Avaliação de genótipos de uva no Semi

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Avaliação de genótipos de uva no Semi
Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas para o Nordeste Brasileiro
Avaliação de genótipos de uva no Semi-Árido brasileiro.
Teresinha Costa Silveira de Albuquerque1
Introdução
A região do trópico semi-árido, mais especificamente o Vale do Submédio
São Francisco, vem experimentando um notável desenvolvimento na cultura da
videira (Albuquerque et al, 1987).
Diversos empreendimentos agrícolas vêm instalando-se na região do Vale
desde antes de 1959, ano em que Inglez de Sousa (1959) publicou
circunstanciada notícia sobre viticultores e vinhedos pioneiros na região, tendo
como base a produção de uvas para consumo "in natura". Atualmente,
encontram-se implantados cerca de 4.497 ha com vinhedos (AGRIANUAL, 1998),
sendo que destes, 95% são constituídos por plantios de Italia, Piratininga e Red
Globe, cultivares estas, de uvas para mesa consolidadas como comercialmente
rentáveis.
A falta de variabilidade genética dentro de um plantio comercial, ou seja,
um número reduzido de cultivares exploradas, sob determinadas condições, como
um clima desfavorável à cultura, como o que vige no Trópico Semi-Árido em
determinadas épocas do ano, pode permitir o aparecimento intenso, de doenças
como o míldio e o oídio.
Outro aspecto a ser considerado, nas cultivares Italia, Piratininga e Red
Globe, é a excessiva compactação dos cachos, que além de ser um fator
genético, é decorrente do elevado pegamento de frutos que, segundo Corzo et al
(1982), ocorre sob condições de clima tropical semi-árido. Cachos compactados
oneram os gastos com mão-de-obra de raleio de bagos, elevando assim o custo
de produção das cultivares em questão.
No Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semi-Árido) estão sendo
estudadas 160 cultivares de uvas para mesa com e sem sementes e uvas para
vinho, com o objetivo de identificar materiais genéticos de boa qualidade, tanto
para a disseminação na região em plantios comerciais, como para utilização em
programas de melhoramento genético.
Entre os atributos de grande importância para a seleção de cultivares devese considerar o aspecto visual (apresentação) e o sabor das uvas, uma vez que,
conforme Llorente (1992), estas qualidades são determinantes diretas do
consumo.
Segundo Truel (1983), o melhoramento varietal de uvas de mesa tem por
objetivos:
a) melhorar as características morfológicas das uvas, sem negligenciar suas
qualidades gustativas;
b) reduzir o volume de refugos;
c) e melhorar a adaptação ao ambiente.
O estudo que visa descrever e identificar cultivares de videiras é definido
como Ampelografia e, segundo Galet (1985), tem as seguintes finalidades:
*Eng. Agr., PhD., Pesquisadora em Viticultura, Embrapa Semi-Árido, Caixa Postal 23, 56300-000 Petrolina, PE.
E-mail:[email protected]
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- conhecer as aptidões culturais e fisiológicas de cada cultivar (brotação,
maturação, produção, qualidade das uvas e do vinho, sensibilidade às doenças e
às pragas, modo de condução);
descrever botanicamente o conjunto da planta de cada cultivar (folhas, ramos,
cachos), a fim de poder identificá-la corretamente em vinhedos e saber
reconhecê-la em todos os lugares, mesmo com diferentes nomes.
De acordo com o mesmo autor, a Ampelografia se utiliza dos seguintes
métodos de classificação para descrever e identificar cultivares:
- morfológico: é o método de classificação que se baseia unicamente nos
caracteres fornecidos pelo órgão considerado, que pode ser os brotos novos, as
folhas, os cachos, levando em conta a forma dos mesmos.
- fisiológico: fundamenta-se na data de brotação das cultivares ou, mais
comumente, na data de maturação das uvas. Este método de classificação serve
somente para observações locais, sendo uma complementação do estudo
morfológico.
- fenotípico: considera o fenótipo das cultivares ao curso do crescimento. É o
método mais completo de classificação e apoia-se na descrição feita
obrigatoriamente por ordem sucessiva dos seguintes órgãos: brotações; folhas
jovens; folhas adultas; pâmpanos (ramos herbáceos) e sarmentos; inflorescências
e flores; cachos e bagos; e, finalmente, sementes.
Este método de classificação propõe resolver os seguintes problemas:
- estabelecer uma chave de determinação das espécies do gênero Vitis,
colocando em destaque os caracteres transmitidos geneticamente;
- distingüir dentro de uma espécie todas as cultivares que a compõem;
- agrupar os híbridos binários ou complexos por seus fenótipos.
No presente trabalho procurou-se avaliar o comportamento de 35 cultivares
de uvas com sementes de forma a caracterizá-las na região do Trópico SemiÁrido do Brasil, gerando informações básicas tanto para o desenvolvimento de um
programa de melhoramento genético da videira, como para produtores que
desejem utilizar outras cultivares em seus plantios, além das tradicionais Italia,
Piratininga e Red Globe.
Materiais e métodos
As avaliações foram realizadas na coleção de cultivares de videiras da
Embrapa Semi-Árido, estabelecida no Campo Experimental de Mandacaru,
situado no município de Juazeiro-BA, a 9o34' de latitude Sul, 40o26' de longitude
Oeste e a 375,5m de altitude. O clima da região, segundo a classificação de
Köeppen, pertence ao grupo BSh, sendo:
.B - clima seco onde a evaporação excede a precipitação.
.S - poucas chuvas caracterizando uma semi-aridez.
.h - a amplitude térmica entre o mês mais frio e o mais quente é muito pequena,
caracterizando um clima tropical com uma pequena estação úmida.
A média pluviométrica anual obtida no período de 1964 a 1984 é de
554,4mm, que se concentra nos meses de dezembro à março. No que respeita a
temperatura média anual, a média das mínimas e a média das máximas se tem,
respectivamente,27,1oC, 20,6oC e 31,4oC. Os principais dados climatológicos são
apresentados na Tabela 1.
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Tabela 1. Dados médios (1964/84) de elementos climatológicos da Estação
Climatológica de Mandacaru.
Parâmetros
o
Temperatura média ( C)
o
Temperatura máxima ( C)
o
Temperatura mínima ( C)
Precipitação (mm)
Evaporação (mm/dia)
Umidade relativa (%)
Insolação (horas)
Radiação solar (ly/dia)
Velocidade do vento a 2m de
altura (m/s)
Jan.
Fev.
Mar.
Abr.
Mai.
Jun.
Jul.
Ago.
Set.
Out.
Nov.
Dez.
Ano
27,3
32,1
21,6
65,5
8,4
59
7,5
466,8
2,46
27,5
31,7
21,6
93,5
7,7
63
7,1
463,8
2,27
27,3
31,3
21,5
131,9
7,2
65
7,0
459,1
2,02
26,8
30,7
21,1
64,9
6,7
66
7,4
424,3
2,12
26,2
30,2
20,2
18,4
7,0
63
7,1
382,6
2,77
25,0
29,6
18,9
7,7
7,1
62
7,0
356,8
3,06
25,0
29,4
18,2
3,7
8,0
58
7,4
383,9
3,33
25,8
30,6
18,5
3,2
9,3
63
8,4
437,4
3,49
27,3
32,1
20,2
11,1
10,5
49
8,3
491,1
3,64
28,8
33,4
21,6
9,2
11,0
48
8,5
495,1
3,29
28,9
33,4
22,2
60,1
9,9
51
8,2
496,9
2,90
28,3
32,9
22,0
76,6
8,9
55
7,8
470,0
2,38
27,1
31,4
20,6
554,4
313,9
57
7,7
438,6
2,82
Fonte: Amorim Neto (1989).
As cultivares avaliadas são representadas na coleção por seis plantas (três
de pé franco e três enxertadas no porta-enxerto Tropical) e estão conduzidas em
espaldeira no espaçamento 3,0m x 2,5m. Do total de 160 cultivares foram
avaliadas neste trabalho as seguintes cultivares:
. Angelo Pirovano
. Baresana
. Branca Salitre
. Califórnia
. Chasselas Doré
. Chasselas Rose
. Dattier de Beyrouth
. Delizia di Vaprio
. Dona Maria
. Early Muscat
. Estevão Marinho
. Ferral
. Frankenthal
. Gros Colman
. Kyoho
. Madeleine Royale
. Malvasia de la Chartreuse
. Marengo (Pirovano 205)
. Moscatel de Hamburgo
. Moscatel Nazareno
. Moscatel Rosada
. Moscato Caillaba
. Muscat Noir
. Oeillade Noire
. Panse Precoce
. Patrícia (IAC 871-41)
. Perlona (Pirovano 54)
. Piratininga (IAC 842-4)
. Queen
. Rosaki Rosada
. Rumonia Piros
. Saint Jeannet
. Soraya(IAC 501-6)
. Sovrana (Pirovano 244)
. Traviu
As avaliações consistiram na coleta dos seguintes dados:
- produção por planta (g);
- peso médio dos cachos (g);
- número de bagos por cacho;
- volume de 100 bagos (ml);
- percentagem de sólidos solúveis (oBrix);
- acidez total (meq. ac.Ta/L de mosto);
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- relação percentagem sólidos solúveis/acidez total;
- tamanho, forma e compacidade dos cachos;
- tamanho, forma, coloração e aderência dos bagos aos pedicelos;
- consistência e sabor da polpa.
Produção:
As plantas foram colhidas separadamente, em cada safra, e a seguir
pesaram-se as produções de cada uma, tomando-se a média das três plantas de
pé franco e das três plantas enxertadas, separadamente.
De acordo com os dados obtidos, as cultivares tiveram suas produções
classificadas em:
- baixa: até 4.000 g/planta
- mediana: de 4.001 g a 6.999 g/planta
- excelente: acima de 7.000 g/planta.
Peso Médio dos Cachos:
Consistiu na pesagem de três cachos coletados ao acaso das plantas de
pé franco e das plantas enxertadas, separadamente, obtendo-se, a seguir, a
média de peso dos três.
Número de Bagos por Cacho:
Foi obtido através da média do número de bagos de três cachos das
plantas de pé franco e de três cachos das plantas enxertadas.
Volume de 100 Bagos:
Como não foi observada nenhuma diferença entre o volume dos bagos das
plantas de pé franco e o das plantas enxertadas, este dado foi obtido de uma
amostra composta por 100 bagos coletados aleatoriamente dos cachos das seis
plantas.
Percentagem de Sólidos Solúveis:
Foi determinada através de refratômetro elétrico, em amostra composta
pelo suco de bagos tomados aleatoriamente dos cachos das plantas de pé franco
e das plantas enxertadas.
Acidez Total:
Foi medida através de titulação, em amostra composta pelo suco de bagos
tomados aleatoriamente dos cachos das plantas de pé franco e das plantas
enxertadas.
Tamanho dos Cachos:
Os cachos foram classificados pelo tamanho segundo os critérios
estabelecidos por Galet (1985):
Classificação
Comprimento (cm)
Peso (g)
. Muito pequenos
<
6
<
50
. Pequenos
6 | 12
50 | 125
. Médios
12 | 18
125 | 250
. Grandes
18 | 24
250 | 500
. Muito grandes
>
24
>
500
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Forma e Compacidade dos Cachos:
A forma e a compacidade dos cachos são resultantes de observações
visuais e comparativas com os padrões estabelecidos por Bioletti (Inglez de
Sousa, 1996), os quais são mostrados nas Figuras 1 e 2.
Forma dos cachos:
Cônicos:
Simples
Alado
Cilíndricos:
Simples
Espadaúdo
Alado
Figura 1. Forma dos cachos: padrões estabelecidos por Bioletti (Inglez de Sousa,
1996).
Algumas cultivares podem apresentar cachos com formato intermediário,
os quais são classificados como cilíndro-cônicos.
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Compacidade dos cachos:
Muito compacto
Medianamente compacto
Bem cheio
Solto
Muito solto
Figura 2. Compacidade dos cachos: padrões estabelecidos por Bioletti (Inglez de
Sousa, 1996).
Considera-se como ideal, para cultivares de uvas de mesa, os cachos bem
cheios, nos quais os bagos desenvolvem-se sem estarem comprimidos uns com
os outros, o que acontece nos cachos medianamente compactos e muito
compactos.
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Tamanho dos bagos:
Os bagos foram classificados pelo tamanho segundo os critérios
estabelecidos por GALET (1976):
Classificação
Volume de 100 bagos Peso de 100 bagos (g)
(ml)
. Muito pequenos
<
30
<
35
. Pequenos
30 | 100
35 | 110
. Médios
100 | 300
110 | 330
. Grandes
300 | 650
330 | 700
. Muito grandes
>
650
>
700
Forma dos Bagos:
A forma dos bagos é resultante de observações visuais e comparativas
com os padrões estabelecidos por Bioletti (Inglez de Sousa, 1996), os quais são
mostrados na Figura 3.
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Forma dos bagos:
Globosa
Achatada
Elipsóide
Elipsóide alongada
Ovóide
Obovóide
Oval
Alongada recurva
Figura 3. Forma dos bagos: padrões estabelecidos por Bioletti (Inglez de Sousa,
1996).
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Coloração dos Bagos:
A coloração dos bagos foi definida segundo os padrões encontrados na
literatura (Inglez de Sousa, 1996; Galet, 1985).
Aderência aos pedicelos:
Classificaram-se com boa aderência aos pedicelos, as cultivares cujos
bagos apresentam resistência ao serem destacados da ráquis; com pouca
aderência aos pedicelos aquelas cujos bagos destacam-se facilmente da ráquis; e
com média aderência, aquelas que apresentam uma resistência intermediária.
Consistência dos bagos:
Os bagos foram avaliados quanto à consistência segundo os padrões
estabelecidos por Bioletti (Inglez de Sousa, 1996); estando esta característica
relacionada com a firmeza da polpa:
- deliqüescentes: muito aquosos, quando pressionados desmancham-se em suco.
- fundentes: sucosos, mas quando pressionados conservam uma massa
gelatinosa.
- macios: apresentam uma estrutura mas perdem a forma quando cortados.
- crocantes: apresentam uma forte estrutura, não perdendo a forma ao serem
cortados.
Sabor da polpa:
O sabor da polpa foi classificado segundo os padrões conhecidos pela
literatura (Inglez de Sousa, 1996; Galet, 1985) e pode-se apresentar como muito
doce, doce, ácido, muito ácido ou adstringente, ou ainda, como pobre em sabor,
ou seja, ter um sabor neutro de água com açúcar.
O sabor das uvas refere-se à relação existente entre o teor de açúcares e
os ácidos. Além dos açúcares e dos ácidos existem outras substâncias químicas
que dão às uvas diferentes odores e sabores; as cultivares européias podem
apresentar, além do sabor característico da uva, sabor moscado como as
Moscatéis, ou frutado como as Malvasias e algumas cultivares para vinho, tais
como: Riesling e Gewürztraminer. As cultivares americanas e híbridos
apresentam os mais variados sabores: foxado ou avulpinado (sabor do almíscar
da raposa européia - "fox"), herbáceo (sabor de ervas do campo), sabor de
framboesa, de abacaxi ou de maracujá.
Resultados
Características qualitativas:
A seguir se descreve, utilizando a metodologia exposta, cada uma das
trinta e cinco cultivares avaliadas:
. Angelo Pirovano: cultivar de produção mediana; cachos de médios a
longos (15 a 20cm), cilíndricos, espadaúdos, medianamente compactos. Os
bagos são elipsóides, grandes, com polpa macia, boa aderência aos pedicelos e
sabor doce. Salientam-se pelo belo colorido rosado vivo que apresentam. Cultivar
com boas possibilidades para plantio comercial.
. Baresana: cultivar de alta produção; cachos cilíndricos, alados, bem
cheios, de tamanho médio (16 a 18cm). Os bagos são de coloração verde,
globosos e grandes, com polpa de consistência crocante, de mediana aderência
aos pedicelos e sabor doce herbáceo.
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. Branca Salitre: cultivar de excelente produção; cachos cônicos, alados,
medianamente compactos, de tamanho médio a longo (18 a 20cm). Os bagos, de
coloração verde dourada, são globosos e grandes, de consistência crocante e
sabor herbáceo ácido. Apresentam boa aderência aos pedicelos. Cultivar muito
antiga na região do rio Salitre, motivo do nome, apresenta muitas semelhanças
com a cv. Saint Jeannet.
. Califórnia: cultivar de baixa produção; cachos cônicos, bem cheios e de
tamanho médio a longo (14 a 19cm). Os bagos são médios, globosos, de
coloração tinta, com média aderência aos pedicelos; polpa crocante com sabor
ácido. Na bibliografia consultada não foi encontrada nenhuma cultivar com este
nome.
. Chasselas Doré: cultivar de pouco vigor e mediana produção, cachos
cilíndricos, às vezes, alados, medianamente compactos e pequenos (11 a
13,5cm). Os bagos são globosos e pequenos, de coloração verde dourada e
mediana aderência aos pedicelos. A polpa é fundente apresentando um sabor
doce, porém pobre.
. Chasselas Rose: cultivar pouco vigorosa, mostrando-se mais produtiva
quando enxertada sobre Tropical. Os cachos são cilíndricos, alados, curtos (10 a
11,5cm) e medianamente compactos. Os bagos globosos e pequenos com
coloração levemente rosada, têm boa aderência aos pedicelos. A polpa é de
consistência fundente e sabor doce.
. Dattier de Beyrouth: cultivar de mediana produção a alta quando
enxertada no Tropical; produz cachos cilíndricos, alados, muito compactos e
tamanho médio (15 a 17cm). os bagos são elipsóides alongados, grandes com
coloração verde palhosa e boa aderência aos pedicelos. A polpa tem consistência
crocante e sabor acidulado.
. Delizia di Vaprio: cultivar pouco produtiva, os cachos são de tamanho
médio a longo (15 a 20cm), cônicos e bem cheios. Os bagos são elipsóides, de
tamanho médio, coloração verde palhosa e com boa aderência aos pedicelos. A
polpa é crocante com sabor doce amoscatelado.
. Dona Maria: cultivar de excelente produção quando de pé-franco,
apresentando cachos cilíndricos médios (17cm), às vezes alados e disformes,
medianamente compactos ou podem se apresentarem soltos. Os bagos são muito
grandes, de coloração verde, forma oval alongada e apresentam frágil inserção
aos pedicelos, com média aderência. A polpa é crocante de sabor doce
levemente amoscatelado e película grossa.
. Early Muscat: cultivar de baixa produção e muito precoce; os cachos são
cilíndricos, às vezes, alados, de tamanho médio (14 a 16cm) e bem cheios. Os
bagos são de tamanho médio e forma globosa, com boa aderência aos pedicelos
e coloração verde palhosa a amarelo dourado. A polpa tem consistência macia e
sabor moscado.
. Estevão Marinho: cultivar muito produtiva, de cachos bem cheios, de
tamanho médio (16 a 18cm), cilíndro cônicos, às vezes, alados. Os bagos de
coloração tinta, são muito grandes, elipsóides ou globosos. A polpa é crocante de
sabor herbáceo ácido, as sementes são grandes e geralmente em número de
três. A película é grossa.
. Ferral: cultivar de produção mediana. Os cachos são cilíndricos,
espadaúdos, medianamente compactos e de tamanho médio (17 a 19 cm). Os
bagos são elipsóides alongados, de tamanho médio a grande, com coloração
rosada intensa a tinta. A polpa é crocante, com sabor doce.
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. Frankenthal: cultivar de alta produção; cachos cilíndricos, espadaúdos,
medianamente compactos e de tamanho médio (13 a 16cm). Bagos globosos ou
levemente elipsóides e grandes, de coloração rosa-avinhado e boa aderência aos
pedicelos. Polpa de consistência fudente e sabor doce, um pouco herbáceo.
. Gros Colman: cultivar muito produtiva. Os cachos são médios (13 a
15cm) bem cheios, cilíndricos e alados. Os bagos são grandes, achatados, de
coloração rosa intensa à vinho e com boa aderência aos pedicelos. A polpa é
crocante e de sabor doce. Pelas suas boas características poderá ser cultivada
em nível comercial.
. Kyoho: cultivar de produção mediana; cachos cilíndricos e alados, muito
compactos, de tamanho médio (13 a 14cm). Os bagos têm forma ovóide,
coloração rosa intensa e podem apresentar maturação desuniforme no cacho;
estes são grandes e têm boa aderência aos pedicelos. A polpa é crocante e de
sabor doce. A compacidade dos cachos desqualifica-a para plantios comerciais.
. Madeleine Royale: cultivar de produção mediana; cachos cônicos, de
tamanho médio (15cm) e medianamente compactos. Os bagos têm forma
elipsóide e de coloração verde, tamanho médio e película muito fina, com pouca
aderência aos pedicelos. É altamente sensível a podridões dos cachos.
. Malvasia de la Chartreuse: cultivar de produção mediana a excelente;
cachos cilíndricos, espadaúdos, grandes (18 a 20cm) e medianamente
compactos. Os bagos são elipsóides, grandes e de coloração verde palhosa e
têm aderência média aos pedicelos. A polpa é crocante com sabor doce frutado,
muito agradável ao paladar, caracterizando-a como um boa cultivar para ser
explorada comercialmente.
. Marengo (Pirovano 205): cultivar de baixa produção, cachos cilíndricos,
espadaúdos e bem cheios, de tamanho médio a grande (17 a 22cm). Os bagos
são elipsóides, de coloração verde palhosa, tamanho grande e boa aderência
aos pedicelos. A polpa é crocante com sabor levemente amoscatelado quando as
uvas estão bem maduras.
. Moscatel de Hamburgo: cultivar muito produtiva; cachos de tamanho
médio (15 a 17,5cm), soltos e não possuem forma definida. Os bagos são
grandes, de coloração rosada intensa a vinho, forma elipsóide e média aderência
aos pedicelos. A polpa é macia, com sabor caracteristicamente moscado.
. Moscatel Nazareno: cultivar de alta produção; os cachos de tamanho
médio a grandes (16,5 a 19 cm) e mediana compacidade, não apresentam forma
definida. Os bagos são globosos, de coloração verde a verde dourada quando
expostos ao sol têm película grossa com polpa macia e um excelente sabor
moscado. É cultivar de vinho mas com ótimas qualidades para consumo ao
natural.
. Moscatel Rosada: cultivar de baixa produção; cachos cilíndricos,
espadaúdos e, muitas vezes, alados, grandes (18 a 21cm) e medianamente
compactos. Os bagos são grandes, globosos, com média aderência aos
pedicelos. A coloração é verde mesclada com rosado, mesmo quando estão bem
maduros, polpa macia de sabor moscado bem definido.
. Moscato Caillaba: cultivar de média produção, de cachos cônicos e, por
vezes, alados, médios (18cm) e medianamente compactos. Os bagos são
elipsóides, grandes, com boa aderência aos pedicelos e coloração rosada
intensa, quase vinho. A polpa é macia com sabor moscado. É uma boa cultivar
para plantios comerciais.
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. Moscato Noir: cultivar de boa produção; cachos cônicos, médios (15 a
18cm) e com boa compacidade. Os bagos são grandes, globosos, com média
aderência aos pedicelos e de coloração vinho à tinta. A polpa é macia e de sabor
moscado.
. Oiellade Noire: cultivar pouco produtiva. Os cachos são cônicos, médios
(15 a 16cm), mas bem pesados e com boa compacidade. Os bagos são grandes
e elipsóides, com coloração vinho escuro (tinta) e média aderência aos pedicelos.
A polpa tem consistência crocante e sabor pobre.
. Panse Precoce: cultivar medianamente produtiva, com cachos de
tamanho médio (12 a 15,5cm), cilíndricos, espadaúdos e boa compacidade . Os
bagos são elipsóides, médios, com boa aderência aos pedicelos e coloração
verde palhosa. A polpa tem consistência macia e sabor doce acidulado.
. Patrícia (IAC 871-41): cultivar muito produtiva, com cachos de tamanho
grande (18 a 22cm), cilíndricos e muito compactos. Os bagos são elipsóides,
médios, de coloração tinta e média aderência aos pedicelos. A polpa é crocante e
tem sabor doce, mas de fundo herbáceo.
. Perlona (Pirovano 54): cultivar bem produtiva; cachos cilíndricos
espadaúdos, de tamanho médio a grande (17 a 20cm) e com boa compacidade.
Bagos elipsóides, grandes, com ótima aderência aos pedicelos e coloração verde
palhosa. A polpa é crocante e de sabor doce. Apresenta boas características para
plantios comerciais.
. Piratininga (IAC 842-4): cultivar medianamente produtiva, apresentando
uma certa alternância na produção. Os cachos são de grandes a muito grandes
(18 a 26cm), cônicos, às vezes alados, com mediana compacidade. Os bagos são
elipsóides, grandes e com boa aderência aos pedicelos. A polpa é crocante e o
sabor doce, porém, pobre. No período chuvoso, os bagos se destacam facilmente
do engaço, em virtude da ruptura da película ao redor dos pedicelos.
. Queen: cultivar pouco produtiva, com cachos cilíndricos espadaúdos, de
tamanho médio (16 a 18cm) com bom peso e boa compacidade. Os bagos são
elipsóides alongados e grandes, de coloração rosa esverdeada, mesmo quando
maduros, e boa aderência aos pedicelos. A polpa é crocante e tem sabor doce.
. Rosaki Rosada: cultivar muito produtiva, porém de maturação tardia. Os
cachos são médios (14 a 16cm), cilíndricos, alados e muito compactos. Os bagos
são grandes e ovóides, de coloração verde rosada a rosada, quando maduros, e
apresentam boa aderência aos pedicelos. Polpa crocante e de sabor doce ácido,
que dificilmente atingem uma percentagem de sólidos solúveis elevada (20oBrix).
. Rumonia Piros ou Razaki Zôlô: cultivar de baixa a mediana produção.
Os cachos são cilíndricos espadaúdos, às vezes, alados, pequenos (13 a 15cm) e
bem cheios. Os bagos de tamanho médio são elipsóides, de coloração avinhada a
tinta, e com pouca aderência aos pedicelos. A película fina cobre uma polpa
crocante e com excelente sabor doce acidulado. A desvantagem desta cultivar
para o processamento na forma de passas é a presença de pequenas sementes.
No Campo Experimental de Mandacaru, foi uma das melhores uvas processadas
na forma de passas, no que respeita à uniformidade do tamanho, a textura e ao
sabor.
. Saint Jeannet: cultivar muito produtiva. Os cachos são grandes (18 a
20cm), muito compactos e tem forma cônica, às vezes, alados. Os bagos
globosos e grandes são de coloração verde palhosa e de boa aderência aos
pedicelos. A polpa, de consistência crocante, é levemente ácida, com sabor
herbáceo. A maturação é tardia.
Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas para o Nordeste Brasileiro
. Soraya (IAC 501-6): cultivar de pouca produção; tem cachos bem cheios,
cilíndricos, alados e de tamanho médio (17cm). Os bagos são grandes, elipsóides
alongados, com coloração verde palhosa e média aderência aos pedicelos. A
polpa é crocante e tem um sabor pouco agradável, tendendo a foxado.
. Sovrana (Pirovano 244): cultivar muito produtiva; ostenta cachos
cilíndricos, espadaúdos, por vezes, alados, medianamente compactos e grandes
(19cm). Os bagos são médios e globosos, com coloração verde palhosa e boa
aderência aos pedicelos. A polpa é macia e o sabor doce, levemente moscado
quando bem madura.
. Traviu: cultivar híbrida de média produção, de cachos cônicos e bem
cheios, de tamanho médio (17cm). Os bagos são médios, tintos, de formato
globoso e com média aderência aos pedicelos. Polpa macia com sabor doce
silvestre.
Características quantitativas:
Alguns dados quantitativos obtidos durante a condução do trabalho são
apresentados na Tabela 2.
Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas para o Nordeste Brasileiro
Tabela 2 - Dados quantitativos e qualitativos da produção das cultivares de uvas
com sementes.
Produção
média/planta
(g)
93
113
400
22,0
21,5
8,0
7,9
Relação
%
sól.solúv./
acidez
total
2,75
2,72
16,2
16,2
18,6
18,2
5,7
6,1
10,4
10,2
2,84
2,66
1,79
1,78
18,8
19,0
20,4
20,0
7,0
6,6
4,4
5,0
2,69
2,88
4,64
4,00
Pé-fr.
Enxer.
4.450
4.845
Peso
médio
dos
cachos
(g)
340
413
Pé-fr.
Enxer.
Pé-fr.
Enxer.
8.760
8.510
9.145
10.350
462
466
452
316
104
101
103
112
443
Pé-fr.
Enxer.
Pé-fr.
Enxer.
3.315
2.610
5.550
4.780
326
340
143
151
118
123
87
87
343
Pé-fr.
Enxer.
2.870
6.630
134
157
70
70
202
18,4
18,3
4,9
4,7
3,76
3,90
Pé-fr.
Enxer.
4.810
7.910
294
381
84
94
380
15,0
14,1
6,3
5,9
2,51
2,39
Pé-fr.
Enxer.
2.235
3.280
190
291
97
127
272
19,3
19,9
4,5
4,9
2,28
4,06
Pé-fr.
Enxer.
9.950
1.130
434
228
60
50
700
17,7
18,8
6,5
6,3
2,72
2,98
Pé-fr.
Enxer.
3.080
2.020
170
225
63
85
215
25,1
22,0
3,4
4,6
7,39
4,78
Pé-fr.
Enxer.
9.190
5.570
480
518
107
115
537
17,9
17,6
9,1
8,2
1,97
2,15
Pé-fr.
Enxer.
Pé-fr.
Enxer.
Pé-fr.
Enxer.
4.970
6.020
11.710
7.730
9.290
5.870
388
390
338
372
315
284
87
89
149
149
81
83
392
19,9
20,2
17,5
17,6
16,1
15,7
4,5
4,5
4,8
5,4
6,0
5,9
4,42
4,49
3,65
3,26
2,68
2,66
Pé-fr.
Enxer.
Pé-fr.
Enxer.
4.350
3.005
3.970
5.350
318
372
157
143
138
165
103
103
314
16,2
15,4
21,3
23,7
6,9
5,8
5,8
5,2
2,35
2,66
3,67
4,56
Malvasia de
la
Chartreuse
Pé-fr.
Enxer.
7.290
5.420
480
428
131
108
367
18,6
18,4
5,0
5,0
3,72
3,68
Marengo
Pé-fr.
Enxer.
3.550
2.780
417
385
123
115
350
21,8
21,5
5,3
5,0
4,11
4,30
Cultivares*
Angelo
Pirovano
Baresana
Branca
Salitre
Califórnia
Chasselas
Doré
Chasselas
Rose
Dattier de
Beyrouth
Delizia de
Vaprio
Dona
Maria
Early
Muscat
Estevão
Marinho
Ferral
Frankental
Gros
Colman
Kyoho
Madeleine
Royale
Continua...
tota
sólidosAcidez
No
de Volume de %
(meq.ac.Ta/L
100
solúveis
bagos
o
de mosto)
bagos
( Brix)
por
(ml)
cacho
488
163
320
535
200
Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas para o Nordeste Brasileiro
Continuação.
Produção
média/planta
(g)
Perlona
Piratininga
Queen
Rosaki
Rosada
Rumonia
Piros
Saint
Jeannet
Soraya
Sovrana
Traviu
90
90
386
22,2
20,2
6,8
8,0
Pé-fr.
Enxer.
8.005
6.140
Pé-fr.
Enxer.
10.770
11.030
263
341
130
133
280
19,0
19,3
5,1
5,3
3,72
3,64
Pé-fr.
Enxer.
2.500
2.450
352
362
120
123
348
21,7
19,4
5,9
6,0
3,67
3,23
Pé-fr.
Enxer.
5.520
6.500
207
361
84
84
403
21,6
22,4
6,4
5,8
3,37
3,86
Pé-fr.
Enxer.
5.340
4.270
359
319
99
99
370
21,7
22,1
5,5
6,4
3,94
3,45
Pé-fr.
Enxer.
2.800
2.310
362
344
110
106
351
18,7
19,6
7,0
6,8
2,67
2,79
Pé-fr.
Enxer
4.140
4950
227
276
88
89
284
19,6
19,3
5,3
5,6
3,67
3,44
Pé-fr.
Enxer.
Pé-fr.
Enxer.
Pé-fr.
Enxer.
Pé-fr.
Enxer.
Pé-fr.
Enxer.
7.805
7.005
5.490
7.080
5.005
3.260
2.550
2.290
5.780
7.050
403
567
354
442
440
283
323
413
377
307
139
165
95
106
99
85
71
84
112
105
286
22,5
22,7
17,0
18,0
19,0
20,0
15,6
15,1
17,2
18,9
6,1
6,5
6,9
7,7
5,4
6,2
6,3
5,6
6,0
6,7
3,68
3,40
2,46
2,33
3,51
3,22
2,47
2,69
2,86
2,07
Pé-fr.
Enxer.
3.500
4.720
167
157
73
73
265
17,8
17,8
5,4
5,2
3,29
3,42
Pé-fr.
Enxer.
8.190
8.570
472
575
106
121
443
16,8
15,5
11,4
11,0
1,47
1,40
Pé-fr.
Enxer.
Pé-fr.
Enxer.
Pé-fr.
Enxer.
3.600
2.670
8.070
6.920
3.360
5.070
303
232
395
404
182
251
52
59
158
154
110
160
515
17,9
18,7
17,0
17,4
24,3
25,1
6,1
6,0
4,3
4,5
5,2
5,3
2,93
3,11
3,95
3,86
4,67
4,73
Cultivares*
Moscatel
de
Hamburgo
Moscatel
Nazareno
Moscatel
Rosada
Moscato
Caillaba
Muscat
Noir
Oeillade
Noire
Panse
Precoce
Patrícia
Relação
%
sól.solúv./
acidez
total
3,26
2,52
Peso
médio
dos
cachos
(g)
353
322
tota
sólidosAcidez
No
de Volume de %
(meq.ac.Ta/L
100
solúveis
bagos
o
de mosto)
bagos
( Brix)
por
(ml)
cacho
372
510
440
390
286
177
*Dados resultantes de cinco avaliações de cada cultivar.
A - Produção:
Embora todas as cultivares estejam estabelecidas em um mesmo tipo de
solo, tenham o mesmo sistema de condução e de irrigação e recebido os mesmos
tratos culturais, elas apresentaram diferentes produções. Infere-se, daí, que
aquelas que revelaram melhores produções, provavelmente, possuem maior
potencial genético para a produção.
Os dados de produção foram agrupados em classes, obtendo-se os
resultados mostrados na tabela abaixo:
Produção
Peso por planta (g)
No de cultivares
. Baixa
< 4.000 g
08
. Mediana
15
4.000 g | 7.000 g
. Excelente
> 7.000 g
12
Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas para o Nordeste Brasileiro
Os dados de produção coletados permitem as seguintes observações:
1. Oito cultivares registraram produção abaixo de 4.000g por planta, mesmo
quando enxertadas no porta-enxerto Tropical:
. Califórnia;
. Delizia di Vaprio;
. Early Muscat;
. Marengo;
. Moscatel Rosada;
. Oeillade Noire;
. Queen;
. Soraya.
2. Cinco cultivares conseguiram produções medianas entre 4.000g e 6.999g por
planta, tanto em plantas de pé franco como em plantas enxertadas:
. Angelo Pirovano;
. Chasselas Doré;
. Kyoho;
. Muscat Noir;
. Panse Precoce.
3. Cinco cultivares atingiram uma excelente produção, igual ou acima de 7.000g
por planta, tanto em plantas de pé franco como em plantas enxertadas:
. Baresana;
. Branca Salitre;
. Moscatel Nazareno;
. Patrícia;
. Saint Jeannet.
4. Nove cultivares tiveram melhores produções, alcançando um nível médio,
quando enxertadas no porta-enxerto Tropical:
. Chasselas Rose;
. Dattier de Beyrouth;
. Ferral;
. Madeleine Royale;
. Moscato Caillaba;
. Perlona;
. Rosaki Rosada;
. Rumonia Piros;
. Traviu.
5. Oito cultivares apresentaram menor produção nas plantas enxertadas sobre o
Tropical evidenciando a necessidade do uso de outros porta-enxertos na região.
Neste caso se encontram as cultivares:
. Dona Maria;
. Estevão Marinho;
. Frankenthal;
. Gros Colman;
. Malvasia de la Chartreuse;
. Moscatel de Hamburgo;
. Piratininga;
. Sovrana.
Nestas, com exceção da Piratininga, ocorreram produções acima de
7.000g por planta em pé franco.
B - Tamanho dos Cachos:
O tamanho dos cachos é um aspecto muito importante para uvas de mesa,
pois cachos pequenos ou grandes demais não são atrativos para o consumidor.
Desconsiderando-se os critérios adotados por Galet (1985) para classificar
os cachos por peso e agrupando-se os dados da Tabela 2, em um novo intervalo
de freqüência, mais adequado às uvas de mesa, tem-se a seguinte classificação:
Tamanho dos cachos Peso (g)
No de cultivares
. Muito pequenos
<
50
0
. Pequenos
4
50 | 200
. Médios
14
200 | 350
. Grandes
16
350 | 500
. Muito grandes
>
500
1
Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas para o Nordeste Brasileiro
1. Quatro cultivares portaram cachos pequenos, pouco atrativos, com pesos
compreendidos entre 50 e 200g, desclassificando-as para plantios comerciais:
. Chasselas Doré;
. Chasselas Rose;
. Madaleine Royal;
. Rumonia Piros.
2. As seguintes quatorze cultivares produziram cachos de tamanho médio com
peso entre 200 e 350g, podendo este ser melhorado através de tratos culturais:
. Califórnia;
. Dattier de Beyrouth;
. Delizia di Vaprio;
. Early Muscat;
. Gros Colman;
. Kyoho;
. Moscatel de Hamburgo;
. Moscatel Nazereno;
. Moscato Caillaba;
. Muscat Noir;
. Panse Precoce;
. Rosaki Rosada;
. Soraya;
. Traviu.
As cultivares Delizia di Vaprio, Early Muscat e Panse Precoce, por serem
as primeiras que amadurecem, tem seus cachos bastante prejudicados pelo
ataque de pássaros, que não é tão intenso nas outras cultivares.
3. Em dezesseis cultivares foram obtidos cachos de tamanho grande entre 350 e
500g, peso este muito interessante para uvas de mesa. São elas:
. Angelo Pirovano;
. Baresana;
. Branca Salitre;
. Dona Maria;
. Estevão Marinho;
. Ferral;
. Frankenthal;
. Malvasia de la Chartreuse;
. Marengo;
. Moscatel Rosado;
. Oeillade Noir;
. Patrícia;
. Perlona;
. Piratininga;
. Queen;
. Sovrana.
4. Somente a cultivar Saint Jeannet apresentou cachos com tamanho médio
superior a 500g.
C - Número de Bagos por Cacho:
Quando se leva em conta o custo de mão-de-obra para a realização do
raleio, nas cultivares com elevado número de bagos por cacho, a operação é mais
demorada e onerosa; o que torna importante a classificação das cultivares quanto
ao número de bagos.
Agrupando-se os dados obtidos em intervalos de freqüência para número
de bagos, obtêm-se cinco classes a saber:
Classificação
No de bagos por No de cultivares
cacho
. Excelente
<
80
5
. Bom
11
80 | 100
. Razoavelmente bom 100 | 120
11
. Razoável
4
120 | 140
. Péssimo
>
140
4
Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas para o Nordeste Brasileiro
1. Cinco cultivares apresentaram um excelente número de bagos por cacho,
inferior a oitenta:
. Chasselas Rose;
. Dona Maria;
. Queen;
. Rumonia Piros;
. Soraya.
Observa-se que são poucas as cultivares (cinco) em que ocorre um
número de bagos inferior a oitenta em clima tropical semi-árido, observando-se
que o pegamento de frutos nos cachos da videira é sempre muito elevado nestas
condições.
2. Onze cultivares produziram um número bom de bagos por cacho, entre 80 e
100:
. Chasselas Doré;
. Dattier de Beyrouth;
. Early Muscat;
. Ferral;
. Gros Colman;
. Moscatel de Hamburgo;
. Moscato Caillaba;
. Muscat Noir;
. Panse Precoce;
. Perlona;
. Piratininga.
3. Onze cultivares têm um número de bagos por cacho entre 100 e 120, o que
pode ser considerado razoavelmente bom:
. Angelo Pirovano;
. Baresana;
. Branca Salitre;
. Delizia di Vaprio;
. Estevão Marinho;
. Madeleine Royale;
. Malvasia de la Chartreuse;
. Marengo;
. Oeillade Noire;
. Rosaki Rosada;
. Saint Jeannet.
4. Quatro cultivares dispõem de 120 a 140 bagos por cacho, um número
considerado razoável:
. Califórnia;
. Moscatel Nazereno;
. Moscatel Rosada;
. Traviu.
5. Em quatro cultivares contaram-se mais de 140 bagos por cacho, o que é
considerado péssimo, necessitando um raleio muito intenso:
. Frankenthal;
. Kyoho;
. Patrícia;
. Sovrana.
D - Volume dos Bagos:
Uma característica relevante em uvas de mesa são os bagos grandes com
um volume mínimo de 370 ml. Desconsiderando-se os critérios estabelecidos por
Galet (1985), por serem inadequados a uvas de mesa, agruparam-se os dados da
Tabela 2 em novos intervalos de freqüência para volume de 100 bagos, obtendose a seguinte classificação:
Classificação
. Muito pequenos
. Pequenos
. Médios
. Grandes
. Muito grandes
Volume de 100 bagos
<
200
200 | 285
285 | 370
370 | 455
>
455
No de cultivares
2
7
10
10
6
Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas para o Nordeste Brasileiro
1. Duas cultivares possuem bagos muito pequenos, com volume inferior a 200ml:
. Chasselas Doré;
. Traviu.
2. Sete cultivares revelaram bagos pequenos, com volume entre 200 e 285ml:
. Chasselas Rose;
. Delizia di Vaprio;
. Early Muscat;
. Madeleine Royale;
. Moscatel Nazareno;
. Panse Precoce;
. Rumonia Piros.
3. Nove cultivares apresentam bagos de tamanho médio:
. Califórnia;
. Frankenthal;
. Kyoho;
. Malvasia de la Chartreuse;
. Marengo;
. Moscatel Rosada;
. Oeillade Noire;
. Patrícia;
. Sovrana.
4. Em onze cultivares os bagos são de tamanho grande:
. Angelo Pirovano;
. Baresana;
. Dattier de Beyrouth;
. Ferral;
. Moscatel de Hamburgo;
. Moscato Caillaba;
. Muscat Noir;
. Perlona;
. Queen;
. Rosaki Rosada;
. Saint Jeannet.
5. Classificaram-se seis cultivares com bagos naturalmente bem desenvolvidos:
. Branca Salitre;
. Dona Maria;
. Estevão Marinho;
. Gros Colman;
. Piratininga;
. Soraya.
Destas salienta-se a cultivar Dona Maria com um volume de 700 ml para
100 bagos.
O volume dos bagos é uma característica que pode ser modificada através
de práticas culturais, tais como adubações, raleio, anelamento, aplicação de
giberelina, que favorecem as cultivares com bagos de tamanho médio, as quais,
quase sempre, respondem melhor aos tratamentos.
E - Percentagem de Sólidos Solúveis e Acidez Total:
Pelos dados apresentados na Tabela 2 observa-se que a relação sólidos
solúveis e acidez total varia de 1,40 até 4,73 tendo-se como relação ideal o índice
3. Quando o índice aproxima-se de 4, trata-se de uma uva pobre em sabor; e
quando o índice fica em torno de 2, tem-se uma uva muito ácida, não atrativa para
o paladar.
Discussão
Com o objetivo de selecionar-se as cultivares que pudessem ser difundidas
em plantios comerciais, somando-se as cultivares Italia e Piratininga,
confeccionou-se a tabela abaixo, considerando-se como um dos atributos mais
importante para a seleção de uvas de mesa: o tamanho dos cachos, por ser um
atributo decorrente, em grande parte, do genótipo da cultivar, e que dificilmente
poderá ser melhorado através de práticas culturais.
Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas para o Nordeste Brasileiro
Tabela 3- Dados qualitativos das 31 cultivares de uvas que apresentaram cachos
de tamanho médio a muito grande.
Cultivar
Saint Jeannet
Angelo Pirovano
Baresana
Branca Salitre
Dona Maria
Estevão Marinho
Ferral
Frankenthal
Malvasia
de
la
Chartreuse
Marengo
Moscatel Rosado
Oeillade Noire
Patrícia
Perlona
Piratininga
Queen
Sovrana
Califórnia
Dattier de Beyrouth
Delizia di Vaprio
Early Muscat
Gros Colman
Kyoho
Moscatel de Hamburgo
Moscatel Nazareno
Moscato Caillaba
Muscat Noir
Panse Precoce
Rosaki Rosada
Soraya
Traviu
Tamanho dos
cachos
Muito grande
Grande
Grande
Grande
Grande
Grande
Grande
Grande
Grande
Número
de
bagos
Razoavelm. bom
Razoavelm. bom
Razoavelm. bom
Razoavelm. bom
Excelente
Razoavelm. bom
Bom
Péssimo
Razoavelm. bom
Volume
dos
bagos
Grandes
Grandes
Grandes
Muito grandes
Muito grandes
Muito grandes
Grandes
Médios
Médios
Rel. açúc./ acidez
Sabor
Excelente
Média
Excelente
Excelente
Excelente
Excelente
Média
Excelente
Excelente
Produção
1,43
2,73
2,70
1,78
2,85
2,06
4,45
3,46
3,70
Ácida
Doce
Doce herbáceo
Ácido
Doce amoscatado
Ácido
Doce
Doce herbáceo
Doce frutado
Grande
Grande
Grande
Grande
Grande
Grande
Grande
Grande
Médio
Médio
Médio
Médio
Médio
Médio
Médio
Médio
Médio
Médio
Médio
Médio
Médio
Médio
Baixa
Baixa
Baixa
Excelente
Média
Excelente
Baixa
Excelente
Baixa
Média
Baixa
Baixa
Excelente
Média
Excelente
Excelente
Média
Média
Média
M'dia
Baixa
Média
Razoavelm. bom
Razoável
Razoavelm. bom
Péssimo
Bom
Bom
Excelente
Péssimo
Razoável
Bom
Razoavelm. bom
Bom
Bom
Péssimo
Bom
Razoável
Bom
Bom
Bom
Razoavelm. bom
Excelente
Razoável
Médios
Médios
Médios
Médios
Grandes
Muito grandes
Grandes
Médios
Médios
Grandes
Pequenos
Pequenos
Muito grandes
Médios
Grandes
Pequenos
Grandes
Grandes
Pequenos
Grandes
Muito grandes
Muito pequenos
4,20
3,45
2,73
3,50
2,39
3,36
2,58
3,90
2,78
2,45
4,17
6,08
2,63
2,50
2,89
3,68
3,61
3,70
3,55
2,46
3,02
4,70
Moscado
Moscado
Pobre
Doce herbáceo
Doce
Doce pobre
Doce
Doce moscado
Doce ácido
Doce acidulado
Doce amoscatado
Moscado
Doce
Doce
Moscado
Moscado
Moscado
Moscado
Doce acidulado
Doce ácido
Foxado
Doce herbáceo
Das 35 cultivares avaliadas em coleção, treze salientaram-se pela
excelente produção demonstrada (acima de 7.000g), embora não tenham
apresentado o mesmo desempenho em alguns dos outros aspectos estudados.
A cultivar Saint Jeannet foi a que produziu cachos de maior tamanho, no
entanto, apresentou sabor ácido, não atingindo teor de sólidos solúveis
satisfatório, fato que a desqualifica como atrativa ao paladar. A cultivar Branca
Salitre mostrou-se semelhante a Saint Jeannet, sendo também muito ácida.
A Estevão Marinho é uma cultivar de origem desconhecida, tendo sido
encontrada pelo engenheiro do DNOCS, de mesmo nome, na região de Curema
(CE). Apresenta boas características qualitativas, mostrando entretanto um sabor
pobre e ácido. Um aspecto de interesse nesta cultivar é o fato de produzir
fartamente nos ramos secundários, apresentando cachos maduros e cachos
verdes ao mesmo tempo.
As cultivares Sovrana, Frankenthal e Patrícia mostram-se muito
promissoras, embora apresentem cachos excessivamente compactos, entretanto
a Patrícia, que possui bagos de coloração tinta, já está sendo produzida sem
raleio, a semelhança de Niágara. As cultivares Sovrana e Frankenthal apresentam
alta suscetibilidade ao fungo Uncinula necator, causador do oídio.
A cultivar Piratininga mostrou em coleção uma performance semelhante a
apresentada em cultivos comerciais (produção excelente, cachos de tamanho
grande com um bom número de bagos, os quais se apresentam muito grandes,
com um sabor e um teor de açúcar característicos), o que vem a demonstrar a
validade dos dados coletados em coleção.
As cultivares Baresana e Dona Maria apresentaram-se similares a
Piratininga, tendo a cv. Baresana bagos de menor tamanho e a Dona Maria,
bagos pouco aderentes aos pedicelos.
As cultivares Gros Colman e Moscatel de Hamburgo têm excelentes
produções, entretanto apresentam cachos de tamanho médio e a Moscatel de
Hamburgo produz bagos com polpa macia, aspecto desfavorável para transporte
a longas distâncias. Apesar disso, podem ser cultivadas para comércio local, pois
Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas para o Nordeste Brasileiro
apresentam bagos de coloração rosa intenso a vinho, tornando-as bastante
atrativas para o consumidor.
A Moscatel Nazareno é uma cultivar para vinhos moscatéis, entretanto,
pelas boas características apresentadas pode ser pensada como tendo dupla
finalidade, tanto como para consumo "in natura", como para a produção de
vinhos.
A Malvasia de la Chartreuse salienta-se pelas qualidades apresentadas,
com um sabor esplêndido, mas ao maturar seus cachos, os bagos ficam
manchados, o que a desqualifica para plantios comerciais.
Conclusões
Após a análise das características de todas as cultivares, conclui-se que
muitas delas (Saint Jeannet, Baresana, Branca Salitre, Dona Maria, Estevão
Marinho, Frankenthal, Malvasia de la Chartreuse, Patrícia, Sovrana, Gros Colman,
Mocatel de Hamburgo e Moscatel Nazareno) poderão vir a fazer parte de
programas de melhoramento genético, como também, compor plantios
comerciais, desde que sejam definidas tecnologia de manejo específica para cada
uma.
Agradecimentos
-Ao Colega Manoel Abílio de Queiróz pelo constante e decidido incentivo na
execução deste trabalho.
-Ao amigo e mestre Inglez de Sousa pelas brilhantes sugestões que tanto
enriqueceram este trabalho (em memória).
-A todas as pessoas que de uma forma ou de outra contribuíram para que esse
trabalho se realizasse.
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