JKI Data Sheets

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JKI Data Sheets
2013, 28
ISSN 2191-1398
DOI 10.5073/jkidspdd.2013.028
JKI Data Sheets
Plant Diseases and Diagnosis
Portuguese
Arja LILJA / Kirsten THINGGAARD /
Alenka MUNDA
Phytophthora em Betula spp.
(vidoeiro, bétula)
Julius Kühn-Institut, Federal Research Centre for Cultivated Plants
Impressão
A série de livre acesso,, JKI Data Sheets – Plant Diseases and Diagnosis« é uma publicação de língua
inglesa que publica uma súmula de estudos originais, faz a descrição dos patogénios, apresenta aspetos
inovadores de diagnóstico e relatórios das causas bióticas e abióticas das doenças das culturas e dos
seus prejuízos.
Todos os manuscritos submetidos para publicação nas JKI Data Sheets são sujeitos a revisão por pelo
menos dois “referees” independentes, preservando o anonimato do(s) autor(es).
Todas as contribuições são disponibilizadas através da licença Comum Criativa. Esta permite usar
e distribuir todo ou partes do trabalho sem qualquer encargo desde que seja usado para fins não
comerciais, nome do(s) autor (es) e fonte(s) e sem que haja modificação do trabalho.
Editor-Chefe:
Dr. Georg F. Backhaus, Präsident und Professor
Julius Kühn-Institut, Bundesforschungsanstalt für Kulturpflanzen
Erwin-Baur-Str. 27
D-06484 Quedlinburg
Alemanha
Editor: Dr. Olaf Hering, Informationszentrum und Bibliothek
Julius Kühn-Institut
Königin-Luise-Str. 19
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[email protected]
Submissão dos manuscritos: Consulte o website do Jornal:
http://pub.jki.bund.de/
ISSN: 2191-1398
DOI: 10.5073/jkidspdd.2013.028
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3
Importância do género Betula Tourn.ex.L.
A bétula é uma árvore florestal muito importante, especialmente nos climas mais frios. É uma
espécie monóica, polinizada pelo vento, sendo as suas sementes dispersas pelo vento. Este género
contém mais de 60 espécies e subespécies incluindo árvores e arbustos. B. pendula Roth* (vidoeiro)
e B pubescens Ehrh. (“downy birch”) apresentam larga distribuição na Europa sendo também
encontradas no Norte da Ásia (Hamet-Ahti et al., 1989; Niemisto et al., 2008). B. alleghaniensis
Britton (yellow birch), B. lenta L. (sweet birch), B. papyrifera Marshall (paper birch) B. populifolia
Marsh. (grey birch) e B. nigra L. (river birch) são espécies típicas da América do Norte (HametAhti et al., 1989; Verkasalo, 1990). Na Escandinávia e Norte da Europa B. pendula é uma espécie
importante na indústria florestal, mas também é utilizada pela sua amenidade em parques, becos
e jardins. B. alleghaniensis, B. lenta e B. papyrifera são espécies que também apresentam interesse
na indústria florestal. Os vidoeiros são espécies pioneiras em zonas de climas frios, sendo que
na Europa do sul podem apenas ser encontradas nas regiões mais elevadas. Várias espécies de
Betula, tais como, B. nana L. (dwarf birch), B. pubescens subsp. czerepanovii (Orlova) Hamet-Ahti
(arctic moor birch) e B. utilis D. Don (Himalayan birch) são árvores típicas nos limites das condições
climáticas de desenvolvimento (treeline). B. nana e as suas subespécies são arbustos nativos do
ártico e de regiões temperadas frias do Norte da Europa, da Ásia e da América. Elas encontram-se
presentes em Greenland e ainda nas montanhas da Escócia e nos Alpes. B. utilis desenvolve-se
como um arbusto ou como árvore nativa dos Himalaias (Hamet-Ahti et al., 1989;
http://www.discoverlife.org).
*Cultivada pontualmente em Portugal
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Espécies de Phytophthora
As seguintes espécies de Phytophthora têm sido isoladas diretamente a partir de raízes, de tecidos
do tronco ou de madeira de árvores de vidoeiro com sintomas característicos de doença:
Espécies de
Phytophthora
Sintomas da Doença
Betula spp.
Referências
cinnamomi
Podridão radicular
papyrifera
Crandald, 1936
cactorum
Cancro com exsudações
lenta
Anonymous, 1941
cactorum
Cancro com exsudações
alleghaniensis
Howaward, 1942
cactorum
Lesões no tronco
pendula
Lilja et al.,1996
cactorum
Declínio e cancro com exsudação pendula
cambivora
Declínio e dieback
pendula
Jung et al., 2009
gonapodyides
Declínio e dieback
pendula
Jung et al., 2009
plurivora
Declínio e dieback
pendula
Jung et al., 2009
pseudogregata
Declínio e dieback
pendula
Jung, comunicação pessoal 2012
pseudosyringae
Cancro com exsudações
utilis
Munda, comunicação pessoal 2012
ramorum1,2
Cancro com exsudações
pendula
Webber et al., 2010
Phytophthora sp.
Cancro nas raízes das árvores que pubescens
apresentam declínio e cancro com
exsudação
Phytophthora sp.
Cancro com exsudações
Betula sp.
Thinggard & Lilja, comunicação pessoal 2012
Thinggaard & Lilja, comunicação pessoal 2012
Vitas et al., 2012
1
em ensaios de patogenicidade P. ramorum infetou plântulas de B. pendula e folhas destacadas de B. allegheniensis
(Jinek et al., 2011, Rytkonen et al., 2012)
2
na Europa P. ramorum e P. kernoviae são organismos regulamentados (ver capítulo ‘Medidas de Quarentena‘).
A maioria destas espécies de Phytophthora isoladas de bétulas doentes apresentam uma larga
gama de hospedeiros. Esta situação significa que não se pode excluir o ataque de árvores de
outras espécies nas áreas circundantes a árvores doentes.
Sintomas da Doença (ver figuras)
A maioria das espécies de Phytophthora ataca as raízes e a base dos troncos (doenças do solo)
cujas infeções são difíceis de detetar. Em árvores adultas a infeção pode levar muitos anos
até causar sintomas visíveis na parte aérea das árvores. Os primeiros sintomas da infeção, são
visíveis através da rarefação da copa, da reduzida dimensão das folhas, morte de ramos e menor
frutificação, causados pela morte das raízes finas, e consequentemente com a redução da
absorção da água e de nutrientes. Após a entrada de Phytophthora nas raízes, esta invade o tronco
através dos vasos e a infeção pode ser visível como lesões necróticas, cancros com exsudação ou /
em manchas escuras individuais com exsudação.
Poucas espécies de Phytophthora podem atacar o tronco e a copa e causar sintomas diretos. Em
plântulas a infeção por P. cactorum pode ser observada facilmente, após chuva, como lesões
necróticas nas folhas, ramos, tronco e apresentando o topo da copa a morrer.
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Possibilidade de Confusão de Sintomas
Os sintomas da doença apresentados no capítulo anterior não são específicos das infeções
causadas por Phytophthora. Insetos, danos mecânicos e outros fungos, tais como, Anisogramma,
Godronia, Phomopsis, Armillaria, etc. podem também causar lesões necróticas e cancros. A
determinação da causa correta da doença é importante ser feita, em particular, no caso de infeção
por Phytophthora para evitar a sua disseminação (ver capítulo “Diagnóstico”).
Desenvolvimento da Doença
O desenvolvimento da doença é rápido em plântulas, mas em árvores adultas pode ser muito
lento e pode mesmo decorrer durante vários anos. As espécies de Phytophthora podem causar
a morte de árvores de bétula mas nem sempre. O resultado de uma infeção depende do estado
geral sanitário determinado pelo clima, disponibilidade de nutrientes, competição, etc. Por
vezes, as árvores podem sobreviver e recuperar do ataque de Phytophthora, no entanto, por se
encontrarem enfraquecidas podem ser atacadas por patogénios secundários, acabando por serem
destruídas.
Disseminação da Doença
A forma mais comum de disseminação de Phytophthora é através do movimento natural dos
propágulos de plantas infetadas, pelo solo e pela água (água do solo, água superficial e rios) e
através da atividade humana quando se procede ao movimento de material vegetal e de solo
infestado. O comércio de plantas, a implantação de novas plantações, o movimento de veículos
no solo, a utilização de equipamentos, a movimentação de solo e as atividades recreativas
(caminhadas e acampamentos) mostraram também ser fontes de infeção. A disseminação do
patogénio é ainda possível através da água de superfície ou dos rios, tanto em distâncias longas
como curtas.
Diagnóstico
Não é possível identificar a infeção causada por Phytophthora só pelos sintomas da doença.
Diferentes técnicas de diagnóstico, como isolamento direto, métodos moleculares e serológicos
ajudam na identificação de Phytophthora sp. como a causa da doença. O isolamento e a
sequenciação, tal como a morfologia dos isolamentos ajudam a identificar a espécie. Informação
detalhada sobre o diagnóstico de Phytophthora em árvores é fornecida pelo link
http://forestphytophthoras.org/key-to-species, http://www.phytophthoradb.org,
http://phytophthora-id.org/ e em Martin et al. (2012).
Para obter ajuda neste diagnostico e favor contatar os servicos oficiais (ver o proximo capitulo).
O que fazer em caso de suspeita de árvores infetadas?
Contatar as autoridades nacionais responsáveis: addresses.pdf
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Gestão e controlo
Para controlo direto com recurso à aplicação de produtos químicos é favor contatar as autoridades
nacionais (ver capítulo acima). Se possível, aplicar as seguintes medidas culturais, as quais poderão
ajudar a evitar a infeção e a preservar a sanidade das árvores:
Evitar o encharcamento, fertilizar de acordo com as necessidades das plantas e promover o
arejamento do solo. O corte de ramos e pernadas não deve de ser executado na época de chuvas
para permitir o rápido restabelecimento dos tecidos (periderme) da zona afetada. Evitar danos
no tronco, como por exemplo, os causados por maquinaria pesada. Embora as espécies de
Phytophthora possam infetar e invadir os tecidos das plantas ativamente e, em particular, as raízes,
qualquer tipo de ferida potencia a infeção. Nas novas plantações deve utilizar-se material são para
evitar a introdução de novas espécies de Phytophthora em ambiente natural. Evitar a introdução
de plântulas importadas de zonas muito distantes.
Medidas de Quarentena
A Organização Europeia e Mediterrânica de Proteção de Plantas (OEPP) considera P. ramorum
como um organismo nocivo. Encontra-se inscrita na Lista de Alerta da OEPP. Para mais informação
pode consultar http://www.eppo.int/QUARANTINE/Alert_List/alert_list.htm
Na União Europeia P. ramorum é um organismo regulado de acordo com a Commission Decision
2002/757/EU.
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Literatura Consultada
Anonymous, 1941. Fifty-third annual report of Rhode Island State Collage Agricultural
Experiment Station. Bulletin- Rhode Island State Collage Agricultural Experiment Station No. 586:
1-71.
Crandald, B.S., 1936. Root disease of some conifers and hardwoods caused by Phytophthora
cambivora (P. cinnamomi). Plant Disease Reporter 20(13): 202-204.
Howaward, F.L., 1942. The bleeding canker disease of hardwoods and possible control. Re- view of
Applied Mycology 21: 394.
Hämet-Ahti, L., Palmén, Alanko, P., Tigerstedt, P.M.A., 1989. Suomen puuja pensaskasvio.
Dendrologian Seura. Yliopistopaino, Helsinki pp. 83-87. ISBN 952-90103-6-2.
Jinek, A., Simard, M., Briere, S.C., Watson, A.K., Tweddell, R.J. Rioux, D., 2011. Foliage suscepti- bility
of six eastern Canadian forest tree species to Phytophthora ramorum. Canadian Journal of Plant
Pathology 33: 26-37.
Jung, T., Vannini, A., Brasier, C.M., 2009. Progress in understanding Phytophthora diseases of trees
in Europe 2004-2007. In: Goheen, E.M., Fankel, S.J. (eds.) Phytophthoras in forest and natural
Ecosystems. Proceedings of the fourth meeting of the International Unioin of Forest Research
Oraganizations (IUFRO) Working Party S07.02.09. August 26-31,2007, Monterey, California. p. 13.
Lilja, A., Rikala, R., Hietala, A. Heinonen, R., 1996. Stem lesions on Betula pendula seedlings in
Finnish forest nurseries and the pathogenicity of Phytophthora cactorum. European Journal of
Forest Pathology 26: 89-96.
Niemistö, P., Viherä-Aarnio, A., Velling, P., Heräjärvi, H., Verkasalo, E., 2008. Koivun kasvatus ja käyttö.
Metsäkustannus Oy., Karisto Oy, Hämeenlinna, 254 p. ISBN 978-952-5694-12-3.
Rytkönen, A., Lilja, A., Vercauteren, A., Sirkiä, S., Parikka, P., Soukainen, M., Hantula, J., 2012. Identity
and potential pathogenicity of Phytophthora species found from symptomatic Rhododendron
plants in a Finnish nursery. Canadian Journal of Plant Pathology 34: 255-267.
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Links para mais informação
Phytophthora em Florestas:
http://forestphytophthoras.org/
P. ramorum:
htpp://www.suddenoakdeath.org
http://rapra.csl.gov.uk/
www.eppo.org
Phytophthora chaves de identificação:
http://apsjournals.apsnet.org/doi/abs/10.1094/PDIS-08-11-0636
Agradecimentos
A Ficha foi elaborada pelo Grupo de Trabalho 1 do European COST Action FP0801
http://www.cost.eu/domains_actions/fps/Actions/FP0801.
Autores
Arja LILJA1, Kirsten THINGGAARD2, Alenka MUNDA3
1
Finnish Forest Research Institute, P.O. Box 18, FI-01301 Vantaa, Finland
[email protected]
2
Sdr. Hoejrupvejen 22, DK-5750 Ringe, Denmark
[email protected]
3
Agricultural Institute of Slovenia, Plant Protection Department, Hacquetova 17, Ljubljana,
Slovenia
[email protected]
Tradução
Ana Cristina MOREIRA, Maria Costa FERREIRA
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária
Av. da República, Quinta do Marquês
2784-505 Oeiras
Portugal
[email protected]; [email protected]
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Sintomas da Doença de Phytophthora em Betula (vidoeiro)
Sintomas da Doença em Betula pendula (vidoeiro) causados por P. cactorum
Esquerda: Aumento da transparência da copa (3)
Centro: Extremidade das plântulas a morrer (2)
Direita: Lesões necróticas no caule de plantas jovens (2)
Exemplos de cancros com exsudações
Esquerda: Betula pendula (vidoeiro) causada por P. cactorum (3)
Centro: Betula pubescens (downy birch) causada por Phytopohthora spec. (3)
Direita: Betula utilis (Himalayan birch) causada por Phytopohthora spec. (1)
Exemplos de necrose cambial no tronco e na base da raiz da Betula pubescens (downy birch)
causada por Phytophthora spec. (3)
Fotos: (1) – A. MUNDA; (2) – A. LILJA; (3) – K. THINGGAARD
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