formação e estética: articulação a partir de hans-georg
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formação e estética: articulação a partir de hans-georg
472 FORMAÇÃO E ESTÉTICA: ARTICULAÇÃO A PARTIR DE HANS-GEORG GADAMER V Mostra de Pesquisa da PósGraduação Clenio Lago1, Profa. Nadja Hermann1 (orientador) 1 Faculdade de Educação, PUCRS, 2 Instituto de Educação Resumo Introdução Frente aos desafios da dinamicidade o paradigma ocidental ousou formar o homem racional, aquele capaz de agir racionalmente, em que, pela educação transforma-se em humano. Mas com a crise da modernidade efetivada desde a ruptura da metafísica, bem expressa por Nietzsche (2005), este ideal é profundamente questionado. Em seu lugar emerge o paradigma estético. Porém, atualmente incorre-se na esteticização do mundo da vida, situação em que a sensibilidade perde sua capacidade crítica tornando-se incapaz de perceber seus princípios desviantes, como bem sinalizou Welsch (1995). Uma vez mostrados e tocados os limites do paradigma racional e os limites do paradigma estético em sua pureza, surge a preocupação em visualizar um horizonte sem que a humanidade beire à barbárie, tanto através da pura formalidade quanto através da pura sensibilidade. Buscando responder esses desafios destaca-se o pensamento filosófico de Hans-Georg Gadamer, articulado desde a fundamentação ontológica da obra uma nova forma de compreender a experiência estética e com isso a educação. Dado ao exposto, esta pesquisa tem como questão central o que segue: A articulação estética na formação, desde Gadamer, constitui-se em resposta plausível à ruptura dos referenciais metafísicos, à esteticização do mundo da vida, num contexto em que a Bildung entra em crise? A pergunta movedora dessa proposta de tese alcança importância ante aos desafios da atualidade marcada pela pluralidade e pelos questionamentos sobre a natureza humana, uma vez que a Hermenêutica Filosófica se opõe ao mito positivista e rearticula a tradição da Bildung, desde a dimensão ontológica, no horizonte da linguagem. Quanto à educação, o problema de pesquisa, justifica-se ante à crise dos referenciais de V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 473 justificação da educação até então ancorados na metafísica, ante à pluralidade ética, aos rumos da ciência, estando por um lado as exigências de princípios éticos universais e, por outro, o pluralismo que perpassa os contextos educacionais geradores de múltiplas relações. Quanto a Gadamer, o grande ícone da Hermenêutica Filosófica: sua importância está no fato de rearticular a formação desde a experiência estética na plataforma da intersubjetividade retomando o espírito da Bildung. Por fim, pergunta-se pela relação entre experiência estética e formação, pois a experiência estética libera a lógica das relações, o ser para o vir-a-ser, à medida que tira o acontecer do determinismo característico, tanto do discurso científico, quanto da tradição pela tradição e do acaso, ao mesmo tempo em que possibilita novas articulações em que a realidade abre-se como projeto. Metodologia Esta pesquisa está sendo desenvolvida como um trabalho teórico argumentativo, de cunho filosófico. Têm como base de tensionamento a Hermenêutica Filosófica, buscando articular a tradição filosófica e a experiência estética, duas dimensões autônomas e necessárias na formação. Será efetivada com base no diálogo entre autores que tematizam a experiência estética na formação tendo por referencia central Hans-Georg Gadamer. Está divida em quatro grandes capítulos: o primeiro versando sobre a estética anterior a Gadamer; o segundo, versando sobre as proposições gadamerianas quanto a dimensão ontológica da arte e a experiência estética; o terceiro, versando sobre o lugar da linguagem no horizonte da experiência estética em Gadamer; o quarto, versando sobre a formação no horizonte do acontecer primordial do humano. Resultados (ou Resultados e Discussão) De nossas discussões iniciais destacamos a arte na perspectiva da estética empirista que centra o referencial de beleza no objeto, já da estética kantiana destacamos a abordagem subjetiva da estética com destaque para a figura do gênio e o juízo reflexionante. De Schiller sinalizamos a necessária consideração dos elementos formal e sensível através do impulso lúdico conferindo autonomia à arte, consequentemente, destaque à experiência estética. De Hegel, sinalizamos o fato de, na contraposição com Kant, apresentar a arte como produto do espírito e a experiência estética a situação em que o homem se encontra consigo mesmo, toma consciência de si como espírito. De Gadamer evidenciamos as argumentações em torno da fundamentação ontológica da arte, em que no jogo o “[...] modo de ser da própria obra de V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 474 arte” (GADEMER, 2005, p. 154) ganha o seu verdadeiro ser ao transformar-se em experiência que transforma. E, quem participa do jogo joga e jogado, nunca volve o mesmo, torna-se outra coisa. É a presença da obra de arte, do o ser ai que nos interpela gerando transformação em configuração, o que equivale a dizer que na experiência estética “[...] algo se torna uma outra coisa, de uma só vez e como um todo, de maneira que essa outra coisa em que se transformou passa a constituir o seu verdadeiro ser, em face do qual o seu ser anterior é nulo” (GADAMER, 2005, p. 166). Isso porque, a obra de arte diz algo a cada um gerando a verdadeira experiência, a “[...] experiência da própria historicidade” (GADAMER, 2005, p. 467). Dessa forma, Gadamer ultrapassa a relação fragmentária entre sujeito e objeto, a teoria da consciência estética, situação em que o ver deixa de ser percepção pura para ser a articulação. Conclusão Abordar a relação entre formação e estética desde Gadamer não é um atarefa tão fácil como parece a primeira vista. Devido ao estágio de desenvolvimento da pesquisa as considerações apontadas aqui apenas indicam o caminho. As contribuições de Gadamer permitem pensar que, como o mundo munda conforme sinalizou Heidegger, apoiado na linguagem e na dimensão ontológica da obra de arte, o humano humana. Isso significa dizer que não apenas se torna humano desenvolvendo suas potencialidades pela formação cumprindo a finalidade de uma natureza, ou que simplesmente é resultado de um processo de formação. Disso decorre que, para Gadamer, “educar é educar-se”. Mas isso somente é possível no jogo intersubjetivo, do qual nunca volvemos os mesmos, pois nos transformamos em outro à medida que experienciamos a realidade, o outro e de forma sempre diferente, a exemplo da obra de arte que diz algo a cada um. Referências FLICKINGER, Hans-Georg. A dinâmica do conceito de formação (Bildung) na atualidade. In: Sobre a filosofia e educação: racionalidade, diversidade e formação. Passo Fundo – RS: UPF Editora, 2009. GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método I: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. 7. ed., Petrópolis: Vozes; São Paulo: Editora Universitária São Francisco, 2005. ____. Verdade e método II: complemento e índice. 2. ed., Petrópolis: Vozes; São Paulo: Editora Universitária São Francisco, 2004. ____. La educación es educarse. Barcelona; Buenos Aires; México: Paidós, 2000. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 475 ____. 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