- Termas de S. Pedro do Sul
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Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul FICHA TÉCNICA Promotor, AIHS.TSPS – Associação da Indústria Hoteleira e Similares das Termas de São Pedro do Sul Copromotor, Termalistur – Termas de São Pedro do Sul, E.M., S.A. Execução, IDTOUR – Unique Solutions, Lda. Campus Universitário de Santiago, Edifício 1 3810-193 Aveiro Equipa Técnica, Coordenação Equipa Técnica idtour – unique solutions Prof. Doutor Carlos Costa Mestre Miguel Brás Mestre Isabel Martins Mestre Tânia Ventura Dr. José Mendes Dr. Nuno Lopes Dra. Sara Cachide Junho, 2014 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul ÍNDICE Volume 1. VALORIZAÇÃO CULTURAL DAS TERMAS DE SÃO PEDRO DO SUL 1.1. Introdução 1.2. Objetivos 1.3. Metodologia 1.4. Promotores 1.5. Território Sub-Regional das Termas de São Pedro do Sul 1.6. História 1.7. Cultura 1.8. Produtos Regionais 1.9. Termas de Portugal 1.10. Estratégias de Desenvolvimento do Turismo 1.11. Bibliografia Volume 2. TERMALISMO, SAÚDE E TURISMO Volume 3. MERCADOS E FEIRAS Volume 4. BENCHMARKING Volume 5. OFERTA TURÍSTICA DAS TERMAS DE SÃO PEDRO DO SUL Volume 6. PROCURA TURÍSTICA DAS TERMAS DE SÃO PEDRO DO SUL Volume 7. ESTRATÉGIA 3 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul idtour – unique solutions Junho, 2014 4 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul 1.1. INTRODUÇÃO O presente projeto promovido pela Associação da Indústria Hoteleira e Similares das Termas de São Pedro do Sul (AIHS – TSPS) tem por missão identificar, inventariar e dinamizar o património cultural dos concelhos de São Pedro do Sul e de Vouzela, aproveitando ainda a proximidade, cultural e geográfica, do concelho de Oliveira de Frades, com particular enfoque na temática secular do termalismo, tomando como referencial o seu enquadramento histórico-cultural singular, e o modo como evoluiu ao longo dos séculos e se afirma atualmente como um produto turístico de reconhecido valor acrescentado no contexto nacional. O projeto assume importância singular no contexto regional da oferta turística, na medida em que, focando-se na matéria-prima, procura identificar e avaliar novas ofertas turísticas que estimulem novas procuras, ou que contribuam para alavancar o aumento do tempo médio de permanência na região. Após o desenvolvimento do projeto serão estruturados e criados programas turísticos específicos, bem como elencadas experiências singulares (estimulando a promoção das tradições orais lendas, contos, rituais, mitos, entre outros, e a sua integração no produto turístico). A participação da AIHS – TSPS no que respeita objetivamente ao processo de realização do projeto, e nomeadamente nas componentes do estudo, será, também, ao nível da dinamização das diversas iniciativas de promoção da participação pública, através do envolvimento dos parceiros locais, da própria comunidade, em ações de sala (workshops), prospeção no terreno, assim como na disseminação da informação produzida. Os impactos no território serão evidentes, em função das oportunidades conferidas pelas novas ofertas disponíveis no contexto do turismo cultural e/ou touring (cultural e paisagístico) e da capacidade de comunicação/promoção das mesmas. Esta, implicará a presença no destino de novos visitantes e/ou visitantes repetentes (turistas fidelizados), que se tornam, naturalmente, consumidores do comércio local, do artesanato, da restauração e demais atividades económicas e socioculturais que ocorrem no território. A valência do projeto é que determina, a montante, a necessidade de apostar num programa de sinalética, capaz de ajudar a potenciar o referido património, entenda-se que em paralelo serão produzidos elementos de comunicação baseados na informação primária recolhida, e produzidos 'manuais de identidade do património rural construído' mas também do vasto e riquíssimo património imaterial. Este património baseado nas tradições orais representa em muitos casos a matéria diferenciadora à qual o visitante valoriza e reconhece valor ao produto/experiência vivida, pelo que o mesmo deverá ser objeto de reflexão junto dos operadores de conteúdos e gestores de produto no destino. 5 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Neste sentido, importa enquadrar no presente projeto a compreensão da evolução histórica da utilização das propriedades das águas termais e as tendências da sua utilização ao longo dos séculos, utilização que regista períodos áureos, bem como períodos de declínio. Por outro lado, importa analisar de forma integrada todos os recursos e atividades incorporadas ou associadas às práticas termais, nomeadamente nos períodos em que se evidenciaram as práticas de lazer, recreio e turismo (com especial destaque no caso Português da componente do jogo). Para além da relação estreita de sobrevivência e de evolução civilizacional entre o Homem e a Água, esta interdependência encontra, igualmente, um paralelismo muito estreito nas áreas do lazer, recreio e turismo. A presença da água nas dimensões recreativas das sociedades encontra-se documentada ao nível das práticas de lazer e recreio das elites e das populações da antiguidade. As primeiras grandes formas de lazer e recreio que se registam na antiguidade estão, indubitavelmente, associadas às águas termais, tais como os banhos públicos onde na Grécia Antiga, os Árabes e os Romanos relaxavam, cuidavam do corpo e da mente e nutriam as suas relações sociais. Este conceito constituiu a base de desenvolvimento dos balneários termais, importante segmento do turismo em Portugal nos séculos XIX e início do século XX, quando representavam a vivência mundana dos estratos mais elitistas da sociedade portuguesa (Costa, 2013). idtour – unique solutions Junho, 2014 6 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul 1.2. OBJETIVOS A estruturação do plano estratégico para a valorização cultural do termalismo nas Termas de São Pedro do Sul, compreende uma abordagem preliminar ao nível da caraterização da oferta disponível e do seu potencial enquanto produto turístico singular com potencial de afirmação internacional, capaz de projetar a operação dos balneários termais e das unidades hoteleiras das Termas de São Pedro do Sul no segmento ‘turismo social’ dos mercados internos e externos. O objeto dos trabalhos visa apontar para a estruturação do produto (oferta turística), definindo ações estratégicas de comunicação relacional orientadas para o mercado (procura turística), compreendendo a identificação da oferta turística local, passível de ser integrada numa base local e regional, no conhecimento dos fluxos e mercados que compõem a procura potencial e a definição de ações de promoção e marketing. Oferta turística local: • Inventariação dos recursos turísticos primários e secundários, • Estruturação da matriz de recursos turísticos (âncoras do território), • Modelação da pirâmide de produtos turísticos do território, • Definição de produtos turísticos estratégicos e complementares. Procura turística potencial: • Análise das tendências globais do turismo/ termalismo (mercados externos), • Caraterização do perfil do novo turista/aquista (hábitos de consumo), • Avaliação dos principais mercados emissores – termalismo, • Identificação dos novos segmentos de mercado do termalismo, • Prospeção externa – principais mercados europeus. Marketing turístico relacional: • Consolidação da marca ‘Termas de São Pedro do Sul’, • Estruturação de instrumentos de gestão da marca e produto(s), • Implementação de soluções web 2.0 – ações de comunicação agressivas, • Definição de programas comercias / packs promocionais apelativos, • Organização de fam trips locais – operadores turísticos e prescritores. Complementarmente pretende-se dinamizar ações, internas e externas, de networking institucional, apostar na estruturação de iniciativas de promoção seletiva cada vez mais eficientes e eficazes, e fortalecer os canais e procedimentos de negociação. 7 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul O presente estudo visa, ainda, avaliar a participação nas principais feiras de turismo europeias, bem como definir os moldes dessa participação, salientando as seguintes feiras: • Alemanha – ITB, Berlim, • Espanha – FITUR, Madrid; SITC, Barcelona, • França – MAP, Paris, • Itália – BIT, Milão, • Reino Unido – WTM, Londres. Outra dinâmica do projeto visa avançar na estruturação de um road show ibério (orientado para o mercado espanhol) com ações de proximidade porta-a-porta em operadores e agências de viagens, nomeadamente aproveitando os seguintes vetores: • Eixo rodoviário E-80 (Castela e Leão, Comunidade Autónoma de Madrid), • Galiza – Vigo (enquadrado na realização da ‘ExpoGalaecia’), • Castela e Leão – Valhadolid (enquadrado na realização da ‘Intur’), • País Basco – Bilbau (enquadrado na realização da ‘Expovacaciones’). A aposta em mercados estratégicos, nomeadamente o mercado da saúde e bemestar deve ser consolidado em colaboração com a estratégia global que venha a ser adotada, devendo ser criadas condições para estabelecer acordos comerciais: • Organizações institucionais do ministério da saúde/segurança social, • Distribuição turística – operadores turísticos e agências de viagens especializadas, • Empresas de seguros. Figura 1.1. Cronograma das dinâmicas do projeto Com a proposta e esquematização de implementação de um caso piloto pretende-se propor o desenvolvimento, no futuro pós-projeto, de um programa turístico específico orientado para o mercado alemão que compreenda os seguintes fatores: • Estruturação de um programa termal exclusivo, • Definição dos suportes de comunicação (língua alemã), • Prospeção no mercado emissor (análise de mercado, potencial de operação), • Estabelecimento de parcerias comerciais (distribuição turística, seguradoras), • Receção e acompanhamento de grupos (comercialização). idtour – unique solutions Junho, 2014 8 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul 1.3. METODOLOGIA O desenvolvimento do presente projeto teve em consideração as definições e os conceitos desenvolvidos pela Organização Mundial do Turismo (UNWTO), bem como por outras organizações nacionais e internacionais da área do turismo, seguiu a investigação de vários autores e investigadores reconhecidos internacionalmente e as políticas e estratégias nacionais (Governo, Secretaria de Estado do Turismo, Turismo de Portugal, IP) e regionais (CCDR-Centro, ERT - Turismo Centro de Portugal), e pretende responder de forma apropriada aos pressupostos do caderno de encargos do plano estratégico para a valorização cultural do termalismo – Termas de São Pedro do Sul. A experiência acumulada resultante dos diversos projetos profissionais e de investigação científica desenvolvidos, aliada ao rigor técnico-científico e método de trabalho aplicado, apanágio da investigação desenvolvida na Universidade de Aveiro no seio da qual surgiu, como spin-off, a idtour – unique solutions, lda., resultam na definição de uma matriz conceptual, num código de valores e pressupostos científicos que orientam e norteiam a elaboração dos projetos por parte da idtour. A metodologia implementada pretende incorporar várias perspetivas de análise de informação e de diferentes abordagens na recolha de informação, na medida que em que se pretende considerar todo o espectro de variáveis que possam contribuir para o conhecimento da oferta turística e complementar existente, e do perfil e das motivações dos visitantes (procura) e obter recomendações finais válidas conducentes à identificação das principais linhas estratégicas do presente projeto. Foram dinamizadas várias análises que conjuntamente irão contribuir para a definição das propostas finais do projeto. As análises desenvolvidas encontram-se subdivididas em duas vertentes conforme a classificação da informação recolhida, ou seja, informação secundária – informação existente que será analisada e utilizada como apoio e base ao estudo, sendo tratada numa perspetiva de valorização do estudo, e informação primária – que será recolhida através do desenvolvimento e aplicação das operações estatísticas consideradas para o efeito (questionário aos agentes regionais da área do turismo e questionário aos visitantes). A primeira vertente visa a análise de informação já existente e que poderá ser utilizada como apoio à fundamentação do projeto e à construção da metodologia adequada à concretização dos objetivos definidos. Neste sentido enquadra-se a análise de referências bibliográficas (livros, publicações, artigos científicos, etc.), com o intuito de identificar modelos e metodologias de investigação que possam ser aplicadas ao estudo, sobretudo ao nível dos métodos de inquirição, das variáveis de inquirição e dos indicadores a calcular, bem como a análise de case studies e benchmarking que permitam potenciar os resultados e as conclusões obtidas, e apoiar a interpretação dos dados finais de modo a estabelecer comparações com 9 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul estudos e dados já consolidados e publicados, e ainda a análise das politicas e estratégias nacionais e regionais e de informação existente que permita identificar e avaliar a oferta turística regional. A recolha de informação secundária permite, ainda, detetar os parâmetros que devem ser adotados na negociação e comercialização dos produtos e serviços turísticos regionais juntos dos mercados, dos canais de distribuição e dos meios de comunicação de modo a potenciar as ações e iniciativas do plano estratégico e maximizar o seu impacto. Ao nível da informação primária dinamizaram-se duas operações estatísticas inquérito aos visitantes (turistas e excursionistas) e inquéritos aos agentes regionais da área do turismo. O sucesso deste projeto depende, em grande medida, de dois fatores – taxa de respostas e autenticidade das mesmas. Deste modo, e como já referido anteriormente, a equipa técnica pretende utilizar informação secundária para validar a informação primária recolhida, nomeadamente ao nível dos perfis, do tipo de visitantes e de cada tipo de produto, sempre que seja possível. Este processo de recolha de informação complementar decorrerá em simultâneo com a recolha de informação primária (recolha de inquéritos). Pretende-se, no âmbito da filosofia de desenvolvimento do presente projeto, envolver os agentes locais e regionais que interagem com a área do turismo, públicos e privados, da Região das Termas de São Pedro do Sul, com o intuito de obter inputs à formatação do projeto e de angariar contributos para a validação da metodologia e dos resultados finais do estudo, na medida em que os agentes possuem uma vasta experiência e um conhecimento profundo da realidade do território. Figura 1.2. Informação Metodológica Aplicada Informação Existente (Secundária) Informação Primária Dados Estatísticos (UNWTO, INE, Turismo de Portugal) Informação Promotores do Projeto Estudos, Planos e Estratégias (Nacionais e Regionais) Dados de Fruição das Termas de S. Pedro do Sul Case Studies e Benchmarking Modelos e Metodologias de Investigação Aplicada Conceptualização do Estudo Conclusões do Estudo [Produtos, Posicionamento, Perfis e Motivações] Plano Estratégico de Valorização Nesse sentido considerando os objetivos do projeto procedeu-se à realização de dois ciclos de workshops direcionados aos agentes regionais, com o intuito de recolher informação primária, conhecer as dinâmicas atuais (positivas e negativas), mobilizar a participação pública e recolher contributos: Um ciclo inicial (fase A) que visou a recolha da experiência regional coletiva, a identificação de atributos dos recursos específicos e das diferentes variáveis que permitem construir uma base de conhecimento consolidado da Região das Termas de São Pedro do Sul. A perspetiva passa por organizar dois workshops por setores, um idtour – unique solutions Junho, 2014 10 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul especifico para a área do alojamento e um segundo para todas as restantes atividades e agentes, quer de natureza pública, mista ou privada. Um segundo ciclo (fase B) ambiciona promover uma análise prospetiva dos resultados alcançados, isto é, pretende-se envolver os agentes regionais numa avaliação qualitativa das principais conclusões obtidas no âmbito do projeto, neste workshop pretende-se envolver conjuntamente a totalidade dos agentes regionais, independentemente da atividade, natureza ou setor e terá uma função mais prospetiva em que se apresenta a proposta de estratégia e de ações a desenvolver e se pretende recolher contributos que validem e aprofundem a proposta apresentada. A perspetiva metodológica da organização do tempo dos workshops é que seja feita uma apresentação técnica inicial (com um tempo não superior a 30% do tempo total) que suscite a colaboração, discussão e participação dos agentes presentes no restante tempo útil da ação. Figura 1.3. Estrutura dos Workshops Apresentação Técnica Participação dos Agentes CONCLUSÕES A organização metodológica dos workshops segue de perto várias metodologias de dinamização de processos de participação pública e envolvimento dos diferentes agentes de modo a potenciar a participação individual e a construção conjunta de conhecimento técnico, nomeadamente através de aplicação da técnica delphi que possibilita a análise de dados qualitativos e a utilização de métodos semelhantes a focus groups, mas mais alargados, já que a metodologia terá que se adaptar a um conjunto mais alargado de agentes. Pretende-se estimular o envolvimento dos diferentes agentes também ao nível do desenvolvimento do processo de inquirição aos visitantes através do apoio direto à distribuição e recolha de inquéritos, complementarmente os workshops permitem disseminar informação e potenciar a ligação entre os agentes e as estratégias e ações que venham a ser definidas e, deste modo, facilitar a sua implementação e aumentar a sua eficácia. A dinamização dos workshops permite, ainda, consolidar (as existentes) e criar (aproveitando novas oportunidades) parcerias estratégicas regionais e detetar, em complemento às análises de mercado e de benchmarking, eventuais parceiras e redes nacionais e internacionais que consigam gerar sinergias. 11 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Assim, serão contactados os agentes público-privados do sector, com capacidade de decisão (órgãos de decisão politica territorial) e gestão (empresários, gestores e demais corpos gerentes do sector) em diferentes equipamentos e serviços turísticos (postos de informação, espaços museológicos/ exposição, estabelecimentos hoteleiros, estabelecimentos de restauração, agências de rent-a-car, etc.), que pela natureza da atividade, e pelo privilégio de contacto regular e direto com visitantes, se configurem enquanto parceiros privilegiados para apoiarem e promoverem o estudo, contribuindo para o seu sucesso. Este envolvimento tem como preocupação central a criação de uma rede de confiança que fomente a promoção de uma rede de cooperação regional e local, que facilite a elaboração do plano e das suas metodologias, potencie a recolha do maior número de contributos e facilite a implementação posterior das ações propostas. Como complemento à realização dos workshops pretende-se lançar um inquérito por questionário aos agentes regionais com os seguintes objetivos: identificar os principais recursos, produtos e mercados turísticos; caraterizar os principais recursos e serviços turísticos; e perspetivar a estratégia, ações e iniciativas para desenvolver no futuro. Outra vertente do presente projeto visa a inquirição dos visitantes da Região das Termas de São Pedro do Sul considerada, também, como a Região de Dão Lafões, o intuito deste objetivo é compreender as motivações, as expetativas e a satisfação dos visitantes na região e detetar contributos para adequar a oferta turística regional de um modo mais eficiente à procura existente, bem como antecipar e acompanhar as tendências de mercado. Neste sentido, será solicitado aos parceiros e agentes, públicos e privados da região, apoio ao nível da distribuição dos questionários nos seus equipamentos e espaços, bem como para incentivar os funcionários a distribuir os questionários aos visitantes. Face aos objetivos globais e específicos definidos, bem como a população (visitantes da Região das Termas de São Pedro do Sul) que se pretende estudar, e tendo em atenção as vantagens das metodologias quantitativas e qualitativas para a investigação em turismo, considera-se como mais adequado para atingir os objetivos definidos e responder ao problema de investigação levantado, a utilização de um inquérito por questionário, uma técnica não documental, assente na observação não participante, para recolha de dados primários (Almeida e Pinto, 1995). Por inquérito, geralmente entende-se todas as formas de questionar indivíduos tendo em vista uma generalização (Ghiglione, 2005). O inquérito por questionário é caracterizado pela formulação e ordenação rígida de perguntas e respostas, de conteúdo relativamente limitado e da pouca liberdade dos intervenientes (Hill e Hill, 2005). A realização de um inquérito por questionário é uma das técnicas quantitativas mais usadas na investigação do lazer e turismo, e envolve a recolha de informação sobre indivíduos ou empresas através de um conjunto de questões pré-formatadas. O sucesso da realização de um inquérito por questionário está dependente das informações dadas pelos participantes. Assim sendo, está dependente de determinados fatores individuais, tais como, o interesse em participar, e a própria veracidade das respostas dadas pelo participante. Daí que, seja extremamente importante que na fase de formulação e elaboração das perguntas, estas sejam construídas de forma simples, clara e bem estruturada, numa linguagem facilmente compreensível, devendo ser sempre submetidas a testes de validação com recurso ao pré-teste (UNWTO, 2001; Jennings, 2001; Finn et al, 2000; Veal, 1997). idtour – unique solutions Junho, 2014 12 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Não obstante as vantagens apontadas, os questionários também apresentam um conjunto de limitações que em sede de estudo, planeamento e operacionalização da recolha de informação, devem ser tidas em consideração e trazidas para a mesa do investigador, enquadrando as análises e as recomendações a apresentar. Com o objetivo de garantir o número mínimo de inquéritos definidos na amostra e disponibilizar alternativas flexíveis aos visitantes interessados em colaborar no estudo, sem descurar a segurança e a fiabilidade dos dados, pretende-se utilizar dois métodos de aplicação do questionário. A construção final do questionário aos visitantes foi suportada na análise bibliográfica e nos estudos existentes já publicados, e foi alvo de análise por parte da comissão de acompanhamento. O questionário estará estruturado em perguntas fechadas, diretivas, o que permitirá garantir que as respostas sejam facilmente codificadas, informatizáveis e comparáveis entre si, o que irá facilitar a aplicação de procedimentos de análise estatística para quantificar e analisar as respostas, e em perguntas abertas ou semifechadas. O recurso a perguntas fechadas implica a apresentação das respostas possíveis ao inquirido, permitindo que o inquirido se concentre mais na experiência, através do reconhecimento dos atributos, e menos no apelo à sua memória. A utilização de perguntas semifechadas ou mistas, possibilita que o inquirido exponha a sua opinião permitindo a obtenção de informação mais diversificada (mesmo num contexto complementar a perguntas fechadas, por exemplo com a introdução da opção ‘outros não referidos’), sendo dada ao inquirido a possibilidade de escolher a alternativa ‘outra’ pretende-se que reflita e indique ‘qual(ais)’, de modo a que se incremente o grau de especificação e se recolha outras variáveis e informações a acrescentar às estilizadas no questionário. As perguntas abertas permitem que os inquiridos se expressem através das suas próprias palavras sem qualquer opção quanto a alternativas de resposta. Este tipo de questão permitirá sintetizar o que é mais relevante no espírito dos inquiridos, no entanto, pode registar um conjunto disperso de ideias que dificulte a sua análise e interpretação ou que simplesmente divirjam do objetivo da questão. Este tipo de questão obriga, no entanto, à classificação e codificação posterior das alternativas sempre que surjam respostas que não tenham sido consideradas. Para o presente projeto foi considerado o tradicional inquérito em formato papel, na medida em que facilita a distribuição por um conjunto mais alargado de pontos, no entanto estes questionários encontram-se devidamente codificados de modo a evitar que se registe um número elevado de respostas concentradas num único local, o que poderá enviesar o estudo. O sucesso do projeto depende, não só do nível de concretização e alcance da metodologia apresentada, como também da capacidade de envolvimento de diversos atores público-privados, regionais e locais, como forma de criar uma identificação com o estudo e com os seus objetivos, que conduza à recolha do maior número de contributos possível, e assim aumentar o impacto, compromisso e execução das recomendações a produzir no relatório final do Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul em função dos resultados obtidos. 13 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul idtour – unique solutions Junho, 2014 14 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul 1.4. PROMOTORES O projeto é promovido em parceria por três promotores, a Associação da Indústria Hoteleira e Similares das Termas de São Pedro do Sul (AIHS – TSPS), a Câmara Municipal de São Pedro do Sul e a Termalistur - Termas de São Pedro do Sul E.M., S.A., cabendo, porém, à AIHS – TSPS um maior apoio e uma maior coordenação do projeto com a equipa responsável pelo desenvolvimento do mesmo. 1.4.1. ASSOCIAÇÃO DA INDÚSTRIA HOTELEIRA E SIMILARES DAS TERMAS DE SÃO PEDRO DO SUL (AIHS – TSPS) A Associação da Indústria Hoteleira e Similares das Termas de São Pedro do Sul (AIHS – TSPS) foi constituída com o objetivo de dinamizar o Balneário Rainha D. Amélia através da aposta e promoção da componente de lazer e bem-estar potenciando a ligação das termas à base económica local, sobretudo na área do alojamento e restauração, no sentido de que foram reconhecidas limitações técnicas da entidade gestora desta infraestrutura, à data a Câmara Municipal de São Pedro do Sul. Porém com a criação da Termalistur em 2004, empresa municipal de turismo, que assumiu as funções de gestão e dinamização dos dois balneários termais (Rainha D. Amélia e D. Afonso Henriques), os objetivos iniciais da AIHS – TSPS foram absorvidas pela nova empresa, neste sentido, e considerando as lacunas evidenciadas pela região ao nível da oferta turística a AIHS – TSPS reposicionou as suas funções e objetivos para as áreas da animação, promoção, informação, formação e dinamização da atividade do turismo nas Termas de São Pedro do Sul e Região de Dão Lafões, nomeadamente nos lugares dos concelhos de São Pedro do Sul, de Vouzela e de Oliveira de Frades. A AIHS - SPS tem levado e representado a região e o destino Termas de São Pedro do Sul aos principais certames turísticos nacionais, com particular evidência para a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), e em algumas feiras regionais de turismo em Espanha (comunidade autónoma de Castela e Leão, Galiza e Estremadura), assim como na principal feira de turismo da Península Ibérica, a FITUR que se realiza em Madrid. Ao nível do apoio aos empresários, a AIHS - SPS tem dinamizado diversas ações de formação em áreas criticas, em estreita cooperação com a Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal e da AHRESP - Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal. No território, a título individual, ou em cooperação estreita com as autarquias locais e os restantes agentes regionais tem concretizado diversas iniciativas para a dinamização do sector do turismo, seja através do estímulo para a 15 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul criação de uma oferta turística conjunta complementar, da criação de pacotes promocionais integrados para os hóspedes fidelizados (de modo a prolongar as estadas médias), ou seja ao nível através de ações de mercado para captar novos segmentos de mercado e novos mercados, sobretudo os com maior poder de compra, intervindo ainda ao nível da promoção nos mercados internacionais com maior potencial. 1.4.2. CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PEDRO DO SUL São Pedro do Sul é uma cidade beirã que se situa em pleno vale de Lafões, emoldurada pelos maciços das serras da Arada, Gralheira e S. Macário. Estas serranias com as suas paisagens verdejantes, os seus riachos de água fria e cristalina, as suas aldeias escondidas nos vales e montanhas, do alto da serra do S. Macário deslumbram-se paisagens marcantes, dos seus 1054 metros pode-se avistar a serra do Montemuro, a serra da Estrela e a serra do Caramulo, e todo o verdejante vale de Lafões. O concelho de São Pedro do Sul, com uma área total de 348,68km2, é cada vez mais um destino turístico de qualidade e eleição. Localizado no interior centro de Portugal, estende-se por 14 freguesias extremamente ricas do ponto de vista patrimonial, paisagístico, histórico, natural, arquitetónico e gastronómico. Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) de 2011 o Concelho tem 16.851 habitantes. As vias de acesso a este concelho são a E.N.16, E.N.227, E.N.228 e a A25, consideradas como boas vias de acessibilidade. Figura 1.4. Website Câmara Municipal de São Pedro do Sul Fonte: www.cm-spsul.pt idtour – unique solutions Junho, 2014 16 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul As Termas de São Pedro do Sul com dois balneários a funcionar todo o ano - são as mais frequentadas da Península Ibérica. A zona montanhosa do concelho proporciona ao visitante visões de deslumbrante beleza natural, para além do tipicismo das várias povoações milenares. A simpatia das gentes, o encanto paisagístico, a qualidade hoteleira, a boa gastronomia e a fama das suas águas termais fazem de São Pedro do Sul (concelho também reconhecido por vários autores literários como a “Sintra da Beira”) um local obrigatório de romagem turística e/ou curativa. Quem sobe a serra da Arada depara-se com uma sumptuosa simplicidade de fragas e desfiladeiros com pequenas aldeias e águas límpidas a verem-se no verde dos vales, que contrasta com o tom das rochas comuns nas elevações da Arada. A aldeia da Coelheira é marcada pelo magnífico tapete de carqueijal, bem aparado pelos rebanhos de ovelhas, cabras e cabritos que por ali são habituais clientes. Também um lago, num planalto da serra, com as suas trutas saltando e borbulhando, faz parte de um horizonte pastoral e sereno. Mais adiante, seguindo a estrada, fica a aldeia do Candal, com os seus típicos conjuntos rurais. A serra da Gralheira é um maciço que se começa a elevar a partir das margens do rio Baroso, onde se situa o antiquíssimo “Real Mosteiro de São Cristóvão de Lafões”, remontando a sua origem a um período anterior á fundação da nação, e num local, onde a proximidade com os elementos da natureza faz estimular as virtudes do espírito. Começando a subir, serra acima, chega-se aquela que já foi a aldeia mais portuguesa de Portugal, a aldeia de Manhouce, com todas as suas tradições etnográficas, artísticas e gastronómicas, muito apreciado é o cabrito assado da Gralheira. A gentil franqueza dos povos serranos faz-se notar na fraternidade com que nos obsequeiam, com o presunto e broa caseira, a também caseira chouriça e a tradicional aguardente ou o fino copo de vinho verde de Lafões. São pessoas afáveis e sinceras, sempre dispostas a dar preciosas informações acerca da região e dos seus lugares escondidos que merecem uma visita. São Pedro do Sul, o canteiro mais florido de Lafões, contém em si as paisagens infinitas que os nossos olhos podem ver, povoadas de mil cores e cheiros que as muitas árvores e flores exaltam o suave perfume agreste, de cima das verdes ramagens vê harmoniosas melodias com que os rouxinóis nos saúdam e a fome e a sede podem ser mortas com sabores da serra. 1.4.3. TERMALISTUR – TERMAS DE SÃO PEDRO DO SUL E.M., S.A. A Termalistur – Termas de S. Pedro do Sul E.M., foi criada por escritura pública em 08 de Janeiro de 2004. Considerando a crescente diversidade de atribuições das autarquias locais, a complexidade da gestão da maior estância termal da península ibérica e a procura de um desenvolvimento sustentado das Termas de São Pedro do Sul, o Município de São Pedro do Sul entendeu por bem a criação de uma empresa pública, na medida de em que o seu capital social é detido na totalidade pelo Município de São Pedro do Sul, com o intuito de agilizar e potenciar a gestão dos balneários termais e toda a atividade termal, possibilitando uma gestão autónoma e mais flexível, gerando ao mesmo tempo mais eficácia. Com a Termalistur, enquanto Empresa Pública Municipal, passaram a estar reunidas as condições para o estabelecimento de uma gestão dinâmica e desburocratizada. 17 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Após as necessárias aprovações sobre a sua constituição em sede de Câmara Municipal e Assembleia Municipal iniciou a sua atividade em 15 de Março de 2004, procurando a máxima eficácia e eficiência na gestão dos Balneários Termais. Além da gestão dos Balneários Termais e de todas as atividades ligadas ao termalismo, que constituem o objeto principal da empresa, a Termalistur, pode exercer complementarmente atividades adicionais relacionadas com o seu objeto principal, designadamente estudos, planos de investimento e gestão de serviços correlacionados, em especial, e entre outros, os de turismo, exploração e transformação das águas e de prestação de serviços de transporte bem como todas as ações conducentes à valorização do património histórico e natural de São Pedro do Sul. Figura 1.5. Website Termalistur Fonte: www.termas-spsul.com idtour – unique solutions Junho, 2014 18 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul 1.5. TERRITÓRIO SUB-REGIONAL TERMAS DE SÃO PEDRO DO SUL A sub-região Dão Lafões localiza-se na parte Norte da região Centro, entre os territórios do litoral e os territórios do interior, estendendo-se por um conjunto de 15 municípios. A nível paisagístico, a sub-região é caracterizada por uma paisagem muito diversa, marcada pelas serras do Caramulo, Arada, Montemuro, Freita, Lapa e Leomil e pelos rios Dão, Vouga, Paiva e Mondego. A sub-região Dão Lafões é já um importante destino turístico no segmento do termalismo, apesar da existência de debilidades ao nível da estruturação da oferta e do alojamento. Nos últimos anos assistiu-se a uma clara tendência de desenvolvimento do sector, com a remodelação, modernização e reabertura de algumas unidades termais e a expansão do Turismo em Espaço Rural (TER). A atividade turística deverá, portanto, assumir uma posição de destaque na estratégia de desenvolvimento da sub-região, tendo como suporte a valorização dos recursos territoriais específicos/endógenos com maior potencial de atração turística. Figura 1.6. Website da CIM da Região Dão Lafões Fonte: www.cimvdl.pt 19 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Perspetivam-se vários desenvolvimentos na sub-região, nomeadamente a instalação de uma oferta turística estruturada de unidades de alojamento no segmento TER, associada a atividades de animação e à revitalização de aldeias tradicionais; consolidação de produtos turísticos emergentes, como o turismo de saúde e bemestar (presença na sub-região de estâncias termais que oferecem, para além dos tradicionais programas de termalismo clássico, programas de saúde e bem-estar), maior oferta nas áreas do turismo de aventura e do turismo de natureza (valorizando os espaços ambientalmente mais ricos). Também o turismo patrimonial e histórico assume fortes potencialidades na Região Dão Lafões, com a aposta no desenvolvimento de rotas turísticas centradas em especificidades históricas e patrimoniais da sub-região, como são exemplos: a cidade de Viseu associada à figura de Viriato (rota Viseu dos Romanos à Idade Média), o pintor Grão Vasco e seus contemporâneos que afirmaram a cidade de Viseu como a capital do Renascimento em Portugal. Camilo Castelo Branco escreveu em Viseu grande parte do seu livro Amor de Perdição (Viseu Romântico do século XIX), Aquilino Ribeiro ficou detido, em 1927, no Paço de Viseu/Presídio do Fontelo depois de ser preso numa ação cívica em Mangualde (Viseu Republicano do século XX). A estas rotas turísticas junta-se a Rota de Vinhos do Dão, associada ao desenvolvimento do enoturismo na sub-região Dão Lafões. Destaque, ainda, para a localização geoestratégica de Dão Lafões: encontra-se a 30 minutos de Aveiro, Coimbra ou Covilhã, a duas horas de Lisboa e a uma hora do Porto. O território situa-se numa confluência de vias, podendo-se chegar aqui pelas estradas A25, A24 ou IP3, bem como pela principal linha internacional de caminhode-ferro, a linha da Beira Alta, com as estações de Mangualde, Nelas e Santa Comba Dão O município de São Pedro do Sul integra o território de intervenção da ADDLAP (Associação de Desenvolvimento do Dão, Lafões e Alto Paiva - www.addlap.pt) e da ADRIMAG (Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras do Montemuro, Arada e Gralheira - www.adrimag.com.pt), no âmbito da abordagem LEADER. O território da ADDLAP está integrado na Região Centro, na NUT III Dão Lafões, e abrange 5 concelhos pertencentes ao distrito de Viseu: Oliveira de Frades, São Pedro do Sul, Vila Nova de Paiva, Viseu e Vouzela, com exclusão das freguesias localizadas mais a norte do município de São Pedro do Sul (com referência aos lugares de Carvalhais, Covas do Rio, Manhouce, Santa Cruz da Trapa e Sul) por pertencerem ao território de intervenção da ADRIMAG e das freguesias urbanas do concelho de Viseu. O território caracteriza-se por ser marcadamente de montanha, localizando-se a uma altitude média entre 300m e 700m. A forte presença da água foi um fator determinante para a ocupação destas terras, uma vez que, sendo uma garantia de fertilidade, permitia a prática agrícola, senão como principal fonte de rendimento, como atividade complementar. Os rios Vouga, Paiva e Dão são as linhas de água mais representativas sendo, no entanto, de referir, que este território é abundante em recursos hídricos. Tendo sido os recursos naturais (agricultura e floresta) a principal fonte de rendimento da população destas áreas, o respeito e o cuidado com a sua preservação, como elementos essenciais à manutenção socioeconómica, são uma evidência no processo de humanização dos cinco concelhos. No que diz respeito aos recursos naturais, destacam-se as Termas de São Pedro do Sul e as Termas de Alcafache. As primeiras idtour – unique solutions Junho, 2014 20 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul são de origem remota, encontrando-se vestígios desde a época castreja e são as mais frequentadas da Península Ibérica. O território de intervenção da ADDLAP caracteriza-se por ser um território de montanha, influenciado pela Serra da Gralheira (concelho de São Pedro do Sul), Serra de Leomil (Vila Nova de Paiva) e Serra do Caramulo a sul (Oliveira de Frades), é um território densamente irrigado. Os rios Vouga, Paiva e Dão são as linhas de água mais representativas. A região tem ainda dois espaços que integram a Rede Natura, como Sítios de Importância Comunitária pertencentes à região biogeográfica mediterrânica: o Sítio do Rio Paiva (Vila Nova de Paiva) e o Sítio do Cambarinho (Campia – Vouzela) que alberga uma das maiores populações nacionais de loendros. Neste território encontra-se um dos principais centros da rede urbana nacional e regional – a cidade de Viseu, com fortes interdependências aos espaços envolventes caracteristicamente rurais ou, pela força das dinâmicas urbanas que extravasam os limites da cidade, se assumem cada vez mais como “rurbanos”. A realidade aqui encontrada é o exemplo evidente das novas lógicas de organização e funcionalidade dos padrões de apropriação humana, nas quais se encontram exemplos como o rural industrializado, o rural não agrícola das áreas de segunda ou de primeira residência dos que trabalham na cidade, o rural profundo onde tudo parece permanecer desde a origem ou ainda o rural da base económica especializada. Figura 1.7. Território de Intervenção da ADDLAP Fonte: www.addlap.pt A zona de intervenção da ADRIMAG abrange uma área homogénea de características geográficas, rurais, culturais e patrimoniais muito próprias, estende-se no sentido Norte - Sul do Rio Douro ao Rio Vouga numa área total de 1.308 Km2, englobando os concelhos de Arouca, Castelo de Paiva, Castro Daire, São Pedro do Sul, Sever do Vouga e Vale de Cambra. A população total residente nesta zona de 21 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul intervenção é na ordem das 110.000 pessoas. Esta zona predominantemente montanhosa, é atravessada pelo Rio Paiva, afluente do Douro e pelos rios Arda e Bestança, igualmente afluentes do Douro. Atravessa ainda esta região o rio Caima, afluente do Rio Vouga. A homogeneidade deste território advém das características geográficas da região: área de montanha com uma população com “modus vivendi” serrano, onde persiste uma agricultura complementar a outras atividades como forma de rendimento. É uma região marcadamente agrícola, quer a contemplemos sob a componente da área de ocupação do solo, quer sob o ponto de vista da proveniência dos rendimentos económicos da população. A região sofre de algum êxodo rural, nomeadamente nas freguesias mais isoladas. Na zona de intervenção da ADRIMAG existem fortes potencialidades no sector do turismo. De facto, esta região é detentora de um vasto património natural, cultural e gastronómico que poderá servir de base a um desenvolvimento da atividade turística assente no turismo em espaço rural, restauração, caça e pesca, termalismo, turismo de natureza, desportos de ar livre, animação local, entre outros. O turismo deverá seguir um plano de ordenamento que não ponha em risco a sua sobrevivência, atuando de forma integrada e respeitadora dos recursos locais. É de realçar o património histórico e arqueológico existente, pois existe um conjunto de monumentos megalíticos nas serras, como antas, mamoas e dólmenes, o convento de Santa Mafalda em Arouca e São Cristóvão, em São Pedro do Sul, entre outros, que despertam a curiosidade do turista que visita esta zona. Figura 1.8. Território de Intervenção da ADRIMAG Fonte: www.adrimag.com.pt idtour – unique solutions Junho, 2014 22 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul A existência do artesanato nesta zona de intervenção é notória, pois embora a região se situe próxima do litoral e dos polos de crescimentos urbanos e industriais, estes saber-fazer eram essenciais, pois as populações desta região para fazer face à interioridade e isolamento especialmente nas zonas mais montanhosas, encontraram formas de dispor de bens e serviços que não podiam obter com facilidade. Situada na parte mais ocidental da Beira Central, a Região de Lafões é uma subregião natural, constituída pelas terras tributárias do curso médio do Vouga e dos seus afluentes Sul e Ribamá, que, vindos de margens opostas, confluem junto de São Pedro do Sul. De Lafões fazem geograficamente parte os concelhos de Oliveira de Frades, Vouzela e São Pedro do Sul, territórios que possuem características próprias que o distinguem das regiões vizinhas, e apresentam características geográficas bem definidas e uma história razoavelmente conhecida. Das características físicas e culturais comuns, muitas vezes apenas divididas, ao longo da história, por requisitos administrativos, sobressaem dois produtos e elementos marcantes: o Vinho de Lafões e a Vitela de Lafões. Figura 1.9. Região de Lafões Fonte: www.cm-spsul.pt 23 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Sem quebra da sua unidade geográfica, Lafões é uma região diversificada, a lembrar umas vezes o Douro, com culturas em socalco, outras vezes o verdejante Minho, não faltando até, nalguns lugares, a "vinha de enforcado". O seu vinho verde pede meças ao do Minho, sobretudo se a acompanhar a Vitela de Lafões ou o cabrito da Gralheira. Em algumas povoações caramulanas e do Maciço da Gralheira - Covas do Monte, Pena, Fujaco e outras - restam ainda, nas casas rurais, certos traços de primitivismo, que vão resistindo ao progresso. Paredes de granito, sem reboco exterior, coberturas de xisto, fumo a sair pelas telhas. Por toda a Região de Lafões, restam vestígios de populações neolíticas, que, sobretudo em pontos elevados de terras graníticas, construíam as suas habitações, inumavam os seus mortos em dólmens e mamoas e, nas pedras das encostas dos montes, gravavam sinais, provavelmente relacionados com os monumentos funerários. Figura 1.10. Acessibilidades a São Pedro do Sul Fonte: www.cm-spsul.pt Boa parte das povoações de Lafões, sobretudo nas zonas mais elevadas, tem a sua origem em castros entretanto abandonados, e as populações desceram para os vales, sobretudo para as proximidades dos rios. Outros, porém, continuaram a ser habitados e eram-no, ainda, quando chegaram os romanos, de quem vieram a sofrer grande influência. Lafões não escapou à ocupação romana. A região era sulcada por vasta rede de estradas, de que chegaram até nós alguns troços e pontes. Ao longo das estradas, marcos miliários assinalavam as distâncias em milhas, vários destes marcos foram encontrados na Região de Lafões. Mas o mais importante vestígio deixado pelos romanos foi o Balneário romano das Termas de São Pedro do Sul. Com o avanço da Reconquista cristã, sobretudo depois das conquistas de Fernando Magno a sul do Douro, incluindo Viseu, a Região de Lafões vai-se desenvolvendo em idtour – unique solutions Junho, 2014 24 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul termos populacionais. As populações rurais dispersam-se por "villas", propriedades rústicas, granjas ou herdades, mais ou menos isoladas. Foram estas propriedades rústicas que, desenvolvendo-se e aglutinando-se, vieram a dar origem às primeiras povoações. No concelho de São Pedro do Sul, a natureza é, claramente, uma experiência a não perder. Com três serras no seu território, Arada, Gralheira e S. Macário, a natureza, aqui, como que nos faz voltar aos primórdios da nossa memória humana no mundo. Vales verdejantes que contrastam com paisagens agrestes e absolutamente despidas, permitindo descortinar os ancestrais movimentos tectónicos que definiram a superfície do planeta, percursos que nos levam ao imaginário das florestas tropicais, com quedas de água, flora luxuriante e desconhecida, até às margens de rios e ribeiras, como o Vouga, o Sul ou o Paiva, que limita o concelho a norte. Figura 1.11. Mapa Turístico de São Pedro do Sul Fonte: www.cm-spsul.pt A grande vantagem deste concelho é a sua localização geográfica e a quantidade de experiências diferentes que pode proporcionar a quem o visita. Num raio de 25 quilómetros, existe a maior estância termal da Península Ibérica (com programas inovadores de saúde, beleza e bem-estar); é possível usufruir da exuberância natural das serras da Freita, Arada e S. Macário e das águas límpidas dos rios Vouga, Paiva. As inúmeras aldeias típicas de granito e xisto, o vasto património arqueológico e os desportos de aventura que os parques naturais oferecem são também opções interessantes a ter em conta quando se trata de fugir do bulício dos grandes centros urbanos. O território assume, ainda, uma quantidade de experiências diferentes que proporciona a quem o visita. A zona montanhosa do concelho, maciços das serras da Arada, da Gralheira e de S. Macário, proporciona ao visitante paisagens de deslumbrante beleza natural, para além do tipicismo das várias povoações milenares. 25 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul As inúmeras aldeias típicas de granito e xisto, o vasto património monumental e arqueológico, bem como a oferta de desportos de aventura em sintonia com a natureza. A simpatia das gentes, o encanto paisagístico, a qualidade hoteleira, a boa gastronomia e a fama das suas águas termais fazem de São Pedro do Sul um local obrigatório de romagem turística e/ou curativa. A realização de eventos tem trazido também ao concelho turistas de todo o país para participar em iniciativas reconhecidas regional e nacionalmente como o Andanças (anteriormente organizado em Carvalhais), os Ritmos da Terra (percursos pedestres), o Encontro de Contadores de Histórias criados pelo Projeto Criar Raízes, bem como as tradicionais festas: da Laranja, da Castanha e do Mel, etc. Deste modo, e considerando a diversidade patrimonial e natural de São Pedro do Sul, este território cada vez mais se assume como um destino turístico de qualidade e de eleição. Localizado no interior centro de Portugal, estende-se por 14 freguesias extremamente ricas do ponto de vista patrimonial, paisagístico, histórico, natural, arquitetónico e gastronómico. Porém o seu principal elemento de atratividade reside nas Termas de São Pedro do Sul considerando a oferta turística polarizada nos dois balneários termais e tratamentos existentes, que beneficiam das propriedades únicas da água termal, devidamente complementada por uma oferta de alojamento, gastronomia e de animação turística diversificada e ampla. Figura 1.12. Mapa Turístico das Termas de São Pedro do Sul Fonte: www.cm-spsul.pt idtour – unique solutions Junho, 2014 26 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul As Termas de São Pedro do Sul têm uma vocação milenar para o termalismo de saúde. Para isso contribui decisivamente a riqueza única das suas águas profundas. Emergindo à superfície a uma temperatura de 68º C, as propriedades das suas águas tornam-nas especialmente indicadas para o tratamento de doenças reumatológicas, das vias respiratórias e nas áreas da medicina física e de reabilitação. Foi precisamente nesse sentido e com o propósito de elevar a qualidade dos tratamentos ministrados nestas áreas médicas, que o Balneário D. Afonso Henriques se modernizou. O Balneário Rainha D.ª Amélia apresenta-se cada vez mais como a alternativa clássica de requinte e charme das Termas de São Pedro do Sul. Renovado, o balneário oferece um ambiente de bem-estar termal com tratamento personalizado de alto nível, devidamente certificado. Posiciona-se, cada vez mais como o Balneário de Bem-Estar desta vila termal, não deixando todavia de prestar programas de termalismo de saúde e técnicas de medicina física e de reabilitação. Nas Termas de São Pedro do Sul encontram-se cerca de 3 dezenas de unidades de alojamento, independentemente da sua categoria (Hotéis, Turismo em Espaço Rural ou Alojamento Local entre outras), o que corresponde a uma oferta na ordem das 850 camas. Já ao nível da oferta de unidades de restauração e bebidas verifica-se um menor nível da oferta, quer em termos de quantidade ou de qualidade, sendo a maioria da oferta existente integrada nos estabelecimentos de alojamento existentes. Em termos de animação e pese o esforço promovido na organização de uma agenda de animação cultural, verificam-se lacunas ao nível da animação turística e de transportes turísticos que fomentem o aumento da atração e da permanência média de novos segmentos de mercado, e o aumento da oferta de atividades de animação para a ocupação dos tempos livres dos visitantes/aquistas. 27 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul idtour – unique solutions Junho, 2014 28 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul 1.6. HISTÓRIA A história dos banhos públicos começa na Grécia no séc. VI a.C., associados a práticas relacionadas com o embelezamento e cuidados do corpo. Para os gregos, tal prática relacionava-se, não só, com a descontração física, após um esforço muscular, mas também com uma procura permanente do equilíbrio do corpo com a mente. Desta forma, as primeiras instalações, dos referidos banhos, surgem ao ar livre, à sombra das oliveiras, próximo da palestra (do grego. Palaístra, lugar onde se pratica a luta) – área destinada à prática de exercício físico, e da êxedra (do grego. exédra) – área destinada a reuniões e a ensinamentos ou preleções filosóficas, e eram constituídas por grandes vasos circulares, abertos, assentes num suporte e à altura das ancas (Duminil, 1985). É, no entanto, durante o séc. IV a.C., que nasce verdadeiramente a arte do banho na Grécia, praticado em salas, algumas vezes escavadas nas próprias rochas, ornamentadas por mosaicos (alguns deles ainda chegados aos nossos dias, e evidenciando cenas ligadas aos banhos e balneários), onde o solo era lajeado de pedra polida. Os gregos banhavam-se, normalmente, uma vez por dia, ao meio do dia ou antes da refeição da noite. Os banhos transformavam-se, assim, em lugares de encontro(s), mas mais ligados à higiene do corpo, necessária após as atividades desportivas, que à ideia de lazer e de conforto social (Ramos, 2005). Afirmar que as termas muito contribuíram para tornar Roma eterna, parece nada conter de excessivo nem de utópico, mais de vinte séculos passados. Efetivamente, entre os mais diversos e significativos vestígios existentes, num grande número de cidades do império romano, as termas encontram-se entre os mais majestosos e impressionantes testemunhos da sofisticação inaudita, à qual se encontra ligada a arte do banho. Os romanos parecem sempre ter nutrido pela água uma predileção muito especial, uma vez que, já mesmo antes da edificação das grandes termas imperiais, eles mergulhavam e nadavam nas correntes refrescantes das ribeiras ou à superfície dos lagos. Os romanos preocupavam-se com a manutenção da boa forma física e com a garantia da sua saúde, numa envolvência de bem-estar e vigor. Começando por se banharem nas águas de temperaturas mais baixas, os romanos, à medida que a idade avançava, experimentavam águas mais tépidas, até ficarem sujeitos ao regime dos banhos de estufas (Ramos, 2005). Durante a Idade Média, verificou-se um verdadeiro retrocesso do desenvolvimento termal na Europa. Assim, o termalismo europeu entra num longo período de letargia, que tem início com a chegada dos povos Germânicos, no século IV, terminando apenas nos princípios do século XVIII. Embora a prática das águas e dos banhos, não tenha desaparecido totalmente, a verdade é que a expansão do cristianismo em nada favorece a sua cultura procurando, mesmo, demarcar-se daquilo a que apelidavam de hábitos e influências pagãs. A Igreja desaprova, assim, a utilização da água tal como os Romanos a entendiam, uma vez que aos olhos da mesma, tal 29 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul utilização era considerada como uma expressão de decadência moral, um misto de feitiçaria e bruxaria e, até, lugares ou práticas de concupiscência. A Igreja condenava, ainda, fortemente, a nudez imposta pelos banhos e impunha severas restrições aos aspetos ligados à higiene e ao prazer, considerando-o como uma forma de hedonismo censurável. Por outro lado, as igrejas mas, fundamentalmente, os mosteiros, vão ganhando o controlo da maior parte das fontes termais, passando, não só, a ser os seus detentores como, também, os feitores e controladores dos bons costumes (Ramos, 2005). Um verdadeiro élan de abertura intelectual – assim se poderia chamar ao período que decorre a partir do início do século XV – em que tal projeção se reflete, de uma forma notável, por toda a Europa, e cujos resultados se evidenciam, sobretudo, no século XVI. Trata-se efetivamente do reflexo da Renascença italiana, e da apoteose do Cinquecento, às artes e ao mundo artístico, e do seu extraordinário eco por países próximos, que faz ressurgir uma Europa adormecida durante numerosos séculos, proporcionando o cruzamento e contactos vários, entre culturas, até então quase isoladas e pouco difundidas. É neste contexto que se consolida, entre as diferentes elites, o hábito de proceder a circuitos entre vilas termais notáveis, procurando não só, o restabelecimento físico pela cura mas, também, proceder a uma análise comparativa entre as diferentes estações termais de renome e conhecer e admirar paisagens, hábitos e costumes estrangeiros. Desta forma, se passa a associar e a evidenciar a beleza e a exuberância, assim como o pitoresco de certas paisagens com os diferentes resultados e a notoriedade dos lugares de cura, e ainda com a qualidade do acolhimento (Ramos, 2005). A consolidação de contextos e dinâmicas desenvolvidas no sector termal, durante o século XVIII, reforça-se e expande-se no século XIX, onde os efeitos da euforia termal britânica começa a fazer-se sentir na Europa continental. A verdadeira viragem de atitude, imprimida no povo britânico, assentou sobretudo numa alteração da forma de percecionar as vivências termais, onde o conceito de “passeio” se passou a associar à cura – e à imagem das vilas termais – como se verificou em Tunbridge Wells, próximo de Londres. Tal proximidade, permitiu e estimulou a frequência daquelas vilas, pela aristocracia londrina, que passa a utilizá-las como forma de distração, embora sempre sujeitas ao pretexto irrepreensível da saúde. Os estabelecimentos termais aperfeiçoam-se, igualmente, adquirindo novos e melhores equipamentos; novos hotéis são construídos, os salões de baile engrandecem-se, enquanto as salas de teatro e os casinos se começam a impor na vida e na animação das estâncias de cura, assim como surge um reforço do investimentos em novos e sumptuosos casinos a imporem-se como modelos nas vilas termais. É a partir de meados do século XIX que a modernização das infraestruturas termais se transforma numa das principais preocupações, para as sucessivas administrações termais, tendo por grande objetivo não só a qualificação da estância termal mas, também, a dos serviços, por forma a garantir uma frequência heterogénea, através da captação de classes sociais mais elevadas. Com tal intuito, começa a projetar-se a separação física entre as várias classes sociais uma vez que, sendo os doentes internos, pessoas de menores posses económicas, era conveniente que os doentes externos pudessem encontrar todas as comodidades e luxo, que as classes mais elevadas da sociedade exigiam (Mangorrinha, 2000). idtour – unique solutions Junho, 2014 30 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Na 1ª metade do século XX o termalismo regista alguma decadência perante a valorização de outras práticas curativas (progressos da quimioterapia) e destinos turísticos (praia). As termas passam a ser destino (subsidiado) das classes média e baixa, como oportunidade e justificação para férias, e ainda de idosos com tempo livre para tratamentos morosos. As termas asseguram estadas de turismo de saúde em sentido lato por parte das massas trabalhadoras, de recuperação das capacidades de trabalho, de cura da saúde física e do equilíbrio psicológico durante o período de férias. As termas passam a ser expressão de um turismo social com poucas possibilidades de opção (Rebelo, 2012). O uso das águas termais é conhecido desde tempos anteriores à formação da nacionalidade portuguesa, por povos que em torno de fontes e nascentes construíram lugares que ainda hoje existem e foram designados, conforme as épocas históricas, como banhos, caldas e termas. Uma das razões para decidir vir a banhos às Termas de São Pedro do Sul tem as suas raízes na História. Perdem-se no tempo, os primeiros vestígios da utilização das suas águas termais com fins curativos e de bem-estar. Remontam mesmo para a Préhistória da humanidade. Mas se esses já não são facilmente visíveis, o mesmo não acontece com o uso que os romanos fizeram destas águas, seguindo-se-lhes muitos dos nossos maiores reis como D. Afonso Henriques e D. Manuel I. É pois, uma sabedoria feita de vários milénios, de múltiplas experiências e de permanentes resultados positivos a sustentar ao longo da história essa mesma utilização. De facto, têm já mais de dois mil anos, os mais antigos testemunhos castrejos da utilização das águas termais, no local onde hoje se localizam as Termas de São Pedro do Sul. Mas são dos romanos, que difundiram por todo o mundo ocidental a magia das águas termais que antes os gregos tinham descoberto, os mais importantes e antigos vestígios patrimoniais, ainda hoje se podem ver várias componentes em pedra (há vários anos à espera de recuperação por parte do IGESPAR) do que foi o “Balneum Romano” construído nos primeiros anos do século I da era cristã. Mais tarde, já no século XII, as então denominadas Caldas Lafonenses voltam a ser objeto de interesse e notícia. Porém o estado do edifício das Caldas e do Hospital Real tem vindo a decair e a degradar-se cada vez mais, pois desde o término da sua exploração como edifício termal serviu, ainda, de escola primária, cantina e café, até ter sido definitivamente abandonado, tendo, posteriormente, sofrido dano considerável com o temporal de 1995 que se encarregou de destruir e fazer desabar parte do edifício. A ocupação humana da zona das atuais Termas de S. Pedro do Sul remonta a épocas muito remotas, facto que não será possível localizar com muita exatidão, no entanto as referências históricas existentes são notáveis, sendo de referir os testemunhos castrejos presentes, pela sua importância e representatividade, nas imediações do espaço das Termas. Supõe-se que este terá sido o ponto de partida para que os romanos, conhecedores das propriedades curativas das águas mineromedicinais, iniciassem a construção do "Balneum", constituído por quatro estruturas designadas por "Tepidarium” (banho de transição), “Sudatarium” (banho de vapor), “Caldarium” (banho de água quente) e “Laconicum” (estufa seca). Lafões não escapou, assim, à ocupação romana, sobretudo nas Termas de São Pedro do Sul, pois ainda existem vestígios da estrada romana que ali passava bem como a ponte romana que ainda hoje existe, sendo, no entanto a marca mais importante representada pelo “Balneum Romano construído, com o intuito de 31 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul aproveitar as propriedades curativas das águas sulfurosas que aí brotam e tão apreciadas pelos romanos (Oliveira, 2002). No entanto, é natural que as propriedades das águas fossem aproveitadas com fins medicinais, no período pré-romano, pois bem perto das Termas de São Pedro do Sul é possível encontrar o Castro do Banho. Mas é com os romanos que se passa a fazer um uso intensivo das águas, quer para fins terapêuticos quer como fonte de prazer, luxo e vida social (Oliveira, 2002). A edificação do conjunto termal, na margem esquerda do rio Vouga, é atribuída aos Romanos, a comprovar temos não só o termo "Balneum" denominação da qual proveio a palavra Banho, nome pelo qual ficou conhecido o lugar após a saída daqueles povos - como também a existência de importantes ruínas e vestígios arqueológicos. Foi apenas em meados da década de 50 que a Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais mandou proceder à primeira campanha de escavações tendo descoberto a piscina exterior, fustes e capitéis jónicos de grandes colunas. Mais tarde com a realização de várias escavações arqueológicas, iniciadas em 1985, permitiram a descoberta de vários fustes e capitéis de grandes colunas jónicas, várias piscinas e numerosas medalhas com as efígies de Constantino e Trajano, bem como uma inscrição votiva ao Deus Mercúrio. O conjunto que compõe o Balneário Termal seria composto por uma piscina exterior e várias interiores (que seriam ao longo dos anos, em média, 3) que foram sofrendo adaptações e alterações em função das necessidades e aumento da capacidade. Este será o melhor exemplo conhecido em Portugal do que foi um balneário medicinal romano (Oliveira, 2002). Com a queda e desmembramento do Império Romano segue-se um interregno na vida das Caldas Lafonenses, denominadas deste modo a partir do século XII. A partir deste século (XII) com a fundação da nacionalidade, as Caldas de Lafões afirmam-se como as mais importantes do Portugal nascente, as virtudes terapêuticas das suas águas eram procuradas por nobres e plebeus (Oliveira, 2002). Sabe-se que, depois desta data, foram frequentadas por ilustres figuras da corte portuguesa, de entre as quais se destaca D. Afonso Henriques, que em 1152 concedeu foral à Vila do Banho, elevando-a desta forma a concelho, mais tarde a “Couto do Reino” e, posteriormente a “Couto de Honra”. O concelho do Banho foi um dos mais antigos do reino e, sendo a terra mais antiga de Lafões, podendo-se deduzir que tenha sido, durante muito tempo, a sua capital. A presença de D. Afonso Henriques veio alterar por completo a vida das celhas caldas (Oliveira, 2002). É o primeiro Rei de Portugal, em 1169, após fratura da perna sofrida na batalha de Badajoz, que vai recuperar fisicamente para as Caldas Lafonenses na Vila do Banho. Aqui terão sido lavrados e aprovados documentos de extrema importância, referentes à organização e administração do reino. A presença de D. Afonso Henriques veio alterar grandemente o funcionamento e a vida das Caldas Lafonenses, a tal ponto que estas passaram a ficar associadas ao monarca. Depois da vinda de D. Afonso Henriques e do êxito que as águas haviam produzido aos seus males, aumentou o número de nobres e plebeus, de ricos e pobres, que procuraram a cura para os seus achaques na água termal da “Vila do Banho”. Depois de D. Afonso Henriques, o conjunto termal de Lafões vai continuar a ser, durante séculos, o principal centro de assistência da região, sendo ainda referida a idtour – unique solutions Junho, 2014 32 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul passagem por Lafões de D. Dinis, D. João I, Duque de Lencastre, D. Duarte, Infante D. Pedro, Infante D. Henrique e os Duques de Visão, não sendo, no entanto, possível ter certeza da veracidade destas referências (Oliveira, 2002). Já nos primeiros anos do século XVI, é o rei D. Manuel I que decide desenvolver as Caldas Lafonenses, que passam a chamar-se “Hospital Real das Caldas de Lafões”, devido à edificação de um Hospício, construído a mando do Rei Venturoso. Em 1515 foi dado, pelo monarca, novo e mais importante foral à Vila do Banho, aumentando as suas competências e importância. Certo é que as Caldas Lafonenses obtiveram grande êxito e distinção com a cura do nosso primeiro Rei e com a posterior estadia de D. Manuel I. No entanto o que as destaca e as impõe à consideração médica é, sem dúvida, o facto de estas serem as primeiras Termas, do nosso país, a serem submetidas ao estudo científico de um médico. Estas alterações representam uma mudança na estrutura e no modo como as termas passariam a funcionar a começar pelo uso das águas, que até então era livre, e que passaram a estar sob alçada e controlo do Hospital Real criado. Em 1696 é publicado a “Chronographia Medicinal das Caldas de Alafoens”, elaborada por António Pires da Sylva, que apresenta, de uma forma detalhada, a orgânica do funcionamento do hospital, das termas e da utilização das águas para fins medicinais (Oliveira, 2002). Entretanto, no edifício do Hospital e dos banhos iam-se operando novas alterações, os antigos tanques, qua ainda existiam em 1821, já não existiam em 1875, em seu lugar foram instalados 11 aposentos com 16 banheiras, 4 forradas de azulejos e as restantes de granito, estando 8 em quartos isolados e as outras distribuídas duas a duas. Entretanto, na parte final do século XIX aproximava-se o fim da vida do hospital, que de hospital já tinha pouco pelo surgimento dos hospitais de Vouzela e São Pedro do Sul, promovidos pelas Misericórdias de Lafões, ainda que isso não significasse a perda de importância das Caldas, pois antes pelo contrário, desenvolveram-se cada vez mais como estância termal (Oliveira, 2002). Nas duas últimas décadas do século XIX, as termas, em franco desenvolvimento, passavam por uma profunda transformação, tanto no aspeto material como funcional. Entre todos os melhoramentos figura a construção de um novo balneário, o que marca o começo da transição das termas do século XIX para o século XX. Em 1884 a Câmara Municipal de São Pedro do Sul deliberou construir um moderno balneário, que sucede ao antigo Hospital Real e cujos trabalhos tiveram início nessa mesma data. O edifício é formado por duas alas simétricas ligadas por um vestíbulo espaçoso, em cada uma das alas abrem-se as salas e os quartos de banho suficientemente espaçosos, iluminados e agradáveis. No meio do edifício uma sala ampla com acesso aos duches e uma sala de espera. As banheiras são 10 de cada lado, umas de mármore e outras de azulejo, ao centro uma torre quadrangular de ferro de 16 metros de altura com dois reservatórios de lousa destinados aos duches (Oliveira, 2002). Em 1894 a Rainha D. Amélia, acompanhada de seus dois filhos, aqui se deslocou com a finalidade de obter a cura para os seus achaques. Como forma de assinalar a estadia de tão ilustre visitante, deliberou a Câmara da época colocar no átrio do então recente edifício uma placa com o brasão da soberana, bem como o seu busto em alto-relevo. Em 1895 fora publicado um decreto que determinava que as Caldas de Lafões se passassem a denominar “Caldas da Rainha D. Amélia”. De imediato o nome da soberana foi atribuído ao novo balneário, o qual subsiste até à presente 33 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul data. Com o advento da República, o local passou a ter a denominação atual de Termas de São Pedro do Sul. Em 1914 foi ampliado o Balneário Rainha D. Amélia com a instalação de uma nova ala no edifício que incluía novas salas de tratamento, também nesse ano a Linha Vale do Vouga chega à região, passando o comboio a ser o meio de transporte mais utilizado pelos aquistas, impacto que se repercutiu no aumento da afluência das Termas de São Pedro do Sul. O termalismo adquiria também, em Portugal, a partir de meados do século XIX, alguma expressão, não só porque os banhos de mar eram ainda pouco recomendados para a saúde do corpo, mas sobretudo, porque, na Europa alémPirinéus, e designadamente em França, na Itália, na Alemanha e na Áustria, as termas eram classificadas como zonas climáticas onde, para além do tratamento das enfermidades, se desenvolvia um estilo de vida em que a descontração, o repouso, o entretenimento cultural, social e desportivo, constituíam ingredientes indispensáveis à vitória tanto sobre o stress, como sobre o tédio que, ao que se constata, não seria muito diferente dos fenómenos que perturbam as sociedades contemporâneas (Domingues, 2000). Em 1987 foi inaugurado um novo e amplo Centro Termal e parcialmente encerrado o Balneário Rainha D. Amélia, a fim de serem levadas a cabo importantes obras de restauro. Este encontra-se em funcionamento desde meados do mês de Setembro de 2001 e está dotado do mais moderno equipamento, a fim de serem praticadas as várias técnicas de tratamento termais. Está ainda dotado de algumas áreas de lazer como é o caso do Núcleo Museológico, onde se podem apreciar as técnicas mais antigas usadas nos tratamentos termais, uma sala Multiusos com exposições variadas e um Auditório onde frequentemente decorrem palestras, congressos, etc. Os dois edifícios encontram-se atualmente em funcionamento. Desde meados da década de 80, as Termas de São Pedro do Sul são a mais importante estância termal do nosso país. No ano de 1990 o número de aquistas ultrapassou os 14.500 registando-se um crescimento constante até nível de 2004 e 2005, período em que se atingiu cerca de 23.000 aquistas. A procura das unidades termais tem vindo, no entanto, a diminuir sucessivamente após esse período, apontando para a necessidade de requalificar e valorizar as unidades termais existentes, e a perspetivar um reforço nas ações promocionais junto dos mercados, quer no domínio da saúde quer do turismo. A quebra da procura registada é comprovada pelo número de aquistas registados nas Termas de São Pedro do Sul, registando-se cerca de 19.000 aquistas em 2011 e apenas cerca de 16.500 em 2012. Porém, nos primeiros meses de 2013 é possível constatar uma recuperação face a 2012. A primeira década do século XXI, correspondendo ao início do 3º milénio das Termas de São Pedro do Sul, assinala o maior e mais significativo impulso de modernização e ampliação de toda a sua história. No espaço de oito anos, as novas Termas de São Pedro do Sul estão irreconhecíveis: mais modernas, com equipamentos termais de última geração, mais atraentes e com um atendimento profissional altamente qualificado, onde inclusive não falta a criatividade contemporânea dum estilista como José António Tenente, que desenhou todo o equipamento dos profissionais das Termas, bem como a sua linha de merchandising (Termalistur). idtour – unique solutions Junho, 2014 34 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul A entrada das Termas de São Pedro do Sul na era do turismo de saúde e bem-estar, com novas exigências dos públicos, de diferentes perfis, passa a exigir uma crescente sofisticação da oferta, uma gestão moderna, profissional e atenta às novas tendências deste segmento de mercado, mas também pronta a corresponder às suas enormes potencialidades (Termalistur). A experiência de alguns dos seus programas, mesmo que da área do Bem-Estar, que podem ser experimentados num fim-desemana, acabarão rapidamente com o mito de que as termas são só para seniores... Que o digam os jovens adultos, com 20,30 e 40 anos, que recuperando práticas dos gregos, romanos e de muitos dos nossos reis e antepassados, cada vez em maior número, se vão revitalizar nas águas termais de São Pedro do Sul (Termalistur). Segundo Nahrstedt, (2000, em Ramos, 2005) a história do termalismo europeu orienta-nos para uma estrutura cronológica dividida em três grandes períodos: • I período – das fontes santas às termas Romanas, caracterizado pela inclusão da cultura termal na Europa; • II período – das casas ou salas de banho às internacionais termas, período caracterizado pela democratização da cultura termal europeia, que decorreu desde os finais da Idade Média até finais do século XX (anos noventa); • III período – caraterizado pela globalização da cultura termal, caracterizada pela apresentação de uma nova e distinta perspetiva para as termas europeias no novo milénio. A caracterização do processo histórico da emergência termal europeia, e nacional, revela-se oscilante entre períodos de grande euforia atrativa da frequência, e períodos de abrandamento da utilização das termas. Sinónimo deste facto é a disparidade de taxas de frequência em cada uma das décadas, sobretudo da segunda metade do século XX, para diferentes tipos de realidades (mercados europeus). Tal facto, prende-se não só com a relevância que os sistemas políticos foram atribuindo à atividade termal de cada uma das sociedades europeias, como também e, fundamentalmente, às políticas sociais implementadas com o intuito de canalizar maiores contingentes de aquistas às termas e estâncias termais. A história do termalismo europeu oscilou sempre entre as suas duas grandes vertentes: a medicina terapêutica e a procura do prazer. (Ramos, 2005). A consolidação da expressão social, paralelamente à abertura a públicos de capacidade económica mais reduzida, a par de um reforço do carácter medicinal das inscrições, que se fez acompanhar por uma emergência explícita das mesmas, corresponde a uma fase que se estende desde finais da segunda guerra até à década de setenta (com efeitos que se sentem ainda na atualidade). Neste cenário de readaptação estrutural, os utentes contemplados com os benefícios sociais passam a substituir toda uma clientela abastada e exigente, com os consequentes prejuízos duma frequência avassaladora, quer na qualidade dos serviços quer na preservação dos equipamentos. É eminente o retrocesso funcional das termas, quando a vertente curativa passa a ter um carácter dominante ou quase exclusivo, e sempre supervisionado pelo controle médico (Ramos, 2005). Poder-se-á afirmar que a inclusão das prestações sociais no termalismo se traduziu num clima de desconfiança, por uma parte considerável da sua clientela, passando a ser encarado com suspeição e algum desagrado face ao recrudescimento dos aspetos curativos, menosprezados, que evidenciavam as potencialidades preventivas e epidemiológicas. Tal evolução logrou evidenciar uma dupla consequência: por um lado, “focalizou” na água termal ”medicamentosa” o debate sobre a eficácia do termalismo, sempre e, ainda hoje, tão atual, ao negligenciar o papel de toda a 35 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul envolvente termal na cura ou reconstituição dos aquistas, por outro lado, aquela mesma evolução foi o grande motor propulsor duma tendência nefasta e verdadeiramente depreciativa do termalismo, ao levar as estações termais a comportarem-se e a alinharem os seus diferentes tipos de prestações, baseadas no modelo hospitalar (Ramos, 2005). A institucionalização político-social das comparticipações, a par da crescente massificação das estâncias termais, e dum aumento exponencial das taxas de frequência, determinaram a especialização das termas, passando cada uma delas a ser identificada, e procurada, por orientações terapêuticas dominantes, sempre associadas a uma ou duas indicações secundárias. Embora as termas se tenham aberto a um público plural, que até então se considerava impedido de as frequentar, a introdução das comparticipações sociais empobreceram duma maneira geral a vivência termal, os seus tributos financeiros, e toda a sua envolvente territorial. Este empobrecimento refletiu-se sobretudo na dinâmica incutida nas termas ao nível do consumo de bens materiais e lúdicos, na aquisição de serviços locais dirigidos a uma determinada elite (Ramos, 2005). Mais recentemente a revitalização e reapropriação do conceito termal de outrora, é caracterizada pelo reaparecimento e/ou reconhecimento de estâncias termais consideradas como enclaves de férias, onde diferentes grupos de pessoas, com diferentes características e motivações diversas, compatibilizam a terapêutica termal com atividades múltiplas de lazer, descontração, divertimento e enriquecimento pessoal, ou seja, atividades de bem-estar e de recuperação (Ramos, 2005). No caso do termalismo em Portugal convém salientar os constrangimentos impostos pela ameaça dos reembolsos da Segurança Social que alterou, de forma indelével, os contornos materiais e valorativos das estâncias termais, as posições ambíguas por parte da classe médica, que em nada beneficiaram uma alteração atempada e organizada do sector, tendo mesmo provocado um arrastar de contradições e de posições extremadas, face à situação de algum desordenamento legal, conceptual e funcional e a associação entre o turismo e termalismo que foi sendo arrastada e teimosamente boicotada, pelas mais variadas forças vivas ligadas ao sector, no pósguerra, e após a introdução de subvenções sociais aplicadas aos serviços terapêuticos/curativos da atividade termal (Ramos, 2005). Em suma podem considerar-se os seguintes elementos históricos como fundamentais para a valorização cultural e aproveitamento turístico das termas de S. Pedro do Sul, elementos que alavancam o potencial económico das termas de S. Pedro do Sul e da sua região: • Presença dos romanos no território e o balneário romano existente • Presença do Rei D. Afonso Henriques • Hospital Real das Caldas de Lafões • Presença da Rainha D.ª Amélia • Forte tradição e expressão no contexto nacional do volume de aquistas. idtour – unique solutions Junho, 2014 36 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul 1.7. CULTURA Para inúmeros povos, purificarem-se nas águas límpidas, antes de lhes renderem homenagens, fazia parte das cerimónias de todas as mitologias, a partir da Antiguidade. A imaginação material encontrava na água a matéria pura de excelência. Esta constituía, assim, uma tentação e uma procura constante no simbolismo da pureza. A relação entre este valor purificador, e as abluções sagradas, aparecem naturalmente desde que os homens inventaram os deuses e os ritos para os adorar. Já no Antigo Testamento, numerosos textos celebram a água como símbolo purificador e regenerador (Ramos, 2005). As águas minerais e os Spas foram sempre utilizados desde a Antiguidade para efeitos de recreio, saúde e lazer. A associação dos benefícios da água à saúde e bem-estar físicos e mentais é uma condição que existiu desde sempre. De facto, as práticas associadas eram já desenvolvidas na Mesopotâmia, Egipto, Japão, Grécia, Roma. O conceito de SPA (cuja origem deriva da tradução literal do latim salut per aque, ou saúde através da água), teve o seu desenvolvimento exponencial no Império Romano, onde os banhos públicos realizados para tratamentos físicos, nomeadamente dos soldados, evoluíram para uma forte associação do culto da vida social (Costa, 2013). As estâncias termais foram-se assim afirmando, configuradas como espaços de saúde privilegiados, mas que ao longo da sua evolução ficaram marcadas por duas culturas distintas (Ramos, 2005): • Uma cultura popular, que misturou indiferentemente elementos lúdicos e Terapêuticos; • Uma cultura elitista que manifestou uma especial apropriação por espaços de cura subjugada ao primado da dimensão terapêutica, por um lado, mas, também, de espaços lúdicos, por outro, para a celebração de lazeres intimistas e simbólicos. Assim evoluiu o termalismo português, com alegrias e alguns faustos mas, também, com muitos sobressaltos. Sobressaltos, porque as termas se foram degradando, o seu produto foi caducando, e a moda foi sendo sucessivamente adversa à instituição termal e aos seus serviços. A forte preocupação com a massificação das termas, levou a um acentuado empobrecimento das economias termais e, consequentemente, da sua capacidade de renovar e modernizar os seus equipamentos e, sobretudo, a sua oferta (Ramos, 2005). Efetivamente, há cerca de seis mil anos que o Homem conhece e aplaude os benefícios retirados das águas, dos seus banhos e tratamentos vários, embora as suas reais virtudes sejam bem mais recentes e resultantes de uma longa caminhada desenvolvida sobre este conceito – o da água mineral. Mas, foi de facto esse longo caminho que conduziu à descoberta de fontes, das diferentes formas de captação, da 37 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul sua utilização lúdica e medicinal, que tem constituído, sem sombra de dúvida, uma das mais belas demonstrações da perseverança do Homem, no que diz respeito à exploração dos nossos recursos naturais, neste caso especial – a água. A história termal aparece assim como uma sucessão de esforços e de progressos importantes, graças aos quais a medicina termal se impôs com alguma especificidade e com um grau de eficácia relevante, pese embora alguns períodos intermitentes, mais ou menos longos, de alguma indiferença ou de algum relaxamento ou mesmo abandono. (Ramos, 2005). Purificando a alma e os corpos, a água marca, de uma forma significativa, grandes etapas da vida: o banho do nascimento, o banho ritual antes do casamento, o banho dos mortos para purificar a alma, antes da viagem para o além. Mas, nesta simbologia da purificação, no domínio do sagrado, a água tem-se igualmente revelado, numa perspetiva profana, símbolo de regeneração e de renovação, em vários tipos de civilizações. À esperança de convalescença pela água, é muitas vezes associada a esperança de cura, desde os tempos pré-históricos, consagrando-se já nessa época diversos tipos de culto a certas fontes consideradas mágicas e sagradas. Marco de prazer longínquo, o deleite do banho repartiu-se sempre entre banho privado e banho público, por um lado, e entre banho de imersão e banho de vapor, por outro. Segundo as épocas, e as diferentes civilizações, estes diferentes tipos de banhos, foram evoluindo e foram revelando a natureza das diversas relações da água com o corpo, e com os cuidados que lhe foram sucessivamente concedidos, ao longo da história (Ramos, 2005). Os Romanos não dedicando tanto a sua permanência nas termas, aos aspetos extrínsecos da beleza e do conforto, como acontecia na Grécia, faziam-no com preocupações centradas na garantia da preservação da saúde, assim como na manutenção dos seus parâmetros de higiene quotidiana e de lazer, que procuravam difundir em atitudes intergrupais (Ramos, 2005). Inserido numa perspetiva cultural, o auge das atividades balneares / termais pode ser entendido como um dos processos de transformação traduzidos na influência provocada, quer pela helenização, quer pelo contacto com outras civilizações do próximo oriente, Egípcios e Babilónios, entre outras. Efetivamente, durante as primeiras cruzadas, os Ocidentais descobriram e assistiram, vislumbrados e maravilhados, ao banho oriental que, partindo de Bizâncio, atingiu o império romano, enquanto à Alemanha chegavam os banhos russos – banhos secos de vapor, oriundos da Ásia e da Rússia (Ramos, 2005). É significativa e notória a afirmação e a imponência urbana dos edifícios termais, da antiguidade, evidenciados pelo desenvolvimento de uma relação ambígua com a natureza, uma vez que, por vezes, em meios urbanos mais densamente povoados, essa relação originou algum tipo de conflitos, ao tentarem sobrepor-se a outro tipo de monumentos, quer pela sua centralidade, quer pela sua complexa funcionalidade. No entanto, as grandes termas imperiais romanas parecem ter sido capazes de se impor sobre o tecido urbano, dando mesmo origem a locais paradisíacos, circundados por majestosos parques e esplendorosos jardins ornamentados. Na expansão do império romano, as termas de maiores dimensões foram ocupando, noutras regiões da Europa, posições de destaque, sempre próximas de edifícios governamentais, e de áreas de lazer e divertimento: campos de jogos, anfiteatros, etc. Vestígios deste tipo de localizações poderão ser, ainda hoje, confirmados, entre outras, nas ruínas existentes em Baden-Baden e Trier – na Alemanha; Bath em Inglaterra; Caracalla em Roma, Spa na Bélgica e Aix-les-Bains em França (Ramos, 2005). idtour – unique solutions Junho, 2014 38 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul É numa atmosfera que se foi consolidando, entre as elites, o hábito de efetuar deslocações às estações termais mais célebres, procurando comparar-se não só os diferentes métodos e resultados das curas, como também, conhecer e admirar as paisagens, os costumes e a cultura estrangeiras. Deste modo, começa a vislumbrarse aquilo que hoje parece renascer e evidenciar-se – a associação da notoriedade dos lugares de cura, estâncias termais ou termas, com os aspetos pitorescos das suas paisagens, com a qualidade e conforto do seu alojamento, com as atividades de recreação e de lazer, colocados à época em escritos difundidos ao longo dos tempos (Ramos, 2005). O reconhecimento dos métodos terapêuticos da água termal por um lado, e a ausência de meios de cura alternativos, levaram à construção de vários hospitais de dimensões consideráveis, junto às fontes termais. Entre os mais importantes, na Europa, do ponto de vista arquitetónico, conta-se o Hospital Termal das Caldas da Rainha, em Portugal, inaugurado na primeira metade do século XVIII. Com a evolução dos tempos, as termas – com a mesma origem das “thermae” - têm registado mudanças significativas, quer no que concerne aos principais objetivos de utilização, quer aos estilos da arquitetura e monumentalidade que passaram a acompanhar os espaços termais. É um facto verosímil, que este conjunto de fatores muito contribuiu para o desenvolvimento de um novo conceito de vila termal, que manifesta uma clara tendência para se expandir fora das localidades já construídas, acedendo assim a um estatuto de extraterritorialidade, tão desejado pelos apelidados ‘curistas’, ao longo do século XIX. Este novo ordenamento espacial das termas procurou preservar os espaços e as construções termais, mantendo-as deslocadas dos centros e populações locais, mas, contemplando-as com áreas verdejantes frescas e saudáveis, unidas por frondosos caminhos. Tais particularidades dos territórios termais foram sabiamente exploradas e oferecidas ao(s) público(s), num ambiente emblemático, onde os hotéis se converteram em unidades de encanto a atrações distintas. Por toda a Europa de tradições termais, esta tendência é fluidamente repercutida, favorecendo o esforço de um amplo número de estâncias termais, de dimensões variadas, mais recentes, ou de maior tradição. É, porém, contraditório o retrato apresentado do panorama termal português, na sua grande generalidade, ao longo do século XIX, onde as carências se estendiam desde os estabelecimentos termais, às unidades de alojamento, bem como à insípida investigação no campo medicinal, hidrológico e geográfico das termas portuguesas (Ramos, 2005). A cultura termal europeia foi profundamente influenciada por um passado antigo, longo e fortemente voltado para o culto da água, onde a imaginação material foi encontrando a matéria pura por excelência. Neste sentido, foi através da experiência sempre inovadora de várias civilizações - egípcia, celta, gaulesa, moura e turca (entre outras) – e baseada na herança greco-romana, que essa mesma água (especialmente a água mineral) se tornou progressivamente na principal referência e incremento da saúde e bem-estar dos cidadãos (Ramos, 2005). Com a chegada dos Árabes, a hidroterapia conhece em Portugal novo fôlego, em virtude da influência e do refinamento do mundo oriental, para quem o banho e a ablução (lavagem total ou parcial do corpo; ritual religioso: purificação por meio de água) faziam parte dos ritos religiosos e da vida quotidiana. Porém, com as invasões 39 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul bárbaras, cai a penumbra sobre as estâncias termais portuguesas, levando a que, na alta Idade Média, as termas entrem em decadência. As águas termais passam a ser utilizadas com fins estritamente curativos e de aplicação bem localizada. Aos cristãos, pregadores da maceração (mortificação do corpo por meio de jejuns e outras penitências), coube a tarefa persistente e continuada de lançar o descrédito sobre as termas, uma vez que estas, ao propiciarem o bem-estar do corpo, e o relaxamento dos sentidos, eram consideradas como locais de pecado e de debilidade da moral. Porém, é só com o eclodir do Renascimento, e com a descoberta da cultura clássica, que a evolução do termalismo português recomeça. O surgimento da filosofia e das artes greco-romanas, que deu origem à Idade Moderna, não foi indiferente ao ressurgimento da velha hidroterapia (terapêutica com aplicação de água) e crenoterapia (tratamento à base de águas minerais). As singelas termas medievais foram, então, adquirindo uma vida bem semelhante à das antigas termas romanas As termas passam, assim, a ser frequentados por nobres, não faltando, porém, iniciativas para proporcionar curas termais aos indigentes. (Ramos, 2005). Segundo Louro (1995), a viragem do século XIX para o século XX marca o início da época de ouro das termas portuguesas. A ciência progrediu, os preconceitos vão caindo e, talvez mais importante que tudo, o “ir a águas” entrou nos hábitos da gente fina e culta. Durante os anos vinte e trinta, tal como sucedia no estrangeiro, um frémito de entusiasmo posterga as termas portuguesas, em que, saradas as feridas da 1ª Grande Guerra, a sociedade procura divertir-se, esquecer, ignorar talvez, que a ameaça de outra guerra se perfila no horizonte. De fora, chegam ecos de luxuosíssimas estâncias termais com preciosos e sofisticados ambientes, frequentados quer por magnatas da indústria, do comércio e da finança, quer por uma aristocracia endinheirada. Aí, desbaratavam, numa noite, fortunas imensas, à volta das roletas ou de mesas de jogo. A distância e a sua fama tornam-nas míticas, portadoras de um prestígio que foi aguçando desejos e inflamando a imaginação. As termas portuguesas enfeitam-se, então, com hotéis majestosos de primeira categoria, casinos, parques românticos, decorações arte nova, arquiteturas de encantar. Impõem-se como verdadeiros centros de lazer, locais de veraneio e de bem-estar, onde se vai para brilhar, ou para receber o reflexo das estrelas de primeira grandeza, que irradiam à sua volta uma espécie de feitiço (Louro, 1995). Entre meados do século XIX e inícios do século XX, as termas configuram-se como destinos turísticos privilegiados das elites portuguesas. Contudo, à semelhança do processo evolutivo do turismo, que se foi democratizando, também o elitismo que caracterizava as práticas termais se foi diluindo, verificando-se gradualmente um maior acesso por parte de outras camadas sociais que não apenas as classes abastadas. Surgem também, nesta época, as primeiras estâncias balneares marítimas e o turismo passa a caracterizar-se pela procura do sol e praia (Costa, 2013). As estâncias termais, cujo fulgor e atratividade se reduziu substancialmente a partir da década de 1930, têm vindo, recentemente, a modernizar as suas instalações e a incluírem novos serviços, no sentido de se enquadrarem neste novo segmento de turismo que vem responder às novas necessidades da procura: o culto e o bem-estar do corpo e da mente em resultado das exigências do ritmo de vida das sociedades urbanas modernas (Costa, 2013). idtour – unique solutions Junho, 2014 40 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul A atração das estâncias termais assentava cada vez mais nas diversões, na vida social, no conforto dos hotéis, na comodidade dos clubes, na beleza dos parques como destinos turísticos e não apenas como lugares de cura. Toda a sumptuosidade destes lugares, associada ao poder económico e social dos utentes fizeram destes territórios ”magníficos lugares de revitalização (…) de uma aristocracia poderosa, de uma burguesia enriquecida a partir do comércio nacional e internacional e da atividade industrial” (Ramos, 2005). Porém, o brilho da época dourada das termas vai-se, aos poucos, cobrindo de uma névoa sépia, que as vai colocando numa onda obscura, algo prolongada. A partir dos anos quarenta (do século XX), a crise do termalismo expande-se praticamente por toda a Europa, assolada pela guerra. São inúmeras as termas que se vêm obrigadas a encerrar as suas portas, outras vão-se degradando até atingirem estados de conservação irreversíveis. Embora Portugal se tivesse mantido afastado do conflito bélico, acaba por sofrer as consequências do mesmo. Refugiados de guerra são colocados em alguns centros termais – Caldas da Rainha e Ericeira – mascarando, deste modo, a fase de estagnação então vivida (Ramos, 2005). Idosa e doente, a população termal portuguesa era, por outro lado, de origem predominantemente nacional. Daí o desinteresse sentido no investimento, num sector que encontra todas as barreiras para competir com os grandes pólos de atração turística. A distribuição geográfica das termas funciona, igualmente, como um fator negativo uma vez que grande parte das termas se situa no interior norte e centro. Cientes de que o turismo estrangeiro procura o litoral e o sul, as termas vêem-se abandonadas a si próprias, aguardando uma revitalização tão urgente quanto necessária, transformando-se em locais por onde se passa, numa espécie de romagem de saudade, projetando no passado a grandeza e o fausto que o presente teima em negar. Envolvem-se em melancolia, tornam-se cenários ideais para contos fantásticos, e afastam a verdadeira vida para longe (Louro, 1995). Em Portugal o paradigma do Lazer associado ao termalismo prevaleceu até ao primeiro quartel do Século XX. Contudo, a partir desta altura uma nova cultura associada à água começa a emergir: a cultura do sol e praia. Os fatores que estiveram na base desta alteração paradigmática podem ser sumariados nos seguintes pontos: (i) as termas começam a passar de moda; (ii) a moda da pele ‘branca e translúcida’ passa a dar lugar à moda do ‘bronze’; (iii) a cultura da frequência termal passa a banalizar-se e a estender-se a todas as classes sociais e a ser recomendada para fins terapêuticos, e, daí, as termas passam a ser frequentadas e a misturarem pessoas doentes, com elites à procura de ambientes saudáveis e da fruição de atividades de lazer e recreio; (iv) os povos, em particular, do norte da Europa passam a criar um novo fascínio por regiões mundiais onde abundava o sol e praias com água quente, em detrimento dos seus climas frios, enevoados com praias de águas gélidas (Costa, 2013). Numa ótica de revitalização turística, as termas portuguesas têm vindo a acompanhar algumas tendências já sentidas em outros países europeus, onde em resposta a uma procura, cada vez mais significativa das classes médias urbanas, as estâncias termais se comportam como verdadeiros espaços de férias intimistas, restritivos e repousantes, ao mesmo tempo que proporcionam avançados serviços orientados para os cuidados do corpo. Tal panorama tem suscitado verdadeiros desafios aos responsáveis, do Turismo e do Termalismo, dadas as potencialidades que se vêm atribuindo às estâncias termais em Portugal. Por um lado, parece traduzir a confirmação do rejuvenescimento dos utilizadores daqueles espaços e, por outro, a 41 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul constatação do poder atrativo das mesmas, resultante da ambiência bucólica das termas, normalmente afastadas dos grandes centros urbanos, o que se traduz em situações propiciadoras de descanso e relaxamento (Ramos, 2005). Outra componente cultural associada às termas reside no estímulo do termalismo social que visa a utilização de tratamentos e atividades termais como forma de tratamento social, isto é, compreende ações de apoio destinadas a um universo mais fragilizado e economicamente debilitado. Esta forma de assistência social nas termas, tem longa tradição no nosso país, remontando mesmo ao início da nossa nacionalidade, facto também reforçado por ter sido em Portugal que foi criado o primeiro hospital termal na Europa (nas Caldas da Rainha em 1485), cerca de três séculos antes do que na Suíça (Schinzbach - 1787) e em Inglaterra (Buxton – 1859). A procura por turismo de saúde é um fenómeno complexo que engloba culturas e filosofias diversas, abordagens terapêuticas e psicológicas, cuidados e meios de tratamento, valências de ordem sanitária e turística, situações geográficas nas quais a quase totalidade das tipologias está representada: praia, planície, montanha, mar e colina. O termalismo pode ser encarado como um fator de progresso e crescimento que intervém a vários níveis, nomeadamente ao nível da saúde e do bem-estar das pessoas, do turismo, do desenvolvimento económico e dos recursos naturais (Alpoim, 2010) Mangorrinha (2000) afirma que o património termal deve ser preservado e revitalizado através de ações de valorização executadas com plena consciência dos valores da estética. A gestão da paisagem, procurando a salvaguarda e o incremento desse potencial, passa por estancar de vez a ação dos “agentes da degradação” que têm vindo a destruir o poder de atração das paisagens urbanas e rurais do nosso país. Dado grande parte dos estabelecimentos termais se situarem em regiões menos desenvolvidas, estas poderão ser encaradas como um fator de atenuação dos desequilíbrios se forem estruturadas numa política regional que apoie a atividade turística. Os benefícios dos programas de animação termal, muitas vezes de responsabilidade pública ou associativa, traduzem-se em benefícios psicológicos e sociais, uma vez que fomentam relações de empatia, desenvolvem os contactos e o convívio e melhoram o equilíbrio emocional e biológicos, porque reforçam a autonomia física (Alpoim, 2010) Mas a essência holística das termas mais tradicionais, ou mais modernas e inovadores, visa prevenir, curar e/ou reabilitar a saúde, fomentar a boa forma física, psicológica e social e melhorar a estética, tendo como objetivo promover o bem-estar integral das pessoas – corpo, mente, espírito. Neste contexto, poder-se-á referir que as estâncias termais são locais considerados apropriados para quem pretender repousar e escapar a ambientes poluídos. Recomeçam a emergir como lugares privilegiados para passar férias, dirigidos a um público diferenciado e a responder às novas exigências da procura. (Alpoim, 2010) Por despacho de 6 de Agosto de 1959, do então Ministro da Saúde e Assistência, bem como do Secretário de Estado da Indústria, foram regulamentadas em Portugal as bases em que deveria assentar a fiscalização das estâncias termais. Porém, e tal como afirma Guimarães (1970), muito pouco foi feito no sentido de consolidar a difusão dos hábitos termais, em camadas da população mais desfavorecidas. No entanto, e contrariamente ao que seria de esperar instalaram-se algumas rotinas idtour – unique solutions Junho, 2014 42 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul termais, em certos estratos populacionais, mas muito mais à custa de iniciativas individuais do que de sistemas institucionais. A partir dos anos sessenta, a assistência termal encontrava-se reduzida a algumas situações pontuais, tais como (Ramos, 2005): • Hospital Termal das Caldas da Rainha, que o Ministério da Saúde autorizou a funcionar permanentemente, desde 1963; • Palace Hotel, de São Pedro do Sul, adquirido pelo Ministério das Corporações, com o firme objetivo de permitir a realização de colónias de férias; • Estância Termal de Manteigas, adquirida pelo Ministério das Corporações; • Estância Termal de Entre-os-Rios, também adquirida pelo Ministério das Corporações; • Possibilidade dos pacientes e utentes solicitarem declarações referentes aos tratamentos efetuados de modo a ser ressarcidos pelas Caixas de Previdência. Por toda a Europa se vivia, no início da década de setenta, o intenso e louvável fenómeno do termalismo social, que manifestava pleno vigor e benefícios importantes para as populações, com especial relevo na França e Alemanha. A uma grande parte dos cidadãos, pertencentes a organizações sindicais, era facilitada a possibilidade de utilizarem a balneoterapia, praticamente gratuita. Porém, em Portugal, só nesta altura se começavam a manifestar ténues passos para este fenómeno de cariz social, embora ainda discretamente, (através da A.D.S.E., de algumas Agremiações e Sociedades Públicas ou Privadas, alguns Ministérios, etc.), não sendo possível, por isso mesmo, considerá-lo um fenómeno generalizado (Ramos, 2005). Apenas a partir de Janeiro de 1974 passou a proceder-se à comparticipação do termalismo através da Segurança Social e, em articulação com os concessionários dos diferentes estabelecimentos termais. Por despacho ministerial de 1 de Março de 1976, são aprovadas as normas regulamentares de integração do termalismo no esquema de prestações de ação médico-social. Tais normas contemplavam o reembolso das despesas relativas às inscrições nos estabelecimentos termais, consultas médicas e tratamentos prescritos, subsídios para despesas de transporte, alojamento e alimentação, desde que prescritas por médicos em função de relatório médio de acompanhamento dos tratamentos (Ramos, 2005). É na década de noventa que o “Turismo Social” se começa a afirmar como um meio propulsor do desenvolvimento pessoal, e como uma forma de promoção da cidadania europeia, facilmente se compreende a sua propagação pela geografia da Europa, consagrando o tempo de “não trabalho”, e defendendo a possibilidade do “livre lazer”, como uma das maiores aquisições das sociedades democráticas, quer no plano ideológico, quer no plano programático e legal. É em 1995 que é criado em Portugal pelo INATEL o programa “Saúde e Termalismo Sénior”, verdadeira manifestação de uma prática plenamente inovadora e democrática. Este programa social, tenta, além de contribuir para a promoção da qualidade da sociedade portuguesa, conciliar duas importantes realidades: (i) facultar a deslocação às estâncias termais de pessoas com mais de sessenta e cinco anos, e com necessidade de tratamentos, e (ii) possibilitar a estadia de tais cidadãos em zonas que, sendo termais, se revestem de grande interesse turístico-cultural, procurando associar deste modo, o tratamento e os tempos livres (Ramos, 2005). 43 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul O programa “Saúde e Termalismo Sénior” afirmou-se como um veículo de desenvolvimento do termalismo português, em virtude de ter permitido o alargamento do período de funcionamento, com a implícita redução da sazonalidade, nas estâncias termais que aderiram ao programa, circunstância esta extremamente benéfica numa tripla perspetiva: (i) maior rentabilização das estâncias termais; (ii) aumento do número de visitantes/aquistas e, consequentemente, do volume de negócios; e (iii) contributo para a rentabilização e preservação das instalações hoteleiras e termais (INATEL, 2002). Na verdade o Programa “Saúde e Termalismo Sénior”, mais do que colocar ao dispor dos utentes atividades de lazer e bem-estar, tem pretendido contribuir, de uma forma direta, para a qualidade de vida dos utentes, mediante a prestação de terapias termais aos participantes que tenham sido objeto da sua prescrição médica. A modernização das infraestruturas, a aposta na requalificação dos recursos humanos e na qualidade dos serviços prestados, bem como o acréscimo e o incentivo atribuído à divulgação da oferta parecem estar a dar os seus frutos. Muito há ainda a fazer ao nível de uma maior adequação da oferta termal às motivações da procura, no sentido de tirar partido de algumas características únicas das estâncias termais portuguesas, como sejam o seu clima, as suas paisagens - património natural - a sua cultura, a sua história e o seu património construído – bases estruturantes de qualquer destino turístico. Torna-se, assim, evidente, a necessidade de uma maior agressividade e originalidade em termos de marketing, fundamentalmente, no que diz respeito à comercialização dessa oferta nos mercados nacional e internacional, procurando potencializar as características ou mais-valias referidas. Por outro lado, tal aposta no reforço da qualidade da oferta terá que ser estrategicamente encarada e percebida como uma vantagem competitiva (e ainda diferenciadora), uma vez que pesa decisivamente nas opções de escolha dos consumidores (Ramos, 2005). Entre os inúmeros fatores que explicam políticas nacionais divergentes, no continente europeu, dois parecem porém emergir. O primeiro contempla a importância e as dinâmicas introduzidas pela indústria das águas, em estreita ligação à atividade termal, em várias sociedades europeias. Este fator, revelando-se determinante no fracasso das frágeis indústrias inglesas e americanas, revelou-se de grande projeção e sobrevivência no termalismo alemão. Porém, no caso da França, e do seu termalismo essencialmente medicinal, sugere-se ainda um outro fator crítico: a natureza da relação entre a denominada elite académica da profissão médica, e o termalismo institucional e científico. A conceção do termalismo é vista, então, com uma dupla função: a função lúdica e a função social. Lúdica, porque as estações organizadas em torno de verdejantes parques e jardins, se constituíam, fundamentalmente, como lugares de repouso, de retorno e reencontro com a natureza mas, também, como lugares por excelência, de distração, à semelhança do que se constatava nas estações turísticas junto ao mar, e nas estações de montanha. A partir daquela época, a função social do termalismo passa a traduzir-se por uma abertura cada vez maior aos diferentes estratos da sociedade, (Ramos, 2005). A experiência termal foi-se desenrolando a diferentes níveis, e a perceção das águas, dos rituais de cura e de vilegiatura (temporada fora de casa em passeio, principalmente na estação quente) dos próprios aquistas, foi variando igualmente, ao idtour – unique solutions Junho, 2014 44 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul grado das tendências das diferentes épocas. Todavia, tal variedade de visões e de sensibilidades reduz-se a alguns protótipos ou paradigmas que, parecendo opostos, deambulam entre o fascínio das águas possuidoras de características e de forças originais, e as mundanidades dos casinos. Às águas primordiais, muitas vezes impercetíveis para os espíritos mais superficiais, foram-se sobrepondo, ao longo dos tempos, alguns rituais sociais, segundo ritmos quase imutáveis, onde os hotéis, as termas, os parques e, de forma notória, os casinos, aparecem como palcos privilegiados. Ao lado dos jogos característicos dos casinos – como a roleta e as máquinas – slow-machines – onde a sorte sobressaía com uma posição primordial, surgiam os jogos de cartas e os bilhares, também com uma forte inserção. Este aspeto lúdico foi constituindo um conjunto de atividades de entretenimento, durante longos períodos, que só o medo de perder fortunas constituía o limite psicológico da frequência de tais lugares (Ramos, 2005). Recentemente, as estâncias termais têm vindo a evoluir de simples locais procurados para obtenção de curas ou de descanso, para resorts de SPA sofisticados que incluem infraestruturas que proporcionam experiências únicas ao nível de tratamentos de saúde, cuidados de embelezamento do corpo, gastronomia, relaxe do corpo e da mente, bem como meios de alojamento de qualidade superior ao nível das instalações e dos serviços proporcionados (Costa, 2013). No caso de S. Pedro do Sul deve-se salientar a tradição na frequência termal secular da fruição termal que continua, ainda nos nossos dias, a afirmar as Termas de S. Pedro do Sul como as mais importantes em termos nacionais, na media em que recebem o maior número de aquistas e cerca de 45% a 50% desse número verificado na totalidade das termas nacionais. Nas termas de S. Pedro do Sul a dinamização das suas instalações e espaços públicos é assumido como um elemento importância para a afirmação da sua oferta e aumento da satisfação dos aquistas, clientes e visitantes, desse modo é desenvolvido um programa anual de animação que contribui não só para a ocupação dos tempos livres dos aquistas mas também para a preservação cultural do território, mas também para a disseminação da cultura material e imaterial da região de Lafões, através da incorporação no programa de animação de artistas, associações e grupos etnográficos da região. A frequência das termas de S. Pedro do Sul regista-se numa perspetiva regular, na medida em que grande parte dos aquistas são clientes fiéis e voltam todos os anos para realizarem os tratamentos em função das suas necessidades. A frequência das termas faz parte da cultura dos nossos antepassados e das classes mais idosas da nossa sociedade, que se deslocam não só devido aos tratamentos (ainda que seja este o principal motivo) mas também procuram novas atividades e ofertas complementares que ajudem a ocupar o tempo livre de uma forma agradável, durante os vários dias em que estão em tratamento. Em termos sociais convém, ainda, salientar a ligação e afinidade que a deslocação para as termas tem potenciado ao longo dos anos entre as classes de idade mais idosas e mais jovens da mesma família, na medida em que os avós eram muitas vezes acompanhados pelos netos nos seus tratamentos, aumentando a ligação familiar e criando memórias agradáveis aos elementos mais novos da família que, no âmbito de novas ações promocionais devem ser aproveitadas. 45 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul idtour – unique solutions Junho, 2014 46 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul 1.8. PRODUTOS REGIONAIS Da Região de Lafões fazem geograficamente parte os concelhos de Oliveira de Frades, Vouzela e São Pedro do Sul, as freguesias de Cedrim e Couto de Esteves (do concelho de Sever do Vouga), Alva e Gafanhão (do concelho de Castro Daire) e parte das freguesias de Bodiosa e Ribafeita (do concelho de Viseu). Esta região possui características próprias que a distinguem das regiões vizinhas. O geógrafo Amorim Girão Leite de Vasconcelos considera que ela constitui "um todo homogéneo, correspondendo a uma verdadeira região natural", e ainda que "existe uma unidade territorial ou sub-região denominada Lafões" (CM São Pedro do Sul). Remontam a recuadas épocas pré-históricas os primeiros sinais de povoamento. Por toda a Região de Lafões, restam vestígios de populações neolíticas, que, sobretudo em pontos elevados de terras graníticas, construíam as suas habitações, inumavam os seus mortos em dólmens e mamoas e, nas pedras das encostas dos montes, gravavam sinais, provavelmente relacionados com os monumentos funerários. Por toda a Região se encontra um valioso património, fruto de uma paixão milenar do Homem por estas terras, marcas de outros tempos, desde a Pré-história (numerosos vestígios do Megalitismo), à cultura castreja e domínio Romano, à época Medieval e à presença Judaica. São também construções religiosas de diversas épocas, casas solarengas e jardins, casas rústicas e aldeias escondidas. Das aldeias típicas destaca-se as aldeias da Pena, do Fujaco, de Covas do Monte, Covas do Rio, Manhouce, Coelheira, Nodar. A forte presença da água foi um fator determinante para a ocupação destas terras, uma vez que, sendo uma garantia de fertilidade, permitia a prática agrícola, senão como principal fonte de rendimento, como atividade complementar. Os rios, nomeadamente o Vouga, são as linhas de água representativas deste elemento sendo, no entanto, de referir, que este território é abundante em recursos hídricos. Na Região Dão Lafões existe um conjunto significativo de produtos agroalimentares de qualidade (inclusivamente reconhecida através de certificação). Estes têm origem no trabalho agrícola, na exploração pecuária e em processos de transformação baseados em técnicas ancestrais, transmitidas ao longo de gerações, culturalmente ligadas às especificidades do território (características do solo, relevo, clima mas também diferentes formas de apropriação pelas “gentes” que o ocuparam/ocupam). Não obstante, muitos destes produtos são quase desconhecidos fora do contexto geográfico de produção, por razões ligadas aos reduzidos níveis de produção, à debilidade dos canais de comercialização/divulgação, à desvalorização económica de algumas destas produções (pelos próprios produtores) e ainda às dificuldades ao nível técnico (na produção e transformação, quando estão em causa regras exigentes) e burocrático (principalmente na certificação do produto e no licenciamento 47 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul das instalações de produção). Estas dificuldades são acrescidas pelo elevado nível etário da maioria dos produtores. Tendo sido os recursos naturais (agricultura e floresta) a principal fonte de rendimento da população destas áreas, o respeito e o cuidado com a sua preservação, como elementos essenciais à manutenção socioeconómica, são uma evidência no processo de humanização da região. O património natural, histórico e cultural faz desta região uma das mais procuradas de todo o país. Os circuitos, os roteiros animados e o pedestrianismo promovem e contribuem para um turismo mais ativo. Uma das grandes vantagens, em termos turísticos, do território de São Pedro do Sul reside na sua localização geográfica e a quantidade de experiências diferentes que pode proporcionar a quem o visita. Num raio de 25 quilómetros, existe a maior estância termal da Península Ibérica e é possível usufruir da exuberância natural das serras da Freita, Arada e S. Macário e das águas límpidas dos rios Vouga e Paiva. As inúmeras aldeias típicas de granito e xisto, o vasto património arqueológico e os desportos de aventura que os parques naturais oferecem são também opções interessantes a ter em conta quando se trata de fugir do bulício dos grandes centros urbanos. Verifica-se, ainda, a existência de uma variedade de passeios pedestres no concelho de São Pedro do Sul – são percursos sinalizados pela Câmara Municipal, por vezes guiados, percorrendo paisagens belíssimas na serra da Arada, de contacto com os percursos dos rios existentes e ‘entram’ nas tradições culturais através do contacto com a arquitetura rural patente nas aldeias históricas, e da convivência hospitaleira dos residentes. O património cultural é, também, um campo de referência da identidade local, com destaque para a gastronomia, tradições e artesanato. O valioso espólio de património arquitetónico e os vestígios arqueológicos são, sem dúvida, o legado de maior valor que aqui se encontra, atraindo não só turistas, como a comunidade científica, importando realçar a sua dispersão por todo o território de intervenção. O artesanato é, também, um ponto forte desta região, destacando-se a tecelagem, a transformação de lã em trajes serranos (capuchas) ou elementos decorativos e o fabrico de utensílios agrícolas, que ainda mantêm a traça tradicional Lafões é uma terra de ricos costumes, onde a cultura popular assume um lugar de destaque, mantendo uma das mais antigas tradições da região: a etnografia e o folclore. Preservar os usos e costumes dos seus antepassados, associados à vida do campo, aos trajes, aos cantares ou às danças é uma forte aposta das pessoas e instituições da região. No âmbito deste esforço regional convém destacar: o Grupo Etnográfico de Cantares e Trajes de Manhouce (ao qual pertence Isabel Silvestre umas das principais dinamizadoras e reconhecida cantora de músicas populares), o Grupo de Danças e Cantares de Vila Maior – Lafões, o Grupo Recreativo e Cultural de Cantares de Sobral, o Grupo de Danças e Cantares da Serra da Gravia, o Rancho Folclórico de Figueiredo de Alva, o Rancho Folclórico As Lavradeiras de Negrelos, o Rancho Folclórico de Pesos do Sul, Rancho da Freguesia de Serrazes e o Rancho Folclórico Pindelo dos Milagres. A tradição cultural do território está intimamente relacionada com a religiosidade da população, e que se reflete nas inúmeras construções de cariz e arquitetura religiosa, patentes desde o período de instalação dos primeiros povos na região e com especial destaque para as igrejas e capelas que se encontram em todos os aglomerados idtour – unique solutions Junho, 2014 48 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul populacionais e mesmo em locais isolados tais como o convento de S. Cristóvão de Lafões, capela de S. Macário de cima e a ermita S. Macário de baixo. De realçar ainda as fortes tradições culturais (cristãs e pagãs), ritos e rituais, bem como mitos, lendas e crenças que ainda hoje perduram no imaginário e na atualidade da população residente e que transmite com paixão esse conhecimento histórico aos novos residentes e visitantes. Uma parte as danças regionais são danças de romaria, eram aprendidas nas grandes romarias da região Centro e Norte, consumindo-se nalgumas delas vários dias de caminho, pernoitando as pessoas em diferentes locais, aí nos serões, dançavam e cantavam, com outros romeiros e residentes. Posteriormente essas danças e esses cantares foram trazidos para todos os momentos de festa e alegria, inclusive durante e depois dos trabalhos agrícolas: esfolhadelas, fiadelas do linho, vindimas, pisadelas das uvas e tantos outros. Na Região de Lafões, a Vitela Assada é o prato mais famoso, dada a qualidade da carne e a mestria dos temperos, mas o Cabrito à Lafões (assado no forno de lenha), os Rojões à moda de São Pedro, o Bacalhau com Broa e a Sopa de feijão com couve à Lafonense, são outros dos pratos representativos da gastronomia regional. O Arroz de Vinha-d’alhos ou o Arroz de Carqueja são também dignos exemplos da tradição gastronómica regional e verdadeiras iguarias. De referir, ainda, os bons enchidos (com especial destaque para a chouriça) e o presunto tradicional, assim como a broa caseira. Relativamente à doçaria regional salienta-se os famosos pastéis de Vouzela, o Pãode-ló de Sul, o Folar da zona, os Caladinhos e os Vouguinhas. De Vouzela além dos pastéis, destaca-se ainda, as cavacas e queijadas. O Vinho de Lafões produzido na área geográfica correspondente à Indicação de Proveniência Regulamentada “Lafões” situa-se ao longo do Vale do Vouga, abrangendo os concelhos de Oliveira de Frades, São Pedro do Sul e Vouzela. Um vinho de transição entre os vinhos Verdes e os maduros do Dão. Com menos acidez do que os vinhos Verdes, os vinhos de Lafões são igualmente muito frescos, mas mais frutados e encorpados Os vinhos brancos são pouco alcoólicos, frutados, ricos em acidez málica, com características próximas dos Vinhos Verdes, já os vinhos tintos são vinhos com elevada acidez fixa e com largo poder de envelhecimento. Derivada do vinho salienta-se ainda a aguardente produzida na região utilizando os métodos tradicionais. Região vinícola, possui uma tipicidade própria que lhe é conferida pelos aspetos geográficos, climáticos e humanos, as vinhas encontram-se plantadas em socalcos, em pequenas ou médias explorações, são extremes, contínuas, com o 1º arame a 80 cm do solo. No território é possível encontrar os seguintes produtos certificados: o Vinho de Lafões, a Maçã e o Cabrito. Produtos que surgem na base da gastronomia típica regional e como elementos diferenciadores e caraterísticos da marca de Lafões. Ao nível do artesanato destaca-se a antiga estação de comboios de São Pedro do Sul adquirida pela Câmara Municipal, que foi convertida numa Estação de Artes e Sabores da Região. Funciona, neste local, sob coordenação da Associação de Artesãos de São Pedro do Sul, uma oficina de tecelagem, com quatro tecelãs a trabalhar diariamente e a empresa de Doçaria Regional que confeciona doces tradicionais como o Pão-de-ló do Sul, os Bolos de Noz, Mel, Laranja e Maça e Cenoura, além das queijadas de leite, folares, compotas e licores. A Estação de Artes 49 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul e Sabores é também o principal ponto de exposição e vendas das tapeçarias e doces produzidos no local e de vários produtos artesanais como azulejos pintados, cerâmicas, cestaria e trabalhos feitos com raízes, madeira e cortiça. As termas de São Pedro do Sul cresceram e modernizaram-se, sendo hoje as mais frequentadas do país e afirmando-se, ao mesmo tempo, como um centro de turismo que associa a saúde, o prazer, o desporto e o lazer, numa zona com amplos recursos naturais e culturais, dotada de áreas de lazer, núcleo museológico e auditório, onde se proporcionam diversos espetáculos. Esta estância termal destaca-se pelas excelentes instalações (dois balneários termais, equipados com tecnologia de ponta na área da balneoterapia) e pela variedade de tratamentos que disponibiliza, aliando tratamentos terapêuticos a técnicas médico-termais e complementares. idtour – unique solutions Junho, 2014 50 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul 1.9. TERMAS DE PORTUGAL Em Portugal, o termalismo conta, como em outros países, com uma longa e irregular história, que remonta ao tempo dos romanos com o seu culto pelos banhos como forma de prevenção e recuperação da saúde, não só física mas também mental, e como espaço e tempo de lazer e convívio social. O termalismo português nem sempre acompanhou a evolução do resto da Europa. Os fatores que estiveram na origem deste atraso prendem-se com as crises económicas que advieram das guerras do século XX e com a explosão do desenvolvimento da medicina e da investigação farmacológica (Alpoim, 2010). Em Portugal, e segundo Lapa (2002 em Alpoim, 2010), a publicação do primeiro diploma que veio regulamentar, autonomamente, a exploração das águas mineromedicinais data de 30 de Setembro de 1892. De então para cá, só algumas alterações sem relevância significativa foram efetuadas na redação do diploma. A exploração das águas minerais é considerada como a exploração de um serviço público onde predomina o termalismo de saúde e não o termalismo lúdico, porque a lei ainda não facilita a adjudicação de alvarás de concessão que incentivam o turismo ou o mero desfruto das águas. Portugal é um país rico em águas minerais naturais, existindo cerca de 400 nascentes hidrominerais qualificadas (Vieira, 1997) e um país que apresenta condições muito favoráveis à prática do termalismo e que possui, por conseguinte, uma forte tradição termal com cerca de 50 balneários distribuídos, na sua maioria, no Norte e Centro. São conhecidos os efeitos benéficos que a hidroterapia tem para o corpo, quer se trate de termalismo, talassoterapia ou com água doce. Assim como as dimensões ao nível espiritual e mental que o relaxe do tratamento com base nas propriedades da água. A inovação nos serviços e produtos termais com novos programas de saúde e bemestar, atrativo para as elites e classes médias urbanas, permite a diversificação e a renovação de clientelas e o desenvolvimento dos destinos turísticos para estadas repousantes, longas ou curtas, em jeito de touring. Muitos projetos de renovação das estâncias termais portuguesas integram-se nessa perspetiva multifuncional, ao encontro de vários nichos de mercado. Cavaco (1996) refere que em termos de atratividade e sustentabilidade, nas suas múltiplas vertentes, os investimentos verificados na oferta termal de turismo de saúde e bem-estar revelam-se importantes, e a sua abertura a produtos turísticos compósitos de base local e regional, cujas componentes se completem e reforçam mutuamente, são cada vez mais globais e têm forte componente territorial. 51 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Em termos de sustentabilidade total, a evolução recente de muitas estâncias termais tende a combinar recursos com ofertas variadas e mais modernas. Note-se que o turismo termal permite ocupar uma importante capacidade hoteleira no interior do país mas que, apesar de algumas obras recentes de recuperação, ainda está longe de alcançar, na generalidade, os padrões de qualidade que uma procura cada vez mais exigente espera encontrar (Alpoim, 2010). Embora em termos genéricos a oferta termal portuguesa seja pouco atraente verificase que algumas estâncias vão apostando na sua modernização e qualificação, esforço que se tem refletido nos seus resultados, ainda que se verifique um decréscimo generalizado na procura pelas estâncias termais. Em Portugal, cerca de metade dos balneários termais foram concessionados a empresas privadas, que também asseguram a sua gestão; nalguns casos, no entanto, a concessão e exploração são da responsabilidade de instituições públicas, tais como o INATEL, Câmaras Municipais e até de Juntas de Freguesia. O termalismo pode ser encarado como um fator de progresso e crescimento que intervém a vários níveis, nomeadamente ao nível da saúde e do bem-estar das pessoas, do turismo, do desenvolvimento económico e dos recursos naturais. Na medida em que o seu desenvolvimento deve ser suportado na existência de um património natural singular e num património arquitetónico de grande valor, que no entanto carece de um esforço na sua necessária remodelação, atualização e qualificação, adaptando-se às novas tendências e expectativas de mercado, cada vez mais exigente e informada A competitividade das termas em Portugal passa pela aposta na complementaridade entre os tratamentos termais, reforço desta componente em termos de turismo médico, e a aposta na componente do turismo de bem-estar, com o intuito de se poder atender adequadamente os novos segmentos de mercado, que procuram melhorar a sua saúde, uma melhoria da qualidade de vida e do relacionamento interpessoal. O Turismo de Portugal (www.turismodeportugal.pt), com base em informação disponibilizada pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e pela Associação das Termas de Portugal (ATP), divulga anualmente um relatório (Termas de Portugal em…) com uma análise relativa à oferta e à caracterização da procura nos estabelecimentos termais portugueses. Em 2011, o termalismo clássico com 57 mil clientes, continua a registar decréscimos (menos 10% face a 2010, ou seja, cerca de menos 6 mil aquistas). Esta modalidade representou 58% da procura total do ano passado. O segmento de bem-estar e lazer com 41 mil utentes representou 42% da procura total em 2011 e aumentou significativamente (+36%, ou seja, +11 mil clientes). O termalismo clássico caracteriza-se por ser uma atividade vincadamente sazonal para todas as regiões, com o terceiro trimestre a registar 47% da procura total, deste segmento. A região Centro concentrou 56% de aquistas clássicos e 44% dos que optaram por programas de bem-estar e lazer, sendo que as termas de S. Pedro do Sul a principal responsável pela importância da região Centro uma vez que representaram 28% da procura total do país e 45% da região Centro. idtour – unique solutions Junho, 2014 52 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Se seguida apresentam-se as principais caraterísticas geológicas das termas nacionais mais importantes de acordo com a informação da direção Direcção Geral de Energia e Geologia (www.dgeg.pt): • Caldas do Gerês localizam-se na região granítica do Minho, na serra do Gerês, na zona Centro-Ibérica do Maciço Hespérico. O vale do rio Gerês produz cascatas e rápidos pelo desnivelamento brusco dos blocos graníticos que constituem o seu leito. As águas brotam num grande e compacto afloramento de granito vermelho, que forma uma muralha quase a pique, de algumas dezenas de metros de altura; • Termas de Monfortinho localizam-se na zona Centro-Ibérica do Maciço Hespérico, na região da Beira Baixa. A área onde estão situadas as principais emergências das Termas de Monfortinho situa-se no extremo sinclinal de Penha Garcia, que se prolonga para Espanha. A ascensão de água, facilitada pela temperatura (que induziria uma menor densidade da água) e pela fracturação intensa seria efetuada na zona das Termas. A temperatura máxima de emergência registada foi de 28.2º C na Fonte Santa. Em resumo, todo o circuito hidromineral das águas de Monfortinho será efetuado em reservatório quartzítico, à exceção da zona de descarga em que há contacto hidráulico com as formações aluvionares; • Termas da Curia localizam-se numa zona de relevo suave, correspondente à planície aluvionar do vale do Cértima e seus afluentes. Esta baixa aluvionar, situada à cota média dos 35m. O modelo conceptual do aquífero hidromineral poderá consistir na infiltração das águas meteóricas nas formações gresosas ou greso-calcárias ou calcárias a cotas da ordem dos 100m e circulação ao longo destas mesmas formações devido à carga hidráulica existente; • Termas do Luso situam-se na Serra do Buçaco, que separa as bacias hidrográficas do Vouga e do Mondego, fazendo-se a escorrência através das linhas de água que se iniciam praticamente no contacto dos quartzitos com os xistos. As nascentes termais do Luso situam-se no sinclinal silúrico de Penacova. O aquífero quartzítico é, em quase toda a sua extensão, do tipo aquífero livre; apenas na sua parte terminal, quando os materiais impermeáveis do Carbónico se sobrepõem aos materiais ordovícicos, o aquífero hidromineral fica isolado, adquirindo as características de um aquífero cativo ou confinado passando, portanto, a ter uma pressão superior à pressão atmosférica (saturando completamente todos os espaços vazios do material litológico que contém). O facto de estas águas serem muito pouco mineralizadas, coloca em hipótese o facto de esta água ser de origem meteórica. • Termas de Vidago situam-se na bacia com o mesmo nome, correspondendo a um vale de fratura com um comprimento de 4km por 200 a 500m, apresentando a largura máxima na parte norte. A litologia das formações na Bacia de Vidago é constituída essencialmente por rochas cristalinas com coberturas descontínuas de aluviões e depósitos de vertente. O circuito hidrotermal é condicionado por numerosos fatores inerentes às características do meio geológico em que se insere. Coexistem e interagem localmente vários aquíferos; • Caldas do Cró localizadas no Maciço Hespérico, na zona Centro-Ibérica, as Caldas do Cró situam-se numa área topograficamente bem marcada, em região de natureza essencialmente granítica, com afloramentos dispersos e ocasionais de xistos alterados e dominada por uma família de falhas. As emergências ocorrem em zonas em que a percolação está intimamente relacionada com a fracturação superficial e com o grau de alteração das 53 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul • • formações graníticas, nomeadamente com a sua colmatação com materiais resultantes da meteorização; Termas de São Vicente localizam-se na zona Centro-Ibérica do Maciço Hespérico. Encontram-se numa zona fortemente dominada por granitos, em que a rede de drenagem é dendrítica-retangular. A nascente termal de S. Vicente está ligada a uma fratura com direção sensivelmente N-S, que, em parte, está coberta por aluviões da Ribeira de Camba, que também tem uma orientação preferencial N-S. Termas de São Pedro do Sul situam-se na zona Centro-Ibérica do Maciço Hespérico, fica situada no batólito de granitos sin-cinemáticos que da Serra da Freita se estendem até às proximidades de Viseu. S. Pedro do Sul encontra-se localizado numa zona constituída principalmente por granitos, aflorando igualmente xistos. O modelo de circulação hidrotermal considera que a água da chuva penetra parcialmente os granitos superficiais altamente fraturados. A água meteórica infiltra-se através da falha de Ribamá, circula em profundidade, sofre um processo de aquecimento, após o que emerge na margem esquerda do rio Vouga. Quadro 1.1. Estâncias Termais em Portugal Fonte: ATP e DGEG idtour – unique solutions Junho, 2014 54 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul 1.9.1. ASSOCIAÇÃO DAS TERMAS DE PORTUGAL A Associação das Termas de Portugal (ATP) (www.termasdeportugal.pt) surgiu em 1996 em resultado do processo de reestruturação da ANIAMM - Associação Nacional dos Industriais de Águas Minero Medicinais e de Mesa. Atualmente conta com um universo de 38 associados, a ATP visa a promoção e o desenvolvimento técnico, económico e social do termalismo e das termas portuguesas. A Associação tem por fim o estudo e desenvolvimento dos interesses relativos ao termalismo e às estâncias termais, competindo-lhe promover e praticar tudo quanto possa contribuir para o respetivo progresso técnico, económico ou social e nomeadamente: • Valorizar, a nível nacional, a projeção socioeconómica dos sectores integrados, • Unir todos os associados com vista à defesa dos seus legítimos interesses e ao exercício comum dos seus direitos e obrigações, • Representar os associados junto de quaisquer entidades públicas ou privadas, bem como de organizações patronais e de trabalhadores, • Possibilitar um diálogo objetivo, eficaz e fundamentado com as organizações de trabalhadores em ordem à obtenção de um clima saudável de paz social, • Efetuar estudos económico-jurídicos, de mercado, técnicos e outros destinados a promover um harmónico crescimento do sector, • Possibilitar e fomentar as ligações e contactos com organismos similares e estrangeiros, • Apreciar e fomentar as iniciativas de interesse para o sector, • Diligenciar no sentido de se obter uma disciplina do sector sem menosprezo de uma sã concorrência. Para atingir estes fins, a ATP integra, além dos membros associados (empresas e entidades, públicas e privadas, que se dedicam, em território nacional, à gestão e exploração de balneários termais) os designados membros aliados (empresas e entidades, públicas e privadas, que desenvolvem atividades conexas com o termalismo, a hotelaria da estância termal propriedade de terceiros, os estabelecimentos de talassoterapia e as estâncias climáticas). De salientar que a ATP foi promotora e dinamizadora, nos anos recentes, de um conjunto de atividades de investigação e de estudos visando o conhecimento do mercado de Saúde e Bem-Estar e o posicionamento e definição de estratégias de desenvolvimento para os agentes nacionais, numa lógica de benchmarking, face às experiências e resultados de outros destinos. Os principais resultados desses trabalhos foram objeto de compilação e sistematização na publicação recentemente editada em colaboração com a Universidade Católica Portuguesa, intitulada Turismo de Saúde e Bem-Estar (Medeiros & Cavaco, 2008). A ATP participa em várias organizações associativas e de outros âmbitos das quais se destacam: • De âmbito nacional: Membro da comissão de acompanhamento do "Programa Saúde e Termalismo Sénior", Membro do conselho de administração do Cinágua - centro de formação profissional para a indústria do engarrafamento e termalismo, Membro da CT 144 - comissão portuguesa de normalização para o turismo, 55 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul • Membro da Confederação do Turismo Português (CTP), Associada da entidade regional de Turismo do Centro de Portugal, Associada da entidade regional de turismo do Porto e Norte de Portugal, Membro da CAT - Comissão de Avaliação Técnica do termalismo da direção geral se saúde, Parceiros do Turismo de Portugal no desenvolvimento da estratégia do produto Turismo de Saúde e Bem-Estar. De âmbito internacional: Vice-Presidentes da ESPA - European Spas Association, Membro do Wg2/Tc228 Iso Spa Services, grupo de trabalho Iso para a criação de padrões (standards) de qualidade para os serviços termais, serviços de talassoterapia e serviços de "Wellness Spas", Membros do Comité Assessor da Termatália. PROVERE – Valorização das Estâncias Termais da Região Centro A relação entre Turismo e Saúde é evidente, com cada vez mais pessoas interessadas em usufruir de férias ou períodos de lazer com valor acrescentado. Sentir-se saudável já não é suficiente. A prioridade deve ser dada à constante procura da promoção da saúde e da qualidade de vida. As pessoas querem sentir-se bem e viver experiências que perdurem no tempo. É neste contexto que surge, no âmbito das estratégias internacionais de desenvolvimento turístico, uma aposta clara no Turismo de Saúde e Bem-Estar, que, tal como definido pela Organização Mundial de Turismo inclui o conjunto de atividades desenvolvidas com vista a proporcionar cura e bem-estar através da utilização de recursos naturais e que implicam deslocação e estadia em unidades de alojamento (ATP, 2008). A Associação das Termas de Portugal promove atualmente um projeto de desenvolvimento aplicada para um conjunto de termas das Região Centro de Portugal no âmbito do estímulo para a criação de uma Estratégia de Eficiência Coletiva (EEC) PROVERE designada de “Valorização Económica das Estâncias Termais da Região Centro” (www.termas.provere.pt) baseada no recurso endógeno das termas da Região Centro. Para assegurar o crescimento e valorização do mercado de termalismo, e dados os recursos existentes e esforços que se têm vindo a verificar em algumas estâncias no sentido da modernização e adaptação às novas tendências, deve-se atuar no sentido de se alcançar, na maioria das estâncias termais, um grau de modernização elevado e homogéneo (bem como a oferta de alojamentos que se encontra ao seu redor), que permita competir no mercado internacional a partir de um conceito de Rede de Estâncias Termais com uma oferta de qualidade e com elevado potencial turístico. Foi com estes pressupostos que foi apresentada a Estratégia de Eficiência Coletiva (EEC) Valorização das Estâncias Termais da Região Centro, que contempla, atualmente um investimento total na ordem dos 240.420.201,00 Euros distribuídos por 82 projetos públicos (35) e privados (47). Após a identificação das estâncias termais da Região Centro como recurso estratégico alvo, foi desenvolvido um trabalho estruturado de seleção de áreas com possibilidade de dinamização e fortalecimento da base socioeconómica local e regional, que pudessem promover o elevado potencial turístico e económico que lhes está associado. Em síntese, e decorrendo dos trabalhos desenvolvidos, a estratégia idtour – unique solutions Junho, 2014 56 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul PROVERE adotada pretende, de forma integrada, desenvolver um conjunto de intervenções e trabalhos com os quais se procura contribuir, ao nível da região Centro, para a implementação do PENT (Plano Estratégico Nacional do Turismo), através da valorização económica de um recurso endógeno inimitável e emblemático, as suas estâncias termais, localizadas na maioria em territórios de baixa densidade, por via de um conjunto integrado de trabalhos, promovidos em rede e sob a égide de um consórcio de 42 parceiros públicos e privados. Para o efeito, a EEC Valorização das Estâncias Termais da Região Centro -integra um conjunto de objetivos estratégicos que se afirmam como particularmente necessários às especificidades e necessidades das estâncias termais da região Centro: • Reforço da competitividade, através da requalificação e sofisticação da oferta, • Estruturação de produtos turísticos compósitos, através da integração dos diversos elementos de atratividade que o constituem: Balneários Termais, Alojamento, Gastronomia, Atividades de Animação, Património, Cultura, Natureza para reforço de competitividade dos destinos termais como destinos de Turismo de Saúde e Bem-Estar de excelência na Região Centro, • Introdução de uma Rede de Estâncias Termais para dinamização socioeconómica do território-alvo, como fator de atração da procura turística nacional e internacional, • Implementação de um Plano de Marketing estratégico com enfoque na melhoria da eficácia e rentabilidade das ações de distribuição, comunicação e comercialização e em estratégias de distribuição e comunicação assentes em proposta de valor, visão estratégica por segmento de mercado, focalização no canal Internet e gestão pró-ativa com o “trade” (distribuição turística) e com os “prescritores”, • Requalificação da envolvente natural e edificada das Estâncias Termais que valorizem turisticamente o destino, • Aposta na certificação da qualidade como fator de competitividade para a valorização da oferta e como indutor de crescimento da procura, • Aposta na investigação aplicada e formação especializada como fator de competitividade para a diferenciação, valorização e qualificação da oferta. A Estratégia de Eficiência Coletiva (EEC) abrange dezasseis das vintes estâncias termais da Região Centro, e que são: Curia, Vale de Mó, Luso, Monfortinho, Sangemil, Alcafache, Fonte Santa, Caldas da Rainha, Cró, São Pedro do Sul, Carvalhal, Salgadas, Manteigas, Felgueira, Longroiva e Vimeiro. Deste modo, a estratégia PROVERE abrange quinze municípios: Anadia, Mealhada, Idanha-a-Nova, Tondela, Viseu, Almeida, Caldas da Rainha, Sabugal, São Pedro do Sul, Castro Daire, Batalha, Manteigas, Nelas, Meda e Torres Vedras. O objetivo final passa por consolidar os destinos turísticos de saúde e bem-estar com valor acrescentado, que potencia a utilização das caraterísticas da água mineral natural existente com supervisão médica de modo a gerar confiança nos consumidores e mercados, complementarmente esta oferta deve ser integrada na oferta de outras equipamentos e recursos existentes no meio envolvente das estâncias termais, maximizando o valor acrescentado associado. Com os projetos âncora definidos no âmbito da estratégia PROVERE pretende-se assegurar o desenvolvimento de um conjunto de trabalhos, tendo por abrangência o conjunto das Estâncias Termais existentes na Região Centro. Tais projetos têm por objetivo assegurar uma ação integrada e aglutinadora sobre esta rede de recursos 57 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul inimitáveis do território alvo, tendo em vista a sua valorização económica, através de um conjunto de intervenções referentes à sua qualificação, promoção e valorização. Mas também, e tal como definido no enquadramento das EEC, com os projetos âncora pretende-se assegurar a capacidade de arrastamento de outros projetos e atividades, a partir da construção do capital simbólico (valorizando ou reaproveitando o património histórico e cultural associado às estâncias termais), do aproveitamento de recursos naturais para aplicações de alto valor acrescentado (através de "produtos compósitos" de oferta turística e de produtos/serviços baseados em I&D) e de ações, visando a atração de empresas, investimentos, novos residentes e visitantes (através da um conjunto de ações promocionais, de qualificação/certificação da oferta de produtos e serviços existentes e/ou criação de novos produtos e serviços e da formação profissional). Em termos de mercados a estratégia PROVERE Termas adotada prevê potenciar os seguintes mercados através da aposta preferencial em determinados segmentos e/ou canais de distribuição: • Portugal Consumidor final Distribuição turística Prescritores Jornalistas Corporate • Espanha Consumidor final Distribuição Turística Jornalistas • Alemanha Distribuição Turística Prescritores Jornalistas idtour – unique solutions Junho, 2014 58 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul 1.10. ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO Os sucessivos Governos Constitucionais têm identificado o turismo como uma atividade relevante e com peso crescente na economia do país, considerando-o um sector estratégico prioritário para Portugal. É ainda reconhecido, no âmbito dos sucessivos Programas do Governo, o contributo deste sector para a valorização do património natural e cultural, tal como para a melhoria da qualidade de vida dos portugueses e para a atenuação das assimetrias regionais. O turismo é encarado numa perspetiva de sustentabilidade ambiental, económica e social, no quadro de um modelo de desenvolvimento que privilegie a qualidade, quer seja a qualidade ambiental do destino turístico quer seja a qualidade dos empreendimentos e serviços turísticos. A estratégia do XIX Governo Constitucional (2011-2015) para o Turismo consubstancia-se na diferenciação e autenticidade do serviço e do produto, com presença numa combinação de mercados que reduzam as debilidades atuais de concentração, mercados e produtos, através da incorporação de elementos de inovação, eficiência na gestão dos recursos financeiros e regulação da atividade, com vista ao reforço da competitividade e da massa crítica dos agentes económicos em termos internacionais, propondo, entre outras, as seguintes medidas: • Criar mecanismos e instrumentos de apoio às empresas turísticas, agindo sobre os fatores da competitividade empresarial e de criação de valor e empregabilidade; • Reforçar a atratividade do turismo, nomeadamente pela articulação de políticas com o ordenamento do espaço, o ambiente, os transportes, a saúde, o mar e a cultura; • Consubstanciar uma plataforma económica e logística que projete um mercado alargado e reforce os fluxos turísticos de raiz atlântica; • Reforçar a ação reguladora e a visão estratégica partilhada entre atores públicos e privados; • Dar maior expressão aos programas de turismo sénior, turismo para emigrantes e turismo para cidadãos com deficiências e incapacidades, turismo religioso e turismo de saúde; • Apostar no crescimento da receita por turista, mais importante do que apostar no aumento massificado do número de turistas; • Simplificação da legislação do turismo com agrupamento num código do turismo e das atividades turísticas. 59 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Complementarmente a estratégia do XIX Governo Constitucional (2011-2015) para o Turismo considera a necessidade de proceder a uma aposta substantiva ao nível das Marcas, Mercados e Produtos Turísticos, nomeadamente através das seguintes ações: • Apostar na ‘Marca Portugal’; • Recuperar mercados estratégicos perdidos e afirmar o mercado interno como prioritário; • Promover novos conteúdos de valorização do destino Portugal em cooperação com as indústrias criativas, com base na história, valores partilhados e autenticidade do produto turístico. Um outro grande desafio complementar para Portugal é o de olhar para o território nacional (incluindo a agricultura, o mar, o ambiente e o ordenamento do território), como uma imensa fonte de riqueza que precisa de ser trabalhada. Um país empenhado no crescimento económico encontra nos seus recursos naturais e numa boa organização territorial alicerces sólidos para o seu desenvolvimento. O Governo compromete-se com a mudança de paradigma que permite ter uma visão integrada do território e dos recursos naturais, vivos e não vivos, e com a promoção de um desenvolvimento sustentável que aumente o potencial produtivo agrícola, dinamize o mundo rural, permita realizar o valor potencial do mar português e encontre na proteção e valorização do meio ambiente eixos sólidos para o crescimento. O Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) é o instrumento de desenvolvimento territorial de natureza estratégica que estabelece as grandes opções com relevância para a organização do território nacional, consubstancia o quadro de referência a considerar na elaboração dos demais instrumentos de gestão territorial e constitui um instrumento de cooperação com os demais Estados membros para a organização do território da União Europeia. Em termos genéricos, o PNPOT vigente publicado em Setembro de 2007 (Lei 58/2007), visa: • Definir o quadro unitário para o desenvolvimento territorial integrado, harmonioso e sustentável do País, tendo em conta a identidade própria das suas diversas parcelas e a sua inserção no espaço da União Europeia; • Garantir a coesão territorial do País, atenuando as assimetrias regionais e garantindo a igualdade de oportunidades; • Estabelecer a tradução espacial das estratégias de desenvolvimento económico e social; • Articular as políticas sectoriais com incidência na organização do território. A linha de rumo que o Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) pretende imprimir ao país sistematiza-se em seis objetivos estratégicos, que se complementam e reforçam reciprocamente: 1. Conservar e valorizar a biodiversidade e o património natural, paisagístico e cultural, utilizar de modo sustentável os recursos energéticos e geológicos, e prevenir e minimizar os riscos; 2. Reforçar a competitividade territorial de Portugal e a sua integração nos espaços ibérico, europeu, atlântico e global; 3. Promover o desenvolvimento policêntrico dos territórios e reforçar as infraestruturas de suporte à integração e à coesão territoriais; 4. Assegurar a equidade territorial no provimento de infraestruturas e de equipamentos coletivos e a universalidade no acesso aos serviços de interesse geral, promovendo a coesão social; idtour – unique solutions Junho, 2014 60 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul 5. Expandir as redes e infraestruturas avançadas de informação e comunicação e incentivar a sua crescente utilização pelos cidadãos, empresas e administração pública; 6. Reforçar a qualidade e a eficiência da gestão territorial, promovendo a participação informada, ativa e responsável dos cidadãos e das instituições. A visão estratégica e o modelo territorial propostos no PNPOT articulam-se com a Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS), respeitando os mesmos objetivos gerais de desenvolvimento económico, coesão social e proteção ambiental. O modelo territorial do PNPOT é o quadro de referência nacional para a implementação de um conjunto de estratégias nacionais e de planos sectoriais associados, devendo orientar os modelos territoriais que vierem a ser definidos nos âmbitos regional, sub-regional e local. Em termos nacionais, ao nível do turismo, refere-se a necessidade de ‘implementar uma estratégia que promova o aproveitamento sustentável do potencial turístico de Portugal às escalas nacional, regional e local’, devendo passar, nomeadamente, pela ‘promoção de modelos de desenvolvimento de turismo para cada um dos destinos turísticos e definição de mecanismos de articulação entre o desenvolvimento das regiões com elevado potencial turístico e as políticas de ambiente e ordenamento do território’ (PNPOT, 2007). Para a região Dão-Lafões o PNPOT salienta as boas oportunidades de desenvolvimento de produtos e serviços com elevada tipicidade (qualidade específica) e potencial de valorização quer no mercado local, associado ao desenvolvimento do turismo, quer em mercados distantes. A vitalidade e sustentabilidade da região dependem, no entanto, de um desenvolvimento que promova a multifuncionalidade e a qualidade específica da agricultura e, com ela, todo o território. Dão-Lafões tem vindo a revelar uma tendência de reforço do seu peso na economia nacional, mas não ultrapassa os 1,7% do PIB (para 2,8% da população e 3,8% da área) e encontra-se entre as 6 NUTS III de mais baixo PIB per capita (63% da média nacional). Apesar de a agricultura ter vindo a perder a importância no contexto económico regional devido à sua fragilidade competitiva, pode revelar-se no futuro como um fator dinâmico para o desenvolvimento da região. Os cenários de crescimento económico apontam para um problema de suporte à base económica deste território. No horizonte 2020, a indústria representará apenas uma pequena parcela do crescimento, que será, deste modo, essencialmente terciário. No entanto, o desenvolvimento do setor terciário, sobretudo na componente mercantil, poderá não ser viável sem uma maior capacidade exportadora da indústria, sem o desenvolvimento de serviços com procura extrarregional (turismo, serviços empresariais) ou sem a expansão de serviços financiados a partir do exterior (serviços sociais de financiamento público, ensino superior). A estratégia de desenvolvimento proposta para a região Dão-Lafões consubstancia os seguintes desígnios: • Sustentar o dinamismo de Viseu, reforçando a sua articulação com as cidades do Centro Litoral, e valorizar o seu papel estratégico para a estruturação de um eixo de desenvolvimento que se prolongue para o interior até à Guarda; 61 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul • • • • • • Reforçar a dinâmica industrial do sistema urbano sub-regional, de forma a suportar a base económica do território de Viseu; Assegurar que a aposta de Viseu no ensino superior conduz à exploração de sinergias entre as várias componentes para estimular um ambiente favorável à investigação e ao empreendedorismo; Explorar a posição estratégica de Viseu na rede de transportes nacional e transeuropeia; Preservar as condições de genuinidade dos produtos regionais de qualidade e reforçar a sua projeção e imagem nos mercados nacionais e internacionais; Fomentar o turismo através da criação de um produto turístico sub-regional que combine o potencial existente nas múltiplas vertentes: cultura e património, natureza e paisagem, turismo ativo, termalismo e turismo de saúde, enoturismo, gastronomia; Estruturar o sistema urbano sub-regional, apostando na especialização e na complementaridade de equipamentos, infraestruturas e funções urbanas suportadas por soluções eficientes e inovadoras de mobilidade. O Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro (PROT-Centro) é elaborado segundo o objetivo geoestratégico de afirmar a Região Centro como um território portador de um contributo ativo e autónomo para a estruturação e desenvolvimento sustentável do território continental numa lógica de combinação virtuosa entre objetivos de competitividade e de coesão territoriais. Esta opção corresponde a estruturar um modelo territorial que afirme a sua autonomia face às regiões urbanas de Lisboa e do Porto, contrariando decisivamente o efeito tenaz que as duas referidas aglomerações metropolitanas exercem sobre a Região Centro. O modelo proposto realça as virtualidades do policentrismo urbano para o qual a Região Centro está bem apetrechada, sem menosprezo da relevância inequívoca que o triângulo urbano do centro litoral e a centralidade de Coimbra representam para contrariar o mencionado efeito de tenaz. O âmbito territorial do PROT-Centro inclui a área geográfica de intervenção da CCDR Centro com uma extensão de 23.659 Km2, abrangendo 1 783 596 habitantes distribuídos por 78 municípios. A estratégia para a Região Centro apresentada na proposta preliminar constante no PROT Centro ressalta as seguintes prioridades de intervenção: • Reforçar os fatores de internacionalização da economia regional e a posição estratégica da região para a articulação do território nacional e deste com o espaço europeu; • Promover o carácter policêntrico do sistema urbano, consolidando os sistemas urbanos sub-regionais que estruturam a região • Reforçar o potencial estruturante dos grandes eixos de comunicação de forma a estimular complementaridades entre centros urbanos, em particular nas áreas do interior, e a assegurar as ligações intrarregionais relevantes para a coesão regional; • Promover redes urbanas de proximidade que potenciem dinâmicas de inovação e suportem novos polos regionais de competitividade, consolidando as dinâmicas dos clusters emergentes; • Promover a coesão, nomeadamente dinamizando as pequenas aglomerações com protagonismo local ou supralocal e estruturando o povoamento das áreas de baixa densidade; • Aproveitar o potencial turístico, dando projeção internacional ao património cultural, natural e paisagístico; idtour – unique solutions Junho, 2014 62 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul • • • • • • • • • Mobilizar o potencial agropecuário e valorizar os grandes empreendimentos hidroagrícolas da região; Promover a competitividade e sustentabilidade do sector das pescas e aquicultura; Valorizar os recursos hídricos e recuperar a qualidade da água, concluindo os projetos integrados de despoluição; Assumir como prioridade estratégica a proteção, a valorização e a gestão sustentável dos recursos florestais; Explorar o potencial para a produção de energias renováveis; Proteger e valorizar o litoral e ordenar as dinâmicas urbanas nesta área; Ordenar os territórios urbanos e, em particular qualificar as periferias das cidades e revitalizar os centros históricos; Ordenar a paisagem, salvaguardando as áreas agrícolas ou de valia ambiental da pressão do uso urbano/industrial e implementar estruturas ecológicas de âmbito regional e local; Ordenar as Áreas Protegidas, articulando níveis elevados de proteção de valores naturais com o uso sustentável dos recursos, com benefícios económicos e sociais para a população residente. A Região Centro dispõe de uma diversidade de recursos endógenos (naturais, culturais, patrimoniais, paisagísticos, gastronómicos, etc.) que a diferenciam no contexto nacional e encerram um potencial económico que é importante valorizar. Neste sentido, no âmbito do PO Centro (Programa Operacional Regional do Centro), são privilegiados os recursos que sejam a base de uma parte significativa da economia de um espaço sub-regional concreto, ou aqueles que sejam suporte de redes temáticas de promoção ou, ainda, os que incentivem a emergência de atividades que superem as dependências tradicionais das economias locais, nomeadamente as de natureza rural. A Região Centro encontra-se numa encruzilhada de potencialidades, e de desafios, que necessitam de ser equacionados tendo em vista a sua evolução futura. Até à atualidade, esta região tem vindo a ser pouco considerada e relevada no âmbito das políticas nacionais, sendo vista, sucessivamente nos vários planos e estratégias elaborados para o sector, como uma mera ‘Região de Passagem’, com ‘potencial’ para uma oferta orientada para a otimização de recursos fragmentados, aproveitados através de uma interligação suportada em ‘tourings’ (Costa, 2013). Pretende-se, portanto, desenvolver lógicas de articulação de recursos e objetivos, procurando impactes territoriais concertados, como por exemplo, combinar as intervenções no património ou na paisagem com a existência de fatores ligados à economia do turismo. Especificamente para a unidade territorial de Lafões são apontados os seguintes produtos turísticos: Touring Cultural e Paisagístico, Turismo de Natureza, Gastronomia e Vinhos, Saúde e Bem-estar. O elemento água é, sem dúvida, um dos elementos mais abundantes e mais distintivos na Região Centro, e poderá, potencialmente, dar um contributo precioso na organização e estruturação dos produtos turísticos da região, na criação de um ‘cluster turístico’ organizado que contribua no sentido de a afirmar, distinguir e qualificar. De facto, a Região Centro é a região do país com maior abundância, e com maior qualidade de oferta, ao nível do (i) termalismo e da (ii) neve. Para além disso, esta região possui uma oferta relevante em termos de (iii) albufeiras e águas interiores, bem como um potencial considerável ao nível da (iv) da náutica de recreio. 63 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Sendo assim, torna-se fundamental proceder-se à criação de uma oferta estruturada de produtos tendo por base a água (Costa, 2013). Figura 1.13. Esquema do Modelo Territorial da Região Centro Fonte: PROT, 2011 A organização e a gestão do elemento água na Região Centro deve, contudo, tomar em consideração que os produtos que a partir de si devem emanar, necessitam ser organizados tendo por base cadeias de produto sólidas, economicamente sustentadas, e suscetíveis de induzirem a criação de novas fileiras de investimento. Como tal, estes produtos devem ser desenvolvidos em estreita ancoragem com a cadeia produtiva do sector do turismo, de forma a serem devidamente suportados ao nível dos elementos estáticos e dinâmicos do sector do turismo. Em termos dos grandes segmentos de oferta com potencial de desenvolvimento na Região Centro, podem elencar-se os seguintes (Costa, 2013): • Turismo de Saúde e Bem-Estar • Turismo Desportivo • Turismo de Sol e Praia • Experiências culturais e etnográficas ligadas à água O posicionamento geoestratégico da Região Centro possibilita a viabilização e o reforço de complementaridades e sinergias entre recursos turísticos, numa lógica de organização da oferta, através da exploração em rede dos ativos culturais e patrimoniais. A criação e consolidação de rotas regionais e o desenvolvimento de atividades de animação, que associem o recreio e o lazer com o património cultural e ambiental (natural), são a forma de potenciar, nesta perspetiva, os produtos estratégicos definidos no Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT). idtour – unique solutions Junho, 2014 64 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Em contexto de uma próxima e eventual revisão do PENT, é necessário que produtos turísticos representativos na região, tais como o Turismo Religioso e o Turismo Náutico, tenham numa futura versão um maior acolhimento. Em termos de política territorial têm-se destacado alguns vetores estratégicos. A promoção de rotas culturais tem vindo a ser desenvolvida em torno dos ativos existentes, entre outras: • Rota das Aldeias Históricas, • Rota das Aldeias do Xisto, • Rotas de Vinhos • Rota dos Escritores, • Rede dos Castelos e Muralhas Medievais do Baixo Mondego, • Circuito de Romanização do Território do Oppidum de Conímbriga, • Rota da Lã, • Rota do Património Judaico, • Rota do Vidro, • Rota da Arte Nova, • Rota dos Complexos de Gravuras Rupestres do Vale do Côa, • Rota do Médio Tejo. Existe, ainda, potencial para o desenvolvimento de outras rotas culturais conforme trabalhos já desenvolvidos no âmbito da CCDRC para a valorização do Património Cultural na Região Centro. No âmbito do Turismo da Natureza têm sido desenvolvidas ações relevantes de qualificação e valorização do Litoral, da Rede Nacional de Áreas Protegidas, dos planos de água e das zonas ribeirinhas. O Turismo de Saúde e Bem-Estar tem vindo a aumentar, prevendo-se que mantenha o ritmo de crescimento no futuro. Em Portugal este produto representa 1,9% das motivações dos turistas. O país e a Região Centro em particular, dispõe de termas com serviços e atividades dirigidas aos turistas, assim como de Spas, ainda que em número reduzido. Suportado na qualidade das águas, o segmento das termas é um produto que devidamente projetado e estruturado pode ambicionar a criação de ofertas com elevados níveis de diferenciação. O Plano Estratégico Nacional para o Turismo (PENT) 2010-2015 (MEI, 2007) assume o turismo como uma atividade complexa e visa promover uma política nacional capaz de integrar de forma coerente as diversidades que caracterizam o sector, nomeadamente, através de políticas regionais fortes, do desenvolvimento baseado na qualificação e competitividade da oferta, alavancando a criação de conteúdos autênticos e de experiências marcantes e genuínas, transformando o sector num dos motores do desenvolvimento social, económico e ambiental a nível regional e nacional. A implementação do PENT é estruturada em 5 eixos: • Território, Destinos e Produtos • Marcas e Mercados • Qualificação de Recursos • Distribuição e Comercialização • Inovação e Conhecimento Para a concretização dos 5 eixos elencados foram definidos 11 projetos de implementação que visam enquadrar intervenções ao longo de toda a cadeia de valor do sector do Turismo: I. Produtos, Destinos e Pólos II. Intervenção em ZTIs (urbanismo, ambiente e paisagem) 65 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul III. IV. V. VI. VII. VIII. IX. X. XI. Desenvolvimento de conteúdos distintivos e inovadores Eventos Acessibilidade Aérea Marcas, Promoção e Distribuição Programa de Qualidade Excelência no Capital Humano Conhecimento e Inovação Eficácia do relacionamento Estado – Empresa Modernização Empresarial A implementação das linhas de desenvolvimento contidas no PENT com sucesso exige rigor, inovação e proactividade por parte da administração pública e do sector privado. A proposta de valor atrativa baseada nas características diferenciadoras de Portugal, consubstanciada no PENT (2010-2015) para Portugal aposta na combinação dos elementos diferenciadores e dos elementos qualificadores do país. O PENT aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2007, de 4 de abril, que foi desenvolvido para o horizonte temporal 2006-2015, e adotado pelos agentes do setor, previu a revisão periódica dos seus objetivos, políticas e iniciativas, no sentido de melhorar a resposta à evolução do contexto global e do setor turístico. Tendo como horizonte o período 2013-2015, a revisão do Plano Estratégico Nacional do Turismo considera o passado recente da estratégia de desenvolvimento turístico nacional, e tem subjacentes várias prioridades e iniciativas definidas numa visão de longo prazo. No âmbito da conclusão do processo de revisão do PENT adotou-se uma nova visão para o “Destino Portugal”: Portugal deve ser um dos destinos na Europa com crescimento mais alinhado com os princípios do desenvolvimento sustentável, alavancado numa proposta de valor suportada em características distintivas e inovadoras do país. O turismo deve desenvolver-se com base na qualidade do serviço e competitividade da oferta, tendo como motor a criação de conteúdos autênticos e experiências genuínas, na excelência ambiental e urbanística, na formação dos recursos humanos e na dinâmica e modernização empresarial e das entidades públicas. A importância do turismo na economia deve ser crescente, constituindo-se como um dos motores do desenvolvimento social, económico e ambiental a nível regional e nacional. Portugal deve ser apresentado na sua multiplicidade, sendo que a proposta a apresentar aos turistas a partir dos valores essenciais do “Destino Portugal” assenta nos seguintes elementos: • Clima e luz; • História, cultura, tradição e mar; • Hospitalidade; • Diversidade concentrada; • Segurança; • Paisagem e património natural. A proposta de valor de cada região deverá estar alinhada com a proposta de valor do destino Portugal capitalizando a vocação natural de cada região e desenvolvendo fatores de qualificação. Face aos recursos e fatores distintivos que cada região apresenta, o desempenho de curto/médio prazo irá estar alavancado num conjunto de produtos específicos. Note-se ainda que os produtos que menos contribuem para o idtour – unique solutions Junho, 2014 66 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul volume global de receita têm um efeito positivo ao nível da sazonalidade, diferenciação e qualificação do destino. Os produtos definidos no PENT 2010-2015 continuam válidos, reforçando a importância da estabilidade da oferta na perceção externa do destino, tendo-se no entanto, introduzido uma maior segmentação no Turismo de Natureza, Náutico e de Saúde, assim como nos circuitos turísticos religiosos e culturais onde o Turismo Religioso assume um papel estratégico, e uma aposta na valorização dos recursos naturais, paisagísticos e culturais, no sentido do enriquecimento do produto e da promoção das respetivas atividades. Deste modo consolida-se a aposta nos seguintes 10 produtos estratégicos: • Valorizar o sol e mar, melhorando as condições dos recursos, equipamentos, serviços e envolvente paisagística dos principais clusters, e assegurar a integração com outras ofertas complementares que enriqueçam a proposta de valor; • Reforçar os circuitos turísticos religiosos e culturais, segmentando-os para as vertentes generalista e temática, assim como individualizar os primeiros (Turismo Religioso); • Dinamizar as estadias de curta duração em cidade, integrando recursos culturais, propostas de itinerários e oferta de experiências, incluindo eventos, que promovam a atratividade das cidades e zonas envolventes; • Desenvolver o turismo de negócios qualificando infraestruturas e estruturas de suporte, no reforço da captação proactiva de eventos e no desenvolvimento criativo de ofertas que contribuam para proporcionar experiências memoráveis aos participantes; • Incentivar a promoção do Algarve como destino de golfe de classe mundial e dar maior visibilidade à área de influência de Lisboa; • Estruturar a oferta de turismo de natureza, nomeadamente através da contemplação e fruição do meio rural (turismo rural) e também de segmentos mais ativos, como passeios (a pé, de bicicleta ou a cavalo), de observação de aves ou do turismo equestre, melhorando as condições de visitação e a formação dos recursos humanos; • Desenvolver o turismo náutico nos segmentos da náutica de recreio e do surfing, qualificando as infraestruturas para responder a uma procura crescente e dinamizando as atividades conexas; • Consolidar os investimentos e garantir elevados padrões de qualidade em novos projetos de turismo residencial, produto de relevância estratégica acrescida, clarificando incentivos e procedimentos para a instalação em Portugal de indivíduos de nacionalidade estrangeira; • Qualificar e classificar a oferta de turismo de saúde, com vista ao desenvolvimento e crescimento deste produto de relevância estratégica para Portugal, nas componentes médicas, termalismo, spa e talassoterapia, estimulando a estruturação e a promoção conjunta das valências médica e turística; • Promover a riqueza e qualidade da gastronomia e vinhos como complemento da experiência turística, estimulando a aplicação da marca/conceito “Prove Portugal” em produtos, equipamentos e serviços. A estratégia de desenvolvimento de produto tem por objeto os mercados externos, situação que beneficia igualmente o mercado interno, tendo como premissa a necessidade de concentração de esforços, evitando a dispersão em ações de reduzido impacto. 67 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul A estratégia associada ao PENT 2013-2015 aponta para a definição de 8 programas de desenvolvimento para o alinhamento da estratégia com o novo contexto, as novas tendências e a auscultação de partes interessadas. Esta visão renovada do turismo em Portugal para o período 2013-2015 é materializada em 40 projetos. Para cada projeto são identificados o fundamento de mercado e as atividades a desenvolver. Figura 1.14. Matriz de Produtos vs Destinos Fonte: Turismo de Portugal Portugal tem uma oferta qualificada e diversificada, que se enquadra nos padrões da procura internacional, com fatores que lhe conferem um elevado potencial de competitividade nos mercados de Turismo de Saúde e designadamente de Turismo Médico. O país dispõe de uma oferta hospitalar pública e privada e de serviços médicos de qualidade, que permitem torná-lo num destino de excelência para o tratamento de determinadas patologias. Por outro lado, dispõe de condições naturais singulares ao nível da variedade das águas termais, água do mar e serviços de bemestar que permitem enriquecer a oferta associada ao turismo de saúde. Figura 1.15. Prioridades de Implementação PENT 2013-2015 Fonte: Turismo de Portugal idtour – unique solutions Junho, 2014 68 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul O desenvolvimento de projetos e ações em parceria com o Ministério da Saúde, entende-se que o Turismo Médico pode assumir-se como um fator diferenciador da oferta do Destino Portugal, complementado com os serviços de termalismo e bemestar e enriquecido com os restantes serviços turísticos. As prioridades de cada região de turismo ao nível dos produtos a desenvolver sofreram alguns ajustamentos de modo a garantir a eficaz alocação de meios e esforços aos produtos mais importantes para cada região. Neste sentido, foram identificados um conjunto de produtos estratégicos e em desenvolvimento para cada uma das regiões, em função da importância atual e do potencial futuro proporcionado pelos recursos disponíveis. Ao nível da Região Centro para potenciar o produto turístico destaca-se a aposta nos seguintes produtos estratégicos: circuitos turísticos religiosos e culturais, turismo de saúde, turismo de natureza, sol e mar, gastronomia e vinhos e turismo náutico. Nos circuitos turísticos religiosos e culturais, verifica-se a necessidade de colocar os recursos georreferenciados em valor e desenvolver conteúdos e informação para o cliente, bem como incentivar e diversificar as experiências de Turismo Rural e colocar o produto no mercado. No Turismo de Saúde suportado na procura termal, verifica-se a necessidade de requalificar zonas envolventes, desenvolver serviços especializados, criar conteúdos para disponibilização em canais internos e externos e reposicionar o produto termal no mercado. • A nível do Bem-Estar (spa e talassoterapia), verifica-se a necessidade de desenvolver conteúdos para a sua disponibilização em canais específicos, bem como apostar na diversidade de experiências de spa e talassoterapia. • No domínio do Turismo Médico verifica-se a necessidade de fazer um diagnóstico global da articulação entre serviços médicos e de turismo, bem como proceder à análise da situação competitiva nacional e definição do modelo de negócio que melhor potencie os serviços de turismo. No Turismo de Natureza, na vertente passeios, verifica-se a necessidade de desenvolver infraestruturas e serviços especializados, diversificar experiências de turismo rural e criar conteúdos e a sua disponibilização em canais, colocar o produto dos passeios a pé, de bicicleta ou a cavalo no mercado. No âmbito do produto sol e mar, é necessário estruturar ofertas para complementar outras motivações de procura primária. Já ao nível da gastronomia e vinhos verificase a necessidade de densificar atividades, desenvolver conteúdos e experiências e integrar a oferta em plataformas de promoção e comercialização. No Turismo Náutico, verifica-se a necessidade de divulgar a oferta de surfing. A estratégia de mercados para o interior da região Centro passa pela manutenção da dinâmica de crescimento do mercado dos residentes em Portugal e a diversificação a novos mercados e segmentos, sobretudo luso-descendentes de 2.ª e 3.ª geração. A região Centro deve estruturar a oferta de circuitos turísticos religiosos e culturais, de turismo de saúde e de turismo de natureza para promoção internacional. 69 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul De acordo com o PENT, com vista à promoção dos produtos estratégicos prioritários para a Região Centro é necessário implementar uma série de medidas e instrumentos dos quais se destaca: • Elaboração e divulgação de manuais de estruturação e comercialização, bem como planos de marketing e promoção da oferta relacionada com os produtos estratégicos para a região; • Elaboração de rotas temáticas; • Planear e implementar um sistema de sinalização integral e consistente, em estradas e nas cidades, relativa à oferta da região e aos produtos estratégicos; • Criação de “Clubes de produto” (trabalho em rede), adaptados a cada produto estratégico, formado por empresas e organismos relacionados com os diversos componentes da cadeia de produção que queiram participar para trabalhar no desenvolvimento do sector; • Definição de objetivos e linhas de orientação para a promoção e distribuição. Para a Região Centro, os objetivos de crescimento, até 2015, ambicionam para a região entre 2,2 e 2,3 milhões de dormidas de estrangeiros, crescendo a uma taxa anual de 7,3%, e um aumento anual de 6,2% em número de turistas (hóspedes estrangeiros). Neste período as receitas (proveitos totais em estabelecimentos hoteleiros) deverão crescer a um ritmo anual de 10%. O objetivo de crescimento de dormidas de turistas nacionais é, por sua vez, de 2,3% ao ano. O processo de monitorização, avaliação e de escrutínio das estratégias definidas na primeira formulação do PENT, iniciado em 2010, apresenta uma oportunidade para introduzir um conjunto de evoluções na estratégia, possibilitando o seu alinhamento com o contexto e reforçar a execução de uma estratégia exigente, ambiciosa e inovadora para o sector do turismo, incorporando as novas evoluções sentidas e as tendências de mercado verificadas ou perspetivadas. Neste sentido, o processo de monitorização e avaliação deverá estar assente num conjunto de pressupostos iniciais que definiram a base do PENT, no entanto, advém a necessidade de incorporar a evolução do sector e as tendências de mercado necessárias para alinhamento com o contexto, assegurando a concretização dos objetivos definidos, sendo fundamental que o sector se mobilize como um todo em torno de um conjunto de eixos de atuação críticos para a estratégia, ou seja: • Sustentabilidade como modelo de desenvolvimento • Definição de prioridades de mercado a nível nacional e regional • Reforço da capacidade de comercialização e venda do sector • Enriquecimento e modernização da oferta através de experiências e conteúdos • Qualificação dos recursos humanos • Urgência de atuação na qualidade urbana e paisagística Adicionalmente deverá ser continuada a estratégia de priorização de mercados em função do seu potencial para o Turismo nacional, aprofundando-se em particular o conhecimento dos diversos segmentos que compõem os mercados estratégicos, de modo a suportar o desenvolvimento de ofertas específicas para os segmentos mais relevantes, suportadas por ações de promoção focadas e direcionadas a esses segmentos. A estratégia desenvolvida pela CIM Dão Lafões para a região tem por base o seguinte conceito territorial: Dão-Lafões − território estruturado pelo sistema urbano idtour – unique solutions Junho, 2014 70 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul de Viseu, competitivo e coeso, cujo desenvolvimento assenta na valorização dos recursos específicos da Região e na capacidade de incorporar inovação. Neste sentido, os objetivos gerais da estratégia a desenvolver deverão passar por: • Fomentar e atrair atividades económicas geradoras de riqueza e criadoras de emprego qualificado e dotar a Região das necessárias condições para ser capaz de incorporar fatores de inovação no tecido económico, social e institucional; • Consolidar o sistema urbano de Viseu, suportado pela afirmação e articulação entre os principais centros urbanos da Região; • Completar as redes de infraestruturas e de equipamentos de apoio à população residente, nomeadamente nas áreas rurais, e reforçar as ligações físicas e funcionais com a envolvente, às várias escalas; • Valorizar os recursos endógenos da Região, não só em termos económicos, mas igualmente como fatores de identidade regional, apropriados e usufruídos pela população; • Proteger as áreas mais sensíveis do ponto de vista ambiental e promover a sua valorização; • Promover a identidade regional, ao nível interno e externo, numa perspetiva de valorização cultural, social e económica da Região, dos seus recursos, dos seus agentes, num quadro de ágil relacionamento entre agentes e população. O sector do turismo deverá assumir uma posição de destaque na estratégia de desenvolvimento da Região, tendo como suporte a valorização dos recursos territoriais específicos com maior potencial de atração turística. Os elementos culturais e paisagísticos, os produtos artesanais e a gastronomia, os recursos termais, entre outros recursos da Região, poderão constituir-se numa oferta turística estruturada e integrada. A riqueza da região em termos de recursos hidrominerais, bem como as estruturas de apoio à sua utilização já existentes, configuram um posicionamento privilegiado deste subsector turístico no contexto nacional (e até ibérico), que importa valorizar. Para além dos investimentos a realizar em cada uma das estâncias termais, tendo em vista a sua modernização e o aumento da frequentação, é de considerar o desenvolvimento de ações comuns de valorização e promoção destas estruturas, numa lógica regional. Estas estâncias termais, mas também outras estruturas especificamente orientadas para a terceira idade (p. ex. no concelho de Tondela), configuram um contexto particularmente favorável ao desenvolvimento do turismo geriátrico e de saúde. O turismo que se desenvolve na Região Dão-Lafões assenta, em grande medida, na procura dos recursos naturais presentes, designadamente, a riqueza paisagística e os recursos termais, mas também de valores culturais/patrimoniais, como sejam as aldeias tradicionais e os núcleos urbanos mais antigos e, nessa medida, com potencial de atração turística (onde se destaca, claramente, Viseu). Apesar de existirem na região várias empresas de animação turística, as atividades de animação encontram-se ainda pouco desenvolvidas. Uma maior articulação entre alojamento e animação poderia promover um aumento da procura e da estada média dos turistas. A atividade turística da região é, em larga medida, resultante das termas existentes claramente destacadas no contexto nacional da atividade termal. 71 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul A atuação da ADDLAP estrutura-se com base na sua visão estratégica: “Território da ADDLAP, um interface vivo, inovador e criativo onde rural e urbano se complementam”. De acordo com o documento Território de Dão, Lafões e Alto Paiva Perspetivas de Desenvolvimento, esta Visão consagra as complementaridades locais como “vantagem competitiva para o futuro desenvolvimento intermunicipal”. Pretendese portanto enfatizar as mais-valias associadas aos contextos socioeconómicos dos cinco concelhos, tirando partido destas para gerar e potenciar fatores diferenciadores e dinamizar a base económica, aproximando-os dentro de lógicas de verdadeira parceria. A Visão estratégica do território da ADDLAP desdobra-se e suporta-se em três linhas de orientação estratégica: • Reinventar a economia da “terra”: a agricultura, agropecuária, fruticultura, vitivinicultura, floresta: mais inovação = mais valor acrescentado = mais riqueza, considerando o potencial do sector primário e dos seus fatores diferenciadores como âncoras da sua reinvenção económica; • Garantir uma “ruralidade” moderna, atrativa e competitiva: um “campo” de oportunidades para quem vive e quem visita, promovendo um espaço de qualidade, capaz de atrair e de reter o seu capital humano; • Promover a educação e a cultura como base de um novo ciclo: um território criativo, garantindo a regeneração sociocultural e territorial. Figura 1.16. Domínios de Aposta para uma “Ruralidade” Moderna, Atrativa e Competitiva – ADDLAP Fonte: www.addlap.pt A operacionalização desta estratégia passa por 3 grandes vetores: pessoas, sectores estratégicos e infraestruturas, podendo obter resultados em cada um dos vetores ou de modo integrado nos três, sendo essencial neste processo, a gestão de meios, a gestão de resultados e o acompanhamento/monitorização de todo o processo. Numa perspetiva de continuidade da estratégia a implementar no território, de acordo com a sua população, consideram o uso sustentável dos recursos naturais, a valorização patrimonial, o incremento do empreendedorismo, o fomento da criatividade, a maior capacitação dos recursos humanos, ou a necessidade de certificação de produtos, fundamentais para o desenvolvimento económico e social. idtour – unique solutions Junho, 2014 72 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Em complemento a ADDLAP, que intervenciona o território norte do município de São Pedro do Sul, segundo os seus estatutos, tem por fim “defender o património endógeno – raças autóctones; desenvolver e incentivar o turismo rural; desenvolver e apoiar iniciativas culturais; incentivar e apoiar o artesanato e a etnografia; ajudar o escoamento de produtos endógenos; contribuir para a animação do espaço rural; promover a formação profissional; desenvolver e apoiar o desenvolvimento de contactos, com organismos e entidades para tal vocacionadas”. O projeto definido pela ADRIMAG compatibiliza as perspetivas dos diferentes agentes locais e assenta em três objetivos estratégicos considerados primordiais para o desenvolvimento sustentado de toda a região: • Melhorar as condições de vida da população, através de investimento em equipamentos básicos e sociais de apoio; promoção de ações de formação, informação e animação. • Reforçar o sistema produtivo, valorizar e diversificar a atividade económica local, através do reforço do turismo rural, apoio a atividades tradicionais e valorização dos recursos endógenos, nomeadamente os produtos regionais certificados. • Conservar o meio ambiente, através da realização de ações de educação ambiental, promoção de atividades de lazer e turísticas e proteção de recursos e paisagem. A Entidade Regional de Turismo Centro de Portugal (TCP) desenvolve as suas funções no âmbito territorial correspondente à NUT II - Centro. A TCP tem por missão a valorização e o desenvolvimento das potencialidades turísticas da respetiva área regional de turismo, a promoção interna e no mercado interno alargado dos destinos turísticos regionais, bem como a gestão integrada dos destinos no quadro do desenvolvimento turístico regional, de acordo com as orientações e diretrizes da política de turismo definida pelo Governo e os planos plurianuais da administração central e dos municípios que a integram. A entidade regional apresenta como atribuições as seguintes: • Colaborar com os órgãos da administração central e local com vista à prossecução dos objetivos da política nacional que for definida para o turismo, designadamente no contexto do desenvolvimento de marcas e produtos turísticos de âmbito regional e sub-regional e da sua promoção no mercado interno alargado, compreendido pelo território nacional e transfronteiriço com Espanha; • Definir o plano regional de turismo, em sintonia com a estratégia nacional de desenvolvimento turístico, e promover a sua implementação; • Assegurar o levantamento da oferta turística regional e sub-regional e a sua permanente atualização, no quadro do registo nacional de turismo, e realizar estudos de avaliação do potencial turístico da respetiva área territorial; • Organizar e difundir informação turística, mantendo e/ou gerindo uma rede postos de turismo e de portais de informação turística; • Dinamizar e potenciar os valores e recursos turísticos regionais e subregionais; • Monitorizar a atividade turística regional e sub-regional, contribuindo para um melhor conhecimento integrado do setor; • Assegurar a realização da promoção da região, enquanto destino turístico e dos seus produtos estratégicos, no mercado interno alargado compreendido pelo território nacional e transfronteiriço com Espanha. 73 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Em termos nacionais é na região centro de Portugal que se encontra a maioria das unidades termais existentes no país, região que apresenta um elevado potencial para o desenvolvimento do segmento de mercado das termas (quer associado à componente terapêutica/saúde quer à componente de bem-estar), em função dos benefícios que as características climáticas e minerais dos recursos hidrológicos associados às águas termais. A concretização das suas atribuições ao nível da estratégia adotada compreende o desenvolvimento de 4 eixos estratégicos: • EE1 - Desenvolvimento sustentável do território turístico, • EE2 - Diferenciação e Inovação de Produtos e Serviços, • EE3 - Dinamização de Agentes e Mercados, • EE4 - Agilização, Racionalização e Capacitação Financeira. O desenvolvimento do Eixo Estratégico 1 prevê consolidar as intervenções que têm génese nas dinâmicas do território de modo a criar uma maior sustentabilidade e equidade territorial, apostando no controlo da sazonalidade, na gestão dos territórios de elevada densidade turística e apoio ao desenvolvimento dos territórios com menor densidade. Bem como, reforçar e afirmar a atividade do turismo no contexto da base económica regional e posteriormente no contexto nacional. O Eixo Estratégico 2 visa o desenvolvimento do leque de produtos turísticos integrados na oferta turística de base económica interligada aos recursos naturais, ao património dos produtos de génese local e/ou à cultura e o património associado. Pretende-se apostar nos elementos diferenciadores capazes de atrair visitantes (nacionais e internacionais) e inovar na forma como são estruturados os produtos turísticos existentes. Ao nível do Eixo Estratégico 3 pretende-se modernizar a dimensão da promoção e notabilidade do território e da oferta, apostando na utilização de novas tecnologias de informação e comunicação, no marketing digital, numa maior assertividade das ações, no marketing relacional (que envolva as pessoas e valorize as suas experiências). O Eixo Estratégico 4 está orientado para a capacitação interna da Turismo do Centro de Portugal, de modo a adaptar a gestão interna da entidade aos desafios de mercado e a apostar numa organização cada vez mais eficiente e eficaz. Pretende-se melhorar, agilizar e inovar os processos administrativos de modo a melhorar de forma expressiva as metodologias de intervenção e captação de incentivos e apoios financeiros. Os Eixos Estratégicos são posteriormente concretizados em 9 programas e em vários projetos âncora, essa concretização tem, porém, como denominador a grelha de produtos estratégicos definida para a região, quer na introdução de abordagens inovadoras aos produtos mais tradicionais como seja o Sol e Mar e o Saúde e BemEstar (produtos mais consolidados na região), na introdução e desenvolvimento do Turismo Religioso, e na aposta continuada no Turismo de Natureza, no Touring Cultural e Paisagístico, Gastronomia e Vinhos, Turismo Rural e no Turismo Náutico. Com já anteriormente referido o PENT tem como motivação central desenvolver o turismo português e posicionar Portugal como um dos mais competitivos e atrativos destinos do mapa turístico europeu, afirmando o sector como um dos mais dinâmicos e propulsores da economia nacional. Importa assim, e face ao imperativo de dinamização dos destinos turísticos definidos, avaliar a perceção dos consumidores relativamente a cada um deles e aferir a sua atratividade. idtour – unique solutions Junho, 2014 74 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul Neste sentido, em 2009, foi dinamizado pelo Turismo de Portugal, IP o Estudo de Avaliação da Atratividade dos Destinos de Portugal Continental para o Mercado Interno que visa posicionar mais corretamente o perfil e a comunicação da oferta turística, assegurando uma maior consistência entre, por um lado, o que os destinos turísticos têm para oferecer e a forma como desejam ser percecionados e, por outro, a perceção e imagem que os consumidores têm sobre cada um deles. Para a Região Centro de Portugal concluiu-se que a marca Centro não surge de forma definida, sendo aparente uma falta de conhecimento em relação ao que a marca representa. Alguns participantes têm mesmo dificuldade em expressar qualquer representação mental, qualquer associação à marca. De facto, uma grande parte dos participantes do estudo utilizou outras localidades para definir a marca Centro. A necessidade de utilizar diferentes localidades para definir o que é o Centro é um indicador da falta de conhecimento acerca do que representa a marca. De facto, a maior parte dos participantes não conseguiu identificar um elemento unificador para a marca. A falta de conhecimento em relação ao que é a marca Centro faz com que o seu índice de atratividade seja baixo. A avaliação das diferentes variáveis foi distinta quando comparando com a média nacional. Algumas variáveis tais como o Património Histórico, Paisagem Natural, Gastronomia, População Local e Paisagem Urbana, foram avaliadas acima da média nacional. Contudo, outras variáveis tais como Clima, Oferta Hoteleiro e Oferta Cultural e Social foram avaliadas abaixo da média. O Centro é em parte definido pelas praias da região Centro, Leiria-Fátima ou Oeste, pela paisagem montanhosa que inclui a Serra da Estrela. A maior parte dos consumidores não associa o Centro a férias de Verão. Apesar do recurso ‘praia’ ser um elemento definidor da marca Centro, aparentemente, são os residentes na região que valorizam mais este aspeto. A Região Centro acaba por ser muito definida pelas suas localidades, a Paisagem Urbana, em que a sua competitividade passa pela avaliação das cidades que compõem o Centro. A avaliação da Paisagem Urbana não é negativa e está avaliada acima da média nacional, pelo que se poderá supor que a imagem da marca Centro pode ser alavancada via a utilização de cidades tais como Coimbra, Viseu ou Aveiro. A marca Centro é considerada por muitos participantes como tendo um Património Histórico rico. Para alguns, os monumentos históricos do Centro são uma referência e poderão motivar e justificar uma visita. Em contrapartida conclui-se que a marca Centro não tem as infraestruturas necessárias e vocacionadas para turismo, perceção que implica uma diminuição do interesse em visitar a região. O Centro poderá melhorar a sua atratividade se comunicar de uma forma eficaz a sua oferta gastronómica. Os restaurantes, localizados no Centro, poderão contribuir para a imagem da marca Centro e tornar a Gastronomia num ponto relevante e identificador da marca. Em suma a marca Centro é uma região geográfica, administrativa, uma criação moderna que tem um território de significado e de valor reduzido junto dos consumidores. Assim, os responsáveis da marca terão de promover o Centro para o prover de alguma identidade. Terão de pensar como melhor utilizar as cidades inseridas na sua região para alavancar a marca. Poderão, também, investir em marcas já existentes e que expressam a proposta de valor da marca Centro como, 75 Junho, 2014 idtour – unique solutions Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul por exemplo, as “Beiras”. A marca “Beiras” já tem uma associação a alguns atributos, já tem um território de significância. Também ao nível do território geográfico que ocupa, será necessário descodificar a cobertura geográfica que a marca Centro ocupa. Há problemas de reconhecimento em relação ao que é o Centro. Muitos dos participantes têm apenas uma ideia difusa acerca do que é o Centro, sendo que muitos participantes confundem mesmo o Centro com a região de Lisboa. Para a avaliação da competitividade dos destinos em Portugal, devemos ter, ainda, em atenção os níveis de satisfação dos visitantes, nesse sentido o Turismo de Portugal, IP promove regularmente estudos de avaliação da satisfação dos turistas que visitaram Portugal. De uma forma específica procurou-se conhecer vários aspetos, tais como: caracterização do perfil demográfico, identificação do processo de decisão de compra, identificação das motivações de visita, e avaliação do grau de satisfação. O último estudo realizado em Setembro de 2013 compreendeu um universo do inquérito constituído pelos turistas residentes nos mercados de Espanha, Reino Unido, Alemanha, França, Holanda, Países Escandinavos e Brasil, com saída de Portugal pelos aeroportos das cidades do Porto, Lisboa, Faro e Funchal. Portugal é descrito pelos turistas antes e após a sua viagem, como um país com “bom clima”, “acolhedor/hospitaleiro”, “boa comida” e “boas praias”, destacando-se as seguintes principais conclusões: • Cerca de 92% dos turistas estão satisfeitos de uma forma global com as suas férias em Portugal, sendo que 42% referem que as férias ficaram acima das expectativas e 91% revela que de certeza voltará e/ou provavelmente voltará a Portugal nos próximos 3 anos; • Os turistas provenientes do Brasil são os que registam níveis de satisfação mais elevados. São, no entanto, os turistas do Reino Unido a revelar uma maior probabilidade de regressar a Portugal; • Registou-se uma subida significativa na avaliação da visita face às expectativas, destacando-se esta subida junto dos turistas provenientes do Reino Unido e na probabilidade de voltar a Portugal nos próximos 3 anos, sobretudo junto dos turistas provenientes da Holanda, Alemanha e França; • Globalmente, os turistas ficaram muito satisfeitos com a experiência que tiveram com os vários pontos de contacto com o país durante as férias (% de muito satisfeitos sempre acima de 50%), sendo que, na sua maioria, a experiência com estes contactos correspondeu ou superou as suas expectativas; • A Oferta Natural e Cultural volta a destacar-se como “ponto forte” de Portugal. De facto, as paisagens, as praias, e a gastronomia e vinhos são os pontos de contacto que registam os níveis de satisfação mais elevados. A Qualidade dos serviços é outra área a destacar; • Na fase inicial de planeamento das férias, a recomendação de conhecidos/amigos/familiares e a Internet são os maiores impulsionadores da escolha de Portugal como destino de lazer. No que diz respeito à Internet, assinala-se uma descida significativa (-17 p.p.) face ao ano anterior; • À semelhança de 2012, a escolha final por Portugal foi condicionada na maioria dos casos pelo clima e paisagem (42%) e pela sugestão de familiares ou amigos (33%). idtour – unique solutions Junho, 2014 76 Plano Estratégico para a Valorização Cultural do Termalismo – Termas de São Pedro do Sul 1.11. BIBLIOGRAFIA Alpoim, M. F. M. (2010) Análise à procura termal. Dissertação de Mestrado. Universidade de Aveiro. (DEGEI-UA). Portugal AMRD-L (2008) Estudo de Enquadramento Estratégico – Relatório Final. Associação de Municípios da Região Dão-Lafões. ParquEXPO. CAVACO, C. 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