34 - Arteteca
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34 - Arteteca
Ministério da Cultura e Endesa Brasil apresentam: “Arteteca:lendo imagens” (PRONAC 09-7945). para olhar pensar, imaginar... e fazer SÉRIE 9: esparsos The Bridgeman Art Library 34 Henry de Toulouse-Lautrec Aristide Bruant no cabaré 1893 Litogravura. Essa obra que você vê é um cartaz que anuncia a realização de um espetáculo. O cartaz foi feito por Toulouse-Lautrec, um artista francês. Examine todas as informações que estão nele. Veja: há o nome do teatro onde o espetáculo será realizado (Theatre Royal), o local (Galeries Saint-Hubert), a data (samedi 8 juillet), o nome do artista que o realizará e o nome do espetáculo (Aristide Bruant dans son cabaret). Repare como Toulouse-Lautrec quis orientar nossa leitura deixando algumas informações mais destacadas e outras menos. A primeira coisa que vemos é o desenho da figura de Aristide. Veja como o tamanho da letra que ele usou para escrever “Aristide Bruant” é maior do que todas as outras. Repare também como a data está em destaque, com essa letra mais preta e grossa. Fazendo dessa maneira, Toulouse-Lautrec queria chamar a atenção para essas duas informações: o nome de Aristide, que era muito famoso e isso atrairia a atenção das pessoas para o cartaz, e a data do espetáculo, para que todos se lembrassem. Ou seja, essas duas mensagens estão em destaque porque o artista considerou que elas deveriam ser as duas primeiras informações a serem lidas quando alguém olhasse para o cartaz. Você reparou numa outra coisa? Veja que Toulouse foi muito econômico com as palavras. Cartazes não são peças para muitas palavras. A comunicação deve ser rápida. Repare nos anúncios de revista, nos cartazes de filmes, nos anúncios nos supermercados, nas propagandas de produtos em outdoors. Eles sempre são feitos para serem lidos rapidamente. Faça você um cartaz anunciando algo. Pode ser um produto, pode ser um espetáculo, um filme, uma festa, alguma coisa que acontecerá no pátio da escola. Invente qualquer coisa. O importante é que você pense como Toulouse-Lautrec: o que vai chamar a atenção das pessoas para o cartaz? Quais são as informações que devem ser lidas primeiro porque são as mais importantes? O que você quer que as pessoas entendam rapidamente e se lembrem? Quais são as informações que podem ser lidas depois, e por isso podem ter menos destaque? Ministério da Cultura e Endesa Brasil apresentam: “Arteteca:lendo imagens” (PRONAC 09-7945). para olhar pensar, imaginar... e fazer The Bridgeman Art Library 35 SÉRIE 9: esparsos Jackson Pollock Olhos no calor 1946 Óleo sobre tela. O artista que produziu essa obra chama-se Jackson Pollock. O professor Ernest Gombrich conta em seu livro “A história da arte” que Pollock se interessava por maneiras diferentes de aplicação da tinta sobre a tela. Para explorar essas novas maneiras, Pollock decidiu colocar as telas no chão, em vez de pintá-las sobre o cavalete. Ele andava em torno da tela com um balde de tinta nas mãos. Enquanto andava, ele movimentava seus braços gotejando e derramando tinta com gestos engraçados fazendo que a tinta formasse grandes trilhas e manchas sobre a tela. Algumas são retas, outras curvas, e todas se misturam. Foi o crítico de arte Harold Rosenberg que usou pela primeira vez o termo “action painting” (pintura de ação) para descrever as pinturas de Jackson Pollock. Harold costumava dizer que pintores como ele são como heróis modernos que transformam suas telas em arenas onde se travam grandes batalhas entre homens e materiais. Pollock dizia que não queria copiar o mundo e nem comunicar nada a ninguém por meio da sua pintura. Ele só queria compartilhar com as pessoas o seu impulso criativo; só queria trazer o espectador para dentro da sua pintura. Quando você olha para esta pintura, você sente vontade de estar nela, como queria Pollock? O que você sente? Como seus olhos se comportam? Eles ficam confusos? Querem seguir as linhas? Se perdem nelas? Ficam alegres, “cheios”? Tentam olhar para todo o quadro ao mesmo tempo ou se detém em cada uma das linhas coloridas? Tentam seguir uma linha colorida de cada vez? Querem ficar ou querem sair? Repare como seus olhos se comportam e descreva esse comportamento num texto. Você pode começar assim, se quiser: “ Quando olho para a pintura de Pollock, meu olhos...” Ministério da Cultura e Endesa Brasil apresentam: “Arteteca:lendo imagens” (PRONAC 09-7945). para olhar The Bridgeman Art Library 36 SÉRIE 9: esparsos Pintura pré-histórica encontrada em uma caverna em Songhai/ Dogon na região de Mali, África. Essa imagem que você vê é uma pintura feita pelos nossos mais remotos ancestrais que viveram na Era Glacial, há milhares de anos atrás. Esse tipo de pintura é chamada de arte rupestre. Muitas pessoas consideram fascinante o fato de que, mesmo vivendo em condições tão primitivas, esses povos enchessem as cavernas com imagens tão ricas, tão animadas, que mostravam animais, caçadas, lanças e outros objetos. pensar, imaginar... e fazer O professor Ernest Gombrich, em seu livro “A história da arte” diz que, provavelmente, essas pinturas são o verdadeiro testemunho que nós sempre acreditamos no poder das imagens. Dito em outras palavras, parece que esses caçadores primitivos imaginavam que, se fizessem uma imagem da sua presa – e até a espicaçassem com suas lanças e machados de pedra – os animais verdadeiros também sucumbiriam ao seu poder. Sua tarefa será a de produzir um folheto para divulgar a arte rupestre no Brasil. Será um folheto como esses que a gente pode adquirir numa agência de turismo e que mostra lugares interessantes para conhecer. Seu folheto terá que mostrar os vários lugares em que os viajantes podem ver a arte rupestre em terras brasileiras. Procure na internet. Aqui estão alguns endereços que você pode acessar. Use imagens, textos, desenhe mapas para indicar os lugares e tudo o que você considerar importante para divulgar esses sítios arqueológicos (que é o nome que se dá) que estão espalhados pelo Brasil. Não se esqueça de colocar no seu folheto as informações sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara, que fica no estado do Piauí. É um sitio arqueológico importantíssimo e que foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. http://www.brasil.gov.br/sobre/cultura/cultura-brasileira/arte-rupestre http://www.canalkids.com.br/arte/pintura/rupestre.htm Ministério da Cultura e Endesa Brasil apresentam: “Arteteca:lendo imagens” (PRONAC 09-7945). para olhar The Bridgeman Art Library 37 ESPARSOS SÉRIE 9: esparsos Edvard Munch O grito 1893 Óleo, têmpera e pastel sobre cartão. Edvard Munch, o artista que criou essa pintura, acreditava que as imagens pintadas não precisavam retratar a realidade, ou seja, as imagens não precisavam copiar as coisas mais ou menos do jeito que elas aparecem aos nossos olhos. Ele costumava dizer que preferia pintar coisas que eram vistas por ele com seu olho interior, que morava dentro da sua alma. pensar, imaginar... e fazer Olhe para a pintura que foi batizada por ele de “O grito”. Veja a figura que parece estar sobre uma ponte com as mãos nos ouvidos e boca aberta. Veja as figuras que estão atrás dela e o conjunto de linhas e cores que compõe toda a pintura. Munch parece realmente não ter se preocupado em retratar as imagens do jeito que elas pareceriam aos seus olhos. Entretanto, é possível sentir a emoção que essa obra nos transmite, você concorda? Pense sobre essa ideia de Munch: nós temos um olho interior que mora dentro da nossa alma e que é capaz de ver as coisas do mundo de um jeito diferente daquele que nossos olhos veem. Primeiro, responda: você considera essa ideia plausível, ou seja, razoável, aceitável? Essa ideia faz sentido para você ou você considera essa ideia inaceitável, inadmissível? Depois, encontre um colega na classe que tenha uma opinião oposta à sua, alguém que tenha respondido exatamente o contrário de você. Pergunte a ele por que ele tem essa opinião sobre a ideia de Munch e escreva tudo o que ele lhe disser. Seu colega, por sua vez, também vai ouvir e escrever o que você pensa sobre o assunto. Assim, vocês terão dois argumentos, que são um conjunto de ideias que a gente usa para defender uma posição. Não há ideias certas ou erradas, qualquer posição pode ser defendida, mas há argumentos melhores que outros e estes têm mais poder para convencer outras pessoas. Você ficou convencido pelos argumentos de seu colega ou ele convenceu-se com os seus? Verifiquem outros argumentos de seus amigos e discutam as ideias que eles contêm. Se você achar que deve, incorpore ideias que seus amigos tiveram ao seu argumento inicial, tornando-o mais rico e interessante Ministério da Cultura e Endesa Brasil apresentam: “Arteteca:lendo imagens” (PRONAC 09-7945). para olhar pensar, imaginar... e fazer SÉRIE 9: esparsos The Bridgeman Art Library 38 Albrecht Dürer Rhinocerus 1515 Xilogravura (gravura em madeira). Olhe para essa imagem. Ela foi feita em 1515 por um artista chamado Albrecht Dürer. Não tenha pressa. Repare em cada detalhe do desenho desse rinoceronte. Não é incrível? Alguns autores dizem que a imagem foi feita por Dürer a partir de uma descrição e de um esboço feito por um amigo. Em 1515, ver um rinoceronte de perto era bem difícil para as pessoas que viviam em países onde esses bichos não habitavam. Imagine um animal muito estranho. Pode ser um monstro, se você preferir. O importante é que ele seja um produto da sua imaginação. Agora, escreva uma descrição desse animal imaginário. Responda: como ele é? Quantas cabeças? Quantos olhos? De que cor? Quantas patas? Que formato? Tem escamas? Garras? Chifres? Descreva detalhadamente esse animal/monstro que você imaginou. Mas, cuidado: não adianta dizer, por exemplo, “é grande” ou “é pequeno”. Sabe por quê? Porque o tamanho das coisas sempre é relativo. Por exemplo, uma maçã é grande em relação a uma formiga. Mas é pequena, em relação a uma cadeira. Entendeu? Use expressões como “é maior do que....” ou “é menor do que...” ou “é quase do mesmo tamanho de uma....”. Depois, troque com um amigo suas descrições. Você fornece a sua e fica com a dele. Agora, vocês tentarão desenhar o animal/monstro que vocês descreveram. Quando acabar, mostre seu desenho ao amigo que escreveu a descrição e veja qual é a opinião dele. Um bom jeito de saber se a sua descrição estava bem detalhada é ver se seu amigo fez um desenho parecido com o monstro que você tinha na cabeça. para olhar pensar, imaginar... e fazer The Bridgeman Art Library Esta ficha é parte Ministério integrante dados Cultura materiais e Endesa de “Arteteca:lendo Brasil apresentam: imagens”, “Arteteca:lendo do Programa imagens” Endesa(PRONAC Brasil de 09-7945). Educação e Cultura (PRONAC 09-7945). 39 SÉRIE 9: esparsos Andy Warhol Latas de sopa Campbell 1965 Silkscreen sobre tela. Olhe para esta obra. São imagens de latas de sopa de tomate impressas sobre uma tela. Andy Warhol, o artista que fez essa obra, é um dos representantes da chamada “Arte Pop”, ou “Arte Popular”. Os artistas que estão associados a esse movimento gostam de usar imagens muito familiares às pessoas, como produtos de consumo que encontramos nos supermercados, astros de cinema, celebridades, personagens de histórias em quadrinhos e outros símbolos da chamada “cultura de massa”. Essa marca de sopa de tomate que Warhol usou nesta imagem era muito famosa nos Estados Unidos. Se você fosse um artista pop, quais celebridades, produtos de consumo ou personagens em quadrinhos você escolheria para usar nas suas obras? Faça uma lista com, pelo menos, 3 celebridades, 3 produtos (podem ser coisas de comer, beber, usar) e 3 personagens em quadrinhos que, na sua opinião, são familiares às pessoas, isto é, a maioria das pessoas reconheceria imediatamente quando olhassem para eles. Quem você escolheria? A cocacola? O salgadinho Cheetos? Michael Jackson? A Mônica? Quem mais? O que mais? Leia sua lista para a sala. Todos os seus colegas conhecem as coisas que você escolheu? Se a resposta for positiva, parabéns. Você realmente selecionou elementos que fazem parte da chamada “cultura de massa”. Ministério da Cultura e Endesa Brasil apresentam: “Arteteca:lendo imagens” (PRONAC 09-7945). para olhar The Bridgeman Art Library 40 SÉRIE 9: esparsos Paul Cézanne Natureza-morta com maçãs 1890 Óleo sobre tela. Paul Cézanne dedicou sua vida à pintura e é considerado o “pai” da arte moderna. Como diz o professor Giulio Carlo Argan, Cézanne renunciou a ter uma vida para realizar sua obra, ou melhor, fez da obra a sua vida. Veja essa pintura. Ela pertence a um gênero chamado “natureza-morta”. pensar, imaginar... e fazer Em pinturas desse gênero podemos ver louças, flores, frutas, instrumentos musicais, livros e outros objetos de nossa vida doméstica. Cézanne pintou centenas de naturezas-mortas e paisagens para explorar cada detalhe de luz e forma. Somente ao final de sua vida é que as pessoas começaram a compreender a importância de sua obra e a complexidade de sua pintura. Volte de novo à imagem. Repare que, nessa aparente simplicidade de tema (são maçãs sobre a mesa, certo?) há uma incrível variedade de cores em cada uma das formas. Detenha seus olhos sobre cada fruta. Veja como o pintor usou seu pincel. Parece fácil, não? Mas não é. Você escreverá uma carta ao mestre Paul Cézanne. Vamos fazer de conta que você é louco por pintura, que quer seguir nessa profissão e que soube que Cézanne, o “pai” da arte moderna, um dos maiores pintores de todos os tempos, está escolhendo um novo assistente para trabalhar com ele. Então, na sua carta, você tentará convencêlo de que você é a pessoa certa para ele escolher. Para isso, você terá que usar argumentos que sejam muito convincentes. Afinal, pense em quantas cartas Cézanne irá receber? Assim como você, muitas outras pessoas estariam escrevendo para ele e disputando esse trabalho. Não se esqueça de colocar na carta informações sobre você: qual é o seu nome, onde você nasceu, onde mora, com quem você vive, o que faz, quantos anos têm etc. E, principalmente, apresente a ele as razões que te fazem acreditar que você é a pessoa certa para esse trabalho. Pense: o que faria alguém ser convencido disso? Que tipo de qualidades você deveria dizer que tem para que o mestre te escolhesse? Seria seu amor pela pintura? Sua vontade de aprender? Seu talento? Sua persistência? Sua disponibilidade? Pense: quais são as coisas mais importantes que você deveria dizer para que ele escolhesse você?