Arte cinética Guy Brett Centenas de pequenos volumes de
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Arte cinética Guy Brett Centenas de pequenos volumes de
Arte cinética Guy Brett Centenas de pequenos volumes de madeira, cada um cortado na ponta para produzir um plano, que captura e distribui a luz, de acordo com a sua direção. Camargo é um escultor que usa a forma do relevo para desintegrar o volume, para destroçá-lo com a luz. A sensação forte de volume não desaparece, mas torna-se vaga, atomizada; o peso de sua presença física transforma-se continuamente reagindo às mudanças da qualidade da luz que cai sobre ele. Camargo pinta seus relevos de branco para eliminar tudo, menos o diálogo entre massa e luz. A maior parte de sua obra cresce de um único elemento que nunca é perdido de vista: o cilindro. É um elemento simples, mas não casualmente adotado. De fato, a razão de Camargo poder transformá-lo tão facilmente em ritmo deve ser porque chegou a ele gradualmente, refletindo sobre sua experiência, e não adotou essa forma simplesmente como uma conveniência de forma pronta. O cilindro é a representação de uma síntese de forças esculturais num único signo: o corpo redondo do cilindro (expressando volume) junto à ponta plana (que expressa direção e articula o volume). Diferentes tamanhos de cilindros, desde um graveto até uma tora, dão um alcance surpreendente à forma básica, como uma escala de “sons” visuais. Há semelhanças óbvias de linguagem entre a obra de Camargo e a de outros artistas cinéticos, particularmente nos seus relevos, que estão a meio caminho entre a pintura e a escultura. A luz muda a ênfase de um ritmo de partículas anônimas sem imagens, o mesmo que acontece com o motor na obra de Graevenitz, por exemplo. A escultura de Camargo, no entanto, é um equilíbrio entre inteligência e sensualidade (concentrados nos opostos de cada cilindro). Tem a intensa sensibilidade brasileira para a vida orgânica e para a facilidade física do movimento; ao mesmo tempo, o artista nunca fica perdido no particular, sempre podemos ver a clareza lógica da sua construção. BRETT, Guy. Kinetic Art, the Language of Movement. Londres; Nova York: Studio Vista; Reinhold Books, 1968. Republicado no livro Sergio Camargo: Luz e Sombra/Light and Shadow. São Paulo: Arauco, 2007. Versão para o português de Cristian G. Sánchez, Fabiana Clemente de Oliveira e Marco Frenette.