- Termas de S. Pedro do Sul

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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
FICHA
TÉCNICA
Promotor,
AIHS.TSPS – Associação da Indústria Hoteleira e Similares das
Termas de São Pedro do Sul
Copromotor,
Termalistur – Termas de São Pedro do Sul, E.M., S.A.
Execução,
IDTOUR – Unique Solutions, Lda.
Campus Universitário de Santiago, Edifício 1
3810-193 Aveiro
Equipa Técnica,
Coordenação
Equipa Técnica
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Prof. Doutor Carlos Costa
Mestre Miguel Brás
Mestre Isabel Martins
Mestre Tânia Ventura
Dr. José Mendes
Dr. Nuno Lopes
Dra. Sara Cachide
Junho, 2014
Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
ÍNDICE
Volume 1.
VALORIZAÇÃO CULTURAL DAS TERMAS DE SÃO PEDRO DO SUL
1.1. Introdução
1.2. Objetivos
1.3. Metodologia
1.4. Promotores
1.5. Território Sub-Regional das Termas de São Pedro do Sul
1.6. História
1.7. Cultura
1.8. Produtos Regionais
1.9. Termas de Portugal
1.10. Estratégias de Desenvolvimento do Turismo
1.11. Bibliografia
Volume 2.
TERMALISMO, SAÚDE E TURISMO
Volume 3.
MERCADOS E FEIRAS
Volume 4.
BENCHMARKING
Volume 5.
OFERTA TURÍSTICA DAS TERMAS DE SÃO PEDRO DO SUL
Volume 6.
PROCURA TURÍSTICA DAS TERMAS DE SÃO PEDRO DO SUL
Volume 7.
ESTRATÉGIA
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1.1.
INTRODUÇÃO
O presente projeto promovido pela Associação da Indústria Hoteleira e Similares das
Termas de São Pedro do Sul (AIHS – TSPS) tem por missão identificar, inventariar e
dinamizar o património cultural dos concelhos de São Pedro do Sul e de Vouzela,
aproveitando ainda a proximidade, cultural e geográfica, do concelho de Oliveira de
Frades, com particular enfoque na temática secular do termalismo, tomando como
referencial o seu enquadramento histórico-cultural singular, e o modo como evoluiu
ao longo dos séculos e se afirma atualmente como um produto turístico de
reconhecido valor acrescentado no contexto nacional.
O projeto assume importância singular no contexto regional da oferta turística, na
medida em que, focando-se na matéria-prima, procura identificar e avaliar novas
ofertas turísticas que estimulem novas procuras, ou que contribuam para alavancar o
aumento do tempo médio de permanência na região. Após o desenvolvimento do
projeto serão estruturados e criados programas turísticos específicos, bem como
elencadas experiências singulares (estimulando a promoção das tradições orais lendas, contos, rituais, mitos, entre outros, e a sua integração no produto turístico).
A participação da AIHS – TSPS no que respeita objetivamente ao processo de
realização do projeto, e nomeadamente nas componentes do estudo, será, também,
ao nível da dinamização das diversas iniciativas de promoção da participação pública,
através do envolvimento dos parceiros locais, da própria comunidade, em ações de
sala (workshops), prospeção no terreno, assim como na disseminação da informação
produzida.
Os impactos no território serão evidentes, em função das oportunidades conferidas
pelas novas ofertas disponíveis no contexto do turismo cultural e/ou touring (cultural e
paisagístico) e da capacidade de comunicação/promoção das mesmas. Esta,
implicará a presença no destino de novos visitantes e/ou visitantes repetentes
(turistas fidelizados), que se tornam, naturalmente, consumidores do comércio local,
do artesanato, da restauração e demais atividades económicas e socioculturais que
ocorrem no território.
A valência do projeto é que determina, a montante, a necessidade de apostar num
programa de sinalética, capaz de ajudar a potenciar o referido património, entenda-se
que em paralelo serão produzidos elementos de comunicação baseados na
informação primária recolhida, e produzidos 'manuais de identidade do património
rural construído' mas também do vasto e riquíssimo património imaterial. Este
património baseado nas tradições orais representa em muitos casos a matéria
diferenciadora à qual o visitante valoriza e reconhece valor ao produto/experiência
vivida, pelo que o mesmo deverá ser objeto de reflexão junto dos operadores de
conteúdos e gestores de produto no destino.
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Neste sentido, importa enquadrar no presente projeto a compreensão da evolução
histórica da utilização das propriedades das águas termais e as tendências da sua
utilização ao longo dos séculos, utilização que regista períodos áureos, bem como
períodos de declínio. Por outro lado, importa analisar de forma integrada todos os
recursos e atividades incorporadas ou associadas às práticas termais,
nomeadamente nos períodos em que se evidenciaram as práticas de lazer, recreio e
turismo (com especial destaque no caso Português da componente do jogo).
Para além da relação estreita de sobrevivência e de evolução civilizacional entre o
Homem e a Água, esta interdependência encontra, igualmente, um paralelismo muito
estreito nas áreas do lazer, recreio e turismo. A presença da água nas dimensões
recreativas das sociedades encontra-se documentada ao nível das práticas de lazer e
recreio das elites e das populações da antiguidade. As primeiras grandes formas de
lazer e recreio que se registam na antiguidade estão, indubitavelmente, associadas
às águas termais, tais como os banhos públicos onde na Grécia Antiga, os Árabes e
os Romanos relaxavam, cuidavam do corpo e da mente e nutriam as suas relações
sociais. Este conceito constituiu a base de desenvolvimento dos balneários termais,
importante segmento do turismo em Portugal nos séculos XIX e início do século XX,
quando representavam a vivência mundana dos estratos mais elitistas da sociedade
portuguesa (Costa, 2013).
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1.2.
OBJETIVOS
A estruturação do plano estratégico para a valorização cultural do termalismo nas
Termas de São Pedro do Sul, compreende uma abordagem preliminar ao nível da
caraterização da oferta disponível e do seu potencial enquanto produto turístico
singular com potencial de afirmação internacional, capaz de projetar a operação dos
balneários termais e das unidades hoteleiras das Termas de São Pedro do Sul no
segmento ‘turismo social’ dos mercados internos e externos.
O objeto dos trabalhos visa apontar para a estruturação do produto (oferta turística),
definindo ações estratégicas de comunicação relacional orientadas para o mercado
(procura turística), compreendendo a identificação da oferta turística local, passível de
ser integrada numa base local e regional, no conhecimento dos fluxos e mercados
que compõem a procura potencial e a definição de ações de promoção e marketing.
Oferta turística local:
• Inventariação dos recursos turísticos primários e secundários,
• Estruturação da matriz de recursos turísticos (âncoras do território),
• Modelação da pirâmide de produtos turísticos do território,
• Definição de produtos turísticos estratégicos e complementares.
Procura turística potencial:
• Análise das tendências globais do turismo/ termalismo (mercados externos),
• Caraterização do perfil do novo turista/aquista (hábitos de consumo),
• Avaliação dos principais mercados emissores – termalismo,
• Identificação dos novos segmentos de mercado do termalismo,
• Prospeção externa – principais mercados europeus.
Marketing turístico relacional:
• Consolidação da marca ‘Termas de São Pedro do Sul’,
• Estruturação de instrumentos de gestão da marca e produto(s),
• Implementação de soluções web 2.0 – ações de comunicação agressivas,
• Definição de programas comercias / packs promocionais apelativos,
• Organização de fam trips locais – operadores turísticos e prescritores.
Complementarmente pretende-se dinamizar ações, internas e externas, de
networking institucional, apostar na estruturação de iniciativas de promoção seletiva
cada vez mais eficientes e eficazes, e fortalecer os canais e procedimentos de
negociação.
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O presente estudo visa, ainda, avaliar a participação nas principais feiras de turismo
europeias, bem como definir os moldes dessa participação, salientando as seguintes
feiras:
• Alemanha – ITB, Berlim,
• Espanha – FITUR, Madrid; SITC, Barcelona,
• França – MAP, Paris,
• Itália – BIT, Milão,
• Reino Unido – WTM, Londres.
Outra dinâmica do projeto visa avançar na estruturação de um road show ibério
(orientado para o mercado espanhol) com ações de proximidade porta-a-porta em
operadores e agências de viagens, nomeadamente aproveitando os seguintes
vetores:
• Eixo rodoviário E-80 (Castela e Leão, Comunidade Autónoma de Madrid),
• Galiza – Vigo (enquadrado na realização da ‘ExpoGalaecia’),
• Castela e Leão – Valhadolid (enquadrado na realização da ‘Intur’),
• País Basco – Bilbau (enquadrado na realização da ‘Expovacaciones’).
A aposta em mercados estratégicos, nomeadamente o mercado da saúde e bemestar deve ser consolidado em colaboração com a estratégia global que venha a ser
adotada, devendo ser criadas condições para estabelecer acordos comerciais:
• Organizações institucionais do ministério da saúde/segurança social,
• Distribuição turística – operadores turísticos e agências de viagens
especializadas,
• Empresas de seguros.
Figura 1.1. Cronograma das dinâmicas do projeto
Com a proposta e esquematização de implementação de um caso piloto pretende-se
propor o desenvolvimento, no futuro pós-projeto, de um programa turístico específico
orientado para o mercado alemão que compreenda os seguintes fatores:
• Estruturação de um programa termal exclusivo,
• Definição dos suportes de comunicação (língua alemã),
• Prospeção no mercado emissor (análise de mercado, potencial de operação),
• Estabelecimento de parcerias comerciais (distribuição turística, seguradoras),
• Receção e acompanhamento de grupos (comercialização).
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1.3.
METODOLOGIA
O desenvolvimento do presente projeto teve em consideração as definições e os
conceitos desenvolvidos pela Organização Mundial do Turismo (UNWTO), bem como
por outras organizações nacionais e internacionais da área do turismo, seguiu a
investigação de vários autores e investigadores reconhecidos internacionalmente e as
políticas e estratégias nacionais (Governo, Secretaria de Estado do Turismo, Turismo
de Portugal, IP) e regionais (CCDR-Centro, ERT - Turismo Centro de Portugal), e
pretende responder de forma apropriada aos pressupostos do caderno de encargos
do plano estratégico para a valorização cultural do termalismo – Termas de São
Pedro do Sul.
A experiência acumulada resultante dos diversos projetos profissionais e de
investigação científica desenvolvidos, aliada ao rigor técnico-científico e método de
trabalho aplicado, apanágio da investigação desenvolvida na Universidade de Aveiro
no seio da qual surgiu, como spin-off, a idtour – unique solutions, lda., resultam na
definição de uma matriz conceptual, num código de valores e pressupostos científicos
que orientam e norteiam a elaboração dos projetos por parte da idtour.
A metodologia implementada pretende incorporar várias perspetivas de análise de
informação e de diferentes abordagens na recolha de informação, na medida que em
que se pretende considerar todo o espectro de variáveis que possam contribuir para o
conhecimento da oferta turística e complementar existente, e do perfil e das
motivações dos visitantes (procura) e obter recomendações finais válidas
conducentes à identificação das principais linhas estratégicas do presente projeto.
Foram dinamizadas várias análises que conjuntamente irão contribuir para a definição
das propostas finais do projeto. As análises desenvolvidas encontram-se subdivididas
em duas vertentes conforme a classificação da informação recolhida, ou seja,
informação secundária – informação existente que será analisada e utilizada como
apoio e base ao estudo, sendo tratada numa perspetiva de valorização do estudo, e
informação primária – que será recolhida através do desenvolvimento e aplicação das
operações estatísticas consideradas para o efeito (questionário aos agentes regionais
da área do turismo e questionário aos visitantes).
A primeira vertente visa a análise de informação já existente e que poderá ser
utilizada como apoio à fundamentação do projeto e à construção da metodologia
adequada à concretização dos objetivos definidos. Neste sentido enquadra-se a
análise de referências bibliográficas (livros, publicações, artigos científicos, etc.), com
o intuito de identificar modelos e metodologias de investigação que possam ser
aplicadas ao estudo, sobretudo ao nível dos métodos de inquirição, das variáveis de
inquirição e dos indicadores a calcular, bem como a análise de case studies e
benchmarking que permitam potenciar os resultados e as conclusões obtidas, e
apoiar a interpretação dos dados finais de modo a estabelecer comparações com
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estudos e dados já consolidados e publicados, e ainda a análise das politicas e
estratégias nacionais e regionais e de informação existente que permita identificar e
avaliar a oferta turística regional.
A recolha de informação secundária permite, ainda, detetar os parâmetros que devem
ser adotados na negociação e comercialização dos produtos e serviços turísticos
regionais juntos dos mercados, dos canais de distribuição e dos meios de
comunicação de modo a potenciar as ações e iniciativas do plano estratégico e
maximizar o seu impacto.
Ao nível da informação primária dinamizaram-se duas operações estatísticas inquérito aos visitantes (turistas e excursionistas) e inquéritos aos agentes regionais
da área do turismo. O sucesso deste projeto depende, em grande medida, de dois
fatores – taxa de respostas e autenticidade das mesmas. Deste modo, e como já
referido anteriormente, a equipa técnica pretende utilizar informação secundária para
validar a informação primária recolhida, nomeadamente ao nível dos perfis, do tipo de
visitantes e de cada tipo de produto, sempre que seja possível. Este processo de
recolha de informação complementar decorrerá em simultâneo com a recolha de
informação primária (recolha de inquéritos).
Pretende-se, no âmbito da filosofia de desenvolvimento do presente projeto, envolver
os agentes locais e regionais que interagem com a área do turismo, públicos e
privados, da Região das Termas de São Pedro do Sul, com o intuito de obter inputs à
formatação do projeto e de angariar contributos para a validação da metodologia e
dos resultados finais do estudo, na medida em que os agentes possuem uma vasta
experiência e um conhecimento profundo da realidade do território.
Figura 1.2. Informação Metodológica Aplicada
Informação Existente (Secundária)
Informação Primária
Dados Estatísticos (UNWTO, INE, Turismo de Portugal)
Informação Promotores do Projeto
Estudos, Planos e Estratégias (Nacionais e Regionais)
Dados de Fruição das Termas de S. Pedro do Sul
Case Studies e Benchmarking
Modelos e Metodologias de Investigação Aplicada
Conceptualização
do Estudo
Conclusões do Estudo
[Produtos, Posicionamento, Perfis e Motivações]
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Nesse sentido considerando os objetivos do projeto procedeu-se à realização de dois
ciclos de workshops direcionados aos agentes regionais, com o intuito de recolher
informação primária, conhecer as dinâmicas atuais (positivas e negativas), mobilizar a
participação pública e recolher contributos:
Um ciclo inicial (fase A) que visou a recolha da experiência regional coletiva, a
identificação de atributos dos recursos específicos e das diferentes variáveis que
permitem construir uma base de conhecimento consolidado da Região das Termas de
São Pedro do Sul. A perspetiva passa por organizar dois workshops por setores, um
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especifico para a área do alojamento e um segundo para todas as restantes
atividades e agentes, quer de natureza pública, mista ou privada.
Um segundo ciclo (fase B) ambiciona promover uma análise prospetiva dos
resultados alcançados, isto é, pretende-se envolver os agentes regionais numa
avaliação qualitativa das principais conclusões obtidas no âmbito do projeto, neste
workshop pretende-se envolver conjuntamente a totalidade dos agentes regionais,
independentemente da atividade, natureza ou setor e terá uma função mais
prospetiva em que se apresenta a proposta de estratégia e de ações a desenvolver e
se pretende recolher contributos que validem e aprofundem a proposta apresentada.
A perspetiva metodológica da organização do tempo dos workshops é que seja feita
uma apresentação técnica inicial (com um tempo não superior a 30% do tempo total)
que suscite a colaboração, discussão e participação dos agentes presentes no
restante tempo útil da ação.
Figura 1.3. Estrutura dos Workshops
Apresentação
Técnica
Participação dos
Agentes
CONCLUSÕES
A organização metodológica dos workshops segue de perto várias metodologias de
dinamização de processos de participação pública e envolvimento dos diferentes
agentes de modo a potenciar a participação individual e a construção conjunta de
conhecimento técnico, nomeadamente através de aplicação da técnica delphi que
possibilita a análise de dados qualitativos e a utilização de métodos semelhantes a
focus groups, mas mais alargados, já que a metodologia terá que se adaptar a um
conjunto mais alargado de agentes.
Pretende-se estimular o envolvimento dos diferentes agentes também ao nível do
desenvolvimento do processo de inquirição aos visitantes através do apoio direto à
distribuição e recolha de inquéritos, complementarmente os workshops permitem
disseminar informação e potenciar a ligação entre os agentes e as estratégias e
ações que venham a ser definidas e, deste modo, facilitar a sua implementação e
aumentar a sua eficácia.
A dinamização dos workshops permite, ainda, consolidar (as existentes) e criar
(aproveitando novas oportunidades) parcerias estratégicas regionais e detetar, em
complemento às análises de mercado e de benchmarking, eventuais parceiras e
redes nacionais e internacionais que consigam gerar sinergias.
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Assim, serão contactados os agentes público-privados do sector, com capacidade de
decisão (órgãos de decisão politica territorial) e gestão (empresários, gestores e
demais corpos gerentes do sector) em diferentes equipamentos e serviços turísticos
(postos de informação, espaços museológicos/ exposição, estabelecimentos
hoteleiros, estabelecimentos de restauração, agências de rent-a-car, etc.), que pela
natureza da atividade, e pelo privilégio de contacto regular e direto com visitantes, se
configurem enquanto parceiros privilegiados para apoiarem e promoverem o estudo,
contribuindo para o seu sucesso. Este envolvimento tem como preocupação central a
criação de uma rede de confiança que fomente a promoção de uma rede de
cooperação regional e local, que facilite a elaboração do plano e das suas
metodologias, potencie a recolha do maior número de contributos e facilite a
implementação posterior das ações propostas.
Como complemento à realização dos workshops pretende-se lançar um inquérito por
questionário aos agentes regionais com os seguintes objetivos: identificar os
principais recursos, produtos e mercados turísticos; caraterizar os principais recursos
e serviços turísticos; e perspetivar a estratégia, ações e iniciativas para desenvolver
no futuro.
Outra vertente do presente projeto visa a inquirição dos visitantes da Região das
Termas de São Pedro do Sul considerada, também, como a Região de Dão Lafões, o
intuito deste objetivo é compreender as motivações, as expetativas e a satisfação dos
visitantes na região e detetar contributos para adequar a oferta turística regional de
um modo mais eficiente à procura existente, bem como antecipar e acompanhar as
tendências de mercado. Neste sentido, será solicitado aos parceiros e agentes,
públicos e privados da região, apoio ao nível da distribuição dos questionários nos
seus equipamentos e espaços, bem como para incentivar os funcionários a distribuir
os questionários aos visitantes.
Face aos objetivos globais e específicos definidos, bem como a população (visitantes
da Região das Termas de São Pedro do Sul) que se pretende estudar, e tendo em
atenção as vantagens das metodologias quantitativas e qualitativas para a
investigação em turismo, considera-se como mais adequado para atingir os objetivos
definidos e responder ao problema de investigação levantado, a utilização de um
inquérito por questionário, uma técnica não documental, assente na observação não
participante, para recolha de dados primários (Almeida e Pinto, 1995).
Por inquérito, geralmente entende-se todas as formas de questionar indivíduos tendo
em vista uma generalização (Ghiglione, 2005). O inquérito por questionário é
caracterizado pela formulação e ordenação rígida de perguntas e respostas, de
conteúdo relativamente limitado e da pouca liberdade dos intervenientes (Hill e Hill,
2005). A realização de um inquérito por questionário é uma das técnicas quantitativas
mais usadas na investigação do lazer e turismo, e envolve a recolha de informação
sobre indivíduos ou empresas através de um conjunto de questões pré-formatadas.
O sucesso da realização de um inquérito por questionário está dependente das
informações dadas pelos participantes. Assim sendo, está dependente de
determinados fatores individuais, tais como, o interesse em participar, e a própria
veracidade das respostas dadas pelo participante. Daí que, seja extremamente
importante que na fase de formulação e elaboração das perguntas, estas sejam
construídas de forma simples, clara e bem estruturada, numa linguagem facilmente
compreensível, devendo ser sempre submetidas a testes de validação com recurso
ao pré-teste (UNWTO, 2001; Jennings, 2001; Finn et al, 2000; Veal, 1997).
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Não obstante as vantagens apontadas, os questionários também apresentam um
conjunto de limitações que em sede de estudo, planeamento e operacionalização da
recolha de informação, devem ser tidas em consideração e trazidas para a mesa do
investigador, enquadrando as análises e as recomendações a apresentar. Com o
objetivo de garantir o número mínimo de inquéritos definidos na amostra e
disponibilizar alternativas flexíveis aos visitantes interessados em colaborar no
estudo, sem descurar a segurança e a fiabilidade dos dados, pretende-se utilizar dois
métodos de aplicação do questionário.
A construção final do questionário aos visitantes foi suportada na análise bibliográfica
e nos estudos existentes já publicados, e foi alvo de análise por parte da comissão de
acompanhamento. O questionário estará estruturado em perguntas fechadas,
diretivas, o que permitirá garantir que as respostas sejam facilmente codificadas,
informatizáveis e comparáveis entre si, o que irá facilitar a aplicação de
procedimentos de análise estatística para quantificar e analisar as respostas, e em
perguntas abertas ou semifechadas.
O recurso a perguntas fechadas implica a apresentação das respostas possíveis ao
inquirido, permitindo que o inquirido se concentre mais na experiência, através do
reconhecimento dos atributos, e menos no apelo à sua memória. A utilização de
perguntas semifechadas ou mistas, possibilita que o inquirido exponha a sua opinião
permitindo a obtenção de informação mais diversificada (mesmo num contexto
complementar a perguntas fechadas, por exemplo com a introdução da opção ‘outros
não referidos’), sendo dada ao inquirido a possibilidade de escolher a alternativa
‘outra’ pretende-se que reflita e indique ‘qual(ais)’, de modo a que se incremente o
grau de especificação e se recolha outras variáveis e informações a acrescentar às
estilizadas no questionário.
As perguntas abertas permitem que os inquiridos se expressem através das suas
próprias palavras sem qualquer opção quanto a alternativas de resposta. Este tipo de
questão permitirá sintetizar o que é mais relevante no espírito dos inquiridos, no
entanto, pode registar um conjunto disperso de ideias que dificulte a sua análise e
interpretação ou que simplesmente divirjam do objetivo da questão. Este tipo de
questão obriga, no entanto, à classificação e codificação posterior das alternativas
sempre que surjam respostas que não tenham sido consideradas.
Para o presente projeto foi considerado o tradicional inquérito em formato papel, na
medida em que facilita a distribuição por um conjunto mais alargado de pontos, no
entanto estes questionários encontram-se devidamente codificados de modo a evitar
que se registe um número elevado de respostas concentradas num único local, o que
poderá enviesar o estudo.
O sucesso do projeto depende, não só do nível de concretização e alcance da
metodologia apresentada, como também da capacidade de envolvimento de diversos
atores público-privados, regionais e locais, como forma de criar uma identificação
com o estudo e com os seus objetivos, que conduza à recolha do maior número de
contributos possível, e assim aumentar o impacto, compromisso e execução das
recomendações a produzir no relatório final do Plano Estratégico para a Valorização
Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul em função dos resultados
obtidos.
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1.4.
PROMOTORES
O projeto é promovido em parceria por três promotores, a Associação da Indústria
Hoteleira e Similares das Termas de São Pedro do Sul (AIHS – TSPS), a Câmara
Municipal de São Pedro do Sul e a Termalistur - Termas de São Pedro do Sul E.M.,
S.A., cabendo, porém, à AIHS – TSPS um maior apoio e uma maior coordenação do
projeto com a equipa responsável pelo desenvolvimento do mesmo.
1.4.1.
ASSOCIAÇÃO DA INDÚSTRIA HOTELEIRA E SIMILARES DAS TERMAS
DE SÃO PEDRO DO SUL (AIHS – TSPS)
A Associação da Indústria Hoteleira e Similares das Termas de São Pedro do Sul
(AIHS – TSPS) foi constituída com o objetivo de dinamizar o Balneário Rainha D.
Amélia através da aposta e promoção da componente de lazer e bem-estar
potenciando a ligação das termas à base económica local, sobretudo na área do
alojamento e restauração, no sentido de que foram reconhecidas limitações técnicas
da entidade gestora desta infraestrutura, à data a Câmara Municipal de São Pedro do
Sul.
Porém com a criação da Termalistur em 2004, empresa municipal de turismo, que
assumiu as funções de gestão e dinamização dos dois balneários termais (Rainha D.
Amélia e D. Afonso Henriques), os objetivos iniciais da AIHS – TSPS foram
absorvidas pela nova empresa, neste sentido, e considerando as lacunas
evidenciadas pela região ao nível da oferta turística a AIHS – TSPS reposicionou as
suas funções e objetivos para as áreas da animação, promoção, informação,
formação e dinamização da atividade do turismo nas Termas de São Pedro do Sul e
Região de Dão Lafões, nomeadamente nos lugares dos concelhos de São Pedro do
Sul, de Vouzela e de Oliveira de Frades.
A AIHS - SPS tem levado e representado a região e o destino Termas de São Pedro
do Sul aos principais certames turísticos nacionais, com particular evidência para a
Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), e em algumas feiras regionais de turismo em
Espanha (comunidade autónoma de Castela e Leão, Galiza e Estremadura), assim
como na principal feira de turismo da Península Ibérica, a FITUR que se realiza em
Madrid.
Ao nível do apoio aos empresários, a AIHS - SPS tem dinamizado diversas ações de
formação em áreas criticas, em estreita cooperação com a Entidade Regional de
Turismo do Centro de Portugal e da AHRESP - Associação da Hotelaria, Restauração
e Similares de Portugal. No território, a título individual, ou em cooperação estreita
com as autarquias locais e os restantes agentes regionais tem concretizado diversas
iniciativas para a dinamização do sector do turismo, seja através do estímulo para a
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criação de uma oferta turística conjunta complementar, da criação de pacotes
promocionais integrados para os hóspedes fidelizados (de modo a prolongar as
estadas médias), ou seja ao nível através de ações de mercado para captar novos
segmentos de mercado e novos mercados, sobretudo os com maior poder de
compra, intervindo ainda ao nível da promoção nos mercados internacionais com
maior potencial.
1.4.2.
CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PEDRO DO SUL
São Pedro do Sul é uma cidade beirã que se situa em pleno vale de Lafões,
emoldurada pelos maciços das serras da Arada, Gralheira e S. Macário. Estas
serranias com as suas paisagens verdejantes, os seus riachos de água fria e
cristalina, as suas aldeias escondidas nos vales e montanhas, do alto da serra do S.
Macário deslumbram-se paisagens marcantes, dos seus 1054 metros pode-se avistar
a serra do Montemuro, a serra da Estrela e a serra do Caramulo, e todo o verdejante
vale de Lafões.
O concelho de São Pedro do Sul, com uma área total de 348,68km2, é cada vez mais
um destino turístico de qualidade e eleição. Localizado no interior centro de Portugal,
estende-se por 14 freguesias extremamente ricas do ponto de vista patrimonial,
paisagístico, histórico, natural, arquitetónico e gastronómico. Segundo os dados do
Instituto Nacional de Estatística (INE) de 2011 o Concelho tem 16.851 habitantes. As
vias de acesso a este concelho são a E.N.16, E.N.227, E.N.228 e a A25,
consideradas como boas vias de acessibilidade.
Figura 1.4. Website Câmara Municipal de São Pedro do Sul
Fonte: www.cm-spsul.pt
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As Termas de São Pedro do Sul com dois balneários a funcionar todo o ano - são as
mais frequentadas da Península Ibérica. A zona montanhosa do concelho
proporciona ao visitante visões de deslumbrante beleza natural, para além do
tipicismo das várias povoações milenares. A simpatia das gentes, o encanto
paisagístico, a qualidade hoteleira, a boa gastronomia e a fama das suas águas
termais fazem de São Pedro do Sul (concelho também reconhecido por vários
autores literários como a “Sintra da Beira”) um local obrigatório de romagem turística
e/ou curativa.
Quem sobe a serra da Arada depara-se com uma sumptuosa simplicidade de fragas
e desfiladeiros com pequenas aldeias e águas límpidas a verem-se no verde dos
vales, que contrasta com o tom das rochas comuns nas elevações da Arada. A aldeia
da Coelheira é marcada pelo magnífico tapete de carqueijal, bem aparado pelos
rebanhos de ovelhas, cabras e cabritos que por ali são habituais clientes. Também
um lago, num planalto da serra, com as suas trutas saltando e borbulhando, faz parte
de um horizonte pastoral e sereno. Mais adiante, seguindo a estrada, fica a aldeia do
Candal, com os seus típicos conjuntos rurais.
A serra da Gralheira é um maciço que se começa a elevar a partir das margens do rio
Baroso, onde se situa o antiquíssimo “Real Mosteiro de São Cristóvão de Lafões”,
remontando a sua origem a um período anterior á fundação da nação, e num local,
onde a proximidade com os elementos da natureza faz estimular as virtudes do
espírito. Começando a subir, serra acima, chega-se aquela que já foi a aldeia mais
portuguesa de Portugal, a aldeia de Manhouce, com todas as suas tradições
etnográficas, artísticas e gastronómicas, muito apreciado é o cabrito assado da
Gralheira.
A gentil franqueza dos povos serranos faz-se notar na fraternidade com que nos
obsequeiam, com o presunto e broa caseira, a também caseira chouriça e a
tradicional aguardente ou o fino copo de vinho verde de Lafões. São pessoas afáveis
e sinceras, sempre dispostas a dar preciosas informações acerca da região e dos
seus lugares escondidos que merecem uma visita. São Pedro do Sul, o canteiro mais
florido de Lafões, contém em si as paisagens infinitas que os nossos olhos podem
ver, povoadas de mil cores e cheiros que as muitas árvores e flores exaltam o suave
perfume agreste, de cima das verdes ramagens vê harmoniosas melodias com que
os rouxinóis nos saúdam e a fome e a sede podem ser mortas com sabores da serra.
1.4.3.
TERMALISTUR – TERMAS DE SÃO PEDRO DO SUL E.M., S.A.
A Termalistur – Termas de S. Pedro do Sul E.M., foi criada por escritura pública em
08 de Janeiro de 2004. Considerando a crescente diversidade de atribuições das
autarquias locais, a complexidade da gestão da maior estância termal da península
ibérica e a procura de um desenvolvimento sustentado das Termas de São Pedro do
Sul, o Município de São Pedro do Sul entendeu por bem a criação de uma empresa
pública, na medida de em que o seu capital social é detido na totalidade pelo
Município de São Pedro do Sul, com o intuito de agilizar e potenciar a gestão dos
balneários termais e toda a atividade termal, possibilitando uma gestão autónoma e
mais flexível, gerando ao mesmo tempo mais eficácia.
Com a Termalistur, enquanto Empresa Pública Municipal, passaram a estar reunidas
as condições para o estabelecimento de uma gestão dinâmica e desburocratizada.
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Após as necessárias aprovações sobre a sua constituição em sede de Câmara
Municipal e Assembleia Municipal iniciou a sua atividade em 15 de Março de 2004,
procurando a máxima eficácia e eficiência na gestão dos Balneários Termais.
Além da gestão dos Balneários Termais e de todas as atividades ligadas ao
termalismo, que constituem o objeto principal da empresa, a Termalistur, pode
exercer complementarmente atividades adicionais relacionadas com o seu objeto
principal, designadamente estudos, planos de investimento e gestão de serviços
correlacionados, em especial, e entre outros, os de turismo, exploração e
transformação das águas e de prestação de serviços de transporte bem como todas
as ações conducentes à valorização do património histórico e natural de São Pedro
do Sul.
Figura 1.5. Website Termalistur
Fonte: www.termas-spsul.com
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1.5.
TERRITÓRIO SUB-REGIONAL
TERMAS DE SÃO PEDRO DO SUL
A sub-região Dão Lafões localiza-se na parte Norte da região Centro, entre os
territórios do litoral e os territórios do interior, estendendo-se por um conjunto de 15
municípios. A nível paisagístico, a sub-região é caracterizada por uma paisagem
muito diversa, marcada pelas serras do Caramulo, Arada, Montemuro, Freita, Lapa e
Leomil e pelos rios Dão, Vouga, Paiva e Mondego.
A sub-região Dão Lafões é já um importante destino turístico no segmento do
termalismo, apesar da existência de debilidades ao nível da estruturação da oferta e
do alojamento. Nos últimos anos assistiu-se a uma clara tendência de
desenvolvimento do sector, com a remodelação, modernização e reabertura de
algumas unidades termais e a expansão do Turismo em Espaço Rural (TER). A
atividade turística deverá, portanto, assumir uma posição de destaque na estratégia
de desenvolvimento da sub-região, tendo como suporte a valorização dos recursos
territoriais específicos/endógenos com maior potencial de atração turística.
Figura 1.6. Website da CIM da Região Dão Lafões
Fonte: www.cimvdl.pt
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Perspetivam-se vários desenvolvimentos na sub-região, nomeadamente a instalação
de uma oferta turística estruturada de unidades de alojamento no segmento TER,
associada a atividades de animação e à revitalização de aldeias tradicionais;
consolidação de produtos turísticos emergentes, como o turismo de saúde e bemestar (presença na sub-região de estâncias termais que oferecem, para além dos
tradicionais programas de termalismo clássico, programas de saúde e bem-estar),
maior oferta nas áreas do turismo de aventura e do turismo de natureza (valorizando
os espaços ambientalmente mais ricos).
Também o turismo patrimonial e histórico assume fortes potencialidades na Região
Dão Lafões, com a aposta no desenvolvimento de rotas turísticas centradas em
especificidades históricas e patrimoniais da sub-região, como são exemplos: a cidade
de Viseu associada à figura de Viriato (rota Viseu dos Romanos à Idade Média), o
pintor Grão Vasco e seus contemporâneos que afirmaram a cidade de Viseu como a
capital do Renascimento em Portugal. Camilo Castelo Branco escreveu em Viseu
grande parte do seu livro Amor de Perdição (Viseu Romântico do século XIX),
Aquilino Ribeiro ficou detido, em 1927, no Paço de Viseu/Presídio do Fontelo depois
de ser preso numa ação cívica em Mangualde (Viseu Republicano do século XX). A
estas rotas turísticas junta-se a Rota de Vinhos do Dão, associada ao
desenvolvimento do enoturismo na sub-região Dão Lafões.
Destaque, ainda, para a localização geoestratégica de Dão Lafões: encontra-se a 30
minutos de Aveiro, Coimbra ou Covilhã, a duas horas de Lisboa e a uma hora do
Porto. O território situa-se numa confluência de vias, podendo-se chegar aqui pelas
estradas A25, A24 ou IP3, bem como pela principal linha internacional de caminhode-ferro, a linha da Beira Alta, com as estações de Mangualde, Nelas e Santa Comba
Dão
O município de São Pedro do Sul integra o território de intervenção da ADDLAP
(Associação de Desenvolvimento do Dão, Lafões e Alto Paiva - www.addlap.pt) e da
ADRIMAG (Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras do
Montemuro, Arada e Gralheira - www.adrimag.com.pt), no âmbito da abordagem
LEADER. O território da ADDLAP está integrado na Região Centro, na NUT III Dão
Lafões, e abrange 5 concelhos pertencentes ao distrito de Viseu: Oliveira de Frades,
São Pedro do Sul, Vila Nova de Paiva, Viseu e Vouzela, com exclusão das freguesias
localizadas mais a norte do município de São Pedro do Sul (com referência aos
lugares de Carvalhais, Covas do Rio, Manhouce, Santa Cruz da Trapa e Sul) por
pertencerem ao território de intervenção da ADRIMAG e das freguesias urbanas do
concelho de Viseu.
O território caracteriza-se por ser marcadamente de montanha, localizando-se a uma
altitude média entre 300m e 700m. A forte presença da água foi um fator
determinante para a ocupação destas terras, uma vez que, sendo uma garantia de
fertilidade, permitia a prática agrícola, senão como principal fonte de rendimento,
como atividade complementar. Os rios Vouga, Paiva e Dão são as linhas de água
mais representativas sendo, no entanto, de referir, que este território é abundante em
recursos hídricos.
Tendo sido os recursos naturais (agricultura e floresta) a principal fonte de rendimento
da população destas áreas, o respeito e o cuidado com a sua preservação, como
elementos essenciais à manutenção socioeconómica, são uma evidência no processo
de humanização dos cinco concelhos. No que diz respeito aos recursos naturais,
destacam-se as Termas de São Pedro do Sul e as Termas de Alcafache. As primeiras
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são de origem remota, encontrando-se vestígios desde a época castreja e são as
mais frequentadas da Península Ibérica.
O território de intervenção da ADDLAP caracteriza-se por ser um território de
montanha, influenciado pela Serra da Gralheira (concelho de São Pedro do Sul),
Serra de Leomil (Vila Nova de Paiva) e Serra do Caramulo a sul (Oliveira de Frades),
é um território densamente irrigado. Os rios Vouga, Paiva e Dão são as linhas de
água mais representativas. A região tem ainda dois espaços que integram a Rede
Natura, como Sítios de Importância Comunitária pertencentes à região biogeográfica
mediterrânica: o Sítio do Rio Paiva (Vila Nova de Paiva) e o Sítio do Cambarinho
(Campia – Vouzela) que alberga uma das maiores populações nacionais de loendros.
Neste território encontra-se um dos principais centros da rede urbana nacional e
regional – a cidade de Viseu, com fortes interdependências aos espaços envolventes
caracteristicamente rurais ou, pela força das dinâmicas urbanas que extravasam os
limites da cidade, se assumem cada vez mais como “rurbanos”. A realidade aqui
encontrada é o exemplo evidente das novas lógicas de organização e funcionalidade
dos padrões de apropriação humana, nas quais se encontram exemplos como o rural
industrializado, o rural não agrícola das áreas de segunda ou de primeira residência
dos que trabalham na cidade, o rural profundo onde tudo parece permanecer desde a
origem ou ainda o rural da base económica especializada.
Figura 1.7. Território de Intervenção da ADDLAP
Fonte: www.addlap.pt
A zona de intervenção da ADRIMAG abrange uma área homogénea de
características geográficas, rurais, culturais e patrimoniais muito próprias, estende-se
no sentido Norte - Sul do Rio Douro ao Rio Vouga numa área total de 1.308 Km2,
englobando os concelhos de Arouca, Castelo de Paiva, Castro Daire, São Pedro do
Sul, Sever do Vouga e Vale de Cambra. A população total residente nesta zona de
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intervenção é na ordem das 110.000 pessoas. Esta zona predominantemente
montanhosa, é atravessada pelo Rio Paiva, afluente do Douro e pelos rios Arda e
Bestança, igualmente afluentes do Douro. Atravessa ainda esta região o rio Caima,
afluente do Rio Vouga.
A homogeneidade deste território advém das características geográficas da região:
área de montanha com uma população com “modus vivendi” serrano, onde persiste
uma agricultura complementar a outras atividades como forma de rendimento. É uma
região marcadamente agrícola, quer a contemplemos sob a componente da área de
ocupação do solo, quer sob o ponto de vista da proveniência dos rendimentos
económicos da população. A região sofre de algum êxodo rural, nomeadamente nas
freguesias mais isoladas.
Na zona de intervenção da ADRIMAG existem fortes potencialidades no sector do
turismo. De facto, esta região é detentora de um vasto património natural, cultural e
gastronómico que poderá servir de base a um desenvolvimento da atividade turística
assente no turismo em espaço rural, restauração, caça e pesca, termalismo, turismo
de natureza, desportos de ar livre, animação local, entre outros. O turismo deverá
seguir um plano de ordenamento que não ponha em risco a sua sobrevivência,
atuando de forma integrada e respeitadora dos recursos locais. É de realçar o
património histórico e arqueológico existente, pois existe um conjunto de monumentos
megalíticos nas serras, como antas, mamoas e dólmenes, o convento de Santa
Mafalda em Arouca e São Cristóvão, em São Pedro do Sul, entre outros, que
despertam a curiosidade do turista que visita esta zona.
Figura 1.8. Território de Intervenção da ADRIMAG
Fonte: www.adrimag.com.pt
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A existência do artesanato nesta zona de intervenção é notória, pois embora a região
se situe próxima do litoral e dos polos de crescimentos urbanos e industriais, estes
saber-fazer eram essenciais, pois as populações desta região para fazer face à
interioridade e isolamento especialmente nas zonas mais montanhosas, encontraram
formas de dispor de bens e serviços que não podiam obter com facilidade.
Situada na parte mais ocidental da Beira Central, a Região de Lafões é uma subregião natural, constituída pelas terras tributárias do curso médio do Vouga e dos
seus afluentes Sul e Ribamá, que, vindos de margens opostas, confluem junto de São
Pedro do Sul. De Lafões fazem geograficamente parte os concelhos de Oliveira de
Frades, Vouzela e São Pedro do Sul, territórios que possuem características próprias
que o distinguem das regiões vizinhas, e apresentam características geográficas bem
definidas e uma história razoavelmente conhecida. Das características físicas e
culturais comuns, muitas vezes apenas divididas, ao longo da história, por requisitos
administrativos, sobressaem dois produtos e elementos marcantes: o Vinho de Lafões
e a Vitela de Lafões.
Figura 1.9. Região de Lafões
Fonte: www.cm-spsul.pt
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Sem quebra da sua unidade geográfica, Lafões é uma região diversificada, a lembrar
umas vezes o Douro, com culturas em socalco, outras vezes o verdejante Minho, não
faltando até, nalguns lugares, a "vinha de enforcado". O seu vinho verde pede meças
ao do Minho, sobretudo se a acompanhar a Vitela de Lafões ou o cabrito da
Gralheira.
Em algumas povoações caramulanas e do Maciço da Gralheira - Covas do Monte,
Pena, Fujaco e outras - restam ainda, nas casas rurais, certos traços de primitivismo,
que vão resistindo ao progresso. Paredes de granito, sem reboco exterior, coberturas
de xisto, fumo a sair pelas telhas. Por toda a Região de Lafões, restam vestígios de
populações neolíticas, que, sobretudo em pontos elevados de terras graníticas,
construíam as suas habitações, inumavam os seus mortos em dólmens e mamoas e,
nas pedras das encostas dos montes, gravavam sinais, provavelmente relacionados
com os monumentos funerários.
Figura 1.10. Acessibilidades a São Pedro do Sul
Fonte: www.cm-spsul.pt
Boa parte das povoações de Lafões, sobretudo nas zonas mais elevadas, tem a sua
origem em castros entretanto abandonados, e as populações desceram para os
vales, sobretudo para as proximidades dos rios. Outros, porém, continuaram a ser
habitados e eram-no, ainda, quando chegaram os romanos, de quem vieram a sofrer
grande influência. Lafões não escapou à ocupação romana. A região era sulcada por
vasta rede de estradas, de que chegaram até nós alguns troços e pontes. Ao longo
das estradas, marcos miliários assinalavam as distâncias em milhas, vários destes
marcos foram encontrados na Região de Lafões. Mas o mais importante vestígio
deixado pelos romanos foi o Balneário romano das Termas de São Pedro do Sul.
Com o avanço da Reconquista cristã, sobretudo depois das conquistas de Fernando
Magno a sul do Douro, incluindo Viseu, a Região de Lafões vai-se desenvolvendo em
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termos populacionais. As populações rurais dispersam-se por "villas", propriedades
rústicas, granjas ou herdades, mais ou menos isoladas. Foram estas propriedades
rústicas que, desenvolvendo-se e aglutinando-se, vieram a dar origem às primeiras
povoações.
No concelho de São Pedro do Sul, a natureza é, claramente, uma experiência a não
perder. Com três serras no seu território, Arada, Gralheira e S. Macário, a natureza,
aqui, como que nos faz voltar aos primórdios da nossa memória humana no mundo.
Vales verdejantes que contrastam com paisagens agrestes e absolutamente
despidas, permitindo descortinar os ancestrais movimentos tectónicos que definiram a
superfície do planeta, percursos que nos levam ao imaginário das florestas tropicais,
com quedas de água, flora luxuriante e desconhecida, até às margens de rios e
ribeiras, como o Vouga, o Sul ou o Paiva, que limita o concelho a norte.
Figura 1.11. Mapa Turístico de São Pedro do Sul
Fonte: www.cm-spsul.pt
A grande vantagem deste concelho é a sua localização geográfica e a quantidade de
experiências diferentes que pode proporcionar a quem o visita. Num raio de 25
quilómetros, existe a maior estância termal da Península Ibérica (com programas
inovadores de saúde, beleza e bem-estar); é possível usufruir da exuberância natural
das serras da Freita, Arada e S. Macário e das águas límpidas dos rios Vouga, Paiva.
As inúmeras aldeias típicas de granito e xisto, o vasto património arqueológico e os
desportos de aventura que os parques naturais oferecem são também opções
interessantes a ter em conta quando se trata de fugir do bulício dos grandes centros
urbanos.
O território assume, ainda, uma quantidade de experiências diferentes que
proporciona a quem o visita. A zona montanhosa do concelho, maciços das serras da
Arada, da Gralheira e de S. Macário, proporciona ao visitante paisagens de
deslumbrante beleza natural, para além do tipicismo das várias povoações milenares.
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As inúmeras aldeias típicas de granito e xisto, o vasto património monumental e
arqueológico, bem como a oferta de desportos de aventura em sintonia com a
natureza. A simpatia das gentes, o encanto paisagístico, a qualidade hoteleira, a boa
gastronomia e a fama das suas águas termais fazem de São Pedro do Sul um local
obrigatório de romagem turística e/ou curativa.
A realização de eventos tem trazido também ao concelho turistas de todo o país para
participar em iniciativas reconhecidas regional e nacionalmente como o Andanças
(anteriormente organizado em Carvalhais), os Ritmos da Terra (percursos pedestres),
o Encontro de Contadores de Histórias criados pelo Projeto Criar Raízes, bem como
as tradicionais festas: da Laranja, da Castanha e do Mel, etc.
Deste modo, e considerando a diversidade patrimonial e natural de São Pedro do Sul,
este território cada vez mais se assume como um destino turístico de qualidade e de
eleição. Localizado no interior centro de Portugal, estende-se por 14 freguesias
extremamente ricas do ponto de vista patrimonial, paisagístico, histórico, natural,
arquitetónico e gastronómico.
Porém o seu principal elemento de atratividade reside nas Termas de São Pedro do
Sul considerando a oferta turística polarizada nos dois balneários termais e
tratamentos existentes, que beneficiam das propriedades únicas da água termal,
devidamente complementada por uma oferta de alojamento, gastronomia e de
animação turística diversificada e ampla.
Figura 1.12. Mapa Turístico das Termas de São Pedro do Sul
Fonte: www.cm-spsul.pt
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As Termas de São Pedro do Sul têm uma vocação milenar para o termalismo de
saúde. Para isso contribui decisivamente a riqueza única das suas águas profundas.
Emergindo à superfície a uma temperatura de 68º C, as propriedades das suas águas
tornam-nas especialmente indicadas para o tratamento de doenças reumatológicas,
das vias respiratórias e nas áreas da medicina física e de reabilitação. Foi
precisamente nesse sentido e com o propósito de elevar a qualidade dos tratamentos
ministrados nestas áreas médicas, que o Balneário D. Afonso Henriques se
modernizou.
O Balneário Rainha D.ª Amélia apresenta-se cada vez mais como a alternativa
clássica de requinte e charme das Termas de São Pedro do Sul. Renovado, o
balneário oferece um ambiente de bem-estar termal com tratamento personalizado de
alto nível, devidamente certificado. Posiciona-se, cada vez mais como o Balneário de
Bem-Estar desta vila termal, não deixando todavia de prestar programas de
termalismo de saúde e técnicas de medicina física e de reabilitação.
Nas Termas de São Pedro do Sul encontram-se cerca de 3 dezenas de unidades de
alojamento, independentemente da sua categoria (Hotéis, Turismo em Espaço Rural
ou Alojamento Local entre outras), o que corresponde a uma oferta na ordem das 850
camas. Já ao nível da oferta de unidades de restauração e bebidas verifica-se um
menor nível da oferta, quer em termos de quantidade ou de qualidade, sendo a
maioria da oferta existente integrada nos estabelecimentos de alojamento existentes.
Em termos de animação e pese o esforço promovido na organização de uma agenda
de animação cultural, verificam-se lacunas ao nível da animação turística e de
transportes turísticos que fomentem o aumento da atração e da permanência média
de novos segmentos de mercado, e o aumento da oferta de atividades de animação
para a ocupação dos tempos livres dos visitantes/aquistas.
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1.6.
HISTÓRIA
A história dos banhos públicos começa na Grécia no séc. VI a.C., associados a
práticas relacionadas com o embelezamento e cuidados do corpo. Para os gregos, tal
prática relacionava-se, não só, com a descontração física, após um esforço muscular,
mas também com uma procura permanente do equilíbrio do corpo com a mente.
Desta forma, as primeiras instalações, dos referidos banhos, surgem ao ar livre, à
sombra das oliveiras, próximo da palestra (do grego. Palaístra, lugar onde se pratica
a luta) – área destinada à prática de exercício físico, e da êxedra (do grego. exédra) –
área destinada a reuniões e a ensinamentos ou preleções filosóficas, e eram
constituídas por grandes vasos circulares, abertos, assentes num suporte e à altura
das ancas (Duminil, 1985).
É, no entanto, durante o séc. IV a.C., que nasce verdadeiramente a arte do banho na
Grécia, praticado em salas, algumas vezes escavadas nas próprias rochas,
ornamentadas por mosaicos (alguns deles ainda chegados aos nossos dias, e
evidenciando cenas ligadas aos banhos e balneários), onde o solo era lajeado de
pedra polida. Os gregos banhavam-se, normalmente, uma vez por dia, ao meio do dia
ou antes da refeição da noite. Os banhos transformavam-se, assim, em lugares de
encontro(s), mas mais ligados à higiene do corpo, necessária após as atividades
desportivas, que à ideia de lazer e de conforto social (Ramos, 2005).
Afirmar que as termas muito contribuíram para tornar Roma eterna, parece nada
conter de excessivo nem de utópico, mais de vinte séculos passados. Efetivamente,
entre os mais diversos e significativos vestígios existentes, num grande número de
cidades do império romano, as termas encontram-se entre os mais majestosos e
impressionantes testemunhos da sofisticação inaudita, à qual se encontra ligada a
arte do banho. Os romanos parecem sempre ter nutrido pela água uma predileção
muito especial, uma vez que, já mesmo antes da edificação das grandes termas
imperiais, eles mergulhavam e nadavam nas correntes refrescantes das ribeiras ou à
superfície dos lagos. Os romanos preocupavam-se com a manutenção da boa forma
física e com a garantia da sua saúde, numa envolvência de bem-estar e vigor.
Começando por se banharem nas águas de temperaturas mais baixas, os romanos, à
medida que a idade avançava, experimentavam águas mais tépidas, até ficarem
sujeitos ao regime dos banhos de estufas (Ramos, 2005).
Durante a Idade Média, verificou-se um verdadeiro retrocesso do desenvolvimento
termal na Europa. Assim, o termalismo europeu entra num longo período de letargia,
que tem início com a chegada dos povos Germânicos, no século IV, terminando
apenas nos princípios do século XVIII. Embora a prática das águas e dos banhos,
não tenha desaparecido totalmente, a verdade é que a expansão do cristianismo em
nada favorece a sua cultura procurando, mesmo, demarcar-se daquilo a que
apelidavam de hábitos e influências pagãs. A Igreja desaprova, assim, a utilização da
água tal como os Romanos a entendiam, uma vez que aos olhos da mesma, tal
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utilização era considerada como uma expressão de decadência moral, um misto de
feitiçaria e bruxaria e, até, lugares ou práticas de concupiscência. A Igreja condenava,
ainda, fortemente, a nudez imposta pelos banhos e impunha severas restrições aos
aspetos ligados à higiene e ao prazer, considerando-o como uma forma de
hedonismo censurável. Por outro lado, as igrejas mas, fundamentalmente, os
mosteiros, vão ganhando o controlo da maior parte das fontes termais, passando, não
só, a ser os seus detentores como, também, os feitores e controladores dos bons
costumes (Ramos, 2005).
Um verdadeiro élan de abertura intelectual – assim se poderia chamar ao período que
decorre a partir do início do século XV – em que tal projeção se reflete, de uma forma
notável, por toda a Europa, e cujos resultados se evidenciam, sobretudo, no século
XVI. Trata-se efetivamente do reflexo da Renascença italiana, e da apoteose do
Cinquecento, às artes e ao mundo artístico, e do seu extraordinário eco por países
próximos, que faz ressurgir uma Europa adormecida durante numerosos séculos,
proporcionando o cruzamento e contactos vários, entre culturas, até então quase
isoladas e pouco difundidas. É neste contexto que se consolida, entre as diferentes
elites, o hábito de proceder a circuitos entre vilas termais notáveis, procurando não
só, o restabelecimento físico pela cura mas, também, proceder a uma análise
comparativa entre as diferentes estações termais de renome e conhecer e admirar
paisagens, hábitos e costumes estrangeiros. Desta forma, se passa a associar e a
evidenciar a beleza e a exuberância, assim como o pitoresco de certas paisagens
com os diferentes resultados e a notoriedade dos lugares de cura, e ainda com a
qualidade do acolhimento (Ramos, 2005).
A consolidação de contextos e dinâmicas desenvolvidas no sector termal, durante o
século XVIII, reforça-se e expande-se no século XIX, onde os efeitos da euforia
termal britânica começa a fazer-se sentir na Europa continental. A verdadeira viragem
de atitude, imprimida no povo britânico, assentou sobretudo numa alteração da forma
de percecionar as vivências termais, onde o conceito de “passeio” se passou a
associar à cura – e à imagem das vilas termais – como se verificou em Tunbridge
Wells, próximo de Londres. Tal proximidade, permitiu e estimulou a frequência
daquelas vilas, pela aristocracia londrina, que passa a utilizá-las como forma de
distração, embora sempre sujeitas ao pretexto irrepreensível da saúde.
Os estabelecimentos termais aperfeiçoam-se, igualmente, adquirindo novos e
melhores equipamentos; novos hotéis são construídos, os salões de baile
engrandecem-se, enquanto as salas de teatro e os casinos se começam a impor na
vida e na animação das estâncias de cura, assim como surge um reforço do
investimentos em novos e sumptuosos casinos a imporem-se como modelos nas vilas
termais.
É a partir de meados do século XIX que a modernização das infraestruturas termais
se transforma numa das principais preocupações, para as sucessivas administrações
termais, tendo por grande objetivo não só a qualificação da estância termal mas,
também, a dos serviços, por forma a garantir uma frequência heterogénea, através da
captação de classes sociais mais elevadas. Com tal intuito, começa a projetar-se a
separação física entre as várias classes sociais uma vez que, sendo os doentes
internos, pessoas de menores posses económicas, era conveniente que os doentes
externos pudessem encontrar todas as comodidades e luxo, que as classes mais
elevadas da sociedade exigiam (Mangorrinha, 2000).
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Na 1ª metade do século XX o termalismo regista alguma decadência perante a
valorização de outras práticas curativas (progressos da quimioterapia) e destinos
turísticos (praia). As termas passam a ser destino (subsidiado) das classes média e
baixa, como oportunidade e justificação para férias, e ainda de idosos com tempo
livre para tratamentos morosos. As termas asseguram estadas de turismo de saúde
em sentido lato por parte das massas trabalhadoras, de recuperação das
capacidades de trabalho, de cura da saúde física e do equilíbrio psicológico durante o
período de férias. As termas passam a ser expressão de um turismo social com
poucas possibilidades de opção (Rebelo, 2012).
O uso das águas termais é conhecido desde tempos anteriores à formação da
nacionalidade portuguesa, por povos que em torno de fontes e nascentes construíram
lugares que ainda hoje existem e foram designados, conforme as épocas históricas,
como banhos, caldas e termas.
Uma das razões para decidir vir a banhos às Termas de São Pedro do Sul tem as
suas raízes na História. Perdem-se no tempo, os primeiros vestígios da utilização das
suas águas termais com fins curativos e de bem-estar. Remontam mesmo para a Préhistória da humanidade. Mas se esses já não são facilmente visíveis, o mesmo não
acontece com o uso que os romanos fizeram destas águas, seguindo-se-lhes muitos
dos nossos maiores reis como D. Afonso Henriques e D. Manuel I. É pois, uma
sabedoria feita de vários milénios, de múltiplas experiências e de permanentes
resultados positivos a sustentar ao longo da história essa mesma utilização.
De facto, têm já mais de dois mil anos, os mais antigos testemunhos castrejos da
utilização das águas termais, no local onde hoje se localizam as Termas de São
Pedro do Sul. Mas são dos romanos, que difundiram por todo o mundo ocidental a
magia das águas termais que antes os gregos tinham descoberto, os mais
importantes e antigos vestígios patrimoniais, ainda hoje se podem ver várias
componentes em pedra (há vários anos à espera de recuperação por parte do
IGESPAR) do que foi o “Balneum Romano” construído nos primeiros anos do século I
da era cristã. Mais tarde, já no século XII, as então denominadas Caldas Lafonenses
voltam a ser objeto de interesse e notícia. Porém o estado do edifício das Caldas e do
Hospital Real tem vindo a decair e a degradar-se cada vez mais, pois desde o término
da sua exploração como edifício termal serviu, ainda, de escola primária, cantina e
café, até ter sido definitivamente abandonado, tendo, posteriormente, sofrido dano
considerável com o temporal de 1995 que se encarregou de destruir e fazer desabar
parte do edifício.
A ocupação humana da zona das atuais Termas de S. Pedro do Sul remonta a
épocas muito remotas, facto que não será possível localizar com muita exatidão, no
entanto as referências históricas existentes são notáveis, sendo de referir os
testemunhos castrejos presentes, pela sua importância e representatividade, nas
imediações do espaço das Termas. Supõe-se que este terá sido o ponto de partida
para que os romanos, conhecedores das propriedades curativas das águas mineromedicinais, iniciassem a construção do "Balneum", constituído por quatro estruturas
designadas por "Tepidarium” (banho de transição), “Sudatarium” (banho de vapor),
“Caldarium” (banho de água quente) e “Laconicum” (estufa seca).
Lafões não escapou, assim, à ocupação romana, sobretudo nas Termas de São
Pedro do Sul, pois ainda existem vestígios da estrada romana que ali passava bem
como a ponte romana que ainda hoje existe, sendo, no entanto a marca mais
importante representada pelo “Balneum Romano construído, com o intuito de
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aproveitar as propriedades curativas das águas sulfurosas que aí brotam e tão
apreciadas pelos romanos (Oliveira, 2002).
No entanto, é natural que as propriedades das águas fossem aproveitadas com fins
medicinais, no período pré-romano, pois bem perto das Termas de São Pedro do Sul
é possível encontrar o Castro do Banho. Mas é com os romanos que se passa a fazer
um uso intensivo das águas, quer para fins terapêuticos quer como fonte de prazer,
luxo e vida social (Oliveira, 2002).
A edificação do conjunto termal, na margem esquerda do rio Vouga, é atribuída aos
Romanos, a comprovar temos não só o termo "Balneum" denominação da qual
proveio a palavra Banho, nome pelo qual ficou conhecido o lugar após a saída
daqueles povos - como também a existência de importantes ruínas e vestígios
arqueológicos. Foi apenas em meados da década de 50 que a Direção Geral dos
Edifícios e Monumentos Nacionais mandou proceder à primeira campanha de
escavações tendo descoberto a piscina exterior, fustes e capitéis jónicos de grandes
colunas. Mais tarde com a realização de várias escavações arqueológicas, iniciadas
em 1985, permitiram a descoberta de vários fustes e capitéis de grandes colunas
jónicas, várias piscinas e numerosas medalhas com as efígies de Constantino e
Trajano, bem como uma inscrição votiva ao Deus Mercúrio.
O conjunto que compõe o Balneário Termal seria composto por uma piscina exterior e
várias interiores (que seriam ao longo dos anos, em média, 3) que foram sofrendo
adaptações e alterações em função das necessidades e aumento da capacidade.
Este será o melhor exemplo conhecido em Portugal do que foi um balneário medicinal
romano (Oliveira, 2002).
Com a queda e desmembramento do Império Romano segue-se um interregno na
vida das Caldas Lafonenses, denominadas deste modo a partir do século XII. A partir
deste século (XII) com a fundação da nacionalidade, as Caldas de Lafões afirmam-se
como as mais importantes do Portugal nascente, as virtudes terapêuticas das suas
águas eram procuradas por nobres e plebeus (Oliveira, 2002).
Sabe-se que, depois desta data, foram frequentadas por ilustres figuras da corte
portuguesa, de entre as quais se destaca D. Afonso Henriques, que em 1152
concedeu foral à Vila do Banho, elevando-a desta forma a concelho, mais tarde a
“Couto do Reino” e, posteriormente a “Couto de Honra”. O concelho do Banho foi um
dos mais antigos do reino e, sendo a terra mais antiga de Lafões, podendo-se deduzir
que tenha sido, durante muito tempo, a sua capital. A presença de D. Afonso
Henriques veio alterar por completo a vida das celhas caldas (Oliveira, 2002).
É o primeiro Rei de Portugal, em 1169, após fratura da perna sofrida na batalha de
Badajoz, que vai recuperar fisicamente para as Caldas Lafonenses na Vila do Banho.
Aqui terão sido lavrados e aprovados documentos de extrema importância, referentes
à organização e administração do reino. A presença de D. Afonso Henriques veio
alterar grandemente o funcionamento e a vida das Caldas Lafonenses, a tal ponto
que estas passaram a ficar associadas ao monarca. Depois da vinda de D. Afonso
Henriques e do êxito que as águas haviam produzido aos seus males, aumentou o
número de nobres e plebeus, de ricos e pobres, que procuraram a cura para os seus
achaques na água termal da “Vila do Banho”.
Depois de D. Afonso Henriques, o conjunto termal de Lafões vai continuar a ser,
durante séculos, o principal centro de assistência da região, sendo ainda referida a
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passagem por Lafões de D. Dinis, D. João I, Duque de Lencastre, D. Duarte, Infante
D. Pedro, Infante D. Henrique e os Duques de Visão, não sendo, no entanto, possível
ter certeza da veracidade destas referências (Oliveira, 2002).
Já nos primeiros anos do século XVI, é o rei D. Manuel I que decide desenvolver as
Caldas Lafonenses, que passam a chamar-se “Hospital Real das Caldas de Lafões”,
devido à edificação de um Hospício, construído a mando do Rei Venturoso. Em 1515
foi dado, pelo monarca, novo e mais importante foral à Vila do Banho, aumentando as
suas competências e importância. Certo é que as Caldas Lafonenses obtiveram
grande êxito e distinção com a cura do nosso primeiro Rei e com a posterior estadia
de D. Manuel I. No entanto o que as destaca e as impõe à consideração médica é,
sem dúvida, o facto de estas serem as primeiras Termas, do nosso país, a serem
submetidas ao estudo científico de um médico.
Estas alterações representam uma mudança na estrutura e no modo como as termas
passariam a funcionar a começar pelo uso das águas, que até então era livre, e que
passaram a estar sob alçada e controlo do Hospital Real criado. Em 1696 é publicado
a “Chronographia Medicinal das Caldas de Alafoens”, elaborada por António Pires da
Sylva, que apresenta, de uma forma detalhada, a orgânica do funcionamento do
hospital, das termas e da utilização das águas para fins medicinais (Oliveira, 2002).
Entretanto, no edifício do Hospital e dos banhos iam-se operando novas alterações,
os antigos tanques, qua ainda existiam em 1821, já não existiam em 1875, em seu
lugar foram instalados 11 aposentos com 16 banheiras, 4 forradas de azulejos e as
restantes de granito, estando 8 em quartos isolados e as outras distribuídas duas a
duas. Entretanto, na parte final do século XIX aproximava-se o fim da vida do
hospital, que de hospital já tinha pouco pelo surgimento dos hospitais de Vouzela e
São Pedro do Sul, promovidos pelas Misericórdias de Lafões, ainda que isso não
significasse a perda de importância das Caldas, pois antes pelo contrário,
desenvolveram-se cada vez mais como estância termal (Oliveira, 2002).
Nas duas últimas décadas do século XIX, as termas, em franco desenvolvimento,
passavam por uma profunda transformação, tanto no aspeto material como funcional.
Entre todos os melhoramentos figura a construção de um novo balneário, o que
marca o começo da transição das termas do século XIX para o século XX.
Em 1884 a Câmara Municipal de São Pedro do Sul deliberou construir um moderno
balneário, que sucede ao antigo Hospital Real e cujos trabalhos tiveram início nessa
mesma data. O edifício é formado por duas alas simétricas ligadas por um vestíbulo
espaçoso, em cada uma das alas abrem-se as salas e os quartos de banho
suficientemente espaçosos, iluminados e agradáveis. No meio do edifício uma sala
ampla com acesso aos duches e uma sala de espera. As banheiras são 10 de cada
lado, umas de mármore e outras de azulejo, ao centro uma torre quadrangular de
ferro de 16 metros de altura com dois reservatórios de lousa destinados aos duches
(Oliveira, 2002).
Em 1894 a Rainha D. Amélia, acompanhada de seus dois filhos, aqui se deslocou
com a finalidade de obter a cura para os seus achaques. Como forma de assinalar a
estadia de tão ilustre visitante, deliberou a Câmara da época colocar no átrio do então
recente edifício uma placa com o brasão da soberana, bem como o seu busto em
alto-relevo. Em 1895 fora publicado um decreto que determinava que as Caldas de
Lafões se passassem a denominar “Caldas da Rainha D. Amélia”. De imediato o
nome da soberana foi atribuído ao novo balneário, o qual subsiste até à presente
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data. Com o advento da República, o local passou a ter a denominação atual de
Termas de São Pedro do Sul.
Em 1914 foi ampliado o Balneário Rainha D. Amélia com a instalação de uma nova
ala no edifício que incluía novas salas de tratamento, também nesse ano a Linha Vale
do Vouga chega à região, passando o comboio a ser o meio de transporte mais
utilizado pelos aquistas, impacto que se repercutiu no aumento da afluência das
Termas de São Pedro do Sul.
O termalismo adquiria também, em Portugal, a partir de meados do século XIX,
alguma expressão, não só porque os banhos de mar eram ainda pouco
recomendados para a saúde do corpo, mas sobretudo, porque, na Europa alémPirinéus, e designadamente em França, na Itália, na Alemanha e na Áustria, as
termas eram classificadas como zonas climáticas onde, para além do tratamento das
enfermidades, se desenvolvia um estilo de vida em que a descontração, o repouso, o
entretenimento cultural, social e desportivo, constituíam ingredientes indispensáveis à
vitória tanto sobre o stress, como sobre o tédio que, ao que se constata, não seria
muito diferente dos fenómenos que perturbam as sociedades contemporâneas
(Domingues, 2000).
Em 1987 foi inaugurado um novo e amplo Centro Termal e parcialmente encerrado o
Balneário Rainha D. Amélia, a fim de serem levadas a cabo importantes obras de
restauro. Este encontra-se em funcionamento desde meados do mês de Setembro de
2001 e está dotado do mais moderno equipamento, a fim de serem praticadas as
várias técnicas de tratamento termais. Está ainda dotado de algumas áreas de lazer
como é o caso do Núcleo Museológico, onde se podem apreciar as técnicas mais
antigas usadas nos tratamentos termais, uma sala Multiusos com exposições
variadas e um Auditório onde frequentemente decorrem palestras, congressos, etc.
Os dois edifícios encontram-se atualmente em funcionamento.
Desde meados da década de 80, as Termas de São Pedro do Sul são a mais
importante estância termal do nosso país. No ano de 1990 o número de aquistas
ultrapassou os 14.500 registando-se um crescimento constante até nível de 2004 e
2005, período em que se atingiu cerca de 23.000 aquistas. A procura das unidades
termais tem vindo, no entanto, a diminuir sucessivamente após esse período,
apontando para a necessidade de requalificar e valorizar as unidades termais
existentes, e a perspetivar um reforço nas ações promocionais junto dos mercados,
quer no domínio da saúde quer do turismo. A quebra da procura registada é
comprovada pelo número de aquistas registados nas Termas de São Pedro do Sul,
registando-se cerca de 19.000 aquistas em 2011 e apenas cerca de 16.500 em 2012.
Porém, nos primeiros meses de 2013 é possível constatar uma recuperação face a
2012.
A primeira década do século XXI, correspondendo ao início do 3º milénio das Termas
de São Pedro do Sul, assinala o maior e mais significativo impulso de modernização e
ampliação de toda a sua história. No espaço de oito anos, as novas Termas de São
Pedro do Sul estão irreconhecíveis: mais modernas, com equipamentos termais de
última geração, mais atraentes e com um atendimento profissional altamente
qualificado, onde inclusive não falta a criatividade contemporânea dum estilista como
José António Tenente, que desenhou todo o equipamento dos profissionais das
Termas, bem como a sua linha de merchandising (Termalistur).
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A entrada das Termas de São Pedro do Sul na era do turismo de saúde e bem-estar,
com novas exigências dos públicos, de diferentes perfis, passa a exigir uma
crescente sofisticação da oferta, uma gestão moderna, profissional e atenta às novas
tendências deste segmento de mercado, mas também pronta a corresponder às suas
enormes potencialidades (Termalistur). A experiência de alguns dos seus programas,
mesmo que da área do Bem-Estar, que podem ser experimentados num fim-desemana, acabarão rapidamente com o mito de que as termas são só para seniores...
Que o digam os jovens adultos, com 20,30 e 40 anos, que recuperando práticas dos
gregos, romanos e de muitos dos nossos reis e antepassados, cada vez em maior
número, se vão revitalizar nas águas termais de São Pedro do Sul (Termalistur).
Segundo Nahrstedt, (2000, em Ramos, 2005) a história do termalismo europeu
orienta-nos para uma estrutura cronológica dividida em três grandes períodos:
• I período – das fontes santas às termas Romanas, caracterizado pela
inclusão da cultura termal na Europa;
• II período – das casas ou salas de banho às internacionais termas, período
caracterizado pela democratização da cultura termal europeia, que decorreu
desde os finais da Idade Média até finais do século XX (anos noventa);
• III período – caraterizado pela globalização da cultura termal, caracterizada
pela apresentação de uma nova e distinta perspetiva para as termas
europeias no novo milénio.
A caracterização do processo histórico da emergência termal europeia, e nacional,
revela-se oscilante entre períodos de grande euforia atrativa da frequência, e
períodos de abrandamento da utilização das termas. Sinónimo deste facto é a
disparidade de taxas de frequência em cada uma das décadas, sobretudo da
segunda metade do século XX, para diferentes tipos de realidades (mercados
europeus). Tal facto, prende-se não só com a relevância que os sistemas políticos
foram atribuindo à atividade termal de cada uma das sociedades europeias, como
também e, fundamentalmente, às políticas sociais implementadas com o intuito de
canalizar maiores contingentes de aquistas às termas e estâncias termais. A história
do termalismo europeu oscilou sempre entre as suas duas grandes vertentes: a
medicina terapêutica e a procura do prazer. (Ramos, 2005).
A consolidação da expressão social, paralelamente à abertura a públicos de
capacidade económica mais reduzida, a par de um reforço do carácter medicinal das
inscrições, que se fez acompanhar por uma emergência explícita das mesmas,
corresponde a uma fase que se estende desde finais da segunda guerra até à década
de setenta (com efeitos que se sentem ainda na atualidade). Neste cenário de
readaptação estrutural, os utentes contemplados com os benefícios sociais passam a
substituir toda uma clientela abastada e exigente, com os consequentes prejuízos
duma frequência avassaladora, quer na qualidade dos serviços quer na preservação
dos equipamentos. É eminente o retrocesso funcional das termas, quando a vertente
curativa passa a ter um carácter dominante ou quase exclusivo, e sempre
supervisionado pelo controle médico (Ramos, 2005).
Poder-se-á afirmar que a inclusão das prestações sociais no termalismo se traduziu
num clima de desconfiança, por uma parte considerável da sua clientela, passando a
ser encarado com suspeição e algum desagrado face ao recrudescimento dos
aspetos curativos, menosprezados, que evidenciavam as potencialidades preventivas
e epidemiológicas. Tal evolução logrou evidenciar uma dupla consequência: por um
lado, “focalizou” na água termal ”medicamentosa” o debate sobre a eficácia do
termalismo, sempre e, ainda hoje, tão atual, ao negligenciar o papel de toda a
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envolvente termal na cura ou reconstituição dos aquistas, por outro lado, aquela
mesma evolução foi o grande motor propulsor duma tendência nefasta e
verdadeiramente depreciativa do termalismo, ao levar as estações termais a
comportarem-se e a alinharem os seus diferentes tipos de prestações, baseadas no
modelo hospitalar (Ramos, 2005).
A institucionalização político-social das comparticipações, a par da crescente
massificação das estâncias termais, e dum aumento exponencial das taxas de
frequência, determinaram a especialização das termas, passando cada uma delas a
ser identificada, e procurada, por orientações terapêuticas dominantes, sempre
associadas a uma ou duas indicações secundárias. Embora as termas se tenham
aberto a um público plural, que até então se considerava impedido de as frequentar, a
introdução das comparticipações sociais empobreceram duma maneira geral a
vivência termal, os seus tributos financeiros, e toda a sua envolvente territorial. Este
empobrecimento refletiu-se sobretudo na dinâmica incutida nas termas ao nível do
consumo de bens materiais e lúdicos, na aquisição de serviços locais dirigidos a uma
determinada elite (Ramos, 2005).
Mais recentemente a revitalização e reapropriação do conceito termal de outrora, é
caracterizada pelo reaparecimento e/ou reconhecimento de estâncias termais
consideradas como enclaves de férias, onde diferentes grupos de pessoas, com
diferentes características e motivações diversas, compatibilizam a terapêutica termal
com atividades múltiplas de lazer, descontração, divertimento e enriquecimento
pessoal, ou seja, atividades de bem-estar e de recuperação (Ramos, 2005).
No caso do termalismo em Portugal convém salientar os constrangimentos impostos
pela ameaça dos reembolsos da Segurança Social que alterou, de forma indelével, os
contornos materiais e valorativos das estâncias termais, as posições ambíguas por
parte da classe médica, que em nada beneficiaram uma alteração atempada e
organizada do sector, tendo mesmo provocado um arrastar de contradições e de
posições extremadas, face à situação de algum desordenamento legal, conceptual e
funcional e a associação entre o turismo e termalismo que foi sendo arrastada e
teimosamente boicotada, pelas mais variadas forças vivas ligadas ao sector, no pósguerra, e após a introdução de subvenções sociais aplicadas aos serviços
terapêuticos/curativos da atividade termal (Ramos, 2005).
Em suma podem considerar-se os seguintes elementos históricos como fundamentais
para a valorização cultural e aproveitamento turístico das termas de S. Pedro do Sul,
elementos que alavancam o potencial económico das termas de S. Pedro do Sul e da
sua região:
• Presença dos romanos no território e o balneário romano existente
• Presença do Rei D. Afonso Henriques
• Hospital Real das Caldas de Lafões
• Presença da Rainha D.ª Amélia
• Forte tradição e expressão no contexto nacional do volume de aquistas.
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1.7.
CULTURA
Para inúmeros povos, purificarem-se nas águas límpidas, antes de lhes renderem
homenagens, fazia parte das cerimónias de todas as mitologias, a partir da
Antiguidade. A imaginação material encontrava na água a matéria pura de excelência.
Esta constituía, assim, uma tentação e uma procura constante no simbolismo da
pureza. A relação entre este valor purificador, e as abluções sagradas, aparecem
naturalmente desde que os homens inventaram os deuses e os ritos para os adorar.
Já no Antigo Testamento, numerosos textos celebram a água como símbolo
purificador e regenerador (Ramos, 2005).
As águas minerais e os Spas foram sempre utilizados desde a Antiguidade para
efeitos de recreio, saúde e lazer. A associação dos benefícios da água à saúde e
bem-estar físicos e mentais é uma condição que existiu desde sempre. De facto, as
práticas associadas eram já desenvolvidas na Mesopotâmia, Egipto, Japão, Grécia,
Roma. O conceito de SPA (cuja origem deriva da tradução literal do latim salut per
aque, ou saúde através da água), teve o seu desenvolvimento exponencial no Império
Romano, onde os banhos públicos realizados para tratamentos físicos,
nomeadamente dos soldados, evoluíram para uma forte associação do culto da vida
social (Costa, 2013).
As estâncias termais foram-se assim afirmando, configuradas como espaços de
saúde privilegiados, mas que ao longo da sua evolução ficaram marcadas por duas
culturas distintas (Ramos, 2005):
• Uma cultura popular, que misturou indiferentemente elementos lúdicos e
Terapêuticos;
• Uma cultura elitista que manifestou uma especial apropriação por espaços de
cura subjugada ao primado da dimensão terapêutica, por um lado, mas,
também, de espaços lúdicos, por outro, para a celebração de lazeres
intimistas e simbólicos.
Assim evoluiu o termalismo português, com alegrias e alguns faustos mas, também,
com muitos sobressaltos. Sobressaltos, porque as termas se foram degradando, o
seu produto foi caducando, e a moda foi sendo sucessivamente adversa à instituição
termal e aos seus serviços. A forte preocupação com a massificação das termas,
levou a um acentuado empobrecimento das economias termais e,
consequentemente, da sua capacidade de renovar e modernizar os seus
equipamentos e, sobretudo, a sua oferta (Ramos, 2005).
Efetivamente, há cerca de seis mil anos que o Homem conhece e aplaude os
benefícios retirados das águas, dos seus banhos e tratamentos vários, embora as
suas reais virtudes sejam bem mais recentes e resultantes de uma longa caminhada
desenvolvida sobre este conceito – o da água mineral. Mas, foi de facto esse longo
caminho que conduziu à descoberta de fontes, das diferentes formas de captação, da
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sua utilização lúdica e medicinal, que tem constituído, sem sombra de dúvida, uma
das mais belas demonstrações da perseverança do Homem, no que diz respeito à
exploração dos nossos recursos naturais, neste caso especial – a água. A história
termal aparece assim como uma sucessão de esforços e de progressos importantes,
graças aos quais a medicina termal se impôs com alguma especificidade e com um
grau de eficácia relevante, pese embora alguns períodos intermitentes, mais ou
menos longos, de alguma indiferença ou de algum relaxamento ou mesmo abandono.
(Ramos, 2005).
Purificando a alma e os corpos, a água marca, de uma forma significativa, grandes
etapas da vida: o banho do nascimento, o banho ritual antes do casamento, o banho
dos mortos para purificar a alma, antes da viagem para o além. Mas, nesta
simbologia da purificação, no domínio do sagrado, a água tem-se igualmente
revelado, numa perspetiva profana, símbolo de regeneração e de renovação, em
vários tipos de civilizações. À esperança de convalescença pela água, é muitas vezes
associada a esperança de cura, desde os tempos pré-históricos, consagrando-se já
nessa época diversos tipos de culto a certas fontes consideradas mágicas e
sagradas. Marco de prazer longínquo, o deleite do banho repartiu-se sempre entre
banho privado e banho público, por um lado, e entre banho de imersão e banho de
vapor, por outro. Segundo as épocas, e as diferentes civilizações, estes diferentes
tipos de banhos, foram evoluindo e foram revelando a natureza das diversas relações
da água com o corpo, e com os cuidados que lhe foram sucessivamente concedidos,
ao longo da história (Ramos, 2005).
Os Romanos não dedicando tanto a sua permanência nas termas, aos aspetos
extrínsecos da beleza e do conforto, como acontecia na Grécia, faziam-no com
preocupações centradas na garantia da preservação da saúde, assim como na
manutenção dos seus parâmetros de higiene quotidiana e de lazer, que procuravam
difundir em atitudes intergrupais (Ramos, 2005).
Inserido numa perspetiva cultural, o auge das atividades balneares / termais pode ser
entendido como um dos processos de transformação traduzidos na influência
provocada, quer pela helenização, quer pelo contacto com outras civilizações do
próximo oriente, Egípcios e Babilónios, entre outras. Efetivamente, durante as
primeiras cruzadas, os Ocidentais descobriram e assistiram, vislumbrados e
maravilhados, ao banho oriental que, partindo de Bizâncio, atingiu o império romano,
enquanto à Alemanha chegavam os banhos russos – banhos secos de vapor,
oriundos da Ásia e da Rússia (Ramos, 2005).
É significativa e notória a afirmação e a imponência urbana dos edifícios termais, da
antiguidade, evidenciados pelo desenvolvimento de uma relação ambígua com a
natureza, uma vez que, por vezes, em meios urbanos mais densamente povoados,
essa relação originou algum tipo de conflitos, ao tentarem sobrepor-se a outro tipo de
monumentos, quer pela sua centralidade, quer pela sua complexa funcionalidade. No
entanto, as grandes termas imperiais romanas parecem ter sido capazes de se impor
sobre o tecido urbano, dando mesmo origem a locais paradisíacos, circundados por
majestosos parques e esplendorosos jardins ornamentados. Na expansão do império
romano, as termas de maiores dimensões foram ocupando, noutras regiões da
Europa, posições de destaque, sempre próximas de edifícios governamentais, e de
áreas de lazer e divertimento: campos de jogos, anfiteatros, etc. Vestígios deste tipo
de localizações poderão ser, ainda hoje, confirmados, entre outras, nas ruínas
existentes em Baden-Baden e Trier – na Alemanha; Bath em Inglaterra; Caracalla em
Roma, Spa na Bélgica e Aix-les-Bains em França (Ramos, 2005).
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É numa atmosfera que se foi consolidando, entre as elites, o hábito de efetuar
deslocações às estações termais mais célebres, procurando comparar-se não só os
diferentes métodos e resultados das curas, como também, conhecer e admirar as
paisagens, os costumes e a cultura estrangeiras. Deste modo, começa a vislumbrarse aquilo que hoje parece renascer e evidenciar-se – a associação da notoriedade
dos lugares de cura, estâncias termais ou termas, com os aspetos pitorescos das
suas paisagens, com a qualidade e conforto do seu alojamento, com as atividades de
recreação e de lazer, colocados à época em escritos difundidos ao longo dos tempos
(Ramos, 2005).
O reconhecimento dos métodos terapêuticos da água termal por um lado, e a
ausência de meios de cura alternativos, levaram à construção de vários hospitais de
dimensões consideráveis, junto às fontes termais. Entre os mais importantes, na
Europa, do ponto de vista arquitetónico, conta-se o Hospital Termal das Caldas da
Rainha, em Portugal, inaugurado na primeira metade do século XVIII.
Com a evolução dos tempos, as termas – com a mesma origem das “thermae” - têm
registado mudanças significativas, quer no que concerne aos principais objetivos de
utilização, quer aos estilos da arquitetura e monumentalidade que passaram a
acompanhar os espaços termais.
É um facto verosímil, que este conjunto de fatores muito contribuiu para o
desenvolvimento de um novo conceito de vila termal, que manifesta uma clara
tendência para se expandir fora das localidades já construídas, acedendo assim a um
estatuto de extraterritorialidade, tão desejado pelos apelidados ‘curistas’, ao longo do
século XIX. Este novo ordenamento espacial das termas procurou preservar os
espaços e as construções termais, mantendo-as deslocadas dos centros e
populações locais, mas, contemplando-as com áreas verdejantes frescas e
saudáveis, unidas por frondosos caminhos. Tais particularidades dos territórios
termais foram sabiamente exploradas e oferecidas ao(s) público(s), num ambiente
emblemático, onde os hotéis se converteram em unidades de encanto a atrações
distintas.
Por toda a Europa de tradições termais, esta tendência é fluidamente repercutida,
favorecendo o esforço de um amplo número de estâncias termais, de dimensões
variadas, mais recentes, ou de maior tradição. É, porém, contraditório o retrato
apresentado do panorama termal português, na sua grande generalidade, ao longo
do século XIX, onde as carências se estendiam desde os estabelecimentos termais,
às unidades de alojamento, bem como à insípida investigação no campo medicinal,
hidrológico e geográfico das termas portuguesas (Ramos, 2005).
A cultura termal europeia foi profundamente influenciada por um passado antigo,
longo e fortemente voltado para o culto da água, onde a imaginação material foi
encontrando a matéria pura por excelência. Neste sentido, foi através da experiência
sempre inovadora de várias civilizações - egípcia, celta, gaulesa, moura e turca (entre
outras) – e baseada na herança greco-romana, que essa mesma água
(especialmente a água mineral) se tornou progressivamente na principal referência e
incremento da saúde e bem-estar dos cidadãos (Ramos, 2005).
Com a chegada dos Árabes, a hidroterapia conhece em Portugal novo fôlego, em
virtude da influência e do refinamento do mundo oriental, para quem o banho e a
ablução (lavagem total ou parcial do corpo; ritual religioso: purificação por meio de
água) faziam parte dos ritos religiosos e da vida quotidiana. Porém, com as invasões
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bárbaras, cai a penumbra sobre as estâncias termais portuguesas, levando a que, na
alta Idade Média, as termas entrem em decadência. As águas termais passam a ser
utilizadas com fins estritamente curativos e de aplicação bem localizada.
Aos cristãos, pregadores da maceração (mortificação do corpo por meio de jejuns e
outras penitências), coube a tarefa persistente e continuada de lançar o descrédito
sobre as termas, uma vez que estas, ao propiciarem o bem-estar do corpo, e o
relaxamento dos sentidos, eram consideradas como locais de pecado e de debilidade
da moral. Porém, é só com o eclodir do Renascimento, e com a descoberta da cultura
clássica, que a evolução do termalismo português recomeça. O surgimento da
filosofia e das artes greco-romanas, que deu origem à Idade Moderna, não foi
indiferente ao ressurgimento da velha hidroterapia (terapêutica com aplicação de
água) e crenoterapia (tratamento à base de águas minerais). As singelas termas
medievais foram, então, adquirindo uma vida bem semelhante à das antigas termas
romanas As termas passam, assim, a ser frequentados por nobres, não faltando,
porém, iniciativas para proporcionar curas termais aos indigentes. (Ramos, 2005).
Segundo Louro (1995), a viragem do século XIX para o século XX marca o início da
época de ouro das termas portuguesas. A ciência progrediu, os preconceitos vão
caindo e, talvez mais importante que tudo, o “ir a águas” entrou nos hábitos da gente
fina e culta.
Durante os anos vinte e trinta, tal como sucedia no estrangeiro, um frémito de
entusiasmo posterga as termas portuguesas, em que, saradas as feridas da 1ª
Grande Guerra, a sociedade procura divertir-se, esquecer, ignorar talvez, que a
ameaça de outra guerra se perfila no horizonte. De fora, chegam ecos de
luxuosíssimas estâncias termais com preciosos e sofisticados ambientes,
frequentados quer por magnatas da indústria, do comércio e da finança, quer por uma
aristocracia endinheirada. Aí, desbaratavam, numa noite, fortunas imensas, à volta
das roletas ou de mesas de jogo. A distância e a sua fama tornam-nas míticas,
portadoras de um prestígio que foi aguçando desejos e inflamando a imaginação. As
termas portuguesas enfeitam-se, então, com hotéis majestosos de primeira categoria,
casinos, parques românticos, decorações arte nova, arquiteturas de encantar.
Impõem-se como verdadeiros centros de lazer, locais de veraneio e de bem-estar,
onde se vai para brilhar, ou para receber o reflexo das estrelas de primeira grandeza,
que irradiam à sua volta uma espécie de feitiço (Louro, 1995).
Entre meados do século XIX e inícios do século XX, as termas configuram-se como
destinos turísticos privilegiados das elites portuguesas. Contudo, à semelhança do
processo evolutivo do turismo, que se foi democratizando, também o elitismo que
caracterizava as práticas termais se foi diluindo, verificando-se gradualmente um
maior acesso por parte de outras camadas sociais que não apenas as classes
abastadas. Surgem também, nesta época, as primeiras estâncias balneares
marítimas e o turismo passa a caracterizar-se pela procura do sol e praia (Costa,
2013).
As estâncias termais, cujo fulgor e atratividade se reduziu substancialmente a partir
da década de 1930, têm vindo, recentemente, a modernizar as suas instalações e a
incluírem novos serviços, no sentido de se enquadrarem neste novo segmento de
turismo que vem responder às novas necessidades da procura: o culto e o bem-estar
do corpo e da mente em resultado das exigências do ritmo de vida das sociedades
urbanas modernas (Costa, 2013).
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A atração das estâncias termais assentava cada vez mais nas diversões, na vida
social, no conforto dos hotéis, na comodidade dos clubes, na beleza dos parques
como destinos turísticos e não apenas como lugares de cura. Toda a sumptuosidade
destes lugares, associada ao poder económico e social dos utentes fizeram destes
territórios ”magníficos lugares de revitalização (…) de uma aristocracia poderosa, de
uma burguesia enriquecida a partir do comércio nacional e internacional e da
atividade industrial” (Ramos, 2005).
Porém, o brilho da época dourada das termas vai-se, aos poucos, cobrindo de uma
névoa sépia, que as vai colocando numa onda obscura, algo prolongada. A partir dos
anos quarenta (do século XX), a crise do termalismo expande-se praticamente por
toda a Europa, assolada pela guerra. São inúmeras as termas que se vêm obrigadas
a encerrar as suas portas, outras vão-se degradando até atingirem estados de
conservação irreversíveis. Embora Portugal se tivesse mantido afastado do conflito
bélico, acaba por sofrer as consequências do mesmo. Refugiados de guerra são
colocados em alguns centros termais – Caldas da Rainha e Ericeira – mascarando,
deste modo, a fase de estagnação então vivida (Ramos, 2005).
Idosa e doente, a população termal portuguesa era, por outro lado, de origem
predominantemente nacional. Daí o desinteresse sentido no investimento, num sector
que encontra todas as barreiras para competir com os grandes pólos de atração
turística. A distribuição geográfica das termas funciona, igualmente, como um fator
negativo uma vez que grande parte das termas se situa no interior norte e centro.
Cientes de que o turismo estrangeiro procura o litoral e o sul, as termas vêem-se
abandonadas a si próprias, aguardando uma revitalização tão urgente quanto
necessária, transformando-se em locais por onde se passa, numa espécie de
romagem de saudade, projetando no passado a grandeza e o fausto que o presente
teima em negar. Envolvem-se em melancolia, tornam-se cenários ideais para contos
fantásticos, e afastam a verdadeira vida para longe (Louro, 1995).
Em Portugal o paradigma do Lazer associado ao termalismo prevaleceu até ao
primeiro quartel do Século XX. Contudo, a partir desta altura uma nova cultura
associada à água começa a emergir: a cultura do sol e praia. Os fatores que
estiveram na base desta alteração paradigmática podem ser sumariados nos
seguintes pontos: (i) as termas começam a passar de moda; (ii) a moda da pele
‘branca e translúcida’ passa a dar lugar à moda do ‘bronze’; (iii) a cultura da
frequência termal passa a banalizar-se e a estender-se a todas as classes sociais e a
ser recomendada para fins terapêuticos, e, daí, as termas passam a ser frequentadas
e a misturarem pessoas doentes, com elites à procura de ambientes saudáveis e da
fruição de atividades de lazer e recreio; (iv) os povos, em particular, do norte da
Europa passam a criar um novo fascínio por regiões mundiais onde abundava o sol e
praias com água quente, em detrimento dos seus climas frios, enevoados com praias
de águas gélidas (Costa, 2013).
Numa ótica de revitalização turística, as termas portuguesas têm vindo a acompanhar
algumas tendências já sentidas em outros países europeus, onde em resposta a uma
procura, cada vez mais significativa das classes médias urbanas, as estâncias
termais se comportam como verdadeiros espaços de férias intimistas, restritivos e
repousantes, ao mesmo tempo que proporcionam avançados serviços orientados
para os cuidados do corpo. Tal panorama tem suscitado verdadeiros desafios aos
responsáveis, do Turismo e do Termalismo, dadas as potencialidades que se vêm
atribuindo às estâncias termais em Portugal. Por um lado, parece traduzir a
confirmação do rejuvenescimento dos utilizadores daqueles espaços e, por outro, a
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constatação do poder atrativo das mesmas, resultante da ambiência bucólica das
termas, normalmente afastadas dos grandes centros urbanos, o que se traduz em
situações propiciadoras de descanso e relaxamento (Ramos, 2005).
Outra componente cultural associada às termas reside no estímulo do termalismo
social que visa a utilização de tratamentos e atividades termais como forma de
tratamento social, isto é, compreende ações de apoio destinadas a um universo mais
fragilizado e economicamente debilitado. Esta forma de assistência social nas termas,
tem longa tradição no nosso país, remontando mesmo ao início da nossa
nacionalidade, facto também reforçado por ter sido em Portugal que foi criado o
primeiro hospital termal na Europa (nas Caldas da Rainha em 1485), cerca de três
séculos antes do que na Suíça (Schinzbach - 1787) e em Inglaterra (Buxton – 1859).
A procura por turismo de saúde é um fenómeno complexo que engloba culturas e
filosofias diversas, abordagens terapêuticas e psicológicas, cuidados e meios de
tratamento, valências de ordem sanitária e turística, situações geográficas nas quais
a quase totalidade das tipologias está representada: praia, planície, montanha, mar e
colina. O termalismo pode ser encarado como um fator de progresso e crescimento
que intervém a vários níveis, nomeadamente ao nível da saúde e do bem-estar das
pessoas, do turismo, do desenvolvimento económico e dos recursos naturais (Alpoim,
2010)
Mangorrinha (2000) afirma que o património termal deve ser preservado e revitalizado
através de ações de valorização executadas com plena consciência dos valores da
estética. A gestão da paisagem, procurando a salvaguarda e o incremento desse
potencial, passa por estancar de vez a ação dos “agentes da degradação” que têm
vindo a destruir o poder de atração das paisagens urbanas e rurais do nosso país.
Dado grande parte dos estabelecimentos termais se situarem em regiões menos
desenvolvidas, estas poderão ser encaradas como um fator de atenuação dos
desequilíbrios se forem estruturadas numa política regional que apoie a atividade
turística.
Os benefícios dos programas de animação termal, muitas vezes de responsabilidade
pública ou associativa, traduzem-se em benefícios psicológicos e sociais, uma vez
que fomentam relações de empatia, desenvolvem os contactos e o convívio e
melhoram o equilíbrio emocional e biológicos, porque reforçam a autonomia física
(Alpoim, 2010)
Mas a essência holística das termas mais tradicionais, ou mais modernas e
inovadores, visa prevenir, curar e/ou reabilitar a saúde, fomentar a boa forma física,
psicológica e social e melhorar a estética, tendo como objetivo promover o bem-estar
integral das pessoas – corpo, mente, espírito. Neste contexto, poder-se-á referir que
as estâncias termais são locais considerados apropriados para quem pretender
repousar e escapar a ambientes poluídos. Recomeçam a emergir como lugares
privilegiados para passar férias, dirigidos a um público diferenciado e a responder às
novas exigências da procura. (Alpoim, 2010)
Por despacho de 6 de Agosto de 1959, do então Ministro da Saúde e Assistência,
bem como do Secretário de Estado da Indústria, foram regulamentadas em Portugal
as bases em que deveria assentar a fiscalização das estâncias termais. Porém, e tal
como afirma Guimarães (1970), muito pouco foi feito no sentido de consolidar a
difusão dos hábitos termais, em camadas da população mais desfavorecidas. No
entanto, e contrariamente ao que seria de esperar instalaram-se algumas rotinas
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termais, em certos estratos populacionais, mas muito mais à custa de iniciativas
individuais do que de sistemas institucionais. A partir dos anos sessenta, a
assistência termal encontrava-se reduzida a algumas situações pontuais, tais como
(Ramos, 2005):
• Hospital Termal das Caldas da Rainha, que o Ministério da Saúde autorizou a
funcionar permanentemente, desde 1963;
• Palace Hotel, de São Pedro do Sul, adquirido pelo Ministério das
Corporações, com o firme objetivo de permitir a realização de colónias de
férias;
• Estância Termal de Manteigas, adquirida pelo Ministério das Corporações;
• Estância Termal de Entre-os-Rios, também adquirida pelo Ministério das
Corporações;
• Possibilidade dos pacientes e utentes solicitarem declarações referentes aos
tratamentos efetuados de modo a ser ressarcidos pelas Caixas de
Previdência.
Por toda a Europa se vivia, no início da década de setenta, o intenso e louvável
fenómeno do termalismo social, que manifestava pleno vigor e benefícios importantes
para as populações, com especial relevo na França e Alemanha. A uma grande parte
dos cidadãos, pertencentes a organizações sindicais, era facilitada a possibilidade de
utilizarem a balneoterapia, praticamente gratuita. Porém, em Portugal, só nesta altura
se começavam a manifestar ténues passos para este fenómeno de cariz social,
embora ainda discretamente, (através da A.D.S.E., de algumas Agremiações e
Sociedades Públicas ou Privadas, alguns Ministérios, etc.), não sendo possível, por
isso mesmo, considerá-lo um fenómeno generalizado (Ramos, 2005).
Apenas a partir de Janeiro de 1974 passou a proceder-se à comparticipação do
termalismo através da Segurança Social e, em articulação com os concessionários
dos diferentes estabelecimentos termais. Por despacho ministerial de 1 de Março de
1976, são aprovadas as normas regulamentares de integração do termalismo no
esquema de prestações de ação médico-social. Tais normas contemplavam o
reembolso das despesas relativas às inscrições nos estabelecimentos termais,
consultas médicas e tratamentos prescritos, subsídios para despesas de transporte,
alojamento e alimentação, desde que prescritas por médicos em função de relatório
médio de acompanhamento dos tratamentos (Ramos, 2005).
É na década de noventa que o “Turismo Social” se começa a afirmar como um meio
propulsor do desenvolvimento pessoal, e como uma forma de promoção da cidadania
europeia, facilmente se compreende a sua propagação pela geografia da Europa,
consagrando o tempo de “não trabalho”, e defendendo a possibilidade do “livre lazer”,
como uma das maiores aquisições das sociedades democráticas, quer no plano
ideológico, quer no plano programático e legal. É em 1995 que é criado em Portugal
pelo INATEL o programa “Saúde e Termalismo Sénior”, verdadeira manifestação de
uma prática plenamente inovadora e democrática.
Este programa social, tenta, além de contribuir para a promoção da qualidade da
sociedade portuguesa, conciliar duas importantes realidades: (i) facultar a deslocação
às estâncias termais de pessoas com mais de sessenta e cinco anos, e com
necessidade de tratamentos, e (ii) possibilitar a estadia de tais cidadãos em zonas
que, sendo termais, se revestem de grande interesse turístico-cultural, procurando
associar deste modo, o tratamento e os tempos livres (Ramos, 2005).
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O programa “Saúde e Termalismo Sénior” afirmou-se como um veículo de
desenvolvimento do termalismo português, em virtude de ter permitido o alargamento
do período de funcionamento, com a implícita redução da sazonalidade, nas
estâncias termais que aderiram ao programa, circunstância esta extremamente
benéfica numa tripla perspetiva: (i) maior rentabilização das estâncias termais; (ii)
aumento do número de visitantes/aquistas e, consequentemente, do volume de
negócios; e (iii) contributo para a rentabilização e preservação das instalações
hoteleiras e termais (INATEL, 2002).
Na verdade o Programa “Saúde e Termalismo Sénior”, mais do que colocar ao dispor
dos utentes atividades de lazer e bem-estar, tem pretendido contribuir, de uma forma
direta, para a qualidade de vida dos utentes, mediante a prestação de terapias
termais aos participantes que tenham sido objeto da sua prescrição médica.
A modernização das infraestruturas, a aposta na requalificação dos recursos
humanos e na qualidade dos serviços prestados, bem como o acréscimo e o incentivo
atribuído à divulgação da oferta parecem estar a dar os seus frutos. Muito há ainda a
fazer ao nível de uma maior adequação da oferta termal às motivações da procura,
no sentido de tirar partido de algumas características únicas das estâncias termais
portuguesas, como sejam o seu clima, as suas paisagens - património natural - a sua
cultura, a sua história e o seu património construído – bases estruturantes de
qualquer destino turístico.
Torna-se, assim, evidente, a necessidade de uma maior agressividade e originalidade
em termos de marketing, fundamentalmente, no que diz respeito à comercialização
dessa oferta nos mercados nacional e internacional, procurando potencializar as
características ou mais-valias referidas. Por outro lado, tal aposta no reforço da
qualidade da oferta terá que ser estrategicamente encarada e percebida como uma
vantagem competitiva (e ainda diferenciadora), uma vez que pesa decisivamente nas
opções de escolha dos consumidores (Ramos, 2005).
Entre os inúmeros fatores que explicam políticas nacionais divergentes, no continente
europeu, dois parecem porém emergir. O primeiro contempla a importância e as
dinâmicas introduzidas pela indústria das águas, em estreita ligação à atividade
termal, em várias sociedades europeias. Este fator, revelando-se determinante no
fracasso das frágeis indústrias inglesas e americanas, revelou-se de grande projeção
e sobrevivência no termalismo alemão. Porém, no caso da França, e do seu
termalismo essencialmente medicinal, sugere-se ainda um outro fator crítico: a
natureza da relação entre a denominada elite académica da profissão médica, e o
termalismo institucional e científico.
A conceção do termalismo é vista, então, com uma dupla função: a função lúdica e a
função social. Lúdica, porque as estações organizadas em torno de verdejantes
parques e jardins, se constituíam, fundamentalmente, como lugares de repouso, de
retorno e reencontro com a natureza mas, também, como lugares por excelência, de
distração, à semelhança do que se constatava nas estações turísticas junto ao mar, e
nas estações de montanha. A partir daquela época, a função social do termalismo
passa a traduzir-se por uma abertura cada vez maior aos diferentes estratos da
sociedade, (Ramos, 2005).
A experiência termal foi-se desenrolando a diferentes níveis, e a perceção das águas,
dos rituais de cura e de vilegiatura (temporada fora de casa em passeio,
principalmente na estação quente) dos próprios aquistas, foi variando igualmente, ao
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grado das tendências das diferentes épocas. Todavia, tal variedade de visões e de
sensibilidades reduz-se a alguns protótipos ou paradigmas que, parecendo opostos,
deambulam entre o fascínio das águas possuidoras de características e de forças
originais, e as mundanidades dos casinos.
Às águas primordiais, muitas vezes impercetíveis para os espíritos mais superficiais,
foram-se sobrepondo, ao longo dos tempos, alguns rituais sociais, segundo ritmos
quase imutáveis, onde os hotéis, as termas, os parques e, de forma notória, os
casinos, aparecem como palcos privilegiados. Ao lado dos jogos característicos dos
casinos – como a roleta e as máquinas – slow-machines – onde a sorte sobressaía
com uma posição primordial, surgiam os jogos de cartas e os bilhares, também com
uma forte inserção. Este aspeto lúdico foi constituindo um conjunto de atividades de
entretenimento, durante longos períodos, que só o medo de perder fortunas constituía
o limite psicológico da frequência de tais lugares (Ramos, 2005).
Recentemente, as estâncias termais têm vindo a evoluir de simples locais procurados
para obtenção de curas ou de descanso, para resorts de SPA sofisticados que
incluem infraestruturas que proporcionam experiências únicas ao nível de tratamentos
de saúde, cuidados de embelezamento do corpo, gastronomia, relaxe do corpo e da
mente, bem como meios de alojamento de qualidade superior ao nível das
instalações e dos serviços proporcionados (Costa, 2013).
No caso de S. Pedro do Sul deve-se salientar a tradição na frequência termal secular
da fruição termal que continua, ainda nos nossos dias, a afirmar as Termas de S.
Pedro do Sul como as mais importantes em termos nacionais, na media em que
recebem o maior número de aquistas e cerca de 45% a 50% desse número verificado
na totalidade das termas nacionais.
Nas termas de S. Pedro do Sul a dinamização das suas instalações e espaços
públicos é assumido como um elemento importância para a afirmação da sua oferta e
aumento da satisfação dos aquistas, clientes e visitantes, desse modo é desenvolvido
um programa anual de animação que contribui não só para a ocupação dos tempos
livres dos aquistas mas também para a preservação cultural do território, mas
também para a disseminação da cultura material e imaterial da região de Lafões,
através da incorporação no programa de animação de artistas, associações e grupos
etnográficos da região.
A frequência das termas de S. Pedro do Sul regista-se numa perspetiva regular, na
medida em que grande parte dos aquistas são clientes fiéis e voltam todos os anos
para realizarem os tratamentos em função das suas necessidades. A frequência das
termas faz parte da cultura dos nossos antepassados e das classes mais idosas da
nossa sociedade, que se deslocam não só devido aos tratamentos (ainda que seja
este o principal motivo) mas também procuram novas atividades e ofertas
complementares que ajudem a ocupar o tempo livre de uma forma agradável, durante
os vários dias em que estão em tratamento.
Em termos sociais convém, ainda, salientar a ligação e afinidade que a deslocação
para as termas tem potenciado ao longo dos anos entre as classes de idade mais
idosas e mais jovens da mesma família, na medida em que os avós eram muitas
vezes acompanhados pelos netos nos seus tratamentos, aumentando a ligação
familiar e criando memórias agradáveis aos elementos mais novos da família que, no
âmbito de novas ações promocionais devem ser aproveitadas.
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1.8.
PRODUTOS REGIONAIS
Da Região de Lafões fazem geograficamente parte os concelhos de Oliveira de
Frades, Vouzela e São Pedro do Sul, as freguesias de Cedrim e Couto de Esteves
(do concelho de Sever do Vouga), Alva e Gafanhão (do concelho de Castro Daire) e
parte das freguesias de Bodiosa e Ribafeita (do concelho de Viseu). Esta região
possui características próprias que a distinguem das regiões vizinhas. O geógrafo
Amorim Girão Leite de Vasconcelos considera que ela constitui "um todo homogéneo,
correspondendo a uma verdadeira região natural", e ainda que "existe uma unidade
territorial ou sub-região denominada Lafões" (CM São Pedro do Sul).
Remontam a recuadas épocas pré-históricas os primeiros sinais de povoamento. Por
toda a Região de Lafões, restam vestígios de populações neolíticas, que, sobretudo
em pontos elevados de terras graníticas, construíam as suas habitações, inumavam
os seus mortos em dólmens e mamoas e, nas pedras das encostas dos montes,
gravavam sinais, provavelmente relacionados com os monumentos funerários.
Por toda a Região se encontra um valioso património, fruto de uma paixão milenar do
Homem por estas terras, marcas de outros tempos, desde a Pré-história (numerosos
vestígios do Megalitismo), à cultura castreja e domínio Romano, à época Medieval e à
presença Judaica. São também construções religiosas de diversas épocas, casas
solarengas e jardins, casas rústicas e aldeias escondidas. Das aldeias típicas
destaca-se as aldeias da Pena, do Fujaco, de Covas do Monte, Covas do Rio,
Manhouce, Coelheira, Nodar.
A forte presença da água foi um fator determinante para a ocupação destas terras,
uma vez que, sendo uma garantia de fertilidade, permitia a prática agrícola, senão
como principal fonte de rendimento, como atividade complementar. Os rios,
nomeadamente o Vouga, são as linhas de água representativas deste elemento
sendo, no entanto, de referir, que este território é abundante em recursos hídricos.
Na Região Dão Lafões existe um conjunto significativo de produtos agroalimentares
de qualidade (inclusivamente reconhecida através de certificação). Estes têm origem
no trabalho agrícola, na exploração pecuária e em processos de transformação
baseados em técnicas ancestrais, transmitidas ao longo de gerações, culturalmente
ligadas às especificidades do território (características do solo, relevo, clima mas
também diferentes formas de apropriação pelas “gentes” que o ocuparam/ocupam).
Não obstante, muitos destes produtos são quase desconhecidos fora do contexto
geográfico de produção, por razões ligadas aos reduzidos níveis de produção, à
debilidade dos canais de comercialização/divulgação, à desvalorização económica de
algumas destas produções (pelos próprios produtores) e ainda às dificuldades ao
nível técnico (na produção e transformação, quando estão em causa regras
exigentes) e burocrático (principalmente na certificação do produto e no licenciamento
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das instalações de produção). Estas dificuldades são acrescidas pelo elevado nível
etário da maioria dos produtores.
Tendo sido os recursos naturais (agricultura e floresta) a principal fonte de rendimento
da população destas áreas, o respeito e o cuidado com a sua preservação, como
elementos essenciais à manutenção socioeconómica, são uma evidência no processo
de humanização da região. O património natural, histórico e cultural faz desta região
uma das mais procuradas de todo o país. Os circuitos, os roteiros animados e o
pedestrianismo promovem e contribuem para um turismo mais ativo.
Uma das grandes vantagens, em termos turísticos, do território de São Pedro do Sul
reside na sua localização geográfica e a quantidade de experiências diferentes que
pode proporcionar a quem o visita. Num raio de 25 quilómetros, existe a maior
estância termal da Península Ibérica e é possível usufruir da exuberância natural das
serras da Freita, Arada e S. Macário e das águas límpidas dos rios Vouga e Paiva. As
inúmeras aldeias típicas de granito e xisto, o vasto património arqueológico e os
desportos de aventura que os parques naturais oferecem são também opções
interessantes a ter em conta quando se trata de fugir do bulício dos grandes centros
urbanos.
Verifica-se, ainda, a existência de uma variedade de passeios pedestres no concelho
de São Pedro do Sul – são percursos sinalizados pela Câmara Municipal, por vezes
guiados, percorrendo paisagens belíssimas na serra da Arada, de contacto com os
percursos dos rios existentes e ‘entram’ nas tradições culturais através do contacto
com a arquitetura rural patente nas aldeias históricas, e da convivência hospitaleira
dos residentes.
O património cultural é, também, um campo de referência da identidade local, com
destaque para a gastronomia, tradições e artesanato. O valioso espólio de património
arquitetónico e os vestígios arqueológicos são, sem dúvida, o legado de maior valor
que aqui se encontra, atraindo não só turistas, como a comunidade científica,
importando realçar a sua dispersão por todo o território de intervenção. O artesanato
é, também, um ponto forte desta região, destacando-se a tecelagem, a transformação
de lã em trajes serranos (capuchas) ou elementos decorativos e o fabrico de
utensílios agrícolas, que ainda mantêm a traça tradicional
Lafões é uma terra de ricos costumes, onde a cultura popular assume um lugar de
destaque, mantendo uma das mais antigas tradições da região: a etnografia e o
folclore. Preservar os usos e costumes dos seus antepassados, associados à vida do
campo, aos trajes, aos cantares ou às danças é uma forte aposta das pessoas e
instituições da região. No âmbito deste esforço regional convém destacar: o Grupo
Etnográfico de Cantares e Trajes de Manhouce (ao qual pertence Isabel Silvestre
umas das principais dinamizadoras e reconhecida cantora de músicas populares), o
Grupo de Danças e Cantares de Vila Maior – Lafões, o Grupo Recreativo e Cultural
de Cantares de Sobral, o Grupo de Danças e Cantares da Serra da Gravia, o Rancho
Folclórico de Figueiredo de Alva, o Rancho Folclórico As Lavradeiras de Negrelos, o
Rancho Folclórico de Pesos do Sul, Rancho da Freguesia de Serrazes e o Rancho
Folclórico Pindelo dos Milagres.
A tradição cultural do território está intimamente relacionada com a religiosidade da
população, e que se reflete nas inúmeras construções de cariz e arquitetura religiosa,
patentes desde o período de instalação dos primeiros povos na região e com especial
destaque para as igrejas e capelas que se encontram em todos os aglomerados
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populacionais e mesmo em locais isolados tais como o convento de S. Cristóvão de
Lafões, capela de S. Macário de cima e a ermita S. Macário de baixo. De realçar
ainda as fortes tradições culturais (cristãs e pagãs), ritos e rituais, bem como mitos,
lendas e crenças que ainda hoje perduram no imaginário e na atualidade da
população residente e que transmite com paixão esse conhecimento histórico aos
novos residentes e visitantes.
Uma parte as danças regionais são danças de romaria, eram aprendidas nas grandes
romarias da região Centro e Norte, consumindo-se nalgumas delas vários dias de
caminho, pernoitando as pessoas em diferentes locais, aí nos serões, dançavam e
cantavam, com outros romeiros e residentes. Posteriormente essas danças e esses
cantares foram trazidos para todos os momentos de festa e alegria, inclusive durante
e depois dos trabalhos agrícolas: esfolhadelas, fiadelas do linho, vindimas, pisadelas
das uvas e tantos outros.
Na Região de Lafões, a Vitela Assada é o prato mais famoso, dada a qualidade da
carne e a mestria dos temperos, mas o Cabrito à Lafões (assado no forno de lenha),
os Rojões à moda de São Pedro, o Bacalhau com Broa e a Sopa de feijão com couve
à Lafonense, são outros dos pratos representativos da gastronomia regional. O Arroz
de Vinha-d’alhos ou o Arroz de Carqueja são também dignos exemplos da tradição
gastronómica regional e verdadeiras iguarias. De referir, ainda, os bons enchidos
(com especial destaque para a chouriça) e o presunto tradicional, assim como a broa
caseira.
Relativamente à doçaria regional salienta-se os famosos pastéis de Vouzela, o Pãode-ló de Sul, o Folar da zona, os Caladinhos e os Vouguinhas. De Vouzela além dos
pastéis, destaca-se ainda, as cavacas e queijadas.
O Vinho de Lafões produzido na área geográfica correspondente à Indicação de
Proveniência Regulamentada “Lafões” situa-se ao longo do Vale do Vouga,
abrangendo os concelhos de Oliveira de Frades, São Pedro do Sul e Vouzela. Um
vinho de transição entre os vinhos Verdes e os maduros do Dão. Com menos acidez
do que os vinhos Verdes, os vinhos de Lafões são igualmente muito frescos, mas
mais frutados e encorpados Os vinhos brancos são pouco alcoólicos, frutados, ricos
em acidez málica, com características próximas dos Vinhos Verdes, já os vinhos
tintos são vinhos com elevada acidez fixa e com largo poder de envelhecimento.
Derivada do vinho salienta-se ainda a aguardente produzida na região utilizando os
métodos tradicionais.
Região vinícola, possui uma tipicidade própria que lhe é conferida pelos aspetos
geográficos, climáticos e humanos, as vinhas encontram-se plantadas em socalcos,
em pequenas ou médias explorações, são extremes, contínuas, com o 1º arame a 80
cm do solo. No território é possível encontrar os seguintes produtos certificados: o
Vinho de Lafões, a Maçã e o Cabrito. Produtos que surgem na base da gastronomia
típica regional e como elementos diferenciadores e caraterísticos da marca de Lafões.
Ao nível do artesanato destaca-se a antiga estação de comboios de São Pedro do Sul
adquirida pela Câmara Municipal, que foi convertida numa Estação de Artes e
Sabores da Região. Funciona, neste local, sob coordenação da Associação de
Artesãos de São Pedro do Sul, uma oficina de tecelagem, com quatro tecelãs a
trabalhar diariamente e a empresa de Doçaria Regional que confeciona doces
tradicionais como o Pão-de-ló do Sul, os Bolos de Noz, Mel, Laranja e Maça e
Cenoura, além das queijadas de leite, folares, compotas e licores. A Estação de Artes
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e Sabores é também o principal ponto de exposição e vendas das tapeçarias e doces
produzidos no local e de vários produtos artesanais como azulejos pintados,
cerâmicas, cestaria e trabalhos feitos com raízes, madeira e cortiça.
As termas de São Pedro do Sul cresceram e modernizaram-se, sendo hoje as mais
frequentadas do país e afirmando-se, ao mesmo tempo, como um centro de turismo
que associa a saúde, o prazer, o desporto e o lazer, numa zona com amplos recursos
naturais e culturais, dotada de áreas de lazer, núcleo museológico e auditório, onde
se proporcionam diversos espetáculos. Esta estância termal destaca-se pelas
excelentes instalações (dois balneários termais, equipados com tecnologia de ponta
na área da balneoterapia) e pela variedade de tratamentos que disponibiliza, aliando
tratamentos terapêuticos a técnicas médico-termais e complementares.
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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
1.9.
TERMAS DE PORTUGAL
Em Portugal, o termalismo conta, como em outros países, com uma longa e irregular
história, que remonta ao tempo dos romanos com o seu culto pelos banhos como
forma de prevenção e recuperação da saúde, não só física mas também mental, e
como espaço e tempo de lazer e convívio social. O termalismo português nem
sempre acompanhou a evolução do resto da Europa. Os fatores que estiveram na
origem deste atraso prendem-se com as crises económicas que advieram das
guerras do século XX e com a explosão do desenvolvimento da medicina e da
investigação farmacológica (Alpoim, 2010).
Em Portugal, e segundo Lapa (2002 em Alpoim, 2010), a publicação do primeiro
diploma que veio regulamentar, autonomamente, a exploração das águas
mineromedicinais data de 30 de Setembro de 1892. De então para cá, só algumas
alterações sem relevância significativa foram efetuadas na redação do diploma. A
exploração das águas minerais é considerada como a exploração de um serviço
público onde predomina o termalismo de saúde e não o termalismo lúdico, porque a
lei ainda não facilita a adjudicação de alvarás de concessão que incentivam o turismo
ou o mero desfruto das águas.
Portugal é um país rico em águas minerais naturais, existindo cerca de 400 nascentes
hidrominerais qualificadas (Vieira, 1997) e um país que apresenta condições muito
favoráveis à prática do termalismo e que possui, por conseguinte, uma forte tradição
termal com cerca de 50 balneários distribuídos, na sua maioria, no Norte e Centro.
São conhecidos os efeitos benéficos que a hidroterapia tem para o corpo, quer se
trate de termalismo, talassoterapia ou com água doce. Assim como as dimensões ao
nível espiritual e mental que o relaxe do tratamento com base nas propriedades da
água.
A inovação nos serviços e produtos termais com novos programas de saúde e bemestar, atrativo para as elites e classes médias urbanas, permite a diversificação e a
renovação de clientelas e o desenvolvimento dos destinos turísticos para estadas
repousantes, longas ou curtas, em jeito de touring. Muitos projetos de renovação das
estâncias termais portuguesas integram-se nessa perspetiva multifuncional, ao
encontro de vários nichos de mercado.
Cavaco (1996) refere que em termos de atratividade e sustentabilidade, nas suas
múltiplas vertentes, os investimentos verificados na oferta termal de turismo de saúde
e bem-estar revelam-se importantes, e a sua abertura a produtos turísticos
compósitos de base local e regional, cujas componentes se completem e reforçam
mutuamente, são cada vez mais globais e têm forte componente territorial.
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Em termos de sustentabilidade total, a evolução recente de muitas estâncias termais
tende a combinar recursos com ofertas variadas e mais modernas. Note-se que o
turismo termal permite ocupar uma importante capacidade hoteleira no interior do
país mas que, apesar de algumas obras recentes de recuperação, ainda está longe
de alcançar, na generalidade, os padrões de qualidade que uma procura cada vez
mais exigente espera encontrar (Alpoim, 2010).
Embora em termos genéricos a oferta termal portuguesa seja pouco atraente verificase que algumas estâncias vão apostando na sua modernização e qualificação,
esforço que se tem refletido nos seus resultados, ainda que se verifique um
decréscimo generalizado na procura pelas estâncias termais. Em Portugal, cerca de
metade dos balneários termais foram concessionados a empresas privadas, que
também asseguram a sua gestão; nalguns casos, no entanto, a concessão e
exploração são da responsabilidade de instituições públicas, tais como o INATEL,
Câmaras Municipais e até de Juntas de Freguesia.
O termalismo pode ser encarado como um fator de progresso e crescimento que
intervém a vários níveis, nomeadamente ao nível da saúde e do bem-estar das
pessoas, do turismo, do desenvolvimento económico e dos recursos naturais. Na
medida em que o seu desenvolvimento deve ser suportado na existência de um
património natural singular e num património arquitetónico de grande valor, que no
entanto carece de um esforço na sua necessária remodelação, atualização e
qualificação, adaptando-se às novas tendências e expectativas de mercado, cada vez
mais exigente e informada
A competitividade das termas em Portugal passa pela aposta na complementaridade
entre os tratamentos termais, reforço desta componente em termos de turismo
médico, e a aposta na componente do turismo de bem-estar, com o intuito de se
poder atender adequadamente os novos segmentos de mercado, que procuram
melhorar a sua saúde, uma melhoria da qualidade de vida e do relacionamento
interpessoal.
O Turismo de Portugal (www.turismodeportugal.pt), com base em informação
disponibilizada pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e pela Associação
das Termas de Portugal (ATP), divulga anualmente um relatório (Termas de Portugal
em…) com uma análise relativa à oferta e à caracterização da procura nos
estabelecimentos termais portugueses.
Em 2011, o termalismo clássico com 57 mil clientes, continua a registar decréscimos
(menos 10% face a 2010, ou seja, cerca de menos 6 mil aquistas). Esta modalidade
representou 58% da procura total do ano passado. O segmento de bem-estar e lazer
com 41 mil utentes representou 42% da procura total em 2011 e aumentou
significativamente (+36%, ou seja, +11 mil clientes). O termalismo clássico
caracteriza-se por ser uma atividade vincadamente sazonal para todas as regiões,
com o terceiro trimestre a registar 47% da procura total, deste segmento.
A região Centro concentrou 56% de aquistas clássicos e 44% dos que optaram por
programas de bem-estar e lazer, sendo que as termas de S. Pedro do Sul a principal
responsável pela importância da região Centro uma vez que representaram 28% da
procura total do país e 45% da região Centro.
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Se seguida apresentam-se as principais caraterísticas geológicas das termas
nacionais mais importantes de acordo com a informação da direção Direcção Geral
de Energia e Geologia (www.dgeg.pt):
• Caldas do Gerês localizam-se na região granítica do Minho, na serra do
Gerês, na zona Centro-Ibérica do Maciço Hespérico. O vale do rio Gerês
produz cascatas e rápidos pelo desnivelamento brusco dos blocos graníticos
que constituem o seu leito. As águas brotam num grande e compacto
afloramento de granito vermelho, que forma uma muralha quase a pique, de
algumas dezenas de metros de altura;
• Termas de Monfortinho localizam-se na zona Centro-Ibérica do Maciço
Hespérico, na região da Beira Baixa. A área onde estão situadas as principais
emergências das Termas de Monfortinho situa-se no extremo sinclinal de
Penha Garcia, que se prolonga para Espanha. A ascensão de água, facilitada
pela temperatura (que induziria uma menor densidade da água) e pela
fracturação intensa seria efetuada na zona das Termas. A temperatura
máxima de emergência registada foi de 28.2º C na Fonte Santa. Em resumo,
todo o circuito hidromineral das águas de Monfortinho será efetuado em
reservatório quartzítico, à exceção da zona de descarga em que há contacto
hidráulico com as formações aluvionares;
• Termas da Curia localizam-se numa zona de relevo suave, correspondente à
planície aluvionar do vale do Cértima e seus afluentes. Esta baixa aluvionar,
situada à cota média dos 35m. O modelo conceptual do aquífero hidromineral
poderá consistir na infiltração das águas meteóricas nas formações gresosas
ou greso-calcárias ou calcárias a cotas da ordem dos 100m e circulação ao
longo destas mesmas formações devido à carga hidráulica existente;
• Termas do Luso situam-se na Serra do Buçaco, que separa as bacias
hidrográficas do Vouga e do Mondego, fazendo-se a escorrência através das
linhas de água que se iniciam praticamente no contacto dos quartzitos com
os xistos. As nascentes termais do Luso situam-se no sinclinal silúrico de
Penacova. O aquífero quartzítico é, em quase toda a sua extensão, do tipo
aquífero livre; apenas na sua parte terminal, quando os materiais
impermeáveis do Carbónico se sobrepõem aos materiais ordovícicos, o
aquífero hidromineral fica isolado, adquirindo as características de um
aquífero cativo ou confinado passando, portanto, a ter uma pressão superior
à pressão atmosférica (saturando completamente todos os espaços vazios do
material litológico que contém). O facto de estas águas serem muito pouco
mineralizadas, coloca em hipótese o facto de esta água ser de origem
meteórica.
• Termas de Vidago situam-se na bacia com o mesmo nome, correspondendo
a um vale de fratura com um comprimento de 4km por 200 a 500m,
apresentando a largura máxima na parte norte. A litologia das formações na
Bacia de Vidago é constituída essencialmente por rochas cristalinas com
coberturas descontínuas de aluviões e depósitos de vertente. O circuito
hidrotermal é condicionado por numerosos fatores inerentes às
características do meio geológico em que se insere. Coexistem e interagem
localmente vários aquíferos;
• Caldas do Cró localizadas no Maciço Hespérico, na zona Centro-Ibérica, as
Caldas do Cró situam-se numa área topograficamente bem marcada, em
região de natureza essencialmente granítica, com afloramentos dispersos e
ocasionais de xistos alterados e dominada por uma família de falhas. As
emergências ocorrem em zonas em que a percolação está intimamente
relacionada com a fracturação superficial e com o grau de alteração das
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•
•
formações graníticas, nomeadamente com a sua colmatação com materiais
resultantes da meteorização;
Termas de São Vicente localizam-se na zona Centro-Ibérica do Maciço
Hespérico. Encontram-se numa zona fortemente dominada por granitos, em
que a rede de drenagem é dendrítica-retangular. A nascente termal de S.
Vicente está ligada a uma fratura com direção sensivelmente N-S, que, em
parte, está coberta por aluviões da Ribeira de Camba, que também tem uma
orientação preferencial N-S.
Termas de São Pedro do Sul situam-se na zona Centro-Ibérica do Maciço
Hespérico, fica situada no batólito de granitos sin-cinemáticos que da Serra
da Freita se estendem até às proximidades de Viseu. S. Pedro do Sul
encontra-se localizado numa zona constituída principalmente por granitos,
aflorando igualmente xistos. O modelo de circulação hidrotermal considera
que a água da chuva penetra parcialmente os granitos superficiais altamente
fraturados. A água meteórica infiltra-se através da falha de Ribamá, circula
em profundidade, sofre um processo de aquecimento, após o que emerge na
margem esquerda do rio Vouga.
Quadro 1.1. Estâncias Termais em Portugal
Fonte: ATP e DGEG
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1.9.1.
ASSOCIAÇÃO DAS TERMAS DE PORTUGAL
A Associação das Termas de Portugal (ATP) (www.termasdeportugal.pt) surgiu em
1996 em resultado do processo de reestruturação da ANIAMM - Associação Nacional
dos Industriais de Águas Minero Medicinais e de Mesa. Atualmente conta com um
universo de 38 associados, a ATP visa a promoção e o desenvolvimento técnico,
económico e social do termalismo e das termas portuguesas.
A Associação tem por fim o estudo e desenvolvimento dos interesses relativos ao
termalismo e às estâncias termais, competindo-lhe promover e praticar tudo quanto
possa contribuir para o respetivo progresso técnico, económico ou social e
nomeadamente:
• Valorizar, a nível nacional, a projeção socioeconómica dos sectores
integrados,
• Unir todos os associados com vista à defesa dos seus legítimos interesses e
ao exercício comum dos seus direitos e obrigações,
• Representar os associados junto de quaisquer entidades públicas ou
privadas, bem como de organizações patronais e de trabalhadores,
• Possibilitar um diálogo objetivo, eficaz e fundamentado com as organizações
de trabalhadores em ordem à obtenção de um clima saudável de paz social,
• Efetuar estudos económico-jurídicos, de mercado, técnicos e outros
destinados a promover um harmónico crescimento do sector,
• Possibilitar e fomentar as ligações e contactos com organismos similares e
estrangeiros,
• Apreciar e fomentar as iniciativas de interesse para o sector,
• Diligenciar no sentido de se obter uma disciplina do sector sem menosprezo
de uma sã concorrência.
Para atingir estes fins, a ATP integra, além dos membros associados (empresas e
entidades, públicas e privadas, que se dedicam, em território nacional, à gestão e
exploração de balneários termais) os designados membros aliados (empresas e
entidades, públicas e privadas, que desenvolvem atividades conexas com o
termalismo, a hotelaria da estância termal propriedade de terceiros, os
estabelecimentos de talassoterapia e as estâncias climáticas).
De salientar que a ATP foi promotora e dinamizadora, nos anos recentes, de um
conjunto de atividades de investigação e de estudos visando o conhecimento do
mercado de Saúde e Bem-Estar e o posicionamento e definição de estratégias de
desenvolvimento para os agentes nacionais, numa lógica de benchmarking, face às
experiências e resultados de outros destinos. Os principais resultados desses
trabalhos foram objeto de compilação e sistematização na publicação recentemente
editada em colaboração com a Universidade Católica Portuguesa, intitulada Turismo
de Saúde e Bem-Estar (Medeiros & Cavaco, 2008).
A ATP participa em várias organizações associativas e de outros âmbitos das quais
se destacam:
• De âmbito nacional:
Membro da comissão de acompanhamento do "Programa Saúde e
Termalismo Sénior",
Membro do conselho de administração do Cinágua - centro de formação
profissional para a indústria do engarrafamento e termalismo,
Membro da CT 144 - comissão portuguesa de normalização para o
turismo,
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•
Membro da Confederação do Turismo Português (CTP),
Associada da entidade regional de Turismo do Centro de Portugal,
Associada da entidade regional de turismo do Porto e Norte de Portugal,
Membro da CAT - Comissão de Avaliação Técnica do termalismo da
direção geral se saúde,
Parceiros do Turismo de Portugal no desenvolvimento da estratégia do
produto Turismo de Saúde e Bem-Estar.
De âmbito internacional:
Vice-Presidentes da ESPA - European Spas Association,
Membro do Wg2/Tc228 Iso Spa Services, grupo de trabalho Iso para a
criação de padrões (standards) de qualidade para os serviços termais,
serviços de talassoterapia e serviços de "Wellness Spas",
Membros do Comité Assessor da Termatália.
PROVERE – Valorização das Estâncias Termais da Região Centro
A relação entre Turismo e Saúde é evidente, com cada vez mais pessoas
interessadas em usufruir de férias ou períodos de lazer com valor acrescentado.
Sentir-se saudável já não é suficiente. A prioridade deve ser dada à constante
procura da promoção da saúde e da qualidade de vida. As pessoas querem sentir-se
bem e viver experiências que perdurem no tempo. É neste contexto que surge, no
âmbito das estratégias internacionais de desenvolvimento turístico, uma aposta clara
no Turismo de Saúde e Bem-Estar, que, tal como definido pela Organização Mundial
de Turismo inclui o conjunto de atividades desenvolvidas com vista a proporcionar
cura e bem-estar através da utilização de recursos naturais e que implicam
deslocação e estadia em unidades de alojamento (ATP, 2008).
A Associação das Termas de Portugal promove atualmente um projeto de
desenvolvimento aplicada para um conjunto de termas das Região Centro de Portugal
no âmbito do estímulo para a criação de uma Estratégia de Eficiência Coletiva (EEC)
PROVERE designada de “Valorização Económica das Estâncias Termais da Região
Centro” (www.termas.provere.pt) baseada no recurso endógeno das termas da
Região Centro.
Para assegurar o crescimento e valorização do mercado de termalismo, e dados os
recursos existentes e esforços que se têm vindo a verificar em algumas estâncias no
sentido da modernização e adaptação às novas tendências, deve-se atuar no sentido
de se alcançar, na maioria das estâncias termais, um grau de modernização elevado
e homogéneo (bem como a oferta de alojamentos que se encontra ao seu redor), que
permita competir no mercado internacional a partir de um conceito de Rede de
Estâncias Termais com uma oferta de qualidade e com elevado potencial turístico.
Foi com estes pressupostos que foi apresentada a Estratégia de Eficiência Coletiva
(EEC) Valorização das Estâncias Termais da Região Centro, que contempla,
atualmente um investimento total na ordem dos 240.420.201,00 Euros distribuídos
por 82 projetos públicos (35) e privados (47).
Após a identificação das estâncias termais da Região Centro como recurso
estratégico alvo, foi desenvolvido um trabalho estruturado de seleção de áreas com
possibilidade de dinamização e fortalecimento da base socioeconómica local e
regional, que pudessem promover o elevado potencial turístico e económico que lhes
está associado. Em síntese, e decorrendo dos trabalhos desenvolvidos, a estratégia
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PROVERE adotada pretende, de forma integrada, desenvolver um conjunto de
intervenções e trabalhos com os quais se procura contribuir, ao nível da região
Centro, para a implementação do PENT (Plano Estratégico Nacional do Turismo),
através da valorização económica de um recurso endógeno inimitável e emblemático,
as suas estâncias termais, localizadas na maioria em territórios de baixa densidade,
por via de um conjunto integrado de trabalhos, promovidos em rede e sob a égide de
um consórcio de 42 parceiros públicos e privados.
Para o efeito, a EEC Valorização das Estâncias Termais da Região Centro -integra
um conjunto de objetivos estratégicos que se afirmam como particularmente
necessários às especificidades e necessidades das estâncias termais da região
Centro:
• Reforço da competitividade, através da requalificação e sofisticação da oferta,
• Estruturação de produtos turísticos compósitos, através da integração dos
diversos elementos de atratividade que o constituem: Balneários Termais,
Alojamento, Gastronomia, Atividades de Animação, Património, Cultura,
Natureza para reforço de competitividade dos destinos termais como destinos
de Turismo de Saúde e Bem-Estar de excelência na Região Centro,
• Introdução de uma Rede de Estâncias Termais para dinamização
socioeconómica do território-alvo, como fator de atração da procura turística
nacional e internacional,
• Implementação de um Plano de Marketing estratégico com enfoque na
melhoria da eficácia e rentabilidade das ações de distribuição, comunicação e
comercialização e em estratégias de distribuição e comunicação assentes em
proposta de valor, visão estratégica por segmento de mercado, focalização
no canal Internet e gestão pró-ativa com o “trade” (distribuição turística) e
com os “prescritores”,
• Requalificação da envolvente natural e edificada das Estâncias Termais que
valorizem turisticamente o destino,
• Aposta na certificação da qualidade como fator de competitividade para a
valorização da oferta e como indutor de crescimento da procura,
• Aposta na investigação aplicada e formação especializada como fator de
competitividade para a diferenciação, valorização e qualificação da oferta.
A Estratégia de Eficiência Coletiva (EEC) abrange dezasseis das vintes estâncias
termais da Região Centro, e que são: Curia, Vale de Mó, Luso, Monfortinho,
Sangemil, Alcafache, Fonte Santa, Caldas da Rainha, Cró, São Pedro do Sul,
Carvalhal, Salgadas, Manteigas, Felgueira, Longroiva e Vimeiro. Deste modo, a
estratégia PROVERE abrange quinze municípios: Anadia, Mealhada, Idanha-a-Nova,
Tondela, Viseu, Almeida, Caldas da Rainha, Sabugal, São Pedro do Sul, Castro
Daire, Batalha, Manteigas, Nelas, Meda e Torres Vedras.
O objetivo final passa por consolidar os destinos turísticos de saúde e bem-estar com
valor acrescentado, que potencia a utilização das caraterísticas da água mineral
natural existente com supervisão médica de modo a gerar confiança nos
consumidores e mercados, complementarmente esta oferta deve ser integrada na
oferta de outras equipamentos e recursos existentes no meio envolvente das
estâncias termais, maximizando o valor acrescentado associado.
Com os projetos âncora definidos no âmbito da estratégia PROVERE pretende-se
assegurar o desenvolvimento de um conjunto de trabalhos, tendo por abrangência o
conjunto das Estâncias Termais existentes na Região Centro. Tais projetos têm por
objetivo assegurar uma ação integrada e aglutinadora sobre esta rede de recursos
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inimitáveis do território alvo, tendo em vista a sua valorização económica, através de
um conjunto de intervenções referentes à sua qualificação, promoção e valorização.
Mas também, e tal como definido no enquadramento das EEC, com os projetos
âncora pretende-se assegurar a capacidade de arrastamento de outros projetos e
atividades, a partir da construção do capital simbólico (valorizando ou reaproveitando
o património histórico e cultural associado às estâncias termais), do aproveitamento
de recursos naturais para aplicações de alto valor acrescentado (através de "produtos
compósitos" de oferta turística e de produtos/serviços baseados em I&D) e de ações,
visando a atração de empresas, investimentos, novos residentes e visitantes (através
da um conjunto de ações promocionais, de qualificação/certificação da oferta de
produtos e serviços existentes e/ou criação de novos produtos e serviços e da
formação profissional).
Em termos de mercados a estratégia PROVERE Termas adotada prevê potenciar os
seguintes mercados através da aposta preferencial em determinados segmentos e/ou
canais de distribuição:
• Portugal
Consumidor final
Distribuição turística
Prescritores
Jornalistas
Corporate
• Espanha
Consumidor final
Distribuição Turística
Jornalistas
• Alemanha
Distribuição Turística
Prescritores
Jornalistas
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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
1.10.
ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO
Os sucessivos Governos Constitucionais têm identificado o turismo como uma
atividade relevante e com peso crescente na economia do país, considerando-o um
sector estratégico prioritário para Portugal. É ainda reconhecido, no âmbito dos
sucessivos Programas do Governo, o contributo deste sector para a valorização do
património natural e cultural, tal como para a melhoria da qualidade de vida dos
portugueses e para a atenuação das assimetrias regionais.
O turismo é encarado numa perspetiva de sustentabilidade ambiental, económica e
social, no quadro de um modelo de desenvolvimento que privilegie a qualidade, quer
seja a qualidade ambiental do destino turístico quer seja a qualidade dos
empreendimentos e serviços turísticos.
A estratégia do XIX Governo Constitucional (2011-2015) para o Turismo
consubstancia-se na diferenciação e autenticidade do serviço e do produto, com
presença numa combinação de mercados que reduzam as debilidades atuais de
concentração, mercados e produtos, através da incorporação de elementos de
inovação, eficiência na gestão dos recursos financeiros e regulação da atividade, com
vista ao reforço da competitividade e da massa crítica dos agentes económicos em
termos internacionais, propondo, entre outras, as seguintes medidas:
• Criar mecanismos e instrumentos de apoio às empresas turísticas, agindo
sobre os fatores da competitividade empresarial e de criação de valor e
empregabilidade;
• Reforçar a atratividade do turismo, nomeadamente pela articulação de
políticas com o ordenamento do espaço, o ambiente, os transportes, a saúde,
o mar e a cultura;
• Consubstanciar uma plataforma económica e logística que projete um
mercado alargado e reforce os fluxos turísticos de raiz atlântica;
• Reforçar a ação reguladora e a visão estratégica partilhada entre atores
públicos e privados;
• Dar maior expressão aos programas de turismo sénior, turismo para
emigrantes e turismo para cidadãos com deficiências e incapacidades,
turismo religioso e turismo de saúde;
• Apostar no crescimento da receita por turista, mais importante do que apostar
no aumento massificado do número de turistas;
• Simplificação da legislação do turismo com agrupamento num código do
turismo e das atividades turísticas.
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Complementarmente a estratégia do XIX Governo Constitucional (2011-2015) para o
Turismo considera a necessidade de proceder a uma aposta substantiva ao nível das
Marcas, Mercados e Produtos Turísticos, nomeadamente através das seguintes
ações:
• Apostar na ‘Marca Portugal’;
• Recuperar mercados estratégicos perdidos e afirmar o mercado interno como
prioritário;
• Promover novos conteúdos de valorização do destino Portugal em
cooperação com as indústrias criativas, com base na história, valores
partilhados e autenticidade do produto turístico.
Um outro grande desafio complementar para Portugal é o de olhar para o território
nacional (incluindo a agricultura, o mar, o ambiente e o ordenamento do território),
como uma imensa fonte de riqueza que precisa de ser trabalhada. Um país
empenhado no crescimento económico encontra nos seus recursos naturais e numa
boa organização territorial alicerces sólidos para o seu desenvolvimento. O Governo
compromete-se com a mudança de paradigma que permite ter uma visão integrada
do território e dos recursos naturais, vivos e não vivos, e com a promoção de um
desenvolvimento sustentável que aumente o potencial produtivo agrícola, dinamize o
mundo rural, permita realizar o valor potencial do mar português e encontre na
proteção e valorização do meio ambiente eixos sólidos para o crescimento.
O Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) é o
instrumento de desenvolvimento territorial de natureza estratégica que estabelece as
grandes opções com relevância para a organização do território nacional,
consubstancia o quadro de referência a considerar na elaboração dos demais
instrumentos de gestão territorial e constitui um instrumento de cooperação com os
demais Estados membros para a organização do território da União Europeia. Em
termos genéricos, o PNPOT vigente publicado em Setembro de 2007 (Lei 58/2007),
visa:
• Definir o quadro unitário para o desenvolvimento territorial integrado,
harmonioso e sustentável do País, tendo em conta a identidade própria das
suas diversas parcelas e a sua inserção no espaço da União Europeia;
• Garantir a coesão territorial do País, atenuando as assimetrias regionais e
garantindo a igualdade de oportunidades;
• Estabelecer a tradução espacial das estratégias de desenvolvimento
económico e social;
• Articular as políticas sectoriais com incidência na organização do território.
A linha de rumo que o Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território
(PNPOT) pretende imprimir ao país sistematiza-se em seis objetivos estratégicos, que
se complementam e reforçam reciprocamente:
1. Conservar e valorizar a biodiversidade e o património natural, paisagístico e
cultural, utilizar de modo sustentável os recursos energéticos e geológicos, e
prevenir e minimizar os riscos;
2. Reforçar a competitividade territorial de Portugal e a sua integração nos
espaços ibérico, europeu, atlântico e global;
3. Promover o desenvolvimento policêntrico dos territórios e reforçar as
infraestruturas de suporte à integração e à coesão territoriais;
4. Assegurar a equidade territorial no provimento de infraestruturas e de
equipamentos coletivos e a universalidade no acesso aos serviços de
interesse geral, promovendo a coesão social;
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5. Expandir as redes e infraestruturas avançadas de informação e comunicação
e incentivar a sua crescente utilização pelos cidadãos, empresas e
administração pública;
6. Reforçar a qualidade e a eficiência da gestão territorial, promovendo a
participação informada, ativa e responsável dos cidadãos e das instituições.
A visão estratégica e o modelo territorial propostos no PNPOT articulam-se com a
Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS), respeitando os
mesmos objetivos gerais de desenvolvimento económico, coesão social e proteção
ambiental. O modelo territorial do PNPOT é o quadro de referência nacional para a
implementação de um conjunto de estratégias nacionais e de planos sectoriais
associados, devendo orientar os modelos territoriais que vierem a ser definidos nos
âmbitos regional, sub-regional e local.
Em termos nacionais, ao nível do turismo, refere-se a necessidade de ‘implementar
uma estratégia que promova o aproveitamento sustentável do potencial turístico de
Portugal às escalas nacional, regional e local’, devendo passar, nomeadamente, pela
‘promoção de modelos de desenvolvimento de turismo para cada um dos destinos
turísticos e definição de mecanismos de articulação entre o desenvolvimento das
regiões com elevado potencial turístico e as políticas de ambiente e ordenamento do
território’ (PNPOT, 2007).
Para a região Dão-Lafões o PNPOT salienta as boas oportunidades de
desenvolvimento de produtos e serviços com elevada tipicidade (qualidade
específica) e potencial de valorização quer no mercado local, associado ao
desenvolvimento do turismo, quer em mercados distantes. A vitalidade e
sustentabilidade da região dependem, no entanto, de um desenvolvimento que
promova a multifuncionalidade e a qualidade específica da agricultura e, com ela,
todo o território.
Dão-Lafões tem vindo a revelar uma tendência de reforço do seu peso na economia
nacional, mas não ultrapassa os 1,7% do PIB (para 2,8% da população e 3,8% da
área) e encontra-se entre as 6 NUTS III de mais baixo PIB per capita (63% da média
nacional). Apesar de a agricultura ter vindo a perder a importância no contexto
económico regional devido à sua fragilidade competitiva, pode revelar-se no futuro
como um fator dinâmico para o desenvolvimento da região. Os cenários de
crescimento económico apontam para um problema de suporte à base económica
deste território.
No horizonte 2020, a indústria representará apenas uma pequena parcela do
crescimento, que será, deste modo, essencialmente terciário. No entanto, o
desenvolvimento do setor terciário, sobretudo na componente mercantil, poderá não
ser viável sem uma maior capacidade exportadora da indústria, sem o
desenvolvimento de serviços com procura extrarregional (turismo, serviços
empresariais) ou sem a expansão de serviços financiados a partir do exterior
(serviços sociais de financiamento público, ensino superior).
A estratégia de desenvolvimento proposta para a região Dão-Lafões consubstancia
os seguintes desígnios:
• Sustentar o dinamismo de Viseu, reforçando a sua articulação com as
cidades do Centro Litoral, e valorizar o seu papel estratégico para a
estruturação de um eixo de desenvolvimento que se prolongue para o interior
até à Guarda;
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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
•
•
•
•
•
•
Reforçar a dinâmica industrial do sistema urbano sub-regional, de forma a
suportar a base económica do território de Viseu;
Assegurar que a aposta de Viseu no ensino superior conduz à exploração de
sinergias entre as várias componentes para estimular um ambiente favorável
à investigação e ao empreendedorismo;
Explorar a posição estratégica de Viseu na rede de transportes nacional e
transeuropeia;
Preservar as condições de genuinidade dos produtos regionais de qualidade
e reforçar a sua projeção e imagem nos mercados nacionais e internacionais;
Fomentar o turismo através da criação de um produto turístico sub-regional
que combine o potencial existente nas múltiplas vertentes: cultura e
património, natureza e paisagem, turismo ativo, termalismo e turismo de
saúde, enoturismo, gastronomia;
Estruturar o sistema urbano sub-regional, apostando na especialização e na
complementaridade de equipamentos, infraestruturas e funções urbanas
suportadas por soluções eficientes e inovadoras de mobilidade.
O Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro (PROT-Centro) é
elaborado segundo o objetivo geoestratégico de afirmar a Região Centro como um
território portador de um contributo ativo e autónomo para a estruturação e
desenvolvimento sustentável do território continental numa lógica de combinação
virtuosa entre objetivos de competitividade e de coesão territoriais. Esta opção
corresponde a estruturar um modelo territorial que afirme a sua autonomia face às
regiões urbanas de Lisboa e do Porto, contrariando decisivamente o efeito tenaz que
as duas referidas aglomerações metropolitanas exercem sobre a Região Centro. O
modelo proposto realça as virtualidades do policentrismo urbano para o qual a Região
Centro está bem apetrechada, sem menosprezo da relevância inequívoca que o
triângulo urbano do centro litoral e a centralidade de Coimbra representam para
contrariar o mencionado efeito de tenaz.
O âmbito territorial do PROT-Centro inclui a área geográfica de intervenção da CCDR
Centro com uma extensão de 23.659 Km2, abrangendo 1 783 596 habitantes
distribuídos por 78 municípios. A estratégia para a Região Centro apresentada na
proposta preliminar constante no PROT Centro ressalta as seguintes prioridades de
intervenção:
• Reforçar os fatores de internacionalização da economia regional e a posição
estratégica da região para a articulação do território nacional e deste com o
espaço europeu;
• Promover o carácter policêntrico do sistema urbano, consolidando os
sistemas urbanos sub-regionais que estruturam a região
• Reforçar o potencial estruturante dos grandes eixos de comunicação de
forma a estimular complementaridades entre centros urbanos, em particular
nas áreas do interior, e a assegurar as ligações intrarregionais relevantes
para a coesão regional;
• Promover redes urbanas de proximidade que potenciem dinâmicas de
inovação e suportem novos polos regionais de competitividade, consolidando
as dinâmicas dos clusters emergentes;
• Promover a coesão, nomeadamente dinamizando as pequenas
aglomerações com protagonismo local ou supralocal e estruturando o
povoamento das áreas de baixa densidade;
• Aproveitar o potencial turístico, dando projeção internacional ao património
cultural, natural e paisagístico;
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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Mobilizar o potencial agropecuário e valorizar os grandes empreendimentos
hidroagrícolas da região;
Promover a competitividade e sustentabilidade do sector das pescas e
aquicultura;
Valorizar os recursos hídricos e recuperar a qualidade da água, concluindo os
projetos integrados de despoluição;
Assumir como prioridade estratégica a proteção, a valorização e a gestão
sustentável dos recursos florestais;
Explorar o potencial para a produção de energias renováveis;
Proteger e valorizar o litoral e ordenar as dinâmicas urbanas nesta área;
Ordenar os territórios urbanos e, em particular qualificar as periferias das
cidades e revitalizar os centros históricos;
Ordenar a paisagem, salvaguardando as áreas agrícolas ou de valia
ambiental da pressão do uso urbano/industrial e implementar estruturas
ecológicas de âmbito regional e local;
Ordenar as Áreas Protegidas, articulando níveis elevados de proteção de
valores naturais com o uso sustentável dos recursos, com benefícios
económicos e sociais para a população residente.
A Região Centro dispõe de uma diversidade de recursos endógenos (naturais,
culturais, patrimoniais, paisagísticos, gastronómicos, etc.) que a diferenciam no
contexto nacional e encerram um potencial económico que é importante valorizar.
Neste sentido, no âmbito do PO Centro (Programa Operacional Regional do Centro),
são privilegiados os recursos que sejam a base de uma parte significativa da
economia de um espaço sub-regional concreto, ou aqueles que sejam suporte de
redes temáticas de promoção ou, ainda, os que incentivem a emergência de
atividades que superem as dependências tradicionais das economias locais,
nomeadamente as de natureza rural.
A Região Centro encontra-se numa encruzilhada de potencialidades, e de desafios,
que necessitam de ser equacionados tendo em vista a sua evolução futura. Até à
atualidade, esta região tem vindo a ser pouco considerada e relevada no âmbito das
políticas nacionais, sendo vista, sucessivamente nos vários planos e estratégias
elaborados para o sector, como uma mera ‘Região de Passagem’, com ‘potencial’
para uma oferta orientada para a otimização de recursos fragmentados, aproveitados
através de uma interligação suportada em ‘tourings’ (Costa, 2013).
Pretende-se, portanto, desenvolver lógicas de articulação de recursos e objetivos,
procurando impactes territoriais concertados, como por exemplo, combinar as
intervenções no património ou na paisagem com a existência de fatores ligados à
economia do turismo. Especificamente para a unidade territorial de Lafões são
apontados os seguintes produtos turísticos: Touring Cultural e Paisagístico, Turismo
de Natureza, Gastronomia e Vinhos, Saúde e Bem-estar.
O elemento água é, sem dúvida, um dos elementos mais abundantes e mais
distintivos na Região Centro, e poderá, potencialmente, dar um contributo precioso na
organização e estruturação dos produtos turísticos da região, na criação de um
‘cluster turístico’ organizado que contribua no sentido de a afirmar, distinguir e
qualificar. De facto, a Região Centro é a região do país com maior abundância, e com
maior qualidade de oferta, ao nível do (i) termalismo e da (ii) neve. Para além disso,
esta região possui uma oferta relevante em termos de (iii) albufeiras e águas
interiores, bem como um potencial considerável ao nível da (iv) da náutica de recreio.
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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
Sendo assim, torna-se fundamental proceder-se à criação de uma oferta estruturada
de produtos tendo por base a água (Costa, 2013).
Figura 1.13. Esquema do Modelo Territorial da Região Centro
Fonte: PROT, 2011
A organização e a gestão do elemento água na Região Centro deve, contudo, tomar
em consideração que os produtos que a partir de si devem emanar, necessitam ser
organizados tendo por base cadeias de produto sólidas, economicamente
sustentadas, e suscetíveis de induzirem a criação de novas fileiras de investimento.
Como tal, estes produtos devem ser desenvolvidos em estreita ancoragem com a
cadeia produtiva do sector do turismo, de forma a serem devidamente suportados ao
nível dos elementos estáticos e dinâmicos do sector do turismo.
Em termos dos grandes segmentos de oferta com potencial de desenvolvimento na
Região Centro, podem elencar-se os seguintes (Costa, 2013):
• Turismo de Saúde e Bem-Estar
• Turismo Desportivo
• Turismo de Sol e Praia
• Experiências culturais e etnográficas ligadas à água
O posicionamento geoestratégico da Região Centro possibilita a viabilização e o
reforço de complementaridades e sinergias entre recursos turísticos, numa lógica de
organização da oferta, através da exploração em rede dos ativos culturais e
patrimoniais. A criação e consolidação de rotas regionais e o desenvolvimento de
atividades de animação, que associem o recreio e o lazer com o património cultural e
ambiental (natural), são a forma de potenciar, nesta perspetiva, os produtos
estratégicos definidos no Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT).
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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
Em contexto de uma próxima e eventual revisão do PENT, é necessário que produtos
turísticos representativos na região, tais como o Turismo Religioso e o Turismo
Náutico, tenham numa futura versão um maior acolhimento. Em termos de política
territorial têm-se destacado alguns vetores estratégicos.
A promoção de rotas culturais tem vindo a ser desenvolvida em torno dos ativos
existentes, entre outras:
• Rota das Aldeias Históricas,
• Rota das Aldeias do Xisto,
• Rotas de Vinhos
• Rota dos Escritores,
• Rede dos Castelos e Muralhas Medievais do Baixo Mondego,
• Circuito de Romanização do Território do Oppidum de Conímbriga,
• Rota da Lã,
• Rota do Património Judaico,
• Rota do Vidro,
• Rota da Arte Nova,
• Rota dos Complexos de Gravuras Rupestres do Vale do Côa,
• Rota do Médio Tejo.
Existe, ainda, potencial para o desenvolvimento de outras rotas culturais conforme
trabalhos já desenvolvidos no âmbito da CCDRC para a valorização do Património
Cultural na Região Centro. No âmbito do Turismo da Natureza têm sido
desenvolvidas ações relevantes de qualificação e valorização do Litoral, da Rede
Nacional de Áreas Protegidas, dos planos de água e das zonas ribeirinhas.
O Turismo de Saúde e Bem-Estar tem vindo a aumentar, prevendo-se que mantenha
o ritmo de crescimento no futuro. Em Portugal este produto representa 1,9% das
motivações dos turistas. O país e a Região Centro em particular, dispõe de termas
com serviços e atividades dirigidas aos turistas, assim como de Spas, ainda que em
número reduzido. Suportado na qualidade das águas, o segmento das termas é um
produto que devidamente projetado e estruturado pode ambicionar a criação de
ofertas com elevados níveis de diferenciação.
O Plano Estratégico Nacional para o Turismo (PENT) 2010-2015 (MEI, 2007) assume
o turismo como uma atividade complexa e visa promover uma política nacional capaz
de integrar de forma coerente as diversidades que caracterizam o sector,
nomeadamente, através de políticas regionais fortes, do desenvolvimento baseado na
qualificação e competitividade da oferta, alavancando a criação de conteúdos
autênticos e de experiências marcantes e genuínas, transformando o sector num dos
motores do desenvolvimento social, económico e ambiental a nível regional e
nacional. A implementação do PENT é estruturada em 5 eixos:
• Território, Destinos e Produtos
• Marcas e Mercados
• Qualificação de Recursos
• Distribuição e Comercialização
• Inovação e Conhecimento
Para a concretização dos 5 eixos elencados foram definidos 11 projetos de
implementação que visam enquadrar intervenções ao longo de toda a cadeia de valor
do sector do Turismo:
I.
Produtos, Destinos e Pólos
II.
Intervenção em ZTIs (urbanismo, ambiente e paisagem)
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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
III.
IV.
V.
VI.
VII.
VIII.
IX.
X.
XI.
Desenvolvimento de conteúdos distintivos e inovadores
Eventos
Acessibilidade Aérea
Marcas, Promoção e Distribuição
Programa de Qualidade
Excelência no Capital Humano
Conhecimento e Inovação
Eficácia do relacionamento Estado – Empresa
Modernização Empresarial
A implementação das linhas de desenvolvimento contidas no PENT com sucesso
exige rigor, inovação e proactividade por parte da administração pública e do sector
privado. A proposta de valor atrativa baseada nas características diferenciadoras de
Portugal, consubstanciada no PENT (2010-2015) para Portugal aposta na
combinação dos elementos diferenciadores e dos elementos qualificadores do país.
O PENT aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2007, de 4 de
abril, que foi desenvolvido para o horizonte temporal 2006-2015, e adotado pelos
agentes do setor, previu a revisão periódica dos seus objetivos, políticas e iniciativas,
no sentido de melhorar a resposta à evolução do contexto global e do setor turístico.
Tendo como horizonte o período 2013-2015, a revisão do Plano Estratégico Nacional
do Turismo considera o passado recente da estratégia de desenvolvimento turístico
nacional, e tem subjacentes várias prioridades e iniciativas definidas numa visão de
longo prazo.
No âmbito da conclusão do processo de revisão do PENT adotou-se uma nova visão
para o “Destino Portugal”: Portugal deve ser um dos destinos na Europa com
crescimento mais alinhado com os princípios do desenvolvimento sustentável,
alavancado numa proposta de valor suportada em características distintivas e
inovadoras do país. O turismo deve desenvolver-se com base na qualidade do
serviço e competitividade da oferta, tendo como motor a criação de conteúdos
autênticos e experiências genuínas, na excelência ambiental e urbanística, na
formação dos recursos humanos e na dinâmica e modernização empresarial e das
entidades públicas. A importância do turismo na economia deve ser crescente,
constituindo-se como um dos motores do desenvolvimento social, económico e
ambiental a nível regional e nacional.
Portugal deve ser apresentado na sua multiplicidade, sendo que a proposta a
apresentar aos turistas a partir dos valores essenciais do “Destino Portugal” assenta
nos seguintes elementos:
• Clima e luz;
• História, cultura, tradição e mar;
• Hospitalidade;
• Diversidade concentrada;
• Segurança;
• Paisagem e património natural.
A proposta de valor de cada região deverá estar alinhada com a proposta de valor do
destino Portugal capitalizando a vocação natural de cada região e desenvolvendo
fatores de qualificação. Face aos recursos e fatores distintivos que cada região
apresenta, o desempenho de curto/médio prazo irá estar alavancado num conjunto de
produtos específicos. Note-se ainda que os produtos que menos contribuem para o
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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
volume global de receita têm um efeito positivo ao nível da sazonalidade,
diferenciação e qualificação do destino.
Os produtos definidos no PENT 2010-2015 continuam válidos, reforçando a
importância da estabilidade da oferta na perceção externa do destino, tendo-se no
entanto, introduzido uma maior segmentação no Turismo de Natureza, Náutico e de
Saúde, assim como nos circuitos turísticos religiosos e culturais onde o Turismo
Religioso assume um papel estratégico, e uma aposta na valorização dos recursos
naturais, paisagísticos e culturais, no sentido do enriquecimento do produto e da
promoção das respetivas atividades. Deste modo consolida-se a aposta nos
seguintes 10 produtos estratégicos:
• Valorizar o sol e mar, melhorando as condições dos recursos, equipamentos,
serviços e envolvente paisagística dos principais clusters, e assegurar a
integração com outras ofertas complementares que enriqueçam a proposta
de valor;
• Reforçar os circuitos turísticos religiosos e culturais, segmentando-os
para as vertentes generalista e temática, assim como individualizar os
primeiros (Turismo Religioso);
• Dinamizar as estadias de curta duração em cidade, integrando recursos
culturais, propostas de itinerários e oferta de experiências, incluindo eventos,
que promovam a atratividade das cidades e zonas envolventes;
• Desenvolver o turismo de negócios qualificando infraestruturas e estruturas
de suporte, no reforço da captação proactiva de eventos e no
desenvolvimento criativo de ofertas que contribuam para proporcionar
experiências memoráveis aos participantes;
• Incentivar a promoção do Algarve como destino de golfe de classe mundial e
dar maior visibilidade à área de influência de Lisboa;
• Estruturar a oferta de turismo de natureza, nomeadamente através da
contemplação e fruição do meio rural (turismo rural) e também de segmentos
mais ativos, como passeios (a pé, de bicicleta ou a cavalo), de observação de
aves ou do turismo equestre, melhorando as condições de visitação e a
formação dos recursos humanos;
• Desenvolver o turismo náutico nos segmentos da náutica de recreio e do
surfing, qualificando as infraestruturas para responder a uma procura
crescente e dinamizando as atividades conexas;
• Consolidar os investimentos e garantir elevados padrões de qualidade em
novos projetos de turismo residencial, produto de relevância estratégica
acrescida, clarificando incentivos e procedimentos para a instalação em
Portugal de indivíduos de nacionalidade estrangeira;
• Qualificar e classificar a oferta de turismo de saúde, com vista ao
desenvolvimento e crescimento deste produto de relevância estratégica para
Portugal, nas componentes médicas, termalismo, spa e talassoterapia,
estimulando a estruturação e a promoção conjunta das valências médica e
turística;
• Promover a riqueza e qualidade da gastronomia e vinhos como
complemento da experiência turística, estimulando a aplicação da
marca/conceito “Prove Portugal” em produtos, equipamentos e serviços.
A estratégia de desenvolvimento de produto tem por objeto os mercados externos,
situação que beneficia igualmente o mercado interno, tendo como premissa a
necessidade de concentração de esforços, evitando a dispersão em ações de
reduzido impacto.
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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
A estratégia associada ao PENT 2013-2015 aponta para a definição de 8 programas
de desenvolvimento para o alinhamento da estratégia com o novo contexto, as novas
tendências e a auscultação de partes interessadas. Esta visão renovada do turismo
em Portugal para o período 2013-2015 é materializada em 40 projetos. Para cada
projeto são identificados o fundamento de mercado e as atividades a desenvolver.
Figura 1.14. Matriz de Produtos vs Destinos
Fonte: Turismo de Portugal
Portugal tem uma oferta qualificada e diversificada, que se enquadra nos padrões da
procura internacional, com fatores que lhe conferem um elevado potencial de
competitividade nos mercados de Turismo de Saúde e designadamente de Turismo
Médico. O país dispõe de uma oferta hospitalar pública e privada e de serviços
médicos de qualidade, que permitem torná-lo num destino de excelência para o
tratamento de determinadas patologias. Por outro lado, dispõe de condições naturais
singulares ao nível da variedade das águas termais, água do mar e serviços de bemestar que permitem enriquecer a oferta associada ao turismo de saúde.
Figura 1.15. Prioridades de Implementação PENT 2013-2015
Fonte: Turismo de Portugal
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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
O desenvolvimento de projetos e ações em parceria com o Ministério da Saúde,
entende-se que o Turismo Médico pode assumir-se como um fator diferenciador da
oferta do Destino Portugal, complementado com os serviços de termalismo e bemestar e enriquecido com os restantes serviços turísticos.
As prioridades de cada região de turismo ao nível dos produtos a desenvolver
sofreram alguns ajustamentos de modo a garantir a eficaz alocação de meios e
esforços aos produtos mais importantes para cada região. Neste sentido, foram
identificados um conjunto de produtos estratégicos e em desenvolvimento para cada
uma das regiões, em função da importância atual e do potencial futuro proporcionado
pelos recursos disponíveis. Ao nível da Região Centro para potenciar o produto
turístico destaca-se a aposta nos seguintes produtos estratégicos: circuitos turísticos
religiosos e culturais, turismo de saúde, turismo de natureza, sol e mar, gastronomia e
vinhos e turismo náutico.
Nos circuitos turísticos religiosos e culturais, verifica-se a necessidade de colocar os
recursos georreferenciados em valor e desenvolver conteúdos e informação para o
cliente, bem como incentivar e diversificar as experiências de Turismo Rural e colocar
o produto no mercado.
No Turismo de Saúde suportado na procura termal, verifica-se a necessidade de
requalificar zonas envolventes, desenvolver serviços especializados, criar conteúdos
para disponibilização em canais internos e externos e reposicionar o produto termal
no mercado.
• A nível do Bem-Estar (spa e talassoterapia), verifica-se a necessidade de
desenvolver conteúdos para a sua disponibilização em canais específicos,
bem como apostar na diversidade de experiências de spa e talassoterapia.
• No domínio do Turismo Médico verifica-se a necessidade de fazer um
diagnóstico global da articulação entre serviços médicos e de turismo, bem
como proceder à análise da situação competitiva nacional e definição do
modelo de negócio que melhor potencie os serviços de turismo.
No Turismo de Natureza, na vertente passeios, verifica-se a necessidade de
desenvolver infraestruturas e serviços especializados, diversificar experiências de
turismo rural e criar conteúdos e a sua disponibilização em canais, colocar o produto
dos passeios a pé, de bicicleta ou a cavalo no mercado.
No âmbito do produto sol e mar, é necessário estruturar ofertas para complementar
outras motivações de procura primária. Já ao nível da gastronomia e vinhos verificase a necessidade de densificar atividades, desenvolver conteúdos e experiências e
integrar a oferta em plataformas de promoção e comercialização. No Turismo
Náutico, verifica-se a necessidade de divulgar a oferta de surfing.
A estratégia de mercados para o interior da região Centro passa pela manutenção da
dinâmica de crescimento do mercado dos residentes em Portugal e a diversificação a
novos mercados e segmentos, sobretudo luso-descendentes de 2.ª e 3.ª geração. A
região Centro deve estruturar a oferta de circuitos turísticos religiosos e culturais, de
turismo de saúde e de turismo de natureza para promoção internacional.
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De acordo com o PENT, com vista à promoção dos produtos estratégicos prioritários
para a Região Centro é necessário implementar uma série de medidas e instrumentos
dos quais se destaca:
• Elaboração e divulgação de manuais de estruturação e comercialização, bem
como planos de marketing e promoção da oferta relacionada com os produtos
estratégicos para a região;
• Elaboração de rotas temáticas;
• Planear e implementar um sistema de sinalização integral e consistente, em
estradas e nas cidades, relativa à oferta da região e aos produtos
estratégicos;
• Criação de “Clubes de produto” (trabalho em rede), adaptados a cada produto
estratégico, formado por empresas e organismos relacionados com os
diversos componentes da cadeia de produção que queiram participar para
trabalhar no desenvolvimento do sector;
• Definição de objetivos e linhas de orientação para a promoção e distribuição.
Para a Região Centro, os objetivos de crescimento, até 2015, ambicionam para a
região entre 2,2 e 2,3 milhões de dormidas de estrangeiros, crescendo a uma taxa
anual de 7,3%, e um aumento anual de 6,2% em número de turistas (hóspedes
estrangeiros). Neste período as receitas (proveitos totais em estabelecimentos
hoteleiros) deverão crescer a um ritmo anual de 10%. O objetivo de crescimento de
dormidas de turistas nacionais é, por sua vez, de 2,3% ao ano.
O processo de monitorização, avaliação e de escrutínio das estratégias definidas na
primeira formulação do PENT, iniciado em 2010, apresenta uma oportunidade para
introduzir um conjunto de evoluções na estratégia, possibilitando o seu alinhamento
com o contexto e reforçar a execução de uma estratégia exigente, ambiciosa e
inovadora para o sector do turismo, incorporando as novas evoluções sentidas e as
tendências de mercado verificadas ou perspetivadas.
Neste sentido, o processo de monitorização e avaliação deverá estar assente num
conjunto de pressupostos iniciais que definiram a base do PENT, no entanto, advém
a necessidade de incorporar a evolução do sector e as tendências de mercado
necessárias para alinhamento com o contexto, assegurando a concretização dos
objetivos definidos, sendo fundamental que o sector se mobilize como um todo em
torno de um conjunto de eixos de atuação críticos para a estratégia, ou seja:
• Sustentabilidade como modelo de desenvolvimento
• Definição de prioridades de mercado a nível nacional e regional
• Reforço da capacidade de comercialização e venda do sector
• Enriquecimento e modernização da oferta através de experiências e
conteúdos
• Qualificação dos recursos humanos
• Urgência de atuação na qualidade urbana e paisagística
Adicionalmente deverá ser continuada a estratégia de priorização de mercados em
função do seu potencial para o Turismo nacional, aprofundando-se em particular o
conhecimento dos diversos segmentos que compõem os mercados estratégicos, de
modo a suportar o desenvolvimento de ofertas específicas para os segmentos mais
relevantes, suportadas por ações de promoção focadas e direcionadas a esses
segmentos.
A estratégia desenvolvida pela CIM Dão Lafões para a região tem por base o
seguinte conceito territorial: Dão-Lafões − território estruturado pelo sistema urbano
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de Viseu, competitivo e coeso, cujo desenvolvimento assenta na valorização dos
recursos específicos da Região e na capacidade de incorporar inovação.
Neste sentido, os objetivos gerais da estratégia a desenvolver deverão passar por:
• Fomentar e atrair atividades económicas geradoras de riqueza e criadoras de
emprego qualificado e dotar a Região das necessárias condições para ser
capaz de incorporar fatores de inovação no tecido económico, social e
institucional;
• Consolidar o sistema urbano de Viseu, suportado pela afirmação e
articulação entre os principais centros urbanos da Região;
• Completar as redes de infraestruturas e de equipamentos de apoio à
população residente, nomeadamente nas áreas rurais, e reforçar as ligações
físicas e funcionais com a envolvente, às várias escalas;
• Valorizar os recursos endógenos da Região, não só em termos económicos,
mas igualmente como fatores de identidade regional, apropriados e
usufruídos pela população;
• Proteger as áreas mais sensíveis do ponto de vista ambiental e promover a
sua valorização;
• Promover a identidade regional, ao nível interno e externo, numa perspetiva
de valorização cultural, social e económica da Região, dos seus recursos,
dos seus agentes, num quadro de ágil relacionamento entre agentes e
população.
O sector do turismo deverá assumir uma posição de destaque na estratégia de
desenvolvimento da Região, tendo como suporte a valorização dos recursos
territoriais específicos com maior potencial de atração turística. Os elementos
culturais e paisagísticos, os produtos artesanais e a gastronomia, os recursos
termais, entre outros recursos da Região, poderão constituir-se numa oferta turística
estruturada e integrada.
A riqueza da região em termos de recursos hidrominerais, bem como as estruturas de
apoio à sua utilização já existentes, configuram um posicionamento privilegiado deste
subsector turístico no contexto nacional (e até ibérico), que importa valorizar. Para
além dos investimentos a realizar em cada uma das estâncias termais, tendo em vista
a sua modernização e o aumento da frequentação, é de considerar o
desenvolvimento de ações comuns de valorização e promoção destas estruturas,
numa lógica regional. Estas estâncias termais, mas também outras estruturas
especificamente orientadas para a terceira idade (p. ex. no concelho de Tondela),
configuram um contexto particularmente favorável ao desenvolvimento do turismo
geriátrico e de saúde.
O turismo que se desenvolve na Região Dão-Lafões assenta, em grande medida, na
procura dos recursos naturais presentes, designadamente, a riqueza paisagística e os
recursos termais, mas também de valores culturais/patrimoniais, como sejam as
aldeias tradicionais e os núcleos urbanos mais antigos e, nessa medida, com
potencial de atração turística (onde se destaca, claramente, Viseu).
Apesar de existirem na região várias empresas de animação turística, as atividades
de animação encontram-se ainda pouco desenvolvidas. Uma maior articulação entre
alojamento e animação poderia promover um aumento da procura e da estada média
dos turistas. A atividade turística da região é, em larga medida, resultante das termas
existentes claramente destacadas no contexto nacional da atividade termal.
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A atuação da ADDLAP estrutura-se com base na sua visão estratégica: “Território da
ADDLAP, um interface vivo, inovador e criativo onde rural e urbano se
complementam”. De acordo com o documento Território de Dão, Lafões e Alto Paiva Perspetivas de Desenvolvimento, esta Visão consagra as complementaridades locais
como “vantagem competitiva para o futuro desenvolvimento intermunicipal”. Pretendese portanto enfatizar as mais-valias associadas aos contextos socioeconómicos dos
cinco concelhos, tirando partido destas para gerar e potenciar fatores diferenciadores
e dinamizar a base económica, aproximando-os dentro de lógicas de verdadeira
parceria.
A Visão estratégica do território da ADDLAP desdobra-se e suporta-se em três linhas
de orientação estratégica:
• Reinventar a economia da “terra”: a agricultura, agropecuária, fruticultura,
vitivinicultura, floresta: mais inovação = mais valor acrescentado = mais
riqueza, considerando o potencial do sector primário e dos seus fatores
diferenciadores como âncoras da sua reinvenção económica;
• Garantir uma “ruralidade” moderna, atrativa e competitiva: um “campo” de
oportunidades para quem vive e quem visita, promovendo um espaço de
qualidade, capaz de atrair e de reter o seu capital humano;
• Promover a educação e a cultura como base de um novo ciclo: um território
criativo, garantindo a regeneração sociocultural e territorial.
Figura 1.16. Domínios de Aposta para uma “Ruralidade” Moderna, Atrativa e
Competitiva – ADDLAP
Fonte: www.addlap.pt
A operacionalização desta estratégia passa por 3 grandes vetores: pessoas, sectores
estratégicos e infraestruturas, podendo obter resultados em cada um dos vetores ou
de modo integrado nos três, sendo essencial neste processo, a gestão de meios, a
gestão de resultados e o acompanhamento/monitorização de todo o processo. Numa
perspetiva de continuidade da estratégia a implementar no território, de acordo com a
sua população, consideram o uso sustentável dos recursos naturais, a valorização
patrimonial, o incremento do empreendedorismo, o fomento da criatividade, a maior
capacitação dos recursos humanos, ou a necessidade de certificação de produtos,
fundamentais para o desenvolvimento económico e social.
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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
Em complemento a ADDLAP, que intervenciona o território norte do município de São
Pedro do Sul, segundo os seus estatutos, tem por fim “defender o património
endógeno – raças autóctones; desenvolver e incentivar o turismo rural; desenvolver e
apoiar iniciativas culturais; incentivar e apoiar o artesanato e a etnografia; ajudar o
escoamento de produtos endógenos; contribuir para a animação do espaço rural;
promover a formação profissional; desenvolver e apoiar o desenvolvimento de
contactos, com organismos e entidades para tal vocacionadas”.
O projeto definido pela ADRIMAG compatibiliza as perspetivas dos diferentes agentes
locais e assenta em três objetivos estratégicos considerados primordiais para o
desenvolvimento sustentado de toda a região:
• Melhorar as condições de vida da população, através de investimento em
equipamentos básicos e sociais de apoio; promoção de ações de formação,
informação e animação.
• Reforçar o sistema produtivo, valorizar e diversificar a atividade económica
local, através do reforço do turismo rural, apoio a atividades tradicionais e
valorização dos recursos endógenos, nomeadamente os produtos regionais
certificados.
• Conservar o meio ambiente, através da realização de ações de educação
ambiental, promoção de atividades de lazer e turísticas e proteção de
recursos e paisagem.
A Entidade Regional de Turismo Centro de Portugal (TCP) desenvolve as suas
funções no âmbito territorial correspondente à NUT II - Centro. A TCP tem por missão
a valorização e o desenvolvimento das potencialidades turísticas da respetiva área
regional de turismo, a promoção interna e no mercado interno alargado dos destinos
turísticos regionais, bem como a gestão integrada dos destinos no quadro do
desenvolvimento turístico regional, de acordo com as orientações e diretrizes da
política de turismo definida pelo Governo e os planos plurianuais da administração
central e dos municípios que a integram. A entidade regional apresenta como
atribuições as seguintes:
• Colaborar com os órgãos da administração central e local com vista à
prossecução dos objetivos da política nacional que for definida para o
turismo, designadamente no contexto do desenvolvimento de marcas e
produtos turísticos de âmbito regional e sub-regional e da sua promoção no
mercado interno alargado, compreendido pelo território nacional e
transfronteiriço com Espanha;
• Definir o plano regional de turismo, em sintonia com a estratégia nacional de
desenvolvimento turístico, e promover a sua implementação;
• Assegurar o levantamento da oferta turística regional e sub-regional e a sua
permanente atualização, no quadro do registo nacional de turismo, e realizar
estudos de avaliação do potencial turístico da respetiva área territorial;
• Organizar e difundir informação turística, mantendo e/ou gerindo uma rede
postos de turismo e de portais de informação turística;
• Dinamizar e potenciar os valores e recursos turísticos regionais e subregionais;
• Monitorizar a atividade turística regional e sub-regional, contribuindo para um
melhor conhecimento integrado do setor;
• Assegurar a realização da promoção da região, enquanto destino turístico e
dos seus produtos estratégicos, no mercado interno alargado compreendido
pelo território nacional e transfronteiriço com Espanha.
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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul
Em termos nacionais é na região centro de Portugal que se encontra a maioria das
unidades termais existentes no país, região que apresenta um elevado potencial para
o desenvolvimento do segmento de mercado das termas (quer associado à
componente terapêutica/saúde quer à componente de bem-estar), em função dos
benefícios que as características climáticas e minerais dos recursos hidrológicos
associados às águas termais. A concretização das suas atribuições ao nível da
estratégia adotada compreende o desenvolvimento de 4 eixos estratégicos:
• EE1 - Desenvolvimento sustentável do território turístico,
• EE2 - Diferenciação e Inovação de Produtos e Serviços,
• EE3 - Dinamização de Agentes e Mercados,
• EE4 - Agilização, Racionalização e Capacitação Financeira.
O desenvolvimento do Eixo Estratégico 1 prevê consolidar as intervenções que têm
génese nas dinâmicas do território de modo a criar uma maior sustentabilidade e
equidade territorial, apostando no controlo da sazonalidade, na gestão dos territórios
de elevada densidade turística e apoio ao desenvolvimento dos territórios com menor
densidade. Bem como, reforçar e afirmar a atividade do turismo no contexto da base
económica regional e posteriormente no contexto nacional.
O Eixo Estratégico 2 visa o desenvolvimento do leque de produtos turísticos
integrados na oferta turística de base económica interligada aos recursos naturais, ao
património dos produtos de génese local e/ou à cultura e o património associado.
Pretende-se apostar nos elementos diferenciadores capazes de atrair visitantes
(nacionais e internacionais) e inovar na forma como são estruturados os produtos
turísticos existentes.
Ao nível do Eixo Estratégico 3 pretende-se modernizar a dimensão da promoção e
notabilidade do território e da oferta, apostando na utilização de novas tecnologias de
informação e comunicação, no marketing digital, numa maior assertividade das
ações, no marketing relacional (que envolva as pessoas e valorize as suas
experiências).
O Eixo Estratégico 4 está orientado para a capacitação interna da Turismo do Centro
de Portugal, de modo a adaptar a gestão interna da entidade aos desafios de
mercado e a apostar numa organização cada vez mais eficiente e eficaz. Pretende-se
melhorar, agilizar e inovar os processos administrativos de modo a melhorar de forma
expressiva as metodologias de intervenção e captação de incentivos e apoios
financeiros.
Os Eixos Estratégicos são posteriormente concretizados em 9 programas e em vários
projetos âncora, essa concretização tem, porém, como denominador a grelha de
produtos estratégicos definida para a região, quer na introdução de abordagens
inovadoras aos produtos mais tradicionais como seja o Sol e Mar e o Saúde e BemEstar (produtos mais consolidados na região), na introdução e desenvolvimento do
Turismo Religioso, e na aposta continuada no Turismo de Natureza, no Touring
Cultural e Paisagístico, Gastronomia e Vinhos, Turismo Rural e no Turismo Náutico.
Com já anteriormente referido o PENT tem como motivação central desenvolver o
turismo português e posicionar Portugal como um dos mais competitivos e atrativos
destinos do mapa turístico europeu, afirmando o sector como um dos mais dinâmicos
e propulsores da economia nacional. Importa assim, e face ao imperativo de
dinamização dos destinos turísticos definidos, avaliar a perceção dos consumidores
relativamente a cada um deles e aferir a sua atratividade.
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Neste sentido, em 2009, foi dinamizado pelo Turismo de Portugal, IP o Estudo de
Avaliação da Atratividade dos Destinos de Portugal Continental para o Mercado
Interno que visa posicionar mais corretamente o perfil e a comunicação da oferta
turística, assegurando uma maior consistência entre, por um lado, o que os destinos
turísticos têm para oferecer e a forma como desejam ser percecionados e, por outro,
a perceção e imagem que os consumidores têm sobre cada um deles.
Para a Região Centro de Portugal concluiu-se que a marca Centro não surge de
forma definida, sendo aparente uma falta de conhecimento em relação ao que a
marca representa. Alguns participantes têm mesmo dificuldade em expressar
qualquer representação mental, qualquer associação à marca. De facto, uma grande
parte dos participantes do estudo utilizou outras localidades para definir a marca
Centro. A necessidade de utilizar diferentes localidades para definir o que é o Centro
é um indicador da falta de conhecimento acerca do que representa a marca. De facto,
a maior parte dos participantes não conseguiu identificar um elemento unificador para
a marca. A falta de conhecimento em relação ao que é a marca Centro faz com que o
seu índice de atratividade seja baixo.
A avaliação das diferentes variáveis foi distinta quando comparando com a média
nacional. Algumas variáveis tais como o Património Histórico, Paisagem Natural,
Gastronomia, População Local e Paisagem Urbana, foram avaliadas acima da média
nacional. Contudo, outras variáveis tais como Clima, Oferta Hoteleiro e Oferta Cultural
e Social foram avaliadas abaixo da média.
O Centro é em parte definido pelas praias da região Centro, Leiria-Fátima ou Oeste,
pela paisagem montanhosa que inclui a Serra da Estrela. A maior parte dos
consumidores não associa o Centro a férias de Verão. Apesar do recurso ‘praia’ ser
um elemento definidor da marca Centro, aparentemente, são os residentes na região
que valorizam mais este aspeto.
A Região Centro acaba por ser muito definida pelas suas localidades, a Paisagem
Urbana, em que a sua competitividade passa pela avaliação das cidades que
compõem o Centro. A avaliação da Paisagem Urbana não é negativa e está avaliada
acima da média nacional, pelo que se poderá supor que a imagem da marca Centro
pode ser alavancada via a utilização de cidades tais como Coimbra, Viseu ou Aveiro.
A marca Centro é considerada por muitos participantes como tendo um Património
Histórico rico. Para alguns, os monumentos históricos do Centro são uma referência e
poderão motivar e justificar uma visita. Em contrapartida conclui-se que a marca
Centro não tem as infraestruturas necessárias e vocacionadas para turismo, perceção
que implica uma diminuição do interesse em visitar a região.
O Centro poderá melhorar a sua atratividade se comunicar de uma forma eficaz a sua
oferta gastronómica. Os restaurantes, localizados no Centro, poderão contribuir para
a imagem da marca Centro e tornar a Gastronomia num ponto relevante e
identificador da marca.
Em suma a marca Centro é uma região geográfica, administrativa, uma criação
moderna que tem um território de significado e de valor reduzido junto dos
consumidores. Assim, os responsáveis da marca terão de promover o Centro para o
prover de alguma identidade. Terão de pensar como melhor utilizar as cidades
inseridas na sua região para alavancar a marca. Poderão, também, investir em
marcas já existentes e que expressam a proposta de valor da marca Centro como,
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por exemplo, as “Beiras”. A marca “Beiras” já tem uma associação a alguns atributos,
já tem um território de significância.
Também ao nível do território geográfico que ocupa, será necessário descodificar a
cobertura geográfica que a marca Centro ocupa. Há problemas de reconhecimento
em relação ao que é o Centro. Muitos dos participantes têm apenas uma ideia difusa
acerca do que é o Centro, sendo que muitos participantes confundem mesmo o
Centro com a região de Lisboa.
Para a avaliação da competitividade dos destinos em Portugal, devemos ter, ainda,
em atenção os níveis de satisfação dos visitantes, nesse sentido o Turismo de
Portugal, IP promove regularmente estudos de avaliação da satisfação dos turistas
que visitaram Portugal. De uma forma específica procurou-se conhecer vários
aspetos, tais como: caracterização do perfil demográfico, identificação do processo de
decisão de compra, identificação das motivações de visita, e avaliação do grau de
satisfação.
O último estudo realizado em Setembro de 2013 compreendeu um universo do
inquérito constituído pelos turistas residentes nos mercados de Espanha, Reino
Unido, Alemanha, França, Holanda, Países Escandinavos e Brasil, com saída de
Portugal pelos aeroportos das cidades do Porto, Lisboa, Faro e Funchal. Portugal é
descrito pelos turistas antes e após a sua viagem, como um país com “bom clima”,
“acolhedor/hospitaleiro”, “boa comida” e “boas praias”, destacando-se as seguintes
principais conclusões:
• Cerca de 92% dos turistas estão satisfeitos de uma forma global com as suas
férias em Portugal, sendo que 42% referem que as férias ficaram acima das
expectativas e 91% revela que de certeza voltará e/ou provavelmente voltará
a Portugal nos próximos 3 anos;
• Os turistas provenientes do Brasil são os que registam níveis de satisfação
mais elevados. São, no entanto, os turistas do Reino Unido a revelar uma
maior probabilidade de regressar a Portugal;
• Registou-se uma subida significativa na avaliação da visita face às
expectativas, destacando-se esta subida junto dos turistas provenientes do
Reino Unido e na probabilidade de voltar a Portugal nos próximos 3 anos,
sobretudo junto dos turistas provenientes da Holanda, Alemanha e França;
• Globalmente, os turistas ficaram muito satisfeitos com a experiência que
tiveram com os vários pontos de contacto com o país durante as férias (% de
muito satisfeitos sempre acima de 50%), sendo que, na sua maioria, a
experiência com estes contactos correspondeu ou superou as suas
expectativas;
• A Oferta Natural e Cultural volta a destacar-se como “ponto forte” de Portugal.
De facto, as paisagens, as praias, e a gastronomia e vinhos são os pontos de
contacto que registam os níveis de satisfação mais elevados. A Qualidade
dos serviços é outra área a destacar;
• Na fase inicial de planeamento das férias, a recomendação de
conhecidos/amigos/familiares e a Internet são os maiores impulsionadores da
escolha de Portugal como destino de lazer. No que diz respeito à Internet,
assinala-se uma descida significativa (-17 p.p.) face ao ano anterior;
• À semelhança de 2012, a escolha final por Portugal foi condicionada na
maioria dos casos pelo clima e paisagem (42%) e pela sugestão de familiares
ou amigos (33%).
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1.11.
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CIM da Região Dão Lafões
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Direção Geral de Energia e Geologia
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