natureza são sintonizadas de modo a produzir o Universo visí vel, chega-se à conclusão de que a vida não acon teceu simplesmente, que existe um propósito por trás disso tudo", disse o físico John Pblkinghorne. Pelo modelo da evolução, teríamos de admitir que leis constantes e imutáveis - como a da gravidade Por Que Creio • - teriam evoluído do nada. E, se ainda evoluirão, nada garante que estaremos aqui, no futuro. Algo muito intrigante a respeito dessas leis, contudo, é que há nelas certos fatores cujos valores têm de ser fixados com precisão para que o Universo, como o conhecemos, exista. Entre estas constantes fun damentais há a unidade de carga elétrica sobre o próton, as massas de certas partículas fundamentais e a constante universal da gravitação de Newton, comumente referida pela letra "G". Sobre isso, o Prof. Raul Davies escreveu na re vista New Scientist: "Poucos são os cientistas que não se impressionam com a quase inconcebível simplicidade e elegância dessas leis. ... Até mes mo mínimas variações nos valores de algumas delas alterariam drasticamente a aparência do Universo. Por exemplo, Freeman Dyson enfatizou que, se a força entre os núcleos (prótons e nêu trons) fosse apenas alguns por cento mais forte, o Universo ficaria sem hidrogênio. Estrelas, como o Sol - para não mencionar a água - talvez não existissem. A vida, como a conhecemos, seria im possível. Brandon Carter mostrou que mudanças muitíssimo menores na constante 'G ' transforma riam todas as estrelas em gigantes azuis ou anãs vermelhas, com consequências igualmente funes tas sobre a vida/' E Davies conclui: "Neste caso, é concebível a existência de apenas um único Uni verso. Se assim for, é um notável pensamento que nossa existência como seres conscientes é uma inescapável consequência da lógica • Digitais do Críodor Alguns podem chamar de "lógica" a harmo nia das leis naturais. Prefiro, no entanto, crer que as evidências de planejamento sugerem a exis tência de um Criador inteligente. A declaração bíblica tem ecoado ao longo dos séculos: "Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamen to anuncia a obra de Suas mãos" (Salmo 19:1). Muitos cientistas têm chegado à conclusão sobre a qual os teólogos e religiosos se debru çam há muito: é difícil admitir o surgimento de tudo o que nos rodeia pelo simples acaso. Ao ser perguntado por um repórter se acredita em Deus, o astrofísico francês Hubert Reeves deu uma res posta sincera: "Você me pergunta se acredito em alguma coisa. Eu acho que acredito, mas não sei em quê. Posso dizer no que não acredito, ou seja, que apenas o acaso ou a sorte criaram uma músi ca maravilhosa como a de Mozart." O espetáculo da luz A luz, tão comum em nosso dia a dia, é um fenômeno que fascina os pesquisadores. Ainda hoje não é possível defini-la como onda ou partí cula, pois ela se comporta das duas formas. Cari Sagan, em seu livro Bilhões e Bilhões, reconhe cendo a singularidade da luz, escreveu que "esse dualismo onda-partícula nos lembra mais uma vez um fato humilhante fundamental: a natureza nem sempre se ajusta às nossas predisposições e Por Que Creio • preferências, ao que consideramos confortável e fácil de compreender" (p. 47). Nas palavras do jornalista Francisco Lemos, "luz é [...] um tipo de energia especial que viaja pelo espaço como se estivesse empacotada em bolinhas muito pequenas, conhecidas como fótons. Essas partículas viajam enfileiradas, formando raios lu minosos. [...] As partículas que formam a luz são a coisa mais rápida do Universo. Elas viajam a 300 mil quilômetros por segundo. Isso é velocidade su ficiente para dar oito voltas ao redor da Terra em um segundo!" (Natureza Viva, p. 268). Ao analisar o fenômeno da visão, surgem algumas dúvidas: Por que nossos olhos captam apenas o espectro da luz visível? Por que não te mos olhos capazes de visualizar os raios gama, por exemplo? A resposta, mais uma vez, tem que ver com planejamento inteligente. A maioria dos materiais absorve pouco a luz visível, razão pela qual vemos as coisas - a partir da luz refletida nelas. No entanto, o ar é geralmente transparente à luz visível. Assim, a luz atravessa a atmosfera e chega até nós, possibilitando-nos o fenômeno da visão. Os raios gama, por outro lado, são inteira mente absorvidos pela atmosfera antes de chegar ao chão. Olhos de raios gama, portanto, teriam emprego limitado numa atmosfera que torna tudo negro como breu no espectro de raios gama. A multiplicidade das bênçãos recebidas do Sol da Justiça, como Deus é comparado na Bíblia, é bem ilustrada pelo espectro da radiação solar. • Digitais do Criador (^ | Cerca de 70% da energia irradiada pelo Sol situase entre os comprimentos de onda de 0,3 a 1,5 microm, correspondente à banda da luz visível, acrescida do infravermelho e da luz ultravioleta. Essa é exatamente a faixa da radiação necessária à manutenção da vida. Notável "coincidência" que constitui mais uma evidência de planejamento na Criação! Um milagre chamado vida Ao longo da História - e especialmente em nossos dias - o sexo foi tão banalizado que poucos veem a sublime união de dois seres como um dom divino. O ato de gerar uma vida através do encon tro dos gametas masculino e feminino é fruto de uma engenharia além de nossa imaginação. Como teriam se desenvolvido ao longo das eras e por processos casuais os complexos me canismos da reprodução? Existe um paradoxo que sempre intrigou os pes quisadores: os seres vivos gastam um tempo precio so em busca de um parceiro e, quando o encon tram, muitas vezes precisam proteger o "achado" de rivais. Mas, mesmo quando todo o esforço vale a pena, no caso individual ou da espécie, o sexo como forma de reprodução perde, de longe, para a reprodução assexuada. É pura matemática: en quanto cada indivíduo assexuado é capaz de ter um filho, na reprodução sexuada são necessários Por Que Creio • dois indivíduos. O resultado é que, desconhecen do o sexo, uma espécie pode se reproduzir duas vezes mais depressa. Como uma lei biológica elementar faz com que qualquer espécie tenda a propagar ao máximo seu estoque genético - isto é, mediante o nascimento do maior número possí vel de indivíduos - então o certo seria antes só do que acompanhado. Mas não é isso o que se observa na natureza e aí está o paradoxo: apenas a minoria de 15 mil espé cies animais, das cerca de 2 milhões existentes no planeta, "prefere" se reproduzir assexuadamente, ou seja, crescendo e se dividindo. Talvez alguns respondam que os animais "preferiram" a reprodu ção sexuada pois, assim, é possível embaralhar as características maternas e paternas, criando em uma mesma espécie seres geneticamente diversificados e, portanto, com maiores chances de sobreviver. Na verdade, o sistema nervoso de todo animal já nasce programado para o sexo. Como uma es pécie de seguro adicional, os genes* ainda fazem com que certas glândulas jorrem hormônios, que desencadeiam o desejo, a atração sexual. Amar, de certo modo, é ter reações químicas em cascata. No caso da espécie humana, quatro milhões de recep tores na pele podem captar os estímulos recebidos e enviar a mensagem do prazer ao cérebro. Como * Genes são porções de material microscópico existente no inte rior das células de cada ser vivo. Os genes são, na realidade, seções da hélice de DNA, que por sua vez são moléculas muito longas e complexas. • Digitais do Criador ^ se pode perceber, é outro tipo de sistema perfeita mente ajustado e planejado, cuja perfeição deveria existir desde o início. Se o ato conjugal é algo biologicamente maravi lhoso, o que dizer da concepção e da gestação? Uma única célula ovo, formada pela união do esperma tozóide com o óvulo, passa a se multiplicar e a se diferenciar, dando origem a células diferentes que farão parte de tecidos e órgãos especializados. É interessante como Jó descreveu esse proces so: "Não me derramaste como leite e não me coa lhaste como queijo? De pele e carne me vestiste e de ossos e tendões me entreteceste" (jó 10:10 e 11). E o rei Davi, mil anos antes de Cristo, tam bém ficou fascinado com a formação de um ser humano: "Pois Tu formaste o meu interior. Tu me teceste no seio de minha mãe. Graças Te dou, vis to que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as Tuas obras são admiráveis, e a mi nha alma o sabe muito bem; os meus ossos não Te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os Teus olhos me viram a substância ainda informe, e no Teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda" (Saímo 139:13-16). Feitos para voar As aves foram magnificamente projetadas para voar. A maioria de seus ossos são ocos ou Por Que Creio • esponjosos, o que os torna muito leves. Seu cor po é aerodinâmico, oferecendo pouca resistên cia ao ar. Além disso, elas são dotadas de mús culos fortes, capazes de produzir movimentos vigorosos. As penas são uma verdadeira maravilha da en genharia. Formadas por uma substância proteica denominada queratina, são compostas por um tubo, o cálamo, que está preso à epiderme; um eixo, a ráquis, que vai se estreitando até sua pon ta; e o escapo, que é a mais axial. A ráquis leva o estandarte, que é formado de cada lado pelas barbas e pelas bárbulas, que são as verdadeiras unidades anatômicas das penas. Algumas penas, as rêmiges das asas e as retrizes da cauda têm por função o voo - tudo interconectado por um eficientíssimo sistema de nervos e sensores na pele. O voo é uma função altamente especializada que requer muitos detalhes. Seria de se esperar que a evolução gradual do voo e mesmo das penas (que supostamente evoluíram das escamas dos répteis) deixasse alguma evidência no registro fóssil. No entanto, aves, insetos e morcegos apa recem na coluna geológica com a capacidade de voar plenamente desenvolvida. Além dos músculos associados ao voo, as aves têm a visão e a audição muito desenvolvidas. Os olhos são de grande importância. Devido à posi ção deles e à capacidade de virar a cabeça mais de um semicírculo para cada lado, as aves têm um campo visual mais extenso que o dos mamíferos. • Digitais do Criador Os olhos são enormes, por vezes maiores do que o cérebro. Têm grande capacidade de aco modação ocular, podendo focalizar rapidamente objetos. Podem servir como telescópio e como lentes de aumento, e foram concebidos para captar o máximo de luminosidade. O olho da coruja, por exemplo, capta uma quantidade de luz 100 vezes superior à captada pelo olho humano. E o que é ainda mais impressionante: sabe-se que as aves usam ritmos muito parecidos com os usados na música feita pelo homem. Segundo pes quisadores da área, Mozart escreveu uma melodia inspirada no canto do estorninho. Agora pense um pouco. Suponha que uma ave desenvolvesse certo tipo de asa, mas os músculos do peito não tivessem força suficiente. Seria capaz de voar? E se não conseguisse enviar energia para os músculos rapidamente? Voaria? E se suas penas tivessem sido feitas como escamas de peixe ou de réptil, por exemplo? E se elas não tivessem a forma intrincada que têm, permitindo mudanças cons tantes? E se essas mudanças não se refletissem no ouvido interno e não fossem enviadas ao cérebro para a coordenação ser perfeita? E se uma peça do equipamento estivesse ausente ou ainda em forma ção, ela voaria? As aves sempre fascinaram o ser humano. E a própria Bíblia utiliza-se da águia como figura de linguagem: "Mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não ® Por Que Creio « se fatigam." Ouça a "voz das aves'' declarando que Deus é o Criador. Amor escrito nas estrelas O Sol é uma estrela de tamanho médio e cor amarela. O processo de fusão nuclear transforma 0 hidrogênio, seu gás mais abundante, em hélio e emite energia. É uma verdadeira bomba atômica sob controle. Pertencente à Via Láctea, o Sol é a estrela mais próxima da Terra e a única de todo o sistema so lar. Sua luz leva cerca de 8 minutos para chegar à Terra (a uma distância de 150.000.000 km). Ele é muito importante para a vida na Terra, atuando como motor da dinâmica atmosférica e oceânica, e fonte para a fotossíntese das plantas. A superfície visível do Sol, a fotosfera, tem um aspecto granulado. Os grãos são o lugar por onde emerge o calor. Numa ampla faixa equatorial se per cebem zonas escuras, as chamadas manchas sola res, que cumprem um ciclo dei 1anos. O chamado Astro-Rei é 333.400 vezes maior que a Terra e tem mais de 99% da massa de todo o sistema solar. Sua temperatura é de cerca de 6.000°C, na superfície, e de mais de 15.000.000°C no núcleo. Na coroa, a parte mais externa, a temperatura pode chegar a 1 milhão de graus - o que os cientistas ainda não conseguem explicar. Nossa estrela de quinta grandeza é uma dentre trilhões que existem pelo Universo afora. O que • Digitais do Criador surpreende os leitores da Bíblia é saber que Deus conhece todas as estrelas, "e as chama pelo seu nome" (Salmo 147:4). Isso é um grande motivo de conforto. Os seres humanos estão na faixa dos 6 bilhões, o que é bem pouco em comparação com a quantidade de estrelas. Se Deus conhece cada estrela, o que dizer das pessoas, que são o alvo supremo de Sua consideração? Alimento perfeito Enquanto observava minha filhinha Giovanna sendo amamentada, fiquei pensando no maravi lhoso e perfeito alimento a que chamamos leite materno. Esse líquido supercomplexo é uma dá diva do Criador ao bebê. Protege contra as infec ções (contém agentes antibacterianos e antivirais), acalma, ajuda o bebê a ter um sono mais tranqui lo, regulariza a digestão, torna-o forte, saudável e resistente. É um dos alimentos mais complexos que existem na natureza. Tem 300 componentes já identificados, que criam um mecanismo de defesa no organismo contra as infecções e reduz o risco de diarreia. E um alimento perfeito. O leite materno também ajuda no desenvol vimento da inteligência. Um grupo de cientistas da Nova Zelândia acompanhou várias crianças até os 18 anos de idade e descobriu que, quanto maior for o tempo de amamentação, maior será o nível de inteligência do adolescente. A razão disso? Descobriu-se que o leite materno tem dois Por Que Creio • ácidos naturais que ajudam no crescimento e ama durecimento das células do cérebro, facilitando e estimulando a ligação mais rápida dos neurônios. Isso sem mencionar a proximidade e o afeto tro cados pela mãe e a criança, e que são também fundamentais para o desenvolvimento do bebê. A amamentação é tão importante para o amadureci mento da criança que o UNICEF recomenda que o bebê seja amamentado até um ano de idade. Há outros dois detalhes interessantes. A oxitocina é o hormônio responsável pelo reflexo de descida e ejeção do leite durante a amamenta ção. Ela é liberada em pequenos jatos em respos ta à sucção. Além disso, ao nascer, o bebê tem o queixo pouco desenvolvido (retrognatismo fi siológico), exatamente para facilitar o encaixe da boca no seio da mãe. Isso evidencia um sistema interdependentemente projetado, incapaz de ter surgido ao longo das eras por mutações casuais. Quem projetou o leite materno para atender to das as necessidades humanas em seus primeiros e fundamentais anos de vida? Quem regulou todos os nutrientes na proporção adequada ao desenvol vimento do bebê? Quem programou no cérebro do recém-nascido o instinto de sucção, sem o qual ele não conseguiria se alimentar? O salmista Davi responde de forma poética: "Tu criaste cada parte do meu corpo; Tu me formaste na barriga da mi nha mãe. [...] Tu me viste antes de eu ter nascido'" (Salmo 139:13 e 16). O Deus Eterno é o criador do alimento perfeito. * Digitais do Criador Ambiente planejado Inúmeras constantes físicas fundamentais no Universo estão delicadamente relacionadas com as necessidades dos sistemas vivos. Se fossem diferentes, mesmo numa fração minúscula, a vida seria impossível, isso é conhecido como Princípio Antrópico. Muitos cientistas acham nele razões para crer no Deus Criador. Mesmo na antiguidade, houve aqueles que perceberam as evidências de planejamento na natureza. O escritor romano Cícero {106-43 a.C.) foi quem deu a esse conceito talvez sua mais elevada expressão nos tempos pré-cristãos. São dele as palavras: "Ao observarmos um gnomon [relógio de sol] ou uma clepsidra [relógio de água], vemos que eles indicam o tempo de maneira propositada, e não por acaso. Como podemos imaginar, então, que o Universo como um todo seja destituído de propósito e inteligência, ao abarcar tudo, incluindo esses próprios artefatos e seus artífices?'' O terceiro planeta do sistema solar também traz as digitais do Criador. Quanto mais se estuda e se conhece a Terra, mais se evidencia a inter dependência ambiental e mais se conclui que se trata de um planeta proposital mente planejado e preparado para acolher e preservar a vida. Pode-se dizer que a vida na Terra torna a vida possível, o que significa que seres viventes foram feitos para se apoiarem mutuamente. A interdependência Por Que Creio • observada nos seres vivos sugere que essas rela ções foram criadas intencionalmente. Para que os átomos de carbono (a base da vida) existam, com as propriedades que eles têm, é ne cessário um ajuste fino das constantes físicas, como a escala QCD (Cromodinâmica Quântica), a carga elétrica e até mesmo a dimensão do espaço-tempo. Se essas constantes tivessem valores significativa mente diferentes, ou o núcleo do átomo de carbono não seria estável, ou os elétrons se desmoronariam para dentro do núcleo. A vida seria impossível. Há outros fatores que sugerem esse planeja mento: a distância adequada da Terra ao Sol, ga rantindo, entre outras coisas, a existência de água no estado líquido; uma lua com tamanho suficien te para fazer com que as marés oceânicas perma neçam em movimento sem, contudo, submergir vastas regiões terrestres, e órbita a uma distância que minimize qualquer mudança na inclinação do eixo do planeta, garantindo assim estabilida de no clima; o campo magnético, que se consti tui numa proteção planetária maravilhosa; a força da gravidade, que permite ordem e estabilidade; a adequação da atmosfera, com o oxigênio na pro porção ideal de 21 %, o nitrogênio como gás inerte e isolante na proporção de 79%, e o gás carbônico na pequena proporção de 0,03%, mas o suficien te para manter o ciclo do carbono e a vida, sem favorecer o chamado "efeito estufa", como acon tece no superaquecido planeta Vênus. Por outro lado, não ocorrem na atmosfera os compostos de • Digitais do Criador enxofre com seus efeitos desagradáveis, nem amó nia, metano ou hidrogênio, como acontece em outros planetas, e nem o perigosíssimo monóxi do de carbono, que apenas ocorre na atmosfera quando o próprio ser humano a polui. Além desse equilíbrio vital dos gases, a com posição da atmosfera é tal que permite justamente a passagem das radiações necessárias à manuten ção da vida, amortecendo as radiações perigosas. A Terra também se beneficia de uma posição no sistema solar e na galáxia onde os níveis de ra diação cósmica não são altos. Mais: conta com a proteção de um planeta como Júpiter, o maior de nosso sistema solar, com tamanho que lhe dá uma gravidade que acaba atraindo para si cometas e asteroides que poderiam destruir nosso planeta. Por isso e muito mais, pode-se perceber que a Terra foi planejada com carinho pelo Criador para ser um lar sob medida para seus habitantes. Memória vital A National Ceographic exibiu há algum tempo um documentário sobre as zebras. Um detalhe fascinante da reportagem diz respeito ao momento em que a zebra dá à luz. Quando chega a hora, o animal vai para a extremidade do rebanho - não muito distante, tendo em vista sua segurança, mas suficientemente longe para estar no controle da situação. Quando o filhote nasce, deve levantar-se imediata mente e caminhar. Sua sobrevivência depende disso. Por Que Creio • E depende também de outro fator impressionante: quando a cria se põe em pé, a mãe cuida para que ela não veja as listras das outras zebras, mas apenas as suas, por aproximadamente quinze minutos. Aparentemente, sugerem os estudiosos, o cé rebro do potrinho grava as listras da mãe no "dis co rígido" de seus neurônios. É sabido que cada zebra possui um padrão de listras diferente, como se fossem suas impressões digitais. Por isso, é vital que o filhote memorize a configuração das listras de sua mãe. Se ele olhar, nesse momento crucial, para outra zebra e gravar as listras dela, poderá morrer porque ficará confuso quanto a onde bus car alimento e proteção. Gravar as listras corretas nos primeiros minutos da vida faz diferença en tre a sobrevivência e a tragédia. A mãe circunda e abriga o filhote da curiosidade das outras zebras, porque sabe que ele não deve ver outras listras além das suas. Como explicar esse comportamento intuitivo e imprescindível das zebras? Como ele poderia ter se desenvolvido ao longo dos milênios, se, sem ele, os filhotes não sobreviveriam? Fica evidente, para o criacionista, que o Criador dotou as ze bras com esse comportamento que lhes garante a sobrevivência. Afinal, o cuidado dos animais faz parte das atividades de Deus, como afirmou Jesus: "Vejam os passarinhos que voam por aí: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em depósi tos. No entanto, o Fài que está no Céu dá de co mer a eles" (Mateus 6:26, BLH). • Digitais do Criador Água da vida Nem sempre pensamos na maravilha quí mica que está por trás de um simples copo de água ou de uma gota de chuva. Nesta era de alta tecnologia e engenharia avançada, a mistu ra de hidrogênio e oxigênio (H O ) é a imagem da simplicidade. No entanto, a água é uma das substâncias mais notáveis do Universo. E os fe nômenos relacionados a ela são prova disso. 1. Ação capilar. É a capacidade que a água possui de subir dentro de tubos finos, desafiando a força da gravidade. Quando se coloca a água em um tubo de ensaio, por exemplo, percebese que as bordas do líquido em contato com as paredes de vidro se curvam levemente. Isso acontece porque o hidrogênio no material sóli do atrai o oxigênio do líquido, fazendo com que a água "se empurre para cima". Quanto mais fino é o tubo, mais rapidamente a água sobe. É justamente o fenômeno da ação capilar que mantém vivas todas as plantas, pois do con trário a água e os nutrientes do solo não conse guiriam chegar às folhas mais altas. Desafiando a gravidade e sem a necessidade de bombas, a água sobe através dos veios das plantas. 2. Gelo. Por que o gelo flutua? É uma ocorrên cia tão normal que achamos o fato comum. Mas o gelo não deveria flutuar, pois é sólido. As moléculas dos sólidos são muito mais unidas do que as dos líquidos. Por isso, quase todas as substâncias são ^ Por Que Creio • mais pesadas no estado sólido. Mas não a água. Ela parece seguir uma lei própria. A princípio, quando a água é resfriada, ela segue o comportamento usual dos líquidos: contrai-se, fica mais densa. Mas quando ela esfria abaixo de 4 graus negativos, de repente, começa a se expandir, a ficar menos densa, gra ças a uma propriedade especial das pontes de hidrogênio de suas moléculas. É justamente devido ao fato de a água conge lada ser mais leve que á líquida, que a vida nos rios e lagos pode ser mantida. Caso a água não se comportasse dessa forma, os rios, lagos e mares ficariam congelados por inteiro no inverno. Mas o que ocorre é que o gelo sólido flutua acima da massa de água líquida, formando uma camada de isolamento que impede o congelamento da água abaixo. Assim, os peixes e outros animais aquáti cos são protegidos durante as estações frias. 3. Capacidade de absorver calor sem ferver. A regra é: quanto mais leve a substância, mais baixo o ponto de fervura. Se a água, que está entre as substâncias mais leves, se comportas se como deveriâ, ferveria a 53 graus negativos! Isso significaria que mesmo o gelo dos poios ferveria. O sangue também ferveria no corpo dos seres vivos. Enfim, seria uma catástrofe! Felizmente, a água, mais uma vez, se comporta de modo único. Ela tem ponto de fervura bastante alto, 100°C. Portanto, é capaz de absorver grande quantidade de calor sem ferver. Por isso mesmo Digitais do Criador é usada como agente resfriador no motor dos au tomóveis, por exemplo. E é ela que serve como moderador climático, pois a grande quantidade de umidade na atmosfera regula os extremos de tem peratura, tornando a vida possível neste planeta. Na próxima vez que você beber um copo de água, pense no amor e no cuidado de Deus em criar um líquido tão singular, sem o qual a vida seria impossível. Engenharia animal A história está repleta de exemplos de engenhei ros, cientistas e artistas que se inspiraram na natureza para realizar seus projetos. Inspirado na estrutura dos ossos, Eiffel projetou a famosa torre que leva seu nome, e que suporta um peso enorme sobre curvas elegantes. Outros exemplos sâo as pontas das agulhas hipodérmicas, moldadas como presas de cobras; o velcro, que foi baseado no mesmo princípio dos carrapichos que grudam na roupa; e as tintas autolimpantes que imitam a superfície da flor de lótus. Mas há ainda outro exemplo de "engenharia animal" que fascina e desafia os pesquisadores: a teia de aranha. Inúmeros cientistas em todo o mundo tentam copiar as propriedades da seda que as aranhas produzem e reproduzir o méto do que elas utilizam para fabricar a teia. São as propriedades dessa seda que causam in veja e deixam abismados os seres humanos. Mais Pof Que Creio • fina que um fio de cabelo, mais leve que o algodão e (nas mesmas dimensões) mais forte que o aço, a teia é capaz de se estender por até 70 km sem se quebrar sob seu próprio peso, e pode ser esticada até 30 ou 40% além de seu comprimento inicial, sem se romper (o náilon, por exemplo, suporta apenas 20% de estiramento). Caso fosse possível construir uma teia com a espessura do fio equi valente ao de uma caneta esferográfica, ela seria capaz de parar um Boeing 747 em pleno voo! Uma vez sintetizada,'a teia seria sem dúvida um material revolucionário. Ela poderia ser utilizada na fabricação de roupas e sapatos à prova d'água, cabos e cordas, cintos de segurança e paraquedas mais resistentes, revestimento antiferrugem, parachoques para automóveis, tendões e ligamentos ar tificiais, coletes à prova de balas, e um longo etc. A seda da teia de aranha é produzida por vá rias glândulas localizadas no abdômen do animal, e cada glândula das sete conhecidas produz um fio para propósitos específicos. "A seda da teia é constituída principalmente de uma proteína que tem peso molecular de 30 mil daltons, enquanto dentro da glândula. Fora da glândula, ela se polimeriza para dar origem à fibroína, que tem peso molecular em torno de 300 mil daltons", explica Rivelino Montenegro, doutorando do Max Planck Institute of Colloids and Interfaces e membro da Sociedade Criacionista Brasileira. Segundo os evolucionistas, as aranhas teriam surgido há cerca de 125 milhões de anos. Porém, Digitais do Criador estudos recentes mostram que a teia parece ter sofrido pouquíssimas modificações ao longo do tempo, o que sugere que as aranhas foram criadas com seu complexo sistema de fabricação de teias já plenamente desenvolvido e funcional. A maestria com que a aranha tece e controla a composição química da teia (processos ainda longe de serem copiados) para cada finalidade específica, mostra o quanto sistemas biológicos como esse re querem planejamento e, portanto, um planejador. Esses pequenos "engenheiros" da natureza apontam para o grande Engenheiro cósmico - o Criador do Universo. Líquido fantástico Quando cortamos o dedo ou temos uma pe quena hemorragia nasal, dificilmente paramos para pensar no líquido vermelho fantástico que circula através de um sistema pressurizado em nossas veias e artérias, e nos complexos meca nismos que atuam para conter o "vazamento". Um coágulo tem que se formar rapidamente ou, do contrário, sangramos até a morte. Se o sangue coagular no tempo ou lugar errados, porém, o coá gulo pode bloquear a circulação, como acontece nos ataques cardíacos e nos derrames. Além dis so, o coágulo tem que interromper o sangramento ao longo de toda a extensão do corte, fechando-o completamente. E mais, deve se limitar ao corte ou então todo o sistema sanguíneo pode se solidificar, Por Que Creio • ocasionando a morte. Por isso, a coagulação tem que ser controlada de forma precisa para que o coágulo se forme apenas quando e onde for necessário. É uma reação bioquímica em cascata, com fatores in terdependentes que devem funcionar perfeitamente. O bioquímico norte-americano Michael Behe gasta algumas páginas de seu livro A Caixa Preta de Darwin para descrever o complexo mecanismo da coagulação: "Ofortalecimento, formação, limitação e remoção de um coágulo sanguíneo constituem um sistema biológico integrado e problemas com componentes isolados podem levá-lo a parar de funcionar. A falta de alguns fatores coagulantes no sangue, ou a produção de fatores defeituosos, resultam frequentemente em problemas graves de saúde ou em morte." Seria possível que esse sistema ultracomplexo tivesse evoluído casualmente, ao longo de milhões de anos, como propõe o evolucionismo? O para doxo é que, se todas as proteínas envolvidas no processo dependem de ativação por outra, de que modo o sistema pode ter surgido? Que utilidade teria qualquer parte dele sem todo o conjunto? Behe diz que "a coagulação do sangue é um paradigma da espantosa complexidade subjacente até mesmo a processos corporais aparentemente simples. Diante dessa complexidade, existente in clusive em fenômenos simples, a teoria darwiniana cai em silêncio". Resta, então, a conclusão ló gica de que o líquido fantástico chamado sangue foi projetado pelo Criador da vida. • Digitais do Criador ^ Planeta restaurado Se a matéria realmente evoluiu ao acaso atra vés de etapas sucessivas, até formar elementos, es trelas, polímeros químicos, células vivas, vermes, peixes, anfíbios, répteis, mamíferos e, finalmente, o ser humano, então deve haver algum princípio poderoso e universal que impele os sistemas a ní veis cada vez mais altos de complexidade. O problema é que essa ideia contradiz frontalmente a Segunda Lei da Termodinâmica, universal mente aceita pelos cientistas, Essa lei atinge direta mente teorias sobre a origem espontânea da vida ou de qualquer tipo de processo ordenado. "O que a Segunda Lei nos diz, portanto, é que no grande jogo do Universo, não somente não conseguimos vencer; não conseguimos nem empatar", escreveu Isaac Asimov, num artigo publicado no Journal of Smithsonian Institute, em junho de 1970. Feira Asi mov, "tanto quanto sabemos, todas as modificações são na direção de entropia crescente, de desordem crescente, de acaso crescente, de declínio" (Science Digest, maio de 1973, p. 76). As propostas criacionistas, por outro iado, são plenamente confirmadas pelas Leis da Termodinâ mica, já que defendem uma criação originalmente completa e perfeita, além de proposital. O pecado se intrometeu nessa criação perfeita, introduzindo modificações danosas. Conclui-se, portanto, que a filosofia evolucionista em relação ao sistema fe chado chamado Universo, no que diz respeito às ^ Por Que Creio • Leis da Termodinâmica, não está na esfera dos da dos científicos observáveis. Feira ficar um pouco mais claro, imagine que você tenha acabado de comprar um automóvel. Você resolve usá-lo apenas como decoração de jardim e o deixa lá, exposto ao tempo. Dentro de alguns anos, esse automóvel estará todo enferru jado e feio, pois a entropia agiu sobre ele. Não existe nenhum sistema no Universo que parta do simples para o complexo sem a interferência de um agente exterior, tudo tende à desordem. A ordem tende ao caos. A decadência é certa. E isto é uma lei comprovada, não teoria. É exatamente como escreveu o apóstolo Pau lo, em Romanos 8:22: "Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e supor ta angústias até agora." Por outro lado, a Bíblia garante que logo serão feitos "novo céu e nova terra" (Apocalipse 21:1), nos quais não haverá mais efeitos danosos. Durante milhares de anos, este planeta vem sofrendo a decadência como consequência do pecado. Mas Deus ainda conserva o projeto ori ginal e vai reaplicá-lo a este mundo, que então se chamará Nova Terra. Rira saber mais: leia os textos da seçao "Digitais do Criador", no blog www.criacionismo.com.br A TERRA# DOS PLANOS ? "M eu filho, se você aceitar as Minhas pa lavras e guardar no coração os Meus manda mentos; se der ouvidos à sabedoria e inclinar o coração para o discernimento; se clamar por entendimento e por discernimento gritar bem alto; se procurar a sabedoria como se procura a prata e buscá-la como quem busca um tesou ro escondido, então você entenderá o que é temer* o Senhor e achará o conhecimento de Deus" {Provérbios 2:1-5, NVU. Imagine um país estranho onde tudo é per feitamente plano. Chamemo-lo de Terra dos Pla nos.** Alguns de seus habitantes são quadrados, outros, triângulos, alguns possuem formas mais complexas. Correm para dentro e para fora de suas construções planas, ocupados com seus * "Temer a Deus", na Bíblia, significa respeitar ou reverenciar a Deus, reconhecendo Sua grandeza e santidade. "Temor a Deus" não quer dizer medo de Deus; é, antes, respeito (Lucas 23:40; Hebreus 12:28), amor (Mateus 22 :37 ), obediência (Eclesiastes 12: 13 ) e adoração a Ele (Deuteronômio 6: 13- 15; Salmo 2:1 1). * * Adaptado do livro Flatland, de Edwin Abbot. ^ Por Que Creio • afazeres e brincadeiras planos. Todos na Terra dos Planos têm largura e comprimento, mas não altura. Sabem sobre esquerda e direita, para fren te e para trás, mas não têm ideia alguma, nem remota compreensão, sobre em cima e embaixo. Toda criatura quadrada na Terra dos Planos vê outro quadrado meramente como um pe queno segmento de reta, o lado do quadrado mais próximo dela. Ela pode ver o outro lado do quadrado somente se caminhar um pouco. Mas o interior do quadrado é sempre misterioso. Um dia, um ser tridimensional (digamos, uma esfera) chega à Terra dos Planos e anda a esmo por lá. Procurando companhia, entra na casa plana de certo quadrado e, num gesto de amizade interdimensional, diz: "Olá! Sou um visitante da terceira dimensão." O infeliz quadrado olha à sua volta e não vê ninguém. Talvez ele esteja realmente mui to cansado e precisando de umas férias. A esfera resolve, então, descer à Terra dos Planos. Mas um ser tridimensional pode existir somente em parte na Terra dos Planos; pode ser visto dele somente um corte, somente o ponto de contato com a superfície plana daquela terra. À medida que a esfera desce, o quadrado vê um ponto aparecendo no quarto fechado de seu mundo bidimensional e lentamente cres cer, transformando-se em um segmento de reta. Um ser estranho que, para o quadrado, surgiu de algum lugar. Se a esfera resolvesse erguer o quadrado, o que aconteceria? O quadrado não • A terra dos planos ^ conseguiria entender nada: seria algo totalmen te fora de sua experiência. Muitas vezes nos assemelhamos ao quadrado bidimensional desta alegoria. Ignoramos - deli berada ou inconscientemente - aquilo que não podemos ver ou tocar, que está além de nossas capacidades sensoriais ou métodos de aferição. E é normal que resistamos à realidade de nossa limitação física, intelectual e espiritual. Quantas vezes já nos perguntamos: Como é Deus? Como Ele pode ser eterno, sem fim nem começo? Como a Divindade pode ser três Pessoas? Mas é justa mente nesses momentos que precisamos aceitar o que escreveu Moisés: "Há coisas que não sabe mos, e elas pertencem ao Eterno, o nosso Deus; mas o que Ele revelou ... é para nós e para os nos sos descendentes" (Deuteronômio 29:29, BLH). Na verdade, "pode ser inofensivo pesquisar além do que a Palavra de Deus revelou, se nos sas teorias não contradizem fatos encontrados nas Escrituras" (Patriarcas e Profetas, p. 39). Sa muel Coleridge disse: "Nunca tenha medo da dúvida, se você tem a disposição de acreditar." A dúvida e o questionamento são a base da pes quisa científica, e Deus nos dotou de curiosida de suficiente para não nos contentarmos com o conhecimento superficial. No entanto, a es colha de um método de pesquisa não nos deve cegar para realidades transcendentais. É mais ou menos como uma história que re cebi por e-mail certa vez: Por Que Creio • Um dia, na sala de aula, a professora estava explicando a teoria da evolução aos alunos. Ela perguntou a um dos estudantes: -Tomás, você está vendo a árvore lá fora? - Sim - respondeu o menino. A professora voltou a perguntar: -Você vê a grama? E o menino respondeu prontamente: - Sim. Então a professora mandou Tomás sair da sala e lhe disse para olhar para' cima e ver se ele enxerga va o céu. Tomás saiu, voltou para a sala, e disse: - Sim, professora. Eu vi o céu. - E você viu Deus? O menino respondeu que não. A professora, olhando para os demais alunos da sala, disse: - É disso que eu estou falando. Tomás não pode ver Deus, porque Deus não está ali! Pode mos concluir, então, que Deus não existe. Naquele momento, Pedrinho se levantou e pediu permissão à professora para fazer mais algumas perguntas a Tomás. -Tomás, você vê a grama lá fora? - Sim. -Vê as árvores? - Siiiiim. -Vê o céu? - É claro que sim! - Consegue ver o cérebro da professora? - Não - respondeu Tomás, achando a per gunta meio estranha. • A terra dos planos Pedrinho, dirigindo-se então aos companhei ros de classe, disse: Colegas, de acordo com o que aprende mos hoje, concluímos que a professora não tem cérebro. Essa é uma história um pouco exagerada, pois ninguém seria tão tolo para ignorar aquilo que não se pode ver, mas ajuda a mostrar que nem sempre o tangível, visível ou testável éa única realidade. Pre cisamos aceitar que Deus é infinito ("multidimen sional"), e que uma das maiores dificuldades com as quais nós, seres humanos finitos nos deparamos, é a tentativa de conhecê-Lo de forma abrangente em Sua revelação. "Os mais poderosos intelectos da Terra não podem compreender Deus. Se, de fato, Ele Se revela aos homens, é envolvendo-Se em mistério. Seus caminhos estão fora da possibilidade de serem descobertos" (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 306). No entanto, nas palavras de Victor Hugo, "Deus é o invisível evidente". Cristo (à semelhança da Bíbíia), sem dúvida, foi o grande milagre da revelação. Jesus Se "esvaziou" (Filipenses 2:7), tornou-se "plano" para revelar o Deus multidimensional às criaturas dimensionalmente limitadas deste mundo. Sua vida e ensinamentos são a maior e mais completa revelação do infinito; e são o suficiente para nos garantir a vida eterna e o acesso futuro às realidades que "os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram" (1 Coríntios 2:9). "O céu e o Céu dos céus" não podem conter a Deus (2 Crônicas 2:6; 6:18). Ele é infinitamente ri -vi-iíÁ Por Que Creio • maior do que tudo que possamos imaginar. Nos sos conceitos humanos, nossas leis científicas e conjecturas não se aplicam às realidades divinas. Aceitemos, pois, aquilo que nosso maravilhoso e todo-poderoso Deus achou por bem revelar (su ficiente para termos um vislumbre de Seu imen surável amor), e aguardemos ansiosos aquele dia bem-aventurado da volta de Cristo. Aí, sim, ha bitando uma Terra recriada e libertos das maiores limitações humanas - o pecado e a mortalidade - seremos capazes de vislumbrar dimensões até então inimagináveis e poderemos obter respos tas às nossas mais profundas inquietações - com o próprio Criador do Universo! Mas não se esqueça: primeiro é preciso chegar lá. Michelson Borges Deus existe? Será que um Designer criou nosso Universo, ou ele evoluiu de maneira espontânea? Pode a ciência manter objetividade em sua busea pela verdade enquanto admite a possibilidade de que Deus existe? Isso faz diferença? Ariel Roth, o mesmo autor do livro Origens, analisa os pontos-chaves relacionados com a questão de Deus e a existência do Universo. Cód. 10410 Para adquirir, ligue 0800-9790606, acesse www.cpb.com.br ou dirija-se a loja da CASA ou SELS. Computadores, naves espaciais, livros, medicamentos - tudo isso é produto de inteligência, pla nejamento e trabalho. Mas, para alguns, as pessoas que projetaram essas maravilhas tecnológicas são produto de acidente e acaso. Será? Neste livro, o jornalista Michelson Borges entre vista pesquisadores em áreas como Biologia, Geologia, Bioquímica, Física, Matemática, Arqueologia e Teologia. Todos eles - como o bioquímico mundialmente conhecido Michael Behe - mostram que é possível conciliar a fé com a pesquisa científica. E afirmam que existem evidências de planejamento inteligente no Universo. Leia este livro e descubra de que forma as diversas áreas do conhecimento podem auxiliar na busca de resposta às perguntas fundamentais da humanidade, que dizem respei to à origem e destino da vida.