20140111 Meia de Rock AO #9

26 Sábado
AÇORIANO ORIENTAL
SÁBADO, 11 DE JANEIRO DE 2014
COORDENAÇÃO HUGO GONÇALVES, JOÃO CORDEIRO E LÁZARO RAPOSO
Álbum de estreia de Souq
promete fazer história
DIREITOS RESERVADOS
Disco de estreia dos
Souq é salada russa
musical onde cabem
géneros tão díspares
como blues, jazz
ou rock progressivo
HUGO GONÇALVES
[email protected]
Eis que Portugal ganha uma nova
coqueluche musical de seu nome
Souq. A contundência da frase anterior não deve ser levada de ânimo leve pois é inegável a qualidade demonstrada no álbum de
estreia deste coletivo Aveirense
formado em 2009. At La Brava Volume Two Of Red Desert Saga
é uma verdadeira salada russa
musical onde cabem géneros tão
díspares como o blues, jazz, rock
progressivo ou até mesmo psicadélico, servidos numa embalagem
reforçada com muita atitude,
mestria e ecletismo.
O primeiro vídeo retirado do álbum, referente à faixa “Desert
Snake Catcher”, já foi lançado e
consegue transmitir um pouco da
dinâmica e força contida neste
primeiro longa-duração do con-
At La Brava - Volume Two Of Red Desert Saga (capa do álbum)
junto. Pegando nas palavras de
apresentação da banda, estamos
perante “um som que é sempre dinâmico e contundente, como se
Captain Beefheart tocasse músicas de Dave Brubeck tendo os
Black Sabbath como banda de
apoio”. Tamanha faceta é conseguida através de um sexteto formado por Bruno Barreto (baixo),
Bruno Tavares (voz), Jorge Loura
(guitarra e voz), Jorge Oliveira
(bateria e percussão), Paulo Gravato (saxofones) e Rui Bandeira
(trombone). Juntos criaram um
álbum conceptual que se apresenta como o “início de uma saga na cidade da terra vermelha,
escondida no meio do deserto” a
qual tem como personagem prin-
cipal Karen Meelas, caracterizada pelo seu poder de sedução e
frieza, que procura vingar a morte do seu pai e despojar The Big
Boss do poder da cidade e da corrupção e decadência por ele criados em La Brava. A história é contada por uma voz poderosa
sustentada por um som complexamente simples debitado por
Álbum online
para audição
e venda
O álbum “At La Brava - Volume
Two of Red Desert Saga” foi lançado há precisamente um mês, a 11
de Dezembro de 1, e, além do
formato CD, encontra-se também
disponível para compra em formato digital em
‘souq.bandcamp.com’, por  euros. A contribuição poderá, no entanto, ser superior, uma vez que o
conceito da plataforma
“Bandcamp” tem como objectivo
potenciar não só a divulgação do
trabalho de novos artistas, mas
principalmente o apoio financeiro
directo a estes, sem intermediários. De qualquer forma, mesmo
que não pretenda adquirir o trabalho dos Souq, é obrigatório
passar na sua página Bandcamp,
onde pode ouvir o álbum na íntegra, gratuitamente.
uma instrumentalização cativante e incisiva.
Atrevo-me a afirmar que os Souq
conseguiram integrar em At La
Brava - Volume Two Of Red Desert
Saga todos os ingredientes que fazem deste álbum um dos mais bem
conseguidos e versáteis produzidos em Portugal nos últimos anos.
Exagero? Nem por sombras. Os
Souq demonstram logo na estreia
que estão destinados a altos voos e
que, provavelmente, Portugal será
pequeno demais para o talento
aqui vinculado. Espero que não
sejam esquecidos mas sim acarinhados pois são bandas como
esta que quebram barreiras e elevam a qualidade do panorama
musical português. Absolutamente imperdível. DIREITOS RESERVADOS
Arte & Ofício: uma das grandes
bandas portuguesas dos anos 70
LÁZARO RAPOSO
[email protected]
No seguimento de um anterior artigo meu sobre os Tantra, e após
uma questão pertinente de um
amigo e leitor do Meia de Rock,
trago esta semana outra pérola esquecida do Rock Português: os
Arte&Oficio.
Os Arte & Oficio foram uma
das grandes bandas que por cá
passaram no final dos anos 70
e início dos anos 80. Como a
maioria da boa música ‘made in
Portugal’, na altura, foram caindo no esquecimento, muito por
culpa também da falta de registos em CD.
Em vinil deixaram dois álbuns
- “Faces” (1979) e “Danza” (1982)
- , um maxi-single - “Come Hear
the Band / O Carcarejo da Galinha (1978) -, e dois singles - “The
Little Story of Little Jimmy”
(1977) e “Marijuana” (1980). Confesso que prefiro o material do início de carreira. Digamos que a
banda foi transitando gradualmente de um registo mais progressivo para uma sonoridade
“menos ousada” e mais rockabilly.
Ainda assim, nota-se em “Danza”
alguns vestígios de prog-rock,
numa atmosfera de fusão ao estilo de Frank Zappa.
No entanto, qualquer uma
destas duas faces mostra uma
banda de excelentes músicos.
Um dos quais é nada mais nada
menos do que Sérgio Castro, que
viria a fundar os Trabalhadores
do Comércio. O mesmo admitiu
no documentário da RTP1 “Estranha forma de vida” que o
auge da sua carreira foi com
Arte & Oficio, apesar do maior
sucesso que obteve com os Trabalhadores.
É legitimo pensar dessa forma.
A nível musical, Arte & Oficio era
um projeto mais interessante e
eclético. Felizmente, apesar da dificuldade em arranjar material
dos Arte & Oficio, a internet revelou-se extremamente útil para
ter acesso a estas preciosidades.
Veja a versão online para aceder
às hiperligações das músicas dos
Arte & Oficio. Álbuns dos Arte & Ofício estão disponíveis apenas em vinil