Caracterização dos Conselhos de Direitos e de
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Caracterização dos Conselhos de Direitos e de
Caracterização dos Conselhos de Direitos e de Cidadania do Estado de São Paulo Diagnóstico Institucional Volume 2 – Conselho Estadual da Condição Feminina - CECF SECRETARIA DA JUSTIÇA E DA DEFESA DA CIDADANIA Caracterização dos conselhos estaduais de direitos e de cidadania Volume 2 - Conselho Estadual da Condição Feminina - CECF Relatório de pesquisa Ficha Técnica: Pesquisa, análise de dados e sistematização: Sergio Andrade Organização de dados e transcrição de áudio: Eduardo Brandão 2 Esta pesquisa não teria sido possível sem a inestimável colaboração dos(as) funcionários(as) que atuaram nos conselhos e na Secretaria de Relações Institucionais, bem como, dos(as) conselheiros(as) e presidentes que gentilmente cederam seu tempo esperando que o resultado pudesse contribuir com a nobre tarefa que é de ser conselheiro(a). Esperamos corresponder à altura as suas expectativas. 3 Introdução Em novembro de 2010, a propósito da mudança de governo que ocorreria nos próximos meses, iniciamos um trabalho de diagnóstico da situação dos conselhos estaduais de direito e de cidadania, então vinculados à Secretaria de Relações Institucionais e à sua Unidade de Articulação e Apoio a Conselhos (UAAC). Na ocasião, participaram do levantamento o Conselho Estadual da Condição Feminina – CECF, o Conselho Estadual da Criança e do Adolescente – CONDECA, o Conselho Estadual do Idoso – CEI e o Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Nordestina – COPANE. A pesquisa foi então concebida como subsídio à transição de governo. Seu propósito, assim, foi o de permitir que os responsáveis pelo apoio às atividades dos conselhos contassem com informações relevantes e atualizadas sobre a realidade destes conselhos, possibilitando-lhes um planejamento mais adequado às respectivas realidades. Para tanto, a pesquisa procurou identificar o perfil dos conselheiros, mas também informações institucionais sobre o conselho, sua atuação, processo decisório, organização, estratégias para controle social e incidência em políticas públicas, além de suas relações com o Estado. Concluída agora com o apoio da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania, órgão ao qual hoje estão vinculados os conselhos, esperamos a publicação deste trabalho possa efetivamente representar uma contribuição para o avanço nas relações entre o Estado e os conselhos, contribuindo para a construção de uma estratégia, por parte do Estado, que fortaleça a participação e o controle social e, com isso, a democracia participativa. Da parte dos conselhos, esperamos que os resultados possam estimular uma reflexão a respeito do trabalho que os conselhos vêm realizando, estimulando o aproveitamento de seu potencial e a correção de rumos, quando necessário. Tendo como dimensões de nossa missão o fortalecimento da gestão pública e o apoio às instâncias de participação e de controle social, acreditamos que a qualidade das políticas públicas se faz a partir do desenvolvimento das capacidades institucionais, técnicas e políticas e da qualificação da participação social. Partindo dessa visão, que é também um compromisso, apresentamos ao leitor(a) a presente publicação, a qual busca ensejar alguns caminhos tanto para o aprimoramento das políticas de apoio aos conselhos, como também, para a reflexão necessária para qualificar ainda mais a atuação dos conselhos. Sergio Andrade Diretor Executivo Agenda Pública – Agência de Análise e Cooperação em Políticas Públicas 4 Metodologia de investigação A estrutura do trabalho está dividida em 11 critérios. Para cada um desses critérios, propõem-se um perguntário (o que queremos saber especificamente) e dimensões para orientar a avaliação, as quais vêm acompanhadas de seus respectivos conceitos e métodos de pesquisa. CRITÉRIOS 1. Representação Questionamentos: Quais os critérios de escolha dos representantes? Quem eles representam? Qual a relação do representante com o representado? O conselheiro age como representante? Dimensões Conceito Método de pesquisa Territorialidade Composição do Conselho por origem geográfica. Legitimidade Forma de eleição dos conselheiros e critérios de escolhas. Quórum nas eleições, antecedência de convocação dos pleitos, publicização. Levantamento de informações junto ao funcionário da UAAC no Conselho (Tabela de informações básicas sobre os conselheiros) Consulta ao regimento interno do Conselho. Processo eleitoral Relação do representante com o representado Processo de informação sobre opiniões do segmento e prestação de contas aos representados. Representatividade Atores sociais representados pelos conselheiros, histórico de atuação do conselheiro. Performance do representante Atuação como representante junto à agenda dos representados. Levantamento de informações junto a funcionário da UAAC no Conselho (Tabela de informações básicas sobre os conselheiros e Roteiro de informações institucionais). Entrevistas com conselheiros. 1 - Levantamento de informações junto a funcionário da UAAC no Conselho (Tabela de informações básicas sobre os conselheiros). 2- Aplicação de questionário a conselheiros. 1- Entrevistas com conselheiros. 2- Aplicação de questionário a conselheiros. 5 2. Organização Questionamentos: Como o Conselho se organiza? Dimensões Conceito Método de pesquisa Tipo de conselho Deliberativo, consultivo, normativo (evidência: formal x informal). Paritário, não paritário, proporção dos segmentos representados. 1 - Consulta ao regimento interno do Conselho. 2 - Aplicação de questionário a conselheiros. Estrutura Documentação Documentos que normatizam o Conselho. 1 - Consulta ao regimento interno do Conselho. 2 - Levantamento de informações junto a funcionário da UAAC no Conselho (Tabela de informação básica sobre os conselheiros). Levantamento de informações junto a funcionário da UAAC no Conselho (Roteiro de informações institucionais). 3. Processo decisório Questionamentos: Como são tomadas as decisões nos Conselhos? Qual o papel das hierarquias nesse processo? Que fatores influenciam nas decisões? O processo decisório está institucionalizado? Dimensões Conceito Método de pesquisa Poder de pauta Influência nas decisões Tomada de decisão Quem determina a pauta do conselho (informal). Quem são os conselheiros mais participativos, influentes e importantes. Como individualmente o conselheiro toma decisões (fatores de influência.) Entrevistas com conselheiros. Entrevistas com conselheiros. Aplicação de questionário a conselheiros. 4. Articulação institucional Questionamentos: Com quais instituições o Conselho mantém parcerias? Com quais instituições, redes e movimentos sociais se articula para a ação política e formação de consensos? Como se relaciona com os Conselhos Municipais? Dimensões Conceito Método de pesquisa Parcerias formais e informais Relações institucionalizadas com organizações. 1 – Entrevistas com conselheiros 2 – Levantamento de informações junto a funcionário da UAAC no Conselho (Roteiro de informações institucionais). 6 Articulação Governança Instituições, redes e movimentos sociais com os quais o Conselho se articula para a ação política e formação de consensos. Diálogo, apoio e interlocução com os Conselhos Municipais. Entrevistas com conselheiros. 1 – Entrevistas com conselheiros. 2 – Consulta ao regimento interno do Conselho. 5. Relação com o Estado Questionamentos: Como o Conselho avalia o apoio recebido pelo Estado (UAAC, SRI)? Como avalia a permeabilidade do Estado a suas deliberações, demandas e reivindicações? Dimensão Conceito Método de pesquisa Apoio administrativo, financeiro e estratégico Suporte às atividades cotidianas e de gestão do Conselho Respaldo do Estado às decisões do Conselho Entrevistas com conselheiros. Permeabilidade a deliberações do Conselho Entrevistas com conselheiros. 6. Comunicação social Questionamentos: Por quais meios e com qual periodicidade o Conselho divulga suas ações? Possui mecanismos de comunicação interativa com a sociedade civil? Emite notas públicas ou manifestações sobre fatos ou discussões que envolvam o segmento representado? Dimensões Conceito Método de pesquisa Meios de comunicação Meios de comunicação utilizados para divulgação das atividades do Conselho (periodicidade). Canais de interação com a sociedade civil Existência de ouvidoria, “fale conosco”, atendimento pessoal, plantão, etc. Posicionamento político Emissão de manifestações públicas diante de situações controversas que envolvam o segmento representado. 1 - Levantamento de informações junto a funcionário da UAAC no Conselho (Roteiro de informações institucionais). 2 – Entrevista com conselheiros. Levantamento de informações junto a funcionário da UAAC no Conselho (Roteiro de informações institucionais). Entrevistas com conselheiros. 7 7. Incidência em políticas públicas (elaboração, implantação e monitoramento) Questionamentos: Como o Conselho tem atuado efetivamente na elaboração ou execução de políticas públicas? Quais leis, decretos ou ações governamentais nos últimos 2 anos contaram com alguma participação do Conselho? Participa de algum fórum de discussão ou grupo de trabalho voltado para temas relacionados ao segmento (intersetorialidade)? Dimensões Conceito Método de pesquisa Atuação efetiva Entrevistas com conselheiros. Trabalho intersetorial Atuação efetiva na elaboração ou execução de políticas públicas (leis, normas, decretos ou ações governamentais). Participação em fóruns de discussão ou grupo de trabalho (governamentais ou não) voltado para temas relacionados ao segmento. Entrevistas com conselheiros. 8. Participação social Questionamentos: Como as Conferências são organizadas? Qual o papel do Conselho na sua produção? Como são escolhidos os delegados? Como o Conselho transforma os resultados das Conferências em ferramentas de ação? Há um diálogo entre o Conselho e outras organizações/ instituições que se assumem como representantes do segmento (participação assumida)? Dimensões Conceito Método de pesquisa Organização das Conferências Preparação, processo e resultados das Conferências. Entrevistas com conselheiros. 9. Controle social Questionamentos: Como o conselho desempenha a função de controle social? Opera articulação com órgãos de controle social? Dimensões Conceito Método de pesquisa Práticas de controle social Atuação efetiva no monitoramento e controle social das políticas públicas (acompanhamento e influência no processo orçamentário, participação em comissões ou audiências públicas, análise e discussão dos problemas do segmento e das respostas governamentais, etc). Entrevistas com conselheiros. 8 Controle externo Articulação com órgãos oficiais de controle externo do Estado (MP, TCE, Legislativo) e instituições não-estatais (observatórios, sindicatos, mídia etc). Entrevistas com conselheiros. 10. Agenda do segmento Questionamentos: Os conselheiros conhecem as normas e leis que regulamentam os direitos do segmento por eles representados? O Conselho acompanha e de algum modo sistematiza a agenda do segmento representado? As ações e pautas do Conselho estão em sintonia com essa agenda? Dimensões Conceito Método de pesquisa Conhecimento de causa Conhecimento, por parte dos conselheiros, das normas e das leis que regulamentam os direitos do segmento representado. Compilação das informações, demandas e prioridades relacionadas ao segmento (livros, notícias, artigos, vídeos, sites, etc). Entrevistas com conselheiros. Gestão da informação Correspondênci a temática Correspondência entre os temas deliberados na Conferência e a agenda das reuniões. 1 - Entrevistas com conselheiros. 2 - Levantamento de informações junto a funcionário da UAAC no Conselho (Roteiro de informações institucionais). Análise de documentação. 11. Gestão Questionamentos: O Conselho realiza rotina de planejamento estratégico? Utiliza-se de diagnóstico para planejar? Possui plano de ação? Monitora suas ações? Utiliza-se de indicadores e metas? Dimensões Conceito Método de pesquisa Planejamento estratégico Presença de documento que inclua a análise do ambiente operacional interno e externo, a formulação da missão e a visão de futuro da organização, a identificação dos seus objetivos e metas prioritários, a definição das estratégias para a sua consecução e os respectivos mecanismos de controle e avaliação. Análise de documentação. 9 Plano de ação Monitorament o e avaliação Expressão concreta de um resultado a ser alcançado, contendo definições precisas a cerca de quando, como, para quê e com que meios a ação acontecerá, permitindo a extração de indicadores / medidores de natureza qualitativa e quantitativa. Unidade operativa básica da função Planejamento. Existência de processo rotinizado de acompanhamento, revisão e avaliação de objetivos baseado em indicadores e metas pré-estabelecidas. Análise de documentação. Análise de documentação. Instrumentos de pesquisa Os instrumentos de pesquisa empregados consistiram de: questionário específico para caracterização dos conselheiros. Foi enviado a todos os conselheiros em formato digital, o que permitiu o preenchimento online ou por email e a transferência automática das informações diretamente para um banco de dados; entrevistas em profundidade com os presidentes dos conselhos e com conselheiros indicados por seus pares no questionário ou na entrevista com o presidente. As entrevistas levantaram informações institucionais e sobre a atuação dos conselhos; roteiro de levantamento de informações institucionais sobre os conselhos. Foi distribuído aos funcionários da UAAC alocados em cada conselho; tabela de informações básicas sobre os conselheiros (informações individuais e sobre representação); análise de estatutos e regimentos internos; observação participante (participação nas reuniões dos conselhos); material bibliográfico. Universo da pesquisa Lista de conselheiros que responderam ao questionário digital: Nome Civil/ governamental Data e hora do envio Cintia Regina Béo Gov. 25/11 15h13 Bianca Briguglio Gov. 02/12 12h40 10 Maria Aparecida de S. Costa Silva 12/02 13h13 Ana Maria Lanatovitz 02/12 17h17 Maria dos Anjos M. Hellmeister 08/12 08h58 Muna Zeyn Civil 10/12 18h32 Dalila Eugenia Maranhão Dias Figueiredo Civil 13/12 12h11 Eliza Gabriel da Costa Gov. 13/12 12h36 Cláudia Medeiros de Castro Gov. 17/12 15h10 Sandra Andreoni de Oliveira Ribeiro Civil 21/12 16h18 Eleuza Guazzelli Gov. 06/01 12h43 Entrevistas em profundidade: Rosmary Correa – presidente Vera Golik SISTEMATIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES Apresentação Além das questões metodológicas já citadas anteriormente, esta pesquisa teve como preocupação fundamental apresentar as conclusões de forma bastante objetiva e visual. Mais do que relacionar comentários e fazer recomendações, buscamos suportar nossas conclusões no limite autorizado pelos comentários dos(as) próprios(as) entrevistados(as). Com isso, o formato geral da apresentação traz, inicialmente, um gráfico ou um quadro da categoria em análise, suportando as conclusões nas falas dos(as) conselheiros(as). Os comentários seguem a mesma lógica. São absolutamente fidedignos, nesse sentido, às entrevistas transcritas e aos questionários aplicados pela internet. Outra proposição foi dar às conclusões a maior facilidade de compreensão possível, visando a um entendimento e apreensão rápidos. Isso porque achamos que a justificativa da pesquisa se faz pela sua possibilidade de aplicação como instrumento para a melhoria da gestão e para a qualificação da participação social. Neste caso, a partir de conversas ou debates motivados pelas informações que a pesquisa exibe. Seu uso, portanto, pode subsidiar o planejamento, mas também pode alimentar discussões no âmbito do conselho. Esperamos que possa alcançar esse objetivo. 11 Sobre o Conselho Estadual da Condição Feminina – CECF O Conselho Estadual da Condição Feminina foi institucionalizado pela Lei n° 5.447, de 19 de dezembro de 1986, com a finalidade de apresentar um diagnóstico sobre a situação da mulher no Estado e propor a elaboração de uma política global de enfrentamento às causas que excluíam a mulher exercício de sua cidadania. O funcionamento do Conselho é normatizado somente pelo Regimento Interno, criado pelo Decreto Estadual de Criação nº 5.447-86, não possuindo Estatuto. É composto por 32 conselheiras, todas elas mulheres, sendo 20 representantes da sociedade civil (10 titulares e 10 suplentes) e 10 de secretarias estaduais e do Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural de São Paulo, e havendo, hoje, dois cargos vagos. Após a promulgação da Lei Maria da Penha (11.340/06), o conselho concentrou atividades na garantia do seu cumprimento, engajando-se especialmente no combate às formas de violência contra a mulher. À época da pesquisa, o conselho era presidido pela Delegada Rosmary Corrêa, com mandato para 2010/2011. Esteve, até o final de 2010, vinculado à Secretaria de Relações Institucionais, passando, a partir de então, a fazer parte da pasta da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. 1. Organização 1.1. Tipo de conselho Fonte: Tabela de informações básicas sobre os conselheiros 12 1.2. Estrutura Fonte: Tabela de informações básicas sobre os conselheiros 1.3. Composição Fonte: Tabela de informações básicas sobre os conselheiros 13 2. Representação 2.1. Territorialidade: Administrativas distribuição territorial dos conselheiros pelas Regiões Fonte: Roteiro de Informações Institucionais 2.2. Legitimidade: processo de escolha dos representantes Fonte: Roteiro de Informações Institucionais 14 Falta divulgação do pleito de modo a atrair maior número de candidatas do interior do Estado. “Quando termina uma gestão, é montada uma Comissão de Eleição, é publicado um edital no Diário Oficial e as entidades se inscrevem, e essa Comissão de Eleição verifica aqueles que estão dentro dos requisitos necessários para poder pertencer ao Conselho Estadual da Condição Feminina, e as pessoas são escolhidas através desses requisitos, se atenderem esses requisitos. E, pelo que eu sei – eu participei da eleição passada me colocando como, vamos dizer assim, candidata; eu fui escolhida pela Comissão de Eleição. Então, como eu não acompanhei, eu não posso dizer a você se, por acaso, nós não conseguimos fazer a divulgação necessária no interior, para que outras entidades pudessem estar se inscrevendo. Ou se as unidades do interior não tiveram interesse; é muito difícil dizer por quê. Até porque eu não participei do momento da eleição das novas conselheiras. O que se pretende fazer é que na próxima a gente consiga ter essa representatividade do interior”. (Porém), “eu acho que houve – na minha opinião – falta de divulgação. Porque nós conhecemos as instituições, as organizações, de mulheres do interior e tem locais onde nós temos movimentos fortíssimos”. Rosmary Corrêa – presidente do CECF 2.3. Processo eleitoral Trinta dias antes do término dos mandatos, o Conselho, após consulta a segmentos da sociedade civil atuantes na defesa dos direitos da mulher, envia sugestões de nomes ao governador do Estado. A ele compete a designação das conselheiras que integrarão a nova gestão. O Conselho da Condição Feminina é presidido por uma Presidente, designada também pelo governador, entre as conselheiras eleitas. A forma de divulgação do processo eleitoral é através de Edital, publicado no Diário Oficial. Esta publicação serve para abrir a chamada àquelas que desejam concorrer à vaga. No último pleito, a informação também foi enviada via e-mails para vários representantes da sociedade civil, tendo em vista que várias mulheres pleiteavam fazer parte do Conselho. 2.4. Relação do representante com o representado Fonte: Questionário de caracterização dos conselheiros 15 Compartilhamento das decisões ou discussões realizadas no conselho é frequente. O(A) senhor(a) compartilha com outras pessoas as decisões ou discussões que realiza no conselho? De que maneira? “Sim, por meio de conversas e informes com meus colegas na Secretaria do Trabalho. Estar no Conselho Estadual da Condição Feminina me outorgou um novo lugar de fala no meu trabalho, é como se o que eu dissesse tivesse mais respaldo em função do Conselho”. Bianca Briguglio, Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho “Sim, principalmente se há alguma questão polêmica, a questão é discutida com a equipe de trabalho. Pois, como sou representante da SES/SP, devo expressar a posição da instituição que represento”. Cláudia Medeiros de Castro, Secretaria de Estado da Saúde “Nas reuniões”. Maria Aparecida de Souza Costa Silva, Prefeitura de São Paulo “Hoje, quando tem alguma questão importante, eu participo. Decisões são tomadas nas reuniões do conselho.” Muna Zeyn, Programa de Mulher “Compartilhamos sempre com os grupos de mulheres que temos contato, ou seja, em todas as oportunidades que surgem seja no nosso trabalho ou como representante”. Sandra Andreoni de Oliveira Ribeiro, Associação Popular de Saúde/ Cangaiba “Compartilho sim, passando à presidente do Conselho Municipal as diretrizes das nossas reuniões de SP. Inclusive com visitas das Conselheiras Municipais à sede do CECF/SP”. Eliza Gabriel da Costa, Secretaria Municipal de Educação de Limeira Deliberação com outras pessoas fora do conselho sobre as posições que deve assumir no conselho é, na maioria das vezes, ocasional. Normalmente, a posição parte da convicção da conselheira. O(a) senhor(a) delibera com outras pessoas ou organizações sobre as posições que deve assumir no conselho? Poderia nos contar um pouco a respeito? “Não, mas como Conselheira representante da sociedade civil organizada, tenho por hábito passar os informes e quando há necessidade de apoio institucional vou em busca do mesmo”. 16 Maria dos Anjos Mesquita Hellmeister, Federação dos Empregados em Turismo e Hospitalidade “Não”. Bianca Briguglio, Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho “Sim, com o Presidente de Honra e Vitalício, da ACRIMESP, entidade na qual tenho representatividade junto ao Conselho”. Ana Maria Lanatovitz, ACRIMESP - Assoc. Advogados Criminalistas de São Paulo - Regional Guarulhos “Não atuo no segmento.” Cintia Regina Béo, Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania “Algumas sim. Escuto muito o movimento sindical, movimento popular”. Muna Zeyn, Programa de Mulher “Sim, principalmente se há alguma questão polêmica, a questão é discutida com a equipe de trabalho. Pois, como sou representante da SES/SP, devo expressar a posição da instituição que represento”. Cláudia Medeiros de Castro, Secretaria de Estado da Saúde “Trocamos sempre ideias com os segmentos que representamos, porém, o CECF respeita as posições das conselheiras (...)”. Sandra Andreoni de Oliveira Ribeiro, Associação Popular de Saúde/ Cangaiba “Com reuniões periódicas realizadas nas casas de membros do grupo de mulheres negras ou do Instituto Odoya debatemos posições a ser tomadas dentro do Conselho”. Eliza Gabriel da Costa, Secretaria Municipal de Educação de Limeira “Sim, até porque represento a sociedade civil, não posso responder por mim, mas represento um segmento que deve ser consultado e informado de tudo”. Maria Aparecida de Souza Costa Silva, Prefeitura de São Paulo Tomam conhecimento das demandas do segmento através do cotidiano do trabalho, principalmente, mas também por meio do conselho. Como o(a) senhor(a) toma conhecimento das demandas e da agenda do segmento que representa? 17 “Na área da saúde, as demandas são expressas no Plano Estadual de Saúde e nas conferências de saúde (municipal, estadual e nacional), que contemplam as propostas de organizações da sociedade civil, das usuárias, dos profissionais, dos gestores. Existem também dados epidemiológicos e os indicadores de saúde que também nos indicam quais as prioridades”. Cláudia Medeiros de Castro, Secretaria de Estado da Saúde “Sou conselheira do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher representando a Secretaria Municipal da Educação e através da minha participação no Conselho tomo conhecimento das demandas e trago informes do CECF/SP para o município de Limeira”. Eliza Gabriel da Costa, Secretaria Municipal de Educação de Limeira 2.5. Representatividade 2.5.1. Representatividade e pluralidade institucional do conselho Fonte: Roteiro de Informações Institucionais Presença preponderante de ONGs, baixo número de representantes de movimentos sociais e populares do Estado como um todo. Uma análise da composição do conselho revela que há relativa diversidade no interior do conselho, principalmente, quando analisamos o caráter geográfico da representação. 18 Organização (ONG, órgão público, movimento social, etc) ACRIMESP - Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo ASBRAD – Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude Associação de Mulheres Luz Divina Associação Popular de Saúde AVESP – Associação das Vereadoras do Estado de São Paulo Casa Isabel - Centro de Apoio à Mulher, à Criança e ao Adolescente Vítimas de Violência Doméstica Coletivo de Mulheres Ana Montenegro Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Valinhos Defensoria Pública do Estado de São Paulo Elas por elas Vozes e Ações das Mulheres Federação das Mulheres Paulistas Federação dos Empregados em Turismo e Hospitalidade do Estado de São Paulo Frente Paulista de Habitação Popular Fundo de Solidariedade Social e Cultural Grupo de Mulheres Ilê Dandara Mulheres da Verdade OAB – Ordem dos Advogados do Brasil OAB – Subsecção Diadema Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania Secretaria da Segurança Pública Secretaria de Estado da Educação Secretaria de Estado da Habitação Secretaria de Estado da Saúde Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social Secretaria Meio Ambiente Sindicato dos Escrivães de Polícia do Estado de São Paulo SINSAUDESP – Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de São Paulo UBM – União Brasileira de Mulheres UGT – União Geral dos Trabalhadores 19 2.5.2. Vínculo entre a trajetória dos conselheiros e os temas do segmento Fonte: Questionário de caracterização dos conselheiros Atividade profissional dos conselheiros está fortemente vinculada a atividades relativas ao segmento. “Sempre que tem alguma atividade ligada a Saúde da Mulher, sou convocada para dar minha contribuição uma vez que pelo meu currículo (sic) fui Coordenadora da Saúde da Mulher, Criança e do Adolescente do Estado do Rio de Janeiro, Membro da Comissão de Mortalidade materna e Perinatal do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro de (1987 a 1992) entre outros. Já em São Paulo, desde janeiro de 1993, fui Vice-Presidente Nacional da ABENFO/Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstetras, e posteriormente, Presidente da ABENFO /Seção São Paulo - Diretora Científico-Cultural Nacional, da Associação Brasileira de Enfermagem. (Fui) coordenadora da Mulher da Prefeitura de São Paulo (e) colaboradora da Organização Panamericana de Saúde na publicação sobre Consulta de Enfermagem no Pré Natal e vários capítulos do livro Enfermagem Perinatal / HU/USP. (Fui) convidada como representante da ABENFO no Comitê de Mortalidade Materna do Estado de São Paulo e pelo Ministério da Saúde na Comissão Nacional do Prêmio Galba Araujo, entre outras atividades desenvolvidas em prol da saúde da mulher.” Sandra Andreoni de Oliveira Ribeiro, Associação Popular de Saúde/ Cangaiba “Rotina ligada ao comitê morte materna, e ao participar de palestras e eventos, sempre cito o conselho”. Muna Zeyn, Programa de Mulher “Integrando a Equipe de Ciências e Biologia e responsável pela Educação em Saúde, tenho buscado articular ações e projetos relativos à adolescência, à saúde e prevenção, sexualidade, gravidez na adolescência, gênero, direitos sexuais e reprodutivos, doenças sexualmente transmissíveis/HIV/HPV ao conteúdo das diferentes áreas do conhecimento. Nessa direção, quando da realização de Orientações Técnicas para Professores 20 Coordenadores da Oficina Pedagógica de todas as Diretorias de Ensino do Estado, a perspectiva da condição feminina é colocada. Além desse âmbito de formação, divulgo via e-mail, as principais orientações demandadas do Conselho Estadual da Condição Feminina para os educadores de todas as Diretorias de Ensino” . Eleuza Guazzelli, Secretaria de Estado da Educação - Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP 2.6. Performance do representante Fonte: Questionário de caracterização dos conselheiros Trajetórias de trabalho vinculadas ao tema. “Atuamos no enfrentamento a todas as formas de violência contra a mulher, contra a criança e o adolescente, principalmente a violência doméstica e sexual e o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual. Há 8 anos participamos do Grupo de Estudos Mulheres Encarceradas, com o intuito de contribuir com o monitoramento da situação das detentas, principalmente no Estado de São Paulo. Ao longo de dos mais de 10 anos de existência construímos metodologias inovadoras como a de "atendimento humanizado a deportados, inadmitidos e vítimas de tráfico para fins de exploração sexual”, com atenção especial a mulheres e transgêneros. Através do projeto da Partners Of Americas, contribuímos com a construção de metodologia de atendimento a crianças e adolescentes vítimas de tráfico para fins de exploração sexual, com atenção especial aos abrigos. Nosso movimento, sempre foi no sentido de divulgar as ações dos CECF na discussão de políticas públicas afirmativas na defesa dos direitos das mulheres e no combate a toda forma de violência e discriminação contra a mulher” Dalila Eugênia Maranhão Dias Figueiredo – Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude “Trabalho com a temática Saúde da Mulher desde 1992 (...). Em seguida fui admitida por concurso público na SES/SP, onde trabalhei em hospital maternidade e no Centro de Referência da Saúde da Mulher. Dediquei-me às atividades assistenciais voltadas para a 21 mulher e, hoje, trabalho no planejamento e monitoramento das políticas públicas para a saúde da mulher no Estado.” Cláudia Medeiros de Castro, Secretaria de Estado da Saúde “Luto pela formulação de políticas públicas. Participei direta como conselheira em três grandes projetos: lei do parto, que vincula a mulher, com compromisso de reduzir a morte materna, (...) tenho trabalhado na fiscalização da lei; lei brinquedoteca, todo hospital pediátrico precisa ter um espaço lúdico para a criança internada, hoje fiscalizo a implementação da lei; lei de que 5% do fundo partidário para mulheres e do fundo de mídia, que também está sendo fiscalizada. Participo de muitas palestras no combate a violências e (sobre) a importância das mulheres se empoderarem. Participei da comissão multipartidária e participo da comissão de morte materna”. Muna Zeyn, Programa de Mulher “Ações ligadas à classe. Atendimento, encaminhamento e orientação jurídica e psicossocial às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Ações sociais: Dia internacional da mulher com a tradicional entrega de botões de rosas - Fórum Criminal da Barra Funda; Júri simulado com casos verídicos ref. e ligados à violência c/ mulher; Acrimesp/Natal sem violência - natal para 2.300 crianças carentes em parceria com A UNIFIG/Guarulhos. Organização de Palestras ao longo ano; Criação da OSCIP "Instituto Nacional de Defesa das Mulheres Consumidoras - IMDC". Participação e orientação na Rádio existente dentro do Presídio Feminino de Pinheiros (VOZES). Participação na mídia”. Ana Maria Lanatovitz, ACRIMESP - Assoc. Advogados Criminalistas de São Paulo - Regional Guarulhos 2.7. Atuação do conselheiro no interior do conselho Fonte: Entrevistas em profundidade e observação participante Apesar de o conselho manter um clima ativo de discussão e debate, há poucas comissões internas o que limita sua capacidade de atuação. 22 Representação governamental é ativa. “Nós temos aqui as representantes governamentais, que por sinal são excelentes, nós temos uma participação delas de quase 90% nas reuniões. E aí, em cada Secretaria, a sua representante, quando há algum problema, nos traz o problema para que nós, então, possamos preparar algum tipo de documento ou de conversa para – vamos dizer – ou parar o que está sendo feito, ou melhorar, ou pedir até que se faça alguma coisa. (...) Nós tivemos um problema de assédio moral no trabalho, e aí a conselheira da Secretaria do Trabalho conversou com a sua chefia e organizou um seminário, dentro da Secretaria do Trabalho, para os funcionários especificamente, sobre assédio moral no trabalho. As discussões dos órgãos institucionais acabam chegando para a gente pelas próprias conselheiras, e aí o Conselho estuda de que maneira ele vai poder influenciar ou interferir”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF. “Procuro conciliar as demandas do CECF, apresentadas nas reuniões, com as atividades da SES, algumas vezes surgem propostas no CECF, dirigidas para a Saúde da Mulher, que não são viáveis ou sustentáveis na perspectiva da Saúde Pública e é necessário fazer o esclarecimento. Em outros momentos, é possível realizar ações conjuntas e otimizar recursos, como por exemplo, quando levamos o teste rápido para detecção do HIV em atividades protagonizadas pelo CECF. No tema enfrentamento da violência o CECF é um importante indutor de ações e temos conseguido somar forças para a elaboração de propostas intersetoriais”. Cláudia Medeiros de Castro, Secretaria de Estado da Saúde. “Sou feminista e pedi ao chefe de gabinete da Secretaria em que trabalho se poderia representá-la junto a este Conselho, pois tenho muito interesse em acompanhar os debates e discussões com mulheres de outros lugares neste Conselho, além de ter a possibilidade de subsidiar a elaboração de políticas públicas para as mulheres”. Bianca Briguglio, Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho 3. Processo decisório 3.1. Poder de pauta: quem propõe a pauta das reuniões Fonte: Roteiro de Informações Institucionais, entrevistas em profundidade 23 Conteúdo das pautas: As pautas são definidas “nas reuniões”. “A pauta, normalmente – como eu estou aqui todos os dias e eu vou acompanhando os fatos que vão acontecendo –, eu faço a pauta dos assuntos a serem discutidos, elas recebem, e depois cada uma coloca se tem alguma coisa a mais, nos outros assuntos que têm no final, aí então pode entrar um assunto diferente na pauta, trazido pela conselheira, ou da sociedade civil, ou governamental”. Rosmary Corrêa – presidente do CECF 3.2. Pauta: como se chega às decisões Fonte: Regimento Interno 3.3. Influência nas decisões Nome do conselheiro Rosmary Corrêa Cintia Regina Béo Cláudia Medeiros de Castro Ana Maria Labanovitz Sandra Andreoni de Oliveira Ribeiro Vera Cristina Golik Órgão de origem Mulheres da Verdade Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania Secretaria da Saúde Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo Associação Popular da Saúde Elas por Elas – Vozes e Ações das Mulheres Cargo no Conselho Presidente Conselheira Conselheira Conselheira Membro da Diretoria Executiva Conselheira Fonte: entrevistas em profundidade, questionário de caracterização dos conselheiros 24 3.4. Tomada de decisão Origem das opiniões do conselheiro Fonte: entrevistas em profundidade, questionário de caracterização dos conselheiros “(...) como Conselheira representante da sociedade civil organizada, tenho por hábito passar os informes e quando há necessidade de apoio institucional vou em busca do mesmo”. Maria dos Anjos Mesquita Hellmeister, Federação dos Empregados em Turismo e Origem das Hospitalidade opiniões do conselheiro “(...) Escuto muito o movimento sindical, movimento popular”. Muna Zeyn, Programa de Mulher “(...) se há alguma questão polêmica, a questão é discutida com a equipe de trabalho. Pois, como sou representante da SES/SP, devo expressar a posição da instituição que represento”. Cláudia Medeiros de Castro, Secretaria de Estado da Saúde “Trocamos sempre ideias com os segmentos que representamos, porém, o CECF respeita as posições das conselheiras (...)”. Sandra Andreoni de Oliveira Ribeiro, Associação Popular de Saúde/ Cangaiba 25 “Com reuniões periódicas realizadas nas casas de membros do grupo de mulheres negras ou do Instituto Odoya debatemos posições a ser tomadas dentro do Conselho”. Eliza Gabriel da Costa, Secretaria Municipal de Educação de Limeira “(...) represento a sociedade civil, não posso responder por mim, mas represento um segmento que deve ser consultado e informado de tudo”. Maria Aparecida de Souza Costa Silva, Prefeitura de São Paulo 4. Articulação institucional 4.1. Parcerias formais e informais Listagem das parcerias formais Órgão parceiro Função da parceria junto à atuação do Conselho Secretaria de Segurança Pública Apoio a casos de violência à mulher via Delegacia Geral da Polícia Fonte: Roteiro de Informações Institucionais, entrevistas em profundidade Conselho investe pouco na definição de parcerias formais com objetivos claros e metas definidas. “Todas as parcerias do CECF são informais com a OAB, com o SINDEBELEZA, com o SINSAUDESP, com a Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania”. Roteiro de Informações Institucionais “Nós trabalhamos com todos os organismos institucionais de mulheres que são as assessorias, as secretarias e as coordenadorias de mulher. Trabalhamos com as entidades da sociedade civil, principalmente com aquelas representadas pelas nossas conselheiras, sindicatos, o Movimento Negro inclusive, com que, apesar de não ser do Movimento Negro o Conselho, a gente se relaciona. E com os órgãos governamentais, praticamente todos, porque nós temos necessidade, principalmente, do trabalho de violência da Secretaria de Segurança, da Assessoria Especial da Mulher, que funciona na Delegacia Geral de Polícia, nas delegacias do interior. Então, aqui a gente consegue fazer uma interlocução muito tranqüila com as secretarias de estado, com os órgãos institucionais da mulher e com os Conselhos Municipais da Mulher existentes já nos municípios do Estado de São Paulo”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 26 4.2. Articulação: Instituições, redes e movimentos sociais com os quais o Conselho se articula para a ação política e formação de consensos. Fonte: entrevistas em profundidade, Questionário de caracterização dos conselheiros Articulação do conselho concentra-se na área da violência contra a mulher. “Nós temos o trabalho com o Elas por Elas, que é uma ONG particular e não tem a ver com o governo, também com a União de Mulheres do Brasil e a União da Mulher de São Paulo. Todas essas ONGs mais conhecidas que trabalham com a violência contra a mulher e que não são institucionais nós procuramos sempre estar trazendo para (trabalhar) conosco”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF Relacionamento com movimentos sociais e instituições ligadas ao segmento se dá pelo compartilhamento de notícias e informações enviadas por e-mail. “Nós temos um mailing com todas elas e nós constamos no mailing de todas elas. Então, em todos os eventos que acontecem, nós recebemos o convite delas e também mandamos convite para elas. E, algumas vezes, também fazemos parcerias no desenvolvimento de algum projeto”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF Relação com instituições e movimentos de mulheres não se destina a construção de projetos comuns. Sua finalidade é, principalmente, o fortalecimento institucional e orientação política ao próprio conselho. “O Conselho se torna conhecido como realmente um órgão que faz a relação, a intermediação entre o poder púbico e a sociedade civil. A gente tem sentido que o Conselho tem obtido uma credibilidade, uma confiança maior, por parte dos movimentos. Nós percebemos que nós aprendemos muito com os movimentos. Muitas políticas públicas que nós pensamos ser interessantes, ao conversarmos com os movimentos, nós 27 percebemos que, em nível de prioridade, tem coisas mais importantes; aquilo que nós gostaríamos de estabelecer não é a prioridade que a sociedade civil tem. Nas reuniões que temos com nossas conselheiras, nós discutimos isso e, muitas vezes, mudamos até a nossa prioridade com referência à execução deste ou daquele projeto”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 4.3. Governança: Diálogo, apoio e interlocução com os Conselhos Municipais. Fonte: entrevistas em profundidade e relatório de atividades anual da secretaria Representatividade do conselho no Estado é frágil. “(...) Nós, com as nossas conselheiras – as nossas trinta e duas conselheiras, que fazem parte do nosso Conselho –, nós temos muito pouca representatividade do estado. Praticamente nós temos apenas duas conselheiras que são do interior: uma da região de Valinhos, ali de Campinas, outra da região de Limeira. Uma das coisas que nós queremos, talvez, estar corrigindo numa próxima gestão, numa próxima eleição, é que nós tenhamos mais representantes realmente do Estado de São Paulo, de todas as regiões administrativas; porque a representatividade, no Conselho, de pessoas – vamos dizer assim – do interior do estado é muito pequena”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF Cidades nas quais representantes do CECF estiveram presentes em 2010. Maioria das atividades realizadas nesses locais foram palestras. Águas de Lindóia, Americana, Arujá, Atibaia, Cotia, Descalvado, Guarulhos, Jandira, Laranjal Paulista, Limeira, Marília, Martinópolis, Mogi Oeste, Praia Grande, Presidente Prudente, Presidente Wenceslau, Ribeirão Preto, Rio Claro, Rio Preto, Santo André, Santos, Salto, São Carlos, São Joaquim da Barra, São José do Rio Pardo, São Paulo, Serra Negra, Sumaré e Valinhos. Fonte: compilação de relatórios de atividades mensais 28 Articulação política com os conselhos municipais é realizada com sucesso. “(...) na minha gestão, nós conseguimos que mais de trinta conselhos municipais pudessem ser criados. Isso foi um estímulo do Conselho Estadual. Já realizamos dois encontros estaduais, onde tivemos a presença das presidentes dos Conselhos Municipais existentes, bem como as representantes dos órgãos institucionais da mulher, numa tentativa de fazer uma integração maior. O nosso relacionamento com os conselhos municipais é excelente!” Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 5. Relação com o Estado 5.1. Apoio administrativo-financeiro recebido pelo conselho Fonte: entrevistas em profundidade Dificuldade operacional para cumprimento das funções do conselho. “É uma dificuldade muito grande para você conseguir uma verba para fazer uma viagem disso, ou daquilo, para ir para cá, ou para ir para lá, para organizar um seminário, para organizar uma Conferência, para organizar uma coisa nesse sentido. Porque sempre é colocado como uma questão de somenos importância, não se da o valor”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF Estrutura de trabalho precisa ser fortalecida. “Nós teríamos que ter aqui alguém de direito, alguém de jornalismo, alguém que pudesse fazer uma parte administrativa de gestão de projetos, que a gente não tem. E a parte administrativa. Que aqui eu tenho dois funcionários, que fazem tudo, junto comigo. Que fazem a programação do seminário, fazem a programação e toda a gestão dos encontros estaduais, que têm que fazer a folha de frequência, entre aspas, que têm que fazer os pedidos de carro, se alguma conselheira precisa ir a algum lugar. Quer dizer, é impossível, 29 com dois funcionários aqui, eu ter condição de fazer o monitoramento e uma fiscalização de política pública da mulher. Então, na realidade, nós teríamos que ter, como já teve aqui, estagiário de direito, estagiário de jornalismo, para nos ajudar a ir para mídia, porque muitas vezes nós temos coisas para mostrar e eu não tenho tempo e nem conheço, como é que eu posso, vamos dizer assim, escrever o artigo de acordo com o que o jornalista conhece, para interessar – a chamada que vai ter... para interessar a mídia, em algum evento que a gente vá fazer. Nós precisamos disso tudo, para fortalecer e mostrar trabalho (...) “Nós poderíamos dar respostas mais rápidas às indagações jurídicas que nos chegam sempre. Porque muitas vezes eu dou as respostas pela minha formação, que eu conheço. Mas e se fosse uma presidente que não tivesse uma formação em direito, que não conhecesse? Olha, não pode ser por mim, entendeu? Tem que ter alguém da área de direito que pudesse dar as respostas às questões jurídicas que a gente vive recebendo. “Olha aconteceu isso. Como é que eu vou fazer? De que jeito eu faço isso?” Nós temos eventos que nós realizamos, maravilhosos, que nós não temos condição de divulgar para a imprensa porque nós não temos tempo sequer de fazer. Isso que nós contamos com o apoio do pessoal da Comunicação, que sempre que possível nos ajuda. Mas não é possível que eles têm que ajudar a mim, ao idoso, ao índio, ao nordestino. Eles também são poucos para isso.” Rosmary Corrêa – Presidente do CECF Fonte: entrevistas em profundidade Modelo atual de apoio administrativo-financeiro precisa ser mantido e aprimorado. “(...) o apoio da Secretaria e da Unidade é ótimo. Eu sempre digo que o Paulo (Aguado, Chefe de Gabinete) conseguiu dar uma cara para esta Secretaria, que não tinha. Mas é nova! É normal que isso aconteça. Agora, o que é necessário é que a gente estruture melhor. O apoio que a gente recebe, nota 100! Sem nenhum problema. Eu digo no sentido das outras secretarias e do próprio governo do Estado. Se esta Secretaria... se ela for bem estruturada, do jeito que ela está sendo, que tudo se junte aqui, que todos os conselhos e coordenadorias se juntem aqui, ela se fortalece. E com uma boa gestão, ela consegue chegar a mostrar a importância dos conselhos para os outros órgãos. A Secretaria de Relações Institucionais é excelente. Quanto ao apoio aos conselhos, sem crítica nenhuma”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 30 5.2. Existência e suficiência de apoio estratégico Fonte: entrevistas em profundidade Falta capacidade de planejamento e formulação de diretrizes e de planos de trabalho. “ (...) um trabalho de gestão nesta Secretaria que faça com que os Conselhos possam ser valorizados pelo seu trabalho. Que se exija dos Conselhos também que apresentem resultado. Porque não adianta você ser conselheiro, mas também não apresentar resultado nenhum, trabalho nenhum; daí, o Conselho não funciona. Nós temos que fazer o Conselho funcionar. Mas, para o Conselho funcionar... Lembre-se: ninguém é remunerado”. “(...) nós temos tantos projetos para serem feitos, mas eu, muitas vezes, não sei elaborar um projeto. E eu tenho a nossa conselheira lá, que não tem tempo de fazer. Se nós tivermos alguém aqui que seja versado em gestão de projetos, em gestão pública de projetos, é muito mais fácil. Digo: “Olha, tem este projeto. Vamos fazer! Aí vamos levar para tal secretário. Porque, olha, este projeto é interessante. Vamos fazer parceria?” Seria muito melhor. E isso eu não digo só para mim. Eu acredito que todos os conselhos, se tivessem esse tipo de estrutura, poderiam ir melhor”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 5.3. Permeabilidade a deliberações do Conselho Fonte: entrevistas em profundidade, observação participante, questionário de caracterização dos conselheiros. 31 Importância dos conselhos, aos olhos do Estado, é pequena. “O Estado não valoriza muito os Conselhos. A gente percebe isso nitidamente. Os Conselhos são, de certa forma, muitas vezes considerados como alguma coisa que eles são obrigados a engolir. A verdade é essa! A estrutura dos Conselhos é muito precária. (...) Então é preciso mobilizar – vamos dizer assim –, radicalizar, para o governo lembrar que tem o Conselho. Daí, ele vai atrás, ele fica bravo, ele faz aquilo, mas ele não quer mais que o Conselho exista. Bom, aí é que é o grande erro: esta Secretaria, ela tinha que se empoderar dos conselhos e das coordenadorias e fazer realmente uma gestão, exigindo, cobrando, mas dando, fazendo com que o Estado, enquanto unidade federativa, enquanto governador, enquanto secretários, reconhecesse a importância dos conselhos de cidadania. Porque não se reconhece. É alguma coisa que se cria, porque a lei obriga a criar, mas é um filho enjeitado, de que ninguém quer saber”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF Antagonismo e desconfiança em relação aos conselhos. “O governo vê sempre o conselho como um inimigo, e não é verdade, realmente não é verdade. Se a gente consegue dar as respostas – e, às vezes, elas não precisam ser sempre positivas, podem ser negativas, desde que (inaudível), a não ser alguns movimentos muito radicais, mas esses existem em qualquer espaço –, não há problema”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 6. Comunicação social 6.1. Meios de comunicação Meio de comunicação Periodicidade Amplitude da visualização: número de visualização (para sites), de impressões (panfletos) etc. Folder Site Email institucional Eventual Eventual Periódico Mil Conselheiros e organizações do mailling Fonte: Roteiro de Informações Institucionais 32 6.2. Existência e suficiência dos meios de comunicação Fonte: Roteiro de Informações Institucionais Site institucional defasado e com controle prévio de conteúdos exibidos. Entre os principais meios de comunicação utilizados pelo conselho está o site. No entanto, este apresenta informações defasadas e não constitui um meio de comunicação eficaz, na medida em que sua atualização é realizada pela própria assessoria de comunicação da secretaria, que filtra os conteúdos antes de sua publicação. Portanto, nem mesmo a independência de comunicação pode ser exercida. “O site do CECF está desatualizado e não dispomos de mão de obra para tal, por isso, utilizamos e-mail com informações que são encaminhadas aos Conselhos, organismos institucionais e municipais de mulheres e organizações da sociedade Civil”. Roteiro de Informações Institucionais. 6.3. Prestação de contas à sociedade Fonte: entrevistas em profundidade 33 Encontro estadual anual é o momento escolhido para prestação de contas, principalmente, para os conselhos municipais. “Nós fazemos essa prestação de contas principalmente nos nossos encontros estaduais. Uma vez por ano realizamos os encontros estaduais e aí a gente presta contas daquilo que o Conselho fez no decorrer daquele ano: quais foram os eventos, quais foram as atitudes tomadas pelo Conselho, o que aconteceu. Então nós aproveitamos as Conferências Estaduais para poder estar passando para os conselhos municipais, para a sociedade civil que faz parte, para os órgãos institucionais, o que o Conselho fez naquele ano. A nossa prestação de contas ocorre durante os encontros estaduais”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 6.4.1. Canais de interação com a sociedade civil Canal de interação Periodicidade Amplitude da visualização: número de visualizações (para sites), de impressões (panfletos) etc. Eventual - Eventual - (ouvidoria, “fale conosco”, atendimento pessoal, plantão, etc) Atendimento por email institucional Atendimento pessoal Fonte: Roteiro de Informações Institucionais 6.4.2 – Existência e suficiência dos canais de interação, segundo a periodicidade das respostas e o volume de solicitações. Fonte: Roteiro de Informações Institucionais 34 Canais oficiais de comunicação são pouco institucionalizados. “Sabemos que no site do conselho há um Fale Conosco, porém não sabemos para onde vão essas informações”. Roteiro de Informações Institucionais 6.5. Posicionamento político Fonte: entrevistas em profundidade O conselho se utiliza de cartas/e-mail para manifestar-se sobre casos que dizem respeito a direitos coletivos do segmento. “Sempre. Nós nos posicionamos. Nós normalmente fazemos uma moção de repúdio, ou encaminhamos ofício, ou nos manifestamos de alguma maneira; mas sempre por escrito. Nós nos manifestamos no caso da Geyse, da Uniban. Nos manifestamos, agora recentemente, no caso que aconteceu do “rodeio de”... que aconteceu aí, no campus da USP... da Unesp, não é? Todas as vezes que aparece algum caso de repercussão, ou estadual ou nacional, e mesmo internacional, através dos meios de que nós dispomos, nós sempre acabamos manifestando, através de alguma moção de repúdio, alguma moção, colocando a nossa postura com relação àquilo”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 7. Incidência em políticas implantação e monitoramento) públicas (elaboração, 7.1. Atuação efetiva na elaboração ou execução de políticas públicas (leis, normas, decretos ou ações governamentais) 35 Política pública Padronização do atendimento das Delegacias da Mulher (boletim específico de atendimento) Inibição de projeto de lei que previa a exibição de filmes contra o aborto legal Veto ao projeto de fechamento pela Secretaria de Segurança Pública das Delegacias da Mulher no Estado Via pela qual se deu a intervenção (pedido pessoal, articulações Data individuais, encaminhamento de (aproximada) pareceres, solicitações formais etc.) 2010 2010 2010 Comissão da Assessoria Especial da Mulher (Delegacia Geral de Polícia) Atuação junto aos presidentes de bancada na Assembleia Legislativa Atuação da presidente junto ao secretário de segurança pública e mobilização das entidades locais da região de Americana 7.2. Incidência em políticas públicas nos últimos 2 anos Fonte: entrevistas em profundidade O tema da violência contra a mulher tem sido a principal agenda do conselho. “Como eu lhe disse, este ano nós trabalhamos muito na área da violência. (...) O importante é que este ano nós focamos a experiência da Lei Maria da Penha. Então, o que foi que a gente fez? Como é que a gente passa isso? Através das cartilhas, através dos seminários, através dos encontros, através da participação das conselheiras e da presidente em todas as palestras do Estado de São Paulo. Este mês, por exemplo, que nós temos os dezesseis dias de ativismo, eu já fui para São Vicente, para Guarujá, para Bauru. Quando eu não posso, vai uma outra conselheira, ou então vai outro, mas o Conselho está sempre presente, levando a sua palavra e falando especificamente o que é que está fazendo com referência – vamos dizer – à implementação da Lei Maria da Penha. Temos uma comissão, hoje, montada da Assessoria Especial da Mulher, mais o Conselho, mais a Delegacia Geral de Polícia, onde nós estamos reunidos com uma delegada da mulher 36 representante de cada município, mais a capital e a Grande São Paulo, e estamos trabalhando na padronização do atendimento da Delegacia da Mulher, no sentido de fazer um boletim específico de atendimento. Quando estiver pronto, vai ser encaminhado à Secretaria de Segurança para aprovação”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF Acompanhamento parlamentar é mais frequente do que eventuais pressões para criação ou regulamentação de novas leis (Simples acompanhamento parlamentar é mais frequente do que possíveis pressões para criação ou regulamentação de novas leis.). “Na verdade, o Conselho trabalha muito mais no sentido de acompanhar os projetos que são apresentados na Assembleia Legislativa, que dizem respeito ao segmento, para ver aquilo que, às vezes, o deputado, com muito boa vontade, acha que é bom, e não é. Aí o Conselho, então, encaminha uma correspondência ou a presidente vai pessoalmente conversar com o deputado, explicar para ele que, apesar de ele achar que aquilo é uma boa coisa, aquilo não é interessante para o segmento, não vai atender ao segmento. Nós tivemos, por exemplo, o projeto de um deputado que queria que, todas as mulheres que fossem se submeter ao aborto legal, aquele que é permitido por lei, antes disso, tivessem que passar para ela um filme, mostrando como era o desenvolvimento do feto, como é que era um aborto. Então, ele tinha um segmento religioso, ele queria... Nós tivemos que ir a ele, dizer: “Deputado!...” Ele não concordou. Então, o que nós fazemos? Nós vamos aos líderes dos partidos, nós vamos conversar com os outros membros da Assembléia para dizer que aquilo não interessa ao segmento. Nós nos mobilizamos nesse sentido. Quando a lei é boa, nós nos mobilizamos para fazer com que as lideranças dos partidos aprovem o mais rapidamente possível, porque aquilo nos interessa. E muitas vezes, nós chegamos até a propor alguma coisa, para alguns deputados, no sentido de que eles possam transformar em lei”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF Não foram encontrados procedimentos sistematizados que orientem a ação institucional para incidir em políticas públicas, o que expressa voluntarismo. “O Conselho funciona através das suas conselheiras, em primeiro lugar. Daquilo que elas representam, daquilo que elas podem trazer de bagagem, tanto das suas entidades, quanto das suas áreas de atuação dentro do governo. São elas realmente que captam a necessidade, sociedade civil e governo, e trazem para que se discuta uma política pública a respeito daquele assunto. Então o Conselho funciona quando ele tem boas conselheiras, quando ele tem uma presença grande nas reuniões – isso a gente tem conseguido, (....) quase 80% de frequência nas reuniões (...). Rosmary Corrêa – Presidente do CECF Problemas institucionais das secretarias representadas nos conselhos são trazidos e encaminhados através da atuação da presidente. “Nós tivemos aqui um problema muito sério do atendimento dos deficientes, a dificuldade de conseguir órteses, próteses, como é que a Secretaria da Saúde trabalha 37 nisso, a longa fila que existe, e como é que você leva a mulher que tem câncer de mama, que antes tinha, da CPTM e do Metrô, o direito de viajar sem pagar, mas ela precisa de um acompanhante e o acompanhante não tinha direito a isso? Então, dentro dessas Secretarias, em função desses assuntos, nós nos mobilizamos. Na representação do Conselho, eu fui conversar com a Secretária Linara, levei para ela nossa preocupação; ela nos explicou, nos orientou, nos deu – vamos dizer – os caminhos – não é? – no tocante (ao problema). No sentido da CPTM, nós conversamos com a Secretaria de Transporte, para suscitar a possibilidade de poder ter um decreto, ou uma resolução, para que o acompanhante da mulher com câncer também pudesse ter uma passagem gratuita”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF Fonte: Compilação de relatórios de atividades mensais CECF Conselho mantém uma agenda de trabalho ativa, porém concentrada nas solenidades, palestras e eventos ao longo do ano. Grande parte das reuniões contabilizadas acima, diz respeito às atividades de preparação para eventos do dia internacional da mulher, em março, e do dia de combate à violência contra a mulher, em novembro. Fonte: Compilação de relatórios de atividades mensais CECF 38 7.3. Institucionalização dos mecanismos e recursos de participação em políticas públicas Fonte: entrevistas em profundidade Práticas voluntaristas: conquistas do conselho se dão muito mais pela ação da sua presidente do que propriamente pela ação institucional ou coletiva do conselho “Vai muito do presidente de cada conselho. Às vezes, muitas coisas se conseguem pelo relacionamento, pela interlocução, que o presidente do conselho tem com os órgãos governamentais. Se o presidente do conselho não for uma pessoa com articulação política, com relacionamentos, o conselho morre. Morre, assim, no sentido de fazer aquilo que é necessário. Se você não tiver essa articulação, se você não tiver esse relacionamento... E não deveria ser assim! O conselho deveria ser respeitado, deveria ser valorizado pelo trabalho que ele faz; e não pelo trabalho pessoal do presidente que vai fazer a interlocução e consegue, pelo seu trabalho pessoal”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 7.4. Trabalho intersetorial: Participação em fóruns de discussão ou grupo de trabalho (governamentais ou não) voltado para temas relacionados ao segmento Fonte: entrevistas em profundidade 39 Atuação institucional do conselho é muito dependente da atuação pessoal da presidente. “(...) Não posso contar sempre com as conselheiras da sociedade civil, porque elas trabalham, elas têm que ganhar o seu dinheiro. As do governo têm os seus horários de trabalho a cumprir. E isso acaba ficando na mão da presidente, que por sorte – e não deveria ser assim, porque eu não sou remunerada... mas, em função do trabalho do Pacto (Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher), eu consigo conciliar, então eu passo o meu dia aqui. Mas não são todos os presidentes que fazem isso. Não porque não queiram; por falta de condição, porque você tem que sobreviver. (...)” “(...) além de presidente do Conselho, eu sou a gestora do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher pelo Estado de São Paulo. Eu represento São Paulo em Brasília, na Secretaria de Política para as Mulheres, na gestão de um Pacto que tem quatro eixos: feminização da Aids, mulher encarcerada, tráfico de mulheres, crianças e adolescentes e a real implementação da Lei Maria da Penha. Na realidade, muitas vezes, eu junto o Pacto ao trabalho do Conselho, porque, com o Pacto, juntando as 27 gestoras dos 27 Estados do Brasil, nós trocamos informações, nós temos reuniões periódicas em Brasília, de projetos, e eu acabo trazendo para o Conselho esses projetos que estão sendo desenvolvidos (...)”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 8. Participação social 8.1. Monitoramento dos temas tratados nas Conferências Fonte: entrevistas em profundidade Legitimidade das conferências (em todos os níveis) é questionável dada a participação viciada. “A grande verdade é que grande parte dos movimentos, e isso em todos os segmentos, não se mobiliza; quem se mobiliza são sempre os mesmos grupos, tanto do índio, quanto do 40 negro, quanto da mulher, quanto do idoso. Dá a impressão – a minha impressão pessoal, pela experiência – de que a coisa é feita de uma maneira fechada, sem muita divulgação, o que impede a mobilização de toda a comunidade. Isso tanto nas municipais, quanto na estadual e quanto na nacional. (...) É o que a gente quer mudar este ano. Ter uma ampla divulgação, um amplo trabalho nas Conferências Municipais, porque começa ali, não é?” Rosmary Corrêa – Presidente do CECF Proposta é ampliar participação da sociedade civil nas Conferências Municipais. “a última Conferência deixou muito a desejar, foi um pouco complicada – vamos dizer assim , a representatividade que deveria ter acabou não tendo; parece que até umas delegadas profissionais apareceram e talvez a sociedade civil não tenha sido representada como deveria ser. Então, conhecendo um pouco os problemas da anterior, (...) nós queremos estar trabalhando as Municipais um pouquinho mais este ano, para que todos os movimentos – vamos dizer, de uma região como Rio Preto, por exemplo – que nós possamos ter nessas Conferências Municipais todos esses movimentos, para que possa chegar a esses movimentos a informação”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF Movimento das Conferências é associado a “radicalismos”. “(...) Vamos discutir quais as nossas propostas, mas em um nível de qualidade, e não de radicalismo, como é o que acontece na maior parte das vezes nas Conferências. Se nós não tivermos esse cuidado de preparar as Conferências Municipais, no sentido de termos realmente representantes, e continuarmos com a mesma situação anterior de continuar sendo o grupo que toma conta, nós vamos ter de novo radicalismo, problemas e tudo mais”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 9. Controle social 9.1. Institucionalização dos mecanismos de controle social Fonte: entrevistas em profundidade 41 Estrutura de controle social é frágil. “Nós não dispomos de estrutura suficiente para fazer tudo o que eu gostaria. Nós não temos estrutura para fazer o monitoramento necessário. Não posso contar sempre com as conselheiras da sociedade civil, porque elas trabalham, elas têm que ganhar o seu dinheiro. As do governo têm os seus horários de trabalho a cumprir. E isso acaba ficando na mão da presidente, que por sorte – e não deveria ser assim, porque eu não sou remunerada... mas, em função do trabalho do Pacto, eu consigo conciliar, então eu passo o meu dia aqui. Mas não são todos os presidentes que fazem isso. Não porque não queiram; por falta de condição, porque você tem que sobreviver. Então, na realidade, a nossa estrutura é muito pequena, muito pequena, para fazer o monitoramento necessário das políticas públicas de mulheres. Nós fazemos, na medida do possível, e graças ao fato de eu ser gestora do Pacto, que eu tenho mais informação e consigo, vamos dizer assim, conhecer melhor, e fiscalizar, entre aspas, melhor as ações que estão sendo feitas”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 9.2. Práticas de controle social Atuação efetiva Práticas eventuais Práticas inexistentes •O conselho atuou SISTEMATICAMENTE, nos últimos dois anos, no monitoramento e controle social das políticas públicas (acompanhamento e influência no processo orçamentário, participação em comissões ou audiências públicas, análise e discussão dos problemas do segmento e das respostas governamentais, etc). •O conselho atuou EVENTUALMENTE, nos últimos dois anos, no monitoramento e controle social das políticas públicas (acompanhamento e influência no processo orçamentário, participação em comissões ou audiências públicas, análise e discussão dos problemas do segmento e das respostas governamentais, etc). •O conselho não atuou, nos últimos dois anos, no monitoramento e controle social das políticas públicas (acompanhamento e influência no processo orçamentário, participação em comissões ou audiências públicas, análise e discussão dos problemas do segmento e das respostas governamentais, etc). Fonte: entrevistas em profundidade Há poucas evidências de práticas de controle social no período mencionado. (...) eu não tenho a estrutura necessária. Nós fazemos aquilo que é possível, principalmente, no tocante à violência. Mas há muito ainda que ser feito. Mas,a estrutura do Conselho é muito pequena para a gente poder fazer do jeito que tem que ser”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 9.3. Controle externo 42 Organização de Controle Social à qual é relacionado Forma de institucionalização da relação (oficializada em documento, deliberada em reuniões, informal etc.) - - Há quanto tempo é relacionado - 9.3.1. Amplitude das relações institucionais voltadas para o controle social Fonte: Entrevistas em profundidade Conselho responde a consultas eventuais, quando estas existem, dos órgãos de controle do Estado. “Nós não trabalhamos com o Tribunal de Contas porque nós não somos órgãos de execução, nós não mexemos com dinheiro, não temos nada com isso. (...) Nem o judiciário, nem o Ministério Público. Nós trabalhamos com eles (em outro) sentido: eles têm alguma coisa lá que eles querem saber, eles pedem para gente; nós temos alguma coisa para encaminhar, encaminhamos para eles. Mas não tem... institucionalizado não”. Rosmary Corrêa – Presidente do CECF 10. Agenda do segmento 10.1. Reivindicações e pautas atuais Na sua opinião, quais os principais temas da agenda do segmento que representa? “Direitos Humanos, violência contra a mulher, mulher encarcerada, mulher e mídia”. Ana Maria Lanatovitz, ACRIMESP - Assoc. Advogados Criminalistas de São Paulo - Regional Guarulhos 43 “Violência contra a mulher, violência doméstica, Lei Maria da Penha, desigualdades de gênero no mercado de trabalho, políticas públicas de inclusão social de mulheres”. Bianca Briguglio, Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho “Com relação às mulheres, acho que o enfretamento da violência contra a mulher é uma questão muito importante, pois é transversal a várias áreas. No que diz respeito à Saúde da Mulher, é necessário ampliar a discussão sobre direitos sexuais e reprodutivos; há que se enfrentar a feminização da epidemia da Aids e melhorar a qualidade da assistência obstétrica no Estado. Um tema que quase não é discutido é o da mulher idosa. Penso que ainda temos muito que avançar no sentido da atenção à saúde das mulheres mais velhas. Outra questão emergente é das mulheres que são usuárias de drogas. Temos poucas informações a respeito desta questão”. Cláudia Medeiros de Castro, Secretaria de Estado da Saúde “Violência conta a mulher, mortalidade materna, tráfico de mulheres, situação da mulher encarcerada, discriminação de gênero”. Dalila Eugênia Maranhão Dias Figueiredo – Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude “Crianças e adolescentes= Lei 10639/03, mulheres negras= autoestima, violência e mercado de trabalho, mulheres = violência doméstica, direitos humanos”. Eliza Gabriel da Costa, Secretaria Municipal de Educação de Limeira “Mulher e trabalho, mulher e mídia, assédio moral, assédio sexual, saúde, educação”. Maria Aparecida de Souza Costa Silva, Prefeitura de São Paulo “Acredito que, a capacitação e colocação no mercado de trabalho, daria maiores oportunidades as mulheres do seguimento de beleza, pois a educação ainda é um dos maiores obstáculos que as mulheres encontram. Nosso Brasil está configurado 53ª posição como o país com a pior qualidade de ensino, e para que a renda familiar seja um pouco melhor as mulheres com pouca escolaridade buscam aprendizado que possam dar em curto prazo resultados breves e positivos, para ela e seus dependentes”. Maria dos Anjos Mesquita Hellmeister, Federação dos Empregados em Turismo e Hospitalidade. “Combate à morte materna; reverter a sub-representação de mulheres nos espaços de poder, combate à violência contra a mulher, e uma discussão do papel da mulher na mídia.” Muna Zeyn, Programa de Mulher “Saúde da mulher, em todas suas ações, violência contra mulher, mulheres encarceradas, discriminação, entre outros”. Sandra Andreoni de Oliveira Ribeiro, Associação Popular de Saúde/ Cangaiba 44 “O desafio é apresentar oportunidades que possam contribuir para a diminuição de situações de discriminação e de preconceito pelas quais as mulheres passam ao longo da vida”. Eleuza Guazzelli, Secretaria de Estado da Educação - Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP 10.2. Conhecimento de causa Fonte: Entrevistas em profundidade Conselheiras apresentam conhecimento parcial sobre leis e normas que asseguram os direitos da mulher. “Eu não diria que são tão bem informadas, mas a grande maioria tem conhecimento. E, inclusive, muitas vezes, algumas normas ou leis são muito discutidas aqui nas reuniões plenárias. Este ano, especificamente, o Conselho se dedicou muito ao problema da violência contra a mulher, e especificamente à implementação da Lei Maria da Penha. Então, disso eu posso dizer que todas as conselheiras têm conhecimento e qualquer uma delas, na sua área de atuação, leva a informação e reproduz a informação”. Rosmary Corrêa – presidente do CECF 10.3. Gestão da informação Fonte: Roteiro de Informações Institucionais 45 Não há bancos de dados organizados sobre o segmento. “Gostaríamos de ter tais informações armazenadas eletronicamente ou até em papel, porém a única forma que conseguimos é reunir as informações e apresentar na reunião ordinária, onde é deliberado qual ação será feita para cada um dos casos”. Roteiro de Informações Institucionais. 10.4. Correspondência temática entre os temas deliberados nas Conferências e a agenda das reuniões. Fonte: Roteiro de Informações Institucionais 11. Gestão 11.1. Planejamento estratégico Não foi detectada a existência de documento que inclua a análise do ambiente operacional interno e externo, a formulação da missão e a visão de futuro da organização, a identificação dos seus objetivos e metas prioritários, a definição das estratégias para a sua consecução e os respectivos mecanismos de controle e avaliação. 11.2. Plano de ação Não há documento que traduza de forma concreta os resultados a ser alcançados pelo conselho, ou seja, que contenha definições precisas a cerca de quando, como, para quê e com que meios a ação acontecerá, permitindo a extração de indicadores / medidores de natureza qualitativa e quantitativa. 11.3. Monitoramento e avaliação Não constatamos a existência de processo rotinizado de acompanhamento, revisão e avaliação de objetivos baseado em indicadores e metas pré-estabelecidas. 46