Resultados da combinação Thymovar ou Apiguard com
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Resultados da combinação Thymovar ou Apiguard com
À procura da máxima eficácia no tratamento da varroose: Resultados da combinação Thymovar ou Apiguard com Apistan Por: Filipe Nunes (Médico veterinário, Hifarmax) e Carlos Relva (Eng.º Florestal e dos Recursos Naturais, Hifarmax) Introdução O Apistan desde os anos 80 tem sido o produto referência na luta contra a varroa, em mais de quarenta países, porque é fácil de utilizar, apresenta elevada eficácia contra os ácaros, não ataca as abelhas e não tem problemas de contaminação do mel. Estes atributos têm levado á introdução de outros produtos piretróides para o tratamento da varroa, como a flumetrina (Bayvarol), bem como ao uso de preparações artesanais com as mesmas substâncias feitas com base em agro-químicos e comercializadas de forma ilegal. A outra substância utilizada para combater a varroose, o amitraz (Apivar), veio a sofrer do mesmo tipo de problema. Esta situação gerou o desenvolvimento de resistências de forma variável e irregular de região para região, a todas as substâncias sintéticas hoje utilizadas no combate à varroose (Milani 1999, Rice et al 2004; Goodwin et al 2005; Milani 2005), este problema tem levado à procura de novos métodos e produtos para o controlo do parasita (Marcangeli et al 2003; Indorf et al 2003; Schmidt et al 2008). Assim, tem-se verificado um aumentado da utilização dos produtos de base natural na luta contra a varroa, destes com grande destaque o timol. Há mais de uma década que o timol é conhecido e aplicado pelos apicultores no combate à varroa (Marinelli et al 2000). Mesmo com todos estes anos de utilização, ainda não foi documentado nenhum fenómeno de resistência da varroa a esta substância em contraste com outros produtos, alguns bem mais recentes. Correctamente aplicado nas colónias, não suscita problemas de “presença de resíduos” no mel, dado que o mel pode conter naturalmente timol na sua composição. Por outro lado os produtos utilizados na luta contra a varroa em Portugal, à base de timol, Thymovar e Apiguard, têm eficácias superiores a 90%, obtidas em ensaios nacionais, muito perto das eficácias obtidas por Apistan ou Apivar em situação de não resistência (Murilhas & Casaca 2005). No sentido de procurar um sistema que permita eficácias máximas no tratamento da varroose, considerou-se interessante perceber como se comportaria um tratamento em que fossem utilizados Thymovar ou Apiguard (apenas uma aplicação) e Apistan em sequência. Assim, surgiram os ensaios cujos resultados são apresentados abaixo. Estrutura do ensaio Foram realizados dois ensaios (Quadro 1), um em Portugal, no Posto Apícola da Tapada da Ajuda em Lisboa 2011 (ensaio 2), e outro em Itália no Apiario Guido Vatta Loc. S. Croce Di Trieste em 2008 (ensaio 1). Nos ensaios, os tratamentos contra a varroa são compostos por uma combinação de Apistan e uma aplicação de um produto à base de timol Thymovar ou Apiguard. Quadro 1: Quadro com as aplicações e datas de cada aplicação para os ensaios. Ensaio em Itália Início Final 10-08-2008 2º Aplicação Apistan Apiguard (só 1 aplicação) Controlo Ácido Oxálico 1º Aplicação Início Final 20-10-2008 Ensaio em Portugal Thymovar (só 1 aplicação) 16-03-2011 07-04-2011 24-08-2008 20-10-2008 Apistan 07-04-2011 09-05-2011 12-11-2008 14-11-2008 Apivar 09-05-2011 26-05-2011 Os resultados obtidos no ensaio Analisando os gráficos para os dois tratamentos é visível a diferença existente nas curvas de evolução da queda da varroa durante os ensaios (Fig. 1 e 2). No gráfico do ensaio 1, em que a primeira aplicação é o Apistan, o gráfico tem início no dia da aplicação e não se verifica um aumento da queda de varroa de forma abrupta como seria de esperar (Fig. 1), o que pode indicar alguma resistência dos ácaros ao Apistan. Quando é aplicado o produto à base de timol na colmeia verificase um crescimento muito grande no número de varroas mortas. E cerca de 15 dias após a aplicação do produto à base de timol a queda média de varroas encontra-se ao mesmo nível da data de aplicação e continua a decrescer de forma gradual até ser quase zero. Quando é aplicado o tratamento controlo, ocorre um pico grande de queda de varroa porque o acido-oxálico provoca a morte quase imediata das varroas que se encontram sobre as abelhas. Mesmo em colónias com uma população de varroas muito reduzida, como as populações de ácaros existentes nas colónias na parte final do ensaio, quando é aplicado o ácido-oxálico ocorre um pico elevado de queda de ácaros. Média diária da queda de varroa no ensaio combinado; Apistan e Apiguard 80 Número de varroas 70 60 50 Apistan 40 Controlo 30 20 10 0 10-Ago Apiguard 20-Ago 30-Ago 9-Set 19-Set 29-Set 9-Out Data das contagens 19-Out 29-Out 8-Nov Figura 1: Gráfico com a média da queda diária de varroas durante o tratamento combinado, Apistan e Apiguard (só uma aplicação) no ensaio 1. No outro gráfico (Fig. 2) temos uma curva mais constante, com o pico de mortes da varroa mais elevado logo no início do tratamento, na aplicação do produto à base de timol. Esta quantidade de queda vai decrescendo ao longo do tempo. Com a aplicação do Apistan ocorre um pequeno aumento no número de varroas mortas, voltando rapidamente a tendência da curva para próximo de zero. Aquando da aplicação do produto para controlo, volta-se a dar um pequeno pico de mortalidade das varroas. É também de salientar que o ensaio decorreu sempre com temperaturas máximas entre os 15 e os 30ºC e com uma actividade do Thymovar sempre alta. Esta observação vem ao encontro da recomendação de utilização do produto em Portugal que aponta precisamente para o seu uso sempre com temperaturas acima dos 15ºC. Média da queda diária de varroa, no ensaio combinado, Thymovar e Apistan 100 35 90 Número de varroas 25 70 60 20 50 Apistan Controlo 40 15 30 10 20 5 Thymovar 10 Temperatura C 30 80 0 0 01-Mar 21-Mar 27-Mar 02-Abr 08-Abr 22-Abr 10-Mai Datas de contagem Queda de Varroas T. máxima Figura 2: Gráfico com a temperatura máxima durante o ensaio e a média da queda diária de varroas durante o tratamento combinado, Thymovar (só uma aplicação) e Apistan no ensaio 2. Taxas de eficácia Olhando para os gráficos das eficácias (Fig. 3 e 4), é visível que estas foram constantes nos dois ensaios, a eficácia média no ensaio 1 foi de 94,32% (±7,28) e no ensaio 2 foi de 97,16% (±3,54). No primeiro ensaio (Fig. 3) há uma colmeia que apresenta uma eficácia abaixo dos 90%, a colmeia 1. Quando analisamos os dados da queda de varroa, antes e durante o ensaio, apercebemo-nos que esta colónia apresentava uma taxa de infestação muito baixa, com uma queda inicial em redor das 3 varroas e no final do ensaio antes do controlo quedas em torno de 0 a 1 ácaros, aquando da aplicação do tratamento de controlo verificou-se um pico de queda de varroa, registando-se no final uma eficácia na ordem dos 75% nessa colmeia. Eficácia no tratamento Combinado: Apistan e Apiguard (só uma aplicação) Eficácia % 100 80 60 40 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Colmeias Figura 3: Gráfico com as eficácias para o tratamento combinado: Apistan e Apiguard (só uma aplicação) no ensaio 1. Para o ensaio 2 (Fig. 4) não tivemos nenhuma colmeia com uma eficácia inferior a 90%, tendo sido a colmeia número 4 a ter a taxa de eficácia mais baixa, 90%, logo a seguir as colmeias 3 e 5 com eficácias na ordem dos 95% e as restantes colónias com eficácia entre os 98% e os 100%. Mais uma vez fomos observar os valores de queda de varroa, antes e durante o ensaio, verifica-se que as colmeias com taxas de infestação baixas no início do ensaio, no final apresentam taxas de eficácia mais baixas, possivelmente apenas por este efeito aritmético. Eficácia no tratamento combinado; Thymovar (só uma aplicação), Apistan Eficáncia % 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Colmeia Figura 4: Gráfico com as eficácias para o tratamento combinado: Thymovar (só uma aplicação) e Apistan no ensaio 2. Conclusão Os resultados obtidos nos ensaios em que o tratamento combina, Apistan com um produto a base de timol, deixam a ideia de ser uma boa solução para quem procura boas eficácias na luta contra a varroa. Ficando a percepção que o melhor tratamento é o que combina o produto à base de timol como primeira aplicação, pela análise da curva do gráfico da média de queda do ácaro, em que esta é maior logo no início. Tem a vantagem de permitir controlar melhor o dia da aplicação com o Thymovar, pois é a aplicação inicial, uma vez que permite a escolha de um dia com temperaturas entre os 15ºC e os 25ºC, idealmente, e nunca acima dos 35ºC; este é um factor importante para se obterem bons resultados com qualquer um dos produtos à base de timol de forma segura. O ensaio em que o produto à base de timol é a primeira aplicação seguida do Apistan, apresenta boa eficácia, eficácia média 97,16% (±3,54) e todas as colónias tem eficácia acima dos 90%, com a maior parte delas próximas dos 100% de eficácia e apresenta um risco mais baixo para a colónia, por não ocorrer uma sobreposição das duas substâncias. Assim, parece-nos ser esta a estratégia mais recomendável. Este tratamento tem custos um pouco mais elevados, porque é necessário aplicar dois produtos: metade de um tratamento de Thymovar ou Apiguard mais um de Apistan, no entanto apresenta vantagens importantes: 1- Oferece a melhor certeza de eficácia com os produtos actualmente no mercado. 2- Permite uma segurança superior para as abelhas. 3- Não acrescenta mais trabalho comparativamente aos tratamentos a base de Timol. Bibliografia Chiesa, F.; 1991 Effective control of varroatosis using powdered thymol, Apidologie; 22, 135-145 Goodwin, R.; Taylor, M.; McBrydie, H.; Cox, H.; 2005 Base levels of resistance to comnon control compounds by a New Zealand population of Varroa destructor; New Zealand Journal of Crop and Horticultural Science; Imdorf, A.; Charrière, J.; Kilchenmann, V.; Bogdanov, S.; Fluri, P.; 2003 Alternative strategy in central Europe for the of Varroa destructor in honey bee colonies; Apiacta 38 pp 258-285 Imdorf, A; Bogdanov, S.; 1999 Use of Essential Oils for the Control of Varroa jacobsoni; Switzerland Marcangeli, Augusto, J.; Garcia, M.; (2003); Control of Varroa destructor (Mesostigmata: Varroidae) in honeybee colonies of Apis mellifera Hymenoptera: Apidae) by means of different active agents; Revista de la Sociedad Entomológica Argentina; Milani, N.; 1995 The resistance of Varroa jacobsoni Oud to pyrethroisds; Apidologie; Milani, N.; 1999 The resistance of Varroa jacobsoni Oud. To acaricides; Apidologie; Murilhas, A.; Casaca, J.; (2005) - Utilização do Timol na Luta Contra a Varroa em Portugal; Programa Agro Rice, N.; Winston, M.; Higo, H.; 2004 Integrated Pest Management for the Parasitic Mite Varroa destructor (Anderson and Trueman) in Colonies of Honey Bees (Apis mellifera); America Bee Journal; Schmidt, V.; Neira, M.; Carrillo, R.; 2008 Comparison of the acaricides BAYVAROL® (i.a. flumetrine) and Apilife Var (i.a. menthol, thymol, alcamphor y eucalyptol) for the spring control of Varroa destructor Anderson and Trueman; Ciencia Agraria, Agosto;
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