resolvendo galáxias no espaço e no tempo: os primeiros
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resolvendo galáxias no espaço e no tempo: os primeiros
CHAMADA DE PROJETOS MEC/MCTI/CAPES/CNPQ/FAPS Nº 61/2011 PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS – BOLSAS NO PAÍS MODALIDADE PESQUISADOR VISITANTE ESPECIAL RESOLVENDO GALÁXIAS NO ESPAÇO E NO TEMPO: OS PRIMEIROS LEVANTAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA 3D Proponente: Dr. Roberto Cid Fernandes Junior Universidade Federal de Santa Catarina Pesquisadora Visitante: Dra. Rosa Maria González Delgado Instituto de Astrofísica de Andalucía Consejo Superior de Investigaciones Científicas Espanha RESUMO: A evolução cósmica de galáxias é uma das questões chave da astrofísica contemporânea, abarcando um leque de problemas de fronteira que vai desde a física interna de galáxias até questões cosmológicas como a natureza da energia escura. Esta riqueza explica porque este tema é o motor central dos maiores projetos internacionais da atualidade. Levantamentos espectroscópicos na última década, com destaque para o Sloan Digital Sky Survey (SDSS), coletaram amostras gigantescas e homogêneas de dados, permitindo, pela primeira vez, uma visão panorâmica das propriedades de galáxias de diferentes tipos e em diferentes ambientes. A avalanche de dados produzida por esses mega-surveys inaugurou uma nova era na pesquisa em astrofísica, envolvendo ferramentas de processamento e análise em escalas há pouco inimagináveis. Apesar de recente, a exploração dessas minas de dados progrediu rapidamente, e já produziu uma representação do Universo local bem mais precisa e detalhada do que se tinha antes. O trabalho desenvolvido na UFSC, centrado no código de síntese espectral STARLIGHT e sua aplicação ao SDSS atingiu uma posição de destaque internacional neste contexto, com mais de uma dezena de artigos que acumulam 800 citações, milhares de acessos a nosso banco de dados público, e várias dissertações e teses no Brasil e no exterior. A próxima década será igualmente profícua e desafiadora, com mega-surveys ainda mais ambiciosos perscrutando o Universo local e distante em distintas faixas espectrais, com telescópios terrestres e espaciais (LSST, DES, BigBOSS, e outras grandes colaborações internacionais). Apesar dos vários avanços tecnológicos envolvidos, de uma ou outra maneira todos esses projetos se baseiam em uma das duas principais técnicas observacionais em astrofísica: Espectroscopia e Imageamento. Nosso projeto está focado em uma terceira e mais poderosa técnica que une essas duas abordagens historicamente independentes. Conhecida como espectroscopia 3D, esta técnica produz um espectro para cada pixel espacial, combinando o poder de diagnóstico físico da espectroscopia com a riqueza de informações morfológicas de uma imagem. A análise de espectros espacialmente resolvidos de galáxias já demonstrou ser extremamente poderosa, revelando informações valiosas que são parcial ou totalmente perdidas ao se analisar galáxias inteiras de uma só vez (como no SDSS e outros surveys). Espectros 3D permitem olhar para dentro das galáxias e entender suas componentes – como na medicina, entender as partes é necessário para melhor entender o todo. Unindo a história de formação estelar e a evolução química derivadas através de nosso código de síntese espectral com a informação espacial poderemos resolver a evolução de galáxias no tempo e no espaço. Esta importante e promissora inovação, naturalmente, requer estudos compreensivos com espectroscopia 3D. A UFSC tem o privilégio de participar de dois projetos pioneiros neste sentido. Nossa função central nesses projetos é adaptar para dados 3D nossas já consagradas ferramentas para extração de informação física a partir de espectros, e explorar o novo e instigante espaço de possibilidades de pesquisa que esta combinação oferece. O projeto CALIFA, liderado pelo Instituto de Astrofísica de Andalucía, está, desde 2011, coletando espectros 3D para uma amostra de ~ 700 galáxias representativas da fauna no Universo local. Este é o primeiro grande survey de espectroscopia 3D em escala global. Seus resultados serão a referência fundamental para vários estudos ao longo da próxima década, não apenas pelo valor dos dados per se, mas também para a reavaliação de resultados obtidos com o SDSS e para fins de planejamento de surveys 3D a escalas maiores. Apesar de amostrar “apenas” 700 galáxias, o CALIFA produzirá mais de 700 mil espectros, equiparando-se em volume de dados ao próprio SDSS, mas superando-o por larga margem em quantidade de informação por objeto. Nos próximos 5 anos, os projetos MaNGA e SAMI produzirão surveys conceitualmente similares para dezenas de milhares de galáxias, mas por operar com conjuntos de dezenas de fibras não atingirão o grau de detalhamento espacial do CALIFA. Outro aspecto único deste projeto é que, ao contrário da maioria dos estudos 3D atuais e planejados, ele amostra galáxias em toda sua extensão óptica, tirando proveito da instrumentação disponível no observatório de Calar Alto. O CALIFA já está em andamento (98 galáxias já observadas), e sua conclusão está prevista para 2014, coincidindo, portanto, com o período deste projeto PVE. Em colaboração com pesquisadores do IAA liderados pela Dra. Rosa González Delgado, recentemente analisamos 79 galáxias já observadas obtendo resultados preliminares espetaculares (como ilustrado na figura de capa deste projeto), que serão aprimorados e explorados em toda sua riqueza ao longo deste projeto. O projeto JPAS, também liderado pelo IAA, consiste de um mapeamento fotométrico do céu em 56 filtros estreitos, provendo espectroscopia de baixa resolução para dezenas de milhões de galáxias, muitas das quais serão espacialmente resolvidas e portanto poderão ser analisadas como cubos de dados 3D. A baixa resolução espectral implica em várias limitações, mas o número de galáxias e a profundidade cosmológica (cobrindo 60% da idade do Universo) fazem do JPAS um projeto único em diversos aspectos. Os telescópios e instrumentos associados a este projeto estão sendo construídos. As observações terão início em 2013 e devem durar 4 anos. A pesquisadora visitante indicada é uma autoridade internacionalmente reconhecida em sua área, com indicadores de produtividade excepcionais, atuação em diversos comitês científicos e de apoio a agências de fomento, e um já comprovadamente frutífero histórico de colaboração com a UFSC e outras instituições nacionais. Sua vinda como PVE tem como objetivo geral consolidar o papel da parceria UFSC-IAA nos projetos CALIFA e JPAS, concretizado através de artigos conjuntos, da co-orientação de alunos e supervisão de pós-docs, e do desenvolvimento de uma plataforma pública para disponibilização dos resultados desses dois projetos inovadores e complementares. Dado o grau de desenvolvimento desses projetos, os trabalhos a serem desenvolvidos durante os 3 anos de duração da bolsa PVE estão centrados prioritariamente no CALIFA. As metas específicas a serem cumpridas e seus respectivos indicadores de desempenho são: (1) Elaboração de pelo menos 5 artigos explorando os resultados da aplicação do STARLIGHT-3D aos cubos de dados do CALIFA. (2) Desenvolvimento de um banco de dados aberto contendo os produtos dessa análise. (3) Co-orientação de um doutorando da UFSC (via bolsa sanduíche) e de dois doutorandos do IAA, todos eles já envolvidos no projeto. (4) Definição de estratégias óptimas para extração de informação física a partir dos dados JPAS, incluindo dados sobre populações estelares e linhas de emissão. (5) Análise dos primeiros dados coletados pelo JPAS. Tanto a UFSC como o IAA tem grande interesse nesses projetos inovadores, e o programa PVE oferece a oportunidade de avançarmos nesta nova fronteira científica em um momento estratégico, cobrindo o ápice do projeto CALIFA e os primeiros passos do JPAS. Como um todo, esta colaboração permitirá à equipe a se manter na vanguarda de estudos espectrais de galáxias, lançando sementes para pesquisa e formação de recursos humanos ao longo da próxima década. Cumpre por fim ressaltar que, a título de contrapartida, o IAA se compromete a apoiar com recursos próprios a vinda à UFSC de outros dois pesquisadores e de doutorandos para missões de trabalho e interação direta com a equipe brasileira no âmbito deste projeto. I – CONTEXTO, MOTIVAÇÃO, JUSTIFICATIVA E ATIVIDADES Este projeto tem como pano de fundo a confluência de avanços recentes em três frentes: (1) O progresso atingido em técnicas de síntese espectral de populações estelares em galáxias (eg, Walcher et al 2010 e referências lá citadas), área na qual os grupos do IAA e da UFSC atingiram liderança internacionalmente reconhecida. (2) A proliferação de mega-surveys, que, a exemplo da Sloan Digital Sky Survey (SDSS; York et al 2000), coletam e disponibilizam espectros e/ou imagens para coleções gigantescas de objetos, as quais, processadas com as ferramentas desenvolvidas na UFSC, produzem um arsenal de propriedades físicas de alto valor científico para estudos de galáxias e sua evolução cósmica (eg., Kauffmann et al 2003; Brinchmann et al 2004; Cid Fernandes et al 2007). (3) O aprimoramento tecnológico e a disseminação de espectrógrafos 3D, que combinam o poder de diagnóstico físico da espectroscopia com a riqueza de informações morfológicas e estruturais aportada por imagens (eg., Sanchez et al 2012). Os pontos 1 e 2 desta lista ainda merecem atenção e aprimoramentos, mas de modo geral podem ser considerados maduros. Já o 3º ponto, motivação central desse projeto, se encontra em estágio embrionário, tendo sido pouco explorado. Ao mesmo tempo, ele representa um enorme salto qualitativo com respeito ao trabalho anterior, na medida em que agrega informação espacial à espectroscópica, abrindo um novo e vasto nicho de pesquisa. Os projetos CALIFA e JPAS constituem uma excepcional janela de oportunidade para explorar este nicho. Esta conjunção de fatores motiva e justifica um forte investimento no desenvolvimento de know-how para digerir dados 3D. Outro dado que reforça ainda mais esta proposta é o fato de que ela não se iniciará do zero. Estudos preliminares realizados em parceria com o grupo liderado pela PVE indicada demonstram o tremendo potencial deste projeto. Nossa figura de capa ilustra isso de modo inequívoco. Ela mostra o diagrama cor-magnitude para galáxias do CALIFA, cerne deste projeto. Os pontos em vermelho correspondem a objetos ainda não observados. Já as imagens sobrepostas mostram, para 79 galáxias já analisadas, os mapas de metalicidade estelar (Z) obtidos com a versão 3D de nosso código de síntese espectral STARLIGHT. A escala de cores vai de azul para Z = 0.1 ao vermelho para regiões com Z = 2.5 em unidades solares. Várias tendências são evidentes ao olho. Afora o fato de que galáxias mais luminosas têm Z maior (reflexo da relação massametalicidade), nota-se que os gradientes de metalicidade apresentam comportamentos sistemáticos a medida que se vai da chamada “nuvem azul”, composta por espirais de tipo tardio, para a “sequência vermelha”, dominada por galáxias elípticas. Inspecionando em detalhe galáxias individuais se encontram outras tendências (p. ex., em galáxias barradas). Este é apenas um pequeno exemplo do rico manancial de informação disponível nesses dados (ver Kehrig et al 2012 e seção I.2.1 para mais exemplos). É neste contexto auspicioso e estratégico que se insere esta solicitação de PVE. Nas seções seguintes apresentamos um relato mais detalhado do know-how já estabelecido (I.1), alinhavamos as etapas principais do trabalho nos próximos 3 anos (I.2), descrevemos o papel da PVE (I.3) e as atividades planejadas (I.4). I.1 – Síntese espectral, o STARLIGHT e sua aplicação a um milhão de galáxias O grupo da UFSC tem uma longa experiência na área de populações estelares em galáxias, tendo abordado o problema tanto do ponto de vista prático (Cid Fernandes et al 1998; Schmitt et al 1999) como teórico (Cid Fernandes et al 2001, 2004; González Delgado et al 2004). Nos últimos anos, esta linha de pesquisa passou por uma transição que resultou no hoje amplamente utilizado código STARLIGHT de síntese espectral de populações estelares. Originalmente desenvolvido por Cid Fernandes et al (2004) para o estudo de uma amostra de “apenas” 79 galáxias de tipo Seyfert 2, o código foi posteriormente otimizado e adaptado para processar espectros de galáxias em geral (Cid Fernandes et al 2005, 2009). O STARLIGHT ajusta espectros observados Å por Å, utilizando combinações lineares de populações estelares simples, cujos espectros são previstos pela nova safra de modelos de síntese evolutiva de populações estelares inaugurada pelo trabalho seminal de Bruzual & Charlot (2003). Resumidamente, o código processa os dados levando-os de um espaço de observáveis (fluxos em cada λ) a um espaço de propriedades físicas, como massa estelares, idades e metalicidades médias, profundidade óptica de poeira, dispersão de velocidades estelares e a própria história de formação estelar (SFH, de Star Formation History) de galáxias. Recuperar a SFH de galáxias a partir de espectros integrados tem sido uma obsessão da astronomia extragaláctica desde os trabalhos pioneiros de Tinsley e Faber nas décadas de 60 e 70, e de Bica e Alloin nos anos 80. A maioria dos métodos tradicionais para atacar este problema faz uso de índices espectrais (como cores e larguras equivalentes de linhas de absorção) escolhidos “a dedo” para representar um “resumo” do espectro total. Isto é verdade tanto para trabalhos antigos (eg, Bica 1988) como recentes (Kauffmann et al 2003; Gallazzi et al 2005), que se baseiam na modelagem de uns poucos índices. A pretensão de se extrair tanto a partir de tão pouco sempre foi vista com ceticismo. Ao modelar todo o espectro observado o STARLIGHT suplantou esta limitação. Maximizando o aproveitamento dos dados, maximizamos também a quantidade de informação extraída, recuperando com bom grau de detalhamento a SFH e até mesmo a evolução química, Z(t), de uma galáxia a partir de seu espectro. A figura abaixo ilustra a aplicação do STARLIGHT a 4 galáxias do SDSS. Os painéis à esquerda mostram os espectros observados em preto e os modelos em vermelho, com linhas de emissão marcadas em verde (o código para detecção e medida destas linhas foi desenvolvido pelo Dr. Abílio Mateus). Os painéis centrais mostram a fração de luz associada a cada uma das 25 idades utilizadas na síntese. A linha contínua representa uma versão suavizada desta decomposição, que no fundo representa a própria SFH. As galáxias nesta montagem pertencem às principais classes espectrais (Star Forming, LINER, Seyfert e Passiva), definidas com base nas propriedades das linhas de emissão. Os resultados obtidos são excelentes, e têm sido utilizados em diversos estudos, dentre os quais destacamos a série de artigos intitulada “Semi Empirical Analysis of Galaxies” (SEAGal): Cid Fernandes et al (2005, 2007, 2010, 2011); Mateus et al (2006, 2007); Stasińska et al (2006, 2008); Vale Asari et al (2007, 2009). Esta série de artigos começa com uma apresentação do método e sua aplicação a SDSS. Já neste primeiro trabalho, obtivemos resultados cientificamente originais, como ajustes espectrais de qualidade nunca antes obtidos, relações empíricas entre a extinção do gás e a da luz estelar, e uma forte correlação entre a metalicidade do gás e das estrelas, ambas obtidas por primeira vez na literatura. Artigos seguintes exploraram temas correlatos e ampliaram a amostra a todas 926246 galáxias do SDSS, uma empreitada que consumiu cerca de 200 processadores e que muito nos ensinou sobre como administrar de maneira eficiente volumes colossais de dados. Outra ilustração da riqueza desta ferramenta é dada na figura abaixo, que mostra SFHs para 300000 galáxias em função da posição no diagrama de diagnóstico mais geral proposto por Cid Fernandes et al (2010). Em cada painel as linhas representam a mediana e os percentis 16 e 84% da taxa de formação estelar específica em função do tempo para galáxias dentro do quadro, e os números listam a mediana do logaritmo da massa estelar (em unidades solares). A quantidade de informação em diagramas como esse é enorme . Como se vê, a combinação desta ferramenta de trabalho (o STARLIGHT) com a abundância de espectros disponíveis (o SDSS) abriu um vasto leque de possibilidades de pesquisa. Este avanço nos permitiu também criar um dos primeiros bancos de dados públicos com propriedades físicas e SFHs de galáxias. Em www.starlight.ufsc.br o leitor pode manipular este recurso que integra os resultados de nossa análise aos vários outros dados disponíveis para as galáxias da SDSS (ver Cid Fernandes et al 2009 para exemplos práticos das potencialidades deste banco de dados). Vários estudos independentes utilizaram esse serviço público e gratuito (Bian et al 2007; Liang et al 2007; Lara-López et al 2009, 2010; Peeples et al 2009; Riffel et al 2009, entre muitos outros), cujo impacto pode também ser medido pelos milhares de acessos já contabilizados e as cerca de 800 citações aos trabalhos da série SEAGal. No contexto da presente solicitação, este breve histórico cumpre o papel de atestar a competência da equipe na análise de espectros de galáxias, na manipulação de quantidades massivas de dados e sua organização em bancos de dados informativos e abertos. Estas credenciais avalizam o investimento aqui solicitado para expandir este tipo de trabalho para a nova era dos espectros 3D. I.2 – Espectroscopia 3D: STARLIGHT-3D e os projetos CALIFA e JPAS Espectro integrados de galáxias apresentam linhas de emissão cujas intensidades refletem o estágio de ionização, densidade, temperatura e composição química do gás, e a natureza da fonte ionizante. Por sua vez, linhas de absorção e o contínuo revelam as características das populações estelares, cujas distribuições de idades e metalicidades representam um registro fóssil da própria evolução da galáxia. A largura destas linhas indica a dispersão de velocidades estelares, importante diagnóstico do potencial gravitacional do sistema. Alguma linhas trazem também informações com respeito ao meio interestelar frio, e tanto a forma do contínuo como o padrão de linhas de emissão são afetados pela presença de poeira. Imagens, por sua vez, são mais limitadas, no sentido de que não fornecem uma lista tão longa e diversificada de propriedades físicas. No entanto, elas proporcionam uma visão do sistema que passa despercebida em um espectro integrado. A análise de imagens complementa a informação espectroscópica, dando cara, forma e coordenadas (x,y) àquilo que emite ou absorve luz. A expressão “um espectro vale por mil imagens” sintetiza o fato de que espectros oferecem uma série de diagnósticos de propriedades físicas chave de um sistema, as quais não se revelam através de uma imagem. O ideal, no entanto, é ter espectros e imagens ao mesmo tempo. Se um espectro vale mil imagens, uma “imagem de espectros" vale muito mais! Historicamente, imageamento e espectroscopia são realizados separadamente. Na última década estas duas principais ferramentas da astronomia foram unidas em instrumentos genericamente conhecidos como Integral Field Unit (IFU), que provêm espectros para cada pixel espacial (x,y). Este tipo de dado é também chamado de espectroscopia 3D, onde as 3 dimensões correspondem a x, y, e λ. O output, portanto, é um cubo de dados contendo fluxos F(x,y,λ). Este tipo de instrumento une o melhor dos dois mundos, abrindo um novo e vasto universo de problemas científicos associados à física de galáxias. Em termos gerais, espectrógrafos-3D permitem derivar (a) campos de velocidades de estrelas e gás, (b) a distribuição espacial do gás ionizado e suas propriedades físicas, (c) distribuição da poeira interestelar, (d) mapas de populações estelares (idades e metalicidades) e sua evolução, proporcionando uma compreensão muito mais completa e detalhada dos fenômenos envolvidos do que é possível com espectroscopia ou imageamento separadamente. Espectrógrafos 3D estão se disseminando em observatórios ao redor do globo, com variações em cobertura e resolução angular e espectral que permitem abordar questões que vão dos detalhes íntimos dos núcleos de galáxias (p. ex., os IFUs do Gemini) até galáxias inteiras, observáveis com o Potsdam Multi Aperture Spectrophotometer (PMAS), no observatório de Calar Alto, Espanha. É líquido e certo que esta ferramenta terá um papel central em estudos de galáxias ao longo da próxima década. É, portanto, estratégico investir no desenvolvimento do know-how para digerir dados 3D. O know-how já adquirido na análise de espectros integrados e o novo tipo de dado disponível com espectrógrafos 3D foram até aqui discutidos de forma separada, mas sua conexão é evidente, sendo de fato a espinha dorsal deste projeto. A extensão do tipo de análise espectral detalhada e automatizada já realizada para dados 1D (ver I.1) para espectros 3D permite atacar uma rica série de problemas científicos através, p. ex., do mapeamento de populações estelares e seus parâmetros cinemáticos. Aplicações do STARLIGHT a espectros 3D já foram realizadas (Barbosa et al 2006), mas restritas às regiões centrais de galáxias. Para uma visão global é necessário mapear galáxias inteiras. De fato, o mapeamento de galáxias inteiras é crucial para se avaliar efeitos de abertura em surveys puramente espectroscópicos como a SDSS, cujas fibras de 3’’ cobrem tipicamente 1/3 da luz das galáxias observadas. A existência de gradientes de populações estelares torna perigosa a extrapolação para a galáxia como um todo de resultados obtidos a partir da análise de espectros centrais. I.2.1 - O projeto CALIFA: O melhor instrumento para espectroscopia-3D de grande campo hoje em dia é o PMAS/PPAK, no observatório de Calar Alto. O projeto CALIFA (Calar Alto Legacy Integral Field Area survey, www.caha.es/CALIFA) o está utilizando para mapear 700 galáxias próximas com resolução espectral entre R = Δλ/λ = 850 e 1650 de 3700 a 7000 Å. A figura abaixo ilustra o arranjo hexagonal de fibras que está usado sendo usado e um exemplo de um dos cubos de dados F(x,y,λ) já obtidos. O CALIFA representa o precursor de uma nova geração de surveys 3D que desempenhará um papel dominante na pesquisa ao longo da próxima década, e nossa participação é instrumental para inserirmo-nos de forma contundente nesta nova era. A documentação do projeto diz que os principais “science drivers" do projeto são: “(a) Model the stellar population and constrain the star formation histories; (b) trace the distribution of ionized gas and estimate chemical abundances for the gas phase; and (c) measure the kinematic properties of the galaxies, both from emission and from absorption lines; all these quantities will be reconstructed in maps covering the entire luminous extent of the galaxies in the sample.” Evidentemente, as ferramentas de análise do grupo da UFSC se encaixam perfeitamente neste projeto! Por isso mesmo, fomos convocados pelos coordenadores do CALIFA a participar. Desde meados de 2011 a parceria IAA+UFSC está debruçada sobre o projeto CALIFA. Apesar de várias pendências relativas à calibração dos dados e também dos modelos de populações estelares usados, os resultados já obtidos são verdadeiramente excelentes, ultrapassando nossas melhores expectativas. A figura de capa, já comentada, ilustra um dos muitos resultados obtidos. As figuras abaixo são análogas a da capa, mas mapeiam a idade média e a extinção em função da localização no diagrama cor magnitude. Já a figura seguinte mapeia o crescimento de uma galáxia, obtido através da transformação, via STARLIGHT-3D, do cubo espectral F(x,y,λ) em mapas da densidade de massa estelar em função de x, y e para diferentes instantes no tempo (desde 14 Gyr até o presente). O painel superior traça o crescimento dentro (linha vermelha) e fora (azul) do raio contendo a metade da luz (marcado com um círculo nas imagens), ilustrado de maneira aproximada a evolução do bojo e do disco desta galáxia espiral. Apesar de preliminares, esses resultados ilustram de forma eloquente o tremendo potencial do CALIFA, e explicam a prioridade que damos à exploração desses dados nos próximos 3 anos. I.2.2 - Espectroscopia de baixa resolução para dezenas de milhões de galáxias - o projeto JPAS: Se por um lado espectrógrafos-3D provêm dados muito mais ricos do que aqueles derivados a partir de espectros 1D, por outro ainda tardará muito tempo até que surveys equiparáveis à SDSS sejam realizados em 3D com o mesmo nível de qualidade que o CALIFA. Mesmo projetos como o MaNGA ou o SAMI (coordenados por grupos americanos e australianos, respectivamente), apesar de importantes, não chegarão a cinco dígitos dentro da próxima década. Nada que se compare ao milhão de espectros da SDSS e o poder imbatível que a estatística de grandes números proporciona. Felizmente, existe uma alternativa. Uma maneira simples de se obter espectros-3D sem espectrógrafos é tomar imagens em um grande conjunto de filtros. A fotometria assim obtida fornece valores de fluxos em cada banda λ e para cada pixel (x,y). Para filtros suficientemente estreitos, o cubo de dados F(λ,x,y) é conceitualmente idêntico ao obtido com espectrógrafos-3D, com enormes vantagens em termos de custo, complexidade e cobertura espacial, mas com uma resolução espectral bastante inferior. Um projeto de grande porte que segue esta abordagem está sendo conduzido por outra parceria entre Espanha e Brasil, da qual também participamos. Trata-se da instalação no Javalambre Astrophysical Observatory (Teruel, Espanha) de um telescópio robótico que imageará ~¼ do céu em um sistema inédito de 56 filtros com 100 Å de largura. A motivação central deste projeto, conhecido como JPAS, é de origem cosmológica: estudar a natureza da energia escura através de oscilações acústicas de bárions, usando os 56 filtros para medir redshifts fotométricos com altíssima precisão (Benítez et al. 2009). Este é um tema quente em cosmologia (vide o último premio Nobel de Física!). Nem o grupo da UFSC nem o da Dra. González Delgado no IAA têm experiência nas questões cosmológicas do JPAS, mas os “benefícios colaterais” deste projeto são tremendos e de nosso direto interesse. Os dados a serem produzidos são, no fundo, espectros de galáxias (nosso prato predileto), e milhões delas (outra especialidade do grupo). Para galáxias mais distantes os espectros serão analisados em forma integrada (1D), mas para as mais próximas os dados terão resolução angular suficiente para serem analisados como espectros 3D. A resolução espectral de R ~ 60 será bem inferior à do SDSS ou do CALIFA, o que limita o tipo de análise que pode ser feito, mas em pelo menos 2 aspectos o JPAS será superior: estatística (~ 100 milhões de galáxias) e profundidade cosmológica (até z ~ 1). Nossa experiência com os projetos STARLIGHTSDSS e CALIFA será de grande valia nesta colaboração. Tanto é assim que o coordenador deste projeto e a PVE indicada são co-responsáveis pela coordenação do Science Working Group on Galaxy Evolution dentro da colaboração JPAS. Ao contrário do CALIFA, que já está coletando dados, o JPAS ainda está em construção. Pelo cronograma do projeto, o principal telescópio deverá entrar em funcionamento dentro de um ano, e as observações cientificas propriamente ditas só devem começar em meados de 2013. Um dos membros de nossa equipe, o Dr. A. Kanaan, está diretamente envolvido com o desenvolvimento de software e hardware da instrumentação associada, e deverá realizar “atividades de campo” no observatório em 2013 e 2014. Até o início do survey, os demais membros concentrarão suas atividades em estudos de viabilidade, simulações e desenvolvimento de técnicas que permitam extrair desses dados informação análoga à que se extrai de dados espectroscópicos propriamente ditos. Estudos preliminares nesse sentido já foram iniciados (dissertação de mestrado W. Schoenell, na UFSC), e sugerem que a perda de informação pode ser bem menor do que o intuitivamente esperado. De qualquer modo, no contexto da presente solicitação, este projeto terá uma prioridade menor do que o projeto CALIFA. Grosso modo, calculamos que ¾ do trabalho será dedicado ao CALIFA e ¼ ao JPAS. I.3 – A Pesquisadora Visitante Estrangeira e seu papel no projeto A Dra. Rosa González Delgado satisfaz com folga o perfil desejado de um Pesquisador Visitante estrangeiro nesta chamada. Sua carreira científica começou no Instituto de Astrofísica de Canarias (IAC), tendo também passado pelo Space Telescope Science Institute (Baltimore, EUA) antes de assumir sua posição de pesquisadora do CSIC no IAA. Suas áreas de atuação são populações estelares, formação estelar e atividade nuclear em galáxias. Tem 188 entradas no NASA Astrophysics Data System. Publicou 85 artigos em revistas de alto impacto (ApJ, MNRAS, AJ, e A&A). Seus trabalhos já foram citados 4800 vezes, e seu parâmetro de Hirsch é 32. Seus 27 artigos como primeira autora acumulam 1320 citações. Sua interação com pesquisadores e alunos brasileiros (de 4 estados da federação: SC, RS, SP e RJ) é de longa data, e já resultou em mais de 20 artigos. A Dra. RGD tem uma ampla participação em congressos (mais de 90 contribuições apresentadas), 10 palestras de revisão e mais de 20 contribuições orais. Tem também longa experiência na organização de congressos internacionais, tendo participado de 11 comitês organizadores e atuado como editora de 5 livros. Sua projeção internacional é também refletida por sua participação em comitês internacionais de avaliação de projetos de pesquisa para o Telescópio Espacial Hubble, para os telescópios da ESO, e como presidenta do comitê de alocação de tempo do Observatório de Calar Alto (2005-2009). Atua regularmente como árbitro das principais revistas. Participou também como especialista no comitê de seguimento dos projetos ‘Consolider 2007’. Participou de várias colaborações internacionais (LAG, GEFE, WSO, SIDE, etc), e atualmente integra os projetos ALHAMBRA, JPAS e CALIFA. Desde Março de 2010 assumiu posto de assessora adjunta para Astrofísica junto à coordenação de área de Física e Ciências do Espaço da Agencia Nacional de Evaluación y Prospección, posição análoga ao CA do CNPq, que inclui responsabilidades como coordenar a avaliação e seleção de candidatos aos programas Ramón y Cajal e Juan de la Cierva. Atua também como coordenadora na avaliação de projetos do Plan Nacional para Astronomía y Astrofísica. No contexto da presente solicitação, cabe ressaltar que a Dra. González Delgado coordena o grupo que está liderando toda a parte de análise de populações estelares dentro da colaboração CALIFA, cerne deste projeto, além de compartir com o anfitrião brasileiro a coordenação do grupo de trabalho sobre evolução de galáxias no JPAS. Ela é, portanto, o principal elo entre esses grandes projetos e a UFSC. Sua vinda como PVE possibilitará a continuidade dos estudos iniciados, potencializando o envolvimento dos membros brasileiros da equipe, incluindo estudantes. A interação direta através de visitas longas e frequentes é necessária para avançar no ritmo que a pesquisa exige. No caso do CALIFA (cerne deste projeto), nossa janela de oportunidade tem um “prazo de vencimento” estimado em meados de 2013. Por pertencer (através da colaboração já estabelecida com a PVE) ao consórcio CALIFA, temos acesso privilegiado aos dados antes de sua liberação. A menos que avancemos neste período, os competidores nos alcançarão (usando nossos próprios dados!), e perderemos nossa vantagem competitiva nesta nova fronteira. I.4 – Atividades planejadas para o triênio Esta seção lista o conjunto de atividades específicas relacionadas ao projeto, divididas entre atividades associadas ao CALIFA (C) e o JPAS (J). (C1) Finalização dos estudos de re-calibração dos dados. Estes estudos estão sendo conduzidos em contato direto com o pessoal do Observatório de Calar Alto e do Instituto de Astrofísica de Potsdam (Alemanha), responsáveis pela redução dos dados, e visam corrigir distorções detectadas por nossa equipe nos espectros iniciais. (C2) Definição do conjunto de modelos espectrais populações estelares simples para uso com STARLIGHT-3D. Os estudos já realizados usam modelos preliminares de Charlot & Bruzual, os quais superam os de Bruzual & Charlot (2003) em vários aspectos, mas ainda apresentam deficiências, além de não estarem disponíveis nem publicamente documentados. A alternativa mais promissora é combinar os modelos de Vazdekis et al (2010), excelentes para idades acima de 100 Myr, com os de Granada (González Delgado et al 2005; Martins et al 2005), mais adequados para idades menores. (C3) Versão final da pipeline de análise de populações estelares. Este trabalho consiste na concatenação (e documentação) de um conjunto de scripts que processam os cubos de dados originais para serem analisados com os STARLIGHT-3D, rodam ajustes espectrais iniciais, refinam máscaras espectrais, rodam ajustes finais e transformam os resultados em arquivos fits contendo toda a informação extraída do ajuste. (C4) Definição do código a ser usado para medida de linhas de emissão. Nosso grupo já possui programas que medem linhas de emissão a partir dos espectros residuais obtidos dos ajustes espectrais com o STARLIGHT, mas outros membros da colaboração CALIFA estão refinando esses ajustes, e ainda nos falta estabelecer qual o método mais adequado e realizar as medidas finais.. Todas essas atividades de caráter fundamentalmente “técnico”, e fundamentais para a exploração científica dos resultados, já se encontram em estágio avançado de desenvolvimento. As etapas a seguir se concentram na análise dos resultados. (C5) Redação de artigos explorando os resultados do STARLIGHT-3D aplicados ao CALIFA. Os primeiros artigos planejados explorarão tendências sistemáticas obtidas ao longo do diagrama cor-magnitude, como gradientes de metalicidade, idade, extinção e o crescimento da massa estelar. Um resultado geral já evidente em nossa análise é que galáxias crescem de dentro para fora. Temos também evidência de que os gradientes de metalicidade evoluem de maneira diferente para galáxias de diferentes tipo. Os artigos iniciais quantificarão esse processo, estudando-o em função das propriedades globais das galáxias. (C6) Participação em estudos conduzidos por outros membros da colaboração. A análise de populações estelares no CALIFA, liderada por nossa equipe, aporta informação relevante para uma série de estudos liderados por outros grupos dentro da colaboração. Exemplos de estudos já em andamento incluem: linhas de emissão em galáxias de tipo temprano (eg, Kehrig et al 2012), e um estudo da galáxia Mice (NGC 4676 A e B, um sistema em interação contendo uma diversidade de fenômenos dinâmicos e mecanismos de ionização) sendo liderado pela Dra. V. Wild (Edinburgo). (C7) Workshop da equipe em Abril 2013, na UFSC. Além da PVE e os membros da UFSC, 2 pesquisadores (E. Perez e R. G. Benito) e 2 estudantes (R. L. Fernandez e C. Cortijo) do IAA participarão desse encontro de trabalho. (C8) Estágio sanduiche de André Amorim no IAA (ver seção V deste documento). (C9) Elaboração de um banco de dados com os produtos do projeto. O CALIFA liberará seus dados para a comunidade. Seguindo este mesmo espírito de “legacy survey”, disponibilizaremos os resultados da análise com o STARLIGHT-3D, nos mesmos moldes gerais do que já fizemos em www.starlight.ufsc.br. (C10) Nova versão do STARLIGHT. Em parceria com a PVE e seu grupo, estamos testando uma nova versão do STARLIGHT que, entre outras inovações, permite incorporar uma série de outros vínculos ao ajuste espectral de galáxias. Uma vez concluídos os testes e a documentação, esta versão será liberada para uso geral. No contexto do JPAS, as atividades a serem desenvolvidas compreendem: (J1) Redação do capítulo sobre evolução de galáxias com o JPAS para o “white paper” do projeto. (J2) Avaliação dos resultados do “Desafio # 1”. Lançado pelo coordenadores do Science Working Group (RCF e RGD) ao final de 2011, este teste visa comparar diferentes métodos para estimar propriedades físicas de galáxias a partir de fotometria JPAS. Dados simulados foram produzidos e distribuídos para os membros da colaboração, os quais aplicarão suas técnicas de síntese de populações estelares. (J3) Experimentos 3D. Nessa atividade geraremos cubos de dados amostrados nos filtros JPAS a partir de galáxias observadas pelo CALIFA. A análise dos resultados obtidos nos permitirá avaliar de forma realista as limitações do uso do JPAS como um espectrógrafo 3D. (J4) Optimização de métodos para extração de propriedades espectroscópicas e físicas, incluindo aplicação aos dados do survey ALHAMBRA (já conduzido pelo IAA). (J5) Aplicação dos métodos desenvolvidos aos primeiros dados produzidos pelo JPAS. (J6) Participação no desenvolvimento instrumental (hardware e software), incluindo missões de trabalho no observatório de Javalambre. Além dessas atividades, a PVE ministrará um curso no Programa de Pós Graduação em Física da UFSC. Também o Dr. Enrique Pérez, do IAA, ministrará um curso de PG durante uma de suas visitas associadas a este projeto. A exemplo de atividades anteriores coordenadas pela UFSC, os cursos serão abertos a alunos de outras instituições. II. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO E DAS VISITAS ANUAIS DO PVE AO PAÍS As visitas da PVE seguirão o seguinte cronograma: 2012: Duas visitas, uma durante o mês de julho e outra em outubro (uma das passagens será paga pela própria PVE). 2013: Uma visita, de março a maio. 2014: Uma visita, de outubro a dezembro. A tabela abaixo detalha o cronograma das atividades planejadas, seguindo a numeração estabelecida na seção I.4 desse documento. 2012 C1 – C4 X C5, C6 X 2013 2014 X X C7 X C8 X X C9 X C10 X J1, J2 X J3, J4 X X J5, J6 X X Cursos PG X X III. ORÇAMENTO DETALHADO Os recursos de custeio e capital aportados nesta chamada serão utilizados para: 1) Custear duas viagens (de 10 dias cada) do Dr. A. Kanaan ao observatório de Javalambre para instalação e teste dos instrumentos. Entre passagens e diárias, cada uma dessas atividades de campo custarão em torno de R$5850. 2) Parte dos recursos do projeto serão reservados para aquisição de material bibliográfico, contribuindo para suprir uma carência histórica ainda não resolvida na UFSC. 3) Upgrades dos recursos computacionais na UFSC. Os itens b, c e d da tabela abaixo constituem as peças para montar um servidor de processamento. O cluster atualmente disponível na UFSC (iniciado com recursos angariados pelo próprio coordenador deste projeto) serve a um crescente número de alunos de pós graduação (já são mais de meia centena), a maioria de outros grupos de pesquisa. Esta forte demanda se traduz em um limite de 6 processos por usuário, o que torna impraticável a análise mesmo de uma única galáxia do CALIFA (cerca de 1000 espectros) em um tempo aceitável. Com este servidor dedicado poderemos processar 48 espectros simultaneamente. Além dessa unidade de processamento, os recursos serão usados para incrementar nosso storage server com unidades de armazenamento de estado sólido (item e), expandindo quantitativa e qualitativamente os recursos já existentes, para adquirir uma nova bateria para nosso no-break (f) e trilhos para adicionar a unidade de processamento ao rack já existente. OBS: Por se tratar da compra de peças isoladas, estes itens estão orçados na rubrica de custeio. 4) Tradicionalmente a montagem e instalação de hardware e software é realizada por estudantes, mas esta prática não é recomendável nem profissional. Por isso reservamos R$5 mil para a contratação de serviços especializados para instalação dos novos itens e também para manutenção do sistema (serviços de terceiros, item ). 5) Computadores portáteis para o doutorando que realizará estágio sanduíche no exterior, para o pós-doc do projeto e para o coordenador. A tabela abaixo detalha esses gastos. O total geral é de R$149,952,94. Item Viagem Qtd Descrição 2 Viagem de 10 dias do Dr. Antônio Kanaan ao Obs. de Javalambre. 10 diárias de US$220 (totalizando R$3916) mais passagem ida e volta a aproximadamente R$2000 Valor unit. R$ 5.850,00 Total (R$) 11.700,00 Material bibliográfico 1 Livros de astrofísica para a biblioteca. R$6600,00 6600,00 Computador pessoal (a) 3 MacBook Pro 17" com processadores i7 quad de 2.40GHz, 8GB de memória. Para o doutorando sanduiche, o pós-doc e o coordenador. R$10.799,00 32.397,00 Chassis do servidor (b) 1 Chassis com placa mãe Supermicro SYS-5086B-TRF para até 8 processadores Xeon série X7500 Socket-1567. Este chassis possui 8 slots para processador 64 slots para memória, 10 slots PCIe e 16 baias para HD. Foram utilizados apenas 6 processadores, 4 slots de memória e 4 slots PCIe. Isto significa que podem ainda ser feitos upgrades, estendendo a vida útil do servidor. US$8.388,14 14.679,25 Processador do servidor (c) 6 6 processadores Intel Xeon, US$4.048, 20 2.26GHz, modelo X7560 Socket-1567, com 8 núcleos cada, totalizando 48 núcleos. O servidor será capaz de executar 48 processos simultâneous.. 42.506,10 Memória do servidor (d) 4 4 módulos de memória DIMM Supermicro DDR3 (1333MHz), com 16GB cada, totalizando 64GB. São 1.33GB por núcleo, permitindo processar grandes volumes de dados. 2.565,78 US$366,54 Storage (e) 4 4 drives de estado sólido (SSD) OCZ PCIe com 960GB cada, totalizando 3.84TB. Estes drives de estado sólido têm velocidade de transferência extremamente superior aos discos rígidos, em torno de 1500MB/s. Uma boa parcela do tempo de execução dos programas será dedicada a entrada/ saída, dado o volume imenso de dados em um espectro-3D. Estes discos reduzirão significativamente este gargalo. US$3.260,78 22.825,46 Bateria para no-break (f) 1 Bateria para no-break SmartUPS RT 192V RM Battery. Esta bateria é montável em rack, e irá ampliar a carga do nosso no-break, dado que será incluído um novo servidor no rack. US$1151,97 2.015,95 Trilho para rack (g) Serviço 1 Trilhos para montagem do chassis do server no rack. Serviços de terceiros. Inclui: (1) montagem e configuração do servidor novo (instalação de OS e/ou serviço de virtualização); (2) configuração de backup (tanto do novo servidor quanto dos servidores já existentes na estrutura atual); (3) configuração de no-breaks e políticas de desligamento e notificações, tanto relacionadas a energia quanto aos alarmes normais em servidores; (4) documentação da estrutura do cluster e documentação d e m a n u t e n ç ã o . Va l o r aproximado. US$75,13 131,48 R$5.000,00 5.000,00 Despesas 1 US$5446,59 9531,53 1 Custos de importação, 18% do total correspondente Valores em azul indicam preços (por unidade) em US$. A taxa de câmbio adotada é de R $1,75 por US$, e as taxas de importação sobre os valores em US$ foram calculadas seguindo o estabelecido no item II.1.4.5 do edital. Cotações para os itens foram obtidas através da internet. Na época da preparação deste projeto, os respectivos links eram os seguintes: (a) http://store.apple.com/br/browse/home/shop_mac/family/macbook_pro (b) http://www.wiredzone.com/Supermicro-SYS-5086B-TRF-Barebone-5U-S-1567-f--up-to-8x-Xeon-7500~10020961~0.htm (c) http://www.wiredzone.com/Intel-AT80604004869AA-2.26GHz-MP-Xeon-X7560-8-Core-Socket-1567~10020173~0.htm (d) http://www.wiredzone.com/Supermicro-MEM-DR316L-HL01-LR13-16GB-DDR3-PC3L-10600(1333MHz)240pLRDIMM~10021140~0.htm (e) http://www.wiredzone.com/OCZ-RVD3X2-FHPX4-960G-Hard-Drive-Solid-State-(SSD)-960GB-PCI-E~32026374~0.htm (f) http://www.wiredzone.com/APC-SURT192RMXLBP-Lead-Acid-Smart-UPS-RT-192V-RM-Battery-~30452115~0.htm (g) http://www.wiredzone.com/Supermicro-MCP-290-00058-0N-2U,-3U,-17.2in-W-Short-Rail-Set-~10019091~0.htm IV. GRAU DE INTERESSE E COMPROMETIMENTO INSTITUCIONAL COM O ESCOPO DA PROPOSTA Tanto a UFSC como o IAA tem grande interesse nesse projeto de PVE. O interesse do IAA pode ser medido pelo fato de que esta instituição é co-responsável pelo observatório de Calar Alto, onde o projeto CALIFA está sendo conduzido, tendo sido agraciado com 210 noites de observação. A responsabilidade sobre o observatório é compartida com o Max-Planck-Institut für Astronomie de Heidelberg (Alemanha), instituição que também apoia e participa do CALIFA. Além disso, vários pesquisadores, estudantes e pós-docs do IAA participam ativamente do CALIFA e também do JPAS, demonstrando um forte grau de interesse e comprometimento da instituição. Por fim, a PVE e a direção do IAA se dispõe a usar recursos próprios para bancar viagens de outros membros da equipe espanhola ao Brasil para acompanhar o andamento deste projeto. Do lado da UFSC, o interesse não poderia ser maior. Afinal de contas, participar desses projetos de ponta sem ter que pagar a maior parte da conta (os custos de operação dos telescópios e do pessoal responsável pelo trabalho pesado de observação e redução dos dados) é um privilégio e tanto, ainda mais quando se considera o envolvimento direto de estudantes da UFSC neste processo. V. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS PELOS DEMAIS PARTICIPANTES DO PROJETO A equipe deste projeto compreende pesquisadores e alunos da UFSC (dois pesquisadores nível 1C, dois nível 2, e cinco alunos de pós graduação) e do IAA (dois pesquisadores com perfil equivalente a 1A do CNPq, um pós-doc e dois doutorandos), além de um pós-doc brasileiro. Abaixo resumimos as atividades de cada um. Ênfase é dada aos trabalhos a serem desenvolvidos pelos bolsistas sanduiche e pós-doc (dois primeiros membros da lista a seguir) beneficiários das cotas adicionais de bolsa aqui solicitadas. Antes de iniciar, é relevante mencionar que existe muito mais gente envolvida no projeto do que os membros listados abaixo, posto que tanto o CALIFA como o JPAS são colaborações internacionais. O CALIFA, por exemplo, já contem mais de 80 membros espalhados por 16 países. Os estudos propostos neste projeto serão liderados por nossa equipe, mas é certo que vários desses outros pesquisadores contribuirão, seja em aspectos técnicos (observações e redução dos dados) ou na interpretação de nossos resultados, complementando a expertise de nossa equipe. * André Luiz de Amorim, doutorando na UFSC que realizará estágio sanduíche com a PVE em 2013. O trabalho a ser desenvolvido pelo aluno no IAA combina sua experiência anterior com as necessidades do projeto CALIFA. Durante seu mestrado, André analisou dados do satélite ultravioleta GALEX, combinando-os com dados da SDSS e de nossa análise espectral com o STARLIGHT. Este tipo de estudo pancromático será estendido ao CALIFA. Esta combinação será usada tanto para construir diagnósticos puramente empíricos (eg, mapas de cores UV-óptico) como em análises mais detalhadas usando a nova versão do STARLIGHT que possibilita o ajuste simultâneo de espectros ópticos e de fotometria em qualquer banda. A informação UV será particularmente interessante para resolver ambiguidades relacionadas à lei de extinção interestelar, à presença de populações estelares jovens e efeitos de extinção diferencial. Outro aspecto a ser trabalhado é a implementação de ferramentas de visualização para cubos de dados e os diversos produtos derivados com o STARLIGHT-3D. André tem um perfil ideal (e muito raro!) para esta tarefa. Sua farta experiência computacional, complementada com os conhecimentos adquiridos durante o período no qual trabalhou como programador na indústria de jogos, fazem dele o membro mais capacitado de nossa equipe para atacar os desafios de visualização e análise multidimensional envolvidos no CALIFA + STARLIGHT-3D. Por fim, André tem comprovada experiência em banco de dados, tendo implementado a extensão do observatório-virtual STARLIGHT-SDSS para incluir dados do GALEX, além de ser atualmente responsável pela manutenção desse serviço. No contexto deste projeto, André desenvolverá o banco de dados relacionado aos produtos da aplicação do STARLIGHT-3D ao CALIFA. Esta tarefa terá início durante sua estadia no IAA, durante a qual poderá interagir diretamente com pesquisadores espanhóis e alemães que estão montando o banco de dados do CALIFA. * Natalia Vale Asari, pós-doc no Institute of Astronomy (Universidade de Cambridge, GB), iniciará um pós-doutorado na UFSC em 2013. Oriunda da UFSC, onde concluiu seu doutorado em 2010 (em cotutela com o Observatoire de Paris-Meudon, sob a co-orientação da Dra. Grazyna Stasinska), a Dra. N. Asari está, desde 2011 trabalhando no projeto CALIFA sob a supervisão de um de seus coordenadores, o Dr. Robert Kennicutt. Ao término de seu pós-doc no exterior, em março de 2013, ela retornará ao Brasil e assumirá a bolsa de pós-doc pleiteada nesse projeto. Sua função no contexto deste projeto será (1) adaptar as ferramentas para construção automática de máscaras espectrais para linhas de emissão para espectros do CALIFA, (2) trabalhar aspectos relacionados à poeira interestelar, explorando novas “features” já implementadas (mas ainda não testadas) no STARLIGHT que permitem modelar sistemas com mais que uma componente de poeira, e (3) implementar, de modo auto-consistente com as medidas de linhas de emissão, a modelização do contínuo nebular na decomposição espectral realizada pelo STARLIGHT. Este último aspecto constitui um avanço particularmente importante e inovador, ignorado (por sua complexidade) pelos principais códigos de síntese espectral da atualidade. O excelente currículo da Dra. Asari, sua ampla experiência em temas relacionados a este projeto, seu envolvimento com o projeto CALIFA e interação já estabelecida com o grupo do IAA (com a qual já publicou artigos e vem trabalhando), fazem dela a candidata natural para a bolsa de pós-doc associada a este projeto PVE. * Dr. Enrique Pérez, pesquisador titular do IAA. Junto com a Dra. R. González Delgado, coordena o grupo do IAA que está liderando os estudos sobre a história de formação estelar nos cubos de dados CALIFA. Desenvolveu a primeira versão da pipeline CALIFA +STARLIGHT-3D e uma série de ferramentas auxiliares de visualização e análise dos dados. Está participando ativamente do processo de aprimoramento da calibração dos dados. Visitará a UFSC pelo menos 2 vezes durante o próximo triênio, com recursos do IAA. O Dr. Pérez é também um especialista em física de nebulosas ionizadas. Durante uma de suas visitas, o Dr. Pérez se propõe a ministrar um mini-curso a nível de pósgraduação na UFSC, aberto a estudantes de outras instituições. Trata-se de um pesquisador sênior do mesmo nível da PVE, com mais de 100 artigos em revistas indexadas e 3000 citações. Tem o perfil equivalente ao de um pesquisador 1A do CNPq. * Dr. Rubén Garcia Benito, pós doutor no IAA. Está trabalhando na redução dos dados do CALIFA, verificando a calibração dos espectros, corrigindo efeitos instrumentais e coordenando a pipeline que de processa os cubos de dados originais através do STARLIGHT-3D, utilizando o GRID de mais de 400 processadores do IAA. Além dessas atividades chave para o projeto, está trabalhando na automatização de medidas e de linhas de emissão. Visitará a UFSC em 2013, patrocinado com verbas do IAA. * Clara Cortijo, doutoranda no IAA, orientada pela PVE. Está trabalhando em dados 3D para galáxias em interação, utilizando o STARLIGHT-3D e explorando a inclusão de novos vínculos aos ajustes de populações estelares, como a luminosidade no infravermelho (produzida por luz estelar reprocessada por poeira) e linhas de recombinação (vinculadas às estrelas jovens e massivas). * Rafael López Fernández, doutorando no IAA, orientado pelo PVE. Está aplicando técnicas de tomografia PCA (desenvolvidas pelo grupo do Prof. J. Steiner na USP) aos dados do CALIFA, métodos de filtragem de ruído e outras ferramentas matemáticoestatísticas analíticas, aproveitando sua formação como matemático (Universidade de Granada). Realizará estágio na UFSC em 2013, financiado com recursos da Espanha. * William Schoenell, doutorando no IAA sob a supervisão do coordenador científico do projeto JPAS (N. Benítez). Oriundo da UFSC, tendo realizado IC e mestrado com o coordenador deste projeto, William está desenvolvendo seu projeto no IAA em torno do projeto JPAS. Dando seguimento ao trabalho iniciado no mestrado, William otimizará a técnica de casamento espectral para inferir propriedades de galáxias observadas pelo JPAS através da comparação com galáxias observadas em maior resolução espectral pelo SDSS. Em antecipação aos dados do JPAS, William conduzirá um estudo piloto no qual aplica a mesma técnica aos dados do ALHAMBRA (Moles et al 2008), um survey multi-banda análogo ao JPAS (mas com menos filtros) já conduzido pelo IAA. * Prof. Dr. Abilio Mateus (UFSC, pesquisador CNPq nível 2): Especialista em efeitos ambientais em galáxias, tem forte interesse em explorar os dados do JPAS para estudar como o ambiente afeta a evolução das galáxias em grandes escalas. Além disso, o projeto CALIFA proporcionará um conjunto de dados sem precedentes para o estudo dos efeitos das interações entre galáxias nas suas populações estelares. * Prof. Dr. Antonio Kanaan (UFSC, pesquisador CNPq nível 2): Especialista em anãs brancas e instrumentação astronômica, está participando ativamente dos projetos instrumentais relacionados ao JPAS (câmara, óptica, sistema de robotização, etc.). Realizará atividades de campo no observatório de Javalambre durante a fase de instalação e testes dos instrumentos. Participa também de projetos para estender o JPAS ao hemisfério sul. * Prof. Dr. Raymundo Baptista (UFSC, pesquisador CNPq nível 1C): Especialista em estrelas binárias em interação e também em instrumentação, tem interesse no JPAS e em sua versão austral. Ambos surveys proporcionarão a oportunidade de detectar novos sistemas estelares variáveis, os quais serão objeto de estudos mais detalhados. * Marielli de Souza Schlickmann (doutoranda na UFSC): Está desenvolvendo sua tese com base nos dados do SDSS, estudando relações entre massa, metalicidade e história de formação estelar. Utilizará resultados do CALIFA para avaliar os efeitos de abertura e falta de resolução espacial nos espectros do SDSS. Para isso serão analisados espectros 3D colapsados para 1D em pseudo-aberturas equivalentes a das fibras da SDSS. Este estudo pode resultar em uma séria reavaliação de resultados anteriores (incluindo estimativas das massas). Será igualmente importante investigar estratégias para corrigir as distorções nas propriedades físicas resultantes dessas limitações. * Fabio Rafael Herpich (doutorando, UFSC): Atualmente desenvolve projeto sobre as propriedades físicas de galáxias do SDSS observadas no infravermelho médio e distante por outros surveys (como o WISE). Uma das etapas deste projeto envolve o uso dos dados fotométricos no infravermelho como dado de input para o STARLIGHT, aprimorando dessa forma o código e verificando a robustez dos resultados. * Eduardo Alberto Duarte Lacerda (mestrando, UFSC): Aproveitando sua experiência em bancos de dados, Eduardo auxiliará o doutorando André Amorim na implementação da plataforma web que disponibilizará à comunidade os produtos da aplicação do STARLIGHT-3D ao CALIFA. * Giovanni Formiguieri (mestrando, UFSC): Aproveitando a experiência adquirida em sua IC, Giovanni contribuirá na análise espectral através de PCA, projeto do qual também participa Rafael López Fernández. VI. DISPONIBILIDADE EFETIVA DE INFRA ESTRUTURA E DE APOIO TÉCNICO PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO A infra estrutura essencial por trás deste projeto está dada pelos observatórios de Calar Alto e Javalambre. O primeiro desses já existe há mais de 3 décadas, e seu maior telescópio está coletando dados para o CALIFA. 210 noites de observação foram alocadas ao projeto. Já o segundo ainda está em construção, mas o financiamento dos telescópios e principais instrumentos já está assegurado. Em ambos casos, apoio técnico por engenheiros e astrônomos de suporte está garantido. Além dessa infra estrutura observacional crucial, este projeto depende de recursos computacionais adequados para processar quantidades massivas de dados. Tais recursos estão disponíveis em ambos lados do atlântico. Na UFSC, um cluster de computadores e um servidor de armazenamento foram montados ao longo dos últimos 8 anos com recursos de diversas fontes (Editais universais do CNPq, FINEP, INCT-A, grant de produtividade). Estes recursos computacionais necessitam atualização constante, e boa parte dos recursos angariados neste projeto serão usados neste sentido. Também do lado do IAA a infra estrutura computacional é adequada, e o grupo liderado pela PVE dispõe de recursos para eventuais atualizações. Em particular, o IAA possui um sistema de GRID com cerca de 400 nodos de processamento, o qual vem sendo utilizado intensamente por nossa equipe na análise de dados do CALIFA. Em suma, o projeto dispõe da infraestrutura observacional, computacional e do apoio técnico necessários para sua realização. VII. PREVISÃO DE GANHOS E BENEFÍCIOS PARA A UFSC COM A VINDA DO PVE Os benefícios mais diretamente quantificáveis da vinda do PVE serão os artigos (e citações) que resultarão da colaboração e a formação de recursos humanos para a pesquisa proporcionada pela co-orientação de estudantes e os cursos a serem ministrados. De um ponto de vista mais geral (menos quantitativo, porém mais estratégico) a vinda da PVE proporcionará um grau de envolvimento do grupo da UFSC com os projetos CALIFA e JPAS que não seria possível à distância. O forte envolvimento nesses projetos pioneiros abrirá portas, inserindo a UFSC no contexto de projetos inovadores e que envolvem dezenas de pesquisadores espalhados em instituições ao redor do globo. Os benefícios a médio e longo prazos são evidentes, tanto para pesquisadores como para os estudantes da UFSC. Por fim, o desenvolvimento de know how em espectroscopia 3D é trará benefícios para além dessas colaborações internacionais. Apesar da ênfase dedicada ao CALIFA e JPAS, o mesmo tipo de metodologia de análise será útil para outros instrumentos, com destaque os IFUs do Gemini e do SOAR, aos quais o Brasil tem acesso direto. VII – BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA -Asari, N. V.; Cid Fernandes, R.; Stasinska, G.; Sodré, L.; Torres-Papaqui, J. P.; Mateus, A.; Schoenell, W.; Gomes, J. M., 2007, MNRAS, 381, 263 -Barbosa F. K. B., Storchi-Bergmann T., Cid Fernandes R., Winge C., Schmitt H., 2006, MNRAS, 371, 170 -Bian, W. H.; Gu, Q.; Zhao, Y.; Chao, L.; Cui,Q. 2006, MNRAS, 372, 876 -Bian, W. H.; Chen, Y. M.; Gu, Qi.; Wang, J. M. 2007, ApJ, 668, 721 -Blanton & Moustakas 2009, ARA&A, 47, 159 -Bruzual, G.; Charlot, S. 2003, MNRAS, 344, 1000 -Cid Fernandes, R.; Heckman, T.; Schmitt, H; González-Delgado, R.; Storchi Bergmann, T. 2001, ApJ, 558, 81 -Cid Fernandes, R.; Gu, Q.; Melnick, J.; Terlevich, E.; Terlevich, R.; Kunth, D.; Rodrigues Lacerda; R.; Joguet, B. 2004, MNRAS , 355, 273 -Cid Fernandes, R.; Mateus, A.; Sodré, L.; Stasinska, G.; Gomes, J. M. 2005, MNRAS, 358, 363. -Cid Fernandes, R. 2007,IAU Symp 241, p. 461 -Cid Fernandes, R.; Asari, N. V.; Sodré, L.; Stasinska, G.; Mateus, A.; Torres-Papaqui, J. P.; Schoenell, W., MNRAS 2007, 375L, L16-L20 -Cid Fernandes, R.; Schoenell, W.; Gomes, J. M.; Asari, N. V.; Schlickman, M.; Mateus, A.; Stasinska, G.; Sodré, L.; Torres-Papaqui, J. P. 2008, RMAA, 35, 127 -Cid Fernandes, R.; Gonzalez Delgado, R. 2010, MNRAS, 403, 780 -Cid Fernandes, R.; Stasinska, G.; Schlickman, M.; Mateus, A.; Vale Asari, N.; Schoenell, W.; Sodré, L. 2010, MNRAS, 402, 1036 -Gonzalez Delgado, R.; Heckman, T.; Leitherer, C., 2001, ApJ, 546, 845 -González Delgado, R.; Cid Fernandes, R.; Pérez, E.; Martins, L; Storchi-Bergmann, T.; Schmitt, H.; Heckman, T.; Leitherer, C., 2004, ApJ, 605, 127 -González Delgado, R. M.; Cerviño, M.; Martins, L. P.; Leitherer, C.; Hauschildt, P. H. 2005, MNRAS, 357, 945 -Gonzalez Delgado, R.; Cid Fernandes, R. 2010, MNRAS, 403, 797 -Lara-Lopez, M. A.; Bongiovanni, A.; Cepa, J.; Perez Garcia, A. M.; Sanchez-Portal, M.; Castaneda, H. O.; Fernandez Lorenzo, M.; Povic, M., 2010, arXiv:1003.5475 -Lara-López, M. A.; Cepa, J.; Bongiovanni, A.; Pérez García, A. M.; Castañeda, H.; Fernández Lorenzo, M.; Pović, M.; Sánchez-Portal, M., 2009, A&A, 505, 529 -Liang, Y.; Hammer, F.; Yin, S.; Flores, H.; Rodrigues, M.; Yang, Y. 2007, A&A, 473, 411 -Martins, L.; González Delgado, R.; Leitherer, C; Cerviño M; Hauschildt, P. 2005, MNRAS, 358, 49 -Mateus, A.; Sodré, L.; Cid Fernandes, R.; Stasinska, G.; Schoenell, W.; Gomes, J. M. 2006, MNRAS, 370, 721 -Mateus, A.; Sodré, L.; Cid Fernandes, R.; Stasinska, G. 2007, MNRAS, 374, 1457 -Moles, M. et al 2008, AJ, 136, 1325 -Peeples, M. S.; Pogge, R. W.; Stanek, K. Z.; 2009, ApJ, 695, 259 -Riffel, R.; Pastoriza, M. G.; Rodríguez-Ardila, A.; Bonatto, C., 2009, MNRAS, 400, 273 -Sanchez-Blasquez et al 2006, MNRAS, 371, 703 -Stasinska, G.; Cid Fernandes, R.; Mateus, A.; Sodré, L.; 2006, MNRAS, 371, 972 -Stasińska, G.; Vale Asari, N.; Cid Fernandes, R.; Gomes, J. M.; Schlickmann, M.; Mateus, A.; Schoenell, W.; Sodré, L., Jr.; 2008, MNRAS, 391, 29 -Sanchez, S. F. et al, 2011, arXiv1111.0962S -Steiner, J.; Menezes, R.; Ricci, T.; Oliveira, A., Cid Fernandes, R. 2010, submetido. -Vale Asari, N. V.; Stasinska, G.; Cid Fernandes, R.; Gomes, J. M.; Schlickmann, M.; Mateus, A.; Schoenell, W. 2009, MNRAS, 396, L71 -Vazdekis, A.; Sánchez-Blázquez, P.; Falcón-Barroso, J.; Cenarro, A. J.; Beasley, M. A.; Cardiel, N.; Gorgas, J.; Peletier, R. F.; 2010, MNRAS, 404, 1639 SCIENCE WITHOUT BORDERS PROGRAM Foreign Researcher Curriculum Vitae - English 1. Professional data/activity Full name Date of birth Country Rosa María González Delgado 09021959 Spain E-mail [email protected] Institution Present position Consejo Superior de Investigaciones Científicas Investigador Científico Department Start date (month/year) Instituto de Astrofísica de Andalucía June 2008 Office address P.O. box Glorieta de Astronomía, s/n 18008 City State/Province Country Zip code Granada Granada Spain 18008 Phone number Extension Fax number (34 958 121311 ) 34 958 230538 (34 958 814530 ) 2. Academic background Degree Field of knowledge Doctor Astrophysics Institution Start / End date June 1995 city Country Instituto de Astrofísica deLa Laguna (Tenerife) Spain Canarias Degree Field of knowledge Licenciada Astronomía and Astrophysics June 1989 Institution city Universidad de La Laguna La Laguna (Tenerife) Spain Degree Field of knowledge Licenciada Physics Country Start / End date June 1981 Institution city Country Universidad de Granada Granada Spain Degree Field of knowledge Master Estadística Degree Start / End date Start / End date June 1983 Institution city Country Universidad de Granada Granada Spain Field of knowledge Start / End date / Institution city Country 3. Research interests Field of Study CNPq use Galaxy Evolution. Stellar Populations in Galaxies. Starbursts. 4. Current position Managerial and/or administrative activity ANEP (Agencia Nacional de Evaluación y Prospectiva) Associated member for Physics and Space Science Research Development Investigador Científico del Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC) and Te c h n i c a l s e r v i c e / specialization Others Chairwoman of CAHA Comitte of the Allocation Time (2008-2009) Member of the ESO Observing Programme Comitte (2009) and HST (2004, 2007) 5. Work experience 5.1. Institution Position Activities CSIC CSIC I n v e s t i g a d o r Research Científico Científico Titular Research CSIC Postdoct Research STScI Postdoct Research IAC PhD student Research MEC P h y s i c s Teaching Te a c h e r i n secondary schools Local Start - End date Granada J u n e 2008 Granada 2001-20 08 Granada 1998-20 01 B a l t i m o r e 1995-19 (USA) 98 Tenerife 1990-19 95 Andalucía- 1983-19 Canarias 90 6. Scientific, technological and artistic production number 1. scientific articles in national scientific journals 2. scientific articles in international scientific journals 3. articles for scientific divulgement 4. defended theses 5. advised theses 7. Main publications : Relevant publications related to the project 88 5 2 4 number 6. papers presented in congresses, seminars, conferences, etc. 87 7. participation in expositions, presentations, etc. 8. motion pictures, videos, audiovisual and media production 40 9. patents 10. books 0 6 1. González Delgado et al. 1998, ApJ, 505, 174. (Cites= 157) 2. Leitherer, C., Schaerer, D., Goldader, J., González Delgado , R.M., et al. 1999, ApJS, 123, 3 (Cites= 1625) 3. Cid Fernandes, R., Heckman, T., Schmitt, H., González Delgado, R.M., Storchi-Bergman, T., 2001, ApJ, 558, 81 (Cites= 138) 4. González Delgado, R.M., Cid Fernandes, R., et al. 2004, ApJ, 605, 127 (Cites= 55) 5. González Delgado, R.M., Cerviño, M., Martins, L.P., Leitherer, C., Hauschidt, P.H., 2005, MNRAS, 357, 945 (Cites= 107) 8. Languages Indicate your language proficiency: P – poor G - good E - excellent Language speaking reading writing Spanish English E E E E E E Language speaking reading writing