Informativo, nº 2, 2013 - Associação Brasileira da Medicina do

Transcrição

Informativo, nº 2, 2013 - Associação Brasileira da Medicina do
NOTA ESPECIAL
ABMT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA DO TRABALHO
FUNDADA EM14/12/1944 . DECLARADA DE UTILIDADE PÚBLICA .
DECRETO 40162, DE 10/10/1955 DO GOVERNO FEDERAL.
LEI MUNICIPAL 892, DE 12/08/1958 DO RIO DE JANEIRO
ANO XL N° 2 MAI/JUN/JUL - 2013
sa
“A redução, neutralização e controle dos riscos inerentes ao trabalho são condições
No s r i n a
t
u
fundamentais
para garantir a qualidade do trabalho e do ambiente, a preservação da
Do
vida dos trabalhadores e essencial para o desenvolvimento sustentado da nação”.
NOVA DIRETORIA 2013-2016
No dia 26 de abril foi eleita por aclamação, conforme estabelece o Estatuto, a nova
diretoria da ABMT para o triênio 2013/2016,
em assembléia realizada no Auditório Julio
Sanderson, do CREMERJ, com a presença
de 182 associados, atendendo ao edital de
convocação do Conselho Superior e da Diretoria Executiva, em acordo com o Estatuto e Regulamento Básico da ABMT.
DR. DAPHNIS É ACLAMADO PRESIDENTE DE HONRA DA ABMT
Na mesma assembleia, o Ex-Presidente da ABMT Dr. Paulo Rebelo, ainda na função de presidente, apresentou a
proposta da Diretoria Executiva de conceder ao Associado Benemérito Dr. Daphnis Ferreira Souto o título de Presidente
de Honra da ABMT, pelos seus relevantes serviços prestados à Medicina do Trabalho e a Associação.
Páginas 6 e 7.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
MANUSEIO DE DOCUBurnout - O Mal do Trabalho
MENTOS CONTAMINA- Doença é confundida com estresse e depressão. Tratamento exige mudanças
DOS POR DESASTRES de hábitos.
Página 5.
NATURAIS
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Os fenômenos naturais como chuvas torrenciais, inundações, avalanches
terremotos, maremotos, e acidentes decorrentes destes eventos como desabamentos e soterramentos, que acontecem de maneira surpreendente e
muitas vezes súbita, não escolhem lugar, bens ou pessoas para atingir e são
cada vez mais frequêntes.
Página 3.
DOENÇAS DO TRABALHO POR CAUSA DE RISCOS BIOLÓGICOS
Os riscos biológicos que podem ser
capitulados como doenças do
trabalho,portanto classificados como acidentes do trabalho, desde que estabelecido o respectivo nexo causal, incluem
infecções agudas e crônicas, parasitoses
e reações alérgicas ou intoxicações
provocadas por plantas e animais. As
infecções são causadas por bactérias, vírus, riquetzias,clamídias e fungos.
Página 9.
Conversando com você
Há um caminho...
Expediente
Boletim de Divulgação da Associação Brasileira
de Medicina do Trabalho - ABMT
Av. Almirante Barroso, 63/301 - Centro - RJ
CEP: 20031-003 Fax: 0XX(21)
2240-8519 Tel: 0XX(21) 2240-8469
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site: www.abmt.org.br
Coordenação Editorial
Daphnis Ferreira Souto,
Eduardo L. Souto,
Nadja de Sousa Ferreira
e Armando J. M.Pimenta
Diretoria Executiva
Presidente:
Paulo Antonio de Paiva Rebelo
Diretor da Área Administrativa:
Eliane Monteiro Raposo
Adjunto: Vera Lúcia Santos Nogueira Pinto
Diretor da Área Financeira:
Ricardo Rodrigues da Cunha
Adjunto: Reinaldo Rocha Rosadas
Diretor da Área Científica:
Nadja de Sousa Ferreira
Adjunto: Laura M. de Povina Cavalcanti
Diretor da Área de Relações Externas:
Luiz Carlos Carnevali
Adjunto: Alessandra P. Bastos
Órgãos Deliberativos
Conselho Superior
Silvia Regina Fernandes Matheus
Elisabeth Fialho Cantarelli
Jorge da Cunha Barbosa Leite
Eduardo Leal Souto
Osmond Degow da Rocha
Mônica Machado M. Ferreira Werneck
Conselho Técnico - Científico
Antonio Edson Alves Sampaio
Daphnis Ferreira Souto
Claudia da Silva Santos
Armando Jorge Marques Pimenta
Conselho Fiscal
Elizabeth Mota Schiavo
Fernando Puperi
Sergio Cruz Campos
Adjuntos:
Lumena Tereza Gandra
Ruth Huf
Mario Henrique de Almeida Fonseca
Editoração: Fátima Bréa - Reg.Prof. 3264/RJ
Impressão: 3MARC Impressões Gráficas Ltda.
Tiragem: 1.000 exemplares
As matérias assinadas são de inteira
responsabilidade de seus autores.
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ANO XL N°2/13
Há um caminho. Há um destino. Há
um dever. A bem dizer, assim podem
ser contadas as histórias das nações,
dos povos, das pessoas, sociedades e
instituições.
Também das publicações - proeminência na cultura moderna - no correr
dos tempos e, numa unidade de ação e
reflexão, como propagadoras do acervo
vivo das idéias.
No entanto, não ficam apenas nas
páginas escritas o testemunho da experiência, a oportunidade e o esforço
da pesquisa, o patrimônio para exaltar
o subsidio das fontes recorridas, multiplicados pelo talento individual. Ampliam-se suas dimensões e propiciam, ao
pensamento positivo, o salto de qualidade. A obra se emancipa e adquire
maturidade, começa a valer e influir no
campo do conhecimento. Defini-se, enfim, o primeiro grande mérito das publicações, sobretudo aquelas que emanam saber e arte, sem postergar os valores morais. Aqui caberiam maiores
digressões, mas o limite editorialista
não transige
Um fato, todavia, de caráter universal, é compreender que a falta de cultura não faz bem a nenhuma pessoa, instituição e muito menos a um País. Aumenta a rejeição do discurso da criação eficaz e alonga a distância entre
valores, aspirações, crenças e esperanças, assumidas pela perspectiva do tempo que corre junto às gerações sucessivas de cada país. Cultura é conquista
humana. Licença para realçar este aspecto, quem sabe, constitui impecável
questão concernente ao dualismo social. Na verdade, se trata de uma formulação concreta, que se impõe, particularmente, pela ocasião de mudanças.
Por que tudo isso? Eis a indagação
pertinente, perspicaz e justa: não reduz
o problema ao sentimento da discussão teorética e abstrata. Vai muito além,
exige um ato de compreensão mais
amplo. A força da civilização está na
cultura. Estabeleçamos, de novo, o primado normativo do aspecto técnico da
forma e conteúdo de uma introdução
editorial: observância do comentário
curto, mesmo nos pontos sensíveis que
afloram e emergem como proposta na-
NOTA ESPECIAL
tural das temáticas conflituosas.
O mundo de hoje assimilou e superou arcaísmos estéreis e anacronismos
prolongados, nas relações internacionais. Bem compreensível se manifesta
a evolução que advoga uma larga medida de entendimento entre os povos e
entre as religiões, nacionalidades e cientistas.
A mudança está presente em todos
os setores. Inevitável a consciência dos
paradigmas que advirão. Fundamental
é qualquer Nação ter o requisito de afirmação. Encontrar soluções e atingir
seu desiderato. Sua importância convive com o ponto critico da história do
mundo.
Que tipo de sociedade teremos no
ano de 2020? Quais serão os padrões
de comportamento? Onde se encontrará o "conhecimento científico"? Para
avaliar a dimensão filosófica de todos
essas transformações, é necessário
aprender o desafio, não esquecido das
noções sociais "do ser" e "deve ser".
Não percamos de vista, igualmente, que
os poetas e os filósofos são adivinhos.
Deve-se meditar sobre o que dizem.
Fernando Pessoa, no "Cancioneiro" "Hora absurda", vaticina: "Hoje o céu é
pesado com a idéia de nunca chegar a
um ponto..." / Sêneca ilustra: "Não há
bons ventos para quem não sabe onde
vai". "Não é porque as coisas são difíceis que não ousamos. É porque não
ousamos que as coisas são difíceis ".
As citações não revelam, somente,
propositura de tese. Significam ordenação racional de senso comum: "preservar não modifica. Conservar modifica
sem desfigurar.
O "NOTA ESPECIAL" da ABMT tem
a visão ampliada pelas lentes da tradição e seriedade de seus quase 40 anos
de publicação. Acompanha e estuda os
assuntos relevantes. Afugenta, para longe as idéias vazias e os pensamentos
vadios. Cumpre a missão e sublima a
função. Os resultados projetam sua
ascensão.Faz aderir e proclama na sua
estrutura, a verdade da fé, em plena harmonia com os entrelaces de civismo e
ideal.
Nada é feito de empréstimo. Há um
caminho. Há um destino. Há um dever....
ABMT Opinião
MANUSEIO DE DOCUMENTOS CONTAMINADOS POR
DESASTRES NATURAIS
Nadja Ferreira
Médica do Trabalho
Os fenômenos naturais como chuvas torrenciais, inundações, avalanches
terremotos, maremotos, e acidentes decorrentes destes eventos como desabamentos e soterramentos, que acontecem
de maneira surpreendente e muitas vezes súbita, não escolhem lugar, bens ou
pessoas para atingir e são cada vez mais
frequêntes.
Desastres naturais podem ser definidos como o resultado do impacto de
fenômenos da natureza catastróficos
intensidade anormal sobre um sistema
social organizado ou em formação causando sérios danos e prejuízos materiais que excedem a capacidade da comunidade ou a sociedade atingida em
conviver com o esse impacto (Tobin e
Montz,1997; Marcelino, 2008) Além de
suas consequências psicológicas decorrentes de perdas de vidas humanas..
As pessoas necessitam de socorros imediatos e de atendimentos médicos de emergência pelas lesões corporais e risco de morte nessas ocasiões.
Mas o risco de contaminação pelo manuseio de objetos oriundos
do
consequente caos ambiental, que ocorre nesses eventos e da ansiedade das
pessoas em procurar parentes, conhecidos ou documentos pessoais que as
identifiquem é outra grave ameaça que
paira sobre as pessoas atingidas por esses acontecimentos.
Se um evento desse tipo atingir uma
empresa o médico do trabalho juntamente com a engenharia de segurança deve
dispor de orientações preventivas para
o comportamento dos empregados e de
um planejamento de contingência para
enfrentar tais ocorrências. A área médica terá que participar também na pres-
"Desta forma, as
tarefas de recuperação
de documentos em sua
forma física, mais próxima possível de seu original, com transcrição de
todos os dados e/ou em
cópia por imagem desses
documentos é uma parte
da reconstrução "da
mais ampla identidade"
das pessoas para refazer
sua personalidade abalada e recuperar as condições normais de vida
perante à comunidade."
tação do atendimento à população atingida, mesmo que sua empresa não tenha sido atingida diretamente, como parte
do programa comunitário de defesa civil.
A contaminação secundaria de objetos pessoais ocorre em qualquer parte
do mundo onde ocorrer esse tipo de acontecimento. Em nosso país os fenômenos
metereológicos catastróficos mais recentes foram na região serrana próximo ao
Rio de Janeiro atingindo fortemente as
cidades de Teresópolis, Petrópolis,
Friburgo e adjacências. Na última década estão acontecendo mudanças no
perfil e na frequência desses fenômenos no Brasil principalmente na Região
Sul e na Amazônia..
Segundo Cardona (1996) são oito
as etapas que compõem o
gerenciamento desse tipo de desastres::
Prevenção, Mitigação, Preparação,
Alerta, Resposta, Reabilitação, Reconstrução e Desenvolvimento.
Muitas são as suas consequências
em perdas humanas, materiais, sociais
e emocionais, mas a retomada da "normalidade da rotina da vida" deve ser
ato de reconstrução imediata aqui
focada nas tarefas recuperação de documentos.
Desta forma, as tarefas de recuperação de documentos em sua forma
física, mais próxima possível de seu original, com transcrição de todos os dados e/ou em cópia por imagem desses
documentos é uma parte da reconstrução "da mais ampla identidade" das
pessoas para refazer sua personalidade abalada e recuperar as condições
normais de vida perante à comunidade.
A contaminação de documentos
pode ocorrer por:
1.Substâncias químicas tóxicas ou
sensibilizantes depositadas no solo: fertilizantes, detergentes ou efluentes de
indústrias, principalmente as metais pesados;
2.Agentes biológicos gerados pelas águas altamente poluídas por dejetos
de animais e humanos, mistura de detritos de várias procedências, lixo, fossas etc.. Cadáveres e carcaça de animais mortos carreados pela chuva pelos mananciais que vão abastecer as
cidades.
Essas tarefas englobam:
NOTA ESPECIAL
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ABMT Artigo
Continuação da pág. 4
MANUSEIO DE DOCUMENTOS CONTAMINADOS POR
DESASTRES NATURAIS
1.Retirada dos documentos dos escombros - ação imediata com previsão
média de 7 dias.
2.Transporte para local determinado - pode ocorrer achá-los e a retirada
é feita de imediato ou meses após na
dependência das condições da
infraestrutura encarregada dessa tarefa muito importante)
3. Posicionamento para secagem
- seria ideal iniciar de imediato. Mas é
realizado
4. Processo de recuperação física
dos documentos:
a.Retirada física dos materiais estranhos ao documento (terra, plásticos
e outros possíveis de exclusão).
b.Higienização e retirada da sujidade.
c.Restauração por pessoa especializada.
5.Seleção e manuseio dos documentos para inserção de dados em meio
magnético e/ou cópia virtual do mesmo..
6. Arquivamento eletrônico , por
digitalização ou outro modo.
Os trabalhadores que irão realizar
as tarefas contidas nos itens de 1 a 4
se relacionam diretamente com o evento e possuem probabilidade de contaminação por algumas doenças infecciosas como: leptospirose, hepatite, gripe, tétano, febre tifóide e outros. Essa
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condição resulta do contato direto das
pessoas encarregadas das tarefas de
socorro e o meio ambiente em condições sanitárias precárias.
Já os que irão realizar as tarefas
do item 5 e 6 possuem a probabilidade de contaminação reduzida ou até
ausente, uma vez que a relação com
os agentes biológicos, vai se dar de
forma indireta. Essa contaminação
pode ser evitada com uso de EPI e
EPC sugerida a seguir.
Em cada uma das tarefas o médico do trabalho deverá selecionar a
conduta mais viável levando em conta a experiência, operacionalidade e/
ou custo.
Em linhas gerais as condutas são:
1.
Contratar empresa especializada em recuperação de documentos e
migração para meio magnético.
2.
Gerenciar o processo de manuseio com orientação específica
para o as condições do trabalho a ser
realizado as condições do ambiente
donde provém o material a ser trabalhado e sua relação com as pessoas
que vão manipular o mesmo e o meio
ambiente em relação ao trabalhador
e para o próprio trabalhador.
Para o Trabalhador:
1.
Receber vacinas que leve em
conta a especificidade de doenças
com probabilidade de acontecer devido as características do evento procurando estabelecer o menor prazo
suficiente para formação da resposta
imunológica;
2.
Higienização corporal cuidadosa principalmente das mãos adotando o padrão do Manual de
Higienização das Mãos em Serviço
de Saúde da ANVISA (2007) com secagem por papel toalha e após uso de
NOTA ESPECIAL
luvas, uma ação não elimina a outra. Esse
tipo de higienização é proposto para setores reconhecidos de alta probabilidade
de contaminação biológica. Se for aplicada em locais de menor probabilidade,
haverá bom nível de segurança.
3.
Adotar unhas curtas e cabelos presos.
4.
Usar luvas. Há, naturalmente, sempre contaminação por algum
microorganismo, principalmente os não
reconhecidos. Nesses casos, os fungos
são os com maior probabilidade. Os vírus da hepatite e as leptospiroses já não
possuem muita viabilidade.
5.
Máscaras devem ser usadas para
evitar gotículas em suspensão no ar e as
poeiras respiráveis e a não respiráveis,
uma vez que podem desencadear pruridos e levarem a uso das mãos e posterior acesso oral e nasal. Essas máscaras
devem ser substituídas obrigatoriamente
pelo menos uma vez por semana ou antes quando a sua condição física ou higiênica solicitar.
6.
Avental com capuz ou peças separadas, mas ambas em uso.
7.
Óculos de proteção, mesmo sobre
os de correção de graus.
8.
Retirada, redução ou inativação de
"veículos" e "vetores" na transmissão de
agentes biológicos. Não permitir alimentação por ocasião da realização das tarefas, retirar brincos, pulseiras, colares,
anéis, relógios, piercing e outros. Não usar
MP3/similares ou celulares.
No meio ambiente em sua relação com o
trabalhador:
1.
Higienização diária retirando a sujidade.
2.
Ventilação geral e direcionada do
tórax do trabalhador para frente.
3.
Exaustão do ambiente.
4.
Temperatura controlada.
ABMT Artigo
Burnout - O Mal do Trabalho.
Doença é confundida com estresse e depressão. Tratamento exige mudanças de hábitos.
por
Fátima
Bittencourt
Muito se fala sobre o estresse, que vem
sendo caracterizado como a doença
do século XXI. Um levantamento
realizado
pela
Associação
Internacional do Controle do Estresse,
ISMA
(International
Stress
Management Association), revelou
que o Brasil é o segundo país do
mundo com níveis de estresse
altíssimos. Pelo menos três em cada
sete trabalhadores sofrem a síndrome
de Burnout e não sabem. Resultado
da soma de algumas respostas mentais
e físicas, o estresse fisiológico, sem
sobrecargas, pode contribuir de forma
saudável para o crescimento e o
desenvolvimento dos nossos ossos,
músculos, cérebro e demais partes do
corpo. Sua causa como doença,
porém, está relacionada aos estímulos
externos e à pressão a qual é
submetida uma determinada pessoa e
ao desgaste que ela pode sofrer sob
esta pressão.
A pressão no trabalho e
as cobranças diárias são
responsáveis por doenças
que até bem pouco tempo
eram desconhecidas. È o
caso da Síndrome do
Burnout que tem como sintomas a sensação de cansaço, falta de energia, dores no corpo, lapso de memória, irritabilidade, instabilidade de humor e insônia.
Identificada pelo pesquisador
Herbert
Freunderbeger, em 1974.
Ela corresponde ao colapso físico e mental. No entanto, ela não está atrelada
ao trabalho, mas à relação
que o indivíduo estabelece
com a sua profissão. Uma pessoa pode
trabalhar muito e, mesmo assim, ter uma
relação saudável com o trabalho. Os profissionais de alto rendimento, alta responsabilidade e competitividade, como médicos, professores, corretores, enfermeiros, estão mais propensos a desenvolver
a Síndrome de Burnout.
A doença pode muitas vezes ser confundida com depressão e isso gera um
risco para o paciente.
Além de o tratamento acabar se demonstrando ineficaz o doente pode acabar desenvolvendo uma dependência de
remédios. Por isso, a importância de um
diagnóstico exato. A incidência de casos
de Síndrome de Burnout tem preocupado várias empresas que começam a buscar ajuda junto a especialistas na doença.
Segundo a Psicoterapeuta Fátima
Bittencourt, diretora do Grupo Sanare, a
síndrome não é relacionada diretamente
a profissão, e sim à relação da pessoa
com o trabalho.
Um indivíduo pode trabalhar muito,
mas ter uma relação saudável com o trabalho. No entanto, todas as profissões de
alto rendimento e alta responsabilidade
e competitividade como médicos, bombeiros, policiais, corretores e executivos de bolsa de valores, são mais propensos - diz.
Para a psicóloga a incidência de casos é maior nos grandes centros, onde
o número de estressados é maior. "Além
disso, se um workaholic (pessoas que
vivem para o trabalho) se tornou status
para a maioria das pessoas que vivem
nas grandes cidades", afirma.
Tratamento
exige
equipe
multidisciplinar.
Para Fátima Bittencourt, é comum
os pacientes com a Síndrome de
Burnout serem diagnosticados como
depressivos, o que pode comprometer
o tratamento, já que o paciente poderá,
por exemplo, se tornar dependentes de
medicamentos incorretos. Por isso, ela
desenvolveu um check-up envolvendo
vários profissionais.
- A equipe é formada por psicólogo,
neuropsicológo, psiquiatra e médico especialista medicina chinesa que trabalham simultaneamente na avaliação do
nível de estresse. É importante frisar
que o tratamento varia de caso para
caso - explica.
Na avaliação da terapeuta, o
estresse é resultado de uma série de
fatores como o excesso de ruídos, luzes artificiais, falta de exercício, poluição, excesso de informações e preocupações.
Tudo isso são fontes para gerar o
estresse. Nosso corpo com estrutura
viva e complexa responde e se adapta
ao estresse, mas quando vem a sobrecarga não estamos preparados - explica a terapeuta, lembrando que o
estresse pode levar a outras doenças,
como problemas cardiovasculares.
A terapeuta garante ser possível curar a síndrome, caso o paciente siga as
orientações que inclui desde alimentação saudável, atividade física e
gerenciar seu tempo.
NOTA ESPECIAL
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ABMT Transmite
NOVA DIRETORIA 2013-2016
No dia 26 de abril foi eleita por aclamação, conforme estabelece o Estatuto, a nova diretoria da ABMT para o triênio 2013/
2016, em assembléia realizada no Auditório Julio Sanderson, do
CREMERJ, com a presença de 182 associados, atendendo ao edital
de convocação do Conselho Superior e da Diretoria Executiva, em
acordo com o Estatuto e Regulamento Básico da ABMT.
A chapa eleita tem como Presidente a Dra. Nadja de Sousa
Ferreira e os seguintes colegas: Diretor Técnico Científico - Dr.
Paulo Antonio de Paiva Rebelo; Diretora Administrativa - Dra.
Eliane Monteiro Raposo; Diretor Financeiro - Dr.Ricardo Rodrigues
da Cunha e Diretor de Relações Externas - Dr. Luiz Carlos
Carnevali. Conselho Superior - Dra. Silvia Regina Fernandes
Matheus, Dra. Elisabeth Fialho Cantarelli, Dr.
Jorge da Cunha Barbosa Leite, Dr. Eduardo
Leal Souto, Dr. Osmond Degow da Rocha,
Dra. Laura Maria Campello Martins, Dra.
Nova Diretoria
Leocádia Sales Cunha. Conselho Fiscal Titulares - Dra. Elizabeth Mota Schiavo, Dra.
Laura Maria Povina Cavalcanti e Dra.
Lumena Teresa Gandra. Suplentes - Dra.
Andréa Morgado Coelha, Dr. Gualter Nunes
Maia e Dr. Tommaso di Martino.
Vista geral da plateia
Outros colegas irão compor as comissões
e grupos de trabalho que serão criados, com
o objetivo de desenvolver atividades da
ABMT.
O Ex-Presidente Paulo Rebelo fez uso da palavra para agradecer a colaboração de todos durante seus dois mandatos na
presidência da ABMT e desejou sucesso a nova Presidente, Dra. Nadja.
A nova Presidente Dra. Nadja ao tomar posse agradeceu a todos a participação e a confiança depositada em sua diretoria,
a cujo encargo está entre outras atividades a celebração dos 70 anos da ABMT em 2014. A seguir, foi servido coquetel aos
presentes.
DR. DAPHNIS É ACLAMADO PRESIDENTE DE HONRA DA ABMT
O ex-Presidente, o Presidente de Honra e a atual Presidente
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NOTA ESPECIAL
Na mesma assembleia, o Ex-Presidente da ABMT
Dr. Paulo Rebelo, ainda na função de presidente, apresentou a proposta da Diretoria Executiva de conceder ao Associado Benemérito Dr. Daphnis Ferreira
Souto o título de Presidente de Honra da ABMT, pelos seus relevantes serviços prestados à Medicina do
Trabalho e a Associação, o que foi aprovado por unanimidade. sob intensos aplausos da platéia, demonstrando o grande carinho, respeito e admiração que
todos os associados ao grande líder e sustentáculo da
Associação. Dr. Daphnis emocionado agradeceu a
concessão do título, já que foi surpreendido com esta
manifestação de carinho e reconhecimento.
ABMT Transmite
AGRADECIMENTO DO DR DAPHNIS FERREIRA SOUTO
Presidente de Honra da ABMT
MOMENTO INESQUECÍVEL
Em verdade, que palavras eu teria
para testemunhar a todos, meu apreço,
minha simpatia e meu reconhecimento,
e principalmente a surpresa pela decisão
magnânima de todos, Diretoria, Conselhos e Associados, na Assembléia Geral,
realizada em de 26 de abril 2013, de conceder-me o Título de PRESIDENTE DE
HONRA da Associação Brasileira de
Medicina do Trabalho.
Recebo esse título com desvanecido
orgulho de quem recebe um prêmio maior a uma vida dedicada a Medicina do
Nos tempos idos e vividos de minha mocidade, li certa vez,
que há momentos na vida do homem o que menos, ás vezes, se
consegue falar é a palavra. Desde então, durante minha longa
vida, já lá se vão 90 anos, tenho vivido, vez por outra, tais momentos onde a emoção e o coração falam mais fortes e embargam a
voz.
Estou bem certo que, para mim, aquele instante de emoção
que vivi entre meus amigos e colegas no acolhedor Auditório do
CREMERJ, foi um destes momentos, face a grandeza do gesto
de submeter meu nome à consideração dos colegas, para fazer
jus a uma homenagem, acrescentando-lhes matizes positivos, a
fim de justificar tão alta distinção ao professor, conselheiro, que
sempre ajudou seus pares na solução de problemas, ao longo desses 66 anos de vida profissional, já se aproximando de seu final.
Trabalho, voltada toda a ela, inclusive favor, meus amigos, que transforme toda
ao seu magistério. Outro não é o meu essa esplêndida emoção, mesclada com
desejo senão o de encontrar aquelas os tons suaves e harmoniosos do respeipalavras que retratem a alegria de meu to e do reconhecimento, em uma prece
espírito e a ventura de receber tão sig- ardente, fervorosa, sincera para que a
nificativo Laurel, muito acima e muito Associação Brasileira de Medicina do
além das minhas aspirações…mesmo Trabalho continue sempre conduzida,
nos meus momentos de devaneios.
com entusiasmo, segurança e firmeza,
Mas se esse foi para mim um dos aos gloriosos destinos a que, tão merecitais momentos em que pouco falam as damente, tem direito, e com os quais
palavras, e se ainda não as tenho exa- todos nós há tão longo tempo tanto tetas, precisas e justas para testemunhar mos sonhado. Muito obrigado. Muito obrimeus sentimentos, permitam-me, por gado de coração.
PRIMEIROS ATOS DA NOVA DIRETORIA
A nova diretoria da ABMT, presidida pela Dra. Nadja, já está trabalhando
para fazer adequações administrativas
e dar prosseguimento à programação
científica.
Foram propostos temas a serem desenvolvidos nos novos eventos, o primeiro previsto para setembro com
enfoque em doenças psiquiátricas, alterações sócioemocioais em trabalhadores. Haverá também este ano Curso
de Ergonomia. Para dezembro está sendo planejada a nossa tradicional Jornada de Medicina do Trabalho. Também
já estão sendo iniciados os preparati-
vos para a realização da programação
de 2014 os preparativos da Celebração
dos 70 anos, incluindo o desenvolvimento de uma identidade visual para o evento que valorize a tradição da ABMT
como a mais antiga associação de medicina do trabalho, no Brasil.
Outra iniciativa é a elaboração de
Manuais técnicos da ABMT, para a qual
necessitamos da adesão de voluntários
para formação de Comissões de Apoio
para criação dos conteúdos.
Foi criada a Comissão de Residência em Medicina do Trabalho, sob a Co-
ordenação da Dra. Laura Campelo Coordenadora da Residência Médica do
INCA, e ligada à Diretoria Científica da
ABMT. Estão previstas a criação das comissões de Estudos e Recomendações
em Doenças Psiquiátricas e de Alterações Socioafetivas; de Uso de Substâncias Psicoativas e o Trabalho; Comissão
de Estudos e Recomendações em Doenças Ortopédicas e Reumatológicas e
o Trabalho; e a Comissão de Estudos e
Recomendações sobre Doenças Neurológicas; após a instalação dessas comissões, outras serão propostas.
NOTA ESPECIAL
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7
ABMT Informa
POR QUE DEPENDER OU ADOTAR SE É POSSÍVEL CRIAR
Não foi somente uma produção elevada a característica do desenvolvimento nas chamadas Nações do Primeiro
Mundo. Fundamental foi a capacidade
de resolver suas necessidades e enfrentar os desafios. Para isso foi indispensável um grande esforço para dominar o conhecimento científico e técnico, preparar e dispor de pessoal competente e habilitado para equacionar,
dar solução com criatividade e gerenciar
a sua própria ambiência.
Tais condições endógenas resultaram da capacidade dos diversos níveis
de sua estrutura técnica, científica e
intelectual de analisar seus problemas,
desenvolver pesquisas e pessoas com
habilidade para solucionar esses problemas, o que resultou para esses países um melhor Estilo de Vida para
seus habitantes e Poder para seu Governo.
Por outro lado, as facilidades criadas no mundo para a divisão internacional do saber, levou alguns países, entre eles o Brasil, a acreditar que sem
grandes esforços intelectuais, seus problemas podiam ter solução através da
transferência e adoção da tecnologias
geradas nas nações industrializadas;
isso bastaria para se tornarem
beneficiários do desenvolvimento ocorrido fora de suas fronteiras. Ocorre que
tal diretriz não levou ao esperado objetivo.
Apesar de certa dose de transferência ser necessária, ela em si não é uma
alternativa para a capacitação em ciência e tecnologia estimuladora do desenvolvimento. O Brasil precisa implantar com esforço, dedicação e
criatividade próprias, sua capacitação
endógena, para então assumir a solução de seus problemas corretamente.
Essa tem sido uma das dificuldades encontradas para solução dos problemas de saúde. Por sua vez, no que
diz respeito as condições e ao controle das condições de trabalho a estrutura oficial de ensino, ainda não se preocupou seriamente, nem desenvolveu
um conjunto de conhecimentos em
saúde no trabalho capaz de suprir a experiência e critérios técnicos adotados
a nossa realidade e necessários nesse imenso e contraditório país.
Tudo o que se faz por aqui (com al-
8
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gumas exceções) é copiar e adotar o que
se faz em outros países, infelizmente com
acentuadas conotações ideológicas e
corporativistas, experiências que na maioria das vezes não se adaptam as nossas condições técnicas e culturais.
É através do estabelecimento de uma
orientação científica e tecnológica que uma
Nação atinge as condições indispensáveis
para auto afirmar-se. O domínio do conhecimento é que será o grande alimentador
das grandes iniciativas que levam a um
conhecimento sustentável.
È nesse ponto que se coloca a questão da assistência médica à população
brasileira. As soluções propostas por dois
ministros politicamente bisonhos, e que
disputam o governo do mais importante
estado brasileiro, é de uma impropriedade gritante. É necessário se mostrar a
classe política, aos setores do planejamento e da administração governamental,
aos empresários e aos trabalhadores a função que a ciência e a tecnologia têm no
processo de desenvolvimento, em qualquer
área de atividade.
Tal orientação também leva a se destacar o importante papel que as Sociedades Técnico-Científicas têm que exercer.
Elas são o estúdio e a arena onde os problemas são debatidos e avaliados ate se
chegar a um aplicabilidade. Por isso elas
têm o dever de dizer e o direito de serem
ouvidas como participação e com a responsabilidade que o domínio do conhecimento lhes outorga, no encaminhamento
das soluções para os problemas nacionais.
Esclarecido esse ponto, é preciso que
se diga, que o problema do equilíbrio entre as ações políticas e as ações técnicas não tem sido observado no contexto
brasileiro. O ideal é que não houvesse uma
ação política em conflito com ações técnicas, apesar de ser difícil na prática, uma
harmoniosa e perfeita sintonia entre
ambas, E o que é mais grave, se a razão
técnica do passado produzia decisões viáveis, embora pudessem não serem desejadas socialmente, a razão política de
hoje adota decisões desejadas socialmente, mas que não raro são totalmente
inviáveis.
No campo da saúde passamos por
fase semelhante, sob a influência de uma
desconcertante ação de atos reguladores
governamentais sem nenhum nexo com a
NOTA ESPECIAL
realidade fática, cujo mérito está inteiramente fora do objetivo para a qual se
propôs resolver. A nada conduzem essas decisões e é evidente que suas razões são portadoras de irracionalidade
ao processo decisório de Estado, são
razões parciais, incompletas,
sacrificadas em sua legitimidade e em
sua credibilidade.
Os donos do poder de governança
precisam entender com mais profundidade e clareza que não se separa a política da técnica e que o conhecimento
científico não é propriedade individual, em
seu amplo espectro, ele pertence a comunidade do saber cimentado por experiências sentidas e vividas pelos profissionais da área.
As Associações Médicas de Nível
Profissional Superior num grande esforço, tentam suplantar essa situação, tomando iniciativas para dar aos seus afiliados médicos, o aprimoramento técnico-científico e um "status" profissional
ao exercício responsável de suas atividades, de modo a garantir-lhe voz ativa
na "mesa de discussão" sobre moral,
ética e condições dignas de trabalho
dentro de uma avaliação de conhecimentos, na qual acima de tudo seja valorizada a VIDA DAS PESSOAS.
Por isso, torna-se cada vez mais necessário que cada Médico, que batalha
diariamente assistindo seus pacientes,
assuma uma posição definida "pelo dever de dizer e o direito de ser ouvido"
com realismo e sem constrangimentos,
através de uma participação concreta
nas reuniões e debates na sociedade
que raciocina e que sabemos nos respeita e admira.
Essa conjugação de esforços compartilhados é que nos conduzirá acertadamente, a estabelecer o perfil ético e
competente, do nosso campo de ação,
de uma respeitada e imprescindível atividade que aí sim, independerá de
intervencionismos ou de protecionismos.
O produto dessa diretriz é eminentemente técnico-científico, voltado para o
que é, para o que existe. Para o que se
pode dispor, para o que é viável, que pode
ser valorizado e integrado no contexto
dos interesses da sociedade.
De nada vale a técnica se não servir
a boa política. De nada servirá a política
se não se valer da boa técnica.
ABMT Artigo
DOENÇAS DO TRABALHO POR CAUSA DE RISCOS BIOLÓGICOS
Palestra realizada na SOBES (Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança).
Daphnis Ferreira Souto
Médico do Trabalho
Membro do Conselho Técnico
Científico da ABMT.
Os riscos biológicos que podem ser
capitulados como doenças do
trabalho,portanto classificados como
acidentes do trabalho, desde que estabelecido o respectivo nexo causal, incluem infecções agudas e crônicas,
parasitoses e reações alérgicas ou intoxicações provocadas por plantas e animais. As infecções são causadas por
bactérias, vírus, riquetzias,clamídias e
fungos.
As
parasitoses
envolvem
protozoários, helmintos e artrópodes.
Muitas das doenças ocupacionais são
zoonoses, isto é, tem origem pelo contato com animais e consequentemente
trabalhadores agrícolas e aqueles envolvidos no manejo de aviários, rebanhos e
criação em geral, podem estar sob permanente risco se medidas preventivas
apropriadas não forem aplicadas. Em
geral o que acontece é que os trabalhadores em industrias urbanas estão mais
protegidos contra os riscos do trabalho
que os trabalhadores rurais.
Algumas das doenças infecciosas e
parasitárias são transmitidas ao homem
por espécies de artrópodes (mosquitos,
carrapatos, pulgas, etc.) que atuam não
somente como vetores de doenças
transmissíveis, mas também , como hospedeiros intermediários.
Um grande número de plantas e animais produzem substâncias que são irritantes, tóxicas ou alérgicas.
Poeiras advindas dos locais onde ficam plantas e animais carreiam vários
tipos de materiais alergênicos, incluindo pequenos ácaros, pelos, fezes ressequidas em pó, pólen, serragem,
esporos de fungos e outros
sensibilizantes.
Riscos biológicos ainda incluem picadas de animais peçonhentos, mordidas por ataque de animais domésticos
e selvagens (caso da raiva).
Mergulhadores e pescadores podem
ocasionalmente defrontar-se com tubarões, sáurios e outros peixes perigosos,
serpentes marinhas e outros animais
aquáticos venenosos.
Em algumas regiões, riscos de exposição ocupacional à picadas de cobras ou (como é o caso do potó) são
muito frequentes.
Trabalhos ao relento sob a ação permanente de sol, frio, chuva e vento pode
propiciar a quebra da resistência orgânica e favorecer o aparecimento de infecções. Do mesmo modo as pessoas
que lidam com plantas e animais e seus
produtos ou na produção de alimentos e
seu processamento, tem mais probabilidade de se exporem aos riscos biológicos.
Pessoal de laboratórios, hospitais e
serviços sanitários, comumente estão
sujeitos a esse tipo de risco.
Trabalhos em novas regiões insalubres, por pessoas sem exposição prévia
ou susceptíveis, aumenta o risco de contrair doenças endêmicas.
Dentre os riscos biológicos podemos
destacar:
-- Viroses:
São várias as doenças produzidas por
vírus que podem ser caracterizadas
como ocupacionais. Elas abrangem viroses respiratórias, viroses eruptivas,
enteroviroses e arboviroses.
Esse tipo de infecção pode ser de
transmissão direta, de pessoa a pessoa
(rubéola, gripe) ou por um vetor (o
mosquito na febre amarela silvestre) ou
pelo manuseio de animais infectados.
As infecções adquiridas em laboratórios de patologia podem ser resultantes do trabalho com o vírus, de pequenos acidentes ou proveniente de animais
em experimentos (na observação ou na
autopsia), de aerossóis ou da contaminação e utensílios usados (tubos,
pipetas, placas etc.). O mesmo pode
ocorrer no trabalho de saúde pública. A
infecção por vírus pode acontecer simultaneamente em pacientes e no pessoal que trabalha no hospital. A temida
e indesejável infecção hospitalar.
Dentre as viroses mais comumente
ligadas ao trabalho temos:
- a Raiva, que se constitui num risco
para veterinários, tratadores de animais,
entregadores de compras, carteiros, exploradores de cavernas e todo aquele
que tenham contato com canídeos e
felinos não vacinados, morcegos e outros mamíferos que mordem. É uma
doença constituída por encefalite aguda geralmente fatal, à qual são susceptíveis a maioria dos mamíferos. O período de incubação é em geral de 1 a 3
meses, mas pode variar muito dependendo da extensão da laceração,
inervação da região atingida, proteção
da roupa no local da mordida e outros
fatores. Os primeiros sintomas são ansiedade, dor de cabeça, febre, mal-estar e perturbações sensoriais frequentemente relacionadas com a mordedura (ou lambida da pele ferida) por animal raivoso. A doença evoluiu, com
manifestações de paresia ou paralisia;
o espasmo dos músculos da deglutição
leva o paciente a evitar a ingestão de
líquidos, inclusive água (hidrofobia).
Ocorre também aerofobia. Seguem-se
delírio e convulsões. A morte resulta da
paralisia dos músculos respiratórios,
geralmente de 2 a 6 dias. A prevenção
da raiva em humanos após mordedura
centraliza-se na aplicação imediata de
duas medidas básicas: remoção do ví-
NOTA ESPECIAL
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DOENÇAS DO TRABALHO DEVIDAS A RISCOS BIOLÓGICOS
Palestra realizada na SOBES (Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança).
rus por limpeza imediata do ferimento e
sua desinfecção, emprego de
imunoglobulina humana seguindose a vacinação específica. Captura do animal para observação.
Medida profilática de valor é a vacinação preventiva de cães e gatos e evitar contato com animais
desconhecidos.
-Doença da arranhadura do
gato, estão sujeitos os que trabalham com este animal e seu causador é um tipo de clamídia que
tem acesso ao homem através de
uma unhada ou por ferimentos de
objetos pontudos ou espinhos
contaminados.Forma-se no local
uma papula, que pode progredir
para uma erupção vesicular.
Desenvolve-se posteriormente
uma linfadenite regional seguida de
febre e mal-estar. Em geral esses
sintomas tendem a desaparecer
sem sequelas, mas pode ser confundida com doença neoplásica ou
granulomatosa
A prevenção consiste em trabalhar
com esses animais devidamente protegido.
- Nódulos dos ordenhadores ou
pseudo varíola, esse é um risco para
fazendeiros, veterinários e todos os
trabalhadores que tenham contato com
tetas e úberes de vacas infectados, com
mastite. Se caracteriza por múltiplos nódulos nas mãos face e pescoço. A prevenção consiste em tratar a mastite das
vacas e usar luvas, sabão água e desinfetantes antes e depois da ordenha.
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- Doença de Newcastle, que pode
acometer os que trabalham em aviários
e tratadores de pássaros. É produzida
pelo Myxovirus multiforme que infeta
o homem através do aparelho respiratório provocando lacrimejamento,
conjuntivite e edema das pálpebras, febre e manifestações respiratórias. A
prevenção consiste no adequado manuseio de pássaros infetados.
escolas. A transmissão se faz de pessoa
a pessoa. As medidas de prevenção se
baseiam principalmente na educação
quanto as medidas de saneamento e higiene pessoal; evitar aglomerações e o
uso de descartáveis. A vacinação deve
ser obrigatória para todos engajados em
serviços de saúde, ou que façam atendimento público.
-Riquetsioses e clamidias, se caracterizam por febre e erupção na pele e
são transmitidas por seus reservatórios os artrópodes:
Muitas das doenças
-Febre maculosa (febre botonosa,
ocupacionais são zoonoses, isto
tifo do carrapato) transmitida mordié, tem origem pelo contato com da do carrapato que pode atingir
animais e consequentemente
mateiros,lenhadores,carvoeiros,vaqueiros,
trabalhadores agrícolas e aqueles fazendeiros etc. Início súbito, com fecefaléia, calefrios e congestâo
envolvidos no manejo de aviári- bre,
das conjuntivas. No 3º dia surge nas
os, rebanhos e criação em geral, extremidades exantema maculo
papular que rapidamente atinge as
podem estar sob permanente
palmas das mãos, plantas dos pés e
risco se medidas preventivas
quase toda a pele do corpo. Petéquias
apropriadas não forem aplicae hemorragias são comuns. É alta a
das. Em geral o que acontece é
mortalidade. A infeção mantém-se na
natureza pela passagem transovariana
que os trabalhadores em
e transestadial nos carrapatos. O cão,
industrias urbanas estão mais
o gambá e o cavalo são os que mais
protegidos contra os riscos do
contribuem para a manutenção do citrabalho que os trabalhadores
clo da doença.
-Febre Q , o maior risco está enrurais.
tre vaqueiros, ordenhadores, trabalhadores em matadouros, frigoríficos,
tosquiadores.
- Hepatites virais (A-B-C-D) estão
-Ornitoses (psitacose), estão sob risparticularmente vulneráveis os que
co os que lidam com pássaros, os
trabalham em hospitais e em postos
taxidermistas, os trabalhadores de zode atendimento do público em geral, den- ológicos e casas de vendas de aves. O
tistas, pessoal de saneamento, lixeiros. vírus está presente nas secreções nasais,
Início geralmente súbito, com febre, tecidos e penas de pássaros infectados,
anorexia, náuseas, dores abdominais e principalmente pombos, papagaios e
icterícia. Apresenta grande variedade aves domésticas. A maioria das vítimas
clínica, desde formas benignas até as se queixam de dor de cabeça, febre e
graves e mortais. Ocorre no mundo in- com uma característica de o pulso ser
teiro e seu reservatório é o próprio ho- lento. Aparece insônia, letargia,
mem. Os surtos são mais frequentes em
fotofobia, náuseas, vômitos e diarréia.
instituições como industrias, quartéis e Fígado aumentado e pneumonia. Medi-
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DOENÇAS DO TRABALHO DEVIDAS A RISCOS BIOLÓGICOS
Palestra realizada na SOBES (Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança).
As medidas
profiláticas se baseiam
na refrigeração adequada de alimentos,
manuseio higiênico de
produtos da alimentação; exclusão temporária das pessoas com
qualquer tipo de infecção principalmente as
piogênicas e uso de
mascaras, luvas e
roupas adequadas no
preparo de alimentos.
da importante é o controle da venda de
pássaros
- Doenças bacterianas: as principais
doenças bacterianas de origem
ocupacional são em geral decorrentes da negligência nos cuidados com pequenos ferimentos , escoriações na pele.
Essas infecções são em sua maioria causadas por estafilococus e estreptococus
e podem ser evitadas com medidas de
higiene e cuidados adequados. Entretanto existem aquelas mais graves e perigosas e entre elas destacamos:
- Tétano, que se constitui num risco
potencial para todos os trabalhadores
principalmente aqueles sujeitos a pequenos ferimentos penetrantes e os que
lidam com animais. Também se constitui em risco para bombeiros, militares,
policiais e todos aqueles expostos ao risco de lesões traumáticas na vida diária.
Doença aguda devido à ação sobre o
sistema nervoso central da toxina do
bacilo tetânico em desenvolvimento
anaeróbio em um ferimento, em geral
perfurante (também queimaduras).
Caracteriza-se por contraturas musculares dolorosas iniciando-se pelos
masseteres músculos do pescoço dando o trisma e a rigidez da nuca que lhe
são característicos estendendo-se a seguir aos do tronco que se acompanha
das contraturas. A letalidade pode chegar a 70%. Os animais herbívoros são
seus reservatórios em especial o cavalo, em cujo intestino o germe vive como
hóspede normal, inócuo. A vacinação
geral de todos os trabalhadores é a grande medida para evitar essa perigosa infecção e confere sólida proteção
-Antraz, é um risco para quem lida
com pelos e peles de animais. No local
da entrada do bacilo inicialmente forma-se uma vesícula que progride para
uma escara escura . A doença pode espalhar-se e dar uma septicemia. A prevenção baseia-se em medidas de higiene e no tratamento adequado de peles
e pelos de animais que vão ser industrializados.
-Brucelose, essa doença está ligada
a todos aqueles que lidam com carnes
(de vaca, porco e cabra), leite e derivados. Sua característica é a febre intermitente que tende a cronicidade com
perda de peso e fraqueza acompanhada por manifestações esplênicas e renais e comprometimento das juntas. As
medidas preventivas baseiam-se no controle, por vacinação, nos animais.
-Leptospirose também chamada de
Doença de Weill. As ocupações sob risco inclui pessoal de fazendas,
cortadores de cana, plantadores de arroz criadores de pequenos animais, feirantes, trabalhadores em esgotos, mineiros, lixeiros, feirantes, peixeiros, mineiros, magarefes, criadores, pessoal
militar etc. São seus hospedeiros intermediárias, os ratos, cães, animais selvagens. Caracteriza-se por febre, calafrios, intenso mal-estar, vômitos,
mialgias, conjuntivite e eventualmente
síndrome meníngea; as vezes icterícia,
insuficiência renal, hemorragias. O gado
bovino, cães e porcos são seus reservatórios. Também os ratos e outros roedores e animais silvestres, assim como
cobras e rãs. Os surtos ocorrem em
pessoas que entram em águas contaminadas com urina de animais domésticos
ou selvagens. Medidas preventivas incluem proteção dos trabalhadores com
EPI, identificação dos cursos de água
contaminados; combate aos roedores
nas residências. Queima da palha dos
canaviais antes do corte.
-Peste, estão sob risco os pastores,
vaqueiros, caçadores, geólogos. As
pulgas são os seus vetores e os roedores silvestres os seus reservatórios e
com menos intensidade os coelhos. Caracteriza-se por febre elevada, cefaléia,
hipotensão arterial, confusão mental, dor
intensa na região inguinal, axila ou pescoço, conforme a localização do bubão.
Apresenta diversas formas clínicas:
ganglionar ou bubônica, pneumônica,
septicêmica e ambulatória. As medidas
preventivas incluem a vacinação.
Medidas de antiratização e
desratização, combate as pulgas. Educação sanitária.
-Tuberculose, é geralmente adquirida no ambiente familiar. No trabalho o
pessoal dos serviços de saúde são
os mais sujeitos mas é preciso haver um
contato frequente e prolongado com casos ativos. É uma doença cuja mortalidade está recrudescendo e já preocupa
as autoridades sanitárias de diversos países entre eles o Brasil. Os exames de
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ABMT Esclarece
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Palestra realizada na SOBES (Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança).
laboratório são fundamentais para se
estabelecer o diagnóstico.
-Intoxicação alimentar, causadas
principalmente pelas bactérias do grupo das salmonelas, clostridium e
estafilococus que se desenvolvem na
manipulação dos alimentos em cozinhas
industriais e cafeterias em fabricas.
Tem início e evolução rápidos, geralmente em manifestações entéricas ligadas à ingestão de alimentos ou água
entre pessoas que os usaram na mesma ocasião. As medidas profiláticas se
baseiam na refrigeração adequada de
alimentos, manuseio higiênico de produtos da alimentação; exclusão temporária das pessoas com qualquer tipo de
infecção principalmente as piogênicas
e uso de mascaras, luvas e roupas ade-
quadas no preparo de alimentos.
Micoses e fungos, tanto podem ser
manifestações sistêmicas, superficiais
ou produzindo hipersensibilidade. Entre
elas temos a candidiase ou moniliase, a
aspergilose,
histoplasmose,
dermatofitose (pé de atleta),
esporotricose, pulmão do fazendeiro,
bagaçose, suberose, etc.
Doenças parasitárias, tem significado ocupacional aquelas causadas por:
-protozoários como a malária,
amebiáse, leishmaniose, tripanosomiase.
-helmintos como a esquistossómose,
ancilostómose, ascarídiase.
-artrópodes como os ácaros, carrapatos, bicho do pé, etc.
Picadas de cobras venenosas, escorpião, lacraia, centopéia e aranhas
venenosas.
Nesses casos as medidas de primeiros socorros são soberanas. Se você não
conhece cobras, leve se possível a cobra causadora do acidente para identificação (viva ou morta).
Atenção para as seguintes características de
identificação
Venenosas
Não Venenosas
Cabeça
Triangular
Arredondada
Olhos
Pequenos
Grandes
Fossera lacrimal
Escamas
12
Tem
Desenhos irregulares
Não tem
Desenhos simétricos
Longa afinando
gradativamente
Cauda
Curta afinando abruptamente
Dentes
Duas presas ou maxilar
superior bem maiores
que os demais
Dentes pequenos e mais
ou menos iguais
Picada
Com uma ou duas
marcas mais profundas
Orifícios pequenos mais
ou menos iguais
ANO XL N°2/13
NOTA ESPECIAL
A cobra coral constitui
uma exceção: a cabeça não
é triangular; a cabeça e a
cauda são continuação do
corpo.
Na ausência ou falta de
médico e se identificar a
cobra como venenosa,
aplique um dos soros
específicos, seguindo rigorosamente
suas
especificações:
Anticrotálico - para cas
cavel
Antibotrópico - para
jararaca, urutu, jararacuçu
Antilaquésico - para
surucucu "pico de jaca
Antielapídico - para coral.
No caso de picadas por
escorpião aplicar o soro específico, dentro da primeira hora da picada
Nos demais casos o tratamento é local.

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