Livro aborda o uso culinário do frango na história
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Livro aborda o uso culinário do frango na história
Bauru, domingo, 20 de maio de 2012 - Página 8 Gastronomia Eliane Barbosa Livro aborda o uso culinário do frango na história Parte-I O Frango D os banquetes religiosos da Antiguidade às preparações mais contemporâneas, “O Frango – Histórias e Gastronomia” relata passagens e receitas que utilizam o frango como base. Pratos tradicionais brasileiros feitos à base de frango convivem com outras dezenas de receitas do mundo inteiro nas páginas do livro “O Frango – História e Gastronomia”, de autoria do professor Ricardo Maranhão, coordenador do Centro de Pesquisas em Gastronomia Brasileira da Universidade Anhembi Morumbi. Editada pela Usina da Edição, a obra foi lançada em dezembro, no Restaurante L’Ecole, do Campus Vila Olímpia da Anhembi Morumbi, em São Paulo. “A intenção do livro é resgatar a trajetória histórica e gastronômica do frango. É um livro para todos nós, pois recupera a evolução deste alimento desde a pré-história, mostrando a força que representa atualmente em países como Estados Unidos, China e Brasil, onde o nível de produção e consumo é muito alto”, afirma o professor Ricardo Maranhão. Com prefácio do crítico gastronômico Josimar Melo e fotos e ilustrações de Luna Garcia, o livro explora a presença da ave em diferentes regiões do mundo e momentos da história, como os hábitos dos religiosos nos banquetes da Antiguidade, dos árabes da expansão islâmica, dos nobres das cortes europeias, tudo isso intercalado pelas melhores receitas para uso doméstico e em restaurantes. A fase atual é retratada com a revolução no modo de produção a partir da metade do século XX e as consequências da presença do frango no mundo todo, em produções industriais de larga escala em países como o Brasil, onde quatro milhões e quinhentas mil pessoas estão envolvidas em atividades ligadas ao ramo da avicultura e do comércio. Serviço: “O Frango – História e Gastronomia”. Usina da Edição Preço médio: R$ 145,00. Apoio: Sadia e Galeto’s Compras: (11) 3564-1004 [email protected]. www.usinadaedicao.com.br A origem FRANGO À VIENENSE Ingredientes: 2 frangos novos 2 ovos 2 limões Sal e pimenta-do-reino quanto baste Farinha de trigo e pão ralado quanto baste para empanar Banha de porco para fritar Preparo: Corte em 4 os frangos, esfregue-os com sal e pimenta, envolva-os em ovo batido, farinha de trigo e pão ralado. Deixe fritar os pedaços na gordura bem quente até estarem bem passados e tostados (12 a 15 minutos). Guarneça com limão cortado em gomos e sirva com salada de folhas. FRANGO RECHEADO Ingredientes: 1 frango limpo Recheio: Cebola picada, amêndoas tostadas e fritas, ovos cozidos, alho moído com salsinha, miúdos (fígado, moela) picados. Tempero do recheio: Ovos batidos, nozmoscada, cominho e casca de limão ralada. Para o cozimento do frango já recheado e costurado: vinho diluído em água, temperado com alho, louro, pimenta e canela. Tempere, recheie e asse. Depois de muito debate os paleontologistas confirmaram que o nosso frango é realmente uma ave e não um descendente dos dinossauros. Mas até chegar a ser o franguinho ou a galinha doméstica atual, milhares de anos se passaram. Segundo Darwin, a galinha que cisca em nossos quintais derivou-se da galinha vermelha das florestas da Índia e da Indochina. A domesticação começou por volta do oitavo milênio a.C, com os não-nômades que passaram a ficar presos à terra, cultivando, cuidando dos mais velhos e criando filhos e animais. “Tudo indica que, nesses primeiros tempos, frangos e galinhas começaram como uma espécie de lixeiros ou coletores de restos, insetos e vermes deixados pelos humanos em clareiras nos arredores das primeiras aldeias”, detalha Ricardo. Depois seus habitantes perceberam a existência de rebanhos e famílias galináceas e a possibilidade de usar os seus ovos como alimento. “Isso teria ocorrido entre a Tailândia e o Vietnã, por volta de 6000.a.C”. Na China há evidências de domesticação de aves desde 1.400 a.C com o frango passando a fazer parte de uma refeição valorizada. Maranhão aborda as brigas de galo em alguns povos e informa que, por volta do século IV a.C, o frango chegou ao mundo antigo clássico, entrando na Grécia e depois na Itália. O frango passou a fazer parte das refeições romanas em dias de festa ou quando a família recebia visitas. Isso porque no dia a dia, a ave perambulava nos quintais e até dentro de casa com a importante missão de produzir ovos. Os romanos se enriqueceram e aí o frango passou a frequentar suas mesas habitualmente. “Devidamente banhado e perfumado “ – as salas de banho faziam parte das casas ricas – “o romano dirigia à cena, o jantar, momento da maior importância: as duas refeições anteriores, o iantaculum matinal e o pranzo do final da manhã eram feitos durante o período de atividades, o negotium, enquanto a cena, deixada cada vez mais para o final da tarde, era o momento do otium”. Devido ao intenso comércio do império com todas as suas colônias e muitos outros países, a riqueza de ingredientes das mesas desses banquetes era extensa e de grande diversidade. (....) No meio de toda essa abundância, o frango mantinha sua presença, como a mais consumida das aves.” Acompanhada de múltiplos temperos a carne, a partir dos romanos se sofisticou. FRANGO À RUSSA COM MOLHO SATSIVI Ingredientes: 6 peitos de frango 400 g de cebolas 4 ovos cozidos 1 xícara de nozes 1 xícara de caldo de frango ½ xícara de vinagre 10 colheres (sopa) de manteiga 2 colheres (sopa) de farinha de trigo 1 colher (sobremesa) de salsa picada ½ colher (café) de canela ½ colher (café) de açafrão 1 pitada de pimenta Pimenta-do-reino e sal Preparo: Refogue as cebolas, picadas finas, e a salsa numa panela de tamanho médio com 7 colheres (sopa) de manteiga até que estejam tenras e douradas. Acrescente a farinha, mexa durante 4 minutos, juntando o caldo, pouco a pouco, enquanto o molho adquire consistência. Dê uma fervura antes de juntar o vinagre, a canela, o açafrão, as nozes, a pitada de pimenta e um pouco de sal. Acrescente os ovos picados. Misture e cozinhe em banho-maria durante 15 minutos. Limpe os peitos do frango, tempere com sal e pimenta e doure em fogo médio numa frigideira com as 3 colheres (sopa) de manteiga restantes. Abaixe o fogo, tampe e deixe cozinhar durante 6 minutos de cada lado. Coloque os peitos numa travessa, regue com o molho e sirva imediatamente. Bauru, domingo, 27 de maio de 2012 - Página 8 Gastronomia Eliane Barbosa Cristianismo e os prazeres do corpo Parte - II Com o declínio do império romano e a ascensão do Cristianismo, através do apóstolo Paulo de Tarso, a nova crença exigia também uma atitude mais ascética e frugal diante dos prazeres do corpo. Comer passou a ser a realização apenas de uma necessidade fisiológica modesta, sem os exageros que passaram a corporificar o grave pecado da Gula. “A carne passou a ser vista com desconfiança (....). Havia, é claro, algumas exceções nesses dias de abstinência, para doentes, crianças, gestantes, paridas, etc. E nessas exceções o nosso frango teve um papel decisivo”, explica Ricardo. Frango e as religiões Os árabes islâmicos O frango chegou ao mundo islâmico em consequência das vitórias. “Entre 632 a 750, quase todo o Mediterrâneo foi conquistado por exércitos muçulmanos chefiados pelos árabes. Em cada região ocupada, boa parte da população se convertia ao islamismo, mas os novos ocupantes respeitavam as culturas locais dos vencidos. Mais ainda, esses islâmicos incorporavam aos seus hábitos o que havia de melhor nas culinárias e culturas de cada povo dominado”, esclarece o autor. Os muçulmanos desenvolveram uma culinária ampla e requintada, marcada pela força dos odores e temperos. Esse povo dava preferência aos frangos em sua mesa. Com a chegada dos árabes à Península Ibérica, o uso culinário da ave se expandiu, com a Espanha e Portugal se rendendo à carne branca, macia, saudável e saborosa que acabou depois, com os colonizadores portugueses, comandados por D. João I, chegando ao Brasil. Mas isso é assunto para a próxima semana. Compre o livro. Vale a pena. Budismo, islamismo e catolicismo se rendem às propriedades nutritivas da ave Serviço “O FRANGO – História e Gastronomia” Usina da Edição Preço médio: R$ 145,00 Apoio: Sadia e Galeto’s Compras: (11) 3564-1004 [email protected] www.usinadaedicao.com.br O professor Ricardo Maranhão é coordenador do Centro de Pesquisas em Gastronomia Brasileira da Universidade Anhembi Morumbi, uma das mais conceituadas do País. R icardo Maranhão, autor do excelente livro “O Frango – História e Gastronomia”, lançamento da Usina da Edição, com apoio da Sadia e do Galeto´s, é digno de todos os elogios. A obra é perfeita, apresentando ao leitor a história completa dessa ave de múltiplos usos culinários, sua influência em diversas religiões, a chegada à Ásia, África e Europa e a participação dos portugueses, que a introduziram em nossa mesa diária. Se os romanos se fartavam de frango acompanhado das mais diversas especiarias, na Índia o consumo era marcado por um sentido cultural completamente diferente, onde não cabiam exageros e a boa relação com as divindades. Para Buda (Sidartha Gautama (563 a 483 a.C) o homem só chegará ao nirvana depois de várias reencarnações e de superar o karma. O budismo levou seus seguidores a uma atitude de frugalidade na alimentação dentro da preocupação de evitar ambições e desejos exacerbados. “Essa frugalidade em busca de um equilíbrio, misturou- -se, porém, na Índia a uma outra realidade gastronômica: a extrema diversidade dos alimentos, em função das diferenças climáticas: das montanhas geladas do Norte aos campos tropicais do Sul, os indianos podem se beneficiar de grande diversidade de ingredientes e temperos; e os membros das outras religiões, na sua variedade, não deixam também de preferir sabores bastante condimentados, perfumados e instigantes”, detalha Maranhão. Assim nasceu uma culinária muito rica, em que a variedade de especiarias predomina. Malaguetas de tamanhos, cores e sabores diferentes, gengibre, cardamomo, cominho, sementes de coentro, cravo e canela, feno-grego, noz-moscada, menta, hortelã, sementes de mostarda e tamarindo. O frango nesse universo tinha uma presença frequente nos pratos, “seja como elemento de cuidado com pessoas doentes, seja com os temperos do cotidiano, mais fortes, porém equilibrados”. Frango thai Ingredientes 2 colheres (chá) de azeite 4 filés de frango em tiras 1 cebola picada Casca de laranja ralada quanto baste ½ cenoura em cubos pequenos ½ talo de salsão ½ xícara de água ½ colher (sopa) de farinha de trigo ½ xícara de leite de coco 1 pimenta dedo-de-moça picada 30 g de raiz de coentro 4 dentes de alho picados Preparo: Aqueça o azeite e frite as tiras de frango até que fiquem douradas. Acrescente a cebola, a casca de laranja, a cenoura e o salsão. Vá refogando e regando com a água até amolecer. Dissolva a farinha de trigo no leite de coco e junte ao refogado. Adicione a raiz de coentro, o alho, a pimenta dedo-de-moça e tempere com o sal. Frango turco com pimentão ao estilo de Izmir Ingredientes: 500 g de peito de frango 3 pimentões verdes grandes 3 berinjelas 3 ovos 200 ml de iogurte 120 g de amêndoas sem pele 4 dentes de alho 200 ml de leite Suco de 1 limão grande 3 colheres (sopa) de queijo de ovelha ralado 1 colher (chá) de pimentão em pó 1 colher (chá) de canela em pó 12 colheres (sopa) de azeite extra-virgem Sal quanto baste Frango andaluz Ingredientes: 1 frango 1 limão 3 colheres (sopa) de azeite 250 g de amendoins 250 g de arroz 1 colher de manteiga Açafrão, pimenta vermelha e sal quanto baste Preparo: Usa-se o frango inteiro, passado no suco de limão. Salteá-lo levemente com o azeite e a manteiga e condimentar. Deixar cozinhar lentamente. Minutos antes de acabar a cocção, acrescentar o açafrão e os amendoins tostados. Enquanto isso, cozinhar o arroz separadamente ao vapor, molhado em água salgada, pondo um pouco de azeite. Servir o frango decorado com o arroz e os amendoins. Preparo: Fure as berinjelas com um garfo e asse-as por 15 min em forno médio, virando-as de vez em quando. Descasque, corte a polpa em tiras, misture com 6 colheres (sopa) de azeite e metade do suco de limão. Triture com um garfo. Adicione 1 dente de alho, esmagado num pilão, o iogurte (sem soro) e os ovos. Misture e reserve. Salteie o frango, em pedaços médios, com 3 dentes de alho picados em 6 colheres (sopa) de azeite. Junte as amêndoas, deixe no fogo 3 a 4 minutos e acrescente o restante do suco de limão. Dê uma fervura. Junte o leite e mexa para que comece a dar liga. Tempere, ferva, acrescente a canela e ferva mais 5 min. Corte os pimentões em dois, de comprido. Tire as sementes e nervuras. Escalde-os por 4 min em panela com 2 dedos de água com sal, escorra e coloque numa travessa. Recheie os pimentões e asse-os durante 30 min em forno pré-aquecido a 200º C. Misture o queijo com o pimentão, polvilhe o preparo e leve ao forno para gratinar.